A ADMINISTRAÇÃO DA SOCIEDADE SIMPLES

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A ADMINISTRAO DA SOCIEDADE SIMPLES ( ARTS. 1011 A 1020) 1. O regime jurdico da administrao (arts. 1011,2 e 1018) Administrao das sociedades efetuada por meio de rgos internos

(conselho de administrao) voltado para a poltica da empresa e outro pautado pelo contato com o mundo um rgo externo (a gerncia ou diretoria) sendo que este ltimo aquele as presenta diante de terceiros (Pontes Miranda) com os quais vo assumir direitos e obrigaes Frente disso, a diretoria submete-se ao conselho, o qual se reporta assembleia.

Conselho administrativo: natureza de um colegiado, sendo formado por trs membros (no mnimo) ou mais administradores, de modo a fixar orientaes gerais dos negcios da sociedade por meio do voto

Diretoria ou gerncia: tem funes executivas, a quem cabe a funo de apresentao da sociedade perante terceiros

A teoria organicista no se coaduna com a teoria do mandato na

administrao das sociedades,por existir pontos em comum em ambas o legislador determinou que devem ser aplicadas a atividade dos administradores ,as disposies referentes ao mandato ,que um tipo de contrato tratado no Novo Cdigo Civil nos arts. 653 a 691 Uma das obrigaes do mandatrio, cuja a regra pode ser aplicada aos administradores das sociedades,naquilo que for cabvel. necessrio que destaquemos a questo da diligncia do mandatrio e no dever de indenizar os prejuzos que causar por sua culpa

NCC : estabelece a proibio de se fazer substituir o administrador no exerccio de suas funes, permitindo-lhe constituir mandatrio da sociedade, nos limites de seus prprios poderes, especificados no seu instrumento os atos e operaes que podero praticar (art.1018). Assim sendo, ao constituir mandatrios, o administrador das sociedades simples fica sujeito s seguintes conseqncias (art. 667): Tendo o administrador desobedecido proibio de se substituir no exerccio da administrao, responder perante a sociedade pelos prejuzos ocorridos sob a atuao do substituo, mesmo provenientes de caso fortuito, a no ser que faa a prova de que o prejuzo teria sobrevindo ainda que no tivesse havido substituio Responder o administrador quanto aos danos causados pelo mandatrio por culpa in eligendo ou n vigilando, ou seja, por haver

escolhido mal ou por ter deixado de fiscalizar devidamente o mandatrio. A sociedade estar obrigada a satisfazer s obrigaes contradas por seus administradores, respeitando o contrato social e a lei bem como a ressarcir o administrador das perdas que este puder ter sofrido no exerccio da administrao sempre que no resultem de culpa sua ou de excesso de poderes, aplicados subsidiariamente os artigos 675 e 678 do NCC

2. Administrao por scios e no-scios

Sociedade simples pode ser administrada tanto por scios quanto por no scios (art 1019,par. nico) CONTRATO SOCIAL: administrao separadamente a vrios scios, cada um deles pode impugnar a operao pretendida pelo outro.(tutela prvia) A sociedade ir adotar o caminho que for deliberado pela maioria dos votos, ou seja, pela deciso dos scios

SCIO: dever indenizar a sociedade por perdas e danos o scio que realize operaes sabendo ou devendo saber que estava agindo em desacordo com a maioria (tutela repressiva, a posteriori). saber estar agindo em desacordo com a maioria refere-se a um conhecimento originado de deciso tomada em deliberao social, descumprida diretamente pelo administrador desobediente. J dever saber que estava agindo em desacordo com a maioria dos scios denota uma situao subjetiva de difcil aferio, pois a ao indevida de que trata a norma

No consta de clausula do contrato social,que de conhecimento comum aos scios No se refere a resultado de deliberao social ,hiptese que recai na primeira situao acima So proibidos de administrar a sociedade simples: As pessoas para tanto impedidas por lei especial As pessoas condenadas a pena que vede, ainda que temporariamente, o acesso a cargos pblicos

A pessoa condenada por crime falimentar, de prevaricao, peita ou

suborno, concusso peculato, contra a economia popular, contra relaes de consumo, contra o Sistema Financeira Nacional(SFN), contra as normas de defesa da concorrncia, a f pblica ou propriedade enquanto perdurarem os efeitos da condenao.

Esta relao fechada, no admitindo sequer interpretao extensiva e quanto aos crimes, trata-se de impedimento baseado em condenao efetiva, no bastando a denuncia criminal.3. Standards para uma boa administrao O legislador adotou um Standards para aferio da conduta do administrador da sociedade simples Desempenhar

as funes relacionadas com a administrao, o administrador devera ter o cuidado e a diligncia que todo homem ativo e probo costuma empregar na administrao de seus prprios negcios

Este padro aplicvel ao administrador de qualquer das sociedades reguladas no NCC O descumprimento da imposio acima acarretara responsabilidades para

o administrador faltoso, no sentido do pagamento de indenizao sociedade pelos prejuzos decorrentes da sua negligncias (culpa:negligncia, imprudncia ou impercia). Prejuzos decorrentes dos chamados azares do comrcios no acarretam a responsabilidade dos administradores,desde que eles no tenham juntado culpa ou dolo , o que faria agrav-los Ainda que aja de boa-f, visando ao interesse da companhia, no ser abarcado pela equidade, uma vez que o administrador deve conhecer o contrato social e a legislao aplicvel.

4. Administrador scio Designado no contrato social ou por ato em separado Os poderes que lhe foram conferidos podem ser revogados nos seguintes casos: Por clusulas expressa do contrato social somente podero ser revogados como resultado de ao judicial, na qual fica provada justa causa

Ato em separado, podendo dar-se a qualquer tempo, por voto de scios que representarem a maioria absoluta, a no ser que o contrato social exija unanimidade (art. 999, caput). O administrador scio deve ser uma opo posta de lado na pratica , em virtude do grande perigo e do nus que acarreta aos demais socos e a prpria sociedade. 5. Administrador no-scio Indicado no contrato social ou por ato em separado Poder ter seus poderes revogados a qualquer tempo, desde que por maioria de votos ( art 1019. Par. nico) A destituio dos administradores ,poder dar-se ad nutum, considerando no haver direito ao cargo nem,conseqentemente ,necessidade de respeito ao prazo do mandato contratual REGRA GERAL: a destituio esta dever ser feita pelo mesmo rgo que designou tal administrador Exceo: nas sociedades limitadas a destituio dos administradores depende de deliberao pela assemblia ou reunio de scios 6. Administrador designado por ato em separado ( arts. 1012 e 1019, par. nico) A necessidade de ser dar conhecimento a terceiros de quem seja o administrador da sociedade a lei determina que o instrumento de nomeao seja averbado margem da inscrio da sociedade junto ao Registro Civil das Pessoas Jurdicas. Para que assim quem vier a contratar com a sociedade tenha condies de conhecer o contrato social e quem so os administradores, para fim de saber se estar suportando em seus interesses por ato praticado dentro do objeto social e pela pessoa que, na condio de rgo da administrao pode validamente obrig-la O art. 1151 caput e 3 diz que cabe ao prprio administrador e a sociedade a providencia da averbao em causa, se demorar responder todos os administradores pelos danos decorrentes da demora em se tornar tal providncia O administrador que praticar atos administrativos antes de ser requerida a averbao responder pessoalmente e

solidariamente com a sociedade por obrigaes diante de terceiros AVERBAO :retroagira a data do ato,desde que feita no prazo de trinta dias , ultrapassado o prazo os efeitos da averbao somente comearo a contar da data de sua concesso 7. Administrao isolada e conjunta Em sociedades menores, a administrao pode se dar por um administrador ou por dois deles, tendo, cada um, competncia para agir isoladamente em todos os atos de interesse da sociedade H riscos para terceiros que contratam com a sociedade ,porque competindo separadamente a administrao a vrios administradores cada um deles pode impugnar operao pretendida por outro. Caso tal hiptese ocorra, dever a sociedade deliberar sobre qual caminho seguir. Ressalta-se que a impugnao somente ocorrer em operaes ainda no realizadas, objetivando o benefcio da segurana das relaes com terceiros, essencial em direito comercial. ADMINISTRAO CONJUNTA: Necessrio o concurso de todos os administradores, salvo em casos urgentes em que a omisso acarretar dano grave ou irreparvel. Deve indicar no contrato social quais administradores assinam conjuntamente e em quais atos,devendo resguardar para eventualidade de algum impedimento temporrio de administrador ou ausncia momentnea, mediante o estabelecimento de alternativas Sem essa ressalva, a sociedade coloca-se em situao de eventual impossibilidade para praticar atos de sue interesse quando eles estiverem no plano de oportunidades de negcio, mas no no de danos irreparveis ou urgentes. A exigncia do concurso de todos os administradores deve ser deixada to somente para situaes extremamente graves ou de importncia decisiva para os destinos da sociedade, pode o contrato social exigir previa autorizao de reunio ou assemblia de scios ADMINISTRAO COLEGIADA: Sistema extremamente formalista

No compatvel com a flexibilidade desejada pela maioria das sociedades que no adotam a forma e annima Busca a realizao de negcios importantes e em relao aos quais o elemento tempo torna-se precioso ou ate mesmo essencial Devera convocar os administradores dentro de determinada ordem do dia, seguindo a instalao do colegiado e a deliberao cuja eficcia dependera do quorum que estiver sido estabelecido no contrato social 8. Limites dos poderes dos administradores o contrato social dever fixar os poderes dos administradores ,de forma a resguardar os interesses da sociedade o silencio no contrato social estabelece que o administrador pode praticar todos os atos pertinentes gesto da sociedade, desde que dentro do objeto social Teoria Dos Atos Ultra Vires Societatis: o administrador exorbita dos seus poderes ,praticando atos alem dos poderes conferidos a ele pela sociedade. Nesta situao a sociedade pode recusarse a honrar o compromisso celebrado indevidamente por seu administrador As hipteses nas quais a sociedade pode opor perante terceiros os excessos de poderes do administrador esto previstas no art. 1015, pargrafo nico, quais sejam: Existncia de limitao de poderes averbada no registro prprio da sociedade O conhecimento pelo terceiro do excesso praticado pelo administrador Operao evidentemente estranha aos negcios da sociedade. O administrador no poder participar da deliberao do rgo de administrao quando tenha interesse contrrio ao da sociedade que deva ser discutido em reunio ou em assemblia, ficando sujeito a sanes, caso proceda de forma contrria. O legislador no especificou quais so os tipos de sano,mas elas podem consistir em indenizao a sociedade, dos prejuzos causados,alem do afastamento do administrador ,sendo este um caso claro de justa causa

9. Responsabilidade terceiros

dos

administradores

perante

a

sociedade

e

Os administradores respondem solidariamente perante a sociedade e aos terceiros prejudicados, caso atuem com culpa no desempenho de suas funes. Os administradores diligentes, prudentes e peritos no podem ser responsabilizados mesmo que outro ou outros deles hajam praticados atos culposos prejudiciais ao patrimnio da sociedade CULPA: trata dos aspectos de negligncia, imprudncia ou impercia (corresponde falta de conhecimento para atuar em determinada rea do conhecimento e da qual podem resultar prejuzos) A responsabilidade do administrador estabelecida no plano interno e fundada na culpa gerar acesas discusses perante o judicirio. Exercer o cargo de administrador de uma sociedade deve estar ciente do risco que corre no sentido de ser responsabilizado conforme prev a lei. Plano externo: verifica uma responsabilidade direta diante de terceiros prejudicados por culpa no desempenho de suas funes O administrador caso venha desviar os bens ou recursos da sociedade e esta tenha prejuzos que impeam sua restituio, devera o administrador indenizar implicando lucros cessantes e danos emergentes 10.Relaes da sociedade simples e dos seus scios perante terceiros (1022 a 1027) Teoria organicista: assuno de direitos e obrigaes por parte da sociedade junto a terceiros e sua atuao no plano judicial somente podem ser efetivadas por meo dos seus administradores Administradores de fato: So pessoas que exercem a administrao de forma efetiva e continua Exerccio real da conduo dos negcios da sociedade sem que tenha sido tal pessoa regulamente indicada para o cargo

Esconde-se por trs de procurao que lhe concede plenos poderes de gesto ,outorgada pelos demais administradores A inexistncia de limites aos poderes do procurador e a no especializao de reas de sua atuao so elementos que podem , na analise do caso concreto , levar concluso no sentido de que tal procurador um administrador de fato Deve responder pelos atos praticados ,sem prejuzo da responsabilidade dos administradores que irregularmente constituram seu par ou daqueles que toleram seu exerccios sem manifestao contraia expressa Pode ser exercida por um scio que arroga em seu prprio favor o direito a tal funo e a assume efetivamente ,sem ser contrariado pelos scios ou pelos administradores que deixaram praticar impunemente atos prprios da gesto social A responsabilidade da sociedade diante terceiros pelos atos do administrador de fato e colocada na Teoria aparncia No ser que se trate de procurador regularmente constitudo e dotado de plenos poderes de gesto,pois assim em relao aos terceiros com os quais a sociedade se relaciona a questo se coloca no plano interno9socios entre si) A sociedade devera honrar os compromissos por aquele assumidos Haver administradores dotados de poderes especiais,direito e obrigaes nas reas correspondente dependem da interveno exclusiva 11. A Remunerao do Administrador O titular do cargo de administrador tem direito remunerao com base nas condies econmicas da sociedade, na dedicao deste ou na complexidade da atuao. Deve se tratar o tema no contrato social, que dever estipular o montante da remunerao, periodicidade e eventuais gratificaes sobre os lucros. Caso se trate de um scio-administrador, ter duas fontes de remunerao: uma pelo cargo e outra pelo lucro, advindo de sua condio de scio. A remunerao pode ser decidida na formulao do contrato social ou aps reunies e assemblias. Caso no haja deciso da remunerao, recorre-se ao judicirio, surgindo, inclusive, a possibilidade de o administrador se retirar daquela sociedade. Em caso do no pagamento do valor acordado, leva ao direito de reivindic-la, haja

vista que se trata de uma retribuio econmica por servios prestados. 12. O administrador e o dever de prestar contas. O levantamento dos balanos sociais (Arts. 1.020, 1.187 e 1.188). O art. 1.020, em relao sociedade simples e limitada, determina que os administradores apresentem as contas, de forma justificada, de sua administrao, alm de apresentar tambm o inventrio, o balano patrimonial e o resultado econmico. O Art. 1.188 vincula a elaborao dos balanos aos princpios de fidelidade e clareza, indicando a real situao da empresa, bem como meno separao dos ativos e passivos. Os administradores devem explicar cada dado de forma inteligvel, sem se basearem em nmeros frios somente. Isso feito, a assembleia ir deliberar e ento aprovar ou rejeitar as contas apresentadas. No caso de aprovao, caso esta seja sem reservas, os administradores estaro exonerados de qualquer responsabilidade, exceto se incorrerem em erro, simulao ou dolo. Se descobertos esses fatos, as contas podero ser rejeitadas em at 2 anos, prazo decadencial previsto no pargrafo 3 e 4 do 1.078 e haver responsabilizao dos administradores. No caso de fraude em geral, deve-se basear no Art. 171, II, que inclui como fundamento da anulao do ato jurdico a fraude contra credores. Nota-se aqui que os scios passam a tomar posio de credores potenciais da sociedade quanto ao lucro obtido por ela e que eventualmente lhes estejam sendo sonegados. Pode ocorrer de se configurar uma tentativa dos administradores de acobertar prejuzos que tenham causado sociedade. H vedao de que scios no administradores no podem revelar a terceiros todo tipo de conhecimento e informao que no seja objeto de registro obrigatrio no rgo competente, de forma a no prejudicar a sociedade na disputa de mercado. Os scios que causarem dano sociedade sero responsabilizados. Para as sociedades simples, vale a regra de que os scios podem examinar livros e documentos a qualquer tempo, bem como o estado de caixa e a carteira da sociedade, a no ser que o contrato social traga poca prpria para tal finalidade. Essa exceo corresponde a uma regra que preferencialmente deve ser adotada pela sociedade para evitar frequentes exigncias de scios.