3
ESCOLA MUNICIPAL MANOEL MONTEIRO Poema: A CABEÇA QUEBRADA DATA: 20 de junho de 2006. Autor: Marco Aurélio Dias _____________________________________________________ 1 A CABEÇA QUEBRADA *** (Este poema retrata um dia agitado na Escola Municipal Manoel Monteiro, em 20 de junho de 2006. Depois do corre-corre, sentei na minha mesa e rapidamente escrevi esta poesia). Adriano entra e fala: - “A criança caiu E quebrou a cabeça...!” - “Me traz o aluno!” - Jozane diz logo, E, no corre que corre, “Me pede” uma pasta: - “Vou ver onde mora”! O arquivo emperra, Eu puxo a gaveta, Ela faz que segura; Eu ponho mais força, Ela abre e eu caio! Demora, mas acho: - “Taqui”, pode ler! Jozane folheia Os papéis do aluno E desprende uma voz: - Meu Deus, que sufoco! Não tem telefone... “Me chame” o Wilson! - Mais calma – eu peço! E berro acenando: - “Wilson, vem cá!” Que chega ofegante Veloz como um raio

A Cabeça Quebrada

Embed Size (px)

Citation preview

ESCOLA MUNICIPAL MANOEL MONTEIRO Poema: A CABEÇA QUEBRADA

DATA: 20 de junho de 2006. Autor: Marco Aurélio Dias

_____________________________________________________

1

A CABEÇA QUEBRADA *** (Este poema retrata um dia agitado na Escola Municipal Manoel Monteiro, em 20 de junho de 2006. Depois do corre-corre, sentei na minha mesa e rapidamente escrevi esta poesia). Adriano entra e fala: - “A criança caiu E quebrou a cabeça...!” - “Me traz o aluno!” - Jozane diz logo, E, no corre que corre, “Me pede” uma pasta: - “Vou ver onde mora”! O arquivo emperra, Eu puxo a gaveta, Ela faz que segura; Eu ponho mais força, Ela abre e eu caio! Demora, mas acho: - “Taqui”, pode ler! Jozane folheia Os papéis do aluno E desprende uma voz: - Meu Deus, que sufoco! Não tem telefone... “Me chame” o Wilson! - Mais calma – eu peço! E berro acenando: - “Wilson, vem cá!” Que chega ofegante Veloz como um raio

ESCOLA MUNICIPAL MANOEL MONTEIRO Poema: A CABEÇA QUEBRADA

DATA: 20 de junho de 2006. Autor: Marco Aurélio Dias

_____________________________________________________

2

E ao ver a criança Molhada de sangue “Nos diz” num rompante: - Conheço o menino, É lá meu vizinho, Nasceu na Biquinha. E enquanto organizo Aquele tumulto - Mandando os alunos De mais curiosos Pra sala de aula, Dizendo bem alto: - O sinal já tocou, O recreio acabou, A cabeça quebrou, O sangue estancou E o show terminou! - Wilson, tranqüilo, Já abre o portão, E de mão na criança Lá vai pela rua Cumprindo a missão, Sem ai, sem enfado. O susto acabado... Nem foi tanto sangue, Nem foi tanto corte, Mais houve foi choro, Foi grito, foi medo. E até se escuta A voz de uma “Tia” Ensinando os “fatos”... Ao passo que outra, Na sala ao lado, Regendo o coral De alunos do “pré” (?), Executa afinada A canção do folclore:

ESCOLA MUNICIPAL MANOEL MONTEIRO Poema: A CABEÇA QUEBRADA

DATA: 20 de junho de 2006. Autor: Marco Aurélio Dias

_____________________________________________________

3

“Terezinha de Jesus De uma queda Foi ao chão...” E assim é a vida: Caiu Terezinha, Caiu nosso aluno... E o tempo passando Nem vi que passou (Mas são cinco horas): Wilson voltou, Jozane nem pisca, Nem Kátia parada... É mãe que conversa, Professora que chama; O bairro inteiro Do meu Cafundó Quer ter uma prosa, Quer dar um recado, Falar de seu filho, Comprar uniforme. Mas isso é escola, É vida que vive, Que entra e que sai, Que come e aprende, Que corre e que cai, Que brinca e machuca... E os braços abertos Que o povo encontra, Tem nome bonito Que digo e repito: Escola Municipal Manoel Monteiro! São Lourenço, 20 de junho de 2006. Marco Aurélio Rodrigues Dias