A arte das ideias

Aires AlmeidaArte Conceptual, de Paul WoodPresena, 2002, 80 pp.http://criticanarede.com/lds_arteconceptual.html

Julho de 2003

Paul Wood , entre outras coisas, co-organizador da monumental antologia (com mais de 3 mil pginas divididas em trs volumes) que rene textos sobre arte, escritos pelos prprios artistas e crticos de arte desde 1648 at 1990, e sugestivamente intitulada Art in Theory. Foi a ele que a Tate Gallery de Londres encomendou este pequeno livro, para incluir numa srie de divulgao dos principais movimentos artsticos dos ltimos cem anos. Arte Conceptual pretende, assim, ser um livro de introduo ao movimento com o mesmo nome. Um dos movimentos que mais tem posto em causa a prpria noo de arte e que mais desconfiana tem despertado em sectores mais conservadores da crtica. Desconfiana partilhada por uma grande parte dos frequentadores de museus e galerias, mas que entretanto vem manifestando alguma resignao, na esperana de que o tempo se encarregue de repor a verdade artstca.

curioso verificar que a arte conceptual mal conhecida e, simultaneamente, fervorosamente repudiada por muitos. Contudo, a arte conceptual foi o culminar de uma autntica revoluo artstica iniciada com o movimento dadasta e cujo sucesso institucional acabou por subverter no s prticas e conceitos artsticos tradicionais, como at o esprito subversivo da prpria arte conceptual. E grande parte da arte contempornea continua a ser conceptual. por isso que livros, como este, que procuram ajudar-nos a compreender o que a arte conceptual, como surgiu, quais os seus principais nomes e caractersticas, so sempre uma boa notcia.

O livro tem as dimenses adequadas e inclui muitas imagens a cores. No pode, contudo, deixar de se lamentar o discurso algo prolixo, a prosa contundente e excessivamente erudita, alm das referncias inteis, infelizmente caractersticas de muita da crtica de arte. Mas so realados aspectos centrais da arte conceptual, como a chamada "morte do autor", a desmaterializao da obra de arte e o fim do papel contemplativo do pblico. Tambm destacada a reflexo sobre a linguagem, a crtica das instituies e a forte politizao da arte conceptual, a par do papel central de grupos como Art & Language e Fluxus, e artistas como Joseph Beuys e Joseph Kosuth. Todos eles nomes institucionalmente sonantes.

No panorama editorial portugus, livros como este so sempre informativos. At pelas fotografias. Pena que, aqui e ali, o autor se esquea que se trata de um livro de divulgao.

Aires Almeida