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A Carga Psíquica do Trabalho Considerações Teóricas Santos-Lima (2004) 19/08/2004

A carga psíquica do trabalho

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Page 1: A carga psíquica do trabalho

A Carga Psíquica do Trabalho

Considerações Teóricas

Santos-Lima (2004)

19/08/2004

Page 2: A carga psíquica do trabalho

1. Introdução

Toda a atividade tem pelo menos três

aspectos: físico, cognitivo e psíquico. Cada um deles pode determinar uma sobrecarga.

Wisner (1984)

Page 3: A carga psíquica do trabalho

São reservados à carga psíquica do trabalho os elementos afetivos e relacionais.

Dejours (1994)

A carga psíquica “pode ser definida em termos de níveis de conflito no interior da representação consciente ou inconsciente das relações entre pessoa (ego) e a situação. Mas ela é também o nível em que o sofrimento e a fadiga física, a falta de sono provocada pela distribuição dos períodos de trabalho nas 24 horas, a sobrecarga de trabalho cognitivo podem determinar distúrbios afetivos”.

Wisner (1984, p.13-14)

1. Introdução

Page 4: A carga psíquica do trabalho

Segundo Dejours (1994, p. 24), em se tratando de carga psíquica o “perigo principal é o de um subemprego de aptidões psíquicas, fantasmáticas ou psicomotoras, que ocasiona uma retenção da energia pulsional, o que constitui precisamente a carga psíquica do trabalho”.

1. Introdução

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  Essa retenção gera um acúmulo no aparelho

psíquico, ocasionando sentimentos de desprazer e tensão. Se não houver meios para a descarga da tensão, esta, recuará para o corpo.

Dejours (1994) Reich (1995).

1. Introdução

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  Quando a via Mental e a via motora estão fora

de ação, a energia pulsional não pode ser descarregada senão pela via do sistema nervoso autônomo e pelo desordenamento das funções somáticas. É a via “visceral” a que estará atuando no processo de somatização.

Dejours (1994)

1. Introdução

Page 7: A carga psíquica do trabalho

  Logo é lícito pressupor que a carga psíquica

pode ser analisada através das tensões acumuladas no corpo. Entretanto como isto se dará é o desafio metodológico a ser atingido.

E quanto às outras desordens de funções somáticas?

Variabilidade cardíaca

1. Introdução

Page 8: A carga psíquica do trabalho

 

1. Introdução

O que é isso que Dejours chama de

mecanismos pulsionais? Que princípio rege o funcionamento psíquico? Como o corpo denuncia uma sobrecarga

psíquica e qual mecanismo é utilizado nesta dinâmica?

Page 9: A carga psíquica do trabalho

 

1. Introdução

  A perspectiva deste estudo é tripla:

(1) clarear os conceitos apropriados da psicodinâmica pela psicopatologia do trabalho e pela ergonomia;

(2) realizar um percurso teórico sobre as contribuições da psicodinâmica para a compreensão do funcionamento psíquico do indivíduo;

(3) enriquecer o objeto de estudo: a conduta psíquica humana no trabalho, e, assim gerar propostas de técnicas para abordar metodologicamente a carga psíquica do trabalho.

Page 10: A carga psíquica do trabalho

 

2. Contribuições da Psicodinâmica

  As pulsões de vida (Eros) e as pulsões de morte

(Tanatos).

Freud apresenta os dois princípios que regem o funcionamento mental: o princípio do prazer que busca evitar o desprazer, e o princípio da realidade que altera o princípio do prazer na medida em que consegue impor-se como princípio regulador.

Page 11: A carga psíquica do trabalho

    De acordo com a segunda tópica do aparelho psíquico

de Freud, o id relaciona-se com a pulsão, que por sua vez é ambivalente, o superego com a cultura e o ego estabelece vínculos mais operacionais que permitem a manipulação da realidade. O ego não é governado pelo princípio do prazer, mas pelo princípio do ajustamento à realidade, isto é, ao princípio da realidade, que é regido pela vida social implicando, fundamentalmente em algumas renúncias pulsionais.

2. Contribuições da Psicodinâmica

Page 12: A carga psíquica do trabalho

    No entanto o id e o princípio do prazer são elementos

insubmissos e indestrutíveis, tentam emergir para a realidade tentando transformar o mundo de acordo com o seu desejo.

Compreendendo a Compulsão à repetição

2. Contribuições da Psicodinâmica

Page 13: A carga psíquica do trabalho

Para Martins (1998) é sobre as representações mentais (Vorstellungen) que os investimentos pulsionais se fazem. As pulsões e as Vorstellungen estão, assim, na base do funcionamento do modelo do aparelho psíquico humano.

2. Contribuições da Psicodinâmica

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Designa aquilo que representa, o que forma o conteúdo concreto de um ato de pensamento e, em especial, a reprodução de uma percepção anterior (Lalande, 1995)

Vorstellüng (Martins, 1998)

Freud: representação coisa (visual) – Ics representação palavra (acústica) – PCs-Cs.

Recalque da representação e Repressão do afeto.

Representação substitutiva

2. Contribuições da Psicodinâmica

Page 15: A carga psíquica do trabalho

    E assim, o aparelho psíquico continua a lutar contra

esse sintoma, produzindo o quadro de uma neurose. É que apesar do impulso instintual encontrar um substituto, este substituto é reduzido, descolado de suas reais vicissitudes e inibido, e que, assim, não é mais reconhecível como uma satisfação. E, quando o impulso substitutivo é levado a efeito, não há qualquer sensação de prazer; sua realização apresenta, ao contrário, a qualidade de uma compulsão.

2. Contribuições da Psicodinâmica

Page 16: A carga psíquica do trabalho

    Em outras palavras, nosso aparelho psíquico, visando

uma evitação de desprazer, envia para a memória implícita de logo termo a representação ansiogênica (causadora de ansiedade). No entanto, o reprimido (o afeto) é desviado para uma outra representação substitutiva, por exemplo, em formas de somatização de doenças, conversões histéricas ou em couraças musculares. Este mecanismo mobiliza processos cognitivos constantes, pois o recalcado (a representação) é compelido a retornar à consciência através desta modalidade de funcionamento, tentando novamente repelir a representação recalcada, que tornará a voltar e a ser repelida outras tantas. Quando este mecanismo se estabelece, todos os outros sistemas psíquicos são empobrecidos em seu detrimento.

2. Contribuições da Psicodinâmica

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  “A relação antitética é clara: o comportamento fisiológico determina o comportamento psíquico, e vice-versa”

(REICH, 1995, a, p.324).

O homem com o medo que possui de se autodescobrir, de notar suas imperfeições, suas limitações, de enxergar aquela parte reprimida do ego que é incapaz de reconhecer em si mesmo, aliado às pressões e exigências de uma situação, se encouraça.

3. Contribuições de Reich

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  “Esse encouraçamento torna a pessoa menos sensível

ao desprazer, mas também restringe sua motilidade agressiva e libidinal, reduzindo assim a capacidade de realização e de prazer”

(REICH 1995,b p. 314).

3. Contribuições de Reich

Page 19: A carga psíquica do trabalho

  Impossibilitado de vivenciar o seu verdadeiro Eu, o homem enfermo, organiza uma estrutura de contenção muscular de forma a isolar suas vivências profundas, e a partir daí organiza uma forma superficial de ser que não comprometa seu ego e que, ao mesmo tempo, atenda às exigências do ambiente. Esses bloqueios, por sua vez, “são sempre de natureza muscular e, se foram produzidos no início da vida pós-natal, fixaram-se, porque a memória emocional está ancorada no aparelho neuromuscular, enquanto a memória intelectual está ligada à própria célula nervosa”

(NAVARRO, 1995, p.27).

3. Contribuições de Reich

Page 20: A carga psíquica do trabalho

  O que é Couraça ?

A couraça é um termo usado por Reich para um processo que, frente a situações sociais e internas, nos fazem diminuir nossa vitalidade, através de tensões musculares crônicas para que haja uma limitação da consciência

LOWEN (1995 p.16).

3. Contribuições de Reich

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  Contenção da respiração;

Impede a expressão espontânea de nossos sentimentos e de movimentos corporais harmônicos (seja por rigidez ou por flacidez);

Diminuição da circulação sanguínea na região encouraçada;

Consequência: diminuição da vitalidade das células na região encouraçada – estase libidinal.

3. Contribuições de Reich

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  Libido – Vontade;

libido é a manifestação dinâmica na vida psíquica da pulsão sexual.

Freud (1924)

estase da libido como um processo econômico que Freud supôs poder estar na origem da entrada na neurose ou na psicose: a libido que deixa de encontrar caminho para descarga acumula-se sobre formações intrapsíquicas; a energia assim acumulada encontrará a sua utilização na constituição dos sintomas.

Laplanche e Pontalis (1998)

3. Contribuições de Reich

Page 23: A carga psíquica do trabalho

  Reich (1995,a) acreditava que a neurose resulta da libido contida . A partir de então, buscou no corpo os bloqueios musculares e vegetativos que limitavam o livre fluxo da libido combatendo a estase libidinal. “Estase não significa senão uma inibição da expansão vegetativa e um bloqueio da atividade e motilidade dos órgãos vegetativos centrais. A descarga de excitação é bloqueada: a energia biológica fica presa”

Para Reich essa contenção ativa mecanismos infantis

de solução interna (soluções pré-genitais) formadora das neuroses.

3. Contribuições de Reich

Page 24: A carga psíquica do trabalho

  Em Função do Orgasmo, Reich comentou: “Como pode o bloqueio respiratório dominar ou eliminar completamente os afetos? Essa era uma questão que tinha importância decisiva. De fato, estava claro então que, como mecanismo fisiológico para a supressão e repressão dos afetos, a inibição respiratória era o mecanismo básico da neurose em geral.

3. Contribuições de Reich

Page 25: A carga psíquica do trabalho

  A simples observação indicava que, biologicamente, a respiração tem a função de introduzir oxigênio dentro do organismo e de remover o dióxido de carbono. O oxigênio do ar introduzido realiza a combustão dos alimentos digeridos. Quimicamente falando, combustão é o que ocorre na fusão das substâncias com o oxigênio. Esse processo gera energia. Sem oxigênio, não há combustão e, portanto, não há produção de energia. No organismo, a energia é produzida por meio da combustão dos alimentos. Dessa forma são gerados o calor e a energia cinética. A bioeletricidade também é produzida nesse processo de combustão. Na respiração reduzida, absorve-se menos oxigênio; de fato, apenas o suficiente para a preservação da vida. Com menos energia no organismo, as excitações vegetativas são menos intensas e, assim, mais fáceis de controlar. Vista biologicamente, a inibição da respiração nos neuróticos tem a função de reduzir a produção de energia no organismo e de reduzir assim a produção de angústia” (REICH, 1995,a, p. 261-262). Favorecendo, assim, a formação de estases libidinais, o encouraçamento, que por sua vez gerará um adoecimento psíquico e/ou conseqüente doença psicossomática.

3. Contribuições de Reich

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  Ego – Instância mediadora – cria Couraças

“a memória intelectiva é fixada nas células nervosas, a memória emotiva é inscrita nas estruturas musculares que expressam determinada emoção”

(Navarro, 1996, p. 14).

4. Compreendendo os Mecanismos PsicoPAthológicos

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  Logo o ego, ao sentir a ameaça, reprime as emoções fixando-as nos músculos. Ao liberar a emoção contida no músculo, liberamos também as idéias que foram recalcadas. Esse é o ponto nevrálgico na práxis clínica de Reich, bem como a sua grande contribuição no sentido de uma ciência que congrace a dimensão física, psíquica e cognitiva, que nunca são desmembradas de uma situação, qualquer que a seja, entretanto, que para atingir uma meta didática e empírica foram desmembradas.

4. Compreendendo os Mecanismos PsicoPAthológicos

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 “A fim de manter o recalque, torna-se necessária uma transformação adicional do ego: os recalques têm de ser cimentados, o ego tem que se enrijecer” (REICH, 1995 p.153). Paralelamente à organização da couraça muscular, estruturamos nossa vivência psíquica, limitando a possibilidade de percepção e de pensamento através da couraça. A couraça do caráter é responsável pela manutenção de um conjunto de racionalizações.[1]

[1] Racionalização “é o processo pelo qual o sujeito procura apresentar uma explicação coerente do ponto de vista lógico, ou aceitável do ponto de vista moral, para uma atitude, uma ação, uma idéia, um sentimento, etc., cujos motivos verdadeiros não percebe.”[1] (Laplanche e Pontalis. 1998 p.423)

 

4. Compreendendo os Mecanismos PsicoPAthológicos

Page 29: A carga psíquica do trabalho

  “Além da função de comunicar, a linguagem humana também funciona como defesa. A palavra falada esconde a linguagem expressiva do núcleo biológico”(REICH, 1995, p. 334). Construímos, assim, uma identidade ideal que será mantida em nossa cabeça e será sustentada por atitudes corporais (anel cervical). Esta é a nossa identidade narcisista secundária, nossa máscara.

4. Compreendendo os Mecanismos PsicoPAthológicos

Page 30: A carga psíquica do trabalho

  Esse ego acha-se possuído de toda perfeição de valor. O que o indivíduo “projeta diante de si como sendo seu ideal é o substituto do narcisismo perdido de sua infância na qual ele era seu próprio ideal”

(FREUD, 1925, p.101).

Narcisismo primário, narcisismo secundário.

4. Compreendendo os Mecanismos PsicoPAthológicos

Page 31: A carga psíquica do trabalho

  A identidade narcísica é baseada quase que exclusivamente em nosso aparato psíquico; o ego, através de um processo de simbolização permeada por uma lógica que mistura corpo e pensamento, passa a identificar-se com esse aparato e nega suas vivências corporais. Desfazer as defesas narcísicas significa desmascarar o homem.

4. Compreendendo os Mecanismos PsicoPAthológicos

Page 32: A carga psíquica do trabalho

  Assim, para transpor esse e outros mecanismos de defesa que dificultam os saltos qualitativos entre sensação, percepção, imaginação e linguagem. Propõe-se investigar o processo de simbolização no Comportamento Baseado no Conhecimento (RASMUSSEN, 1986), através das representações sobre a ação (SANTOS-LIMA, 2004).

5. A Guiza de uma Conclusão

Page 33: A carga psíquica do trabalho

  Levantam-se como problemas básicos para o

desenvolvimento desta investigação as seguintes interrogações: Que mecanismos psíquicos estão envolvidos no processo de simbolização? Como se organiza o processo cognitivo da tomada de decisão? Qual a relação da simbolização com os Comportamentos baseados em Conhecimentos? Para responder tais questões, considera-se que a simbolização seja um processo básico chave na compreensão do processo de construção do conhecimento humano. Neste trabalho, propõe-se como hipótese lógica que a falha na construção simbólica apresenta raízes primárias. O indivíduo fixado em uma construção primitiva do eu e do pensamento organiza a linguagem na sua função expressiva e não prática.

5. A Guiza de uma Conclusão

Page 34: A carga psíquica do trabalho

  Wisner (1989) aponta que de fato, não podemos brincar de situar o estudo do psiquismo no mesmo plano que a antropometria, a fisiologia muscular ou a psicologia cognitiva. É realmente a um modelo multidimensional do homem no trabalho que devemos apelar, ressaltando que por trás dessas reflexões teóricas existe uma necessidade social considerável, a necessidade de uma mudança radical das relações do homem com o seu trabalho.

5. A Guiza de uma Conclusão

Page 35: A carga psíquica do trabalho

  Wisner (1989) conclui citando Colby & Stolleer (1988):

A psicanálise pode contribuir para uma ciência da vida mental se não continuar sendo a psicanálise que

conhecemos e se orientar na direção de uma ciência e de uma tecnologia mais eficientes: a ciência cognitiva. E pensamos que a ciência cognitiva não amadurecerá

de sua atual condição de noviça até o estado de ciência da vida mental sem que se confronte com a

imaginação e com os sentimentos. Não sabemos como isso acontecerá, nosso artigo não tem por objetivo

explicar como. Podemos apena descrever o porquê e,assim, utilizando a prerrogativa dos anciões da tribo,

propor a tarefa para a próxima geração.”  

5. A Guiza de uma Conclusão

Page 36: A carga psíquica do trabalho

 

5. A Guiza de uma Conclusão

Ou seja, a nossa geração...

Page 37: A carga psíquica do trabalho

 

6. Referências

 DEJOURS, C. (1981) Travail: usure mentale. Paris: Centurion.

DEJOURS, C. (1987) Souffrance et plaisir au travail: l’approche par la psycophatologie

du travail. Em: DEJOURS, C. Plaisir et souffrance dans le travail. Paris AOCIP, Tomo 1.

FREUD, S. (1924). Neurose e Psicose . 1924 Ed. Imago. São Paulo.

FREUD, S. (1925). Sobre o Narcisismo: Uma Introdução. Ed. Imago- São Paulo.

FREUD, S. (1938). Divisão do Ego no Processo de Defesa. Ed. Imago. São Paulo.

LAPLANCHE e PONTALIS. (1998) Vocabulário da Psicanálise. 3a ed. Ed. Martins

Fontes - São Paulo.

MARTINS, F.C. (1994). Psicopathologia 1 – Fundamentos. Apostila do Departaameento de

Psicologia Clínica do Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília- UnB.

NAVARRO,F (1996). Metodologia da Vegetoterapia Caractero-analítica. Ed. Summus -

São Paulo.

RASMUSSEN, J. (1983). Skills, rules, and knowledge: signals, signs and sybols and other

distinctions in human performance models. IEEE Trans Syst Man Cybernet SMC-13: 257.

REICH, W. (1995,a) Análise do Caráter. Ed. Martins Fontes - São Paulo.

Page 38: A carga psíquica do trabalho

REICH, W.(1995,b) A Função do Orgasmo. -19a ed. Ed. Brasiliense - São Paulo.

SANTOS-LIMA, S.L. (2004) As representações sobre a ação. Artigo no prelo.

WISNER, A. (1981).Organizacional stress, cognitive load and mental suffering. Em:

SALVENDY, G., SMITH, M.J. Machine pacing and occupational stress. London: Taylor

and Francis.

WISNER, A. (1987). Por Dentro do Trabalho. Ergonomia: método e técnica. Tradução

Flora Maria Gomide Vezzá. São Paulo:FDT: Oboré, 1987.

WISNER, A. (1989). Fatigue and human reliability revisited: in the light of ergonomics

and work psychopathology. Em Ergonomics, n 7, v.32

WISNER, A. (1990). La Méthodologie Ergonomie: d’hier, à aujour’hui. Em:

Performances Humanes & Techniques, nº 50, p. 32-39.

Wisner, A. (1994). A Inteligência no Trabalho. Textos Selecionados em Ergonomia. São

Paulo: FUNDACENTRO.

WISNER, A. (1994). La Cognition et l’Action Situees. Consequences pour l’Analyse

Ergonomique du Travail et L’Antropotechnologie. Proceedings do 12th Congresso Trienal

da Associação Ergonômica Internacional. Vol. 1. Human Factors Association of Canadá.

6. Referências

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1. Introdução

  A perspectiva deste estudo é tripla:

(1) clarear os conceitos apropriados da psicodinâmica pela psicopatologia do trabalho e pela ergonomia;

(2) realizar um percurso teórico sobre as contribuições da psicodinâmica para a compreensão do funcionamento psíquico do indivíduo;

(3) enriquecer o objeto de estudo: a conduta psíquica humana no trabalho, e, assim gerar propostas de técnicas para abordar metodologicamente a carga psíquica do trabalho.

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Modelo Cognitivo - SRK - Rasmussen

Identificação

Associaçãoestado/tarefa

Decisão da tarefa

Planejamento

Estoque de regras para tarefa

Formação Padrões

sensórios motores automatizados

Comportamento baseado na Habilidade

Comportamento baseado em Regras

Comportamento baseado em Conhecimentos

Raciocínio Heurístico

Criatividade

Objetivos

Reconhecimento

Entrada sensorial Sinais Ações

Primeiridade

Secundidade

Terceiridade

E. SM

E. pre

E. OC

E. OFSimbólica

Signos

Sinais

Representações sobre a Ação

Representações pela Ação

Representações para Ação

Page 41: A carga psíquica do trabalho

Modelo de Wickens 1992 (adaptado)

Carga Psíquic

a

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A Carga Psíquica do Trabalho

Considerações Metodológicas

Santos-Lima (2004)

19/08/2004

Page 43: A carga psíquica do trabalho

 

1. Introdução

  Carga Mental – se define em função da diferença entre

a capacidade de um indivíduo e as demandas que impõe uma determinada tarefa

(Rubio & Diaz, 1999)

Índices baseados em Rendimento – Tarefas Múltiplas

Indicadores Fisiológicos

Técnicas Subjetivas – Multidimensionais – NASA; SWAT.

Page 44: A carga psíquica do trabalho

 

1. Introdução

  Segundo Nogareda Cuixart (1986), para poder avaliar

convenientemente a carga mental de um posto de trabalho deve-se ter presentes dois tipos de indicadores:

(1) os fatores de carga inerentes ao trabalho que se realiza;

(2) sua incidência sobre o indivíduo.

Portanto, como bem salientou Corrêa e Cruz (2003) é evidente a necessidade de associação dos métodos de acesso, a outros recursos como questionário e entrevista.

Page 45: A carga psíquica do trabalho

 

1. Introdução

  Além destas Técnicas, a dimensão Psíquica

pode ser analisada:

(a) indiretamente, através de análises da carga cognitiva e da carga Física;

(b) através de análises do discurso (Verbalização, thinking aloud,...) – em busca de representações;

(c) Pelo meio de alguns instrumentos desenvolvidos pela Psicologia do Trabalho.

Page 46: A carga psíquica do trabalho

 

1. Introdução

  Objetivo final: construção de um modelo cognitivo

que:

(1) incorpore de forma interativa os pressupostos teóricos da psicodinâmica, ergonomia cognitiva e engenharias.

(2) que integre uma noção de carga (condicionantes cognitivo, psíquico e físico) frente a uma demanda;

(3) que explique e prediga as condutas das pessoas; e

(4) que abranja as competências das pessoas e seu aprendizado.

Page 47: A carga psíquica do trabalho

 

  Brown, Glass e Park (2002) pesquisaram a relação da dor e da

depressão na função cognitiva (i,e velocidade de processamento de informação, raciocínio, memória de trabalho e memória de longo prazo). Assim demonstraram a relação da dor e cognição mediada por um constrangimento psíquico: a depressão. De acordo com os autores seus achados são compatíveis com a visão médica e psicológica de que o sofrimento pode desviar os recursos de atenção necessários para o envolvimento em tarefas cognitivas. Esta pesquisa merece atenção também pela abordagem metodológica dos autores ao utilizarem como um método indireto para avaliação da dimensão psíquica, a dimensão cognitiva. Entretanto a principal implicação deste estudo é o uso de psicotrópicos e terapias para indivíduos com depressão podem melhorar o funcionamento emocional e conseqüentemente o funcionamento cognitivo.

A. Fundamentação

Page 48: A carga psíquica do trabalho

 

A. Fundamentação

  Baseando-se nas teorias da psicodinâmica e da Psicologia do

Trabalho. É lícito pressupor que a sobrecarga psíquica em atividades cognitivas complexas (tomada de decisão e resolução de problemas) pode atrapalhar a desempenho cognitivo, como também, baseando-se no estudo de Brown, Glass e Park (2002), sob o ponto de vista metodológico, a carga psíquica pode ser analisada (ou dimensionada) indiretamente através de uma análise de seu desempenho cognitivo.

Reich e Psicodinâmica

Page 49: A carga psíquica do trabalho

 

B. Fundamentação

é interessante compreender como as representações são (re)constituídas e utilizadas nas situações de trabalho. Como nem todos os elementos da ação humana são conscientes e verbalizáveis, cabe ao ergonomista explicitar as representações juntamente com o indivíduo, por meio de observações da atividade, verbalizações espontâneas e entrevistas.

Sarmet (2003)

“observar uma ação consiste em identificar os gestos, os objetos manipuladores em um contexto cuja combinação tem um significado para o observador. Nesse sentido, é necessário explicar os elementos que compõe a ação para o observador”.Uma ação tem sempre um objetivo para quem a realiza e que nem sempre é acessível simplesmente pela observação, devendo o ergonomista buscar através da verbalização as razões que levam a pessoa a realizar tal ação.

Abrahão (1993, p.21)

Page 50: A carga psíquica do trabalho

 

B. Fundamentação

O aprofundamento na técnica de verbalização faz-se necessário devido a práxis ergonômica necessitar aproveitar de forma mais contundente a semântica utilizada pelas pessoas especialistas num determinado domínio e o modo pelo qual elas realmente resolvem problemas complexos e toma decisões dentro de limites e demandas apresentadas.

Page 51: A carga psíquica do trabalho

 

B. Fundamentação

Em outras palavras, o objetivo central de uma análise cognitiva é possibilitar, através da descrição e interpretação, uma compreensão dos mecanismos de regulação dos indivíduos em situação real de trabalho. Para tanto, a análise cognitiva objetiva compreender como estes profissionais adquirem, armazenam e utilizam as informações disponíveis. A representação aparece como conceito central nesta análise por possuir caráter finalístico, seletivo, lacunar e conciso. Para observar a cognição, é necessário observar suas conseqüências, em forma de comportamentos e verbalizações. A importância da observação advém dos indivíduos nem sempre estarem conscientes de suas estratégias e modos operatórios. A verbalização tem sua relevância na medida que é através dela que encontraremos como estes profissionais atribuem significados em seu trabalho.

Page 52: A carga psíquica do trabalho

 

C. Fundamentação

Prazer e Sofrimento no Trabalho – ESPT.Ferreira e Mendes (2001)

A Significação e o Trabalho

Codo (1987)

Page 53: A carga psíquica do trabalho

 

C. Fundamentação

Comprometimento

Em estudos desenvolvidos (1994) na Universidade Federal de Uberlândia, conforme relato de Siqueira (2004) revelam que o comprometimento é um melhor preditor da rotatividade no trabalho do que a satisfação. Pressupõe-se deste estudo que este construto (comprometimento) contribui para uma melhor avaliação da carga psíquica do indivíduo

“o comprometimento envolve: sentimentos de lealdade, desejo de permanecer e de se esforçar em prol da organização”. Este construto parece ser uma resposta do indivíduo a organização que oferece suporte para os seus objetivos de crescimento e desenvolvimento pessoal e profissional, em um contexto de eqüidade no tratamento de seus recursos humanos.

Bastos (1998, p.109)

Page 54: A carga psíquica do trabalho

 

C. Fundamentação

Comprometimento

Em estudos desenvolvidos (1994) na Universidade Federal de Uberlândia, conforme relato de Siqueira (2004) revelam que o comprometimento é um melhor preditor da rotatividade no trabalho do que a satisfação. Pressupõe-se deste estudo que este construto (comprometimento) contribui para uma melhor avaliação da carga psíquica do indivíduo

“o comprometimento envolve: sentimentos de lealdade, desejo de permanecer e de se esforçar em prol da organização”. Este construto parece ser uma resposta do indivíduo a organização que oferece suporte para os seus objetivos de crescimento e desenvolvimento pessoal e profissional, em um contexto de eqüidade no tratamento de seus recursos humanos.

Bastos (1998, p.109)

Page 55: A carga psíquica do trabalho

 

C. Fundamentação

“o vácuo entre a ausência de preocupação com a relação subjetiva do trabalhador e o seu trabalho por parte das escolas de administração tradicional e a recusa da “esquerda” em operacionalizar suas críticas ao modo como o trabalho se organiza têm tido como resultado a tendência de tratar o problema como se fosse ideológico, como se fosse moral, mera questão de vontade e opção. Não é. Trata-se de uma imposição objetiva das relações de produção: a construção da frase é paradoxal, o vínculo subjetivo do trabalhador com o seu trabalho é uma necessidade objetiva do atual estágio de divisão do trabalho”.

Codo (1987, p.35)