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    AS PEDRAS NO CAMINHO DA LEI 10.639/03: UM PANORAMA APS OITOANOS DE PROMULGAO

    Al!"# C!$!%&Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro/UNIRIO

    [email protected]

    L'("!%! G'")!#*$+ N!+(")$%&Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro/UNIRIO

    [email protected]

    R$+')&:

    Este artigo tem por objetivo debater aimplementa!o da "ei #$.%&'/$& e das(iretri)es *urriculares para aEduca!o das Rela+es Etnicorraciaise o Ensino da ,ist-ria e *ulturaricana e robrasileira 01$$234 nasescolas p5blicas municipais do Rio deJaneiro4 destacando mecanismos 6uediicultam a sua eetiva!o. srele7+es a6ui encaminhadas oraminstigadas ap-s observa!o e consulta

    ao nosso campo de pes6uisa4 6ueensejam as reeridas escolas.Utili)aremos a met8ora 9pedras nocaminho: como alus!o aos elementosda ideologia racista 6ue relacionados aatos peculiares do atual momentopol;tico4 coniguram empecilhos omes01$$&34 >uimar!es 01$$234 "ima01$$'34 >entili 0#''%34 entre outros.

    P!l!,#!+-C!,$: "ei #$.%&'/$&4=r8ticas ntirracista4 9=edras nocaminho:.

    A+#!(:

    ?his article aims to discuss theimplementation o "a #$.%&'/$& and*urriculum >uidelines or Educationand the ?eaching o ForeignEtnicorraciais o ,istorA and ricanand roBCra)ilian *ulture 01$$234 inthe public schools o Rio de Janeiro4emphasi)ing mechanisms that hinderits eectiveness. ?hese relections

    ere sent instigated ater observationand consultation to our ield oresearch that lead those schools. Deill use the metaphor stumblingblocs to allude to aspects o racistideologA that peculiar acts related tothe current political moment4 conigureimpediments to the eective antiracistpractices in school spaces4 in line iththe relevant la and its guidelines.?hus4 e ill support in the rame oauthors such as >eorge 01$$&34>uimaraes 01$$234 "ima 01$$'34 >entili0#''%34 among others.

    $2+:"a #$.%&'/$&4 antiBracistpractices4 Gtones in the road.

    1. P#")$"#!+ 4!l!,#!+

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    e7press!o 9pedra no caminho: pode ser utili)ada como alus!o a todoobst8culo 6ue diiculta ou impede a con6uista de determinado objetivo ao longo de

    uma trajet-ria. Esta met8ora nos serve de base < an8lise da implementa!o da "ei#$.%&'/$&4 6ue institui o ensino da ,ist-ria e *ultura ricana e robrasileira emterrit-rio nacional4 ap-s oito anos de sua promulga!o4 assim como as (iretri)es*urriculares Nacionais para a Educa!o das Rela+es Etnicorraciais 01$$23.Utili)aremos como cen8rio para an8lise4 a Rede Hunicipal de Educa!o do Rio deJaneiro4 por ser a maior rede educacional p5blica da mrica "atina e4 por issorecebe o maior n5mero de estudantes negros no Crasil. Os dados 6ue embasamesta pes6uisa oram alcanados ap-s sondagem sobre a rela!o de algumasescolas p5blicas municipais com a lei em 6uest!o4 no ano de 1$#$4 com o objetivode averiguar como o ensino estabelecido na lei est8 inserido nas pr8ticaseducativas4 em prol da revers!o do pensamento racista4 6ue oprime e e7clui a

    popula!o negra nas dierentes eseras da sociedade4 avorecendo o alcance de umpensar positivo sobre a negritude.p-s veriicarmos a ausncia de e7perincias positivas4 baseadas em

    pr8ticas antirracistas4 ou a diiculdade para eetiv8Blas nas escolas da rede de ensinosondada4 tentaremos apontar as principais 9pedras no caminho: para 6ue a reeridalei atinja4 de ato4 seus objetivos. ?ambm procuraremos reorar a importKncia dalei < constru!o de novos valores na sociedade brasileira no conte7to atual4 in;cio dosculo LLI4 demonstrando o 6u!o ela imprescind;vel aos espaos educativos4 emespecial4 aos pertencentes a rede p5blica4 por recebem o maior contingente dapopula!o.

    Neste trabalho pretendemos debater a abordagem das 6uest+es raciais no

    cotidiano escolar4 analisando empecilho4 diiculdades para a eetiva!o de umaeduca!o contr8ria ao racismo e4 relacionandoBos a atos hist-ricos4 6uepossibilitaram o ortalecimento do pensamento racial brasileiro4 preconceituoso ediscriminat-rio. (a mesma orma4 destacaremos a conigura!o da sociedade atual Bp-s moderna4 inluenciada por uma estrutura global de tendncias homogenei)antese4 ortalecida pelo modelo econMmico neoliberal B4 agindo em avor da opress!ovoltada ao negro no Crasil.

    . R$,$%& ') #$(& ! "+

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    en6uanto l-cus do debate para a desconstru!o da ideologia racista4 preconceituosae discriminat-ria e7istente4 6ue no Crasil tem caracter;sticas bem particulares.

    No processo de constru!o da ideologia racial brasileira4 as categorias raa#

    e classe social oram relacionadas4 criando grande conus!o. Geria todo negro pobreou todo pobre negro (e acordo com >uimar!es 01$$234 o estudioso *arlos,asenbalg 0#'P'34 atravs de pes6uisa sobre o tema4 demonstrou o processo no6ual as categorias 9raa: e 9classe: no Crasil icaram cada ve) mais pr-7imas4airmando 6ue o negro soreria com o 9ac5mulo de perdas hist-ricas: e4 diicilmenteconseguiria subverter a orte hierar6ui)a!o da sociedade. ssim4 analisou a6uest!o por dois caminhosQ

    ... 0a3 discrimina!o e preconceito raciais n!o s!o mantidosintactos ap-s a aboli!o4 mas pelo contr8rio4 ad6uirem novos

    signiicados e un+es dentro das novas estruturas e 0b3 aspr8ticas racistas do grupo dominante branco 6ue perpetuam asubordina!o dos negros n!o s!o meros arca;smos dopassado4 mas est!o uncionalmente relacionadas aosbene;cios materiais e simb-licos 6ue o grupo branco obtm dades6ualiica!o competitiva dos n!o brancos 0,GENC">4#'P'4 p. S apud>UIHRTEG4 1$$23.

    educa!o e os ambientes de ensino tambm reletem as situa+es de

    desigualdade e desvantagem vivenciadas pela popula!o negra4 como demonstramos estudos de *arlos ,asenbalg e Nelson do alle Gilva 0>UIHRTEG4 1$$234 ondeo conte5do curricular prestigiado tende a despre)ar os elementos 6ue caracteri)amo universo etnicocultural deste grupo populacional. (urante muito tempo4 os livrosdid8ticos4 os programas curriculares4 as pr8ticas de ensino e os cursos de orma!ode proessores4 ignoraram a importKncia destas caracter;sticas. No desenvolvimentohist-rico das pr8ticas educativas4 coe7istiram a+es e pensamentos para ratiicar aposi!o social e7cludente do negro4 9naturali)adas: nos ambientes de ensino4 e 6uenecessitavam ser combatidos.

    promulga!o da "ei #$.%&' pelo presidente < poca em e7erc;cio4 "u;sIn8cio "ula da Gilva4 em ' de janeiro de 1$$&4 atendeu a demandas do movimentonegro4 da comunidade acadmica e organismos internacionais4 sendo muitoimportante para a constru!o do debate sobre esse assunto de orma mais perenenas escolas. No ano seguinte4 o *onselho Nacional de Educa!o estabeleceu as(iretri)es *urriculares Nacionais para Educa!o nas Rela+es Etnicorraciais e,ist-ria e *ultura ricana e robrasileira4 com o principal objetivo de orientarpr8ticas positivas no conte7to da diversidade e das rela+es etnicorraciais4 dentro doprocesso educativo em todos os n;veis de ensino 0CRGI"4 1$$23. *umpre4

    1O avano cientfico demonstrou que o conceito biol!ico de raa n"o era aplic#vel $ esp%cie humana& masenquanto cate!oria analtica a raa permaneceu como constru"o social e cultural. 'tualmente& dentro do

    processo neoliberal e ps(moderno& evita(se falar ou escrever sobre raa colocando(a como um clich) dopassado& minando as tentativas de estabelec)(la como par*metro no debate poltico reivindicatrio dos !ruposmenos favorecidos +,-'023& 6.

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    analisarmos os atores relacionados < promulga!o da lei4 assim como sua inser!ono modelo educacional brasileiro.

    . A $'(!7*& #!+"l$"#! +& & ")4!(& ! L$" 10.639/03

    p-s um longo per;odo de nega!o e alta de reconhecimento sobre aimportKncia de se combater o racismo e a discrimina!o racial a partir dos espaosescolares V mais precisamente desde o im do sistema escravista no Crasil4 6uandose iniciou o processo de marginali)a!o do negro4 atravs do ortalecimento deestigmas e estere-tipos a ele relacionados B4 as pol;ticas nacionais comearam ademonstrar4 j8 no sculo LLI4 avanos em rela!o < busca por uma educa!oantirracista de positividade para os negros4 com a cria!o de mecanismos 6ueidentiicam e valori)am a representa!o destes < sociedade.

    promulga!o da "ei #$.%&'/$& simboli)a um marco no combate aopreconceito e uma vit-ria para todos 6ue h8 tempos lutam e acreditam noenrentamento do racismo partindo da conscienti)a!o da popula!o4 por intermdioda educa!o4 locali)andoBse historicamente para alm de uma a!o de governo4 j86ue ruto da crena na relevKncia desta medida por dierentes agentes sociais 6ueatuaram em prol de sua eetiva!o 0"IH4 1$$'3.

    Nesse sentido4 a reerida lei aparece no cen8rio educacional brasileiro comoum passo < rente no oerecimento de educa!o e6uitativa e democr8tica4 6ue seconstitui como um direito de todos4 ao regulamentar as altera+es na "ei de(iretri)es e Cases da Educa!o Nacional 0"(C '.&'2/'%34 com intuito de 9cumprir oestabelecido na *onstitui!o Federal de #'4 6ue prev a obrigatoriedade de

    pol;ticas universais comprometidas com a garantia do direito < educa!o de6ualidade para todos e todas: 0UNEG*OW HE*4 1$$4 p.#S3.

    (e acordo com o relat-rio apresentado pelo >rupo Interdisciplinar organi)adopelo HE*/GE==IR no ano de 1$$4 as altera+es na lei '.&'2/'% em seu rt. 1%4determinadas pela "ei #$.%&'/$&4 v!o alm de sugest+es 6ue permeiemmodiica+es na inclus!o de novos conte5dos no curr;culo escolar. Gurgeme7igncias para um novo pensar acerca das rela+es etnicorraciais4 sociais epedag-gicas4 com propostas de alcance para novas pr8ticas de ensino4 a partir dorepensar a respeito das condi+es disponibili)adas para aprendi)agem e osobjetivos da educa!o oerecida no Kmbito escolar 0idemW ibidem3.

    "ei n. #$.%&'/1$$& pode ser considerada um ponto de chegada de umaluta hist-rica da popula!o negra para se ver retratada com o mesmo valordos outros povos 6ue para a6ui vieram4 e um ponto de partida para umamudana social. Na pol;tica educacional4 a implementa!o da "ei nX#$.%&'/1$$& signiica ruptura prounda com um tipo de postura pedag-gica6ue n!o reconhece as dierenas resultantes do nosso processo deorma!o nacional. =ara alm do impacto positivo junto < popula!o negra4essa lei deve ser encarada como desaio undamental do conjunto daspol;ticas 6ue visam < melhoria da 6ualidade da educa!o brasileira paratodos e todas 0UNEG*OW HE*4 1$$4 p.#$3.

    partir desta movimenta!o e com a urgncia em se garantir a melhor orma

    para a eetiva!o da lei em desta6ue4 surgem as (iretri)es *urriculares Nacionais4aprovadas pelo *onselho Nacional de Educa!o em maro de 1$$24 orientando os

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    sistemas educacionais brasileiros para a Educa!o nas Rela+es Etnicorraciais4com propostas de adapta+es nos curr;culos escolares e orientando conte5dos a

    serem trabalhados em todos os n;veis e modalidades de ensino 0idemW ibidem3.Y v8lido ressaltar 6ue4 a "ei #$.%&'/$&4 assim como suas diretri)es4 surgecomo caminho avor8vel ao combate < discrimina!o e ao preconceito 6ue h8sculos ocupam grande espao nas nossas institui+es escolares4 estruturadas apartir do pensamento social nacional4 provido de valores e categorias desiguais emrela!o < condi!o humana. Isso se atrela ao ato dessa mesma sociedade ter vividosob moldes escravistas por tempo superior < metade dos seus 6uase cinco sculosde e7istncia4 estruturandoBse de orma 9hierar6ui)ada e hierar6ui)ante: 0GIGG4#'''4 p.P%3.

    Reorando esse modelo4 agregamBse todos os mecanismos de controleortalecidos em pilares culturais4 perpetuando l-gicas simb-licas hierar6ui)adas de

    representa+es constru;das historicamente4 6ue condicionam ou regulam as a+es ecomportamentos dos indiv;duos. ssim4 ica garantida a homogeneidade do sistemasocial 6ue4 nesse caso4 age avoravelmente < marginali)a!o dos indiv;duos negrose4 encontra legitimidade nas omiss+es observadas em espaos educativos ormais4ou mesmo4 no reoro de representa+es e6uivocadas sobre as pr8ticas culturaisaricanas e arobrasileras muito comum nesse territ-rio.

    Gegundo >omes 01$$&34 o alcance de modiica+es avor8veis < valori)a!odas dierenas etnicorraciais precisa ser deendido dentro da escola4 por ser este umestratgico local para supera!o das ideologias racistas4 diusoras derepresenta+es negativas sobre o negro. Nesse caminho4 acreditamos 6ue somenteatravs da apropria!o desta legisla!o4 intermediada por estudos sobre o seu

    conte5do e4 com a tomada de posicionamento pol;tico por parte dos educadores 6ue surgir!o pr8ticas cotidianas orjadoras de um curr;culo comprometido com ainser!o e promo!o da popula!o negra4 aastado das inluncias eurocntricas.

    lei determinante dos estudos sobre os aricanos e arobrasileiros tra) < tonaa necessidade dos educadores receberem uma orma!o 6ue lhes permitamselecionar conte5dos ade6uados ao conte7to e < condi!o social dos educandos nasociedade4 atravs do dom;nio sobre conceitos b8sicos das dierentes 8reas doconhecimento V dimens!o comple7a para os proissionais 6ue atuam nos anosiniciais4 ao analisarmos os cursos de orma!o inicial4 em especial a =edagogia0O"IEIR4 1$$%3. Os agentes educativos precisam receber orma!o capa) deembasar a escolha de critrios ade6uados para sele!o dos conte5dos4considerandoBse um conjunto de aspectos avor8veis < inclus!o do negro4 comrespeito e valori)a!o da sua cultura.

    perspectiva cultural deve ser um meio valori)ado pelas pr8ticas educativas4caminhando para alm de a+es simplistas4 como a valori)a!o da diversidade ouan8lises curriculares4 alcanando a dimens!o de 9respeito

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    espao escolar4 j8 est8 avorecido e respaldado pela legisla!o4 podendo seconcreti)ar atravs do reconhecimento da cultura dos aricanos e arobrasileiro4 ou

    mesmo com a apresenta!o da 9radicalidade da cultura negra: 0idem4 ibidem3 pelosproessores em suas aulas.=orm4 o 6ue observamos no cotidiano escolar ainda se relaciona < omiss!o

    no trato pedag-gico das 6uest+es envolvendo o preconceito racial e o racismo. Ydi;cil encontrarmos pr8ticas educativas orjadas na inten!o de reverter a condi!omoral4 social e econMmica e7cludente na 6ual o negro ainda se encontra. nalisandoespaos oiciais de ensino4 principalmente a6ueles 6ue oerecem os primeiros anosdo ensino undamental4 na rede p5blica municipal do Rio de Janeiro4 constatamosdescaso em rela!o < causa negra4 alm de pouca inorma!o sobre aaplicabilidade da lei e suas diretri)es.

    p-s contato com diretores e coordenadores pedag-gicos de um grupo de

    6uin)e escolas pertencentes < rede educacional carioca4 veriicamos 6ue ainda s!ocomuns airmativas como 9n-s alamos sobre a Zrica no projeto sobre a *opa doHundo:W 9essa lei tem maior rela!o com os conte5dos trabalhados no segundosegmento4 nossa escola s- atende ao primeiro...:W 9os proessores tratam a 6uest!ocotidianamente4 advertindo os alunos 6uando eles se oendem com 7ingamentospejorativos4 do tipo 9macaco:4 9cabelo duro:4 9edorento:...:W 9em nossa escolaincentivamos o respeito a todosQ claros4 9moreninhos:4 gordos4 pessoas comnecessidades especiais... a6ui todos s!o tratados iguais[:. Um olhar mais atentosobre estas declara+es nos permite di)er 6ue a eetiva!o da lei ainda precisapercorrer um longo caminho. Gem desmerecer as abordagens praticadas nasescolas investigadas4 embora elas denunciem ideologias racistas constru;das

    historicamente e cristali)adas no imagin8rio social4 devemos alertar 6ue o trato da6uest!o racial n!o pode se limitar a a+es paliativas.

    O debate sobre a ,ist-ria e *ultura ricana e sua importKncia na orma!oda na!o brasileira4 embora se tradu)a em um t-pico undamental para acompreens!o da ,ist-ria >eral e do Crasil4 oi ignorado nos curr;culos nacionais4devido ao preconceito e a alta de 0re3conhecimento sobre a real hist-ria dos gruposaricanos4 visto 6ue o interesse sempre oi o de domin8Blos4 escravi)8Blos oucoloni)8Blos. Negar a sua hist-ria coniguraBse como uma orma de controle social eideol-gico4 6ue durante muito tempo serviu < constru!o da identidade brasileiradesprovida de conte5do racial 0"IH4 1$$'3.

    =or essa ra)!o4 devemos redobrar a aten!o e os cuidados com o trato desteassunto4 pois na base do senso comum ele pode acabar reorando adesvalori)a!o e o desgaste da autoestima dos indiv;duos negros4 6uando4 naverdade4 a lei e suas diretri)es surgem para oportuni)ar o ensino da ,ist-ria e dosancestrais da6ueles em avor de sua valori)a!o4 desa)endo posturas racistas.

    Y preciso oerecer aos alunos4 negros e brancos4 uma orma!o 6ue respeite evalori)e a diversidade etnicorracial e4 isso precisa acontecer n!o apenas em datascomemorativas espec;icas4 com pe6uenos projetos soltos4 descone7os4 mas simdurante todo o processo de aprendi)agem. (esta orma4 estaria garantida aconstru!o de um curr;culo multicultural4 contrariando o etnocentrismo epreservando valores democr8ticos4 6ue culminariam na desnaturali)a!o das

    dierenas etnicorraciais a partir de pr8ticas pedag-gicas contr8rias < discrimina!oracial 0>OHEG4 1$$&3.

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    8rios apontamentos s!o eitos pela "ei #$.%&'/$& e suas (iretri)es4 entre os6uais deve ser destacada a dimens!o cultural 6ue envolve os estigmas e

    estere-tipos legados < popula!o negra. O indiv;duo negro4 especialmente no Crasil4sore com abordagens racistas de apelo cultural4 6ue discriminam a cor da sua pele4caracter;sticas ;sicas4 e tambm sua orma de vestir4 suas danas4 sua religiosidadee seu cabelo. pr8tica pedag-gica 6ue se dispuser a valori)ar a identidade negradever8 considerar esses aspectos na deini!o da sua abordagem.

    N!o h8 d5vidas de 6ue o Crasil pode ser deinido como um pa;s de muitasculturas4 visto 6ue realmente possui uma popula!o miscigenada espalhada peloseu vasto territ-rio4 porm isso n!o ameni)a as classiica+es hier8r6uicasrespons8veis pela desvalori)a!o de algumas dessas culturas4 ou mesmo suanega!o4 como ocorre com a cultura negra. E4 de acordo com >omes 01$$&34 issogerou ragmenta!o de identidades e destrui!o de autoestimas.

    o deinir um conjunto de pr8ticas4 h8bitos4 costumes4 caracter;sticascomportamentais e posicionamento pol;tico ideol-gico como aspectos de umacultura classiicandoBa como 9negra:4 constru;mos uma adjetiva!o 6ueQ

    0...3 possibilita aos negros a constru!o de um 9n-s:4 de uma hist-ria e deuma identidade. (i) respeito < conscincia cultural4 < esttica4 OHEG4 1$$&3. Ou mesmo4 ainda a escola n!o podedei7ar 6ue atos preconceituosos4 avessos < ri6ue)a cultural ormadora do pa;s4continuem enrai)ados na sua estrutura4 acabando com a autoestima de crianas ejovens negros ou4 a)endo com 6ue estes se ormem desprovidos de ra;)esidentit8rias. educa!o institucionali)ada4 6ue se materiali)a na escola4 precisa darim < hegemonia eurocntrica4 cedendo espao para 6ue os indiv;duos negrostenham suas tradi+es culturais de matri) aricana4 respeitadas e debatidas de ormaantidiscriminat-ria4 desa)endo no+es de inerioridade/superioridade4 6ue atingempadr+es estticos t!o valori)ados na sociedade p-sBmoderna

    Fa)Bse necess8rio4 ent!o4 a inser!o de uma l-gica pedag-gica aberta aodi8logo intercultural4 capa) de ampliar as vivncias cotidianas a partir doestreitamento das rela+es entre escola e sociedade4 permitindo a apropria!o deQ9saberes sobre a popula!o negra em uma sociedade caracteri)ada peladiversidade racial4 cultural e biol-gica4 cujos signiicados inventados socialmentederam origem a preconceitos4 estere-tipos e discrimina+es: 0O"IEIR4 1$$%4p.2'3.

    Esse modelo de abordagem educativa implica uma educa!oproblemati)adora para a compreens!o do real4 entendendo o indiv;duo comoconstrutor de sua pr-pria hist-ria em busca da transorma!o social. partir dessa

    perspectiva4 o educando constituiBse como oco da a!o educativa4 envolvido eminvestiga+es e discuss+es coletivas na busca pela produ!o do conhecimento.

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    pr8tica social o ponto culminante do processo educativo4 visto 6ue a produ!o doconhecimento sugere rele7!o cr;tica sobre a a!o e a avor dela 0Ibidem3.

    Nesse conte7to4 o proessor pode4 desde 6ue instrumentali)ado4desempenhar a importante e undamental tarea de desmistiicar as vis+esestereotipadas e as ideologias racistas 6ue os curr;culos escolares veiculam 0GIGG4#'''3. E ainda4 de acordo com Oliveira 01$$%34 com estudos pautados em umapedagogia progressista4 ampliaBse a compreens!o sobre as rela+es de podere7istentes entre todos os grupos humanos4 proporcionando ora ao tratamento dadiversidade racial brasileira pela educa!o.

    interse!o entre aspectos culturais e pr8ticas pedag-gicas pode serenri6uecida pela utili)a!o de materiais 6ue avoream o debate antirracista4especialmente por abordar caracter;sticas comumente desvalori)adas pela culturaocidental e 6ue4 muitas ve)es s!o utili)adas para deinir posi+es e lugares sociais4

    como o caso do corpo e do cabelo dos indiv;duos negros.O trato pedag-gico de padr+es estticos incorporados pela sociedade podeser au7iliado por mecanismos 6ue acilitem o debate a avor da desconstru!o deestere-tipos direcionados < negritude4 colaborando com a airma!o da identidadenegra4 principalmente durante o per;odo de escolari)a!o dos indiv;duos4 6uecoincide com a ase de orma!o e sustenta!o de valores 6ue guiar!o a atua!ocidad! na sociedade.

    ejamos ent!o os mecanismos 6ue co;bem a eetiva!o da "ei #$.%&'/$&4impedindo 6ue as a+es a6ui elencadas se aam presentes no cotidiano escolar4agindo avoravelmente < manuten!o do status quo, e7cludente e opressor emrela!o < popula!o negra no Crasil.

    =. A L$" 10.639/03 %!+ $+(&l!+ $ !+ 4$#!+ %& (!)"%&

    inda hoje4 como oi constatado nos relatos eitos pelos integrantes dosespaos escolares4a 6uest!o negra e as rela+es etnicorraciais s!o subvalori)adasou ignoradas pelas escolas4 contrariando ortigo \ das diretri)es para a educa!odas rela+es etnicorraciais. Gegundo o reerido artigo4 as escolas deveriam participarde atividades peri-dicas de e7posi!o4 avalia!o e divulga!o das con6uistas ediiculdades para o ensino e aprendi)agem da ,ist-ria e *ultura ricana erobrasileira e Educa!o nas Rela+es Etnicorraciais. Estas inorma+es deveriamser repassadas para o Hinistrio da Educa!o4 para a GE==IR e para os *onselhosde Educa!o4 nas eseras ederal4 estadual e municipal4 para 6ue providnciasossem tomadas 6uando da constata!o de irregularidades para a eetiva!o dadetermina!o legislativa 0CRGI"4 1$$23.

    Em tese4 todas as partes do sistema de ensino seriam colaboradoras eavaliadoras da implementa!o dessas (iretri)es e da aplica!o da lei4 mas o 6ueveriicamos a alta de regulamenta!o mais r;gida4 deinindo competnciasavaliativas4 dei7ando a 6uest!o 9rou7a:. O ato 6ue 6uando investigamos a

    tem8tica4 acessando4 por e7emplo4 sites de *onselhos Hunicipais de Educa!o4 n!onos s!o disponibili)adas inorma+es sobre a propor!o do 6ue est8 sendo eito nas

    R$,"+! El$#5%"(! $ C"%("!+ ! E'(!7*&8 C!)4& L!#&8 ,. 108 %. 8 $;. $ 011.http://revistas.facecla.com.br/index/reped

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    escolas. 6uem interessa este 6uadro de desinorma!o ou ignorKncia =or 6ue ase7perincias positivas n!o s!o amplamente divulgadas pelos -rg!os p5blicos

    envolvidosN!o obstante4 militantes do movimento negro denunciam 6ue o governorareeceu seu discurso 6uanto < 6uest!o negra4 sendo provas cabais as mudanasno te7to do Estatuto da Igualdade Racial para sua aprova!o4 no ano de 1$#$ e4 aredu!o de espao pol;tico para o debate sobre as rela+es etnicorraciais4principalmente4 ao 6ue se reere < 6uest!o negra.

    =ercebemos 6ue a 6uest!o negra no Crasil enrenta antigos e novos9inimigos: no campo subjetivo4 com grande capacidade de muta!o e combina!o4icando cada ve) mais ortes4 ao mesmo tempo em 6ue conseguem se disarar nosdiscursos ditos progressistas atuais. Inluenciando o campo objetivo das rela+essociais4 coniguramBse as 9pedras no caminho: da "ei #$.%&'/$&4 diicultando sua

    eetiva implementa!o nas escolas das redes de ensino4 o 6ue pode ser notado4 emparte representativa de escolas p5blicas municipais do Rio de Janeiro1. *abe4 ent!o4uma an8lise mais detalhada a respeito dos mecanismos sociais 6ue agem como9pedras no caminho: para a eetiva!o de uma educa!o antirracista.

    O )"& ! $)&(#!("! #!("!l:Este oi um importante elemento na constru!o da ideologia racial brasileira.

    Esta 9pedra: tem mais de cin6uenta anos4 mas permanece robusta e vigorosa4 aindahoje. Gegundo >uimar!es 01$$234 o estudioso OracA Nogueira oi o criador dessae7press!o4 6ue caracteri)a uma alsa idia de igualdade entre os indiv;duos4permeada por uma convivncia harmMnica entre brancos4 ;ndios e negros4 os

    principais grupos ormadores da sociedade brasileira. *ontudo4 oi atravs dosestudos de >ilberto FreAre V nos 6uais se procurava desvelar o ethosbrasileiro4 apartir da dcada de &$ no sculo LL B4 6ue encontramos sua base te-rica. (eacordo com o pensamento de FreAre4 divulgado em sua obra Casa Grande &Senzala4 o Crasil oi o pa;s no 6ual 9raas: dierentes se misturaram de ormaharmMnica e pac;ica. Em outras palavras4 um pa;s 6ue apesar da diversidade n!odesenvolveu o racismo. pesar de dierentes estudos demonstrarem a democraciaracial como grande arsa4 muitas pessoas4 de dierentes classes sociais4 ainda hoje4acreditam 6ue todos os indiv;duosgo)am das mesmas oportunidades e condi+espara desenvolverem sua cidadania.

    O "$!l $ #!%>'$!)$%&:Rondando o pensamento social brasileiro4 esta teoria representa outra 9pedra:

    no caminho < eetiva!o da lei em 6uest!o. E7iste uma ambiguidade na sociedade6ue parado7alQ por um lado louvaBse a mestiagem4 6ue deu origem aos tiposbrasileiros representativos 0e7.Q mulata34 por outro se estabelece como meta aesttica e cultura branca. O bran6ueamento conigurouBse como uma pol;tica deEstado 0HUNN>4 1$$34 ap-s a aboli!o4 6ue inanciou a vinda de milh+es deimigrantes europeus. creditavaBse 6ue a miscigena!o melhoraria a sociedade4

    ' import*ncia dada $ rede p;blica do municpio do 0io de

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    permitindo a constitui!o de uma na!o4 com a absor!o e desaparecimento doelemento negro.

    pesar dos avanos4 o ideal de bran6ueamento continua presente atingindon;veis materiais e imateriais na estrutura da sociedade. Nas escolas4 tal ideologiamaniestaBse nos conte5dos cuja reerncia a cultura branca. cultura negra entracomo alien;gena em algumas escolas4 impulsionada pela lei. Nos espaoseducativos 6ue oerecem educa!o religiosa4 de uma orma geral4 os alunos s!oapresentados a uma vis!o judaicoBcrist! do mundo. Religiosidade negra4 aricana ouarobrasileira4 nem pensar[ Nas ";nguas Estrangeiras e nas rtes4 as principaisreerncias est!o ligadas < cultura branca. E por6ue n!o alar da esttica corporalEspecialmente no 6ue se reere ao cabelo4 destacado por >omes 01$$&3 comoelemento identit8rio de um grupo social4 com sua simbologia4 hist-ria eterritorialidade4 mas 6ue4 ao serem 9esticados: cedem a um padr!o esttico branco.

    Nas escolas4 grande parte dos estudantes negros n!o se identiica com osconte5dos curriculares apresentados4 dentro das 8reas do conhecimento oiciais.ntes da lei4 o curr;culo escolar era organi)ado sem considerar a importKncia dacultura negra4 e 6uando os personagens negros eram inclu;dos nas pr8ticas eatividades educacionais4 estes apareciam de orma supericial e pejorativa4 ato 6uese reletia negativamente na autoestima dos estudantes negros e4 esse ato ainda seperpetua. *omo conse6uncia direta desta negligncia4 podemos relacionar areprova!o de milhares de estudantes negros nos dierentes n;veis de ensino4 6uetambm evadiam da escola4 em muitos casos. =aulo Freire 0#'P3 pondera 6ue aeduca!o deve a)er sentido para o educando no seu principal objetivo 6ue oprocesso emancipat-rio4 mas n!o era isso 6ue de ato acontecia...

    "ei #$.%&'/$& possibilita uma nova perspectiva para os estudantes negros4oportuni)andoBlhes maior identiica!o com o conte5do ministrado. (a mesmaorma4 procura conscienti)ar a todos os estudantes4 negros e brancos4 sobre a6uest!o negra e as rela+es etnicorraciais. *ontudo4 ainda hoje para muitaspessoas4 dentro ou ora da comunidade escolar4 9normal: 6uando o estudantenegro reprovado ou abandona a escola. N!o observamos a aten!o merecida aoato de 6ue elevado o n5mero de alunos negros 6ue evadem dos espaoseducativos ou4 s!o reprovados mais de uma ve) em sua trajet-ria escolar4 comoapontam as pes6uisas nesta 8rea e4 a repetncia se relaciona < e7clus!o escolar4provocada pelos mecanismos de opress!o 6ue aumentam as desigualdades.

    A P&l?"(! N$&l"$#!l:O neoliberalismo outra pedra no caminho a eetiva implementa!o da lei na

    rede municipal de ensino carioca. p-s prounda crise4 esse modelopol;tico/econMmico apareceu como alternativa < recupera!o mundial4 tendo comoprinc;pio a le7ibili)a!o ou desregulamenta!o4 cabendo ao mercado estabelecer opadr!o das rela+es nas dierentes 8reas4 inclusive na educa!o. s pol;ticasneoliberais modiicaram a organi)a!o da educa!o introdu)indo os princ;pios domercado em prol da produtividade4 eicincia e eic8cia. EstabeleceuBse o mercadoeducacional4 no 6ual as escolas uncionam como empresas4 com metas concretas6ue devem ser atingidas e4 competindo entre elas4 visto 6ue4 segundo os intelectuais

    deensores desta ideia4 o principal problema da educa!o se encontrava no modelode gest!o e n!o na alta de recursos4 por isso um cho6ue de mercado seria

    R$,"+! El$#5%"(! $ C"%("!+ ! E'(!7*&8 C!)4& L!#&8 ,. 108 %. 8 $;. $ 011.http://revistas.facecla.com.br/index/reped

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    essencial para e6uacion8Blo. educa!o de direito social passou a ser tratada comomais uma pea no jogo do mercado 0>EN?I"I4 #''%3.

    ideologia neoliberal na educa!o4 constru;da como verdade in6uestion8vel0idemW ibidem34 tende a engessar o trabalho docente em sala de aula devido '%("!+:

    Ouvimos depoimentos de proessores4 denunciando 6ue4 em algumasescolas4 6uem deseja trabalhar dentro do 6ue oi estabelecido pela lei4 considerado 9radical: e por v8rias ve)es interpelado sobre o 6ue est8 a)endo. Oapoio pe6ueno ou ine7istente4 orando um desgaste alm do normal para areali)a!o do trabalho. Y comum4 nos espaos escolares4 ouvirmos airmativas 6ue

    desconsideram a e7clus!o vivida pelo negro ou4 6ue diminuem o debate racial4inal de contas 9somos brasileiros h;bridos com as mesmas oportunidades: e 9h86uest+es mais importantes para discutir: V discursos enrai)ados na sociedade ecomumente reprodu)idos no espao escolar B4 como se a 6uest!o negra e asrela+es etnicorraciais n!o ossem importantes.

    O 6ue podemos notar a articula!o entre as 9pedras:4 a6ui mencionadas4diicultando o caminho para a implementa!o da lei. Nossa conscienti)a!o aorma de criar novos caminhos e alternativas para 6ue de ato a lei atinja seusobjetivos.

    Has apesar das 9pedras:4 sabemos de e7perincias positivas capitaneadaspor membros da comunidade escolar no 6ue tange a lei4 na rede de ensino do

    munic;pio do Rio de Janeiro. veriguamos a e7istncia de movimentos contraBhegemMnicos dentro da rede analisada. Estes s!o constitu;dos aproveitandoBse asbrechas do sistema4 na tentativa de recuperar o verdadeiro sentido da educa!o.Entre outras iniciativas4 os proissionais integrantes deste movimento4 aplicam o 6ue preconi)ado pela lei4 combatendo a opress!o sorida pela popula!o negra4 dandovida

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    democracia racial e do ideal de bran6ueamento desmobili)ando proessores4coordenadores4 uncion8rios de apoio4 respons8veis e alunos4 a)endo com 6ue n!o

    atentem para anecessidade de um trabalho sistem8tico ligado ao 0re3conhecimentoe valori)a!o da cultura negra. promulga!o da lei para uma educa!o antirracistaora signiicativa mudana desta realidade4 porm ainda e7iste muito a ser eito4posto 6ue as 9pedras: continuam presentes nas estruturas4 conscientes4 ou n!o4 noimagin8rio dos brasileiros4 dentro ou ora da comunidade escolar.

    Juntos4 o mito da democracia racial4 o ideal de bran6ueamento e ameritocracia estabelecida pelo neoliberalismo4 indu)em alguns membros dascomunidades escolares < deesa de 6ue uns s!o mais capa)es 6ue outros emerecem a posi!o superior con6uistada. Ent!o4 priori)aBse o preparo para acompeti!o no mercado4 ocando os conhecimentos e atributos 6ue a sociedademais valori)a. *omo a cultura negra n!o prioridade4 muitas ve)es tratada de

    orma estan6ue e supericial. O individualismo acirra as disputas reorando osconlitos de dierentes nature)as4 inclusive o racial4 em uma sociedade 6ue necessitadesenvolver o h8bito de valori)ar a diversidade4 elemento caracter;stico dapopula!o brasileira.

    Fundamentados nas inorma+es da pes6uisa4 conclu;mos 6ue a eetivaimplementa!o da "ei #$.%&'/$& e das (iretri)es *urriculares estabelecidas por ela4s- ser8 poss;vel a partir do enrentamento das 9pedras: dispostas em seu caminho.Este enrentamento deve4 num primeiro momento4 desenvolver a conscincia 6uanto< e7istncia de todos os obst8culos estruturais no campo subjetivo 6ue diicultam apr8tica positiva no 6ue tange < lei. Em outro momento4 o planejamento pedag-gicodas escolas deve contemplar o processo de desconstru!o das 9pedras: baseado na

    educa!o em rela+es etnicorraciais e antirracista4 contribuindo para a orma!o euma nova vis!o dentro da sociedade no 6ue di) respeito

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    UNEG*OW HE*. Contribuio para 6mplementao da #ei %.'(HI(.Cras;lia41$$.

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