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Ensino de Astronomia no ABC
ASTRONOMIA CULTURAL
A ASTRONOMIA DE DIFERENTES POVOS
Profª Fernanda Siniscalchi
Existem diferentes áreas de estudo dentro da
Astronomia:
• História da Astronomia
• Astrobiologia
• Astronomia Observacional
• Cosmologia……
Astronomia Cultural
Na maioria dessas áreas, utilizamos o “ponto de
vista” da cultura ocidental
A Astronomia Cultural é uma área da
Astronomia que estuda como outros povos
desenvolveram a Astronomia em suas culturas
Tentativa de entendimento ou tradução de
como outras culturas se relacionam com o céu
Astronomia Cultural
• Etnoastronomia – estuda a astronomia de
culturas contemporâneas.
• Arqueoastronomia – estuda a astronomia de
povos pertencentes a um passado mais
distante.
Astronomia Cultural
Para qualquer comunidade, seria impossível
ignorar as mudanças no céu no dia-a-dia: o Sol
surgindo e sumindo diariamente, as fases da
Lua, o movimento dos planetas, etc.
Todos os povos sempre tentaram entender
sobre os astros e muitos criaram monumentos
relacionados aos seus movimentos
Astronomia Cultural
Astronomia Cultural - Stonehenge
Alguns começaram esses estudos “do zero” e
outros tiveram contribuições de seus
antepassados ou de comunidades próximas
Todos acabaram desenvolvendo, em algum
momento, a Astrologia
Como sabemos, a Astrologia não é uma ciência,
mas faz parte da Astronomia e sua história
Astronomia Cultural
A Astrologia não abrange somente os signos do
Zodíaco e mapas astrais, ela se trata de
conjuntos de crenças que determinam que a
posição de certos astros podem influenciar no
futuro dos seres humanos
Ao longo do tempo, todos os povos criaram
mitos envolvendo o céu e seus astros
Astronomia Cultural
Astronomia Cultural – Chichén Itzá
Chichén Itzá, Yucatán, México
Possuem um conjunto de conhecimentos
astronômicos com os quais desenvolveram
calendários e sistemas de orientação
Os principais elementos são o Sol, a Lua, Vênus,
a Via Láctea, as Plêiades, o Cruzeiro do Sul e as
regiões de Órion (constelação do verão) e
Escorpião (constelação do inverno)
Tupi-Guarani
As estações do ano e as fases da Lua são
associadas ao clima, à fauna e a flora
Os tupis-guaranis utilizam as fases da Lua para
caça, plantio e corte de madeira - > melhor
época: lua minguando. Na lua crescente, os
animais se tornam mais agitados
Tupi-Guarani - biodiversidade
Guaranis que habitam o litoral: conhecimento
da relação entre as fases da Lua e as marés.
Associam também a Lua e as marés às estações
do ano (observando os astros e os ventos) para
a pesca artesanal (cada tipo de peixe aparece
em uma certa época e em certa fase da Lua)
Tupi-Guarani - biodiversidade
O Sol é chamado de Kuaray na linguagem do
cotidiano e Nhamandu na espiritual
Determinação do meio-dia solar, pontos
cardeais e estações do ano através do gnômon
(relógio solar vertical). Ele também foi utilizado
no Egito, China, Grécia e diversas partes do
mundo
Tupi-Guarani - Sol
Tupi-Guarani - Gnômon
Cosmogênese guarani: Nhanderu (significa
Nosso Pai e representa o zênite) criou quatro
deuses principais (quatro pontos cardeais) que
ajudaram na criação da Terra
Jakaira (Norte): deus da neblina e das brumas,
origem dos bons ventos
Tupi-Guarani - Mitologia
Karai (Leste):deus do fogo e do ruído do crepitar
das chamas sagradas
Nhamandu (Sul): deus do Sol e das palavras,
representa a origem do tempo-espaço
primordial
Tupã (Oeste): deus das águas, do mar, das
chuvas, relâmpagos e trovões
Tupi-Guarani - Mitologia
De acordo com a trajetória aparente anual do
Sol, foi desenvolvido o calendário guarani.
Divide-se em tempo novo (ara pyau), período da
primavera e verão e tempo velho (ara ymã),
período do outono e inverno
Primeira unidade de tempo: o dia, determinado
pelo período entre dois nasceres do Sol
Tupi-Guarani – Divisão do Tempo
Depois, surgiu o mês (Jaxi), período entre duas
aparições de uma mesma fase da Lua
Podiam obter também as horas da noite pelas
fases da Lua (também chamada Jaxi)
Descobriram a relação entre as marés e as fases
da Lua antes dos europeus (o fenômeno é mais
perceptível nos trópicos)
Tupi-Guarani – Divisão do Tempo
Os eclipses sempre causaram terror, por mudar
a ordem de repetição do Cosmos
Os mitos sobre os eclipses mostram o grande
conhecimento empírico dos tupis-guaranis. Eles
também podiam prever esses fenômenos, mas
não se conhece os métodos utilizados (por falta
de registros)
Tupi-Guarani - Eclipses
Um dos mitos sobre eclipses diz que o Sol e a
Lua são perseguidos por uma onça
(representada por Aldebaran e Antares) e
quando ela devorá-los, ocorrerá o fim do
mundo. Existem rituais nas ocasiões dos
eclipses, com o intuito de espantar essa onça
mitológica
Tupi-Guarani - Eclipses
Sendo o terceiro objeto mais brilhante, Vênus
não passa despercebido
Como aparece antes do amanhecer em alguns
períodos e depois do pôr-do-sol em outros,
acreditavam que eram dois objetos distintos
Mito: esposa da Lua, muito bonita e se afastava
quando seu marido envelhecia (Lua cheia)
Tupi-Guarani - Vênus
Tupi-Guarani
Uma palestra sobre astronomia indígena
Constelações: grupos de estrelas aparentemente
próximas. Existem 88 constelações oficiais (UAI)
As constelações foram criadas para facilitar o
reconhecimento do céu e possuem formatos e
tamanhos variados
Muitos povos têm suas próprias constelações,
com formatos de objetos de seu dia-a-dia
Tupi-Guarani - Constelações
Utilizadas para calendário e orientação
Dentre as 88 constelações oficiais, estão entre
as mais importantes, as constelações do zodíaco,
que estão sobre toda a eclíptica
As principais dos tupis-guaranis estão localizadas
na Via Láctea (Tapi\´iRape), conhecida como
Caminho da Anta ou Morada dos Deuses
Tupi-Guarani - Constelações
Suas constelações podem conter manchas claras
e escuras da Via Láctea e algumas manchas
podem formar constelações sem estrelas
Para os guaranis, a Grande Nuvem de Magalhães
é a constelação Bebedouro da Anta e a Pequena
é o Bebedouro do Porco-do-Mato
Certos grupos possuem +100 constelações
Tupi-Guarani - Constelações
O Cruzeiro do Sul (Curuxu) ajudava a contar a
passagem das horas e das estações
Tupi-Guarani - Constelações
Tupi-Guarani - Constelações
Utilizavam o aglomerado das Plêiades (Eixu)
como calendário, para definir a passagem do
tempo e prever a época de chuvas. O nascer
helíaco (quando apareciam algumas semanas
depois de estarem ocultas pelo Sol) indicava que
a época de chuvas estava próxima
Tupi-Guarani - Constelações
Tupi-Guarani - Constelações
Constelação da Ema: representa o inverno.
Diz a mitologia que o Cruzeiro do Sul (Curuxu)
ajudava a segurar a cabeça da Ema, para que ela
não bebesse toda a água da Terra
Homem Velho: constelação do verão.
A lenda diz que sua esposa o matou, cortando-
lhe a perna, para se casar com o cunhado
Tupi-Guarani - Constelações
Tupi-Guarani - Ema
Tupi-Guarani – Homem Velho
Monumento na Paraíba de inscrições rupestres.
Hipótese de possuir elementos astronômicos
Itacoatiara de Ingá
Observatório indígena no Amapá, que possui
entre 500 e 2 mil anos. Uma das rochas se alinha
com o Sol no solstício de dezembro
Círculo de Calçoene
Observatório Buena Vista, próximo de Lima, o
mais antigo das Américas (~4200 anos).
Orientado com o solstício
Astronomia Andina - Monumentos
Petróglifo de Toro Muerto (Arequipa) – acredita-
se que seja um calendário
Astronomia Andina - Monumentos
Monumentos nas colinas ao redor de Cusco para
estudar o movimento do Sol
Astronomia Andina - Monumentos
O calendário Inca possuía 365 dias: 12 meses de
30 dias + 5 dias de festas. Um mês possuía 3
semanas de 10 dias
O ano começava no solstício de dezembro
No primeiro mês, dezembro, havia a festa do Sol
e no último mês, novembro, havia a festa dos
mortos
Astronomia Andina - Calendário
Identificação dos equinócios: colunas erguidas
nos templos do Sol. Nos equinócios, as colunas
não fazem sombra
Astronomia Andina - Equinócios
Constelação Onda de Estrelas
Constelação Poncho de Estrelas
Chacana
Constituída de Pégaso, Andrômeda e Perseu
Arco-íris de Estrelas, simboliza o universo finito
Whiphala Warawara
Constelações escuras
Constelações escuras
Os chineses possuem um vasto e antigo estudo
sobre Astronomia
Foram os criadores do mapa estelar mais antigo
conhecido atualmente
Criaram a bússola, instrumento magnético
utilizado para orientação, muito útil na
Astronomia
China
China – Mapa Celeste
China - Bússola
Os registros chineses de eclipses datam de 720
a. C.
Por sua vez, os registros de manchas solares
datam de 28 a. C.
Primeiro registro de uma Supernova (onde fica a
Nebulosa do Caranguejo), em 1054
China
Próximo de 1400 a. C., já sabiam que o ano solar
possui 365,25 dias
As medições eram feitas em relação ao Equador
Celeste e não à eclíptica
Dividiam o céu em Símbolos, Fortalezas e
Mansões. As Mansões ficavam próximas à
eclíptica (como as constelações do zodíaco)
China
China – Esfera Armilar
Utilização do Cruzeiro do Sul para saber a época
de preparar o solo, plantar e colher, aliando-o a
Alfa e Beta Centauri, que diziam ser duas girafas
“guardiãs do cruzeiro”
A estrela Sirius B (Sirius é uma estrela dupla,
sendo Sirius A a maior e Sirius B a menor)
anunciava a enchente do Nilo (terras férteis)
África
Calendário em que o ano durava entre 360 e
365 dias, variando dependendo do ano
O ano dividia-se em três estações: inverno (saída
das águas), inundação e verão (falta de água)
A duração era determinada pela observação dos
nasceres helíacos de Sirius B
África
Nação Dogon: conhecimento de Sirius B
(invisível a olho nu), desenharam com precisão
sua órbita em torno de Sirius A. Conhecimento
do período de rotação de Sirius B, que é
comemorado com um festival
África
Egípcios: previsão da posição da estrela Sirius, a
cada 1461 anos, sempre no mesmo dia, na
mesma posição em que o Sol nascia
Primeiros a estabelecer a noção de ano,
dividindo em 12 partes
África
Observatório/Alinhamento
Pirâmides de Gizeh
Astronomia Africana. Fernanda Corgosinho
Astronomia Chinesa. Karenn Liège
Astronomia Cultural: uma nova forma deenxergar o céu. Marcelo Ferreira, RundsthenNader, Luiz Borges
Calendário Inca e Astronomia Andina:Civilizações Incas e pre-Incas. Jorge Meléndez
Contribuição dos povos africanos para oconhecimento científico e tecnológico universal.Lázaro Cunha
Referências
Encontro de Pesquisa A – Astronomia Cultural.Luiz Carlos Jafelice
Etnoastronomia no Brasil: a contribuição deCharles Frederick Hartt e José Vieira Couto deMagalhães. Flavia Lima, Silvia Figueirôa
Governo do Amapá. Disponível em:<https://www.portal.ap.gov.br/conheca/calcoene>
Mitos e Estações no Céu Tupi-Guarani. Germano
Afonso
Referências
Até mais!
Obrigada pela
atenção!