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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ FACULDADE ESTADUAL DE CIÊNCIAS E LETRAS DE CAMPO MOURÃO PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL A AUTONOMIA DO CONSELHO ESCOLAR: UMA GESTÃO DEMOCRÁTICA

A AUTONOMIA DO CONSELHO ESCOLAR: UMA GESTÃO DEMOCRÁTICA · Apresentação Este caderno intitulado A Autonomia do Conselho Escolar: Uma Gestão Democrática integra a atividade de

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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ

FACULDADE ESTADUAL DE CIÊNCIAS E LETRAS DE CAMPO MO URÃO

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL

A AUTONOMIA DO CONSELHO ESCOLAR: UMA GESTÃO DEMOCRÁTICA

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ

FACULDADE ESTADUAL DE CIÊNCIAS E LETRAS DE CAMPO MOURÃO

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL

ORGANIZAÇÃO: Profª Adenise Figueira Barbato Castro

A AUTONOMIA DO CONSELHO ESCOLAR: UMA GESTÃO DEMOCRÁTICA

MARINGÁ/2008

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ

FACULDADE ESTADUAL DE CIÊNCIAS E LETRAS DE CAMPO MOURÃO

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL

REVISÃO DE TEXTO: Profª Ms. Antonia Maria Bersanetti

CAPA PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO: Profª Adenise Figueira Barbato Castro

Apresentação...............................................................................................................6

Introdução.....................................................................................................................7

UNIDADE I

As Concepções de Organização e Gestão Escolar.....................................................9

Contribuições da Gestão Democrático-Participativa..................................................11

Princípios da Gestão Escolar Participativa................................................................13

A Gestão Democrática: um processo de aprendizado coletivo..................................17

O Diretor, o Conselho Escolar e a Gestão Democrática da Escola..........................19

Gestão Democrática na Legislação............................................................................20

UNIDADE II

O que é o Conselho Escolar.......................................................................................25

Normas de Funcionamento........................................................................................25

Composição................................................................................................................26

Objetivos do Conselho Escolar..................................................................................26

Processo de Escolha dos Membros...........................................................................27

Como é Constituído o Conselho Escolar....................................................................28

Principais Atribuições do Conselho Escolar...............................................................28

Atribuições do Presidente do Conselho.....................................................................29

Atribuições dos Conselheiros.....................................................................................30

Funções do Conselho Escolar....................................................................................30

UNIDADE III

Como Organizar o Conselho Escolar........................................................................33

Organizando a Eleição dos Representantes do Conselho Escolar............................33

Organização das Reuniões do Conselho Escolar......................................................35

As Atas das Reuniões................................................................................................37

Representatividade: Propostas para Encontro dos Segmentos...............................38

Importância da Comunicação.....................................................................................39

Avaliando o Trabalho do Conselho Escolar...............................................................40

Referências................................................................................................................41

Introdução

A gestão democrática em nossas escolas é uma experiência relativamente nova e

para sua concretização exige-se, entre outras coisas, a criação de espaços

institucionais de participação propícios para que novas relações entre os diversos

segmentos escolares possam acontecer.

Nesse sentido, o Conselho Escolar surge como um desses espaços que, juntamente

com outras instâncias colegiadas, desempenham um papel importante no exercício

da prática democrática, uma vez que reúne todos os segmentos da comunidade

escolar com o propósito de discutir, definir e acompanhar o desenvolvimento do

Projeto Político-Pedagógico da escola.

Considerando que o Conselho Escolar deve configurar-se como co-responsável

pelas atividades que se desenvolvem no interior da escola é que entendemos ser

necessário realizar uma contextualização dessa instância colegiada, procurando

conceituá-la no cotidiano da escola para que possa subsidiar a efetivação de um

entendimento em que o Conselho possa ser visto como um grande aliado na

concretização de uma gestão democrática onde todos os envolvidos possam

assumir juntos os compromissos com a educação.

Ao longo das unidades, vamos refletir sobre a importância desse envolvimento para

a efetivação de uma gestão democrática e participativa, que busque cotidianamente

a construção da autonomia da escola.

Pretendemos finalmente demonstrar que o fortalecimento do Conselho Escolar

apresenta-se como uma proposta valiosa que visa envolver os diferentes segmentos

escolares e a comunidade local na construção de uma educação de qualidade,

possibilitando sempre um aprendizado coletivo e um processo de gestão em que a

divisão de poder e de responsabilidade realmente aconteça.

Apresentação

Este caderno intitulado A Autonomia do Conselho Escolar: Uma Gestão Democrática

integra a atividade de idealização do material didático previsto para o segundo

período do Programa de Desenvolvimento Educacional - PDE designado como

Produção Didático-Pedagógica. É resultado do estudo de materiais riquíssimos

como os cadernos que embasam o Programa Nacional de Fortalecimento dos

Conselhos Escolares e de autores como Libâneo, Paro, Melo e Antunes, além da

legislação educacional vigente. Com o propósito de discutir e aprofundar os

conhecimentos sobre a temática o caderno está estruturado em três unidades.

Na Unidade I, abordamos sobre a gestão democrática realizando uma breve

apresentação sobre a participação e a gestão escolar como uma conquista e como

um exercício que vai refletir no surgimento e na concretização de novas formas de

gestão que certamente não será autoritária, burocrática e hierarquizada.

Na Unidade II tratamos especificamente sobre o Conselho Escolar primeiramente

procurando definir o que é o Conselho Escolar e a seguir especificando os aspectos

relacionados às normas de funcionamento, a composição, os objetivos, o processo

de escolha dos membros, a constituição do Conselho Escolar, as principais

atribuições do presidente e dos conselheiros, as funções e a organização do

Conselho Escolar.

Na Unidade IIII apresentamos algumas sugestões de como conduzir a organização

propriamente dita do Conselho Escolar, para isso utilizamos como subsídio o livro

“Aceita um Conselho? Como Organizar o Colegiado Escolar” da autora Ângela

Antunes .

UNIDADE I

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As Concepções de Organização e Gestão Escolar

O estudo da escola como organização de trabalho não é recente, inicialmente esses

estudos ocorreram no âmbito da Administração Escolar.

Nessa área alguns estudiosos apontaram várias abordagens com o intuito de

perceber e explicar toda a dinâmica que envolve o termo administração, entre os

quais Frederick W.Taylor, nos Estados Unidos, e Henry Fayol, na França, nos

legaram os seus estudos e as suas abordagens teóricas. Eles desenvolveram os

primeiros trabalhos pioneiros da administração, embora existam entre eles

diferenças significativas.

Taylor, consagrado o pai da administração científica, realizou seus estudos a partir

da observação e análise do trabalho do operário. Considerando que uma boa

administração era aquela que conseguisse o máximo de produtividade ao menor

custo, propõe a substituição do empirismo por uma atitude metódica, em que tudo

na produção é planejado cientificamente, com vista a atingir o máximo de eficácia.

Este modelo aposta altamente na especialização dos funcionários, que devem

executar uma única tarefa e utilizar os instrumentos e métodos considerados mais

eficazes, e no estudo de todos os movimentos e tempos, com vista à eliminação do

desperdício de esforço humano e à economia de tempo.

Ao contrário do americano, Fayol vê a organização da gestão “por cima”, ou seja,

coloca a tônica na Administração, a quem atribui funções de previsão, organização,

comando, coordenação e controle. As funções administrativas não são, porém,

exclusividade dos níveis superiores hierárquicos da empresa, distribuindo-se sim

proporcionalmente por todos. Considera-se, contudo, que a capacidade

administrativa aumenta quanto mais se sobe na cadeia hierárquica. A estrutura e a

hierarquização assumem nesta teoria um papel preponderante, e a fim de assegurar

o seu bom funcionamento, Fayol estabelece um leque de regras e condições, a que

chamou de princípios. As concepções que marcaram essa fase aproximam a

organização escolar de uma organização empresarial.

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O caminho que as teorias das organizações percorreram até chegar à teoria de

administração/gestão foi longo, no entanto podemos ainda detectar vestígios das

teorias de Fayol e de Taylor.

Com base nos estudos existentes no Brasil sobre a organização e gestão escolar e

nas experiências levadas a efeito nos últimos anos Libâneo (2001) refere-se a três

concepções de organização e gestão escolar: a técnico-científica (ou funcionalista),

a autogestionária e a democrático – participativa. Vejamos a seguir como o autor

define cada uma dessas concepções.

Técnico-científica – caracteriza-se pela hierarquia dos cargos e funções e

fundamenta-se nos princípios da administração empresarial. Esse tipo de

administração também é marcado pela especialização das tarefas, pelo poder

centralizado na figura do diretor, pela preocupação com o cumprimento de normas e

no controle das atividades, pela prioridade nas tarefas pré-estabelecidas em

detrimento das pessoas. O autor denomina essa concepção como gestão da

qualidade total.

Ainda sobre essa questão Melo (1999) afirma que a tese da qualidade total propõe a

aplicação da fórmula da gestão empresarial, em que a busca por resultados, o

pragmatismo pedagógico, a eficiência e a eficácia evidenciam a competitividade

como método e a busca pelo sucesso individual como regra.

Autogestionária – fundamenta-se no trabalho coletivo, nas ações como fruto das

decisões de todos os segmentos que compõem a comunidade escolar. Portanto,

esse tipo de gestão é marcado por acentuada participação de todos os membros da

instituição e dá ênfase às relações entre as pessoas em detrimento das tarefas. O

poder é o coletivo da escola e visa à preparação de formas de autogestão no plano

político. É também marcado pela acentuação da responsabilidade coletiva e pela

recusa às normas pré-estabelecidas. Como podemos ver, esse modelo de gestão

caracteriza-se pela ausência do poder centralizado na escola e pela experiência

democrática, com vistas à conquista e à expansão da mesma experiência na

sociedade.

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Democrático-participativa – essa concepção é marcada pela busca de objetivos

comuns como responsabilidade de todos que fazem a escola. Está presente nesse

tipo de gestão a busca de relações solidárias e de formas participativas; entretanto,

também valoriza a organização interna cujo principal instrumento é o planejamento

participativo.

Nesse sentido, é possível perceber que os três modelos de gestão aqui

mencionados buscam refletir posições políticas e concepções de homem e de

sociedade, pois o modelo técnico-científico fundamenta-se no poder exercido

verticalmente, determinando normas e funções, exercendo o controle sobre o

trabalho e, contribuindo para diminuir a capacidade de pensar dos sujeitos

escolares. Já os outros dois modelos se assemelham em alguns pontos, tais como:

a valorização do trabalho e organização da escola como fruto das decisões

coletivas. Diferem-se, entretanto, sobre o entendimento das relações de poder no

interior da escola.

Contribuições da Gestão Democrático-Participativa

A concepção democrático-participativa baseia-se na relação orgânica entre direção

e a participação do pessoal da escola. Acentua a importância da busca de objetivos

comuns assumidos por todos.

É importante ressaltar que essa concepção defende uma forma coletiva em que as

decisões são realizadas coletivamente e discutidas publicamente. O ponto

importante nessa concepção é que uma vez tomadas as decisões, cada membro

assume a sua responsabilidade na atividade a ser desenvolvida, admite-se a

coordenação e a avaliação sistemática da operacionalização das decisões,

respeitando-se as diferenças entre as funções e os saberes. Os objetivos comuns

são assumidos por todos os envolvidos na organização educacional (direção,

professores, funcionários, alunos, pais, comunidade, etc.) Esta forma de gestão não

exclui a presença de elementos objetivos, a forma de poder externa e interna, a

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estrutura organizacional, e os próprios objetivos sociais e culturais definidas pela

sociedade e pelo Estado.

Compreende a organização como uma construção social, a partir da experiência

subjetiva e cultural das pessoas, essa construção não é um processo livre e

voluntário, mas mediatizado pela realidade sociocultural e política mais ampla.

Apesar de buscar formas solidárias e participativas essa concepção valoriza os

elementos internos do processo organizacional tais como: planejamento,

organização, gestão, direção, avaliação, responsabilidades individuais, ação

organizacional coordenada e supervisionada.

É importante ressaltar que uma característica importante desta forma de gestão se

dá pelo fato da gestão ser participativa e ao mesmo tempo ter a gestão da

participação.

Ainda sobre essa concepção é imprescindível ressaltar que ela valoriza a

participação da comunidade escolar na tomada de decisão, vê a docência como

trabalho interativo, aposta na construção coletiva dos objetivos e funcionamento da

escola, por meio do diálogo e do consenso.

Um aspecto importante a se destacar nessa forma de gestão é que ela não diminui a

importância e a autoridade dos gestores, mas sim, reforça a importância do papel

dos mesmos numa prática competente e de grande relevância social.

Tanto a concepção autogestionária quanto a democrático-participativa valoriza o

trabalho coletivo, enfatizando a participação de todos nas decisões, porém,

apresentam entendimentos diferentes referente às relações de poder dentro da

escola, como vimos anteriormente.

Segundo o autor a participação significa a intervenção dos profissionais da

educação e dos usuários (alunos e pais) na gestão da escola. Apresenta dois

sentidos de participação: o primeiro sentido vê a participação como meio de

conquista da autonomia da escola, dos professores, dos alunos, constituindo-se

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como prática formativa, elemento pedagógico, metodológico e curricular e o segundo

sentido entende a participação como um processo organizacional em que os

profissionais e usuários da escola compartilham, institucionalmente, certos

processos de tomada de decisões.

No segundo sentido podemos verificar que a escola deixa de ser um lugar fechado e

separado da realidade, para conquistar o status de uma comunidade educativa que

interage com a sociedade como um todo. Essa interação faz com que os pais,

professores e alunos aprendam a se sentir responsáveis pelas decisões que os

afetam num âmbito mais amplo da sociedade.

Enfim, a forma de gestão democrático-participativa, tem como objetivos promover

ações participativas e transparentes, em que todos dirigem e são dirigidos, todos

avaliam e são avaliados. Ela motiva a gestão participativa e objetiva a gestão da

participação.

Princípios da Gestão Escolar Participativa

Para melhor compreensão da gestão democrático - participativa apresentamos a

seguir de forma sintetizada alguns dos princípios citados por Libâneo com uma

ênfase maior no princípio da autonomia.

O primeiro princípio denominado autonomia é a base da concepção democrático-

participativa. Quando falamos em autonomia, estamos defendendo que a

comunidade escolar tenha um grau de independência e liberdade para

coletivamente, pensar, discutir, planejar, construir e executar seu projeto político-

pedagógico, ou seja, entendemos a autonomia e a gestão como espaços articulados

de construção diária e, portanto, resultado do envolvimento de todos no

partilhamento do poder e no compromisso com o aprendizado político desse

processo que se realiza na construção das várias formas de participação.

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Desta forma a escola através da autonomia pode traçar seu próprio caminho

envolvendo professores, alunos, funcionários, pais e comunidade como co-

responsáveis pelo sucesso de seu trabalho.

A autonomia da escola significa, desta forma a possibilidade de construção coletiva

de um projeto político-pedagógico que esteja de acordo com a realidade da escola, e

que expresse o projeto de educação almejado pela comunidade.

Para melhor compreensão da importância, limites e possibilidades da autonomia da

escola o caderno sete do Programa de Fortalecimento dos Conselhos Escolares

apresenta quatro dimensões fundamentais da autonomia que são: administrativa,

financeira, jurídica e pedagógica.

A autonomia administrativa consiste na possibilidade da escola elaborar e gerir seus

planos, programas e projetos. A autonomia administrativa da escola evita que esta

seja submetida a uma administração na qual as decisões a ela referentes sejam

tomadas fora dela e por pessoas que não conhecem a sua realidade, contribuindo

desse modo para que a comunidade escolar possa, por meio da vivência de um

processo democrático e participativo, romper com a cultura centralizadora e pouco

participativa em que têm sido elaborados os projetos e efetivadas as tomadas de

decisões.

Vale ressaltar, que a autonomia é sinônimo de responsabilidade individual e coletiva.

Dessa forma, ter autonomia administrativa significa também não esquecer que a

escola está inserida num processo que envolve relações internas e externas, o

sistema educativo e a comunidade escolar. A autonomia administrativa cria várias

possibilidades, dentre elas, a constituição dos Conselhos Escolares e a construção,

aprovação e efetivação do projeto de gestão.

Quanto à autonomia financeira podemos dizer que a mesma refere-se à existência e

a utilização de recursos financeiros capazes de dar à instituição educativa condição

de funcionamento efetivo. Vincula-se à existência de ajuste de recursos financeiros

para que a escola possa efetivar seus planos e projetos, podendo ser total ou

parcial. É total, quando à escola é dada a responsabilidade de administrar todos os

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recursos a ela repassados pelo poder publico, e é parcial quando a escola tem a

incumbência de administrar apenas parte dos recursos, ficando o órgão central do

sistema educativo responsável pela gestão de pessoal e pelas despesas de capital.

Essa autonomia ainda deve possibilitar que a escola elabore e execute seu

planejamento, planeje e execute suas atividades sem ter que recorrer a outras

fontes de receita, tendo o acompanhamento e fiscalização dos órgãos internos e

externos competentes.

Relacionado à questão da autonomia financeira podemos destacar alguns

Programas Federais que direcionam recursos para a escola e que devem ser

gerenciados pela equipe gestora da escola, Conselho Escolar, Grêmio Estudantil e

outros. São eles: Programa Nacional de Transporte Escolar, Programa Nacional do

Livro Didático–PNLD, Programa Nacional Biblioteca da Escola – PNBE, Programa

Dinheiro Direto na Escola - PDDE.

A autonomia jurídica possibilita que as normas de funcionamento sejam discutidas

coletivamente e façam parte do regimento escolar elaborado pelos segmentos

envolvidos na escola e não por um regimento único, de todas as instituições que

fazem parte da rede de ensino.

Outra forma de autonomia é a pedagógica da escola e está estreitamente ligada à

identidade, à função social, à clientela, à organização curricular, à avaliação, bem

como os resultados, e, portanto, à essência do projeto político-pedagógico da

escola.

Pode-se perceber a importância de se compreender as dimensões da autonomia e o

quanto elas são articuladas entre si. Essa ênfase na autonomia da escola não é

aleatória; está pautada na crença de que cada escola tem suas especificidades e,

como tal, requer projetos e ações pensadas e elaboradas no seu interior e pelos

segmentos que a compõem.

O segundo princípio diz respeito à relação orgânica entre a direção e a participação

dos membros da equipe escolar. Nesse princípio conjuga-se a responsabilidade e

compartilhamento da direção, a forma participativa de gestão e a responsabilidade

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individual de cada membro da equipe escolar. Nessa relação o diretor coordena,

mobiliza, motiva, lidera, delega responsabilidades aos membros da equipe escolar

de acordo com suas atribuições específicas, presta contas e avalia com a equipe as

decisões tomadas pelo coletivo.

O terceiro princípio é o envolvimento da comunidade no processo escolar. Esse

princípio exige vínculos mais estreitos com a comunidade educativa principalmente

com os pais, as entidades e organizações paralelas à escola. Os pais e outros

representantes da comunidade participam das decisões da escola através das

instâncias colegiadas. Esse envolvimento da comunidade nos processos decisórios

da escola dá respaldo aos diretores.

O quarto princípio é o planejamento das tarefas e diz respeito à necessidade de uma

ação racional, estruturada e organizada das ações da escola. O plano de ação ou o

projeto pedagógico torna-se o instrumento unificador das atividades da escola,

convergindo na sua execução o interesse e o esforço coletivo dos membros da

escola.

O quinto princípio trata sobre a formação continuada para o desenvolvimento

pessoal e profissional dos integrantes da comunidade escolar. A concepção

democrático - participativa valoriza o desenvolvimento pessoal, qualificação

profissional e a competência técnica. A escola é considerada um espaço educativo,

um lugar de aprendizagem em que todos podem e devem participar das suas

decisões e também desenvolver sua profissionalidade. Essa forma de gestão requer

aperfeiçoamento político, profissional, cientifico e pedagógico de todos os envolvidos

no processo educacional.

Outro princípio interessante de se destacar é a avaliação compartilhada, uma vez

que as decisões e organização da escola precisam ser acompanhadas e avaliadas

pela equipe escolar e não somente pelo diretor isoladamente, tendo em vista os

objetivos básicos da escola.

Nossa pretensão ao apresentar essas considerações a respeito da gestão

democrático-participativa é que os gestores educacionais tenham a oportunidade de

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refletir e analisar qual a sua atuação frente à proposta da gestão democrático-

participativa, e reconhecer se a mesma é uma utopia ou uma realidade em sua

trajetória profissional e no seu compromisso social.

A Gestão Democrática: Um Processo de

Aprendizado Coletivo Para que o processo de democratização dos sistemas de ensino e da escola

aconteça alguns requisitos como o aprendizado e a vivência do exercício de

participação e a tomada de decisões são necessários. Trata-se, pois de um

processo construído coletivamente e que considera a especificidade e a

possibilidade histórica de cada sistema de ensino e de cada escola. Esse processo

não se efetiva por decretos, portarias ou resolução, mas resulta da concepção de

gestão e participação que temos.

Nesse processo “a definição da concepção e, portanto, do alcance e da natureza

política e social da gestão democrática que se quer implementar é fundamental para

a efetivação ou não dos processos de participação e gestão” (Brasil, 2007, p.24).

Quando se busca construir na escola o processo de participação que tem como

base a cooperação, o trabalho coletivo e o partilhamento do poder torna-se

imprescindível exercitar a pedagogia do diálogo, do respeito às diferenças, da

liberdade de expressão, a vivência da democracia, a serem efetivados no cotidiano

em busca da construção de projetos coletivos.

Desta forma a gestão da escola se traduz como um ato político que implica uma

tomada de decisão dos diversos segmentos nela envolvidos. A sua construção não

pode ser individual, mas sim coletiva envolvendo os diversos atores na tomada de

decisões.

Para que ocorra a tomada de decisão partilhada alguns mecanismos de participação

são necessários, tais como: o aprimoramento dos processos de provimento ao cargo

de diretor, a criação e consolidação de órgãos colegiados na escola, o

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fortalecimento da participação estudantil por meio dos grêmios estudantis, a

construção coletiva do projeto político-pedagógico da escola, entre outros.

A construção da educação democrática se efetiva por meio da garantia de novas

formas de organização e gestão, pela implementação de mecanismos de

distribuição do poder, que se torna possível a partir da participação ativa das

pessoas na vida pública.

Para que a gestão democrática saia do papel e passe para uma prática faz-se

necessário apontar caminhos que possibilitem a ampliação da teoria e da prática.

- A comunidade deve ser participativa na escola, isto é, não se omitir em fazer

colocações ou dar opiniões, que devem ser aceitas, tão logo tenha fundamentos,

sejam teóricas ou práticas.

- A gestão escolar deve ser feita de forma que todos se sintam à vontade ao

participar, pois uma gestão autoritária não vai de encontro com a democracia

escolar.

- O educador deve estar sempre em constante busca pelo aprimoramento de seus

conhecimentos, para que possa atuar com segurança favorecendo um ensino-

aprendizagem de qualidade.

- Para que a gestão democrática se efetive nas escolas públicas é necessário antes

de tudo uma conscientização de toda a comunidade escolar, a respeito do que é e

como se faz gestão democrática na escola.

Faz-se necessário destacar, no entanto, que a participação da comunidade no

interior da escola não pode e nem deve ser entendida sob a ótica de que com isso o

Estado estaria desobrigado de cumprir com suas obrigações perante a instituição.

Por fim, a gestão democrática da escola pública pode ser vista e articulada com os

interesses dos trabalhadores, pois a participação dessa classe nos processos

decisórios e nas discussões realizadas no seio da escola sobre a educação que lhe

interessa contribui para a formação e a ampliação de concepção de mundo e para a

conquista cada vez mais aprimorada da cidadania na atualidade.

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O Diretor, o Conselho Escolar e a Gestão Democrática da Escola

Referente a essa relação entre o diretor o Conselho Escolar e a gestão democrática

encontramos no caderno cinco do Programa Nacional de Fortalecimento dos

Conselhos Escolares um texto que apresenta de forma clara essa relação e diz o

seguinte: [...] Em uma unidade escolar, normalmente, o diretor assume o papel de

coordenador das atividades gerais da escola e, nesse sentido, assume um conjunto

de responsabilidades a serem partilhadas com os diferentes segmentos da escola.

Há alguns anos, o diretor centralizava em suas mãos a tomada de decisões e pouco

partilhava com a comunidade local e escolar. A complexidade das tarefas de gestão

e organização da escola, o avanço teórico-prático da educação e de sua gestão, a

democratização das relações escolares e a rediscussão das formas de escolha dos

diretores começam a interferir nessa lógica tradicional de gestão.

Isso quer dizer que a organização e a gestão da escola passam a ser assunto dos

diferentes segmentos que compõem a comunidade local e escolar. Nesse cenário,

questões como avaliação educacional, planejamento escolar, calendário, projeto

político-pedagógico, eleições, festas e muitas outras atividades e decisões contam

com a participação cada vez maior dos pais, dos estudantes, dos professores, dos

funcionários, entre outros.

Essas mudanças acarretam a necessidade de se pensar o processo de organização

e os mecanismos de participação na escola e, ainda, de estruturar a gestão com a

participação de outros membros além do diretor. Nessa direção, algumas escolas

passam a ter uma equipe gestora, trabalham coletivamente com o diretor, buscando

soluções e alternativas para melhorar o funcionamento das escolas.

A partir dessa perspectiva precisa-se adotar e acreditar que o diretor é uma

liderança a serviço dos interesses da comunidade escolar; assim como os

pedagogos e diretores detêm um conhecimento específico, os professores também

o têm e é exatamente a junção desse trabalho e esforço coletivo é que promoverá a

mudança; a escola precisa conhecer os interesses e anseios dos alunos, pais e

20

comunidade para atendê-los; os indivíduos precisam assumir e incorporar o

compromisso com o cumprimento de suas atividades, sem que alguém lhes chame

atenção; a acomodação e os interesses pessoais devem dar lugar ao sentido

coletivo da avaliação e da autocrítica frente às ações educativas e ao cumprimento

de um projeto pedagógico construído coletivamente.

Muitas escolas também têm experimentado o fortalecimento do Conselho Escolar

como espaço de decisão e deliberação das questões pedagógicas, administrativas,

financeiras e políticas da escola. Ou seja, essas escolas veem o Conselho Escolar

como um grande aliado na luta pelo fortalecimento da unidade escolar e pela

democratização das relações escolares.

Referente à relação diretor e Conselho Escolar Paro (2001) afirma que:

Integrado o conselho numa política mais ampla da gestão escolar, parece que outra importante questão a ser enfrentada refere-se à necessidade de uma definição mais precisa de suas funções, dotando-o de atribuições e competências que o tornem co-responsável pela direção da escola, sem provocar choque de competências com o diretor [...]. Uma solução que se poderia imaginar para essa questão é a de dotar o conselho de escola de funções diretivas, semelhantes às que tem hoje o diretor. Dessa forma, o responsável último pela escola deixaria de ser o diretor, passando a ser o próprio conselho, em co-responsabilidade com o diretor, que dele também faz parte. A vantagem desse tipo de solução é que o conselho, na condição de entidade coletiva, fica menos vulnerável, podendo tomar medidas mais ousadas, sem que uma pessoa, sozinha corra o risco de ser punida pelos escalões superiores. Supõe-se que, assim, o dirigente da escola (o conselho) detenha maior legitimidade e maior força política, posto que representa todos os setores da escola. Seu poder de barganha e sua capacidade de pressão, para reivindicar benefícios para a escola, seriam, também, superiores ao do diretor isolado (PARO, 2001, p.82-83).

Gestão Democrática na Legislação

Do ponto de vista da organização e gestão, o atual sistema brasileiro de ensino é

resultado de mudanças importantes no processo de reforma do Estado e fruto de

alterações introduzidas em 1988 pela Constituição da Republica Federativa do

Brasil, em 1996 pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e em 2001

pelo Plano Nacional de Educação (PNE).

Essas conquistas representaram e ainda representam um grande passo para a

democracia nas escolas.

21

Apresentamos a seguir como subsídio alguns aspectos legais importantes cuja

existência e conteúdos devem ser do conhecimento dos membros do Conselho

Escolar:

CONSTITUIÇÃO FEDERAL - CF/88:

Art. 206: O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:

VI – gestão democrática do ensino público, na forma da Lei.

LDB 9394/96 - Lei Nº 9.394/96 DE 20 DE DEZEMBRO DE 1996 – estabelece as

diretrizes e bases da educação nacional

Art. 3º: O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:

VIII – gestão democrática do ensino público, na forma desta Lei e da legislação dos

sistemas de ensino.

Art. 14 : Os sistemas de ensino definirão as normas de gestão democrática do

ensino público na educação básica de acordo com suas peculiaridades, conforme os

seguintes princípios:

I – participação dos profissionais da educação na elaboração da proposta

pedagógica;

II – participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou

equivalentes.

Art. 15 : Os sistemas de ensino assegurarão às unidades escolares públicas de

educação básica que os integram progressivos graus de autonomia pedagógica e

administrativa e de gestão financeira.

PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO – LEI Nº. 10.172:

O Plano Nacional de Educação, sonho inserido na Constituição de 1934 pelos

Pioneiros da Educação Nova e retomado na Constituição de 1988, foi instituído pela

Lei n. 10.172 de nove de janeiro de 2001, como resultado de intensa participação

22

dos educadores em sua defesa e elaboração. O PNE, seguindo o princípio

constitucional e a diretriz da LDB, define entre seus objetivos e prioridades:

“(...) a democratização da gestão do ensino público, nos estabelecimentos oficiais, obedecendo aos princípios da participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola e a participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes”.

DELIBERAÇÃO 16/99, CEE/PR:

Art. 4. ° - A comunidade escolar é o conjunto constituído pelos corpos docente e

discente, pais de alunos, funcionários e especialistas, todos protagonistas da ação

educativa em cada estabelecimento de ensino.

§ Único: A organização institucional de cada um desses segment os terá seu

espaço de atuação reconhecido pelo regimento escolar.

Art. 5. ° - A Direção Escolar tem como principal atribuição coordenar a elaboração e

a execução da proposta pedagógica, eixo de toda e qualquer ação a ser

desenvolvida pelo estabelecimento.

Art. 6.º - A gestão escolar da escola pública, como decorrência do princípio

constitucional da democracia e colegialidade, terá como órgão máximo de direção

um colegiado.

§ 1.º - O órgão colegiado de direção será deliberativo, consultivo e fiscal, tendo

como principal atribuição estabelecer a proposta pedagógica da escola, eixo de toda

e qualquer ação a ser desenvolvida no estabelecimento de ensino.

§ 2.º O órgão colegiado de direção será constituído de acordo com o princípio da

representatividade, devendo abranger toda a comunidade escolar, cujos

representantes nele terão, necessariamente, voz e voto.

§ 3.º Poderão participar do órgão colegiado de direção representantes dos

movimentos sociais organizados, comprometidos com a escola pública,

assegurando-se que sua representação não ultrapasse 1/5 (um quinto) do colegiado.

23

Todos esses textos devem estar disponíveis para a consulta dos membros do

colegiado e outros membros da comunidade interna e externa da escola.

24

UNIDADE II

25

O que é o Conselho Escolar

O Conselho Escolar é um órgão colegiado, representativo da Comunidade Escolar,

que tem como atribuição deliberar sobre a organização e realização do trabalho

pedagógico e administrativo da instituição escolar em conformidade com as políticas

e diretrizes educacionais da Secretaria Estadual de Educação - SEED, observando a

Constituição Federal, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB, o

Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA, o Projeto Político-Pedagógico e o

Regimento da instituição, para o cumprimento da função social e específica da

escola. É concebido, enquanto um instrumento de gestão colegiada e de

participação da comunidade escolar, numa perspectiva de democratização da escola

pública, constituindo-se como órgão máximo de direção do Estabelecimento de

Ensino.

Normas de Funcionamento

O Conselho Escolar deverá se reunir periodicamente, conforme a necessidade da

escola, para encaminhar e dar continuidade aos trabalhos aos quais se propôs; a

função do membro do Conselho Escolar não será remunerada por se tratar de órgão

sem fins lucrativos. Além das reuniões, recomendam-se também assembleias-

gerais, com a participação de todos os segmentos da comunidade escolar.

Essas assembleias são soberanas em suas decisões, ou seja, qualquer deliberação

em contrário só terá validade se novamente apresentada e referendada por outra

assembleia-geral. Tanto as assembleias quanto as reuniões do Conselho Escolar

devem ser realizadas em primeira convocação, com maioria dos representantes

(metade mais um), ou em segunda votação, trinta minutos após com um terço de

seus membros, sendo todas as discussões, votações e decisões registradas em

atas, que serão lidas, aprovadas, assinadas e colocadas à disposição da

comunidade escolar.

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Composição

Todos os segmentos existentes na comunidade escolar deverão estar

representados no Conselho Escolar: a direção da escola e a representação dos

estudantes, dos pais ou responsáveis pelos estudantes, dos professores, dos

trabalhadores em educação não-docentes e da comunidade local.

De acordo com o princípio da representatividade que abrange toda a comunidade

escolar, terá assegurada na sua constituição a paridade (número igual de

representantes por segmento) e a seguinte proporcionalidade:

I – 50% (cinqüenta por cento) para a categoria profissionais da escola: professores,

equipe pedagógica e funcionários;

II - 50% (cinqüenta por cento) para a categoria comunidade atendida pela escola:

alunos, pais de alunos e movimentos sociais organizados da comunidade.

Como órgão colegiado o Conselho Escolar toma decisões coletivas. Ele só existe

enquanto está reunido. Ninguém tem autoridade especial fora do colegiado só

porque faz parte dele.

Objetivos do Conselho Escolar

Dentre os objetivos podemos citar os enumerados no Artigo 13 do Estatuto do

Conselho Escolar:

- realizar a gestão escolar numa perspectiva democrática, contemplando o coletivo,

de acordo com as propostas educacionais contidas no Projeto Político-Pedagógico

da Escola;

- constituir-se em instrumento de democratização das relações no interior da escola,

ampliando os espaços de efetiva participação da comunidade escolar nos processos

decisórios sobre a natureza e a especificidade do trabalho pedagógico escolar;

- promover o exercício da cidadania no interior da escola, articulando a integração e

a participação dos diversos segmentos da comunidade escolar na construção de

uma escola pública de qualidade, laica, gratuita e universal;

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- estabelecer políticas e diretrizes norteadoras da organização do trabalho

pedagógico na escola, a partir dos interesses e expectativas histórico-sociais, em

consonância com as orientações da SEED e a legislação vigente;

- acompanhar e avaliar o trabalho pedagógico desenvolvido pela comunidade

escolar, realizando as intervenções necessárias, tendo como pressuposto o Projeto

Político-Pedagógico da escola;

- garantir o cumprimento da função social e da especificidade do trabalho

pedagógico da escola, de modo que a organização das atividades educativas

escolares esteja pautada nos princípios da gestão democrática.

Processo de Escolha dos Membros

A escolha dos membros do Conselho deve-se pautar pela possibilidade de efetiva

participação, representatividade, disponibilidade e compromisso.

Os representantes do Conselho Escolar serão escolhidos entre seus pares, para um

mandato de dois anos, admitindo-se uma única reeleição consecutiva, mediante

processo eletivo, de cada segmento escolar, garantido a representatividade de todos

os níveis e modalidades de ensino.

Havendo segmento(s) composto(s) por um só funcionário, esse será

automaticamente Conselheiro, devendo tal condição ser observada na ata de posse.

No ato de eleição, para cada membro será eleito também, um suplente. A eleição

dos representantes dos segmentos da comunidade escolar que integrarão o

Conselho Escolar deverá ocorrer mediante votação direta e secreta e o seu

resultado será lavrado em ata.

Como é Constituído o Conselho Escolar

O Conselho Escolar, de acordo com o princípio da representatividade e

proporcionalidade, é constituído pelos seguintes conselheiros:

a) diretor;

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b) representante da equipe pedagógica;

c) representante do corpo docente (professores);

d) representante dos funcionários administrativos;

e) representante dos funcionários de serviços gerais;

f) representante do corpo discente (alunos);

g) representante dos pais de alunos;

h) representante do Grêmio Estudantil;

i) representante dos movimentos sociais organizados da

comunidade (APMF, Associação de Moradores, Igrejas, Unidades

de Saúde,).

Principais Atribuições do Conselho Escolar

De acordo com o primeiro caderno do Programa de Fortalecimento dos Conselhos

Escolares do MEC, a primeira atribuição do conselho escolar deve ser a elaboração

do Regimento Interno do próprio conselho escolar. É ele que define ações

importantes, como: calendário de reuniões, substituição de conselheiros, condições

de participação dos suplentes, processos de tomada de decisões. Num segundo

momento, deve-se partir para elaboração, discussão e aprovação do projeto político

pedagógico da escola ou reavaliação do projeto já existente.

Algumas das atribuições dos conselheiros são apresentadas neste caderno e é

conferido ao Conselho Escolar um “importante papel no debate sobre os principais

problemas da escola e possíveis soluções” (Programa de Fortalecimento dos

Conselhos Escolares (BRASIL, 2007, p. 46).

“Convocar assembleias gerais da comunidade escolar ou de seus segmentos; garantir a participação da comunidade escolar e local na definição do projeto político-pedagógico da unidade escolar; promover relações pedagógicas que favoreçam o respeito ao saber do estudante e valorize a cultura da comunidade local; propor e coordenar alterações curriculares na unidade escolar, respeitada a legislação vigente, a partir da análise, entre outros aspectos, do aproveitamento significativo do tempo e dos espaços pedagógicos na escola; participar da elaboração do calendário escolar, no que competir à unidade escolar, observada a legislação vigente; acompanhar a evolução dos indicadores educacionais propondo, quando se fizerem necessárias, intervenções pedagógicas e/ou medidas socioeducativas visando à melhoria da qualidade social da educação escolar; elaborar o plano de ação formação continuada dos conselheiros escolares, visando a ampliar a qualificação de sua atuação;

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aprovar o plano administrativo anual, elaborado pela direção da escola, sobre a programação e a aplicação de recursos financeiros, promovendo alterações se for o caso; fiscalizar a gestão administrativa, pedagógica e financeira da unidade escolar; promover relações de cooperação e intercâmbio com outros conselhos escolares” (Programa de fortalecimento dos conselhos escolares (BRASIL, 2007, p. 46 - 47).

O exercício dessas atribuições é um aprendizado que faz parte do processo

democrático de divisão de direitos e responsabilidades no processo de gestão

escolar.

Atribuições do Presidente do Conselho

As atribuições do Presidente do Conselho Escolar relacionadas no Estatuto são:

- convocar, através de edital e envio de comunicado, todos os Conselheiros, com 72

(setenta e duas) horas de antecedência, para reunião ordinária, em horário

compatível com o da maioria destes, com pauta claramente definida na

convocatória;

- convocar, sempre que justificadas, reuniões extraordinárias com 24 (vinte e quatro)

horas de antecedência e pauta claramente definida;

- planejar, organizar, coordenar e presidir a realização de assembleias e reuniões do

Conselho Escolar;

- diligenciar pela efetiva realização das decisões do Conselho Escolar, tomando

medidas que visem a garantir seu bom funcionamento;

- estimular a participação de todos os Conselheiros em todas as reuniões do

Conselho Escolar;

- providenciar as comunicações e divulgações das decisões tomadas pelo Conselho

Escolar; constatadas em ata com a assinatura dos presentes;

- estar inteirado, quanto ao andamento do processo pedagógico, acompanhando a

implementação do projeto político-pedagógico;

- submeter à análise e à aprovação o Plano Anual da Escola;

- diligenciar para o efetivo registro das reuniões do Conselho, indicando secretário

“ad hoc”;

- desencadear o processo de eleição do Conselho de acordo com o previsto no

Estatuto;

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- encaminhar ao NRE relação nominal dos componentes do Conselho Escolar, seus

respectivos suplentes e o prazo de vigência de seu mandato, logo após a sua

constituição ou alteração;

- representar o Conselho Escolar, quando designado pelos conselheiros para

qualquer finalidade;

- exercer o voto para fins de desempate, somente quando esgotadas as

possibilidades de consenso das deliberações;

- cumprir e exigir o cumprimento do Estatuto.

Atribuições dos Conselheiros

De acordo com o contido no Estatuto são atribuições dos conselheiros as

especificadas a seguir:

- cabe ao Conselheiro representar seu segmento discutindo, formulando e avaliando

internamente propostas a serem apresentadas nas reuniões do Conselho;

- representar seus segmentos, expressando as posições de seus pares, visando

sempre à função social da escola;

- promover reuniões com seus segmentos, a fim de discutir questões referentes à

organização e ao funcionamento da escola, bem como o encaminhamento de

sugestões e proposições ao Conselho Escolar;

- participar das reuniões ordinárias e extraordinárias sempre que convocados;

- coordenar os seus segmentos, realizando entre seus pares a eleição de

representantes do Conselho;

- divulgar as decisões do Conselho aos seus pares;

- colaborar na execução das medidas definidas no Conselho Escolar, desenvolvendo

ações no âmbito de sua competência;

- cumprir e exigir o cumprimento do Estatuto.

Funções do Conselho Escolar

Para o exercício de suas atividades o Conselho Escolar tem as seguintes funções:

Deliberativas, Consultivas, Fiscais e Mobilizadoras. A seguir veremos de forma

detalhada cada uma dessas funções.

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A função deliberativa refere-se à tomada de decisões relativas às diretrizes e linhas

gerais das ações pedagógicas, administrativas e financeiras quanto ao

direcionamento das políticas públicas, desenvolvidas no âmbito escolar.

A função consultiva refere-se à emissão de pareceres para dirimir dúvidas e tomar

decisões quanto às questões pedagógicas, administrativas e financeiras, no âmbito

de sua competência.

A função fiscalizadora refere-se ao acompanhamento e fiscalização da gestão

pedagógica, administrativa e financeira da unidade escolar, garantindo a

legitimidade de suas ações.

A função mobilizadora refere-se quando promovem a participação, de forma

integrada, dos segmentos representativos da escola e da comunidade local em

diversas atividades, contribuindo assim para a efetivação da democracia

participativa e para a melhoria da qualidade social da educação.

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UNIDADE III

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Como Organizar o Conselho Escolar

Segundo Antunes (2002) para se organizar o Conselho é necessário antes de tudo

que todos da escola saibam o que é o Conselho Escolar. Esse trabalho não pode

ser realizado de qualquer jeito. Torna-se necessário criar uma atmosfera sedutora,

usar metodologia adequada e linguagem apropriada, como fazer um trabalho de

divulgação e esclarecimentos através de cartazes, jornaizinhos, conversas, reuniões

com os diferentes segmentos e o que mais a criatividade permitir.

A autora sugere que um grupo de pessoas interessadas no assunto pode preparar

reuniões para explicar principalmente a pais e alunos o que é o Conselho Escolar,

qual sua importância, quem pode participar, como se dá a eleição dos

representantes e quais as suas principais atribuições. Isso pode ser feito utilizando

diferentes formas de linguagem como: peça de teatro, números musicais, filmes e o

que mais a escola dispuser de recursos.

Dependendo da infra-estrutura da escola é melhor fazer pequenas reuniões, não

muito longas, com menos gente, para que se possa conversar mais à vontade. O

importante é não deixar as pessoas sem informações e esclarecimentos.

Organizando a Eleição dos Representantes do Conselho Escolar

Com relação à eleição dos representantes do Conselho a autora descreve algumas

sugestões importantes que apresentamos a seguir:

Sobre a eleição dos alunos propõe que cada série escolha um candidato que

concorrerá com os candidatos da outras séries. Os candidatos escolhidos pelas

respectivas séries deverão se apresentar em todas as salas da série que pertence e

expor suas propostas e também o motivo que o levou a ser candidato. Após a

apresentação dos alunos cada série escolherá o seu representante.

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Outra proposta é que a eleição ocorra através de chapas que serão formadas pelos

alunos independente da série que estão e do período que estudam. Após a

formação das chapas os alunos apresentam suas propostas a todas as classes e em

seguida realiza a eleição. A chapa mais votada representará os alunos no Conselho.

Com relação aos pais a escola poderá propor reuniões nos seus respectivos turnos

de funcionamento com o intuito de oportunizar que todos os pais tenham condições

de participar para divulgar a existência do Conselho. Após as discussões, serão

levantados os nomes dos interessados em participar. Se preferirem também poderá

montar chapas e apresentar propostas de trabalho. Em seguida marca-se a data da

eleição dos pais que irão compor o Conselho.

Outra sugestão é que a escola convide alguém com conhecimento sobre o Conselho

Escolar para falar à comunidade e esclarecer as dúvidas dos participantes. Nesse

caso a autora propõe que a escola organize debates com representantes dos

alunos, pais, professores e demais profissionais. Esses representantes escolhidos

para participar do debate têm como missão repassar as informações aos seus pares

em momentos criados pela escola para essa socialização de informações.

A partir das sugestões acima consideramos que para a escolha dos professores e

dos funcionários a escola poderá utilizar as mesmas estratégias utilizadas para os

pais e alunos ou outras que melhor atenda sua realidade.

O importante nesse processo é que a escola se organize tendo em vista a sua

realidade, não perdendo de vista a garantia do direito de participação de todos.

Alguns lembretes são feitos pela autora como: participação se aprende e a escola

precisa criar espaços de formação para que isso aconteça, os representantes do

Conselho devem ser escolhidos com consciência e rigor ético, não podemos

escolher o candidato pela relação de amizade, mas sim pela sua proposta de

trabalho e compromisso com o projeto da escola, os diferentes segmentos deverão

apresentar critérios para escolha dos representantes, a comunidade escolar precisa

ser esclarecida sobre o que é e qual a importância do Conselho, esse

esclarecimento pode ser realizado através de campanhas, constituir um Conselho

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seguindo as normas democráticas dá trabalho e exige tempo, paciência,

determinação, preparação e respeito, mas a probabilidade de a escola conseguir um

grupo atuante e comprometido é muito maior.

Para melhor desenvolvimento dos trabalhos do Conselho sugere a formação de

comissões ou equipes para a realização das diferentes tarefas. Desta forma

podemos formar uma comissão responsável pela preparação das reuniões do

Conselho: levantamento dos itens da pauta, preparação e entrega dos convites para

as reuniões, redação e leitura das atas, organização do local das reuniões. Outra

comissão pode ser formada para organizar debates sobre diretrizes, princípios e

prioridades da educação nas esferas de governo federal, estadual e municipal.

Pode-se ainda formar outra comissão que encaminha as discussões e a elaboração

do Plano Escolar, outra que melhora a comunicação da escola, criando painéis,

murais, outra para promover encontros com outros Conselhos para troca de

experiências.

Contudo cabe lembrar que embora as comissões assumam tarefas diversas, os

trabalhos devem ser integrados, sendo discutidos e conhecidos por todos os

membros do Conselho.

Organização das Reuniões do Conselho Escolar

Sabemos que o Conselho Escolar deve se reunir com periodicidade. Para que essas

reuniões atinjam os objetivos propostos faz-se necessário a definição dos assuntos

que serão discutidos em cada encontro em ordem de importância e prioridade, ou

seja, com uma pauta previamente distribuída aos conselheiros, para que possam,

junto a cada segmento escolar e representantes da comunidade local, informá-los do

que será discutido e definir em conjunto o que será levado à reunião.

A esse respeito à autora faz as algumas considerações importantes como: Os

membros do Conselho não devem ir para uma reunião sem saber os itens que serão

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abordados, para não correrem o risco de tomar decisões equivocadas por não terem

tido tempo de amadurecer suas opiniões; todas as pessoas que fazem parte da

escola podem sugerir os assuntos que serão discutidos nas reuniões; o Conselho

não pode se reunir somente para resolver preocupações dos funcionários da escola;

é preciso que todas as idéias e opiniões sejam valorizadas; não discutir somente

problemas e sim o potencial da escola, ou seja, colocar também como pauta da

reunião seus aspectos positivos, seus avanços; ter em mente o que está

contemplado no projeto político-pedagógico da escola, pois este documento é

referência para as ações da escola e também para as reuniões do Conselho.

Outro aspecto importante destacado por Antunes (2002) é que para se garantir uma

maneira democrática da definição da pauta das reuniões é que se tenha um caderno

com o nome de todos os segmentos e todo mês haja uma consulta a essas pessoas.

Quanto à convocação da reunião destacada que deve ser bem redigida, contendo a

data, local, horário e todos os itens da pauta claramente definidos e deve ser

assinada e datada pelo Presidente do Conselho.

Quanto à organização das reuniões do Conselho Escolar os aspectos importantes a

serem destacados são: deve haver no Conselho um grupo responsável pela

organização das reuniões. Essa organização é importante para evitar que todos

falem ao mesmo tempo ou que alguém seja obrigado a falar mais alto que os outros

para ser escutado, ou, ainda, para garantir que os vários assuntos não sejam

discutidos apenas superficialmente e se consiga chegar a conclusões ou

encaminhamentos satisfatórios; as reuniões em condições favoráveis, como: em

local apropriado, afim de que todos possam se acomodar com um mínimo de

conforto, as cadeiras devem ser dispostas em circulo, para que ninguém fique de

costas para o outro e possa haver melhor comunicação, deve-se respeitar o tempo

de fala de cada membro, atenção na fala de cada um para evitar repetições, a

linguagem utilizada na reunião deve ser clara, não mudar de assunto sem que o

anterior tenha sido resolvido, é preciso que os itens da pauta sejam apresentados,

discutidos apresentando propostas de solução e que essas propostas sejam

votadas, após as decisões serem aprovadas, é preciso também atribuir

responsabilidades, ou seja, definir quem será o responsável (ou que serão os

responsáveis) pelo encaminhamento das decisões – essa atribuição de

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responsabilidade é a marca da gestão democrático-participativa, o horário e o tempo

de duração das reuniões devem ser definidos coletivamente, levar em consideração

a possibilidade de participação de pais e alunos que trabalham, as reuniões não

devem ser muito prolongadas. Um aspecto importantíssimo destacado pela autora é

que a escola procure sensibilizar as empresas onde trabalham alunos/as e

pais/mães sobre a importância de liberar seus funcionários para que participem das

reuniões do Conselho de Escola.

Um dos grandes desafios da escola segundo Paro (2001) é apresentar bons motivos

para que os pais vençam suas dificuldades relacionadas à falta de tempo para

participação na escola, timidez, dificuldade de falar em público, baixa auto-estima e

pouca convicção da importância de sua participação e passem a se envolver nos

conselhos reconhecendo sua importância.

As Atas das Reuniões

A ata é um documento no qual se registram, com clareza, de maneira objetiva e fiel,

tudo o que ocorre nas reuniões. Através dela podemos acompanhar o trabalho

desenvolvido pelo Conselho, verificar se as decisões registradas estão sendo

encaminhadas. Nela devem ser registrados os seguintes dados: número que

identifica a reunião (primeira, segunda...), data e o horário em que ocorreu, local,

objetivo (pauta); as discussões que foram feitas (quem falou o quê e quem propôs o

quê), a votação e os responsáveis pelos encaminhamentos das deliberações.

Após as reuniões as atas devem ser lidas e assinadas por todos os presentes. Esse

documento pode contribuir muito na avaliação do Conselho, uma vez que através

dos registros podem-se avaliar todos os aspectos que se julgarem necessários

relacionados à participação de seus membros, os assuntos discutidos, as

preocupações privilegiadas, os avanços do grupo.

Enfim, as atas permitem sistematizar todo o trabalho realizado pelo Conselho, bem

como, refletir sobre a prática desenvolvida com o intuito de construir novos

conhecimentos que conseqüentemente irão gerar novas e melhores práticas.

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Representatividade: Propostas para Encontro dos Segmentos

O Conselho Escolar se “situa no espaço da defesa dos interesses coletivos, do

projeto político – pedagógico da escola, que requer uma visão do todo, construída

desde os diferentes pontos de vista das categorias que o constituem” (BRASIL,

2007, p. 56).

Assim, “o papel dos representantes das categorias sociais que participam da escola

não é o da defesa dos interesses de sua corporação” (BRASIL, 2007, p. 56). A

representação tem como fundamento a expressão da sociedade organizada. Cabe

aos representantes de categorias compartilharem o ponto de vista dos seus

representantes na construção do projeto político – pedagógico da escola.

Compartilhar requer sensibilidade política no sentido de situar o interesse coletivo

acima dos interesses individuais.

Sobre a questão da representatividade Antunes (2002) coloca que as pessoas

eleitas não podem representar seus próprios interesses e sim representar os

interesses do segmento que as elegeu. Os que elegeram não podem escolher seus

representantes e esquecê-los, como também não podem delegar a eles todo poder

de decisão e deixá-los sozinhos para que resolvam tudo, deve existir um contato

constante entre representantes e representados. Para isso, é necessário que a

escola esteja atenta à forma como organizar seu tempo, de modo a garantir o

encontro dos diferentes segmentos.

Para garantir esse encontro dos diferentes segmentos da escola consideramos

viável que os professores aproveitem a hora-atividade ou horários de trabalho

coletivo para realizar suas discussões.

Os alunos podem solicitar aos professores parte do tempo de suas aulas para que

exponham e discutam as idéias com seus colegas. Pensamos que com relação aos

alunos poderiam ser criados espaços na escola em horário contrário às aulas para

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que os mesmos pudessem se reunir, evitando com isso que fossem utilizados os

horários de aula.

Quanto aos pais uma forma de contar com a participação deles seria aproveitar as

reuniões de pais que a escola promove bimestralmente para prestar contas de seu

trabalho em relação à avaliação dos alunos e incluir ali os itens da pauta da reunião

do Conselho para que sejam discutidos.

Cabe a escola sob este aspecto se organizar de tal forma que favoreça a todos os

segmentos espaços para a realização de encontros com o intuito de realmente fazer

do Conselho Escolar um sustentáculo do Projeto Político-Pedagógico da escola.

A Importância da Comunicação

Se pretendermos que a escola seja realmente um espaço democrático é importante

que se garanta a todos o acesso as informações. Para isso precisamos criar canais

que facilitem a comunicação entre os diferentes segmentos da escola.

Sobre esse aspecto a autora ressalta que “para se tomar decisões, acompanhar e

controlar o trabalho que vem sendo desenvolvido na unidade escolar, as pessoas

precisam estar bem informadas e ter condições de se comunicar com facilidade”

(ANTUNES, 2002, p. 79).

Se o Conselho Escolar pretender desenvolver um bom trabalho deve ter como

preocupação central a transparência no acesso as informações. Para isso sugere-se

que sejam reservados espaços estratégicos, de fácil acesso à comunidade escolar

para afixar cartazes ou fazer murais nos quais seriam colocadas periodicamente as

informações do Conselho Escolar, exemplo: pautas das reuniões, convites para

discussão dos assuntos colocados em pauta, resultados das decisões tomadas para

conhecimento de todos e tantos outros informes que a escola julgar que sejam

necessários.

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Avaliando o Trabalho do Conselho Escolar

A avaliação se faz necessária toda vez que realizamos um determinado trabalho e

queremos verificar se os objetivos foram atingidos, se é possível superar as

dificuldades enfrentadas, se podemos ampliar o trabalho, se há necessidade de

redirecioná-lo. Enfim, avaliamos para analisar os erros e os acertos buscando

aperfeiçoar nosso desempenho.

No caso do Conselho é importante que periodicamente submeta-se à avaliação de

seus membros e da comunidade escolar, incluindo essa avaliação na pauta de uma

de suas reuniões. Essa avaliação objetiva apontar os aspectos positivos e negativos

do colegiado contribuindo para tornar sua atuação mais satisfatória.

Como sugestão para essa avaliação Antunes (2002) coloca algumas questões que

poderão servir de roteiro. Com relação ao desempenho do Conselho pode ser

analisado: a participação dos segmentos na tomada de decisões e execução das

tarefas, a dinâmica das reuniões, o horário das reuniões, o relacionamento entre os

membros, o tempo de duração das reuniões, se os projetos desenvolvidos atingiram

os objetivos, a prestação de contas do trabalho á comunidade escolar, a

participação na elaboração do Projeto Político-pedagógico da escola.

Relacionado à atuação do Conselho Escolar: se a atuação correspondeu às

expectativas, o que deve ser mudado, o que deve ser melhorado. Sobre os saberes

construídos a partir da participação do Conselho pode ser verificado se os

participantes aprenderam a escolher, a definir prioridades, a ouvir o outro, a decidir

coletivamente, a valorizar as contribuições do outro, a manifestar com clareza suas

discordâncias, a respeitar a opinião alheia, entre outras questões. A avaliação deve

servir, portanto para reorientar as ações numa busca incessante de aperfeiçoamento

do trabalho desenvolvido.

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REFERÊNCIAS

ANTUNES, Ângela. Aceita um conselho? Como organizar o colegiado escolar. 2. Ed. São Paulo: Cortez, 2002.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil, de 5 de outubro de 1988. 22. Ed. São Paulo: Atlas, 2004.

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: Lei n. 9.394/96

BRASIL. Lei 10.172, de 9 de janeiro de 2001.

BRASIL. Ministério da Educação. Conselhos Escolares: Uma Estratégia de Gestão Democrática da Educação Pública. Brasília: MEC, SEB, 2007.

______. Conselhos Escolares; democratização da escola e construção da cidadania. Brasília: MEC, SEB, 2007.

______. Conselho Escolar, gestão democrática da educação e escolha do diretor. Brasília: MEC, SEB, 2007. ______. Conselho Escolar e o financiamento da educação no Brasil. Brasília: MEC, SEB, 2007. LIBÂNEO, José Carlos. Organização e gestão da escola: Teoria e Prática. Goiânia: Alternativa, 2001.

MELO, Maria Tereza Leitão de. Gestão Democrática da Educação. Revista de Educação da CNTE, n. 4. Brasília, 1999. PARANÁ – CEE. Conselho Estadual de Educação. DELIBERAÇÃO nº 16/99.

PARO, Vitor Henrique. Escritos sobre Educação. São Paulo: Xamã, 2001.

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