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ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
MARCOS YUKIO YAMAGUCHI
Sincronização das Bases de Tempo de CLPs Distribuídos numa Rede de Automação de Processo Industrial
v.1
São Paulo 2006
MARCOS YUKIO YAMAGUCHI
Sincronização das Bases de Tempo de CLPs Distribuídos numa Rede de Automação de Processo Industrial
Trabalho de Qualificação de Mestrado apresentado à Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Área de Concentração: Departamento de Energia e Automação Orientador: Prof. Dr. Cícero Couto de Moraes
v.1
São Paulo 2006
Para meus pais
AGRADECIMENTOS
À Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, instituição que me formou e na
qual passei alguns dos melhores anos de minha vida.
À Rockwell Automation do Brasil, empresa que contribuiu para o meu
aperfeiçoamento profissional em automação industrial.
Ao meu orientador Professor Doutor Cícero Couto de Moraes, pela motivação,
amizade e orientação neste trabalho de pesquisa.
Aos meus pais Yukinori e Sumie, pelo exemplo, apoio e educação.
À querida Maria Racilda, pela motivação, amizade e apoio.
RESUMO
YAMAGUCHI, M. Y. Sincronização das Bases de Tempo de CLPs Distribuídos numa
Rede de Automação de Processo Industrial. 2006. 142 f. Dissertação (Mestrado) – Escola
Politécnica, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2006.
Os sistemas de automação se tornam cada vez mais abrangentes e complexos, criando
a necessidade de uma estruturação básica durante o seu desenvolvimento de forma a permitir
melhor visualização, organização e entendimento destes sistemas.
Este trabalho propõe o desenvolvimento de uma metodologia para análise,
implementação e verificação da sincronização das bases de tempo dos equipamentos
organizados conforme a estruturação hierárquica CIM (Computer Integrated Manufacturing).
Esta metodologia é uma ferramenta útil para o desenvolvimento de sistemas de automação
integrados e sincronizados.
Inicialmente são apresentadas e analisadas as funções, especificações e utilidade da
estruturação hierárquica dos sistemas de automação industrial. Os principais componentes de
um sistema moderno de automação são apresentados e para cada um dos equipamentos
principais é definido o nível a qual este pertence na pirâmide da automação baseada no
modelo CIM.
Na etapa seguinte é realizado o levantamento e a análise da necessidade de
sincronização dos diversos sistemas automatizados e proposta uma metodologia que auxilie
na análise e implementação da sincronização das bases de tempos nestes sistemas de
automação integrados.
No final do trabalho, esta metodologia é aplicada num caso prático para a
comprovação da sua validade.
ABSTRACT
YAMAGUCHI, M. Y. Synchronization of Timebases of PLCs Distributed in an
Industrial Process Automation Network. 2006. 142 f. Dissertation (Master) – Escola
Politécnica, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2006.
The automation systems are becoming more and more wide-ranging and complex
creating the necessity of using some kind of structuring for their development in order to
allow better visualization, organization and understanding of these systems.
This research proposes the development of a method for analysis, implementation and
check of synchronization of the equipments timebases in a hierarchical structuring of CIM
(Computer Integrated Manufacturing). This procedure is useful for development of integrated
and syncronized automation systems.
Initially are presented and analysed the functions, specifications and uses of
hierarchical structuring in industrial automation systems. The main components of a modern
automation system are presented and for each equipment is defined the level that it belongs in
the automation’s piramid based on CIM model.
In the next stage are surveyed and analysed the needs of synchronization of automated
systems and proposed a helpful method for analysis and implementation of timebases`
synchronization in integrated automation systems.
At the end of this research, this method is applied in a practical case for its validation.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Níveis funcionais da estruturação hierárquica de um sistema de automação .........23
Figura 2 - Exemplo de estruturação hierárquica dos sistemas de automação numa empresa de
manufatura........................................................................................................................26
Figura 3 - Uma planta siderúrgica segundo o PRM .................................................................29
Figura 4 - Uma planta papeleira segundo o PRM ....................................................................29
Figura 5 - Uma planta farmacêutica segundo o PRM ..............................................................30
Figura 6 – Macro sistemas funcionais de uma planta industrial na estruturação hierárquica ..34
Figura 7 – Visão geral da estruturação hierárquica dos sistemas de automação e seus
equipamentos....................................................................................................................36
Figura 8 – Necessidades de software conforme nível hierárquico ...........................................45
Figura 9 – As sete camadas do modelo OSI e as três camadas das redes de campo de
automação industrial.........................................................................................................55
Figura 10 – Padrões de redes de banda larga sem fio (wireless)..............................................60
Figura 11 – Classificação dos protocolos MAC.......................................................................61
Figura 12 – Classificação do tráfego periódico ........................................................................64
Figura 13 – Classificação do tráfego não periódico .................................................................65
Figura 14 – Níveis de redes na estruturação hierárquica da automação...................................66
Figura 15 – As principais famílias de perfil de comunicação da norma IEC 61784................67
Figura 16 – Ordem de grandeza das constantes de tempo na pirâmide da automação.............71
Figura 17 – Sincronização vertical na estruturação hierárquica dos sistemas de automação...74
Figura 18 – Sincronização horizontal na estruturação hierárquica dos sistemas de automação
..........................................................................................................................................75
Figura 19 – Funções e requisitos no tempo do sistema de aquisição de dados ........................88
Figura 20 – Metodologia de sincronização de bases de tempo e as rotas entre as etapas ........90
Figura 21 – Etapa 0 NECESSIDADES da metodologia e seus itens principais ......................92
Figura 22 – Etapa 1 PROCESSO da metodologia e seus itens principais................................94
Figura 23 – Etapa 2 AUTOMAÇÃO da metodologia e seus itens principais..........................98
Figura 24 – Etapa 3 EVENTOS da metodologia e seus itens principais................................103
Figura 25 – Visão externa da planta do Laminador de Tiras a Quente (LTQ).......................106
Figura 26 – Metodologia de sincronização de bases de tempo ..............................................107
Figura 27 – Estruturação hierárquica do processo do LTQ....................................................110
Figura 28 – O forno de reaquecimento na planta do LTQ......................................................111
Figura 29 – O laminador desbastador na planta do LTQ .......................................................111
Figura 30 – O trem acabador na planta do LTQ.....................................................................112
Figura 31 – A bobinadeira numa planta do LTQ....................................................................113
Figura 32 – Arquitetura da automação do forno, do laminador desbastador (RM) e do trem
acabador (FM) ................................................................................................................119
Figura 33 – Arquitetura da automação da subestação, da ETA e da bobinadeira (DC).........120
Figura 34 – Sincronização vertical no sistema SCADA.........................................................132
Figura 35 – Sincronização horizontal no sistema SCADA ....................................................134
LISTA DE TABELAS
Tabela 2.1 – Resumo das funções de um sistema de automação integrado .............................22
Tabela 2.2 - Modelo de automação da empresa no modelo PRM............................................25
Tabela 2.3 - Resumo dos requisitos a serem atendidos pelos sistemas de controle por
computador .......................................................................................................................28
Tabela 2.4 - Divisão do processo produtivo de uma planta de fabricação e processamento de
amido industrial ................................................................................................................30
Tabela 2.5 – Aplicação da estruturação hierárquica numa planta de processamento de milho
segundo o modelo proposto..............................................................................................31
Tabela 3.1 – A norma IEC 61131 e as suas 8 partes ................................................................50
Tabela 4.1 – PID em malhas de controle para processos .........................................................86
Tabela 4.2 – Categorias e características de fenômenos eletromagnéticos dos sistemas de
potência.............................................................................................................................88
Tabela 5.1 – Exemplo da estrutura da lista de variáveis da etapa PROCESSO.......................95
Tabela 5.2 – Exemplo da estrutura da lista de variáveis da etapa AUTOMAÇÃO .................99
Tabela 5.3 – Exemplo da estrutura da lista de variáveis da etapa EVENTOS.......................104
Tabela 6.1 – Quantidade de variáveis aquisitadas pelo sistema SCADA do LTQ.................114
Tabela 6.2 – Equipamentos principais do sistema SCADA ...................................................118
Tabela 6.3 – Redes MODBUS da subestação do LTQ...........................................................121
Tabela 6.4 – Redes MODBUS das áreas do LTQ, exceto subestação ...................................122
Tabela 6.5 – Resolução e precisão dos relógios dos principais equipamentos do sistema
SCADA...........................................................................................................................128
Tabela 6.6 – Referências de data e hora e periodicidade de atualização................................128
SUMÁRIO
1 Introdução ...................................................................................................................14
1.1 OBJETIVO................................................................................................................................................. 16
1.2 APLICABILIDADE ..................................................................................................................................... 17
2 Estruturação Hierárquica dos Sistemas Industriais de Automação......................19
2.1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................... 19
2.2 ANÁLISE DE UM SISTEMA DE AUTOMAÇÃO INTEGRADO ........................................................................... 19 2.2.1 Funções de um sistema de automação integrado .......................................................................... 19 2.2.2 Estruturação hierárquica em níveis .............................................................................................. 23 2.2.3 Requisitos de um sistema de automação integrado ....................................................................... 26 2.2.4 Aplicação do modelo proposto ...................................................................................................... 28
3 Análise dos Sistemas de Automação Industrial .......................................................32
3.1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................... 32
3.2 SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO DE UMA PLANTA INDUSTRIAL........................................................................ 32
3.3 ANÁLISE DOS EQUIPAMENTOS PRINCIPAIS DO SISTEMA............................................................................ 34 3.3.1 Computadores................................................................................................................................ 37 3.3.2 Controladores................................................................................................................................ 39 3.3.3 Dispositivos de campo ................................................................................................................... 42
3.4 ANÁLISE DAS ESPECIFICAÇÕES DE SOFTWARE.......................................................................................... 44 3.4.1 Software do sistema corporativo ................................................................................................... 45 3.4.2 Software do sistema de produção .................................................................................................. 46 3.4.3 Software do sistema supervisório IHM (Interface Homem Máquina) ........................................... 48 3.4.4 Software do CLP............................................................................................................................ 49 3.4.5 Software das redes de comunicação.............................................................................................. 51
3.5 ANÁLISE DAS ESPECIFICAÇÕES DAS REDES DE AUTOMAÇÃO .................................................................... 53 3.5.1 Modelo em camadas: modelo OSI ................................................................................................. 54 3.5.2 Especificação de uma rede de automação..................................................................................... 56 3.5.3 As principais redes de automação................................................................................................. 65 3.5.4 Padronização das redes de campo ................................................................................................ 66
4 Sincronização dos Equipamentos e Computadores na Mesma Referência de Base de Tempo .................................................................................................................................69
4.1 SINCRONIZAÇÃO NOS NÍVEIS HIERÁRQUICOS DA PIRÂMIDE DE AUTOMAÇÃO ........................................... 70 4.1.1 Distribuição das bases de dados na pirâmide de automação........................................................ 71 4.1.2 Sincronização vertical ................................................................................................................... 73
4.1.3 Sincronização horizontal ............................................................................................................... 74
4.2 SINCRONIZAÇÃO DOS EQUIPAMENTOS ..................................................................................................... 75 4.2.1 Sincronização dos relógios internos dos equipamentos ................................................................ 76 4.2.2 Resolução do relógio e mecanismo de gravação da data e hora do evento registrado................. 77 4.2.3 Periodicidade da tarefa de sincronização dos relógios................................................................. 78 4.2.4 Cálculo do tempo total de atraso para a gravação do evento na base de dados .......................... 79 4.2.5 Exatidão dos dados aquisitados .................................................................................................... 80 4.2.6 Validade dos dados aquisitados .................................................................................................... 82
4.3 FORMAS DE REFERÊNCIA DE TEMPO ........................................................................................................ 82 4.3.1 Referências locais.......................................................................................................................... 84 4.3.2 Referências regionais .................................................................................................................... 84 4.3.3 Referências globais........................................................................................................................ 84
4.4 CASOS TÍPICOS PARA ESTUDO DE EVENTOS COM SISTEMAS SUPERVISÓRIOS, CLPS E DISPOSITIVOS DE CAMPO SINCRONIZADOS .................................................................................................................................... 85
4.4.1 Processos com malhas de controle................................................................................................ 86 4.4.2 Processos do tipo drive system ...................................................................................................... 86 4.4.3 Processos com totalizadores.......................................................................................................... 87 4.4.4 Eventos do sistema elétrico ........................................................................................................... 87
5 Metodologia de Sincronização em Sistemas de Automação Industrial .................89
5.1 ETAPA 0 - NECESSIDADES – LEVANTAMENTO, ANÁLISE E DEFINIÇÃO DAS NECESSIDADES DA MANUTENÇÃO, DA OPERAÇÃO E DA ENGENHARIA ............................................................................................. 90
5.1.1 N1 - Levantamento das necessidades ............................................................................................ 92 5.1.2 N2 - Análise das necessidades....................................................................................................... 93
5.2 ETAPA 1 - PROCESSO - LEVANTAMENTO E ANÁLISE DAS CARACTERÍSTICAS E NECESSIDADES DO PROCESSO.......................................................................................................................................................... 93
5.2.1 P1 - Estruturação do processo ...................................................................................................... 95 5.2.2 P2 - Definição das variáveis a serem aquisitadas......................................................................... 95 5.2.3 P3 - Levantamento das constantes de tempo de processo ............................................................. 96 5.2.4 P4 - Definição do período de amostragem para cada conjunto de variáveis................................ 96
5.3 ETAPA 2 - AUTOMAÇÃO – LEVANTAMENTO, ESTRUTURAÇÃO E ANÁLISE DAS CARACTERÍSTICAS, NECESSIDADES E RESTRIÇÕES DO SISTEMA DE AUTOMAÇÃO.............................................................................. 96
5.3.1 A1 - Análise das modificações e ajustes a serem realizados no sistema de automação................ 99 5.3.2 A2 - Verificação dos dispositivos de campo .................................................................................. 99 5.3.3 A3 - Verificação do local da gravação da data e hora para o valor da variável aquisitada no campo 100 5.3.4 A4 - Análise das necessidades de resolução de tempo do sistema de gravação dos eventos ...... 101 5.3.5 A5 - Análise das necessidades de sincronização dos relógios dos diferentes sistemas ............... 101 5.3.6 A6 - Seleção da referência de data e hora e periodicidade de atualização................................. 101 5.3.7 A7 - Seleção dos locais de armazenamento dos eventos ............................................................. 102
5.4 ETAPA 3 - EVENTOS - VERIFICAÇÃO E VALIDAÇÃO DOS EVENTOS ARMAZENADOS ............................. 103 5.4.1 E1 - Exatidão dos eventos armazenados ..................................................................................... 104 5.4.2 E2 - Análise dos eventos.............................................................................................................. 105
6 Estudo de Caso: Sincronização de tempos aplicada ao sistema Elétrico de Alimentação do Laminador de Tiras a quente ..................................................................106
6.1 APLICAÇÃO DA METODOLOGIA .............................................................................................................. 107
6.2 ETAPA 0 – NECESSIDADES DO SISTEMA ELÉTRICO DO LTQ.................................................................... 107 6.2.1 N1 - Levantamento das necessidades .......................................................................................... 108 6.2.2 N2 - Análise das necessidades..................................................................................................... 108
6.3 ETAPA 1 – PROCESSO DO SISTEMA ELÉTRICO DO LTQ ........................................................................... 108 6.3.1 P1 - Estruturação do processo .................................................................................................... 109 6.3.2 P2 - Definição das variáveis a serem aquisitadas....................................................................... 113 6.3.3 P3 - Levantamento das constantes de tempo de processo ........................................................... 116 6.3.4 P4 - Definição do período de amostragem para cada conjunto de variáveis.............................. 116
6.4 ETAPA 2 – AUTOMAÇÃO DO SISTEMA ELÉTRICO DO LTQ ...................................................................... 117 6.4.1 Automação do sistema SCADA do LTQ ...................................................................................... 117 6.4.2 A1 - Análise das modificações e ajustes a serem realizados no sistema de automação.............. 125 6.4.3 A2 - Verificação dos dispositivos de campo ................................................................................ 125 6.4.4 A3 - Verificação do local da gravação do evento para cada variável de campo aquisitada ...... 126 6.4.5 A4 - Análise das necessidades de resolução de tempo do sistema de gravação dos eventos ...... 126 6.4.6 A5 - Análise das necessidades de sincronização dos relógios dos diferentes sistemas ............... 126 6.4.7 A6 - Seleção da referência de data e hora e periodicidade de atualização................................. 127 6.4.8 A7 - Seleção dos locais de armazenamento dos eventos ............................................................. 129 6.4.9 Soluções de sincronização adotadas no sistema SCADA do LTQ............................................... 129
6.5 ETAPA 3 – EVENTOS DO SISTEMA ELÉTRICO DO LTQ............................................................................. 136 6.5.1 E1 - Exatidão dos eventos armazenados ..................................................................................... 136 6.5.2 E2 - Análise dos eventos.............................................................................................................. 136
6.6 RESULTADOS OBTIDOS E CONCLUSÕES .................................................................................................. 136
7 Conclusões finais.......................................................................................................139
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
14
1 INTRODUÇÃO
Os sistemas automatizados de monitoração e controle modernos são constituídos por
redes de comunicação, dispositivos de campo, diversos tipos de equipamentos e
computadores. Os componentes destes sistemas se tornam cada vez mais complexos e
poderosos em relação ao processamento e à variedade de padrões, pois a quantidade de
marcas e de fornecedores destes tem aumentado.
Estes sistemas industriais modernos automatizados permitem a monitoração e o
controle do processo produtivo de forma a garantir a qualidade do produto final desejada. Sem
a utilização da automação, não é possível a obtenção da repetibilidade da qualidade da
produção em larga escala nos processos produtivos.
A automação pode ser entendida como qualquer sistema que, baseado ou não em
computadores, substitua o trabalho humano de forma a potencializar a capacidade de
realização de trabalho com o mesmo recurso humano através deste sistema.
A utilização da automação, segundo Moraes e Castrucci (1), contribui na área
produtiva nos seguintes aspectos:
1. Possibilidade de redução dos custos de produção;
2. Flexibilidade no atendimento da produção;
3. Redução nos volumes, tamanhos e custos dos equipamentos;
4. Restabelecimento mais rápido do sistema produtivo;
5. Redução da área de fabricação;
6. Realização de tarefas impossíveis ou agressivas ao homem;
15
7. Multiplicação da força produtiva com a alocação da mesma quantidade de
recursos humanos;
8. Repetibilidade e possibilidade de melhoria da qualidade na produção;
9. Possibilidade de introdução de sistemas produtivos interligados.
A automação traz a necessidade de investimentos iniciais elevados e maiores custos de
manutenção dependentes de mão-de-obra altamente qualificada, mas contribui com a garantia
da qualidade da produção tornando o produto final mais homogêneo de acordo com um
padrão pré-estabelecido.
Atualmente, na maioria das empresas automatizadas, a automação implica na
utilização e manutenção de sistemas de controle e monitoração, sistemas de banco de dados
históricos e dispositivos de campo inteligentes interligados por meio de várias redes de
comunicação.
Esta complexidade crescente cria a necessidade da estruturação destes sistemas de
automação num modelo que permita a visibilidade de um equipamento ou de todo o processo
de produção de uma forma clara, coerente e precisa. O modelo que será utilizado para esta
finalidade é o modelo de estruturação hierárquica baseada no modelo CIM (Computer
Integrated Manufacturing) da Universidade Purdue (2).
Segundo Jovan e Dolanc (3), algumas contribuições da implementação de um sistema
de controle integrado da produção baseado no CIM são:
• A uniformidade da produção;
• A melhoria da qualidade do produto;
• A otimização do consumo de energia;
16
• O aumento da utilização do conhecimento e experiência dos engenheiros de processo.
A constante monitoração das variáveis do processo produtivo em vários níveis
hierárquicos, a gravação e o armazenamento dos valores das variáveis em bases de dados
históricas torna possível a análise do histórico deste processo produtivo, possibilitando a
averiguação dos eventos ocorridos e a utilização destes para análise e otimização do mesmo.
As diferentes áreas de uma planta industrial normalmente possuem diferentes sistemas
de monitoração e controle, muitas vezes não permitindo a integração ou troca de dados entre
os mesmos. Para permitir a visualização de todo o processo de produção como uma entidade
única e coerente, é necessário que as bases de tempo das bases de dados históricas estejam
sincronizadas. Isto pode ser realizado através da utilização de um sistema que aquisite dados
de todos os sistemas de monitoração do chão de fábrica e possua um banco de dados único
centralizado, ou através da sincronização das bases de tempos dos diversos sistemas de
monitoração existentes na planta.
Os diferentes processos industriais (como por exemplo, sistemas mecânicos,
hidráulicos, químicos, etc) apresentam diferentes constantes de tempo. Estes processos podem
requerer a gravação dos eventos com precisão de segundos, minutos ou horas. Nos sistemas
elétricos (como por exemplo, subestações, painéis de média tensão, etc), o registro dos
eventos e a execução de comandos na ocorrência de falhas podem requerer precisão de
milisegundos.
1.1 Objetivo
Este trabalho de pesquisa consiste no desenvolvimento de uma metodologia para
análise, implementação e verificação da sincronização das bases de tempo de diferentes
dispositivos, equipamentos e computadores num sistema de automação baseado em
17
controladores programáveis. O sistema de automação deverá estar organizado conforme a
estruturação hierárquica da pirâmide da automação.
A sincronização das bases de tempo dos diferentes equipamentos numa planta
industrial pode trazer inúmeros benefícios como:
• Melhor visibilidade para a tomada de decisões sobre assuntos relacionados à
manutenção corretiva e preventiva, ao diagnóstico de segurança e à otimização de
processo;
• Melhorias no processo produtivo, eliminando ou diminuindo de maneira confiável as
origens dos problemas de parada da produção;
• Menor tempo de parada da linha de produção, por permitir a detecção do evento
causador da parada de forma precisa;
• Otimização na realização de manutenção preventiva nas máquinas e equipamentos
através da análise de dados reais de causa e efeito.
1.2 Aplicabilidade
Este trabalho pode ser utilizado na análise e na implementação de sincronização de
diferentes dispositivos, equipamentos e computadores num sistema de automação organizado
conforme a estruturação hierárquica da pirâmide de automação. Para cada sistema de
automação deverão ser verificadas as necessidades, as constantes de tempo dos processos e o
tempo de resposta dos dispositivos e equipamentos utilizados.
Nos sistemas automatizados, através da metodologia de sincronização proposta neste
trabalho, é possível a análise da seqüência real da ocorrência dos eventos de um equipamento
18
individual, de um conjunto de equipamentos ou de todo o processo produtivo. Esta análise
permite a melhoria das ações corretivas e preventivas de manutenção e o fornecimento de
dados valiosos para a otimização do processo.
Outra aplicação deste trabalho é a sincronização das bases de dados históricas na
mesma base de tempo em sistemas elétricos, possibilitando a análise do registro de
ocorrências para elaboração dos diagnósticos de falhas.
19
2 ESTRUTURAÇÃO HIERÁRQUICA DOS SISTEMAS INDUSTRIAIS DE
AUTOMAÇÃO
2.1 Introdução
Os sistemas industriais automatizados se tornam cada vez mais complexos, exigindo
uma visão organizada e estruturada para auxiliar na análise, no desenvolvimento, na
instalação, na operação e na manutenção dos mesmos.
Este capítulo apresenta a conceituação da Manufatura Integrada por Computador CIM
(Computer Integrated Manufacturing), as funções dos sistemas de automação integrados, a
sua estruturação em níveis hierárquicos e a sua aplicação nos diversos sistemas produtivos.
2.2 Análise de um sistema de automação integrado
2.2.1 Funções de um sistema de automação integrado
A Manufatura Integrada por Computador CIM tem sido desenvolvida desde a década
de 80. Entre os modelos de CIM existentes, utilizaremos o modelo PRM (2) (Purdue
Reference Model) proposto em 1989 pelo comitê de modelo de referência CIM, que serviu de
referência para o desenvolvimento de norma da ISA (The Instrumentation, Systems and
Automation Society) S-95. Esta norma S-95 atualmente padroniza a integração dos sistemas
de gerenciamento das informações da empresa com os sistemas do chão de fábrica.
A leitura atual da sigla CIM (4) apresenta ênfase na letra I (de integração) e para que
as empresas de manufatura atinjam os objetivos de suas estratégias é necessária a integração
completa da manufatura através da educação e da metodologia.
20
Um sistema de automação integrado deve atender a uma série de requisitos através da
execução de funções bem definidas. Este sistema deve permitir a operação da planta com
segurança e atender aos requisitos de máxima produtividade e mínima utilização de matéria-
prima e energia.
De acordo com o PRM, todo sistema de automação integrado deve atender aos
seguintes requisitos funcionais:
1. Visibilidade do processo produtivo - Monitoração de um grande número de
variáveis da planta em diferentes sistemas produtivos e operacionais e do
comportamento dos sistemas dinâmicos (histórico). Esta monitoração deverá detectar
e compensar as perturbações no sistema, nos casos atuais ou futuros de emergência, e
os problemas de produção;
2. Modelamento e otimização de processos - Desenvolvimento de modelos de
otimização de processos de forma a permitir a geração de comandos de controle
corretivos a partir das variáveis monitoradas na planta;
3. Atuação nos controles - Transmissão destes comandos de controle corretivos para os
sistemas de controle direto da planta (chão de fábrica);
4. Otimização global - Otimização de todos os aspectos das operações produtivas da
planta com a finalidade de atingir os critérios operacionais e econômicos ótimos;
5. Modificação de planta - Reconfiguração do sistema produtivo da planta e/ou do
sistema de controle conforme a necessidade e possibilidade para assegurar que o
sistema produtivo e de controle atual produzam conforme especificado;
21
6. Envolvimento de pessoal - Manter o pessoal operacional e gerencial informado do
estado atual da planta e de cada um de seus processos e produtos, incluindo sugestões
para futuras melhorias;
7. Armazenamento de dados - Criação de banco de dados histórico (onde serão
gravados os dados operacionais, produtivos e de qualidade) para ser utilizado pelos
departamentos de operação, de manutenção, de engenharia, de planejamento e de
marketing da planta;
8. Ajuste da programação - Ajuste da programação de produção da planta e dos
produtos a serem fabricados conforme as necessidades dos clientes através do
recebimento contínuo de ordens produtivas. Isto permitirá manter a produtividade
elevada com baixos custos de produção. Devem ser consideradas também as
manutenções preventivas e corretivas;
9. Ponto ótimo produtivo e econômico - Determinação e provisão de estoques e níveis
de uso de matéria-prima, energia, peças sobressalentes, produtos em produção e
produtos em estoque para garantir e manter os aspectos produtivos e econômicos
desejados para a planta;
10. Garantia de disponibilidade - Garantia da disponibilidade geral do sistema de
controle para a execução das atividades definidas. Isto poderá ser realizado através da
utilização de combinações apropriadas de técnicas de detecção de falhas, de
redundância e de sistemas com tolerância e à prova de falhas;
11. Interfaces externas - Manter interfaces com entidades externas que interagem com o
sistema produtivo da planta. Estas entidades externas podem ser os departamentos de
Gerenciamento Corporativo, de Marketing, Financeiro, de Pesquisa e
22
Desenvolvimento, de Engenharia, de Logística, de Compras, de Vendas e de
Atendimento ao Cliente.
Um resumo das funções com as respectivas descrições das mesmas e a distribuição
destas em níveis (ou camadas) é primordial para a elaboração de uma estruturação hierárquica
funcional. Este resumo é apresentado na Tabela 2.1.
Tabela 2.1 – Resumo das funções de um sistema de automação integrado
Item Função Descrição Níveis (Camadas) 1 Visibilidade do
Processo Produtivo
Monitoração das variáveis da planta
1 e 2
2 Modelamento e Otimização de Processos
Modelamento do processo Geração de comandos de controle corretivo
2 e 3
3 Atuação nos Controles
Execução de comandos de controle corretivo 1 e 2
4 Otimização Global
Otimização da produção da planta de acordo com os critérios operacionais e econômicos
4
5 Modificação da Planta
Reconfiguração do sistema produtivo conforme produção especificada
3 e 4
6 Envolvimento de Pessoal
Manter o pessoal operacional e gerencial informado sobre o estado atual da planta
3, 4 e 5
7 Armazenamento de Dados
Banco de dados histórico da planta 3 e 4
8 Ajuste da Programação
Ajuste da programação da produção da planta conforme necessidades dos clientes
4 e 5
9 Ponto Ótimo Produtivo e Econômico
Determinação dos níveis de produção e utilização de matéria-prima e recursos
4
10 Garantia de Disponibilidade
Garantia da disponibilidade do sistema de controle
1, 2 e 3
11 Interfaces Externas
Departamentos de Gerenciamento Corporativo, de Marketing, Finaceiro, de Pesquisa e Desenvolvimento, de Engenharia, de Logística, de Compras, de Vendas e de Atendimento ao Cliente
3, 4 e 5
Através da análise das funções a serem executadas na planta pelo sistema de
automação, nota-se a possibilidade de uma estruturação das funções (agrupadas ou
individualmente) em camadas interdependentes. Estas camadas seriam organizadas numa
pilha (uma sobre a outra) com troca de informações entre elas. Desta forma, uma estruturação
hierárquica dos elementos envolvidos num sistema distribuído baseado em computadores
23
parece ser a solução ideal para a estruturação do desenvolvimento da automação de uma
planta industrial.
2.2.2 Estruturação hierárquica em níveis
O modelo PRM inclui quatro níveis hierárquicos (do nível 1 até o nível 4) excluindo
os equipamentos, dispositivos e atuadores do chão de fábrica (nível 0) e o gerenciamento
corporativo (nível 5) do modelo. No modelo proposto é incluído o nível 5 e o nível 0, com a
condição de que o nível 0 é usado somente para a análise dos sistemas de automação da
planta.
A estruturação hierárquica permite uma melhor visualização, organização e
entendimento dos sistemas de automação de maior complexidade. Esta arquitetura é
conhecida como a “pirâmide de automação” e dividida em cinco níveis, que vão desde o chão
de fábrica até o nível corporativo (negócios) da empresa. Na Figura 1 é apresentada a
pirâmide de automação.
Figura 1 – Níveis funcionais da estruturação hierárquica de um sistema de automação
24
Cada nível hierárquico possui seu escopo de controle, com responsabilidade
específica, conforme descrito a seguir:
• Nível 5 – Gerenciamento corporativo através de sistemas como ERP (Enterprise
Resource Planning) com a função de aquisitar a missão da empresa e gerenciamento
de corporação;
• Nível 4 – Planejamento da produção global da empresa através de sistemas
corporativos de gerenciamento da produção com a função de planejar e programar a
produção total;
• Nível 3 – Supervisão e controle da produção, dos recursos e otimização de processo
através de sistemas como MES (Manufacturing Execution System), LIMS (Laboratory
Information Management System), PIMS (Plant Information Management System),
AM (Asset Management) com a função de coordenar a produção, suportar as
atividades produtivas e cuidar da obtenção e alocação de recursos para as atividades
produtivas;
• Nível 2 – Coordenação de múltiplas máquinas e operações através de sistemas de
supervisão e controle com a função de supervisionar e controlar as atividades
produtivas e serviços de suporte à produção no chão de fábrica;
• Nível 1 – Comando de máquinas, seqüências e equipamentos através de controladores
numéricos, CLPs (Controladores Lógico Programáveis) e controladores de processo;
• Nível 0 (não incluído no modelo PRM) – Ativação de seqüências e movimentos
através de equipamentos, dispositivos, máquinas e atuadores diretos com a função de
executar os comandos para os equipamentos do chão de fábrica (atuação direta no
processo);
25
O modelo apresentado está estruturado em camadas (níveis) alocadas uma sobre a
outra e permite a troca de dados entre as camadas. A troca de dados entre os equipamentos e
sistemas de cada nível (comunicação horizontal) ou entre níveis adjacentes (comunicação
vertical) é realizada através de redes de comunicação. A quantidade de dados trafegados em
cada nível e entre os níveis diminui do nível 0 para o nível 5. Os níveis 3 e 4 se referem à
programação da produção e informação gerencial enquanto os níveis 0, 1 e 2 se referem à
parte de execução do controle.
A facilidade de sincronismo das bases de tempo aumenta do nível 0 para o nível 5. Isto
é justificado devido ao fato de que nos níveis 3, 4 e 5 temos praticamente apenas
computadores, enquanto nos níveis 0, 1 e 2 temos uma variedade grande de equipamentos e
dispositivos. Os níveis definidos na estruturação hierárquica são apresentados numa
automação de empresa conforme a Tabela 2.2.
Tabela 2.2 - Modelo de automação da empresa no modelo PRM
Nível Hierarquia Controle Funções 5 Empresa Gerenciamento Corporativo Gerenciamento Corporativo
Finanças Marketing e Vendas Pesquisa e Desenvolvimento
4 Planta Planejamento da Produção Projeto de Produtos Engenharia de Produção Gerenciamento da Produção (da Planta) Pedidos (da Planta) Gerenciamento de Recursos (da Planta) Gerenciamento de Manutenção (da Planta)
3 Área Coordenação da Produção com Alocação e Supervisão de Materiais e Recursos
Gerenciamento da Produção (da Área) Pedidos (da Área) Gerenciamento de Recursos (da Área) Gerenciamento de Manutenção (da Área) Embarque Tratamento de Resíduos
2 Célula Coordenação de Múltiplas Máquinas, Seqüências e Movimentos
Produção chão de fábrica
1 Estação Comando de Máquinas, Seqüências e Movimentos
Produção chão de fábrica
0 Equipamento Ativação de Seqüências e Movimentos
Produção chão de fábrica
26
A implementação do sistema de automação de manufatura através da estruturação
hierárquica é apresentada na Figura 2.
Figura 2 - Exemplo de estruturação hierárquica dos sistemas de automação numa empresa de manufatura
2.2.3 Requisitos de um sistema de automação integrado
Segundo o modelo PRM, todo sistema de automação integrado deve fornecer um
sistema final com as seguintes características:
1. Controle Dinâmico Efetivo – Um controle eficaz dinâmico de cada unidade de
produção da planta para garantir que a mesma opere no máximo de eficiência da
capacidade produtiva, da qualidade do produto e da utilização de energia e de matéria-
prima. O máximo de eficiência é baseado no nível de produção ajustado pelas funções
de programação e supervisão da produção. No caso de uma planta de manufatura com
processo discreto, a otimização é realizada através de melhorias na programação da
27
produção e no caso da produção de uma planta de processo contínuo, a otimização é
realizada através de melhorias na programação da produção e no controle do processo.
Este é o componente de controle direto do sistema, reagindo diretamente para
compensar emergências que possam ocorrer na própria unidade;
2. Supervisão e Coordenação – Um sistema de supervisão e controle que determine e
ajuste os níveis locais (de cada unidade) de produção de todas as unidades de forma a
otimizar a operação conjunta das unidades. Este sistema garante que cada unidade
tenha um nível de produção compatível com o nível definido para a área geral e não
utilize matéria-prima e energia em excesso. Este sistema coordena a operação das
unidades nos casos de existência de problemas ou emergências em uma ou mais
unidades, de forma a permitir a redução ou parada coordenada da área através da
cooperação dos controles dinâmicos de cada unidade. Também é responsável pela
filtragem dos dados provenientes das unidades de controle dinâmico, de forma a
armazenar apenas os dados relevantes do ponto de vista produtivo, de processo e
gerencial no banco de dados histórico da planta. Este banco de dados servirá para
fornecer dados para diferentes departamentos (Qualidade, Engenharia, Marketing,
Logística, Financeiro) da empresa.
3. Controle da Produção Geral – Um sistema de controle da produção geral com
capacidade de definir a programação geral da produção da planta a partir das ordens
dos clientes ou das decisões gerenciais. Este sistema deve produzir os produtos
necessários para o cumprimento das ordens dos clientes na melhor combinação de
atendimento ao cliente e utilização de matéria-prima, de tempo, de energia, de estoque
e de recursos humanos expressos em valores financeiros;
28
4. Confiabilidade e Disponibilidade – Métodos que garantam a confiabilidade e
disponibilidade do sistema de controle de toda a planta através da detecção de falhas,
da tolerância a falhas, da redundância, da utilização de nobreaks, do planejamento de
manutenção e utilização de outras técnicas.
O resumo dos requisitos de um sistema de automação integrado é mostrado na Tabela 2.3.
Tabela 2.3 - Resumo dos requisitos a serem atendidos pelos sistemas de controle por computador
Item Funções 1 Otimizar cada unidade de produção
2 Coordenar, supervisionar e ajustar a produção para cada unidade
3 Definir os produtos a serem produzidos
4 Assegurar a confiabilidade e disponibilidade do sistema
2.2.4 Aplicação do modelo proposto
Os modelos PRM e o proposto (modelo PRM com os níveis 0 e 5) podem ser
utilizados na estruturação de qualquer sistema de manufatura. Apresentamos algumas
aplicações possíveis nas plantas siderúrgicas, papeleiras, petroquímicas e farmacêuticas
segundo o modelo PRM. É apresentada também a aplicação do modelo proposto numa planta
de produção de amido industrial.
O modelo proposto pode ser utilizado na estruturação dos sistemas de automação. A
quantidade de níveis utilizados varia de acordo com cada projeto de automação e deve ser
ajustada conforme a necessidade. Praticamente todos os projetos de automação dos sistemas
do chão de fábrica devem ter os níveis 0, 1 e 2. Caso os projetos de automação envolvam
otimização de processo, planejamento, programação e execução da produção, MES
(Manufacturing Execution Systems) ou integração com o sistema corporativo da empresa,
devem ser utilizados os níveis 3, 4 e 5 na estruturação conforme a necessidade.
29
A aplicação do modelo PRM numa planta siderúrgica é apresentada na Figura 3.
Figura 3 - Uma planta siderúrgica segundo o PRM
A aplicação do modelo PRM numa planta papeleira é apresentada na figura 4.
Figura 4 - Uma planta papeleira segundo o PRM
30
A aplicação do modelo PRM numa planta farmacêutica é apresentada na Figura 5.
Figura 5 - Uma planta farmacêutica segundo o PRM
O modelo de estruturação hierárquica proposto pode ser utilizado para a estruturação
do processo produtivo de uma planta de fabricação de amido industrial conforme apresentado
na tabela 2.4.
Tabela 2.4 - Divisão do processo produtivo de uma planta de fabricação e processamento de amido industrial
Área Células Estações Processo Úmido Silos Silos – Milho
Maceração Maceração – Milho Moagem Moagem – Canal 1 Moagem – Canal 2
Reações Diluição Diluição – Amido Preparação Preparação – Amido Reação Reação – Amido Lavagem Lavagem – Amido
Processo Seco Secagem Secagem – Amido Secagem – Farelo Secagem – Germe Secagem – Glúten
31
Armazenagem Armazenagem Armazenagem – Amido
Armazenagem – Farelo Armazenagem – Germe Armazenagem – Glúten Ensacamento Ensacamento – Amido Ensacamento – Farelo Ensacamento – Germe Ensacamento – Glúten
Na estruturação proposta, a planta é dividida em áreas. Cada área é dividida em
células, cada célula em estações, e cada estação controla e monitora as máquinas e
equipamentos de um processo específico.
A aplicação da estruturação hierárquica numa planta de processamento de milho é
apresentada na Tabela 2.5.
Tabela 2.5 – Aplicação da estruturação hierárquica numa planta de processamento de milho segundo o modelo proposto
PLANTA Processo Úmido Reações Processo
Seco Armazenagem
Silos Macer Moagem Diluição Prepar. Reação Lavagem Secagem Armazen. Ensacam. Milho Milho Canal 1
Canal 2
Amido Amido Amido Amido Amido Farelo Germe Glúten
Amido Farelo Germe Glúten
Amido Farelo Germe Glúten
PROCESSO
Para cada estação temos os seguintes equipamentos de automação:
• Computadores para monitoração e controle do processo e estações de IHMs
(Interfaces Homem Máquina);
• Controladores com módulos de entradas e saídas;
• Módulos especiais: comunicação, posicionamento, contagem, programação e outros;
• Dispositivos de campo: sensores, atuadores, instrumentos de medição, relés
inteligentes e acionamentos.
32
3 ANÁLISE DOS SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL
3.1 Introdução
O sucesso no desenvolvimento e implantação de um sistema de automação industrial
depende principalmente da estruturação coerente, da análise detalhada do sistema e da
integração eficaz dos seus principais componentes. A verificação das condições técnicas para
a viabilidade da integração dos equipamentos principais deve ser realizada nas fases de
especificação e desenvolvimento do projeto, considerando aspectos importantes como
compatibilidade, integração e sincronização.
Para realizar a especificação, o desenvolvimento, a implantação e a manutenção dos
sistemas de automação modernos de forma coerente, deve-se possuir a visão macro dos
sistemas e a visão detalhada de seus componentes principais. Isto permite que o sistema final
desenvolvido e instalado na planta esteja otimizado e integrado com os sistemas de
gerenciamento da produção.
Para conseguirmos a visão detalhada dos componentes principais dos sistemas de
automação precisamos conhecer os equipamentos principais e as especificações de software e
de redes de comunicação.
3.2 Sistemas de automação de uma planta industrial
As atividades principais de uma planta industrial moderna podem ser estruturadas e
agrupadas em três áreas funcionais:
33
• Área de produção – abrange todos os processos de fabricação de produtos
intermediários e finais. Podem ser processos siderúrgico, petroquímico, químico,
farmacêutico, alimentício, automobilístico, papeleiro e outros;
• Área de utilidades – abrange os processos auxiliares que fornecem apoio aos
processos de fabricação, criando as condições e a infra-estrutura necessárias para o
pleno funcionamento dos processos produtivos. São os sistemas dos circuitos
hidráulicos e os sistemas de fornecimento de água, de energia elétrica, de vapor e de ar
comprimido;
• Área de meio ambiente – abrange os processos responsáveis pela interação do
processo produtivo com o meio ambiente, como o tratamento dos resíduos e a redução
da poluição produzida pelo processo de fabricação. São os sistemas de exaustão com
filtros e os sistemas de tratamento de água, de esgoto e de efluentes.
Na Figura 6 é apresentada uma planta industrial organizada conforme a estruturação
hierárquica.
34
Figura 6 – Macro sistemas funcionais de uma planta industrial na estruturação hierárquica
3.3 Análise dos equipamentos principais do sistema
Numa planta industrial moderna, para cada área, normalmente existem diversos
sistemas de automação, com equipamentos e dispositivos de diferentes marcas e fornecedores.
A diversidade de equipamentos e dispositivos de campo que podem ser encontrados no chão
de fábrica de uma planta com diversos processos e áreas normalmente é grande.
Em função desta variedade de equipamentos e dispositivos, a integração passa ser o
principal foco dos sistemas de automação. Para que esta integração seja realizada de uma
forma coerente, abrangendo toda a planta, é necessária uma estruturação organizada de todos
os sistemas a serem implantados ou existentes.
35
Uma das possíveis alternativas é a utilização da estruturação hierárquica apresentada
no capítulo dois deste trabalho. E para a elaboração de uma estruturação hierárquica detalhada
dos sistemas de automação, existe a necessidade de conhecermos quais são os equipamentos
que compõem cada nível da pirâmide.
Para cada nível hierárquico da pirâmide da automação são utilizados determinados
tipos de equipamentos conforme apresentado na Figura 7.
36
Figura 7 – Visão geral da estruturação hierárquica dos sistemas de automação e seus equipamentos
Num sistema de automação há os seguintes equipamentos:
• Computadores - são os equipamentos responsáveis pela execução de inúmeras
funções em diferentes níveis da pirâmide de automação. As principais funções estão
relacionadas às atividades de gerenciamento, otimização, armazenamento de dados,
monitoração e controle geral dos processos;
• Controladores – são os “cérebros” do sistema de automação e executam os
programas de monitoração e controle direto dos processos;
37
• Módulos de entradas e saídas, de comunicação e especiais – são as interfaces entre
os dispositivos de campo e os controladores;
• Dispositivos de aquisição de dados do campo – são as interfaces de leitura das
variáveis de campo do processo;
• Dispositivos de atuação no campo - são as interfaces de controle das variáveis de
campo do processo;
• Redes industriais de comunicação – permitem a troca de dados entre os
equipamentos e os dispositivos do sistema de automação.
3.3.1 Computadores
São equipamentos que executam diversas funções (gerenciamento, otimização,
armazenamento de dados, monitoração e controle geral dos processos) e podem ser utilizados
em diversos níveis da estruturação hierárquica.
Nos sistemas de automação em que a sincronização das bases de tempo seja
importante, os computadores envolvidos nesta atividade devem possuir a seguinte
característica:
• O relógio do sistema operacional utilizado deve ser ajustável. A data e a hora dos
relógios dos computadores devem ser ajustáveis através da execução de comandos
específicos por aplicativos externos ao sistema operacional.
3.3.1.1 Servidores corporativos - Níveis 4 e 5
São computadores de elevada confiabilidade, elevada capacidade de processamento e
com elevada quantidade de memórias cache e RAM (Random Access Memory). Possuem
38
elevada capacidade de armazenamento de dados no disco rígido. Estes servidores possuem um
custo elevado na sua aquisição.
São computadores que armazenam e executam os sistemas responsáveis pelo
gerenciamento dos recursos e necessidades globais da empresa através do gerenciamento de
suas informações.
Devem ser considerados os aspectos operacionais como redundância de máquina,
execução de rotinas de manutenção e backup e política de controle de acesso ao servidor.
3.3.1.2 Servidores do processo produtivo - Níveis 3 e 4
São computadores de elevada confiabilidade, elevada capacidade de processamento e
com elevada quantidade de memória RAM. Possuem elevada capacidade de armazenamento
de dados no disco rígido. Nestes computadores são executados programas de otimização de
processo, gerenciamento e acompanhamento da produção de cada unidade de fabricação e
mantidos os bancos de dados históricos da produção.
3.3.1.3 Servidores e computadores da engenharia - Níveis 2 e 3
São computadores de média confiabilidade, média capacidade de processamento e
com quantidade média de memória RAM. Possuem média capacidade de armazenamento de
dados no disco rígido. Nestes computadores são realizadas a configuração e a programação
dos aplicativos do CLP, dos aplicativos do supervisório, das redes de comunicação e dos
aplicativos de auxílio à operação, manutenção e verificação da produção.
3.3.1.4 Computadores de IHM (estações de operação) - Nível 2
As estações de operação podem ser utilizadas em duas arquiteturas distintas: local ou
cliente-servidor. Na arquitetura local cada estação de operação executa o programa aplicativo
do supervisório, aquisita os dados de processo dos controladores e armazena o histórico de
39
alarmes, eventos e variáveis analógicas. Na arquitetura cliente-servidor apenas o(s)
servidor(es) executa(m) o programa aplicativo do supervisório, aquisita(m) os dados de
processo dos controladores e grava(m) os dados no histórico de alarmes, eventos e variáveis
analógicas. As estações clientes servem apenas como interface de operação (do programa
aplicativo executado no servidor).
Na arquitetura local são utilizados microcomputadores com elevada quantidade de
memória RAM, devido à aquisição constante de dados através das redes de comunicação, e
com elevada capacidade de armazenamento de dados no disco rígido, para o armazenamento
dos dados históricos de variáveis analógicas, alarmes e eventos.
Na arquitetura cliente-servidor, os microcomputadores utilizados como estações
clientes possuem quantidade média de memória RAM e baixa capacidade de armazenamento
de dados no disco rígido. Os servidores devem seguir a mesma especificação dos servidores
do processo produtivo.
Os monitores utilizados nas estações de operação são maiores ou iguais a 17 polegadas
e são do tipo LCD (Liquid Crystal Display) para evitar interferência eletromagnética.
3.3.2 Controladores
São equipamentos responsáveis pela monitoração e controle direto do processo através
da execução de programas aplicativos que contêm a definição de como cada processo será
executado. A interface com os equipamentos de campo é realizada através dos módulos de
entradas e saídas conectadas ao(s) controlador(es) através de barramentos ou redes de
comunicação.
40
O controlador programável é o principal equipamento de um sistema de automação
moderno, sendo responsável pela “inteligência” no controle direto do processo.
Nos sistemas de automação em que a sincronização das bases de tempo seja
importante, os controladores envolvidos nesta atividade devem possuir as seguintes
características:
• Atualização assíncrona (com relação à execução do scan do mesmo) da base de dados
referente às entradas e saídas de campo;
• O relógio interno do controlador deve ser ajustável. Devem existir funções ou
comandos que permitam o ajuste da data e da hora do mesmo;
• A prioridade de execução das tarefas deve ser configurável.
Módulos de entradas e saídas conectados ao controlador através de barramentos ou
redes de comunicação realizam a interface direta com o campo. A troca de dados com os
sistemas supervisórios é realizada através de redes de comunicação.
3.3.2.1 CLP (Controlador Lógico Programável) - Nível 1
São equipamentos de elevada confiabilidade dedicados à execução de programas
aplicativos para o controle direto do processo. Estes programas podem ser desenvolvidos em
determinadas linguagens de programação.
É indicado para o controle de seqüenciamentos e de intertravamentos de processos
discretos e contínuos e execução de malhas de controle simples.
41
3.3.2.2 CAP (Controlador de Automação Programável) ou PAC (Programmable Automation Controller) - Níveis 1 e 2
São controladores que herdaram a elevada confiabilidade de hardware dos CLPs e a
elevada capacidade de processamento e quantidade de memória dos microcomputadores.
Permitem rodar programas complexos, elaborados em linguagem de alto nível,
conforme as necessidades do sistema de automação.
O controlador pode armazenar, além do programa aplicativo de controle, programas
dedicados:
• Programa para comunicação (drivers) com diversos equipamentos e dispositivos;
• Programa para execução da sintonia automática de controlador PID (Proporcional
Integral Derivativo);
• Programa com malhas de controle avançadas;
• Programa para controle do tipo batelada.
3.3.2.3 SDCD (Sistema Digital de Controle Distribuído) – Níveis 1 e 2
São equipamentos de elevada confiabilidade que executam rotinas pré-programadas
para controle prioritário de malhas de processo complexas.
Normalmente os controladores e os sistemas supervisórios são fornecidos pelo mesmo
fabricante. As funções básicas de monitoração e controle de processo já vêm pré-programadas
e podem ser customizadas facilmente para utilização destes no controle real de malhas. Possui
na sua biblioteca diversas estratégias disponíveis para o controle de processos contínuos.
42
3.3.2.4 Computadores de controle - Níveis 1 e 2
São microcomputadores industriais que emulam a UCP (Unidade Central de
Processamento) de um controlador. Utilizam o processamento do microcomputador para a
execução dos programas aplicativos. Possuem baixa confiabilidade de equipamento
comparado a um CLP, mas permitem rodar programas com linguagem de programação de
alto nível.
3.3.2.5 Módulos de entradas e saídas - Nível 1
Os módulos de entradas realizam a interface com os sinais provenientes do campo. Os
módulos de saídas realizam a interface com os sinais enviados ao campo.
Os módulos podem ser de leitura ou de escrita e os sinais, analógicos ou discretos. Os
módulos podem ser de 4, 8, 16 ou 32 pontos e os níveis de tensão usuais são 110 Vca ou 24
Vcc. Os sinais analógicos usuais são 4 a 20 mA e 0 a 10 Vcc.
3.3.2.6 Módulos especiais - Nível 1
São módulos dedicados para a execução de funções específicas. São funções que não
podem ser executadas pelos módulos de entradas e saídas usuais. Os principais módulos
especiais são módulos de contagem de pulsos com entradas rápidas, de posicionamento
(motion), de conversão de redes (gateway), de comunicação e de redundância.
3.3.3 Dispositivos de campo
São dispositivos responsáveis pela monitoração (sensores e instrumentos) e controle
(atuadores tipo válvula, motores, equipamentos) direto dos processos no campo.
Nos sistemas de automação em que a sincronização das bases de tempo seja
importante, os dispositivos de campo envolvidos nesta atividade devem possuir a seguinte
característica:
43
• Os dispositivos devem permitir, no caso de existência de um registro de eventos, o
ajuste do relógio interno através de comandos remotos enviados pela rede de
comunicação ou locais.
3.3.3.1 Sensores - Nível 0
São os dispositivos de interface final com o processo de um sistema de automação.
São dispositivos de aquisição de dados instalados no campo e podem ser:
• Discretos – estados de chaves, fins de curso, contatos e sensores de alarme;
• Analógicos – valores de leitura de uma variável analógica de processo.
3.3.3.2 Atuadores - Nível 0
Assim como os sensores, são os dispositivos de interface final com o processo. São
dispositivos de atuação instalados no campo e podem ser:
• Discretos – comandos de abertura e fechamento de válvula, partida ou parada de
motor;
• Analógicos – valores de referência de abertura ou fechamento de uma válvula
proporcional ou de velocidade do inversor.
3.3.3.3 CCM (Centro de Controle de Motores) - Nível 0
O CCM é um conjunto de acionamentos de motores agrupados num mesmo painel
elétrico composto por várias colunas e gavetas.
Os acionamentos podem ser do tipo partida direta, tipo relé térmico, tipo “softstarter”
(partida suave de motores via esquema estrela-triângulo) ou tipo inversor. Podem possuir
módulos de comunicação ou entradas e saídas físicas para troca de dados com os
controladores ou computadores.
44
3.3.3.4 Relés de proteção inteligentes - Nível 0
São utilizados para monitoração e controle dos equipamentos do sistema de energia
elétrica. Podem ser monitoradas grandezas elétricas de barramentos, alimentadores,
disjuntores, transformadores e motores elétricos.
Estes relés permitem desde a configuração de parâmetros de proteção do sistema
elétrico (para execução da seletividade) até a execução de comandos para abertura e
fechamento de disjuntores e movimentação de taps de transformadores (seja manualmente ou
por falha no sistema elétrico – “trip”). Possuem interfaces de comunicação para diversas redes
industriais e possuem capacidade de armazenagem de histórico de dados.
3.4 Análise das especificações de software
Todo equipamento inteligente é composto pela parte física (hardware) e pela parte
lógica (software). Somente a correta elaboração e configuração do programa, aplicativo ou
não, de cada equipamento permitirá a obtenção dos melhores resultados com o hardware
utilizado. Para cada nível hierárquico da pirâmide da automação são utilizados determinados
tipos de software do ponto de vista da automação conforme apresentado na Figura 8.
45
Figura 8 – Necessidades de software conforme nível hierárquico
3.4.1 Software do sistema corporativo
É constituído por programas complexos baseados em vários bancos de dados com uma
grande quantidade de regras de consistência e relacionamento entre as tabelas desses bancos.
Estes programas englobam as informações de todas as unidades e áreas da empresa. São os
sistemas de gerenciamento das informações e dos recursos da empresa do tipo ERP
(Enterprise Resource Planning).
Nos sistemas de automação em que a sincronização das bases de tempo seja
importante, o software do sistema corporativo envolvido nesta atividade deve possuir a
seguinte característica:
46
• O software deve utilizar a data e a hora do relógio do sistema operacional para o
registro dos eventos nos seus bancos de dados históricos.
3.4.1.1 Armazenamento de dados e tomadas de decisões – Nível 5
As informações estratégicas da empresa são armazenadas em sistemas com banco de
dados corporativos cujo acesso é restrito e protegido por senhas. Estas informações integradas
são analisadas para auxiliar na tomada de decisões estratégicas para a empresa.
3.4.2 Software do sistema de produção
São softwares complexos baseados em bancos de dados que aquisitam e integram os
sistemas produtivos da planta. Englobam as informações de todas as unidades e áreas
produtivas da empresa. São os sistemas responsáveis pelo:
• Gerenciamento da produção;
• Execução da manufatura;
• Gerenciamento da informação dos processos produtivos e auxiliares;
• Otimização de processo.
3.4.2.1 Softwares de planejamento, programação e acompanhamento da produção – Níveis 3 e 4
São baseados em sistemas de informação (5) para apoio à tomada de decisões táticas e
operacionais sobre os seguintes pontos:
• O que, quanto e quando produzir e comprar;
• Com quais recursos produzir.
47
São os sistemas MPS (Master Production Schedule), MRPII (Material Resource
Planning), MRP (Material Requirements Planning), Just-In-Time e OPT (Optimized
Production Technology).
3.4.2.2 MES (Manufacturing Execution Systems) – Nível 3
É um sistema composto por programas responsáveis pelo gerenciamento das
operações e da qualidade da produção e de auxílio à otimização do controle no chão de
fábrica. É um sistema integrado de aplicativos, drivers de comunicação e bancos de dados que
permite a programação e o controle da produção de uma forma integrada com o sistema
corporativo e com os sistemas do chão de fábrica.
3.4.2.3 Otimização de processo – Nível 3
São desenvolvidos estudos e metodologias para a modelagem e otimização do
processo com o objetivo de aumentar a produtividade da linha de produção e a qualidade do
produto final.
Dados de processo armazenados em bancos de dados históricos são utilizados para
testes e validação dos modelos dos processos produtivos através da simulação baseada nestes
dados. Com a análise dos resultados são gerados setpoints ótimos (de realimentação) para o
processo.
3.4.2.4 Gerenciamento da informação dos processos produtivos – Níveis 2 e 3
Os dados históricos mais relevantes devem ser amazenados de forma otimizada e
organizada por um período de tempo pré-definido. Isto permitirá a utilização de dados reais de
processo para a otimização do mesmo, a análise de ocorrências em períodos anteriores de
tempo, a rastreabilidade ou a auditoria de qualidade. São os sistemas de armazenamento,
recuperação e visualização de dados baseados em bancos de dados, proprietários ou não,
48
como o PIMS (Plant Information Management System) e o LIMS (Laboratory Information
Management System).
3.4.3 Software do sistema supervisório IHM (Interface Homem Máquina)
São programas aplicativos com telas gráficas que permitem a operação e monitoração
de equipamentos e de sistemas dos processos produtivos e auxiliares. Além de telas do tipo
sinótico, existem telas do tipo parametrização, tipo gráfico de tendência histórica e tipo
relatório. Estes programas aplicativos realizam a aquisição de dados do processo através de
drivers de comunicação, gerenciam a exibição das telas e realizam a gravação de eventos,
alarmes e valores de variáveis analógicas nos bancos de dados históricos. Permitem também a
execução de programas auxiliares juntamente com o aplicativo principal.
Nos sistemas de automação em que a sincronização das bases de tempo seja
importante, os softwares do sistema supervisório IHM envolvidos nesta atividade devem
possuir a seguinte característica:
• O software deve utilizar a data e a hora do relógio do sistema operacional para o
registro dos eventos nos seus bancos de dados históricos.
3.4.3.1 Forma de aquisição dos dados – Nível 2
Os dados podem ser aquisitados ou recebidos pelo supervisório. O caso mais comum é
a aquisição dos dados pelo supervisório por polling (varredura) nas bases de dados dos
equipamentos solicitados. No caso do sistema supervisório receber os dados de um
equipamento, o driver do equipamento grava ou lê os dados na base de dados do supervisório,
conforme a necessidade (por exceção) de escrita ou leitura do mesmo.
49
3.4.3.2 Atualização dos valores na base de dados do sistema supervisório – Nível 2
A atualização dos valores na base de dados do sistema supervisório depende do tempo
de atualização definido no driver de comunicação utilizado. A atualização dos valores nas
telas depende do tempo de atualização definido para cada tela.
3.4.3.3 Gravação dos eventos e sinais no arquivo ou banco de dados histórico – Nível 2
As rotinas de gravação de eventos, alarmes e variáveis analógicas realizam uma
amostragem cíclica na base de dados do sistema supervisório ou executam a gravação do
evento a partir da ocorrência de um evento pré-definido.
3.4.4 Software do CLP
Os programas do CLP podem ser de dois tipos:
• Aplicativo - são executados na UCP (Unidade Central de Processamento) do
controlador e são responsáveis pela monitoração e pelo controle direto do processo;
• Desenvolvimento – utilizado para realizar a programação, a configuração e a
manutenção dos CLPs.
Os programas aplicativos realizam a aquisição de dados e a atuação no processo
através de módulos de entradas e saídas, módulos de comunicação e módulos especiais. O
controlador troca dados com estes módulos através de barramentos ou redes de comunicação.
Nos sistemas de automação em que a sincronização das bases de tempo seja
importante, os softwares de CLPs envolvidos nesta atividade devem possuir as seguintes
características:
• Ajuste da data e da hora do relógio interno do CLP através da execução de comandos
ou funções do programa aplicativo ou do programa de configuração do mesmo;
50
• Priorização da execução de tarefas definidas no programa aplicativo.
A IEC (International Electrotechnical Commission) definiu a padronização das linguagens de
programação de controladores programáveis (6) na parte 3 da norma IEC 61131. A norma
IEC 61131 é composta por sete partes conforme apresentado na Tabela 3.1.
Tabela 3.1 – A norma IEC 61131 e as suas 8 partes
Parte Título Conteúdo Publicação Part 1 General Information Definição da terminologia e conceitos 2003 (2ª ed.)
Part 2 Equipment Requirements and Tests
Testes de verificação e fabricação eletrônica e mecânica 2003 (2ª ed.)
Part 3 Programming Languages Estrutura do software do Controlador Programável (CP), linguagens e execução de programas
2003 (2ª ed.)
Part 4 User Guidelines Orientações para seleção, instalação e manutenção de CPs 2004 (2ª ed.)
Part 5 Communications Funcionalidades para comunicação com outros dispositivos 2000 (1ª ed.)
Part 6 Reservada
Part 7 Fuzzy Control Programming
Funcionalidades de software, incluindo blocos funcionais padrões para tratamento de lógica nebulosa dentro de CPs
2000 (1ª ed.)
Part 8
Guidelines for the Application and Implementation of Programming Languages
Orientações para implementação das linguagen s IEC 61131-3 2003 (2ª ed.)
Na IEC 61131-3 são definidas cinco linguagens de programação listadas abaixo:
• Lista de Instruções (Instruction List - IL);
• Diagrama Ladder (Ladder Diagram – LD);
• Diagrama de Blocos Funcionais (Function Block Diagram – FBD);
• Texto Estruturado (Structured Text – ST);
• Seqüenciamento Gráfico de Funções (Sequencial Function Chart - SFC).
51
3.4.4.1 Atualização da base de dados do CLP – Nível 1
A atualização da base de dados do CLP com os valores provenientes de barramentos
ou redes de comunicação pode ser realizada de forma síncrona ou assíncrona em relação à
varredura do programa. No caso síncrono os valores são atualizados entre as execuções do
programa aplicativo e no caso assíncrono a atualização é realizada conforme o tempo de
varredura da rede.
A atualização da base de dados do CLP com os valores calculados e gerados ao longo
da execução do programa aplicativo é realizada no exato momento da manipulação do valor
pelo programa.
3.4.4.2 Execução do programa aplicativo de controle do processo – Nível 1
O programa aplicativo pode conter determinadas rotinas, programas ou tarefas com
prioridades de execução. As rotinas, os programas ou as tarefas mais críticas no tempo devem
ser priorizados. No caso de todos possuirem a mesma prioridade de execução, estes serão
executados seqüencialmente conforme uma ordem pré-definida.
3.4.5 Software das redes de comunicação
São programas de configuração, otimização e manutenção das redes de comunicação.
O controlador acessa os dados das redes de comunicação através da utilização do driver de
comunicação apropriado para cada rede.
Nos sistemas de automação em que a sincronização das bases de tempo seja
importante, os softwares das redes de comunicação envolvidos nesta atividade devem possuir
as seguintes características:
52
• Envio de sinais de sincronismo da data e da hora para cada nó da rede, baseado numa
única referência;
• Métodos de comunicação que permitam que todos os nós de uma rede recebam as
informações ao mesmo tempo, como por exemplo o método produtor-consumidor;
• Configuração e execução de aplicativos que executem periodicamente a sincronização
dos relógios internos de computadores e controladores de cada rede do sistema de
automação.
3.4.5.1 Aquisição de dados pelo driver – Nível 1
A aquisição dos registros da base de dados de um equipamento pelo driver pode ser
executada por polling ou por exceção. No caso do polling é executada uma varredura cíclica e
no caso de aquisição por exceção os dados são enviados ou recebidos conforme regras pré-
definidas na configuração do driver.
3.4.5.2 Protocolo utilizado pelo driver – Nível 1
Para a comunicação com dispositivos e equipamentos o driver deve utilizar o
protocolo que seja entendido pelo destinatário.
3.4.5.3 Manipulação dos dados pelo driver – Nível 1
Os dados a serem trocados com os dispositivos e equipamentos numa rede podem ser
manipulados por blocos de palavras ou individualmente pelo driver. O objetivo da
manipulação de blocos de registros ao invés de registros individuais é a otimização da
comunicação e diminuição do tempo de resposta.
3.4.5.4 Tempo de resposta do driver – Nível 1
O driver executará a varredura cíclica para leitura ou escrita dos dados no período de
tempo definido na classe de scan (varredura) para a variável em questão.
53
3.5 Análise das especificações das redes de automação
As redes industriais de comunicação permitem a troca de dados entre os diversos
dispositivos e equipamentos dos sistemas de automação existentes numa planta moderna. Esta
troca de dados pode ocorrer entre equipamentos do mesmo nível hierárquico ou de diferentes
níveis hierárquicos, conforme as necessidades de integração.
As redes de comunicação, industriais ou não, utilizadas num sistema de automação
serão chamadas de redes de automação. As redes de automação utilizadas no chão de fábrica
serão chamadas de redes industriais de campo ou redes de campo.
Segundo Finkel (7), o desenvolvimento de redes industriais de comunicação visa unir
os dispositivos destinados ao controle de uma máquina ou processo industrial, de forma a
permitir uma interação funcional que aumente o rendimento e permita o surgimento de novas
oportunidades de implementação de funções mais avançadas. As principais vantagens são:
• Visualização e supervisão do processo de produção;
• Maior rapidez e eficiência na aquisição dos dados;
• Melhoria no rendimento geral do processo;
• Aumento na velocidade de intercâmbio de dados de processo entre setores e
departamentos distintos;
• Execução de programação remota dos dispositivos de chão de fábrica.
54
3.5.1 Modelo em camadas: modelo OSI
Um modelo de referência para o rápido entendimento das atividades envolvidas numa
comunicação entre dois dispositivos numa rede é uma ferramenta essencial para a análise e
solução de problemas que possam ocorrer na integração de dispositivos numa rede de
comunicação.
3.5.1.1 Descrição do modelo
Com o objetivo de padronizar os modelos adotados pelos protocolos de rede foi
desenvolvido o modelo OSI (8) (Open Systems Interconnection) pela ISO (International
Organization for Standardization) em 1977, que descreve os serviços necessários para a troca
de dados entre dois equipamentos e serve como modelo de referência para desenvolver
padrões de comunicação de dados. A compreensão do modelo OSI auxilia na resolução de
problemas de rede, pois permite a visualização organizada de todas as camadas envolvidas
numa comunicação entre dois ou mais equipamentos da rede.
O Modelo OSI é composto por sete camadas e o modelo adotado para redes industriais
de campo (10) normalmente possui apenas três níveis, conforme apresentado na Figura 9.
55
Figura 9 – As sete camadas do modelo OSI e as três camadas das redes de campo de automação industrial
No Modelo de Referência OSI (8) as implementações de protocolos devem executar as
funções associadas a cada camada do modelo OSI conforme abaixo:
1. Camada Física - Define as estruturas de rede físicas, as especificações mecânicas e
elétricas para a utilização do meio de transmissão, a codificação de transmissão de bits
e regras de sincronização. Mantém a conexão física entre sistemas. Nesta camada
estão as topologias de rede;
2. Camada de Ligação (Link) – Responsável pela organização dos bits da camada física
em grupos lógicos de informações (frames), pela detecção e correção de erros, pelo
controle do fluxo de dados e pela identificação dos dispositivos da rede. A camada
MAC (Media Access Control) está incluída nesta camada;
3. Camada de Rede - Define a rota e o processo pelos quais os dados se movem pela
rede. A função principal da camada é mover os dados para localizações específicas;
56
4. Camada de Transporte - Especifica como manusear os detalhes de uma transferência
confiável. Nesse nível, é configurada a distribuição dos endereços dos nós, bem como
os métodos de detecção de erros e recuperação;
5. Camada de Sessão - Define como as conexões são estabelecidas e desfeitas e como
os dados são trocados na rede, facilitando a comunicação entre fornecedores e
solicitantes de serviços;
6. Camada de Apresentação - Define a sintaxe, transformações e formatação dos
dados;
7. Camada de Aplicação – Cada protocolo desta camada especifica como um
determinado aplicativo utiliza a rede. A camada de aplicação inclui todos os tópicos e
funções específicas para cada serviço de rede. É a camada do usuário, pois é através
dela que o usuário “enxerga” a rede de campo e a comunicação.
3.5.2 Especificação de uma rede de automação
A escolha da(s) rede(s) de comunicação mais adequada(s) para um determinado
sistema de automação deve ser baseada na análise de determinadas características (9) da(s)
rede(s), conforme a sua aplicação e finalidade dentro da integração dos equipamentos num
sistema de automação. As seguintes características devem ser levadas em consideração na
escolha de uma rede de automação:
• Meio físico de transmissão;
• Topologia física da rede;
• Protocolo de controle de acesso ao meio físico de transmissão;
57
• Velocidade e throughput;
• Tipo de transmissão dos dados no tempo;
• Método de comunicação;
• Tipo de tráfego.
Nos sistemas de automação em que a sincronização das bases de tempo seja
importante, as redes de automação envolvidas nesta atividade devem possuir as seguintes
características:
• Tenha elevada velocidade e elevado throughput;
• O tipo de transmissão de dados deve ser determinístico;
• O método de comunicação deve ser do tipo produtor-consumidor. No caso do método
ser do tipo origem-destino, este deverá ser broadcast ou multicast.
3.5.2.1 Meio físico de transmissão
Está relacionado ao meio físico utilizado para a interconexão dos dispositivos. Quanto
à conexão física dos nós de uma rede temos:
• Sem fio (wireless) – através de ondas de rádio ou microondas no ar;
• Cabos – através de sinais elétricos transmitidos por cabos. Estes cabos podem ser do
tipo par trançado ou coaxial;
• Fibras - através de sinais luminosos transmitidos por fibra ótica.
58
Os meios físicos são selecionados de acordo com a aplicação da rede. A seleção
depende da distância entre os dispositivos, da taxa de transferência desejada e do protocolo de
rede a ser utilizado.
No chão de fábrica são utilizados principalmente cabos e fibras óticas como meio
físico de transmissão de dados das redes de campo. As redes sem fio ainda não podem ser
consideradas tão confiáveis e previsíveis no tempo quanto as redes de campo que utilizam
cabos ou fibras óticas (11). As características dos canais de transmissão via rádio criam
inúmeros problemas que desaconselham a utilização das redes sem fio no chão de fábrica. Os
canais de transmissão sem fio são suscetíveis a possíveis erros de transmissão causados por
perda de sinal (sinal fraco) e/ou interferência. Além disso, existem os problemas de
segurança, de fornecimento de energia e de operação com baixa potência.
Os canais e transmissores sem fio possuem as seguintes características principais (11):
• Path Loss - Perda da potência do sinal em função da distância entre o transmissor e o
receptor;
• Half-Duplex – Operação half-duplex dos transmissores não permitindo a transmissão
e a recepção simultânea no mesmo canal;
• Processamento em excesso na camada física – São utilizados caracteres adicionais
de controle para compensar os ruídos excessivos no canal. O conjunto formado por
caracteres de início, checagem e final de mensagem é maior nas redes sem fio.
• Erros no canal – Uma onda de rádio pode sofrer reflexões, difração ou distorções ao
longo da trajetória entre o transmissor e o receptor.
As conseqüências das características das redes sem fio (11) são:
59
• Problemas de consistência – num modelo produtor-consumidor, por exemplo, todos
os nós da rede devem receber os dados simultaneamente. Neste tipo de rede é difícil se
obter as consistências espacial e temporal relativa entre os nós.
• Problemas nos protocolos com passagem de bastão (token-passing) – Como existe
maior possibilidade de falha na transmissão dos dados, existe a necessidade de
controle mais elaborado do mecanismo da passagem de bastão;
• Problemas de protocolos baseados em CSMA (Carrier Sense Multiple Access) –
Baseado na transmissão de dados por contenção. No caso de ocorrência de colisões
nas transmissões de dois ou mais nós é difícil resolver o problema da colisão com
transmissores half-duplex, pois não é possível transmitir e receber ao mesmo tempo
para detectar a colisão. Isso é resolvido com a utilização dos sinais de handshaking
RTS/CTS (Request To Send/Clear To Send).
As tecnologias de redes sem fio disponíveis para automação industrial são:
• Tecnologias WPAN (Wireless Personal Area Network) - rede pessoal sem fio com o
Bluetooth IEEE 802.15.1 e o ZigBee IEEE 802.15.4;
• Tecnologias WLAN (Wireless Local Area Network) - rede local sem fio com a
família IEEE 802.11;
• Tecnologias WiMAX (Worldwide Interoperability for Microwave Access) IEEE
802.16 e 3G (Third Generation) - redes de longo alcance.
Os padrões de redes de banda larga sem fio existentes (12) são apresentados na Figura 10.
60
Figura 10 – Padrões de redes de banda larga sem fio (wireless)
3.5.2.2 Topologia física da rede
Está relacionada à disposição construtiva da conexão dos dispositivos na rede. As
topologias físicas de rede mais usuais são: anel, estrela e barramento.
3.5.2.3 Protocolo do controle de acesso ao meio físico de transmissão
É o conjunto de regras utilizado pelos nós da rede para acessar ou disponibilizar
informações na rede. Os protocolos de controle de acesso ao barramento utilizam o acesso por
contenção, o controlado ou por divisão do tempo.
Quanto ao método utilizado pelo protocolo de controle de acesso ao meio físico (10)
de transmissão/comunicação dos dados (MAC – Media Access Control) tem-se:
61
• Contenção - cada dispositivo pode acessar o canal da rede quando ela estiver livre.
Colisões podem ocorrer devido ao acesso simultâneo de dois dispositivos ao canal e
então mecanismos de recuperação são utilizados. São os protocolos CSMA-CD
(Carrier Sense Multiple Access – Collision Detection), CSMA-BA (CSMA – Bitwise
Arbitration), CSMA-CA (CSMA – Collision Avoidance) e CSMA-DCR (CSMA –
Deterministic Collision Resolution).
• Acesso controlado - cada dispositivo só pode acessar a rede quando permitido. São os
protocolos que utilizam Token (passagem de bastão) ou Polling (acesso controlado por
um mestre);
• Divisão do tempo para acesso - cada dispositivo pode acessar o canal da rede numa
janela pré-determinada no tempo. São os protocolos STDMA (Synchronous Time
Division Multiple Access) e ATDMA (Assynchronous Time Division Multiple Access).
Na Figura 11 é apresentado o resumo da classificação dos protocolos MAC:
Figura 11 – Classificação dos protocolos MAC
62
3.5.2.4 Velocidade e throughput
A velocidade é a taxa média de transmissão dos dados pela rede em um período de
tempo. O throughput é a taxa média de transmissão de informações (dados úteis) na rede em
um período de tempo. O throughput sempre será menor que a velocidade da rede, pois para a
transferência de informações pela rede sempre são necessários caracteres, bytes ou bits de
controle. Estes elementos de controle (envelopes) não são considerados informações. A taxa
de transferência de dados é medida em kilobits ou megabits por segundo (baud rate). O
throughput é medido em bits, bytes ou palavras (16 bits) por segundo.
3.5.2.5 Tipo de transmissão dos dados no tempo
As redes podem ser determinísticas ou probabilísticas. As redes determinísticas são
aquelas cuja transmissão de dados ou de informações ocorre em instantes e intervalos de
tempo determinados. Redes deste tipo permitem que o tempo de resposta seja acuradamente
conhecido, evitando problemas de inicialização e atrasos. As redes probabilísticas permitem
apenas calcular a probabilidade da ocorrência da transferência de informações em um
determinado intervalo de tempo.
3.5.2.6 Método de comunicação
É o gerenciamento da comunicação de dados entre os pontos de comunicação (nós) da
rede. Quanto ao método de comunicação utilizado tem-se:
• Produtor-consumidor – os dados são produzidos por um determinado nó e
transmitidos pela rede. Cada nó “consome” apenas os dados importantes para o
mesmo;
• Origem-destino – os dados são produzidos por um determinado nó e enviados para
um ou mais nós.
63
O modelo produtor-consumidor possui as seguintes características:
• Acesso simultâneo aos dados - múltiplos nós podem consumir os mesmos dados de
um produtor simultaneamente, resultando em maior eficiência de uso da largura de
banda;
• Elevada eficiência - os dados necessitam ser produzidos apenas uma vez,
independente do número de nós;
• Sincronização precisa - os dados chegam ao mesmo tempo para todos os nós;
• Determinismo – o período de tempo para a entrega dos dados independe da
quantidade de nós.
O método origem-destino possui três formas de envio dos dados:
• Unicast – o nó originador da mensagem envia a mesma para apenas um nó;
• Broadcast - o nó originador da mensagem envia a mesma para todos os nós da rede;
• Multicast - o nó originador da mensagem envia a mesma para determinados nós da
rede;
3.5.2.7 Tipo de tráfego
O tráfego de dados numa rede de automação industrial pode ser classificado em (10):
• Periódico – os dados são transmitidos ciclicamente através da rede. As trocas de
dados entre o(s) controlador(es) e os módulos de entradas e saídas devem ser
preferencialmente periódicos.
64
• Não periódico – os dados são transmitidos ocasionalmente através da rede, por
exceção ou sob demanda.
O gerenciamento do tráfego, periódico ou não, pode ser centralizado ou
descentralizado.
No caso do gerenciamento centralizado existe um nó mestre na rede que controla o
direito de transmissão de dados de cada nó da rede. No caso do gerenciamento
descentralizado, cada nó deve decidir sobre a transmissão de dados na rede.
Na Figura 12 é apresentada a classificação do tráfego periódico com os protocolos de
acesso ao meio físico e as redes de comunicação correspondentes.
Figura 12 – Classificação do tráfego periódico
Na Figura 13 é apresentada a classificação do tráfego não periódico com os protocolos
de acesso ao meio físico e as redes de comunicação correspondentes.
65
Figura 13 – Classificação do tráfego não periódico
3.5.3 As principais redes de automação
Para melhor análise das redes de automação, estas serão agrupadas conforme sua
utilização dentro de cada nível da estrutura hierárquica. São definidos quatro níveis de redes
conforme abaixo:
• Nível DataBus – Integração entre servidores e computadores corporativos,
computadores de gerenciamento de produção e processo, estações de operação e
controladores. Faz parte deste nível a rede Ethernet;
• Nível ControlBus (ou Fieldbus) – Comunicação entre estações de monitoração e
controle do processo e controladores. Fazem parte deste nível as redes Ethernet IP
(Industrial Protocol), ControlNet, PROFIBUS FMS (Process Field Bus - Fieldbus
Message Specification), MODBUS Plus, Foundation Fieldbus H2;
• Nível DeviceBus – Comunicação entre controladores , acionamentos inteligentes e
módulos de entradas e saídas. Fazem parte deste nível as redes Interbus, MODBUS
66
RTU, DeviceNet, LonWorks, PROFIBUS DP (Decentralized Periphery), PROFIBUS
PA (Process Automation) e Foundation Fieldbus H1;
• Nível SensorBus – Comunicação entre dispositivos de campo como sensores
inteligentes e controladores. Fazem parte deste nível as redes CAN (Controller Area
Network), AS-i (Actuator Sensor Interface) e HART.
Os níveis onde as redes interagem são associados a diferentes níveis hierárquicos
conforme a Figura 14 abaixo:
Figura 14 – Níveis de redes na estruturação hierárquica da automação
3.5.4 Padronização das redes de campo
As principais normas para redes industriais (10) são definidas pela IEC (International
Electrotechnical Commission). São as normas IEC 61158 e IEC 61784. Existem também
67
normas definidas pela ISO (International Organization for Standardization) e pela
CENELEC (European Committee for Electrotechnical Standardization) para redes de campo.
3.5.4.1 Normas IEC 61158 e IEC 61784
A principal norma da IEC é a IEC 61158 que define as especificações da camada
física, da camada de ligação (link) de dados e da camada de aplicação para redes de campo. A
especificação da camada de ligação de dados cobre oito tipos de redes: TR1158, ControlNet,
PROFIBUS (Process Field Bus), P-Net, Foundation Fieldbus, SwiftNet, WorldFIP (Factory
Instrumentation Protocol) e INTERBUS.
A norma IEC 61784 define o conjunto completo de protocolos para cada tipo de rede.
Cada tipo de rede é definido como uma família de perfil de comunicação CPF
(Communication Profile Family). As principais CPFs definidas são apresentadas na Figura 15.
Figura 15 – As principais famílias de perfil de comunicação da norma IEC 61784
68
3.5.4.2 Normatização ISO TC184 SC5
Trabalhos realizados no sentido de definir requisitos e recomendações para a
arquitetura de comunicação crítica no tempo TCCA (Time-Critical Communication
Architecture) e para os sistemas de comunicação críticos no tempo TCCS (Time-Critical
Communication Systems).
3.5.4.3 Normas CENELEC EN 50170, EN 50254, EN 50325 e EN 50295
As normas da CENELEC para redes de campo têm o objetivo de fornecer padrões
internacionais. A EN 50170 padroniza os protocolos P-Net, PROFIBUS FMS, WorldFIP,
Foundation Fieldbus, ControlNet e PROFIBUS PA. A EN 50254 padroniza os protocolos
INTERBUS, PROFIBUS DP e Device WorldFIP. A EN 50325 padroniza os protocolos
CAN, DeviceNet e CANOpen. A En 50295 padroniza o protocolo AS-i (Actuator and Sensor
Interface).
69
4 SINCRONIZAÇÃO DOS EQUIPAMENTOS E COMPUTADORES NA
MESMA REFERÊNCIA DE BASE DE TEMPO
Os sistemas de automação industrial modernos possuem equipamentos e computadores
com capacidade para a aquisição, a gravação e o armazenamento de dados históricos dos
processos produtivos e auxiliares.
Para que os dados armazenados nestas bases de dados históricas possam ser utilizados
de forma integrada numa análise, é necessário que as seguintes condições sejam atendidas:
• Os relógios internos dos equipamentos e computadores, utilizados como referências da
data e da hora pelos sistemas de gravação e armazenamento dos eventos, devem estar
todos sincronizados numa mesma referência. Caso exista defasagem na data e hora dos
relógios, a diferença entre eles deve ser conhecida;
• O mecanismo de gravação dos eventos deve ser conhecido (possíveis atrasos gerados
no momento da gravação dos eventos);
• Os valores dos atrasos presentes desde a ocorrência física do evento (no campo) e a
gravação do mesmo na base de dados devem ser conhecidos;
• O tempo de resposta das entradas dos instrumentos e dispositivos de aquisição dos
eventos e a resolução do relógio utilizado para a gravação do evento devem ser
compatíveis.
A análise integrada das bases de dados históricas de equipamentos e computadores
sincronizados numa mesma referência de tempo permite:
70
• Validação do processo durante a implantação do mesmo ou após a realização de
modificações;
• Análise da seqüência de eventos no nível de célula, área ou planta;
• Planejamento de ajustes e correções nas manutenções corretivas e preventivas;
• Otimização do processo;
• Aumento da segurança operacional da planta.
4.1 Sincronização nos níveis hierárquicos da pirâmide de automação
As necessidades de sincronização das bases de tempo são distintas para cada nível
hierárquico da pirâmide de automação. Quanto mais baixo o nível na pirâmide, mais
complexa se torna a sincronização, pois as constantes de tempo diminuem e a variedade de
equipamentos e dispositivos aumenta.
Na figura 16 apresentamos as diferentes constantes de tempo dentro da pirâmide de
automação do ponto de vista produtivo.
71
Figura 16 – Ordem de grandeza das constantes de tempo na pirâmide da automação
Dentro da pirâmide, a referência de data e hora para a sincronização dos equipamentos
principais pode ser transmitida na direção vertical e horizontal.
4.1.1 Distribuição das bases de dados na pirâmide de automação
O tamanho das bases de dados aumenta da base para o topo da pirâmide de automação,
enquanto a quantidade e variedade de tipos de bases de dados diminuem. A freqüência de
amostragem dos dados de campo diminui da base para o topo da pirâmide, e a capacidade de
armazenamento de dados históricos aumenta.
Quanto à concentração de dados históricos na pirâmide de automação, as bases de
dados podem ser classificadas em centralizada e distribuída. Considera-se que a base de dados
é centralizada nos níveis 3, 4, 5 e distribuída nos níveis 0, 1 e 2 da pirâmide.
72
4.1.1.1 Base de dados centralizada
Os sistemas de gravação e armazenamento de dados são baseados em bancos de dados
instalados em servidores e centralizam a aquisição e gravação dos dados. Os dados do chão de
fábrica precisam “subir” diversos níveis da pirâmide até serem armazenados nestes bancos.
A base de dados centralizada apresenta as seguintes desvantagens:
• Inserção de sucessivos atrasos até o momento da gravação final dos eventos do chão
de fábrica no banco de dados do sistema de gravação e armazenamento;
• Perda de confiabilidade nos dados do chão de fábrica armazenados.
A base de dados centralizada apresenta as seguintes vantagens:
• Facilidade na análise dos dados, pois os dados necessários para a mesma estarão
concentrados em poucas bases de dados;
• Semelhança de formatos dos dados a serem analisados;
• A busca dos dados deve ser realizada numa quantidade pequena de computadores.
4.1.1.2 Base de dados distribuída
Os sistemas de gravação e armazenamento de dados são baseados em bases de dados
pequenos, provenientes de equipamentos, controladores e microcomputadores. Os dados do
chão de fábrica não precisam “subir” vários níveis na pirâmide de automação até os sistemas
de gravação e armazenamento.
A base de dados distribuída apresenta as seguintes desvantagens:
73
• Dificuldade na análise integrada dos dados, pois os dados necessários para a mesma
estarão concentrados em diversas bases de dados de diversos equipamentos,
controladores e microcomputadores;
• Variedade de formatos dos dados a serem analisados;
• A busca dos dados deve ser realizada numa quantidade elevada de bases de dados.
A base de dados distribuída apresenta as seguintes vantagens:
• Os atrasos inseridos até o momento da gravação dos eventos são pequenos;
• Elevada confiabilidade dos dados do chão de fábrica armazenados.
4.1.2 Sincronização vertical
Este tipo de sincronização ocorre quando existe a necessidade de análise através da
comparação de eventos armazenados nas bases de dados de diferentes níveis hierárquicos da
pirâmide de automação. Como exemplo, podemos citar a análise integrada dos dados
armazenados na base de dados histórica de relés inteligentes e dos dados armazenados em
servidores de histórico de dados de processo. A sincronização vertical ocorre quando a
referência de data e hora é transmitida na direção vertical dentro da pirâmide, abrangendo o
envio da referência entre os diferentes níveis. Este movimento pode ser ascendente ou
descendente, conforme apresentado na Figura 17.
74
Figura 17 – Sincronização vertical na estruturação hierárquica dos sistemas de automação
4.1.3 Sincronização horizontal
Este tipo de sincronização ocorre quando existe a necessidade de análise através da
comparação de eventos armazenados nas bases de dados de equipamentos ou dispositivos
presentes no mesmo nível hierárquico da pirâmide de automação. Normalmente este tipo de
sincronização ocorre entre equipamentos de mesmo tipo como microcomputadores,
controladores ou dispositivos inteligentes de campo. A sincronização horizontal ocorre
quando a referência de data e hora é transmitida na direção horizontal dentro da pirâmide,
correspondendo ao envio da referência aos equipamentos do mesmo tipo num mesmo nível.
Na Figura 18 é apresentada a sincronização horizontal.
75
Figura 18 – Sincronização horizontal na estruturação hierárquica dos sistemas de automação
4.2 Sincronização dos equipamentos
Para uma sincronização eficaz das bases de tempo de diferentes equipamentos de um
sistema de automação, devem ser verificados os seguintes pontos:
1. Sincronização dos relógios dos equipamentos;
2. Resolução do relógio e mecanismo de gravação da data e hora do evento registrado;
3. Periodicidade da tarefa de sincronização dos relógios;
4. Cálculo do atraso total para a gravação do evento na base de dados;
76
5. Exatidão dos dados aquisitados;
6. Validade dos dados aquisitados.
4.2.1 Sincronização dos relógios internos dos equipamentos
Os relógios internos dos equipamentos, que fornecem as referências de data e hora
para a gravação dos eventos, devem estar todos sincronizados numa mesma referência. Os
equipamentos com os relógios internos a serem sincronizados podem ser do mesmo tipo ou de
diferentes tipos. Podem também estar em diferentes níveis hierárquicos e estarem ou não
conectados através de redes de comunicação.
A operação de sincronização dos relógios pode ser realizada de maneiras distintas
conforme listado a seguir:
• Operação manual individual – cada equipamento ou dispositivo do sistema de
automação tem o seu relógio sincronizado manualmente um a um através da
intervenção de um operador;
• Operação manual por grupo – os relógios de um conjunto de equipamentos ou
dispositivos do sistema de automação são sincronizados manualmente e
simultaneamente através de uma rede de comunicação com a intervenção de um
operador;
• Automático individual – a data e hora do relógio do equipamento ou dispositivo é
atualizada automaticamente na ocorrência de um evento pré-definido no sistema de
automação;
77
• Automático por grupo - os relógios de um conjunto de equipamentos ou dispositivos
do sistema de automação são sincronizados automaticamente e simultaneamente
através de uma rede de comunicação na ocorrência de um evento pré-definido. Este
tipo de ajuste é facilitado quando a rede de comunicação envolvida utiliza o método de
comunicação do tipo broadcast, multicast ou produtor-consumidor.
No caso da ausência de redes de comunicação integrando os equipamentos, a operação
de sincronização será manual.
4.2.2 Resolução do relógio e mecanismo de gravação da data e hora do evento registrado
A resolução do relógio interno do equipamento e a precisão do mecanismo de
gravação da data e hora do evento registrado são importantes para que as diferentes bases de
dados históricas estejam coerentes em termos de base de tempo. A resolução do relógio
interno utilizado como referência para a data e hora do sistema de gravação deve ser a melhor
possível. Desta forma, o mecanismo de gravação conseguirá uma resolução igual ou pior à do
relógio na gravação da data e hora dos eventos.
A resolução dos eventos armazenados nas bases de dados deve ser melhor que a
resolução requerida na análise. Se na análise for exigida uma resolução de 1 segundo, todas as
bases utilizadas deverão estar com uma resolução de data e hora de no máximo 1 segundo.
O mecanismo de gravação poderia melhorar a resolução dos eventos dividindo a
menor unidade de tempo do relógio interno do equipamento em vários períodos. Para isso, o
mecanismo de gravação deverá utilizar um segundo relógio interno que consiga dividir o
período de tempo fornecido pelo relógio principal e usar frações menores deste na gravação
da data e hora.
78
No caso do mecanismo de gravação não conseguir realizar uma operação de gravação
do evento na menor unidade de tempo do relógio principal, a resolução da gravação dos
eventos será determinado pelo desempenho do mecanismo de gravação.
4.2.3 Periodicidade da tarefa de sincronização dos relógios
Após um determinado período de tempo, diferentes equipamentos e dispositivos, do
mesmo tipo ou não, têm os horários dos seus relógios internos defasados entre si. Estas
defasagens surgem em função da diferença de precisão dos relógios de diferentes tipos de
equipamentos, de forma que é necessário o envio da data e hora de referência para os mesmos
periodicamente.
Para o ajuste do relógio de cada equipamento temos dois casos distintos conforme
apresentado a seguir:
• Relógio Adiantado – O relógio a ser ajustado está adiantado com relação ao horário
de referência e será atrasado no ajuste. O sistema de gravação pode sobrescrever os
dados já armazenados, criar um período de tempo adicional na base de dados dos
eventos ou entrar em falha e travar o sistema de gravação. No caso do sistema
sobrescrever eventos já gravados, ocorrerá a perda dos eventos gravados durante o
período sobrescrito e impossibilitará a análise durante o período apagado. No caso da
criação de um período adicional, perde-se a consistência temporal dos eventos durante
o período adicionado.
• Relógio Atrasado – O relógio a ser ajustado está atrasado com relação ao horário de
referência e será adiantado no ajuste. O sistema de gravação não será afetado, mas
ocorrerá uma lacuna no tempo de registro dos eventos, onde não existirá nenhum
evento gravado neste período de tempo entre o horário anterior e o ajustado.
79
A periodicidade da atualização da data e da hora de cada equipamento deve ser
definida em função da defasagem do relógio e da resolução de tempo necessária na gravação
dos eventos.
4.2.4 Cálculo do tempo total de atraso para a gravação do evento na base de dados
O registro de um evento é o registro de um fato físico ocorrido com um horário
associado a ele. O registro de evento deve conter a data e hora da ocorrência, a identificação
da variável envolvida e qual o estado ou valor da mesma.
O período de tempo entre a sensibilização da entrada de um módulo (via cabos) de
entrada digital ou analógica pelo evento físico e a gravação da mesma numa base de dados,
deve ser calculado ou estimado para permitir a avaliação da precisão do sistema. Deve ser
verificado se o valor deste atraso na gravação do evento é variável ou fixo e se está dentro de
uma margem de erro aceitável.
Para o cálculo do atraso total temos os seguintes componentes principais:
• T_módulo_e_s - Tempo de processamento interno dos módulos ou dispositivos de
entradas e saídas. É o período de tempo gasto para a conversão do sinal elétrico em um
valor binário ou inteiro na base de dados do módulo ou dispositivo pelos conversores
analógico-digitais;
• T_barram_rede_e_s - Tempo de atualização do barramento ou rede de comunicação.
É o período de tempo gasto para que os dados dos módulos ou dispositivos de campo
sejam atualizados na base de dados do controlador ou computador. Este tempo
depende do tipo de rede, dos mecanismos de acesso à mídia e dos métodos de
80
comunicação utilizados pela mesma e do mecanismo de troca de dados utilizados
pelos barramentos de comunicação (backplane do rack);
• T_controlador - Tempo de processamento do dado pelo controlador. É o período de
tempo gasto no controlador para que os valores dos dados recebidos através dos
barramentos ou redes de comunicação sejam copiados para a área de comunicação
com o sistema supervisório. Este tempo depende da execução das rotinas do programa
aplicativo, que podem ser executados conforme o scan ou por interrupção através da
definição de prioridades de execução;
• T_rede_sup - Tempo de aquisição do dado pelo sistema de gravação do evento. É o
período de tempo gasto pelo driver de comunicação da rede para realizar a leitura e a
atualização dos valores dos dados solicitados pelo sistema supervisório. Estes podem
ser aquisitados de controladores, relés inteligentes ou dispositivos de campo;
• T_gravação - Tempo de processamento do mecanismo de gravação do evento. É o
período de tempo gasto pelo mecanismo de execução do log de eventos e gravação do
evento na base de dados histórica.
Temos o tempo de atraso total T_atraso_total conforme abaixo:
• T_atraso_total = T_módulo_e_s + T_barram_rede_e_s + T_controlador +
T_rede_sup + T_gravação.
4.2.5 Exatidão dos dados aquisitados
A data e a hora do evento será mais exata quanto melhor for a resolução do relógio e
quanto mais preciso for o mecanismo de gravação do evento. É importante que a duração da
81
operação de gravação tenha uma variabilidade baixa, garantindo o determinismo e a
repetibilidade da operação.
A exatidão dos eventos depende basicamente dos seguintes fatores:
• Resolução do relógio;
• O período de tempo gasto pelos circuitos eletrônicos do módulo de entrada para a
conversão do sinal elétrico em dado digital;
• A precisão do mecanismo de gravação dos eventos;
• O valor do atraso entre a percepção da mudança do estado digital referente ao fato
ocorrido pelo sistema de gravação do evento e a efetiva gravação do mesmo na base
histórica de eventos.
Podem ocorrer dois casos distintos de perda de exatidão:
• Melhor resolução do relógio que a do mecanismo de gravação - O relógio possui
elevada resolução (por exemplo, 1 milisegundo) mas o mecanismo de gravação
demora alguns segundos ou décimos de segundos nas operações de percepção da
mudança de estado de uma variável, leitura da data e hora e da gravação do evento na
base de dados histórica;
• Melhor resolução do mecanismo de gravação que a do relógio - O mecanismo de
gravação é rápido, consumindo milisegundos nas operações de percepção da mudança
de estado de uma variável, leitura da data e hora e da gravação do evento na base de
dados histórica, mas a resolução do relógio é de 1 segundo.
82
Deve existir a coerência entre a resolução do relógio e a velocidade do mecanismo de
gravação na realização das operações citadas acima.
4.2.6 Validade dos dados aquisitados
Deve-se verificar se os dados aquisitados são realmente úteis para uma análise. Os
dados aquisitados e armazenados devem ser importantes e suficientes para se chegar a um
diagnóstico preciso sobre as causas e efeitos de algum acontecimento importante do ponto de
vista da operação, da manutenção ou da otimização do processo produtivo.
Os dados aquisitados e registrados na forma de eventos serão validados para a sua
utilização em uma determinada análise quando atenderem os seguintes requisitos:
• Importância – Todos os eventos aquisitados devem ser importantes para o objetivo da
análise. Eventos que não são importantes só servirão para consumir recursos de
processamento e de memória em disco.
• Suficiência – A amostragem utilizada é suficiente e a quantidade de variáveis
aquisitadas também.
A validade dos eventos gravados é de primordial importância, pois de nada adianta
possuir o menor atraso, o melhor relógio (sincronizado e de elevada resolução) e o melhor
mecanismo de gravação, se os eventos armazenados forem inúteis em termos de conteúdo (se
as variáveis aquisitadas não forem importantes).
4.3 Formas de Referência de Tempo
A operação de sincronização dos relógios internos dos dispositivos deve utilizar uma
referência confiável e com resolução melhor ou igual a dos relógios a serem sincronizados.
83
Uma sincronização de bases de tempos de diferentes equipamentos e dispositivos num
sistema de automação só pode ser validada se a referência de tempo utilizada for confiável. Se
não for utilizada a referência de tempo correta, nunca haverá exatidão no processo de
sincronização. De nada adianta os relógios a serem sincronizados terem elevada resolução e
os metodologias e as técnicas de sincronização serem as melhores, se a referência de tempo
utilizada for errada. Uma referência de tempo é considerada inválida quando sua contagem de
tempo não é constante (variação na freqüência de oscilação do dispositivo que fornece a
referência para a contagem do tempo) ou se sua resolução é baixa (por exemplo, um relógio
com resolução de um segundo para sincronizar relógios com resolução de milisegundos).
Para que uma referência seja válida ela deve atender os seguintes requisitos:
• Elevada resolução – a resolução do relógio deve ser maior ou igual a do relógio mais
preciso a ser sincronizado;
• Alcance geográfico adequado – quando os relógios a serem sincronizados estiverem
geograficamente dispersos, a referência a ser utilizada deverá ser comum. As
referências devem estar sincronizadas com uma determinada precisão;
• Acessibilidade e utilização – é necessário que os dados do relógio de referência sejam
acessíveis (data, hora, pulso de sincronismo) e possam ser utilizados de alguma forma.
Do ponto de vista geográfico, as referências de tempo podem ser classificadas em três
grupos:
• Referência de tempo local – quando a referência é utilizada por equipamentos e
dispositivos presentes dentro de um mesmo prédio;
84
• Referência de tempo regional - quando a referência é utilizada por equipamentos e
dispositivos presentes dentro de diferentes prédios, mas fisicamente próximas (por
exemplo, dentro de uma planta com vários prédios);
• Referência de tempo global - quando a referência é utilizada por equipamentos e
dispositivos localizados em qualquer lugar do planeta. Esta referência também pode
ser utilizada como referência local.
4.3.1 Referências locais
Será utilizado um relógio central como referência para todo o prédio via rede ou via
rádio.
4.3.2 Referências regionais
Será utilizado um relógio central como referência para toda a planta via rede ou via
rádio Este relógio pode estar sincronizado via GPS (Global Positioning System) ou com o
horário fornecido pelo Observatório Nacional brasileiro onde fica localizado o padrão
primário brasileiro de tempo e freqüência. O relógio atômico de Césio 133 do Observatório
Nacional possui um erro de mais ou menos 1 segundo em 63.400 anos (13).
4.3.3 Referências globais
São os sistemas GPS (Global Positioning System) e Galileo (em implantação) ou
relógios atômicos. Estes sistemas são capazes de fornecer referência de tempo com precisão
de até 1 µs (dependendo do receptor utilizado) e capacidade de sincronização do relógio a
cada segundo. Para utilizar esta referência global é necessário que o equipamento ou
dispositivo possua um receptor GPS integrado.
85
4.3.3.1 Sistema de Posicionamento Global GPS (Global Positioning System)
O GPS é um sistema de rádio-navegação, baseado em satélite, desenvolvido e operado
pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos (14). O sistema GPS permite aos usuários
determinar sua posição tridimensional, velocidade e horário, 24 horas por dia, sob qualquer
condição climática e em qualquer local do mundo com uma resolução de período de tempo de
um milisegundo. O conceito da operação do sistema GPS é baseado na distância do satélite.
Os receptores dos usuários determinam sua posição medindo sua distância ao grupo de
satélites no espaço. Os satélites atuam como pontos de referência precisos. Os receptores de
GPS (15) coletam sinais dos satélites visíveis e exibem a posição, a velocidade, a data e hora
do usuário.
Devido a sua característica de elevada precisão no fornecimento de referências de data
e hora sincronizadas (base de tempo comum ajustada com relógios atômicos) em diferentes
pontos geográficos do planeta, esse sistema é uma interessante opção para aplicações em
sistemas de automação que exijam sincronismo de relógios com precisão de um milisegundo
entre equipamentos localizados em diferentes pontos geográficos.
4.4 Casos típicos para estudo de eventos com sistemas supervisórios, CLPs e dispositivos de campo sincronizados
O estudo de eventos com sistemas supervisórios, CLPs e dispositivos de campo
sincronizados numa mesma base de tempo é relevante para os processos com as seguintes
características:
• Execução de malhas de controle;
• Processo tipo drive system;
• Execução de totalizações em diversas áreas da planta;
86
• Monitoração do sistema elétrico.
4.4.1 Processos com malhas de controle
As necessidades e os requisitos para a sincronização das bases de tempo em sistemas
automatizados com malhas de controle devem ser baseados nos tempos de resposta
necessários para a execução das mesmas. O tipo de controle PID (Proporcional Integral
Derivativo) é o mais utilizado em sistemas industriais, devido à sua facilidade de
implementação. O ganho proporcional, as constantes de tempo integral e derivativo dos
controladores tipo PID para diferentes processos (16) são apresentados na Tabela 4.1.
Tabela 4.1 – PID em malhas de controle para processos
Propriedade Proporcional Integral Derivativo Vazão e Pressão de Líquido 1 a 5 0,3 a 3 s Não utilizado Pressão de Gás 2 a 10 0,1 a 2 min Não utilizado Nível de Líquido Sem referência 1 a 10 min Não utilizado Qualidade de Produto 10 a 1000 1 min a 2 h 0,1 a 20 min Temperatura e Pressão de Vapor 1 a 10 0,2 a 60 min 0,1 a 20 min
4.4.2 Processos do tipo drive system
Nas indústrias de manufatura, a necessidade de sincronização pode aparecer em
qualquer processo automatizado que tenha necessidade de históricos de eventos confiáveis e
integrados. Os casos mais típicos são os sistemas tipo drive system, onde as constantes de
tempo são pequenas. Neste caso estão os laminadores, máquinas de papel e linhas de
estanhamento eletrolítico e zincagem. Nas linhas mais rápidas, com velocidades de 400
m/min, a constante de tempo crítica pode ser de 150 milisegundos (considerando o tempo
necessário para a passagem de 1 metro de material na linha).
87
4.4.3 Processos com totalizadores
A sincronização das bases de tempo das bases de dados históricas é importante quando
existe a necessidade de totalização dos valores armazenados em diferentes locais. Caso ocorra
diferença de dias, horas ou minutos no fechamento diário das totalizações, o consumo total,
calculado através da somatória das totalizações de diferentes áreas, não estará coerente no
tempo.
As totalizações podem ser de consumo de matéria-prima e de utilidades (energia
elétrica, água, vapor e ar comprimido). Também podem ser totalizados os volumes de
produção para o cálculo da produtividade.
4.4.4 Eventos do sistema elétrico
Na área elétrica, esta metodologia pode ser aplicada aos sistemas (17) de supervisão
do sistema de potência, de automação de subestações, de automação de usinas e de automação
da distribuição que utilizam CLPs e têm necessidade de sincronização. Os sistemas que
possuem SER (Sequence of Events Recorder) também necessitam de sincronização.
Um caso interessante é a utilização do sistema GPS (18) como referência de tempo
para os gravadores da sequência de eventos de uma linha de transmissão, onde, devido à
precisão do sincronismo de eventos com GPS é possível a utilização do método tipo D
(análise da viagem dos transitórios pela linha) para a localização da falta ocorrida.
O sistema de aquisição de dados de um sistema de automação de subestação (17) tem
requisitos diferentes quanto ao tempo e à velocidade de processamento dependendo das
funções implementadas, conforme apresentado na Figura 19.
88
Figura 19 – Funções e requisitos no tempo do sistema de aquisição de dados
As necessidades e os requisitos para a sincronização das bases de tempo de sistemas
elétricos automatizados devem ser baseados na duração típica dos fenômenos elétricos (19)
que serão monitorados. As categorias e características de fenômenos eletromagnéticos dos
sistemas de potência são apresentadas na Tabela 4.2.
Tabela 4.2 – Categorias e características de fenômenos eletromagnéticos dos sistemas de potência
Categoria Tipo Duração típica Variações de freqüência < 10 s Flutuações de tensão Intermitente Desbalanço de tensão Estado contínuo Variações de longa duração Interrupção > 1 min Subtensão > 1 min Sobretensão > 1 min Variações de curta duração Temporário 3 s a 1 min Momentâneo 30 ciclos a 3 s (500 ms a 3 s) Instantâneo 0.5 a 30 ciclos (8,3 a 500 ms) Transientes Impulso Nano, micro ou milisegundo
Oscilatório Baixa freqüência (ms) Média freqüência (µs) Alta freqüência (µs)
89
5 METODOLOGIA DE SINCRONIZAÇÃO EM SISTEMAS DE
AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL
A metodologia proposta é composta por uma seqüência de atividades a serem
executadas para o desenvolvimento de uma sincronização de bases de tempo coerente,
funcional e válida num sistema de automação. Esta metodologia pode ser utilizada também
para a verificação da validade da sincronização de bases de tempo em sistemas já existentes.
O objetivo desta metodologia é auxiliar na elaboração de um sistema de automação
com bases de dados sincronizadas no tempo permitindo a utilização destas para melhoria das
atividades de operação e manutenção do processo automatizado.
A metodologia é constituída por quatro etapas principais:
• Etapa 0 - NECESSIDADES - Levantamento, análise e definição das necessidades da
manutenção, operação e engenharia com relação ao armazenamento de eventos em
bases de dados históricas;
• Etapa 1 - PROCESSO - Levantamento, estruturação e análise das características e
necessidades de processo;
• Etapa 2 - AUTOMAÇÃO - Levantamento, estruturação e análise das características,
necessidades e restrições do sistema de automação;
• Etapa 3 - EVENTOS - Verificação e validação dos eventos armazenados.
Cada etapa é acessível através da etapa anterior ou da etapa de necessidades. Isto
existe para que possíveis ajustes e correções necessárias sejam realizados durante a execução
90
de qualquer etapa. Na Figura 20 é apresentada a visão geral da metodologia com todas as
etapas envolvidas e os possíveis caminhos que podem ser percorridos entre as mesmas.
Figura 20 – Metodologia de sincronização de bases de tempo e as rotas entre as etapas
5.1 Etapa 0 - NECESSIDADES – Levantamento, análise e definição das necessidades da manutenção, da operação e da engenharia
O objetivo desta etapa é realizar o levantamento, a análise, a definição e a aprovação
das necessidades da manutenção, da operação e da engenharia com relação ao armazenamento
de eventos em bases de dados históricas com as bases de tempo sincronizadas. As definições
das necessidades devem ser verificadas em todas as etapas, para que estas sejam cumpridas
plenamente.
Algumas necessidades da manutenção com relação ao armazenamento de eventos em
bases de dados históricas com as bases de tempo sincronizadas são:
• Dados de equipamentos para manutenção preventiva - Histórico dos equipamentos
para elaboração do plano de manutenção e troca dos mesmos. A detecção das causas
91
reais dos problemas ocorridos nos sistemas produtivos e auxiliares permite o
planejamento mais eficaz da manutenção dos equipamentos;
• Dados de processo e de equipamentos para manutenção corretiva - Verificação da
sequência real de eventos numa eventual parada do processo. As correções e os ajustes
são realizados com maior rapidez e conseqüentemente com menor tempo de parada da
produção.
Algumas necessidades da operação com relação ao armazenamento de eventos em
bases de dados históricas com as bases de tempo sincronizadas são:
• Dados de processo para monitoração e verificação - Acompanhamento e
monitoração do funcionamento do processo para validação (na partida do sistema) e
realização das correções e dos ajustes necessários;
• Dados de processo para otimização - Otimização dos processos através da execução
de simulações dos modelos otimizados com os dados armazenados;
• Dados de totalização - Totalizações e consumos de matérias-primas e utilidades.
Algumas necessidades da engenharia com relação ao armazenamento de eventos em
bases de dados históricas com as bases de tempo sincronizadas são:
• Dados de processo e de equipamentos para otimização - Otimização do processo
através da implantação de melhorias;
• Dados de processo e de equipamentos para validação - Validação do processo
instalado e entregue para a operação.
Nesta etapa devem ser executados os seguintes itens:
92
• Item N1 - Levantamento das necessidades;
• Item N2 - Análise das necessidades.
Na Figura 21 é apresentada a visão geral da etapa 0 NECESSIDADES com os itens a serem
executados na mesma.
Figura 21 – Etapa 0 NECESSIDADES da metodologia e seus itens principais
5.1.1 N1 - Levantamento das necessidades
O levantamento permite conhecer as necessidades de cada departamento com relação a um
determinado processo automatizado e é realizado através das seguintes atividades:
• Solicitação de lista das necessidades para cada departamento;
• Realização de reuniões com os responsáveis de cada departamento;
• Realização de pesquisas com o pessoal da área através de questionários e entrevistas.
93
Todas as informações obtidas são compiladas numa lista geral de necessidades
solicitadas.
5.1.2 N2 - Análise das necessidades
A lista das necessidades solicitadas é analisada quanto à viabilidade do conjunto das
solicitações e da real necessidade destas. Eventuais conflitos de solicitações entre os
departamentos são solucionados. São realizadas reuniões com os responsáveis de cada
departamento e com os operadores, engenheiros e técnicos para a revisão da lista.
Ao final é gerada uma lista das necessidades aprovadas.
5.2 Etapa 1 - PROCESSO - Levantamento e análise das características e necessidades do processo
O objetivo desta etapa é analisar o processo de forma estruturada e detalhada dos
pontos de vista macro e micro, separando o processo em elementos menores e levando em
consideração os detalhes de cada elemento. Esta etapa deve gerar uma lista com as variáveis
principais de cada parte do processo e o período de amostragem necessário para cada variável.
Nesta etapa devem ser executados os seguintes itens:
• Item P1 - Estruturação do processo;
• Item P2 - Definição das variáveis a serem aquisitadas;
• Item P3 - Levantamento das constantes de tempo de processo;
• Item P4 - Definição do período de amostragem para cada conjunto de variáveis.
94
Na Figura 22 é apresentada a visão geral da etapa 1 PROCESSO e os itens a serem
executados na mesma.
Figura 22 – Etapa 1 PROCESSO da metodologia e seus itens principais
Esta etapa deve gerar uma lista com as variáveis principais de cada parte do processo.
A estrutura da lista é mostrada na Tabela 5.1 e deverá conter os seguintes campos:
• Tag – Nome de identificação da variável;
• Descrição – Descrição da variável;
• Constante de tempo crítica – Valor da menor constante de tempo relacionada à
variável;
• Período de amostragem – Valor do período de amostragem da variável definido em
função da constante de tempo crítica da mesma;
95
• Tipo – Tipo da variável. Esta pode ser discreta ou analógica;
• Área – Área para a qual pertence a variável;
Tabela 5.1 – Exemplo da estrutura da lista de variáveis da etapa PROCESSO
Tag Descrição Constante de tempo crítica
Período de amostragem Tipo Área
5.2.1 P1 - Estruturação do processo
Para a estruturação do processo, pode ser utilizado o modelo hierárquico CIM
apresentado no capítulo 1 deste trabalho. Para cada elemento do processo (tanques, máquinas,
reatores, equipamentos grandes) devem ser listadas todas as variáveis envolvidas numa lista
geral de variáveis. É recomendável a utilização de diagramas do tipo PI&D (Process and
Instrumentation Diagram) para o levantamento de todas as variáveis envolvidas fisicamente
no processo.
Na lista geral de variáveis, os equipamentos deverão estar separados por cada área do
processo.
5.2.2 P2 - Definição das variáveis a serem aquisitadas
Verificar, dentro da lista geral de variáveis, quais são realmente importantes e
necessárias para o processo. As variáveis selecionadas devem permitir a execução da análise
baseada na seqüência dos eventos e atender às necessidades da manutenção, da operação e da
engenharia.
Os valores das variáveis de processo selecionadas serão aquisitados, gravados e
armazenados em bases de dados históricas.
96
5.2.3 P3 - Levantamento das constantes de tempo de processo
Deve ser realizado o levantamento das menores constantes de tempo de cada etapa do
processo. Estas constantes de tempo devem ser associadas às variáveis listadas no item 5.2.2.
Deve-se verificar se as necessidades de amostragem das variáveis não mudam com o
tempo em função da execução de diferentes operações num mesmo elemento de processo.
Neste caso, a situação mais crítica (menor constante de tempo) deverá ser considerada. Para
cada uma das variáveis deve ser anotada a menor constante de tempo.
5.2.4 P4 - Definição do período de amostragem para cada conjunto de variáveis
Com base na lista de variáveis e suas constantes de tempo, deve-se agrupar as
variáveis em classes de amostragem pré-definidas. Para facilitar a automação, as variáveis
devem ser divididas em analógicas e digitais e ordenadas conforme o valor das constantes de
tempo.
O período de amostragem de uma determinada variável deve ser menor que a
constante de tempo da mesma.
5.3 Etapa 2 - AUTOMAÇÃO – Levantamento, estruturação e análise das características, necessidades e restrições do sistema de automação
O objetivo desta etapa é analisar o hardware, o software e as redes de comunicação do
sistema de automação de forma estruturada e detalhada. Esta análise é realizada dos pontos de
vista macro e micro, dividindo o sistema de automação em elementos menores e levando em
consideração os detalhes de cada elemento.
Nesta etapa devem ser executados os seguintes itens:
97
• Item A1 - Análise das modificações e ajustes a serem realizados no sistema de
automação;
• Item A2 - Verificação dos dispositivos de campo;
• Item A3 - Verificação do local da gravação do evento para cada variável de campo
aquisitada;
• Item A4 - Análise das necessidades de resolução de tempo do sistema de gravação dos
eventos;
• Item A5 - Análise das necessidades de sincronização dos relógios dos diferentes
sistemas;
• Item A6 - Seleção da referência de data e hora e periodicidade de atualização;
• Item A7 - Seleção dos locais de armazenamento dos eventos.
Na Figura 23 é apresentada a visão geral da etapa 2 AUTOMAÇÃO e os itens a serem
executados na mesma.
98
Figura 23 – Etapa 2 AUTOMAÇÃO da metodologia e seus itens principais
Esta etapa deve gerar duas listas a partir da relação das variáveis especificadas na
etapa PROCESSO:
• Lista das variáveis atendidas pelo sistema de automação;
• Lista das variáveis não atendidas pelo sistema de automação e as razões da
impossibilidade do atendimento.
A estrutura da lista com as variáveis principais do sistema automatizado de cada parte
do processo é apresentada na Tabela 5.2 e deverá conter os seguintes campos:
• Tag - Nome de identificação da variável;
99
• Período de amostragem - Valor do período de amostragem definido;
• Dispositivo de campo – Dispositivo responsável pela variável no campo;
• Local de armazenamento – Equipamento ou computador onde será armazenado o
histórico da variável;
• Resolução de gravação – Resolução de tempo na qual deverá ser gravado o valor da
variável pelo mecanismo de gravação.
Tabela 5.2 – Exemplo da estrutura da lista de variáveis da etapa AUTOMAÇÃO
Tag Período de amostragem
Dispositivo de campo
Local de armazenamento
Resolução de gravação
5.3.1 A1 - Análise das modificações e ajustes a serem realizados no sistema de automação
O sistema de automação pode ser existente, já controlando e monitorando um processo
industrial, ou novo. As modificações a serem realizadas devem levar isso em consideração.
No caso do sistema já existente, devem ser verificadas as restrições impostas quanto à
introdução de novas modificações. No caso do sistema novo a ser implantado, devem ser
verificadas as restrições quanto aos controladores, equipamentos, dispositivos, redes de
comunicação, drivers e programas aplicativos a serem utilizados.
5.3.2 A2 - Verificação dos dispositivos de campo
Os sensores e os instrumentos de campo devem atender às solicitações da lista de
variáveis gerada na etapa PROCESSO.
Devem ser verificados os seguintes pontos:
100
• Existência dos sensores e instrumentos no campo - Estes devem existir no campo
para possibilitar a aquisição dos valores das variáveis desejadas;
• Tempo de resposta dos dispositvos – O tempo de resposta destes deve ser menor ou
igual ao solicitado na lista de variáveis gerada na etapa PROCESSO.
Para o cálculo do tempo de resposta deve ser feita a verificação das parametrizações
dos dispositivos de campo, dos barramentos de comunicação e dos módulos de entradas
(digitais e analógicas).
5.3.3 A3 - Verificação do local da gravação da data e hora para o valor da variável aquisitada no campo
A definição do local de gravação da data e hora é muito importante, pois definirá as
especificações de resolução e ajustes dos relógios dos equipamentos e computadores que
realizarão a gravação do evento.
Deve ser definido o local de gravação da data e hora para cada variável da lista de
variáveis gerada na etapa PROCESSO. Deve ser analisado também o tempo de atraso da
chegada da informação gerada no campo até o local de gravação do evento. São importantes
os tempos de respostas dos conversores analógico-digitais nos módulos de entrada, dos
barramentos e redes de comunicação, dos controladores, dos drivers de comunicação e do
mecanismo de gravação do evento na base de dados histórica.
Existem três pontos importantes quanto à localização:
• O local de aquisição da variável a ser lida, como por exemplo, módulos de entradas
digitais e analógicas;
101
• O local de gravação da data e hora do evento relacionado à variável, como por
exemplo, módulos especiais de entrada digital, CLPs ou sistemas supervisórios;
• O local de armazenamento dos eventos, como por exemplo, arquivos ou bancos de
dados históricos.
5.3.4 A4 - Análise das necessidades de resolução de tempo do sistema de gravação dos eventos
Devem ser avaliadas as necessidades de resolução através da referência cruzada entre
os períodos de amostragem solicitados pelo processo e as resoluções fornecidas pelo sistema
de automação. São definidas as resoluções de todas as variáveis.
Para cada variável, a resolução fornecida pelo mecanismo de gravação deve ser melhor
que a resolução solicitada pelo processo através do período de amostragem.
5.3.5 A5 - Análise das necessidades de sincronização dos relógios dos diferentes sistemas
Verificação e definição de quais relógios devem ser sincronizados na mesma
referência de base de tempo. Esta atividade é realizada através da análise de quais bases de
dados dos processos produtivos têm necessidade de serem sincronizadas.
É definido também como deve ser implementado e executado o sincronismo dos
relógios e qual a verificação a ser realizada após a sincronização.
5.3.6 A6 - Seleção da referência de data e hora e periodicidade de atualização
Deve ser selecionada a referência de data e hora para cada sistema a ser sincronizado, o modo
de sincronização e a periodicidade de atualização.
102
É realizada também a verificação das possíveis interferências sobre o sinal de referência,
como por exemplo, a influência da ionosfera no sinal do GPS, o humor e a boa vontade das
pessoas numa sincronização manual ou a interferência eletromagnética em sinais de rádio.
O modo de sincronização dos relógios deve ser automático, através de uma rede de
comunicação, e com o ajuste simultâneo da data e hora dos mesmos.
A periodicidade da atualização da referência deve ser definida em função da precisão e da
exatidão dos relógios envolvidos.
5.3.7 A7 - Seleção dos locais de armazenamento dos eventos
O tamanho das bases de dados depende da quantidade de dados armazenados nas
mesmas. O período de tempo máximo de armazenamento dos dados mais antigos na base de
dados histórica depende dos seguintes pontos:
• Capacidade de armazenamento dos dados no disco rígido do computador onde está
armazenada a base de dados;
• Quantidade de variáveis aquisitadas;
• Freqüência de amostragem de cada variável.
Os locais de armazenamento devem ser selecionados levando em consideração:
• O tamanho previsto das bases de dados;
• A confiabilidade do equipamento ou computador no qual serão armazenados os dados;
• A facilidade de acesso aos dados armazenados;
103
• A disponibilidade de ferramentas para realização de backup das bases de dados
históricas periodicamente.
5.4 Etapa 3 - EVENTOS - Verificação e validação dos eventos armazenados
O objetivo desta etapa é a análise da validade dos dados armazenados nas bases de
dados históricas.
Nesta etapa devem ser verificados os seguintes itens:
• Item E1 – Exatidão dos eventos armazenados;
• Item E2 – Análise dos eventos.
Na Figura 24 é apresentada a visão geral da etapa 3 EVENTOS com os itens a serem
executados na mesma.
Figura 24 – Etapa 3 EVENTOS da metodologia e seus itens principais
104
A estrutura da lista para a validação das variáveis principais do sistema automatizado
é apresentada na Tabela 5.3 e deverá conter os seguintes campos:
• Tag - Nome de identificação da variável;
• Dispositivo de campo – Dispositivo responsável pela variável no campo;
• Local de armazenamento OK – Verificação se os valores realmente estão
armazenados nas bases de dados especificadas;
• Resolução de gravação OK – Verificação se a resolução de tempo na qual é gravado
o valor da variável pelo mecanismo de gravação está correta;
• Valor OK – Verificação se o valor armazenado na base de dados está coerente com o
valor de campo.
Tabela 5.3 – Exemplo da estrutura da lista de variáveis da etapa EVENTOS
Tag Dispositivo de campo
Local de armazenamento OK
Resolução de gravação OK Valor OK
5.4.1 E1 - Exatidão dos eventos armazenados
Deve ser verificado se os dados de todas as variáveis definidas na etapa
AUTOMAÇÃO estão sendo realmente gravados e armazenados com a exatidão necessária
nas bases de dados históricas. Isto pode ser realizado através das simulações dos sinais de
campo.
Devem ser definidos os testes para validação da gravação dos eventos e qual o erro
máximo permitido.
105
5.4.2 E2 - Análise dos eventos
A utilização dos eventos validados pode ser realizada através da análise manual ou de
algoritmo dedicado para o processo industrial em questão. Os programas de simulação de
processo podem ser alimentados com os dados válidos armazenados.
A validação final é realizada nesta etapa e qualquer discrepância observada deverá ser
encaminhada para a etapa NECESSIDADES, onde serão realizados os ajustes e as correções
necessárias.
106
6 ESTUDO DE CASO: SINCRONIZAÇÃO DE TEMPOS APLICADA AO
SISTEMA ELÉTRICO DE ALIMENTAÇÃO DO LAMINADOR DE
TIRAS A QUENTE
A metodologia apresentada no capítulo 5 é utilizada para a análise, verificação e
validação da sincronização das bases de tempos dos sistemas de automação, tanto para
sistemas existentes como para sistemas novos.
Neste estudo de caso será analisado um sistema de automação existente com o objetivo
de verificar se a sincronização foi realizada de forma coerente, funcional e válida. Isto será
realizado através da verificação de todos os itens da metodologia no sistema elétrico de
alimentação do LTQ (Laminador de Tiras a Quente).
O sistema elétrico de alimentação é identificado como sistema SCADA (Supervisory
Control And Data Acquisition) neste estudo. Esta identificação foi utilizada no projeto de
desenvolvimento e instalação do mesmo.
No projeto do sistema SCADA foi realizada a sincronização das bases de tempo de
todos os servidores, estações de monitoração e controle, CLPs e relés inteligentes da planta.
Na Figura 25 é apresentada uma visão externa da planta do LTQ.
Figura 25 – Visão externa da planta do Laminador de Tiras a Quente (LTQ)
107
6.1 Aplicação da metodologia
A metodologia é aplicada ao sistema SCADA do LTQ existente. São checados todos
os itens da metodologia, conforme apresentado na Figura 26, com o objetivo de analisar e
verificar a validade do sistema de sincronização instalado na planta.
No final do estudo de caso serão apresentadas as considerações e as conclusões sobre
o sistema de sincronização analisado.
Figura 26 – Metodologia de sincronização de bases de tempo
6.2 Etapa 0 – Necessidades do sistema elétrico do LTQ
A sincronização das bases de dados históricas do sistema SCADA do LTQ foi
realizada devido à necessidade de visualização dos eventos armazenados em diversas bases de
dados numa mesma referência de tempo.
108
6.2.1 N1 - Levantamento das necessidades
As necessidades foram solicitadas apenas pelo departamento de Manutenção. As
seguintes funcionalidades foram solicitadas:
• Comparação na mesma base de tempo dos dados históricos de processo e do sistema
elétrico. Estes dados estão armazenados em diferentes bases de dados espalhados pela
planta do LTQ;
• Comparação na mesma base de tempo dos dados históricos armazenados nos
diferentes relés inteligentes de proteção na planta do LTQ (exceto subestação);
• Comparação na mesma base de tempo dos dados históricos armazenados nos
diferentes relés inteligentes de proteção da subestação do LTQ.
6.2.2 N2 - Análise das necessidades
As necessidades listadas na etapa N1 foram todas aceitas. As solicitações eram
coerentes e foram bem justificadas. Não houve conflito de necessidades, pois havia apenas
solicitações do departamento de Manutenção.
A melhoria na análise de falhas na planta, tanto na manutenção corretiva como
preventiva, foi apresentada como justificativa das solicitações.
6.3 Etapa 1 – Processo do sistema elétrico do LTQ
Nesta etapa é apresentado o processo do Laminador de Tiras a Quente, a sua
estruturação em áreas e as suas características básicas. É realizada a verificação do
levantamento das constantes de tempo de processo e da definição do período de amostragem
das variáveis realizados no projeto do sistema SCADA.
109
O processo do LTQ (20) consiste em transformar placas de aço, através do
aquecimento e sucessivas deformações das mesmas, em bobinas. As placas de aço, com
espessura de 200 a 250 mm, são aquecidas no forno de reaquecimento a uma temperatura de
aproximadamente 1250 ºC. Estas placas aquecidas sofrem a redução inicial de espessura
através de passes sucessivos no laminador desbastador. Estes passes reduzem a espessura da
placa para 26 a 40 mm, tranformando a placa original numa longa tira de aço. Esta tira é
encaminhada ao trem acabador, constituído por seis cadeiras de laminação, onde a mesma
sofre a redução final de espessura atingindo a especificação final entre 1,2 a 16,0 mm. No
final da linha, a tira sofre resfriamento e é enrolada nas bobinadeiras.
6.3.1 P1 - Estruturação do processo
O processo do LTQ é constituído por seis células listadas a seguir:
• Célula 1 – Subestação (Substation – S/S);
• Célula 2 – Pátio de placas e Forno de reaquecimento (Slab Yard and Furnace -
SY&FCE);
• Célula 3 – Laminador desbastador (Roughing Mill – RM);
• Célula 4 – Trem acabador (Finishing Mill – FM);
• Célula 5 – Bobinadeira (Downcoiler – DC);
• Célula 6 – Estação de Tratamento de Água – ETA (Water Treatment Plant –
WTP).
A estruturação hierárquica do processo é apresentada na Figura 27.
110
Figura 27 – Estruturação hierárquica do processo do LTQ
6.3.1.1 Célula 1 – Subestação (Substation – S/S)
Esta área é responsável pelo fornecimento da energia elétrica utilizada na planta do
LTQ. É constituída por uma subestação 138/34,5 kV para alimentação dos principais motores
da planta (motores R1 superior e R1 inferior do laminador desbastador e motores F1 a F6 do
laminador de acabamento) e por uma subestação 138/13,8 kV para alimentação dos demais
sistemas da planta.
6.3.1.2 Célula 2 – Pátio de placas e Forno de reaquecimento (Slab Yard and Furnace - SY&FCE)
O pátio de placas é o local onde são armazenadas as placas que serão laminadas. O
forno de reaquecimento realiza o aquecimento das placas a uma temperatura ideal para o
processo de laminação a quente. Na Figura 28 é apresentada a localização do forno de
reaquecimento na planta do LTQ.
111
Figura 28 – O forno de reaquecimento na planta do LTQ
6.3.1.3 Célula 3 – Laminador desbastador (Roughing Mill – RM)
No laminador desbastador é realizado o ajuste inicial da espessura e da largura da
placa através da passagem da mesma diversas vezes (passes) pelo laminador. A passagem da
placa de aço aquecida entre o conjunto de cilindros do laminador acarreta a diminuição da
espessura e da largura, e o conseqüente aumento do comprimento da mesma. Após a saída do
laminador desbastador, a placa de aço inicial passa a ser chamada de tira de aço. Na Figura 29
é apresentada a localização do laminador desbastador na planta do LTQ.
Figura 29 – O laminador desbastador na planta do LTQ
112
6.3.1.4 Célula 4 – Trem acabador (Finishing Mill – FM)
O trem acabador é constituído por seis cadeiras de acabamento, onde a tira de aço
sofre sucessivas reduções de espessura através da passagem da mesma entre o conjunto de
cilindros de cada cadeira. É nesta etapa que a tira atinge a especificação final de espessura e
largura. Na Figura 30 é apresentada a localização do trem acabador na planta do LTQ.
Figura 30 – O trem acabador na planta do LTQ
6.3.1.5 Célula 5 – Bobinadeira (Downcoiler – DC)
A tira proveniente do trem acabador passa pelo sistema de resfriamento e é enrolada
em bobinas (produto final da linha) na bobinadeira. Esta é a etapa final do LTQ e as bobinas
de aço produzidas são armazenadas no pátio de resfriamento de bobinas. Na Figura 31 é
apresentada a localização da bobinadeira na planta do LTQ.
113
Figura 31 – A bobinadeira numa planta do LTQ
6.3.1.6 Célula 6 – Estação de Tratamento de Água – ETA (Water Treatment Plant - WTP)
Nesta planta é realizado o processo de tratamento da água utilizada no LTQ. São
efetuados os controles da qualidade (através das bacias de sedimentação, dosagem química e
filtros), da temperatura e da quantidade de água fornecida para o processo de laminação de
tiras a quente.
6.3.2 P2 - Definição das variáveis a serem aquisitadas
Para cada tipo de equipamento foi definida a aquisição de um conjunto de variáveis,
conforme listado a seguir:
• Monitoração dos estados, das proteções e das grandezas elétricas dos
disjuntores e contatores;
• Monitoração das proteções (alarmes) dos transformadores;
• Monitoração dos estados dos relés de proteção inteligentes Multilin da GE
(General Eletric);
114
• Monitoração dos estados, da velocidade, da temperatura e da vibração dos
motores.
No sistema SCADA são aquisitadas aproximadamente 2700 variáveis. São 2000
variáveis digitais e 700 analógicas, conforme o resumo apresentado na Tabela 6.1.
Tabela 6.1 – Quantidade de variáveis aquisitadas pelo sistema SCADA do LTQ
Tipo de Variável monitorada
Quantidade de variáveis (através de redes de
comunicação)
Quantidade de variáveis (através de módulos de
entradas e saídas) Digital Aprox. 1000 Aprox. 1000 Analógica Aprox. 500 Aprox. 200
6.3.2.1 Variáveis dos equipamentos do sistema elétrico
Os dados relativos aos estados, às proteções e às grandezas elétricas dos disjuntores e
contatores, às proteções (alarmes) dos transformadores e aos estados dos relés Multilin são
aquisitados através das redes MODBUS RTU.
São aquisitados dados dos seguintes tipos de relés Multilin nas redes MODBUS RTU:
• SR745 - gerenciamento de transformador;
• SR750 - gerenciamento de disjuntor;
• PQM - monitoração de energia;
• SR469 - gerenciamento de motores;
• F35 - gerenciamento de vários contatores e disjuntores.
São monitoradas as seguintes grandezas elétricas de cada disjuntor e contator:
115
• Correntes das fases R, S e T;
• Tensões das fases R, S e T;
• Freqüência;
• Fator de potência;
• Potência ativa, reativa e aparente;
• Energia ativa e reativa.
São monitoradas as seguintes proteções elétricas e estados de cada disjuntor:
• Sobrecorrente instantânea de fase;
• Sobrecorrente temporizada de fase;
• Sobrecorrente instantânea à terra sensível;
• Sobrecorrente temporizada à terra sensível;
• Falha do disjuntor;
• Falha do transformador de potencial;
• Estado geral do relé;
• Estado das entradas do relé;
• Estado das saídas do relé;
• Estado da bobina de fechamento;
116
• Estado da bobina de trip.
6.3.2.2 Variáveis de motores
As seguintes grandezas elétricas e físicas são monitoradas para os motores principais
(R1 superior, R1 inferior, E1 lado drive, E1 lado operador, F1 a F6, tesoura de pontas,
bobinadeiras 1 e 2 e bombas de média tensão da ETA):
• Temperatura dos enrolamentos do estator;
• Temperatura dos mancais;
• Vibração dos mancais;
• Corrente RMS (exceto bombas média tensão da ETA);
• Torque (exceto bombas de média tensão da ETA);
• Velocidade (exceto bombas média tensão da ETA).
6.3.3 P3 - Levantamento das constantes de tempo de processo
Não existe nenhum registro sobre o levantamento das constantes de tempo de processo
no projeto SCADA do LTQ, indicando que esta etapa não foi executada no desenvolvimento
do mesmo.
6.3.4 P4 - Definição do período de amostragem para cada conjunto de variáveis
Não existe nenhum registro sobre as definições do período de amostragem para cada
conjunto de variáveis no projeto SCADA do LTQ, indicando que esta etapa não foi executada
no desenvolvimento do mesmo. Como a etapa anterior P3 não foi executada, não existem
117
dados de referência para a definição dos perídos de amostragem de cada conjunto de
variáveis.
As solicitações existentes e documentadas, com relação à atualização dos valores nas
bases de dados, são:
• Todos os valores das variáveis aquisitadas pelos sistemas supervisórios do sistema
SCADA devem ser atualizados a cada 1 segundo nas bases de dados dos mesmos;
• Todos os valores das variáveis de campo aquisitadas pelos CLPs devem ser
atualizados a cada 1 segundo nas bases de dados dos mesmos;
• As bases de dados históricas de todos os relés Multilin da subestação devem estar
sincronizadas no tempo com precisão de 1 milisegundo.
6.4 Etapa 2 – Automação do sistema elétrico do LTQ
A finalidade básica do sistema SCADA do LTQ é a monitoração dos sistemas elétricos
e de utilidades da planta. A importância da sincronização das bases de dados na mesma
referência de tempo neste sistema de monitoração, com bases de dados históricas espalhadas
pela planta, é muito grande.
6.4.1 Automação do sistema SCADA do LTQ
A análise inicial da automação do sistema SCADA será composta pelos seguintes
itens:
• Arquitetura geral do sistema;
• Redes de comunicação;
118
• Características de desenvolvimento do projeto.
6.4.1.1 Arquitetura geral do sistema
Os principais equipamentos de automação do sistema SCADA são os CLPs e os
computadores das estações de operação e manutenção. Estes equipamentos são apresentados
na Tabela 6.2.
Tabela 6.2 – Equipamentos principais do sistema SCADA
Área Equipamento Descrição Subestação CLP CLP SCADA Subestação Forno de Reaquecimento CLP CLP SCADA Forno Estação de operação IHM SCADA Forno Laminador Desbastador CLP CLP SCADA RM Estação de Operação IHM SCADA Mecânica Estação de Manutenção IHM SCADA Manutenção Trem Acabador CLP CLP SCADA FM Estação de Operação IHM SCADA Trem Acabador Bobinadeira CLP CLP SCADA DC Estação de Tratamento de Água CLP CLP SCADA ETA
Estação de Operação IHM SCADA ETA Estação de Manutenção IHM SCADA ETA Manutenção
Os CLPs do sistema SCADA (exceto subestação) são do tipo ControlLogix da
Rockwell Automation e o sistema supervisório é o InTouch da Wonderware. O sistema
operacional utilizado nos computadores é o Windows NT.
A Figura 32 apresenta as arquiteturas dos sistemas de automação do forno, do
laminador desbastador e do trem acabador.
119
Figura 32 – Arquitetura da automação do forno, do laminador desbastador (RM) e do trem acabador (FM)
A Figura 33 apresenta as arquiteturas dos sistemas de automação da subestação, da
Estação de Tratamento de Água (ETA) e da bobinadeira (DC).
120
Figura 33 – Arquitetura da automação da subestação, da ETA e da bobinadeira (DC)
6.4.1.2 Redes de automação
No sistema SCADA são utilizadas as seguintes redes de comunicação:
• Ethernet TCP/IP – para a comunicação entre os CLPs e destes com as estações de
operação e manutenção;
121
• ControlNet – para a comunicação dos racks locais com os racks remotos de entradas
e saídas do CLP ControlLogix;
• DeviceNet – para a comunicação dos CLPs com os CCMs;
• MODBUS RTU – para a comunicação dos CLPs com os relés de proteção
inteligentes.
Os tipos e a quantidade de equipamentos de cada rede MODBUS da subestação são
apresentados na Tabela 6.3.
Tabela 6.3 – Redes MODBUS da subestação do LTQ
Área Rede Equipamentos escravos Quantidade Subestação SE MODBUS#1 Relé SR750 4 Subestação SE MODBUS#2 Relé SR745 1 Subestação SE MODBUS#2 Relé SR750 3 Subestação SE MODBUS#3 Relé SR750 3 Subestação SE MODBUS#3 Relé SR745 1 Subestação SE MODBUS#4 Relé F35 1 Subestação SE MODBUS#5 Relé SR750 4 Subestação SE MODBUS#6 Relé SR750 4 Subestação SE MODBUS#7 Relé SR750 4 Subestação SE MODBUS#8 CLP ControlLogix 1 Subestação SE MODBUS#8 Relé MGE-144 1
Subestação SE MODBUS#8 CLP (Gerador Diesel USCAMAQ) 2
Os tipos e a quantidade de equipamentos de cada rede MODBUS da planta do LTQ
(exceto subestação) são apresentados na Tabela 6.4.
122
Tabela 6.4 – Redes MODBUS das áreas do LTQ, exceto subestação
Área Rede Equipamentos escravos Quantidade
Forno de Reaquecimento FCE MODBUS#1 Relé SR750 1 Forno de Reaquecimento FCE MODBUS#1 Relé PQM 2 Forno de Reaquecimento FCE MODBUS#2 Relé SR750 2 Forno de Reaquecimento FCE MODBUS#3 Relé PQM 1 Forno de Reaquecimento FCE MODBUS#3 Relé MGE-144 5
Área Rede Equipamentos escravos Quantidade
Laminador desbastador RM MODBUS#1 Relé SR750 4 Laminador desbastador RM MODBUS#2 Relé SR745 2 Laminador desbastador RM MODBUS#2 Relé SR469 4 Laminador desbastador RM MODBUS#3 Relé MGE-144 5 Laminador desbastador RM MODBUS#4 CLP GE 1
Área Rede Equipamentos escravos Quantidade
Trem Acabador FM MODBUS#1 Relé SR750 4 Trem Acabador FM MODBUS#2 Relé SR750 4 Trem Acabador FM MODBUS#3 Relé SR750 4 Trem Acabador FM MODBUS#4 Relé SR750 2 Trem Acabador FM MODBUS#4 Relé MGE-144 8 Trem Acabador FM MODBUS#5 Relé MGE-144 7
Área Rede Equipamentos escravos Quantidade
Bobinadeira DC MODBUS#1 Relé MGE-144 4
Área Rede Equipamentos escravos Quantidade
Estação de Tratamento de Água ETA MODBUS#1 Relé SR745 1 Estação de Tratamento de Água ETA MODBUS#1 Relé SR750 3 Estação de Tratamento de Água ETA MODBUS#2 Relé PQM 8 Estação de Tratamento de Água ETA MODBUS#3 Relé PQM 7 Estação de Tratamento de Água ETA MODBUS#4 Relé PQM 8 Estação de Tratamento de Água ETA MODBUS#5 Relé PQM 2 Estação de Tratamento de Água ETA MODBUS#6 Relé MGE-144 8
As variáveis de campo que não são aquisitadas pelos CLPs através das redes de
comunicação, são aquisitadas através de entradas e saídas físicas.
123
6.4.1.3 Características de implementação do projeto SCADA
As principais características da automação deste sistema são:
• Aquisição de dados - A aquisição dos dados é realizada pelos CLPs e os dados
atualizados são disponibilizados para os sistemas supervisórios das respectivas áreas.
As grandezas elétricas, as proteções e os estados de cada disjuntor, contator e
transformador são aquisitados através da rede MODBUS (dados dos relés SR745,
SR750 e PQM). Os estados das proteções (alarmes) dos transformadores são
aquisitados através de módulos de entradas digitais no CLP. As grandezas elétricas,
físicas (como por exemplo, temperatura e vibração) e os estados dos motores
principais são aquisitados através de módulos de entradas analógicas e digitais do
CLP, através da rede MODBUS (dados dos relés SR469) e através da rede Ethernet
(dados de outros CLPs ControlLogix e TOSHIBA) com o objetivo de permitir a
monitoração de todos os motores de média tensão e todos os CCMs (Centros de
Controle de Motores) da planta;
• Controle dos disjuntores e outros equipamentos de média tensão (34,5kV /
13,8kV / 3,45kV) - Permite a operação dos equipamentos dos seguintes subsistemas
no modo remoto manual através das estações do sistema supervisório: subestação
34,5/13,8/3,45 kV, painel de média tensão do forno 3,45 kV, painel de média tensão
do laminador desbastador 13,8 kV, painel de média tensão do trem acabador 13,8 kV e
painel de média tensão da estação de tratamento de água 3,45 kV. A operação via
sistema supervisório facilita a operação dos mesmos para manobras de operação e
manutenção;
• Troca de dados com o nível 3 – Os valores de potência dos motores principais da
planta (R1 superior, R1 inferior, laminador vertical E1, F1 a F6) são aquisitados pelo
124
sistema do nível 3 da planta através de um gateway. O sistema do nível 3 envia a data
e hora para os CLPs da planta para a sincronização de todos os CLPs e sistemas
supervisórios. Neste sistema são sincronizadas a data e a hora dos CLPs ControlLogix
e das estações do sistema supervisório. A referência de data e hora é um servidor de
otimização de processo e todos os equipamentos principais da planta do LTQ estão
sincronizados com este servidor;
• Integração de dois sistemas supervisórios - Integração de dois sistemas
supervisórios que funcionam em plataformas totalmente distintas (ALSPA da
ALSTOM em OpenVMS e InTouch da Wonderware em WindowsNT 4.0) aquisitando
dados de um mesmo CLP 364 da GE para o sistema da subestação;
• Aquisição de dados e envio de comandos em MODBUS RTU com a taxa de
atualização da rede em 1 segundo - Aquisição de dados via relé Multilin através da
rede MODBUS com uma taxa de aquisição de aproximadamente um segundo. São
aquisitados dados de 135 relés inteligentes distribuídos em diversas redes MODBUS.
Execução de comandos de abertura/fechamento de disjuntores via relé Multilin através
da rede MODBUS em aproximadamente um segundo. A taxa de aquisição de um
segundo para uma rede MODBUS é considerada rápida, pois a velocidade máxima de
comunicação dos relés integrados era de 19,2 kbps com aquisição de
aproximadamente 50 Bytes de dados de cada nó;
• Aquisição de dados de diferentes modelos de CLPs pelo sistema supervisório -
Integração em campo de diferentes plataformas de CLPs sob o mesmo sistema
supervisório InTouch. Foram integrados CLPs da TOSHIBA, GE e Rockwell num
mesmo sistema. O sistema supervisório aquisita dados dos CLPs 364 da GE,
ControlLogix da Rockwell e Toshiba da TOSHIBA;
125
• Integração de 135 relés inteligentes - Foram integrados 3 relés SR745, 56 relés
SR750, 1 relé F35, 29 relés PQM, 4 relés SR469 da GE e 42 relés MGE-144 da ABB
através de diversas redes MODBUS.
6.4.2 A1 - Análise das modificações e ajustes a serem realizados no sistema de automação
O sistema SCADA foi implantado em 2003 como um projeto novo. O projeto novo
tem a vantagem de possibilitar maiores modificações no sistema, comparativamente a um
existente, respeitando-se os aspectos econômico, gerencial e técnico do mesmo.
Foram verificadas todas as condições necessárias quanto aos controladores,
equipamentos, dispositivos, redes de comunicação, drivers e programas aplicativos para a
aquisição de todas as variáveis solicitadas. Todos os sinais solicitados foram disponibilizados
no campo e as devidas modificações foram realizadas para a aquisição dos mesmos.
Como o objetivo básico do projeto do sistema SCADA era a monitoração dos sistemas
elétricos e auxiliares da planta, todas as solicitações de monitoração tiveram que ser
atendidas.
6.4.3 A2 - Verificação dos dispositivos de campo
Todos os sensores e instrumentos de campo necessários foram instalados no campo.
As únicas variáveis consideradas críticas quanto ao tempo de resposta eram as
variáveis dos relés de proteção da subestação e dos painéis de média tensão. Para as demais
variáveis, o período de amostragem de 1 segundo seria suficiente.
126
6.4.4 A3 - Verificação do local da gravação do evento para cada variável de campo aquisitada
Todos os dados do sistema SCADA seriam concentrados nas bases de dados históricas
dos sistemas supervisórios numa resolução de 1 segundo. Os tempos de atraso não foram
calculados no projeto.
As variáveis mais críticas, que exigissem melhor resolução, seriam armazenadas nas
bases de dados históricas dos sistemas supervisórios (com resolução pior) e dos relés de
proteção inteligentes Multilin (com resolução melhor).
6.4.5 A4 - Análise das necessidades de resolução de tempo do sistema de gravação dos eventos
Não existe nenhum registro sobre a análise das necessidades de resolução de tempo do
sistema de gravação dos eventos no projeto SCADA do LTQ, indicando que esta etapa não foi
executada no desenvolvimento do mesmo.
A solicitação existente é a atualização dos valores das variáveis do sistema SCADA
em 1 segundo nas bases de dados dos sistemas supervisórios.
6.4.6 A5 - Análise das necessidades de sincronização dos relógios dos diferentes sistemas
No sistema SCADA existem duas bases de tempo para as bases de dados históricas:
• Base de tempo das bases de dados históricas dos relés Multilin da subestação -
Todos os relés Multilin da subestação estão sincronizados com a precisão de 1
milisegundo, para a análise da sequência de eventos de diferentes equipamentos;
127
• Base de tempo das bases de dados históricas dos relés Multilin do LTQ (exceto
subestação) e dos sistemas supervisórios - Todas as estações de operação e
manutenção da planta do LTQ e os relés Multilin (exceto subestação) estão
sincronizados na mesma base de tempo, para comparação dos dados históricos de
processo e do sistema elétrico.
6.4.7 A6 - Seleção da referência de data e hora e periodicidade de atualização
Foram selecionadas 3 referências de data e hora para a sincronização de diferentes
equipamentos:
• Servidor de processo do nível 3 – Este computador é o “mestre” da data e hora,
“servindo” a referência para todos os equipamentos da planta do LTQ;
• CLP ControlLogix – Este CLP “mestre” recebe a data e hora do servidor “mestre” e
fornece esta referência para os demais CLPs ControlLogix e relés Multilin (exceto
subestação) da planta;
• Sistema GPS – A referência de data e hora é recebida pelo receptor GPS e a
sincronização é realizada através da utilização do sinal IRIG-B nos relés Multilin da
subestação.
A resolução e a precisão dos principais equipamentos (21),(22),(23),(24) do sistema de
automação do projeto SCADA são apresentadas na Tabela 6.5.
128
Tabela 6.5 – Resolução e precisão dos relógios dos principais equipamentos do sistema SCADA
Equipamento Tipo Resolução do relógio Precisão do relógio SR750 e SR745 Relé de proteção 1 ms Com IRIG-B ± 1ms Sem IRIG-B ± 1min/mês
SR469 Relé de proteção 10 ms ± 1min/mês PQM Relé de proteção 10 ms ± 1min/mês
Estação de operação Computador Não verificado no projeto
Não verificado no projeto
CLP Controlador Não verificado no projeto
Não verificado no projeto
As referências de data e hora utilizadas e a periodicidade de atualização dos
equipamentos principais são apresentadas na Tabela 6.6.
Tabela 6.6 – Referências de data e hora e periodicidade de atualização
Referência de data e hora
Equipamentos sincronizados
Periodicidade de atualização
Horário de sincronização
Forma de sincronização
Servidor do nível 3 CLP 24 h 00:20:00
(HH:MM:SS)
Rede Ethernet através de mensagens enviadas pelo
servidory
CLPs CLPs 24 h 00:25:00 (HH:MM:SS)
Rede Ethernet com comandos Message
CLPs Estações de operação 24 h 00:30:00
(HH:MM:SS)
Rede Ethernet via script no supervisório
InTouch
CLPs Relés Multilin
do LTQ (exceto subestação)
10 min A cada 10 min Rede MODBUS com comandos broadcast
GPS Relés Multilin da subestação 1 ms A cada 1 s Rede com sinal
IRIG-B
A sincronização dos relógios é automática por grupo em todas as sincronizações
realizadas no sistema SCADA, exceto a do CLP sincronizado pelo servidor de processo do
nível 3, que é automática individual.
129
6.4.8 A7 - Seleção dos locais de armazenamento dos eventos
Os eventos foram armazenados nas bases de dados históricas dos seguintes
equipamentos:
• Relés de proteção Multilin da subestação – armazenamento de dados históricos
correpondentes aos últimos 30 dias com resolução de gravação de 1 ms e precisão de ±
1ms (com IRIG-B);
• Relés de proteção Multilin do LTQ (exceto subestação) – armazenamento de dados
históricos correpondentes aos últimos 30 dias com resolução de gravação de 1 ms e
precisão de ± 1 min/mês;
• Sistemas supervisórios – armazenamento de dados históricos correpondentes aos
últimos 60 dias com resolução de gravação de 1 segundo.
6.4.9 Soluções de sincronização adotadas no sistema SCADA do LTQ
Neste sistema de automação foram desenvolvidas, instaladas e testadas três
sincronizações:
• Sincronização 1 – Sincronização vertical envolvendo o servidor de data e hora do
nível 3, o gateway, o CLP, a estação de operação e os relés inteligentes de proteção;
• Sincronização 2 - Sincronização horizontal de CLPs e estações de operação;
• Sincronização 3 - Sincronização horizontal de relés de proteção inteligentes Multilin.
Estas sincronizações de relógios permitiram que diferentes bases de dados pudessem
ser comparadas numa mesma base de tempo.
130
6.4.9.1 Sincronização 1 – Vertical - Servidor de data e hora, gateway, CLP, sistema supervisório e relés inteligentes de proteção
O objetivo desta sincronização é a troca de dados entre o nível 3 e o sistema SCADA.
A troca de dados entre o servidor de processo do nível 3 (responsável pelo envio da
referência de data e hora) e o CLP SCADA do sistema RM (laminador desbastador) é
realizada através da rede Ethernet TCP/IP com a utilização de um gateway, devido à
incompatibilidade dos protocolos da camada de aplicação entre os dois equipamentos. Este
converte o protocolo da camada de aplicação utilizado pelo servidor de processo no protocolo
de aplicação do CLP ControlLogix da Rockwell.
Para o envio de dados do servidor de processo do nível 3 para o CLP SCADA RM,
temos os seguintes passos:
• Passo 1 - O servidor envia mensagens através da rede Ethernet em TCP/IP (plataforma
UNIX) para o gateway;
• Passo 2 – O gateway (plataforma Windows 2000) interpreta os dados recebidos e
converte os mesmos em dados no padrão de aplicação do CLP ControlLogix através
da utilização da biblioteca do software RSLinx da Rockwell;
• Passo 3 – O gateway escreve os dados enviados pelo servidor na base de dados do
CLP ControlLogix do sistema SCADA RM.
Para a leitura dos dados do CLP SCADA RM pelo computador central de processo,
temos os seguintes passos:
• Passo 1 - O gateway (plataforma Windows 2000) lê os dados especificados pelo
servidor na base de dados do CLP ControlLogix do sistema RM SCADA;
131
• Passo 2 - O gateway interpreta os dados aquisitados via Ethernet do CLP
ControlLogix através da utilização da biblioteca do software RSLinx e converte os
mesmos para mensagens em TCP/IP;
• Passo 3 - O gateway envia as mensagens em TCP/IP para o computador central de
processo (plataforma UNIX).
São enviados pelo computador de processo nível 3 para o CLP SCADA do sistema
RM (Laminador desbastador) os dados de data (no formato AAAAMMDD) e hora
(HHMMSS) diariamente às 00:20:00. É também enviado um sinal de verificação (live
message) a cada 5 segundos para checar se a conexão entre o computador de processo nível 3
e o CLP SCADA do sistema RM está ativa e funcionando corretamente.
O procedimento de envio da referência diariamente pelo computador de processo nível
3 (que já realiza o sincronismo de todos os CLPs TOSHIBA da planta) para o CLP
ControlLogix do sistema RM SCADA, permitiu o sincronismo da data e hora de todos os
CLPs ControlLogix da planta em diversas áreas (ETA – Estação de Tratamento de Água,
sistemas hidráulicos, sistema elétrico SCADA). Isto permitiu também o sincronismo das
estações de operação e dos relés de proteção inteligentes Multilin das respectivas áreas. Esta
sincronização é apresentada na Figura 34.
132
Figura 34 – Sincronização vertical no sistema SCADA
6.4.9.2 Sincronização 2 - Horizontal - CLPs e estações de operação
O sincronismo de data e hora efetuado entre o servidor de processo do nível 3 e o CLP
SCADA RM permite que todos os CLPs ControlLogix da planta do LTQ sejam sincronizados
através da realização de broadcast da referência pelo CLP SCADA RM para os demais CLPs.
Este broadcast (distribuição de data e hora para outros CLPs) é realizado através do envio de
comandos de mensagens (MESSAGE) via Ethernet para os CLPs a serem sincronizados. O
133
ajuste do relógio interno com a utilização da referência recebida é realizado por cada um dos
CLPs envolvidos. Esta sincronização é apresentada na operação 2 (em amarelo) da Figura 35.
O CLP de cada área é responsável pela referência da data e hora para a sincronização
das estações de operação correspondentes. Cada estação de operação executa um script do
InTouch diariamente para a leitura da data e hora no respectivo CLP ControlLogix e ajusta a
data e hora do sistema operacional Windows NT. Os sistemas supervisórios das estações de
operação em questão utilizam a data e hora do sistema operacional. Esta sincronização é
apresentada na operação 1 (em azul) da Figura 35.
134
Figura 35 – Sincronização horizontal no sistema SCADA
6.4.9.3 Sincronização 3 - Horizontal - Relés inteligentes de proteção Multilin
É realizado o sincronismo da data e hora de todos os relés de proteção inteligentes
Multilin da planta do LTQ.
Foi realizada a sincronização de data e hora dos relés Multilin da planta do LTQ
(exceto subestação) através da análise de documentação (manuais dos relés GE) e posterior
135
implementação de comandos de sincronismo de data e hora via rede MODBUS pelos CLPs
ControlLogix. Esta sincronização é apresentada na operação 3 (em verde) da Figura 35.
Os seguintes modelos de relés estavam envolvidos na sincronização:
• SR745 - gerenciamento de transformador;
• SR750 - gerenciamento de disjuntor;
• PQM - monitoração de energia;
• SR469 - gerenciamento de motores;
• F35 - gerenciamento de vários contatores e disjuntores.
Cada CLP SCADA realiza o sincronismo dos relés Multilin conectados fisicamente
via rede MODBUS ao mesmo através do envio de comandos específicos de sincronização de
data e hora (em protocolo MODBUS RTU) para cada relé conectado.Esta sincronização é
realizada a cada 10 minutos e permite o sincronismo das datas e horas de todos os relés
inteligentes Multilin da planta de Laminação de Tiras a Quente. Desta forma todos os dados
da base de dados histórica dos relés são sincronizados de forma a permitir a análise de dados
históricos na mesma referência de tempo para todos os relés.
Para os relés da subestação, a sincronização foi realizada através de um receptor GPS
(Global Positioning System) com saídas IRIG-B. Os relés da subestação foram conectados em
duas redes IRIG-B. Os relés sincronizavam a data e hora a cada 1 segundo em função de
pulsos enviados pelo receptor GPS através do sinal IRIG-B.
136
6.5 Etapa 3 – Eventos do sistema elétrico do LTQ
6.5.1 E1 - Exatidão dos eventos armazenados
Foi verificado que os dados de todas as variáveis definidas na etapa AUTOMAÇÃO
são gravados e armazenados com a exatidão de 1 segundo nas bases de dados históricas dos
sistemas supervisórios.
Não foram realizadas simulações dos sinais de campo. A verificação ocorreu com as
mudanças dos estados e valores das variáveis no campo devido ao funcionamento da planta.
6.5.2 E2 - Análise dos eventos
As bases de tempo das bases de dados históricas do sistema elétrico (centro de cargas e
transformadores) foram sincronizadas com as do sistema produtivo (forno de reaquecimento,
laminador desbastador, laminador de acabamento e bobinadeira).
Os dados históricos do sistema elétrico e do processo, disponibilizados na mesma base
de tempo, são comparados através da análise manual. É realizada a referência cruzada para a
verificação da sequência real da ocorrência de eventos numa parada do processo.
6.6 Resultados obtidos e conclusões
Os principais problemas detectados na implementação da sincronização das bases de
tempo do sistema SCADA foram:
• Não levar em consideração as necessidades de processo. As constantes de tempo do
processo não foram verificadas;
137
• As definições sobre a resolução de aquisição, gravação e armazenamento dos dados
não são baseadas nas reais necessidades do processo;
• Foco na sincronização dos relógios. O foco do sistema deveria ser no processo, ou
seja, na sincronização das bases de tempos das bases de dados históricas;
• Impossibilidade da validação da sincronização instalada, pois o desenvolvimento da
sincronização não seguiu um procedimento formal.
Neste estudo de caso percebe-se que:
• A sincronização de data e hora dos sistemas do chão de fábrica é complicada de ser
realizada, devido à diversidade e quantidade de equipamentos encontrados. Isto atesta
a importância de uma metodologia para tal finalidade no chão de fábrica;
• As sincronizações horizontal e vertical podem ocorrer de forma combinada,
originando uma sincronização “diagonal”;
• Necessidade da verificação das constantes de tempo do processo para a validação
formal do sistema de sincronização implementado. No caso da validação informal, não
haverá garantia de que o sistema esteja otimizado;
• Aplicabilidade da metodologia em sistemas de sincronização existentes.
No projeto, a sincronização das bases de tempo viabilizou a análise da seqüência de
eventos dos dados históricos de diferentes áreas da planta e conseqüentemente uma análise
histórica mais precisa em termos de causa e efeito dos problemas ocorridos. Esta análise
precisa conduz à realização de ajustes no sistema de controle de forma a evitar ou minimizar
novas ocorrências dos mesmos problemas, à diminuição do tempo de parada da linha de
produção e ao aumento de produtividade.
138
Viabilizou também a análise da seqüência de eventos dos dados históricos de
diferentes sistemas elétricos da planta. A análise da seqüência de eventos permite uma
verificação histórica mais precisa em termos de causa e efeito dos problemas ocorridos no
sistema elétrico e conduz à realização de ajustes na seletividade do sistema elétrico de forma a
evitar ou minimizar novas ocorrências dos mesmos problemas. Acarreta também a diminuição
do tempo de parada da linha de produção devido às falhas no sistema elétrico.
139
7 CONCLUSÕES FINAIS
Este trabalho de pesquisa consiste no desenvolvimento de uma metodologia para
aplicação na sincronização das bases de tempo de diferentes bases de dados históricas num
sistema de automação industrial.
Após a introdução apresentada no Capítulo Um, o Capítulo Dois apresenta e analisa as
funções, as especificações e a utilidade da estruturação hierárquica nos sistemas de automação
industrial. Esta visão estruturada dos sistemas facilita a análise integrada e coerente da
sincronização.
O Capítulo Três expõe os principais componentes de um sistema moderno de
automação. São apresentados os equipamentos, as especificações de software e de redes de
comunicação. Cada componente é localizado na pirâmide de automação, complementando a
visão macro proporcionada pela estruturação hierárquica com a visão detalhada de seus
componentes.
O Capítulo Quatro expõe as principais considerações sobre sincronização de bases de
tempo em sistemas de automação. Inicialmente são analisados a pirâmide de automação e os
equipamentos sob os aspectos da sincronização. Em seguida, o capítulo apresenta as formas
de referência de tempo.
O Capítulo Cinco apresenta a metodologia proposta. Esta é dividida em quatro etapas
que analisam os apectos de necessidades, de processo, de automação e de eventos. As quatro
etapas são detalhadas neste capítulo.
140
O Capítulo Seis apresenta a aplicação prática da metodologia proposta. É realizada a
análise e verificação da sincronização implementada no sistema SCADA de uma planta do
LTQ.
A metodologia se mostrou muito útil na análise e verificação do sistema existente,
apresentando o formalismo necessário para este tipo de atividade. Ela serviu de guia para a
análise.
Esta metodologia pode ser utilizada como uma ferramenta auxiliar na análise de
investimento para o desenvolvimento de sistemas de sincronização, pois permite analisar e
detectar as reais necessidades destes. Existe também o aspecto didático deste trabalho, que
pode ser utilizado como material complementar no estudo dos sistemas de automação
industrial.
Assim sendo, este trabalho de pesquisa acredita ter atingido os objetivos propostos
inicialmente que eram basicamente o de desenvolver uma metodologia de sincronização das
bases de tempo em sistemas de automação industrial e indicar novos estudos na área como:
• Aplicação da metodologia na fase de especificação de um sistema de sincronização;
• Otimização das bases de dados históricas para a execução de algoritmos de análise de
faltas elétricas e falhas de processo;
• Desenvolvimento de metodologias para a análise de outros aspectos dos sistemas de
automação industrial.
141
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