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  • 8/15/2019 9 minicontos

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    9 MinicontosLeonardo Teixeira

    1- Teia reversaA mosca quase se explodiu de tanto rir, só porque a aranha não conseguia se livrar dos

    arrochos de sua bendita teia.2 - Curva no penhascoÁlcool não combina com nada. As estradas de Minas Gerais são deslumbrantes, repletas

    de penhascos. Lá em cima o motorista alcooli ado, bem na curva, se esqueceu de virar o volante. !carro "lutuou bonito, mas não conseguiu seguir o curso do voo.

    3 - Labirinto! ca#ador de centauros estava tão con"iante de si que descon"iou do seu próprio vulto, lá

    na "rente, cru ando o beco sem sa$da. %hegando lá, o homem viu&se $ntegro, como g'meodesconhecido, um outro eu, sendo ele mesmo o outro, de si mesmo, e no emaranhado do ego, outroeu, o de dentro, cutucou&lhe as costas di endo que seu ele, um outro eu de "ora andava eu"órico etresloucado, "ora de si, pelos corredores curvos e in"initos. A cabe#a do homem "oi decepada por umminotauro. ! ser mitológico viu lá na "rente seu vulto cru ar um daqueles caminhos sem sa$da.

    4 - Pão-duro(ovino era tão sovino, tão avarento que guardava água de beber na mão por horas, sem

    cair nenhuma gota. )uando percebia olhares pedintes, escondia o l$quido no bolso sem se molhar.*udo para sorver sem o"erecer a poss$veis pedintes. A$ uma espessa saliva lhe deu pigarro, não quisdevolver a tosse e acabou morrendo engasgado.

    5 - Poemeto do pu o an!"bio! sapo + ningu m sabe +, ele voa. ! que o "a cair - toa o encanto da lagoa# - Coca sub iminar/eio na tela quadrada e plana um intervalo comercial revelando o sonho de bem estar em

    dentes de alegria. ! casal tomava o re"rigerante preto 0o mais corrosivo1, quando numa "ra#ão desegundos um picote na imagem subliminar2 veio o sol, a tela preta e vermelha, depois a garra"asuada de g lidas gotas. A partir dali, tornou&se o espectador escravo da própria sede capitalista.

    $ - % &ato! gato andava no chão todo mole, des"ilando curvil$neas suas patas de algodão. 3or

    onde passava surgia um escarc u de latidos, um alvoro#o por tamanha a"ronta tão lenta. ! cão pretoe gigantesco, salivando pingos de cólera, veio em máxima velocidade e não previu as grades do portão. Mesmo depois da pancada teve "or#as para en"iar a pata por uma "resta. A menos de 4 dedosda pata, o gato saltou o muro e "oi com toda mansidão de risos "elinos em busca de nova v$tima.

    ' - Literatura sinistra5stava lendo um bom livro. A personagem tamb m lia um bom livro quando algu m

    bateu na porta. 6o exato momento, algu m realmente bateu na porta. 7e susto, despertou&se do

    sono e percebeu que adormecera enquanto lia o bom livro. %ontinuou a ler nos toc&toc&tocs da porta. ! barulho realmente vinha da porta, e não do livro. 8oi abrir. 6ão havia ningu m9 - Pontaria certeira7e tanto treinar, aper"ei#oei a t cnica mais apurada de calcular a velocidade do vento, o

    agu#ado decurso do tempo e a acelera#ão da queda livre, descontando o lapso temporal e a dist9ncia percorrida pelo alvo. %ondenso a massa do ob:eto, picotando o papel higi'nico no terceiro pontilhado de rasgadura. 8a#o uma bolinha bem amassada. Molhando&o, deixo em peso per"eito.7epois de ultrapassar os nove andares do pr dio o ob:eto se estilha#a bonito, espati"ando o charco bem no meio das cabe#as dos pedestres. %areca que dá gosto ver a cena