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LÍVIA KOHATSU ESRENKO
A AVALIAÇÃO DO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM NAS SÉRIES INICIAIS
NO ÂMBITO ESCOLAR
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
SÃO PAULO
2007
2
LÍVIA KOHATSU ESRENKO
A AVALIAÇÃO DO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM NAS SÉRIES INICIAIS
NO ÂMBITO ESCOLAR
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado como exigência parcial para a
aprovação na Habilitação de Administração
Escolar do Curso de Pedagogia da
Faculdade de Educação na Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo, sob a
orientação da Profª Ms. Ana Maria Di Grado
Hessel.
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
São Paulo
2007
3
BANCA EXAMINADORA
AUTORA: LÍVIA KOHATSU ESRENKO
TÍTULO: A AVALIAÇÃO NO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM NAS SÉRIES
INICIAIS NO ÂMBITO ESCOLAR
4
Aos meus queridos avós e irmão
Vítor.
5
Em primeiro lugar, agradeço aos meus avós por terem me apoiado desde o
início na escolha de minha profissão, por me ajudarem a superar dificuldades
e a concluir o Curso de Pedagogia e o meu TCC.
Ao meu irmão e amigo Vítor, que me ajudou nas horas mais difíceis, por ter
tido muita paciência comigo, ter me acalmado nos piores momentos, e por ler
inúmeras vezes o meu trabalho contribuindo com sua opinião.
Aos meus pais que mesmo distantes me deram força.
Aos meus primos: Danilo, Danielle e Débora que indiretamente também
fizeram parte desta pesquisa.
Agradeço também às professoras onde fiz estágio que contribuíram para que
minha pesquisa pudesse ser concluída, as minhas amigas de faculdade, e
principalmente a Deus que me proporcionou sabedoria e inspiração para
concluir este trabalho.
6
Resumo
Este trabalho apresenta uma pesquisa realizada em uma escola particular
sobre a avaliação no processo ensino-aprendizagem no âmbito escolar nas séries
iniciais, analisando o comportamento do professor e do aluno em sala de aula.
O problema de pesquisa a ser levantado e questionado é se a aprendizagem
do aluno verificada por meio de provas e números / notas como forma de avaliação
contribui para a construção de conhecimento do aluno e do seu processo de
desenvolvimento escolar.
Assim, o instrumento de pesquisa a ser utilizado ao longo do trabalho para
responder ao problema de pesquisa foram as observações feitas em salas de aula e
a aplicação de questionário, onde as professoras do 1º ano, antigo pré, 2º, 3º,4º e 5º
anos das séries iniciais o responderam.
Desta maneira, foi possível estabelecer uma visão sobre como a avaliação é
realizada com os alunos nos dias de hoje. Pude constatar que a prática avaliativa
que prevalece em sua grande parte e é utilizada, é a avaliação classificatória. Há
também contradições no que as professoras responderam nos questionários e o que
é praticado em sala.
Palavras-chave: avaliação, processo ensino-aprendizagem, classificação e seleção,
instrumentos avaliativos.
7
A VIDA
“A vida são deveres, que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são seis horas !
Quando se vê, já é sexta-feira...
Quando se vê, já é Natal...
Quando se vê, já terminou o ano...
Quando se vê, passaram-se cinqüenta anos !
Agora, é tarde demais para ser reprovado...
Se me fosse dado, um dia, outra oportunidade,
Eu nem olhava o relógio.
Seguiria sempre em frente
E iria jogando, pelo caminho,
A casca dourada e inútil das horas...
Dessa forma, eu digo:
Não deixe de fazer algo que gosta
Devido à falta de tempo.
A única falta que terá, será desse tempo
Que infelizmente... Não voltará mais".
Mário Quintana
8
“Os mestres são mais porque, quanto mais sabem, mais aprendem.
O ministro é menos porque, quanto mais faz, mais precisará aprender a fazer.
Os mestres ensinam, orientam, revelam.
O ministro aprende, obedece, põe em prática.
Os mestres dizem e o ministro fala.
Os mestres mostram e o ministro administra.
Os mestres são maestros e o ministro é quem lhes traz a batuta.
Os mestres sabem o que é melhor para a educação, e o ministro, mesmo o da
educação, deve ouvir, educadamente, o que dizem os mestres.
Os mestres tanto mais calam, mais ensinam.
O ministro, quanto mais cala, mais aprende.
Os mestres têm a humildade de saberem que sabem aquilo que sabem.
O ministro tem a humildade de saber que não sabia aquilo que agora sabe.
Os mestres surgem. O ministro é escolhido.
Os mestres não morrem. O ministro é substituído.
Os mestres escrevem livros. O ministro subscreve ordens.
Os mestres sabem servir, como se ministros fossem. O ministro pode tornar-se um
mestre, se realmente ouvir os mestres.
Os mestres sabem o porquê das coisas. O ministro sabe o como das coisas.
Os mestres precisam ser recebidos com honras de primeiro-ministro!
Assim deveria ser, e assim deverá o professor-mestre posicionar-se.
Ou os professores do presente tomam consciência clara de sua importância, ou não
haverá futuro para os professores”.
(autor desconhecido)
9
SUMÁRIO
Introdução 11
CAPÍTULO I
1. Gestão Escolar 15
CAPÍTULO II
2. O papel e a função da avaliação 23
CAPÍTULO III
3. A concepção do professor sobre a prática pedagógica da avaliação 29
CAPÍTULO IV
4. Critérios e instrumentos de avaliação: como avaliar o aluno no 36
âmbito escolar
4.1 Prova oral 41
4.2 Prova dissertativa 41
4.3 Auto-avaliação 42
4.4 Observação e registro 43
4.5 Testagem 44
4.6 Seminário 45
4.7 Trabalho em grupo 45
4.8 Debate 46
4.9 Análise descritiva 46
4.10 Portfólio 47
CAPÍTULO V
5. Os nove anos obrigatórios no Ensino Fundamental 48
CAPÍTULO VI
6. O contexto da pesquisa 51
10
CAPÍTULO VII
7. Análise dos dados da pesquisa 52
CAPÍTULOVIII
8. Proposta de Intervenção Educacional 60
Conclusão 64
Bibliografia 65
Apêndice 67
Anexos 72
11
INTRODUÇÃO
A avaliação no processo ensino-aprendizagem no âmbito escolar nas séries
iniciais foi o tema que surgiu quando comecei a fazer estágios em escolas (particular
e pública), e também pelo fato de ter participado de algumas avaliações dentro das
instituições de ensino juntamente com os alunos.
Ao fazer os estágios percebi que desde quando freqüentava a escola, pouca
coisa mudou em relação à forma de avaliar o aluno.
No estágio acompanhei as professoras em seus trabalhos em sala de aula, e
isso me fez refletir e questionar como que a avaliação por meio de provas ainda
permanece muito presente nas escolas.
Através de minhas observações e experiências que presenciei durante os
estágios nas séries iniciais, pude perceber que os alunos apresentam certo “medo”
da palavra prova.
Hoje, a maioria das escolas promove provas para a avaliação da
aprendizagem escolar, que na verdade acaba sendo um ato classificatório e seletivo.
A elaboração desta pesquisa é de suma importância, pois a avaliação além
de verificar se seus objetivos propostos estão sendo alcançados, propõem os
encaminhamentos necessários ao replanejamento e mudança do processo ensino-
aprendizagem para realizar novas metas para o sistema educacional, indicando
alternativas pedagógicas e buscando ações criativas para que a aprendizagem se
torne mais efetiva e socialmente significativa, visando contribuir com melhores
avanços e resultados no modo de avaliar o aluno.
Desta forma, esse projeto se torna fundamental e visa o processo da
avaliação no âmbito escolar, além de trazer uma contribuição para área da
educação, já que a escola é vista como um ambiente educativo, um espaço de
formação.
O propósito deste trabalho foi pesquisar e abordar alguns aspectos sobre a
questão da avaliação no processo ensino-aprendizagem no âmbito escolar nas
séries iniciais, uma vez que, a meu ver, o sistema tradicional de aplicar uma prova
ou teste e atribuir uma nota ao aluno têm que ser mudado, pois é difícil avaliar todo
o seu processo de aprendizagem e a construção de seu conhecimento por meio de
números.
12
Com esta pesquisa pretendo mostrar as diferentes maneiras e estratégias de
avaliar o aluno e fazer da avaliação algo mais produtivo, pois esta só será positiva
se estiver voltada para a melhor aprendizagem do aluno, e os resultados obtidos por
eles durante o ano escolar devem ser levados em conta e serem mais valorizados
que a nota de provas.
Seja qual for o instrumento utilizado pelo professor, ele deve ter clareza se
será relevante para compreender o processo de aprendizagem do grupo e mostrar
caminhos para uma intervenção, tendo em vista sua melhoria.
A pesquisa foi desenvolvida em uma escola particular, para analisar e verificar
o processo de avaliação aplicado aos alunos das séries iniciais, incluindo os alunos
de 1º ano, antigo pré, e os sujeitos envolvidos foram os professores e alunos, onde o
problema de pesquisa a ser questionado é: “A aprendizagem do aluno verificada por
meio de provas e números / notas como forma de avaliação contribui para a
construção de conhecimento do aluno e no seu processo de desenvolvimento
escolar ?”
A pesquisa tem por objetivo geral apresentar dados que demonstrem se a
avaliação contribui para melhorar a aprendizagem ou é apenas classificatória e
seletiva. E para dar subsídios e responder ao objetivo geral alguns objetivos
específicos foram levantados : conhecer como ocorre a avaliação dos alunos o
processo ensino-aprendizagem nas séries iniciais; quais são os instrumentos
avaliativos utilizados; apresentar ao professor os diversos instrumentos de avaliação
que podem ser colocados em prática para avaliar o aluno, sem precisar utilizar
números / notas.
A abordagem escolhida para o desenvolvimento da pesquisa foi qualitativa,
porque pretendia analisar se a avaliação é apenas um instrumento de classificação e
seleção, tendo seu foco somente na suposta assimilação daquilo que o professor
quis ensinar, no qual se mede a quantidade de conteúdos que o aluno “aprendeu”,
seja por um teste ou prova; ou a avaliação contribui para a melhoria da
aprendizagem do aluno, onde este reflita sobre sua evolução, e partindo de
intervenções externas do professor, possa ter uma atitude ativa, avançando no seu
desenvolvimento no processo aprendizagem.
Os sujeitos da pesquisa foram professores e alunos.
Como instrumentos de pesquisa, apliquei questionário que incluíram questões
abertas e fechadas. A aplicação foi realizada em uma escola particular, onde
13
selecionei professores do 1º, 2º, 3º, 4º e 5º ano do Ensino Fundamental I, para
responderem ao questionário, computando o total de 5 docentes.
O objetivo foi traçar um panorama sobre como a avaliação está sendo feita
com os alunos das séries iniciais, incluindo os alunos do 1º ano, antigo pré.
A análise dos dados da pesquisa foi feita com base nos questionários e nas
observações que fiz em salas de aula quanto à aplicação das avaliações, além de
obter informações por meio de conversas com algumas professoras, para que assim
pudesse averiguar a prática avaliativa aplicada na escola.
Os capítulos deste trabalho foram elaborados com o intuito de apresentar ao
leitor como as teorias, as quais utilizei para a realização da pesquisa, estão distante
de ser presenciadas na prática em sala de aula.
O capítulo I trata de conceitos básicos e de como se caracteriza a ação de
uma gestão educacional democrática e participativa no contexto escolar, inserindo
dentro desta, as concepções de homem, educação e sociedade.
Os capítulos II e III abordam a função e a prática pedagógica da avaliação na
escola, focando no ponto de vista do comportamento, das ações e atitudes, dos dois
atores principais deste processo: o aluno e o professor.
O capítulo IV trata dos critérios e instrumentos de avaliação, com a função de
avaliar o aluno no âmbito escolar, oferecendo uma orientação ao professor de como
fazer isso em sala de aula.
Já o capítulo V explica sobre a legislação e normatização do ensino
fundamental de nove anos obrigatórios nas escolas particulares e públicas.
Nos capítulos VI e VII relatei onde e como foi feita a pesquisa de campo, e
como instrumento de pesquisa foi utilizado o questionário, onde os sujeitos que os
responderam foram às próprias professoras que trabalham no colégio escolhido para
a realização de minha pesquisa. Após recolher as informações necessárias, fiz a
análise dos questionários e dos dados levantados no decorrer do trabalho.
Por fim, o capítulo VIII, apresenta a proposta de um Plano de Intervenção
Educacional, abordando a temática: “avaliação no processo ensino-aprendizagem
nas séries iniciais no âmbito escolar”, com o objetivo de promover um curso
preparatório para a qualificação e formação de professores, propondo-lhes a
mudança do papel da avaliação dentro da escola, e orientando-os a uma
intervenção pedagógica.
14
Pude concluir ao final do trabalho, que a pesquisa realizada revelou ao
analisar os dados, que as professoras apresentam resistência em tentar e aceitar
mudanças no tipo de avaliação e nos métodos de trabalho utilizados em sala de
aula.
Percebe-se, então, o grau de dificuldade que existe para que haja
transformação. Sendo assim, a prática da avaliação classificatória continua a
prevalecer.
15
CAPÍTULO I
1. GESTÃO ESCOLAR
A partir da década de 1970, pesquisadores e educadores começaram a
perceber que importantes mudanças e inovações no âmbito da gestão deveriam
ocorrer, uma vez que, visto as escolas como organizações.
No final da década de 1980, essas mudanças passam a ocorrer no Brasil,
com a promulgação da Constituição Federal de 1988, que considerou a Educação
um direito subjetivo do homem e cria-se um mecanismo jurídico para reivindicá-lo,
estabelecendo como um de seus princípios a gestão democrática da Educação.
Desse modo, a Educação e a gestão democrática foram instituídas
legalmente na Constituição Federal de 1988. Além disso, a nova LDBEN 9394/96,
seguiu o mesmo princípio de gestão democrática explícito na Constituição, e a
concepção de educação democrática também foi expressa no Estatuto da Criança e
do Adolescente (lei nº8.069/90), que incentiva a participação da criança e do
adolescente na tomada de decisões no que diz respeito à sua vida, e prevê o direito
delas à “liberdade de opinião e expressão”. (Arts. 15 e 16)
Dessa forma, a gestão democrática faz parte da própria natureza do ato
pedagógico. Ela se fundamenta numa concepção democrática de educação, contra
uma concepção centralizadora e autoritária.
Gestão e administração são termos aplicados aos processos organizacionais,
com significados muito parecidos que se confundem.
Segundo Genuíno Bordignon explica:
Os termos gestão da educação e administração da educação são utilizados na literatura educacional ora como sinônimos, ora como termos distintos. Algumas vezes gestão é apresentada como um processo dentro da ação administrativa; outras vezes seu uso denota apenas intenção de politizar a ação educativa; noutras apresenta-se como sinônimo de “gerência”, numa conotação neotecnicista dessa prática e, em muitos momentos, gestão aparece como a nova alternativa para o processo político-administrativo da educação. O que se percebe é que há uma reação (por vezes muito forte) ao termo administração da educação, como conseqüência da forma descomprometida, “neutra” e tecnicista como ela se desenvolveu na década de 70, trazendo conseqüências muito negativas à prática social da educação e gerando todo um movimento de reação e de mudança em sua concepção e prática (BORDIGNON apud HESSEL, 2004, p.19).
16
A gestão educacional é caracterizada pela importância da participação
consciente e esclarecida dos indivíduos nas decisões sobre a orientação e
desempenho do trabalho, pela democratização do processo pedagógico, tem o
intuito de representar novas idéias, redimensioná-las e estabelecer, na instituição,
um novo significado mais abrangente e de caráter transformador.
A expressão gestão educacional é utilizada para designar a ação dos
dirigentes, e surge em proposição de um novo conceito de organização educacional
em relação à administração educacional, onde inclui uma série de concepções não
englobadas pela administração.
Já a administração fundamenta-se nos princípios da administração adotados
na empresa capitalista, os quais são tidos como princípios administrativos das
organizações de maneira geral, uma vez que a instituição visa promover a eficiência
e a produtividade da escola.
A administração encontra na organização seu próprio objeto de estudo, e
nesse sentido, a escola como qualquer outra instituição precisa ser administrada.
Nesse sentido, o diretor de escola tem como funções básicas organizar e
administrar, numa perspectiva de que “na sociedade dominada pelo capital as regras
capitalistas vigentes na estrutura econômica tendem a se propagar por toda
sociedade, perpassando as diversas instâncias do campo social”. (PARO, 1990, p.
48).
Hoje, no Brasil, as teorias sobre a administração escolar numa visão
democrática têm o intuito de explicar sua fundamentação, mostrando a gestão
participativa como uma das condições necessárias para o desenvolvimento da
sociedade democrática.
Pode-se afirmar que administração é a utilização de um processo racional de
organizações e de recursos, de influência estabelecida de fora para dentro das
unidades de ação, para realização de fins determinados. Ela se configura
inicialmente como uma atividade exclusiva do homem, já que ele é capaz de
estabelecer objetivos a serem cumpridos.
Um modelo de gestão educacional deve estar vinculado ao modelo de
Educação que se pretende construir, precisa estar bem esclarecido e deve ser
conhecido pelos administradores escolares.
A concepção que se tem de Educação sempre se reflete na forma de gestão.
Assim, a organização e os processos de gestão, incluindo a direção, assumem
17
diferentes significados conforme a concepção que se tem dos objetivos da educação
em relação à sociedade e à formação dos alunos.
O homem tem o direito à educação, pois este é um direito subjetivo dele, ou
seja, é um direito garantido pela Constituição aos cidadãos. Assim, o homem ajuda a
progredir no avanço e na construção de uma sociedade mais democrática, o qual
está inserido, crescendo como um indivíduo capaz de melhorar sua qualidade de
vida, de se conduzir com autonomia, saber tomar decisões corretas e que auxilie
seu amadurecimento com ser humano, como cidadão consciente, crítico e
competente para exercer sua cidadania.
É desenvolvendo atitudes de reflexão, de pesquisa, de questionamento
constante da realidade, que se pode levar o homem a aderir de forma consciente a
uma visão de mundo.
O homem, educado pela sociedade, modifica-a como resultado da própria educação que tem recebido dela. Assim, a sociedade desempenha a função de mediação entre o homem no processo de criação e transmissão da cultura, no qual consiste a educação. (PINTO, 2005, p. 40).
Muitas escolas põem em prática um modelo de gestão que as tornam
centralizadoras e incompetentes, aumentando as dificuldades e problemas.
A gestão centralizadora converge o poder apenas na chefia, amplia a
burocracia, restringe a autonomia, dificulta a participação. Essa tendência ainda
existe na organização escolar e do sistema de ensino brasileiro, que constitui em
uma prática comum nas escolas.
Alguns gestores sentem-se sozinhos em seus trabalhos e é possível supor
que os professores por sua vez, sentindo-se parte de outro grupo, percebem a
situação da mesma forma, ou seja, isolados. Pode-se afirmar que, se essa situação
existe é porque a compreensão do significado de participação não está clara, nem
mesmo para o dirigente.
Assim, o grande desafio da gestão educacional é um ensino que tenha para
seu desenvolvimento e aperfeiçoamento, uma gestão democrática e
descentralizada, onde os membros da instituição possuam autonomia, participação,
saibam ouvir e opinar, dialogar (é por meio do diálogo que se chega ao consenso
tornando a ação possível), trabalhar em equipe, ter integração, respeito mútuo,
liberdade de pensamento e de expressão, criatividade, criticidade, transmitir valores,
18
atitudes, saber resolver os problemas, no sentido de que todos que fazem parte da
escola compreendam a complexidade do trabalho pedagógico e percebam a
importância de sua contribuição.
Todos os membros da instituição (pais, alunos, professores, funcionários),
tornam-se parceiros, gestores responsáveis pela construção, pela execução e pelo
acompanhamento do projeto político pedagógico da escola, pois este não é
responsabilidade apenas de sua direção.
É por meio dessa troca que se irá construir o tipo de homem que a escola quer formar, a concepção que se tem de educação, as expectativas e as competências dos responsáveis pela construção do projeto pedagógico. (ALBUQUERQUE, 2005, p. 59).
O projeto pedagógico será a expressão da autonomia da escola e deverá ser
instrumento para consolidá-la e tornar viável a construção de uma gestão e de uma
Educação democrática. Assim sendo, a autonomia e a gestão democrática da escola
fazem parte do próprio ato pedagógico.
É importante fazer um diagnóstico da realidade da escola para a tomada de
decisão sobre o conteúdo da ação, sobre os valores que se pretende afirmar na
escola, e o propósito orientador do processo educativo, pois as escolas podem
estabelecer prioridades diferentes, mas apresentam propósitos semelhantes.
O diretor é o articulador da proposta pedagógica e sua intervenção deve ser feita pela reflexão coletiva quanto a: índices de evasão e repetência de alunos, suas causas, alternativas de solução, avaliação da freqüência e do desempenho de professores e funcionários, participação e qualidade das reuniões, qualidade das relações com o professor coordenador-pedagógico, relações com a comunidade, necessidade de capacitação do pessoal da escola, expectativas e propostas da escola e da política educacional, destinação de verbas sempre decididas coletivamente e prestação de contas, ocupação do espaço físico, qualidade e uso dos equipamentos, materiais didáticos, laboratórios, necessidades de reformas, adaptações e construções decorrentes e previstas na proposta pedagógica, entre outras coisas. (ALBUQUERQUE, 2005, p. 74 e 75).
Esses elementos mostram a identidade, os traços característicos da escola e
das pessoas que trabalham nela, apresentando dessa forma a organização escolar.
A organização e a gestão da escola não apenas se referem a questões
administrativas e burocráticas, e sim, são entendidas como práticas educativas.
19
A presença ou ausência de certas características organizacionais da escola
como: estilo de direção, grau de responsabilidade dos seus profissionais, a
participação coletiva, o nível de preparo profissional de professores, entre outros,
são determinantes da sua eficácia e do nível de aproveitamento escolar dos alunos.
Hoje o ensino está passando por diversas mudanças em vários aspectos:
mudanças nos currículos, na organização das escolas englobando formas de
gestão, ciclos de escolarização, concepção de avaliação, introdução de novos
recursos tecnológicos, a profissão docente continua desvalorizada, que
conseqüentemente leva a mudanças na organização escolar e na identidade
profissional de professor.
Uma das funções profissionais básicas do professor é participar ativamente
na gestão e organização da escola, contribuindo nas decisões de cunho
organizativo, administrativo e pedagógico-didático. Mas para isso, o professor
precisa conhecer bem os objetivos e o funcionamento de uma escola, dominar e
exercer sua profissão, trabalhar em equipe e cooperar com os outros profissionais.
As escolas onde há integração entre os professores tendem a ser mais
eficientes do que aquelas onde os professores se mantêm isolados.
Segundo Freitas:
[...] a Constituição Federal de 1988 já apontava para modificações necessárias na gestão educacional, com vistas a imprimir-lhes qualidade. Do conjunto dos dispositivos constitucionais sobre educação, é possível inferir que essa qualidade diz respeito ao caráter democrático, cooperativo, planejado e responsável da gestão educacional, orientado pelos princípios arrolados no artigo 206 da mesma. Entre estes, colocam-se a garantia de um padrão de qualidade do ensino e a gestão democrática [...]. (FREITAS, 2000, p. 3).
É função da gestão democrática: o monitoramento, a auto-avaliação e
promover a formação à cidadania.
O desenvolvimento e a realização das ações da escola devem ser
acompanhados e avaliados, sendo feitas correções quando necessárias.
A avaliação é importante, pois os resultados dela servem como referência
para a melhoria dos processos e resultados da escola.
A avaliação de desempenho profissional é fundamental para melhorar a
qualidade do ensino e deve ser contínua. Ela consiste no desempenho do indivíduo
no cargo e do seu potencial de desenvolvimento, pois pretende auxiliar os
20
professores e funcionários em geral a desenvolver suas competências em sala de
aula, visando estimular a sua melhoria de maneira contínua.
No entanto, muitos professores são contra as técnicas atuais de avaliação de
desempenho, pois acreditam que nem a técnica nem o processo refletem ou avaliam
precisamente a sua competência como professor. Eles afirmam que as técnicas e os
procedimentos de avaliação de desempenho não são válidos.
A gestão democrática é a única que respeita o outro como sujeito, e para ter
descentralização do poder é necessário o monitoramento e a avaliação.
A Educação e a gestão democrática mostram-se coerentes com a essência
do ato pedagógico e tem como elementos a participação e a autonomia do
educador. A gestão está ligada à concepção de Educação democrática, e a
construção destas depende do envolvimento de todos.
A autonomia da escola está no seu potencial para uma prática educativa que
ajuda na construção de uma sociedade mais democrática.
É necessário que fique bem esclarecido que a autonomia da escola não
significa ausência de regras, normas, regulamentos. A autonomia implica uma
responsabilidade consciente de todos os membros da equipe escolar e requer
liberdade de pensar, de construir e de implementar sua proposta educativa
adequando-se às necessidades de sua realidade, participação e transformação de
modo a alcançar os resultados de maneira eficaz para estabelecer uma gestão e
uma educação democrática.
No Brasil, o tema da autonomia da escola encontra suporte na própria
Constituição, promulgada em 1988, que institui a “democracia participativa” e cria
instrumentos que possibilitam ao povo exercer o poder “diretamente”.
Assim, a organização da escola se transforma em instância educadora.
O conceito de participação está fundamentado no de autonomia, e sendo
assim, um modelo de gestão democrático-participativa tem na autonomia um dos
seus mais importantes princípios, implicando a livre escolha de objetivos, processos
e a construção conjunta do ambiente de trabalho.
Portanto, a participação é um direito e um dever de todos que integram uma
sociedade democrática, isto é, participação e democracia são dois conceitos que
estão associados.
Há dois sentidos de participação articulados entre si na gestão da escola: a
participação como meio de conquista da autonomia da escola, dos professores, dos
21
alunos, constituindo-se como prática formativa, como elemento pedagógico,
metodológico e curricular; e a participação como processo organizacional em que os
profissionais e usuários da escola compartilham, institucionalmente, certos
processos de tomada de decisão.
Desse modo, a participação na gestão da escola proporcionará um melhor
conhecimento do funcionamento da escola e de todos os seus membros, propiciará
um contato entre professores e alunos, o que leva ao conhecimento mútuo e, em
conseqüência, aproximará também as necessidades dos alunos dos conteúdos
ensinados pelos professores.
A escola faz parte de uma organização escolar mais ampla e está inserida
num contexto social, onde exerce influência e recebe influências que poderão
contribuir positiva ou negativamente para a ocupação de seu espaço interno, porém
sua relação com o meio social é muito mais determinada que determinante.
Hoje em dia, a escola tem uma grande importância, pois é o único lugar
institucionalizado para o exercício de uma função que contribui para a conservação
e o crescimento cultural da sociedade.
Para se manter e progredir, toda sociedade precisa transmitir sua cultura às
novas gerações e produzir novos bens culturais.
A sociedade reflete o que é cada um dos cidadãos que dela faz parte, pois
onde há sociedade há educação.
A educação contribui para a transformação social e é entendida como um
processo pelo qual as novas gerações assimilam as experiências, os
conhecimentos, as crenças, os hábitos e os valores legados pelas gerações
anteriores. Esse é o caminho pelo qual o homem adquire sua essência e que o
acompanha durante toda a sua história.
Os desenvolvimentos filosóficos, científicos, artísticos e tecnológicos, bem
como as mudanças introduzidas nos valores e a nas maneiras de conduzir-se na
sociedade, são acumulativas, e são conhecimentos transmitidos às novas gerações
através de um processo educativo, ou seja, a educação é a transmissão integrada
da cultura em todos os seus aspectos.
As novas exigências de uma sociedade em contínuo processo de mudança
precisam de respostas novas, maior e melhor utilização do espaço da escola,
acelerando o processo de construção de sua autonomia, e requer uma nova maneira
de administrar a escola, um paradigma centrado no trabalho em equipe.
22
A participação dos pais na organização e gestão da escola corresponde às
novas formas de relações entre escola, sociedade e trabalho, para a melhoria do
processo pedagógico.
Na sociedade de hoje, o saber produzido e adquirido, e a transmissão e
apropriação desse saber está constantemente se renovando. Sendo assim, há
necessidade de instituições para essa tarefa, e entre essas instituições destaca-se a
escola.
A escola não se transforma em um ambiente educativo sem o envolvimento e a participação de todos da gestão; porém se a gestão for autocrática e centralizadora ela poderá se transformar em um ambiente de alienação para os educandos. (ALBUQERQUE, 2005, p. 56).
23
CAPÍTULO II
2. O PAPEL E A FUNÇÃO DA AVALIAÇÃO
Segundo Libâneo (2004, p. 237), “a avaliação é um termo geral que diz
respeito a um conjunto de ações voltadas para o estudo sistemático de um
fenômeno, uma situação, um processo, um evento, uma pessoa, visando a emitir um
juízo valorativo”.
O termo avaliar foi utilizado durante algum tempo como sinônimo de medir e
testar. Isso ocorreu devido a uma abordagem pedagógica que tinha uma visão da
educação apenas com a função de transmitir e acumular conhecimentos já
estabelecidos.
Do ponto de vista político-pedagógico é uma tradição antidemocrática e
autoritária, porque é centrada na pessoa do professor e no sistema de ensino, não
em quem aprende.
De acordo com Cipriano Luckesi (2006, p. 19), “nós educadores do início do
século XXI, somos herdeiros do século XVII. O modelo atual foi sistematizado na
época da emergência da burguesia e da sociedade moderna”.
Muitos outros educadores propuseram coisas diferentes, mas nenhuma
dessas pedagogias conseguiu ter a vigência da pedagogia tradicional, que
corresponde a um modelo seletivo e excludente.
Existem também motivos para a insistência nos velhos métodos de avaliação,
que é o professor ser examinado durante sua vida de estudante e, ao se tornar
profissional, tende a repetir esse comportamento.
A utilização dos termos avaliar, testar e medir possuem conotações distintas.
Testar consiste em verificar o desempenho de alguém ou alguma coisa, por
meio de testes ou experiências. Atualmente, os testes são empregados em larga
escala na educação devido a sua objetividade e praticidade; mas deve haver limites
de sua utilização, pois nem todos os resultados do ensino podem ser medidos ou
averiguados por meio de testes.
Medir significa determinar a quantidade, a extensão ou o grau de alguma
coisa. O resultado de uma medida diz o quanto o aluno possui de determinada
habilidade, é expresso em números, e assim, há uma objetividade e exatidão.
24
Avaliar consiste na coleta de dados quantitativos e qualitativos, por meio de
diferentes instrumentos de verificação, e na interpretação desses dados com base
em critérios previamente definidos, para saber se os objetivos propostos estão
sendo atingidos.
De acordo com as idéias de Léa Depresbiteris (1989), a avaliação da
aprendizagem é importante para:
- definir objetivos específicos: estabelecer o que se espera que os alunos saibam
fazer ao final de um curso. Muitas são as formas de definir um objeto, porém, o
importante é que ele traduza a habilidade que se pretende desenvolver no aluno.
- comparar objetivos específicos: com os gerais é relacionar habilidades específicas
do ensino com as habilidades gerais pretendidas, em termos de funções mentais e
socialização. São assim, harmonizados as habilidades e os conteúdos de uma
matéria com os do curso como um todo.
- fixar requisitos prévios: é verificar os conhecimentos e as aptidões que o aluno
deve possuir para seguir o curso com bom aproveitamento. Essa fixação não tem o
significado de selecionar alunos , pelo contrário, serve para assegurar os requisitos
prévios a quem não os possui.
- avaliar o produto ou resultado do ensino: é verificar se o que pretendeu foi
alcançado, com fins de melhoria das ações do professor e dos desempenhos dos
alunos.
Alguns propósitos da avaliação feita pelo professor têm como finalidade:
conhecer os alunos, identificar as dificuldades de aprendizagem, determinar se os
objetivos propostos para o processo ensino-aprendizagem foram atingidos ou não e
aperfeiçoá-los, e promover os alunos. Este último ocorre na maioria das escolas.
No âmbito escolar, a avaliação se realiza em vários níveis: do processo do
ensino-aprendizagem, do currículo, do funcionamento da escola como um todo; e
antes de tudo, a avaliação escolar é uma questão política, está relacionada ao
poder, aos objetivos, aos interesses que estão em jogo no trabalho educativo, está
relacionada a uma concepção de homem e de sociedade que queremos formar, e ao
Projeto Pedagógico da instituição.
Não é suficiente testar e medir, pois os resultados obtidos por esses
instrumentos devem ser interpretados sob a forma de avaliação.
Segundo Ilza Sant´anna (1995), um programa de avaliação se constitui por
funções gerais e específicas.
25
São funções gerais da avaliação:
- fornecer as bases para o planejamento;
- possibilitar a seleção e a classificação de pessoal (professores, alunos,
especialistas, etc.);
- ajustar políticas e práticas curriculares.
São funções específicas da avaliação:
- facilitar o diagnóstico;
- melhorar a aprendizagem e o ensino (controle);
- estabelecer situações individuais de aprendizagem;
- interpretar os resultados;
- promover, agrupar alunos (classificação).
Ao avaliar não nos referimos apenas aos aspectos quantitativos da
aprendizagem, mas também aos qualitativos, abrangendo a aquisição de
conhecimentos decorrentes dos conteúdos curriculares, das habilidades, dos
interesses, das atitudes, dos hábitos de estudo e do ajustamento pessoal e social.
De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais,
a concepção de avaliação perpassa a visão tradicional que evidencia o controle externo do aluno mediante notas ou conceitos, para ser compreendida como parte integrante e essencial ao processo educacional.(PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS, 2000, p. 81 e 83).
A avaliação deve ser contínua e sistematicamente por meio da interpretação
qualitativa do conhecimento construído pelo aluno; é elemento integrador entre a
aprendizagem e o ensino; conjunto de ações cujo objetivo é o ajuste e a orientação
da intervenção pedagógica para que o aluno aprenda da melhor forma; conjunto de
ações que buscam obter informações sobre o que foi aprendido e como; elemento
de reflexão contínua para o professor sobre sua prática educativa; instrumento que
possibilita ao aluno tomar consciência de seus avanços, dificuldades e
possibilidades; ação que ocorre durante todo o processo de ensino aprendizagem e
não apenas em momentos específicos caracterizados como fechamento de grandes
etapas de trabalho.
A avaliação se tornou um dos principais problemas da educação escolar, e de
todo um sistema educacional inserido num sistema social, que impõem certos
26
valores como a competição, o individualismo, o consumismo, a alienação , valores
estes que vemos e convivemos em sala de aula.
No sistema educacional, a avaliação é hoje o instrumento de controle oficial,
que é utilizada para reprovar ou aprovar, para o certificado, para o diploma, etc.
A aprovação ou a reprovação é uma decisão pedagógica que visa garantir as
melhores condições de aprendizagem para os alunos. Para isso, é preciso uma
análise dos professores a respeito das diferentes capacidades do aluno, que
permitirão o aproveitamento do ensino na próxima série ou ciclo.
Se a avaliação está a serviço do processo de ensino e aprendizagem, a
decisão de aprovar ou reprovar não deve ser a expressão de um “castigo” nem ser
pautada no quanto se aprendeu ou se deixou de aprender dos conteúdos propostos.
Muitas vezes avaliar tem sido associado a expressões como: fazer prova,
fazer exames, atribuir nota, repetir ou passar de ano. Estas têm semanas, horários,
dias e papéis especiais, por isso, o aluno acaba dando muita ênfase à nota, pois
sabe que, no fundo, é ela que decide sua vida escolar.
O método tradicional de aplicar uma prova e atribuir o aluno uma nota tem
que ser mudado na minha opinião, pois é difícil de avaliar todo processo de
aprendizagem do aluno, já que a prova geralmente está centrada na memorização
de conteúdos que o estudante precisará saber. Penso que, precisamos ver a
avaliação como mais uma oportunidade de aprendizagem para o aluno.
Há alunos que estudam na véspera da prova, decorando a matéria, mas
sabendo que o que é decorado fica pouco tempo na memória e é esquecido muito
rápido.
A educação nesse sentido é vista como mera transmissão e memorização de
informações prontas e o aluno é visto como um ser passivo e receptivo. Assim, a
avaliação restringe a medir a quantidade de informações retidas e assume um
caráter seletivo e competitivo.
Ou seja, como afirma Cipriano Carlos Luckesi (2006, p. 18), “provas e exames
são apenas instrumentos de classificação e seleção que não contribuem para a
qualidade do aprendizado nem para o acesso de todos ao sistema de ensino”.
A avaliação que deveria ser um acompanhamento do processo educacional,
acabou tornando-se o objeto deste processo, na prática dos alunos e da escola, que
é o famoso “estudar para passar”.
27
Pode-se diz então, que os conteúdos continuam sendo passados no estilo de
educação “bancária” denunciada por Paulo Freire, em que o aluno é visto como uma
conta onde se “depositam” conhecimentos como se fosse um banco. Sendo assim, o
educando é tido como alguém cujo papel é apenas aceitar esse conteúdo, sem
participação ativa, sem criticidade.
Para ser um bom aluno, basta que ele devolva quando fizer os exames e
provas, aquilo que lhe foi “depositado”.
É por esse motivo que o ensino passa a ser, não o aprendizado, não a
formação humana, mas o êxito em exames.
No senso comum, dentro e fora da escola, o que importa não é a formação de
personalidades, não se busca saber se o aluno aprendeu, mas se ele foi aprovado
nas provas.
Isso é possível de se perceber nas atitudes dos próprios pais, quando se
interessam pela vida escolar dos filhos, é para perguntarem se tiraram boas notas,
se passaram de ano, se conseguiram ser aprovados no vestibular.
De acordo com a idéia de Vasconcellos , pode-se compreender melhor como
se manifesta o problema da avaliação na prática da escola:
No começo, é tudo novidade e tudo na passa de uma brincadeira, sem maiores complicações: é uma gracinha ver aqueles toquinhos de gente já fazendo provas como os mais velhos... Muitas vezes, as crianças fazem as provas e nem têm noção, não sabem que estão sendo avaliadas. Com o tempo, os pais apreensivos em função de experiências anteriores, passam a questionar a escola a respeito das datas das provas. Para evitar faltas nos dias de prova, passa-se a avisar a família, que se sente toda orgulhosa de ver seu filho já passando por esses rituais. A própria criança quer fazer a prova para se igualar ao irmão ou colega, sentindo-se toda importante. Os aluninhos, por curiosidade, passam a perguntar aos coleguinhas quanto tiraram. E assim vai... Tudo começa tão inocentemente, que mais tarde os professores, perplexos, não conseguem entender o que foi que houve, pois dessa pequena brincadeira chega-se à grande distorção do ensino: estudar para tirar nota e não para aprender !. (VASCONCELLOS,1998, p. 32).
Entretanto, uma concepção pedagógica mais moderna vê a educação como a
vivência e experiências múltiplas e variadas tendo em vista o desenvolvimento
motor, cognitivo, afetivo e social do educando.
Enquanto instituição, o papel que se espera da escola é que possa colaborar
na formação do cidadão em seu conhecimento. Assim sendo, compreendemos que
a principal finalidade da avaliação no processo escolar é ajudar a garantir a
28
formação integral do indivíduo pela mediação da efetiva construção do
conhecimento e a aprendizagem por parte dos alunos.
Nesse sentido, a educação faz do aluno um ser ativo e dinâmico que participa
da construção de seu próprio conhecimento, ou seja, o aluno aprende apenas
quando ele se torna sujeito de sua aprendizagem, e para isso, precisa participar das
decisões que diz respeito ao projeto da escola que faz parte também do projeto de
sua vida.
A avaliação não se reduz apenas a atribuir notas, e sim de verificar em que
medida os alunos estão alcançando os objetivos propostos para o processo ensino-
aprendizagem.
O ato de avaliar consiste em verificar se os objetivos estão sendo realmente
atingidos para ajudar o aluno a avançar na aprendizagem e na construção de seu
saber, obter informações sobre o desempenho dos alunos, de modo que as pessoas
envolvidas no processo educacional reflitam sobre os problemas de ensino e
aprendizagem e tomem decisões sobre a melhoria da qualidade da educação.
Para conseguir bons resultados é importante que o aluno tenha o direito de
conhecer o próprio processo de aprendizagem para se empenhar na superação das
necessidades; aos pais também responsáveis pela educação dos filhos e por parte
significativa dos estímulos que eles recebem; ao professor que precisa
constantemente avaliar a própria prática; e a equipe docente deve garantir
continuidade e coerência no percurso escolar do aluno.
Diversos educadores dizem que todas as atividades avaliadas devem ser
devolvidas aos alunos com algum comentário ou considerações, porém deve-se
tomar cuidado com o excesso da caneta vermelha, pois muitos alunos ficam
constrangidos.
Nessa perspectiva, a avaliação assume um sentido orientador e cooperativo.
A avaliação não tem um fim em si mesma, mas é um meio a ser utilizado por
alunos e professores para o aperfeiçoamento do processo ensino-aprendizagem.
29
CAPÍTULO III
3. A CONCEPÇÃO DO PROFESSOR SOBRE A PRÁTICA PEDAGÓGICA DA
AVALIAÇÃO
A prática educativa que tem como um dos elementos a avaliação, deixa
evidente que a escola utiliza critérios para avaliar o conhecimento da criança, que
acaba fazendo uma distinção entre alunos das classes sociais mais favorecidas,
onde estes têm acesso a livros, jornais, revistas, internet, entre outros, enquanto que
os alunos das classes menos favorecidas não têm acesso a esse tipo de material,
mas há algumas crianças que têm um pouco de contato seja nas ruas ou em casa.
Na avaliação do saber do aluno, quer quando recém chegado à escola, quer
durante o tempo em que nela estão, a escola não considera o saber da experiência
que as crianças trazem consigo.
Diante desta realidade, as desvantagens são das crianças das classes mais
baixas, pois as crianças das classes médias e altas têm um vocabulário bom, entram
em contato com a cultura e a arte, e apresentam uma competência lingüística
melhor, que coincide com o que a escola considera o certo.
A escola nesse sentido deve dar mais respaldo e ajuda aos alunos para que
eles superem obstáculos em seu processo de conhecer.
Muitos professores acreditam que o ensino e aprendizagem são dois lados de
um mesmo processo, onde no final só existam duas alternativas: ou o aluno
aprendeu, ou não aprendeu.
É essencial que haja uma avaliação no início do ano, pois o fato de o aluno
estar iniciando uma série não é informação suficiente para que o professor saiba
sobre suas necessidades de aprendizagem. Mesmo que o professor acompanhe a
classe de um ano para o outro, e tenha registros detalhados sobre o desempenho
dos alunos no ano anterior, eles não deixam de aprender durante as férias e muitas
coisas podem ser alteradas no intervalo dos períodos letivos.
Essas avaliações não devem ser aplicadas apenas nos inícios de ano ou de
semestre. São pertinentes sempre que o professor propuser novos conteúdos ou
novas seqüências de situações didáticas.
É importante que o professor tenha clareza sobre o que o aluno já sabe no
momento em que lhe é apresentado um conteúdo novo, uma vez que o
30
conhecimento a ser construído pelo aluno é uma reconstrução que se tem no
conhecimento prévio que ele já traz consigo. Portanto, o conhecimento prévio dos
alunos não deve ser confundido com o conteúdo já ensinado pelo professor.
O conhecimento prévio é o conjunto de idéias, representações e informações que servem de sustentação para uma nova aprendizagem, ainda que não tenham, necessariamente, uma relação direta com o conteúdo que se quer ensinar. (WEISZ, 2004, p. 93)
Esse conhecimento prévio ajuda o aluno na hora de construir uma situação,
na qual ele terá de usar o que já sabe e adquiriu para aprender o que ainda não
sabe.
Depois de ter analisado o nível de conhecimento prévio dos alunos numa
avaliação inicial, o professor precisa verificar como eles estão progredindo para que
assim, possa levá-los a avançar, já que o conhecimento não é construído
igualmente, nem ao mesmo tempo e nem da mesma forma por todos os alunos.
Dessa forma, o professor precisa de um instrumento de avaliação que é a
avaliação de percurso feita durante o processo de aprendizagem.
Ela é utilizada para verificar se o trabalho do professor está sendo produtivo e
se os alunos estão realmente aprendendo com as situações didáticas propostas, ou
seja, a avaliação da aprendizagem do aluno está diretamente ligada à avaliação do
próprio trabalho docente. Ao avaliar o que o aluno conseguiu aprender, o professor
está avaliando o que ele próprio conseguiu ensinar.
Assim, é necessário que os professores acompanhem o rendimento escolar
dos alunos, de maneira a aplicar métodos e procedimentos para diagnosticar suas
dificuldades na aprendizagem e analisar os resultados, fornecer ao professor
indicações de como deve caminhar e reorientar a sua prática pedagógica, visando
aperfeiçoá-la, contribuir para a melhoria da qualidade do ensino-aprendizagem, e
não esquecer de ter em vista o desenvolvimento integral do indivíduo.
Com isso, o professor tem condições de avaliar os seus alunos o tempo todo,
e essa avaliação o auxilia em sua intervenção.
Ao avaliar, o professor precisa ter clareza sobre as diferenças entre situações
de aprendizagem e situações de avaliação, pois quando não há essa distinção, os
professores acabam propondo atividades para avaliar e pensam que estão
ensinando.
31
Assim, o professor necessita de recursos para compreender o que acontece
com seus alunos e para poder refletir sobre a relação entre as suas propostas
didáticas e as aprendizagens conquistadas por eles.
É fundamental ver o aluno como um ser social e político, sujeito do seu
próprio desenvolvimento. O professor além de mudar suas técnicas, seus métodos
de trabalho quando necessário, precisa ver o aluno como alguém capaz de
estabelecer uma relação cognitiva e afetiva com o meio circundante, mantendo uma
ação interativa capaz de uma transformação libertadora.
A maneira de ver e realizar a avaliação reflete a atitude do professor em sua
interação com a classe, bem como suas relações com o aluno.
A avaliação só será eficiente e eficaz se ocorrer de forma interativa entre
professor e aluno, ambos caminhando na mesma direção, em busca dos mesmos
objetivos.
Quando o professor apresenta ser autoritário e inseguro, acaba por ver na
avaliação um meio de tortura ou punição para os alunos indisciplinados, que a meu
ver não é a maneira correta de se comportar, uma vez que esse não é o propósito
da avaliação.
Já um professor que apresenta ser sério, responsável, seguro, que orienta as
atividades de aprendizagem de seus alunos, colaborando e somando com eles na
construção do conhecimento, verá a avaliação de outra forma, ou seja, a avaliação
como diagnóstico dos avanços e dificuldades dos alunos e como auxílio para o
replanejamento de seu trabalho docente.
Ao aplicar uma atividade para verificar uma determinada aprendizagem, e a
maioria dos alunos vai mal, o professor precisa ficar atento, pois ele não está
transmitindo o conteúdo de maneira correta e precisará rever sua forma de ensinar.
Porém, se a maioria da classe vai bem e alguns não, estes devem ser
atendidos através de outras atividades que ajudem na superação de suas
dificuldades.
Essas dificuldades precisam ser detectadas rapidamente para que os alunos
recebam apoio, para continuarem progredindo e não desenvolvam bloqueios.
Quando alguns alunos apresentam perdidos e atrapalhados em relação aos
conteúdos trabalhados, é dever da escola criar um sistema de apoio para esses
alunos, já que a escola assume uma responsabilidade com a aprendizagem de
todos.
32
O professor tem vários propósitos para verificar a avaliação dos alunos na
sala de aula: identificar as dificuldades de aprendizagem, como aparecem essas
defasagens e por que aparecem, determinar se os objetivos propostos para o
processo ensino-aprendizagem foram ou não atingidos e aperfeiçoá-los, avaliar o
aluno por meio de atividades diferenciadas durante a aula, trabalhos em grupo onde
outras crianças possam ajudar, intervenções que o professor pode propor, grupos de
apoio pedagógico que contribuam para a aprendizagem daqueles que estão com
dificuldades, elaboração de projetos pela escola que garantam horários de
atendimento aos alunos antes ou depois da aula, grupos de estudos atendendo
necessidades específicas dos alunos.
De acordo com a idéia de Libâneo, algumas medidas precisam ser tomadas
nas escolas para enfrentar os problemas de avaliação:
Provocar reflexões conjuntas dos professores sobre suas preocupações na sala de aula, dificuldades que estão tendo, alunos com mais dificuldades, fatores que prejudicam o andamento das aulas, entre outros.
Ligar a teoria sobre avaliação com o “saber-fazer” a avaliação. Definir com clareza as competências do professor e saberes
necessários para diagnosticar, compreender e atacar as causas dos insucessos escolares.
Compreender que a avaliação é instrumento, ela apenas dá indícios de onde estão os problemas de aprendizagem, para melhorar o ensino. (LIBÂNEO, 2004, p. 253)
A ênfase da avaliação não recai somente nos professores e nos alunos, mas
também nos elementos e no funcionamento da organização escolar: projeto político
pedagógico, currículo, processos de ensino e aprendizagem, estrutura de
coordenação pedagógica e assistência aos professores, relações interpessoais,
sistema de gestão, etc.
A escola deve propor e buscar uma instituição aberta à diversidade cultural,
social e também individual.
Se não acreditarmos que os alunos podem aprender, se não estivermos convencidos de que podemos de fato ensiná-los, não teremos o empenho necessário para identificar o que sabem ou não e, a partir daí, planejar as intervenções que podem ajudá-los a avançar em sua aprendizagem. (WEISZ, 2004, p. 107).
A avaliação centrada exclusivamente no objetivo de quantificar a
aprendizagem por meio de notas ou conceitos é ainda a forma de avaliar que
prevalece nas escolas.
33
Quando a avaliação tem um propósito de atribuir ao aluno uma nota ou
conceito com o objetivo de promovê-lo, ela é denominada avaliação somativa, que
tem função de classificar os alunos ao final da unidade, semestre ou ano letivo,
segundo níveis de aproveitamento.
A avaliação somativa supõe uma comparação, porque o aluno é classificado
de acordo com o nível de aproveitamento e rendimento atingido, havendo
comparação com os demais alunos da classe.
Podemos perceber esse tipo de avaliação nas escolas tradicionais.
O professor acha que ameaçando e exigindo notas vai levar o aluno a se
interessar, e a se envolver mais com as aulas.
De um lado, a avaliação pode ter um sentido positivo, na medida em que o
aluno tem a oportunidade de ver seu crescimento e assim poder se motivar a
continuar a aprender. Por outro lado, achar que o aluno vai estudar para não ir mal,
significa uma distorção no sentido da avaliação, já que há uma predominância do
medo.
Da maneira como a nota é trabalhada na escola, pode-se perceber que há
uma relação de ensino-aprendizagem com fator de alienação tanto por parte do
professor quanto do aluno.
Segundo Vasconcellos,
A nota é baseada no esforço-recompensa, uma vez que o primeiro gera satisfação e dependência, pois se não tiver uma recompensa o sujeito não age, e o segundo gera revolta e também dependência, pois se não tiver alguma ameaça o sujeito não age. Ao invés da nota ser um elemento para a construção do conhecimento, ela passa a desempenhar o papel de prêmio ou castigo, ao passo que tanto o aluno como o professor passa a ficar mais preocupados com a nota que com a aprendizagem. (VASCONCELLOS, 1998, p. 45).
A postura do professor diante da avaliação está relacionada à sua concepção
de educação. Ou ele é apenas um transmissor, onde tem o papel de transmitir e
fiscalizar a absorção do que foi transmitido, tendo a avaliação como
controle/coerção; ou ele é educador, onde ensina e faz tudo para que o aluno
aprenda, fazendo da avaliação um acompanhamento, uma ajuda.
Na pedagogia do esforço-recompensa, a nota é algo presente no processo
educativo, enquanto que na pedagogia da autonomia, a avaliação remete ao interior
do próprio processo do ensino-aprendizagem.
34
No ensino tradicional, o padrão de avaliação é de exterioridade com relação
ao aluno, estando ausente qualquer tipo de procedimento que leve o estudante ao
exercício da auto-avaliação e da autonomia.
Geralmente, a escola quer saber apenas se o aluno aprendeu ou não, para
que assim possa promovê-lo ou retê-lo. Porém, o sentido da avaliação educativa
não é a classificação ou a retenção de alunos, mas a identificação do estágio de
compreensão e assimilação do saber pelo educando, junto com as dificuldades que
este encontra, adotando medidas corretivas de ação.
Se o intuito é ajudar o aluno, a recuperação não deve ser feita apenas no final
do ano, e sim, deve ocorrer durante todo o processo de ensino aprendizagem, pois
dessa maneira, a recuperação cumpriria com sua real finalidade.
Quando se deixa para avaliar apenas no final de determinado processo,
corre-se o risco de não serem alcançados os resultados desejados, perdendo os
recursos e desperdiçando o tempo despendido no decurso da ação.
Prevendo-se avaliações mais freqüentes, têm-se a oportunidade de corrigir os
rumos e aperfeiçoar os procedimentos com um custo de tempo e de recursos cada
vez menor.
Muitas vezes, a nota ou conceito não mostra realmente a aprendizagem do
aluno, pois ele pode ter obtido nota nove em uma determinada área e não
necessariamente significa que ele aprendeu 90% do conteúdo ensinado.
Se para a escola a nota obtida pelos alunos serve para ter média, então a
avaliação não tem o papel de contribuir com um processo de aprendizagem.
Portanto, dessa maneira é difícil de entendê-la como parte integrante da proposta
pedagógica. Falta-lhes a compreensão do que seria a avaliação numa perspectiva
transformadora.
Diante disso, é possível perceber que a aula passa a não ter tanta
preocupação com a formação e construção do conhecimento do aluno, mas sim, tem
preocupação com a avaliação.
Os professores costumam reclamar que os alunos só pensam em nota, mas
se esquecem que a própria escola os levou a pensarem assim.
A prática da avaliação escolar chega a um patamar, onde a pressão sobre os
alunos é tão grave que os leva a distúrbios físicos e emocionais: mal estar, branco
na hora da prova, medo, angustia, insônia, vergonha, ansiedade, nervoso,
preocupação, etc. Há um clima de tensão por causa das provas e notas.
35
A avaliação acaba sendo utilizada na prática como instrumento de poder, de
controle, por parte da escola, pelo professor, pelos próprios pais, e não é usada
como recurso metodológico de reorientação do processo de ensino-aprendiazagem.
Não podemos deixar de lembrar que o professor, ao utilizar a avaliação como
um recurso para o educando verificar seu crescimento, permitirá ao aluno a se tornar
um aprendiz crítico capaz de avaliar as contribuições feitas pelos outros; dará
oportunidade de conhecimentos relevantes para a solução de problemas; estará
oferecendo condições para o aluno ser criativo e livre, além de ser capaz em suas
iniciativas e responsável por suas ações.
É preciso ter clareza que o conceito de avaliação da aprendizagem está
ligado a uma concepção pedagógica mais ampla, ou seja, a uma visão de educação,
no qual a avaliação no âmbito escolar deve estar articulada com as formas de
gestão (descentralização e autonomia), com o projeto pedagógico da escola, com o
currículo, com as metodologias, deverá estar a serviço das funções sociais da
escola, de maneira que possam assim, assegurar bons resultados de desempenho
escolar dos alunos.
36
CAPÍTULO IV
4. CRITÉRIOS E INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO: COMO AVALIAR O ALUNO
NO ÂMBITO ESCOLAR
Hoje o processo de avaliar o aluno está mudando, a ênfase está no aprender.
Isso significa uma mudança em quase todos os níveis educacionais: currículo,
gestão escolar, organização da sala de aula, vários tipos de atividades, e a própria
forma de avaliar a turma.
A avaliação subsidia o professor com elementos para uma reflexão contínua
sobre a sua prática, sobre a criação de novos instrumentos de trabalho e a retomada
de aspectos que devem ser revistos, ajustados ou reconhecidos como adequados
para o processo de aprendizagem individual ou de todo grupo.
Para o aluno, é o instrumento de tomada de consciência, dificuldades e
possibilidades para reorganização de seu investimento na tarefa de aprender. Para a
escola, possibilita definir prioridades e localizar quais aspectos das ações
educacionais demandam maior apoio.
Deste modo, o professor deixa de apenas transmitir informações e passa a
preparar os alunos para que elaborem seu conhecimento.
A mudança não se dá de uma vez, é necessário começar com passos
pequenos, desencadeando um processo de mudança com abrangência crescente:
sala de aula, escola, comunidade, sistema de ensino, sociedade civil, etc.
Trata-se de uma luta da educação, mas articulada a outras frentes e setores
da sociedade, desde novas práticas na escola, passando por mudanças de
legislação, até a construção de uma nova sociedade.
Cada escola tem suas características e seus objetivos próprios,
principalmente em sua interpretação e sistema de avaliação.
Quando uma escola declara que um aluno está aprovado em uma
determinada série ou grau, está dizendo que este aluno alcançou o que foi proposto
como meta educacional. No entanto, outra escola ao avaliar o mesmo aluno poderia
discordar daquele julgamento.
É muito importante o cuidado que as escolas devem ter em relação ao
sistema adotado para o processo avaliativo. Cada unidade de ensino apresenta
37
peculiaridades próprias, por isso, é ilícita a cópia de regimentos de uma escola para
outra.
Os critérios de avaliação são geralmente estabelecidos pelo sistema ou
subsistemas, embora o mais comum é que cada escola, através de seu regimento,
registre os critérios ou normas a serem observados pelos responsáveis das
diferentes disciplinas curriculares.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), vigente desde 1996,
determina que a avaliação seja contínua e cumulativa, onde os aspectos qualitativos
prevaleçam sobre os quantitativos, ou seja, os resultados obtidos pelos estudantes
ao longo do ano escolar devem ser mais valorizados que a nota da prova final; que
haja possibilidade de aceleração de estudos para alunos com atraso escolar;
possibilidade de avanço nos cursos e nas séries mediante verificação do
aprendizado; aproveitamento dos estudos concluídos com êxito; obrigatoriedade de
estudos de recuperação, de preferência concomitantes ao período letivo, para os
casos de baixo de rendimento escolar, a serem disciplinados pelas instituições de
ensino em seus regimentos.
Quando a LDB estabelece que a avaliação deve ser contínua e prioriza a
qualidade e o processo de aprendizagem, ou seja, o desempenho do aluno ao longo
de todo o ano e não apenas numa prova ou num trabalho, utiliza outra palavra para
expressar o que convencionou chamar de avaliação formativa.
Muitos vêem a avaliação formativa como uma oposição à avaliação
tradicional, também conhecida como somativa ou classificatória. Esta se caracteriza
por ser realizada geralmente ao final de um programa, com o único objetivo de
definir uma nota ou estabelecer um conceito, ou seja, dizer se os estudantes
aprenderam ou não.
Cada uma das avaliações servem para diferentes fins.
A avaliação somativa é a melhor forma de avaliar os alunos pela quantidade
de conhecimentos que eles dominam, como no caso do vestibular ou de outros
concursos.
Já a avaliação formativa é realizada com o propósito de informar o professor e
o aluno sobre o resultado da aprendizagem, durante o desenvolvimento das
atividades escolares. É muito mais adequada ao dia-a-dia da sala de aula, porém
nenhum instrumento pode ser descrito como prioritário. A diversidade é que vai
38
possibilitar ao professor obter mais e melhores informações sobre o trabalho em
sala.
Não podemos esquecer que a avaliação formativa só cumprirá com sua
função se o aluno for comunicado dos seus resultados.
O objetivo do professor é fazer com que todos aprendam, e uma das
primeiras coisas que ele deve fazer é informar os alunos sobre o que vai ser visto
em aula e o porquê de estudar aquilo.
Quando o professor discute com os alunos os objetivos de uma atividade, ele
fornece meio para que eles acompanhem o próprio desenvolvimento.
O aluno deve saber sempre onde está e o que fazer para avançar.
É difícil de mudar a maneira de avaliar, mas não é impossível. É uma questão
de mudança de postura do educador tanto em relação à avaliação quanto à
educação e à sociedade.
Sabemos que muitos professores estão acomodados e sem expectativas,
pensando negativamente, e são resistentes a mudanças no processo avaliativo.
Com isso, continuarão aderindo às provas, exame e exercícios avaliativos.
A mudança no processo de avaliar, requer mudanças na maneira de pensar a
educação, e requer mudanças na prática pedagógica.
O maior desafio para o educador é conciliar a teoria/discurso à prática, porém
há uma grande contradição entre eles.
O que ocorre na realidade é uma intensa cobrança para que os professores
trabalhem através de projetos, utilizem as orientações dos Parâmetros Curriculares
Nacionais, que desenvolvam as competências e habilidades de seus alunos. Porém,
quando chega o momento de avaliar, o que é exigido são as notas e provas.
Segundo Vasconcellos (1998), o professor que quer superar o problema da
avaliação precisa, partir de uma autocrítica:
- abrir mão do uso autoritário da avaliação que o sistema lhe faculta;
- redimensionar o uso da avaliação, tanto do ponto de vista da forma como do
conteúdo;
- rever a metodologia de trabalho em sala de aula;
- alterar a postura diante dos resultados da avaliação;
- criar uma nova mentalidade junto aos alunos, aos colegas educadores e aos pais.
É importante lembrar que a mudança de mentalidade se dá pela mudança de
prática.
39
O educador pode ler um texto que critica o uso autoritário da avaliação,
concordar e continuar com o mesmo tipo de avaliação.
A conscientização é um longo processo de ação-reflexa-ação. Quando se
tenta mudar o tipo de avaliação é que se pode perceber o grau de dificuldade da
transformação.
Muitas vezes, os professores ficam divididos: de um lado, a percepção da
necessidade de mudar, de outro, a resistência, o medo do novo.
É preciso mostrar que os professores não serão punidos, não sofrerão
represarias por praticarem juntos aos alunos avaliações com alternativas
democráticas, em que os estudantes participem das decisões acerca de suas notas.
Além disso, é importante que haja maiores espaços para a participação
coletiva das decisões avaliativas, fazendo parte delas os pais, os alunos, a direção
da escola, os professores e os funcionários.
O educador deve procurar desenvolver um conteúdo mais significativo e uma
metodologia mais participativa, para que assim, possa diminuir a necessidade de
recorrer à nota como instrumento de coerção.
Enquanto o professor não mudar a forma de trabalhar em sala de aula,
dificilmente conseguirá mudar a prática de avaliação formal, decorativa, autoritária,
repetitiva, sem sentido.
Ao professor cabe refletir se sua prática de sala de aula condiz com sua
concepção de educação, e a partir disso, escolher entre uma educação libertadora e
transformadora ou uma educação reprodutora.
Muitos professores esquecem que é importante considerar, na avaliação,
outros instrumentos para avaliar os alunos.
O processo formal (provas) e o informal (atividades diversas) são
considerados estranhos entre si, dividindo o processo de ensino em quantitativo e
qualitativo que, se integradas, possibilitariam uma visão ampla do desempenho do
aluno.
Para se desenvolver uma avaliação com boa qualidade, é necessário que
alguns elementos estejam presentes: participação de todos, planejamento
participativo, consciência política, solidariedade comunitária, capacidade crítica e
autocrítica, autogestão, entre outros.
Conforme afirma Philippe Perrenoud (1993, p.173), “mudar a avaliação
significa provavelmente mudar a escola”.
40
Os critérios de avaliação devem centrar-se numa melhor qualidade da
aprendizagem para os alunos, onde todos tenham capacidades e competências
cognitivas, operativas, afetivas, morais, para sua inserção produtiva, criativa e crítica
na sociedade contemporânea, e não veja a avaliação como mero processo de
classificação e seleção.
A avaliação deve se vista como um processo contínuo para que possa
cumprir sua função de auxílio ao ensino-aprendizagem, pois o professor pode estar
acompanhando a construção do conhecimento pelo educando, verificando os vários
estágios do desenvolvimento dos alunos e não os julgando apenas num
determinado momento.
Para avaliar o aproveitamento do aluno existem técnicas e instrumentos de
avaliação da aprendizagem, e a seleção das técnicas e dos instrumentos deve ser
realizada durante o processo de planejamento de ensino, para que haja melhor
adequação dos recursos de avaliação aos objetivos previstos, aos conteúdos
estabelecidos e às atividades propostas para o processo ensino-aprendizagem.
Devem ser utilizados técnicas variadas e instrumentos diversos de avaliação.
Quanto mais dados o professor adquirir na avaliação, utilizando instrumentos
variados e adequados aos objetivos propostos, mais informações obterá para
melhorar o seu trabalho e orientar a aprendizagem dos alunos.
O processo de avaliar o aluno deve ser constante e pode ser feio durante
trabalhos individuais ou em grupos, por meio de jogos e brincadeiras, o professor
pode utilizar atividades interativas em que exista o diálogo, a troca de idéias e
opiniões entre os alunos, a participação e a cooperação, é importante também ter
conversas individuais com os alunos, perguntar o que aprenderam e do que
gostaram, mas a atenção e o olhar do professor devem ser sempre para cada
estudante, pois dessa forma, podem-se observar os interesses e os avanços de
todos.
O professor precisa considerar alguns aspectos ao selecionar os instrumentos
de avaliação da aprendizagem (HAIDT, 2004, p. 296):
- os objetivos visados para o ensino-aprendizagem, aplicação de conhecimentos, habilidades, atitudes;- a natureza do componente curricular ou área de estudo;- os métodos e procedimentos usados no ensino e as situações de aprendizagem;- as condições de tempo do professor e o número de alunos da classe.
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Os instrumentos de avaliação que serão utilizados pelo professor devem ser
escolhidos durante o processo de planejamento de ensino, para que haja melhor
adequação dos recursos de avaliação aos objetivos previstos, aos conteúdos
estabelecidos e as atividades propostas para o processo ensino-aprendizagem.
Para que a função da avaliação desempenhe seu papel de diagnosticar,
assim como a de verificar o resultado dos objetivos previstos para o ensino e a
aprendizagem, é preciso o uso de vários instrumentos avaliativos.
São muitos os instrumentos existentes para avaliar o desempenho dos
alunos:
4.1 Prova oral
A prova oral foi um instrumento de avaliação muito utilizado no século
passado . Hoje ela é pouco utilizada.
Sua principal função é avaliar conhecimentos e habilidades de expressão oral.
É recomendada sua utilização no ensino de línguas estrangeiras, pois através da
prova oral, o professor pode verificar e avaliar a pronúncia, a construção correta da
frase e afluência do vocabulário.
É preciso que o professor se prepare, fazendo uma espécie de questionário
que apresente problemas, referências e dados de certo tema, definindo de forma
clara o modo como se ligam as informações e explicações.
A prova oral deve provocar algo em termos de compreensão dos
conhecimentos.
Há desvantagens na aplicação da prova oral:
- a pequena quantidade de perguntas não abrange todos os conteúdos estudados;
- a forma verbal que é utilizada pelo aluno, a capacidade de expor suas idéias, seu
comportamento, interferem no resultado final;
- o julgamento é imediato, e torna-se subjetivo;
- os alunos são avaliados individualmente, o que demanda muito tempo.
4.2 Prova dissertativa
As questões dissertativas são muito usadas pelos professores nas escolas.
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Nesse tipo de avaliação o aluno organiza e responde a pergunta usando suas
próprias palavras, verifica a capacidade de analisar o problema central, abstrair
fatos, formular idéias e redigi-las.
A prova dissertativa apresenta vantagens:
- é possível verificar a capacidade do aluno de analisar, sintetizar, aplicar o
conhecimento, relacionar fatos e idéias, interpretar dados, se expressar,
organização;
- é fácil de ser elaborada e organizada;
- reduz a probabilidade de acerto casual, pois o aluno deve organizar a resposta e
usa a linguagem para exprimi-la;
Esse tipo de instrumento avaliativo requer do professor questões relevantes e
coerentes com o conteúdo ensinado, abordando os aspectos mais importantes; as
perguntas devem ter clareza nos enunciados para que o aluno possa entender o que
se está perguntando; e cabe ao professor elaborar questões de acordo com o nível
de desenvolvimento intelectual da classe.
4.3 Auto-avaliação
A auto-avaliação, do meu ponto de vista, é um dos instrumentos mais
importantes para avaliar o aluno, pois deste modo não é o professor que avaliará o
aluno, e sim, este ficará incumbido em realizar este papel.
Sendo assim, é o aluno que dirá ao professor quais são suas dificuldades,
seus pontos fortes, o que aprendeu, em quais aspectos precisa melhorar, se os
objetivos propostos no curso foram alcançados por ele.
Com isso, o aluno acaba fazendo uma reflexão de si e se auto-analisando,
tendo uma participação ativa no processo de aprendizagem e uma análise de seu
progresso, desempenhos, atitudes e comportamento.
É importante que o professor ao aplicar a auto-avaliação nos alunos os
oriente, apresentando-lhes algumas perguntas que sirva como um roteiro para
facilitar o processo como: o que ao longo do semestre o aluno aprendeu, qual a sua
principal dificuldade, houve aproveitamento nos estudos, como foi seu desempenho
em relação à freqüência e pontualidade, seu comportamento e atitudes na escola e
em sala de aula, participação nas atividades, colaboração com os colegas, quais são
suas metas para o próximo semestre ou bimestre.
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Para os alunos das séries iniciais, convém apresentar-lhes um roteiro com
perguntas, pois eles estão ainda aprendendo a se auto-avaliar.
A auto-avaliação, oral ou escrita, passa a ser a saída para que os alunos
definam qual foi o conhecimento adquirido ou não, ao longo daquele período.
Ao tomar conhecimento das necessidades do aluno, o professor pode fazer
atividades individuais ou em grupo para ajudá-lo a superar suas dificuldades.
A auto-avaliação além de ser um instrumento para melhorar o trabalho
docente, é uma maneira de promover a autonomia nos alunos.
4.4 Observação e Registro
O professor está constantemente observando seus alunos seja quando estes
estão fazendo os exercícios em sala de aula, quando estão participando de
trabalhos em grupo, de atividades de pesquisa, em excursões, nos jogos, quando
lêem em voz alta, ao fazer comentários e argumentações, ao formular perguntas em
sala, enfim, o professor pode observar os alunos em diversas situações no âmbito
escolar.
Isso faz com que o professor possa registrar muitas informações sobre o
aproveitamento escolar, completando os dados obtidos por provas, testes, auto-
avaliações, etc.
Ao observar o professor acaba conhecendo melhor seus alunos, e assim,
pode identificar suas dificuldades e verificar seu avanço e progresso na
aprendizagem.
A observação permite avaliar objetivos educacionais que outros instrumentos
não conseguiriam com tanta eficiência. Por isso, a observação tem como avaliar o
desenvolvimento do aluno e ter informações sobre as áreas afetivas, cognitivas,
psicomotoras e sociais.
Os dados obtidos por meio da observação devem ser anotados e constituir
um registro escrito de fatos significativos do âmbito escolar do aluno.
Podem-se fazer esses registros em fichas individuais ou em um caderno,
desde que cada aluno tenha uma página.
Se o professor optar por utilizar fichas é preciso decidir o que é importante
constar nela, como por exemplo atitudes, habilidades e competências que serão
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observadas. Isso ajudará na percepção global da classe e na interpretação dos
dados.
Quando na sala há muitos alunos, o professor pode começar a observar certo
número de alunos e aos poucos vai observando os demais.
Esse instrumento serve para ver o processo de desenvolvimento do aluno e
permite a elaboração de intervenções.
4.5 Testagem
A testagem é outro meio de se avaliar o aluno através de testes.
O teste é uma prova objetiva com a finalidade de verificar o aproveitamento
escolar do aluno, como resultado do processo ensino-aprendizagem. Para a
elaboração de provas objetivas é preciso que o professor:
- conheça o conteúdo a ser avaliado
- tenha objetivos claros e definidos, usando uma linguagem direta, sucinta,
adequada ao nível dos alunos, evitando ambigüidades
- redija questões em ordem de dificuldade começando com as mais simples e depois
as mais complexas.
Há vários tipos de questões objetivas:
- de respostas curtas
- de lacunas
- de certo-errado
- de correlação ou combinação
- de múltipla escolha
Fica a critério de o professor escolher qual tipo de questão objetiva se
enquadra melhor no teste que irá aplicar, conforme o conteúdo abordado nas aulas.
Os testes apresentam algumas vantagens: avalia vários objetivos o mesmo
tempo, fornecendo uma ampla amostra do conhecimento do aluno, pois são
constituídos por numerosas questões; possibilitam julgamento objetivo e rápido,
onde a correção é relativamente simples, já que, em geral cada questão só admite
uma resposta.
Mas os testes também apresentam desvantagens: não avaliam as habilidades
de expressão; restringem as respostas dos alunos, podendo condicioná-los a certa
passividade, caso sejam submetidos apenas a esse tipo de instrumento.
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4.6 Seminário
O seminário é uma exposição oral para um público, onde se utiliza a fala e
materiais de apoio adequados ao assunto.
Possibilita a transmissão verbal das informações, contribui para a
aprendizagem do ouvinte e do expositor, exige pesquisa, planejamento e
organização das informações, desenvolve a oralidade em público.
O professor deve ajudar a fornecer bibliografia e fontes de pesquisa,
esclarecer os procedimentos apropriados para a apresentação, definir a duração e
data da apresentação, além de solicitar um relatório individual de todos os alunos.
É importante que a classe participe da apresentação, e cabe ao professor
estimulá-los a questionarem, fazerem perguntas e dar suas opiniões.
É essencial que o professor use critérios para avaliar cada etapa do
seminário, como por exemplo, o desenvolvimento do tema, os materiais utilizados, o
comportamento e habilidades dos alunos, e outros.
4.7 Trabalho em grupo
O trabalho em grupo é para ser realizado coletivamente, e sua função é
desenvolver a colaboração e a socialização entre os alunos.
Esse instrumento pode ser utilizado em classes numerosas e é possível
abranger diversos conteúdos em caso de escassez de tempo.
O professor deve propor uma série de atividades relacionadas ao conteúdo a
ser trabalhado, fornecer fontes de pesquisa, ensinar os procedimentos necessários e
indicar materiais para a consecução dos objetivos.
Ao final do trabalho, o professor precisa observar se houve participação de
todos e colaboração entre os colegas.
Para avaliar o trabalho é importante que atribua valores às diversas etapas do
processo a ao produto final.
Caso o professor perceba que há problemas de socialização, é necessário
fazer uma intervenção, como organizando jogos e atividades em que a colaboração
seja o elemento principal.
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4.8 Debate
O debate é uma discussão em que os alunos expõem seus pontos de vista a
respeito de assuntos tratados em sala, com o objetivo de aprender a defender uma
opinião fundamentando-se em argumentos convincentes.
Esse tipo de instrumento avaliativo desenvolve a habilidade de argumentação,
de pensar, questionar e a oralidade dos alunos, além de aprenderem a ouvir os
demais.
O professor deve se comportar como mediador, dando chance de todos
participarem, pois em um debate deve-se valorizar a troca de informações entre as
pessoas. É também papel do professor definir com a classe o tema a ser debatido,
orientando-os a uma pesquisa prévia do que será discutido, estabelecer tempo,
regras e os procedimentos.
É importante que ao final da discussão, o professor avalie e analise o
andamento do debate apontando pontos positiv