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ESCOLA DE COMANDO E ESTADO MAIOR DO EXÉRCITO ESCOLA MARECHAL CASTELLO BRANCO
Maj Eng CADSON DE SOUZA BARBOZA
A concepção de desdobramento logístico para o apoio às
operações militares: principais desafios para o apoio
logístico de manutenção Classe VI à 2ª Brigada de
Infantaria de Selva
Rio de Janeiro
2018
2
Maj Eng CADSON DE SOUZA BARBOZA
A concepção de desdobramento logístico para o apoio às
operações militares: principais desafios para o apoio
logístico de manutenção Classe VI à 2ª Brigada de
Infantaria de Selva
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Ciências Militares, com ênfase em Defesa Nacional.
Orientador: TC QMB Sidney Marinho Lima
Rio de Janeiro 2018
3
B238c Barboza, Cadson de Souza.
A concepção de desdobramento logístico para o apoio às operações militares: principais desafios para apoio logístico de manutenção Classe VI à 2ª Brigada de Infantaria de Selva. / Cadson de Souza Barboza - 2018. 91 f. : il ; 30cm.
Orientação: Tenente-Coronel Sidney Marinho Lima Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Altos
Estudos Militares) - Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, Rio de Janeiro, 2018.
Bibliografia: f. 88-91.
1. Logística. 2. Classe VI. 3. Amazônia. I. Título.
CDD 355.41
4
Maj Eng CADSON DE SOUZA BARBOZA
A concepção de desdobramento logístico para o apoio às
operações militares: principais desafios para o apoio
logístico de manutenção Classe VI à 2ª Brigada de
Infantaria de Selva
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Ciências Militares, com ênfase em Defesa Nacional.
Aprovado em 30 de novembro de 2018.
COMISSÃO AVALIADORA
_________________________________________ SIDNEY MARINHO LIMA - TC QMB - Orientador
Escola de Comando e Estado-Maior do Exército
___________________________________________ MARCELO PEÇANHA DA GRAÇA - TC Int - Membro
Escola de Comando e Estado-Maior do Exército
__________________________________________________
GLAUBER JUAREZ SASAKI ACÁCIO - Maj Com - Membro Escola de Comando e Estado-Maior do Exército
5
À minha esposa Sidiane e aos meus filhos Matheus e
Lucas. Uma sincera homenagem pelo carinho e
compreensão demonstrados durante a realização deste
trabalho.
6
AGRADECIMENTOS
Ao Tenente-Coronel Sidney Marinho Lima, pela orientação firme, segura, bem
como pelo incentivo e pela confiança evidenciados em várias oportunidades. Sua
orientação se revestiu de extrema importância para que eu pudesse realizar o
trabalho com tranquilidade e segurança.
7
“Lutai contra o conservantismo, tornando-vos
permeáveis às idéias novas, a fim de que possais
escapar à cristalização, ao formalismo e à rotina.”
(Marechal Castello Branco).
8
RESUMO
. Este trabalho teve por objetivo analisar a dinâmica do apoio logístico na Região Amazônica, no que diz respeito à manutenção de materiais Classe VI/Engenharia, particularmente nos itens de motores de popa e embarcações, apresentando ao final do trabalho os principais desafios para a consecução de tal apoio. Para que este estudo fosse viabilizado, buscou-se a interação de quatro principais variáveis elencadas na literatura disponível: a sistemática da Função de Combate Logística no Exército Brasileiro (EB); as características da Região Amazônica e seus desafios; a estrutura do Comando Militar da Amazônia (CMA); e a estrutura da 2ª Brigada de Infantaria de Selva (2ª Bda Inf Sl). Tal interação tomou por base a variável independente “característica da Região Amazônica”. Inicialmente, buscou-se reunir na literatura referente à Subfunção Logística Manutenção, os principais conceitos, estruturas e dinâmicas relacionadas à manutenção de material Classe VI, com o intuito de levantar os possíveis desafios dos processos relacionados a esse tipo de manutenção. Em seguida, buscou-se realizar uma abordagem mais abrangente da Região Amazônica, partindo, em um segundo momento, para a delimitação da Região do Alto Rio Negro e Uaupés, com o objetivo de levantar os possíveis desafios fisiográficos para a realização da manutenção do material Classe VI, das Organizações Militares (OM) localizadas nessa região. Ainda, foi necessário levantar a composição do CMA, no tocante à sua estrutura logística, bem como das suas organizações subordinadas. Em um segundo momento, realizou-se a delimitação do tema por meio de uma apreciação da 2ª Bda Inf Sl e suas operações, principalmente em sua estrutura logística, composta pelo 2º Batalhão Logístico de Selva (2º B Log Sl), Comando de Fronteira Rio Negro e 5º Batalhão de Infantaria de Selva (CFRN/5º BIS) e Pelotões Especiais de Fronteira (PEF). Ao final do trabalho, foi possível levantar desafios para a consecução do apoio logístico de Classe VI (motores de popa e embarcações) como: a existência de grandes distâncias logísticas a serem vencidas por meio do modal hidroviário; a necessidade de readequação do Quadro de Cargos Previstos (QO/QCP) das OM Logísticas para atender uma futura demanda de material Classe VI; a demanda de grande quantidade de pessoal capacitado em manutenção Classe VI, bem como uma logística eficiente de reposição de peças de 1º Escalão e logística de substituição direta de material, dentre outros.
Palavras-chave: Logística. Classe VI. Amazônia.
9
RESÚMEN
Ese trabajo tuve como objetivo analisar la dinámica del apoyo logístico en la Región Amazónica, en particular el mantenimiento de los materiales Clase VI-Ingeniería- relativos a los motores de popa y embarcaciones, presentando al final, los principales desafíos para la consecución de ese apoyo. Para que este estudio fuese viable, fue necesario la interacción de cuatro principales variables: la sistemática de la Función de Combate de Logística en el Ejército Brasileño (EB); las características de la Región Amazónica y sus desafíos; la estructura del Comando Militar de la Amazónia (CMA); y la estructura de la 2ª Brigada de Infantería de Selva (2ª Brig Inf Sl). Esa interacción tuvo la variable independiente “característica de la Región Amazónica” como base del estudio científico. Inicialmente, se reunió la literatura relacionada a la Subfunción de Logística Mantenimiento, sus principales conceptos, estructuras y dinámicas relacionadas al mantenimiento de los materiales Clase VI, con la intención de levantar los posibles desafíos de los procesos relacionados a ese tipo de actividades. Seguidamente, se buscó realizar un abordaje más amplio de la Región Amazónica, partiendo, en un segundo momento, para la delimitación de la Región de Alto Río Negro y Río Uaupés, con el objetivo de levantar los posibles desafíos fisiográficos para la realización del mantenimiento del material Classe VI de las Organizaciones Militares (OM) localizadas en esa región. También fue necesario levantar la composición del CMA, con respecto a la estructura logística, además de las organizaciones subordinadas. En una segunda parte, se realizó la delimitación del tema por medio de una apreciación de la 2ª Brig Inf Sl y sus operaciones, principalmente en su estructura logística, compuesta por: el 2º Batallón Logístico de Selva (2º B Log Sl), el Comando de Frontera Río Negro y el 5º Batallón de Infantería de Selva (CFRN/5º BIS) y los Pelotones Especiales de Frontera (PEF). Al final del estudio, fue posible levantar desafíos para la consecución del apoyo logístico de Clase VI (motores de popa y embarcaciones) cómo: la existencia de grandes distancias logísticas a ser vencidas por medio de las hidrovias; la necesidad de la readecuación del Cuadro de Cargos Previstos (QO/QCP) de las OM Logísticas para atender una futura demanda del material Clase VI; la demanda de gran cantidad de personal capacitado en mantenimiento Clase VI, además de una logística eficiente de reposición de materiales de 1º Escalón y logística de substitución directa de material, y otros.
Palabras-llave: Logística. Clase VI. Amazónia.
10
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - A Amazônia Brasileira................................................................. 35
Figura 2 - Principais distâncias na Amazônia Brasileira.............................. 36
Figura 3 - Bacia Amazônia............................................................................ 37
Figura 4 - Rodovias federais da Região Norte............................................... 38
Figura 5 - Bacia do Rio Negro e municípios abrangidos................................ 39
Figura 6 - Principais afluentes do Rio Negro................................................. 39
Figura 7 - Organização do CMA................................................................... 43
Figura 8 - Organização de uma Brigada de Infantaria de Selva..................... 54
Figura 9 - Organização de um BIS com responsabilidade de fronteiras........ 56
Figura 10 - Organização de um PEF............................................................. 59
Figura 11 - Organograma da Cia Log Mnt..................................................... 61
Figura 12 - Organização da 2ª Brigada de Infantaria de Selva...................... 63
Figura 13 - Distâncias percorridas desde 2017 até 1° Sem 2018.................. 66
Figura 14 - Distâncias São Gabriel da Cachoeira-Iauaretê........................... 68
Figura 15 - Ponto crítico de Ipanoré.............................................................. 68
Figura 16 - Localidade de Iauaretê................................................................ 69
Figura 17 - Distâncias São Gabriel da Cachoeira-Querari............................ 69
Figura 18 - Corredeiras de Caruru – Rio Uaupés/Querari............................. 70
Figura 19 - Corredeiras de Jacaré – Rio Uaupés/Querari.............................. 70
Figura 20 - Localização do 2º PEF/Querai.................................................... 71
Figura 21 - Distâncias São Gabriel da Cachoeira-São Joaquim.................... 71
Figura 22 - Corredeiras do Rio Içana/São Joaquim....................................... 72
Figura 23 - Corredeiras do Rio Içana/São Joaquim....................................... 72
Figura 24 - Localidades de São Joaquim e 3º PEF........................................ 73
Figura 25 - Localidades de São Joaquim e 3º PEF........................................ 73
Figura 26 - Distâncias São Gabriel da Cachoeira-Cucuí............................... 74
Figura 27 - Distâncias São Gabriel da Cachoeira-Maturacá......................... 75
Figura 28 - Localidade de Maturacá e 5º PEF............................................... 75
Figura 29 - Localidade de Maturacá e 5º PEF............................................... 76
Figura 30 - Distâncias São Gabriel da Cachoeira/Pari-Cachoeira................ 76
Figura 31 - Localidades de Pari-Cachoeira e 6º PEF.................................... 77
Figura 32 - Condições do Rio Tiquié............................................................. 77
11
Figura 33 - Distâncias São Gabriel da Cachoeira – Tunuí............................. 78
Figura 34 - Localidade de Tunuí-Cachoeira e 7º PEF................................... 79
Figura 35 - Localidade de Assunção do Içana............................................... 79
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Classes de materiais do Sistema de Classificação Militar do EB. 26
Tabela 2 – Materiais Classe VI – Engenharia – relativos à transposição de
brechas de curso de água.............................................................................
26
Tabela 3 – Estruturação do Núcleo da DME................................................. 33
Tabela 4 – Extrato do anexo à diretriz para otimização da logística no CMA,
No CMN e no CMO.......................................................................................
45
Tabela 5 – Extrato do QCP do pessoal de Mnt fluvial do 2º B Log Sl............. 81
Tabela 6 – Resumo do QCP do pessoal de manutenção do 2º B Log Sl....... 81
13
LISTA DE ABREVIATURAS
12ª RM 12ª Região Militar
12º B Sup 12º Batalhão de Suprimento
16a Ba Log Sl 16ª Base Logística de Selva
16ª Bda Inf Sl 16ª Brigada de Infantaria de Selva
17ª Ba Log Sl 17ª Base Logística de Selva
17ª Bda Inf Sl 17ª Brigada de Infantaria de Selva
1ª Bda Inf Sl 1ª Brigada de Infantaria de Selva
1o B Log Sl 1º Batalhão Logístico de Selva
22º Pel PE 22º Pelotão de Polícia do Exército
2ª Bda Inf Sl 2ª Brigada de Infantaria de Selva
2º B Log Sl 2° Batalhão Logístico de Selva
2º Gpt E 2° Grupamento de Engenharia
2º Pel Com Sl 2º Pelotão de Comunicações de Selva
3º BIS 3º Batalhão de Infantaria de Selva
AC Área de Conflito
B Ap Log Ex Base de Apoio Logístico do Exército
B Log Batalhões Logísticos
B Sup Batalhões de Suprimento
Bda Inf Sl Brigada de Infantaria de Selva
BIS Batalhão de Infantaria de Selva
BLB Base Logística de Brigada
C Mil A Comado Militar de Area
CECMA Centro de Embarcações do Comando Militar da Amazônia
CEF Companhia Especial de Fronteira
CFRN/5º BIS Comando de Fronteira Rio Negro e 5º Batalhão de Infantaria
de Selva
Cia C/2ª Bda Inf Sl Companhia Comando da 2ª Brigada de Infantaria de Selva
CMA Comando Militar da Amazônia
Cmdo Comando
CMN Comando Militar do Norte
COL Centro de Operações Logísticas
COLOG Comando Logístico do Exército
14
DE Divisão de Exército
DEC Departamento de Engenharia de Construção
DME Diretoria de Material de Engenharia
Dst Log Destacamento Logístico
EB Exército Brasileiro
EBP Embarcação Base de Pelotão
ELC Embarcações Leve de Comando
ELTG Embarcação Leve de Transporte Geral
Eng Engenharia
ETP Embarcação Transporte de Pessoal
GU Grandes Unidades
OM Organizações Militares
OM Log organizações militares logísticas
P Col Slv Posto de Coleta de Salvados
P Distr MB Posto de Distribuição de suprimento de peças de reparação
de Material Bélico
P Tec MB Posto Técnico de Material Bélico
PEF pelotões especiais de fronteira
Pel Ap Pelotão de Apoio
Pel Fuz Sl Pelotão de Fuzileiro de Selva
Pel L Mnt Pelotão Leve de Manutenção
Pel P Mnt Pelotão Pesado de Manutenção
Pel Rcp Recompletamento
Pq R Mnt/12 Parque Regional de Manutenção/12
RM Regiões Militares
Seç Cmdo Seção de Comando
Ton Toneladas
15
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.................................................................................. 16
1.1 O PROBLEMA…………………………………………………………… 17
1.2 OBJETIVOS……………………………………………………………… 17
1.3 VARIÁVEIS………………………………………………………………. 18
1.4 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO…………………………………………. 18
1.5 RELEVÂNCIA DO ESTUDO…………………………………………… 19
2. METODOLOGIA………………………………………………………… 20
2.1 TIPO DE PESQUISA........................................................................ 20
2.2 UNIVERSO E AMOSTRA.................................................................. 20
2.3 COLETA DE DADOS......................................................................... 21
2.4 TRATAMENTO DOS DADOS........................................................... 21
2.5 LIMITAÇÕES DO MÉTODO.............................................................. 21
3 DESENVOLVIMENTO...................................................................... 22
3.1 A FUNÇÃO DE COMBATE LOGÍSTICA NO EXÉRCITO
BRASILEIRO.....................................................................................
22
3.2 A REGIÃO AMAZÔNICA E SEUS DESAFIOS.................................. 35
3.3 O COMANDO MILITAR DA AMAZÔNIA........................................... 42
3.4 A BRIGADA DE INFANTARIA DE SELVA......................................... 52
4 CONCLUSÃO................................................................................... 84
5 REFERÊNCIAS................................................................................
.
88
16
1. INTRODUÇÃO
A evolução constante do campo de batalha tem exigido cada vez mais
capacidades logísticas adequadas e em condições de satisfazer as necessidades das
tropas que atuam nesse espectro geográfico. Nesse sentido, tais capacidades devem
refletir a arte de prever e prover, com materiais e serviço adequados, “na medida
certa”. Dessa forma, objetivando a liberdade de ação e contribuindo para o aumento
do Poder de Combate e a capacidade de durar na ação, das tropas apoiadas
(Ministério da Defesa, 2014).
Nesse sentido, uma das áreas funcionais da Logística é a de Apoio de Material,
que por sua vez subdivide-se em Grupos Funcionais de Suprimento, Transporte,
Manutenção e Engenharia. Tais estruturas são essenciais para a manutenção da
continuidade operacional do Exército Brasileiro (EB), principalmente na Amazônia
Brasileira (EB20-MC-10.204, 2014).
As demandas dos Grupos Funcionais Manutenção e Engenharia fez com que
fosse recriada a Diretoria de Material de Engenharia (DME), responsável por viabilizar
a gestão eficiente e eficaz do material Classe VI, principalmente no que diz respeito
às embarcações e motores de popa, tudo em benefício do EB (Brasil, 2015).
Toda essa estrutura logística supracitada encontra grande relevância quando se
observa a Região Norte do Brasil, na qual comporta mais da metade do território
brasileiro e cerca de 70% da Pan-Amazônia. Tal região caracteriza-se por possuir a
maior bacia hidrográfica do mundo, bem como uma baixa densidade demográfica e
extensa faixa de fronteira, com cerca de 11.000 quilômetros. Carente de rodovias e
aeroportos, tal bacia hidrográfica torna-se de fundamental importância devido à
grande quantidade de rios navegáveis, que por sua vez acabam constituindo-se o
principal modal utilizado para a realização da logística nessa Região. (Ministério da
Defesa, 2011).
Nesse cenário logístico e geográfico brasileiros, surge o Comando Militar da
Amazônia (CMA), que tem como algumas de suas missões a de garantir a defesa do
território nacional, em sua área de responsabilidade, bem como dissuadir as ameaças
extraterritoriais e combater crimes transfronteiriços, na Região da Amazônia Ocidental
(Brasil, 2018).
17
Diante do acima exposto, o Exército Brasileiro (EB) tomou a decisão estratégica
de implantar, a partir do ano de 2004, a 2ª Brigada de Infantaria de Selva (2ª Bda Inf
Sl) no Município de São Gabriel da Cachoeira-AM, visando a ocupação dos 1.500
quilômetros da faixa de fronteira, abrangida pelos municípios de Barcelos, Santa
Isabel e São Gabriel da Cachoeira, no Estado do Amazonas. Devido à sua localização,
tornou-se uma Grande Unidade de natureza eminentemente fluvial (Ministério da
Defesa, 2004).
Ainda, em 2014, o EB tomou a decisão de implantar o 2° Batalhão Logístico de
Selva (2º B Log Sl), objetivando dar início à uma solução definitiva para a problemática
da Logística Militar nas organizações militares e pelotões especiais de fronteira (PEF)
situados naquela região (Ministério da Defesa, 2014).
Assim sendo, o alinhando das missões do CMA com a peculiaridades
fisiográficas da Região Amazônica e as particularidades da manutenção do material
Classe VI (embarcações e motores de popa), percebe-se o surgimento de diversos
óbices ao estabelecimento da continuidade da capacidade operacional das
Organizações Militares (OM) do CMA (AZEVEDO,2008). Portanto, a apresentação
dos principais desafios ao apoio logístico de manutenção Classe VI à 2ª Brigada de
Infantaria de Selva constitui-se no objeto do presente estudo.
1.1 O PROBLEMA
Diante do cenário anteriormente elencado, considerando o ambiente operacional
amazônico e o material Classe VI (embarcações e motores de popa) como variáveis
essenciais para a consecução das operações militares no CMA, foi formulado o
seguinte problema de pesquisa: quais são os principais desafios ao apoio
logístico de manutenção Classe VI (motores de popa e embarcações) à 2ª
Brigada de Infantaria de Selva, com vistas a melhor apoiar as operações
militares daquela Grande unidade (GU)?
1.2 OBJETIVOS
1.2.1 Objetivo geral
18
A sistemática de manutenção de material Classe VI (motores de popa e
embarcações) na Região Amazônica apresenta óbices que dificultam a sua
execução? Ao responder esta pergunta, este trabalho encontra o objetivo geral,
conforme descrito a seguir: analisar a dinâmica do apoio logístico na Região
Amazônica, no que diz respeito à manutenção de materiais Classe
VI/Engenharia, particularmente nos itens de motores de popa e embarcações,
apresentando ao final do trabalho os principais desafios para a consecução de
tal apoio.
1.2.2 Objetivos específicos
- Apresentar os principais aspectos dos grupos funcionais Suprimento,
Transporte e Manutenção;
- Descrever a Região Amazônica e seus desafios;
- Caracterizar o Comando Militar da Amazônia;
- Identificar a organização, possibilidades e limitações de uma Brigada de
Infantaria de Selva (Bda Inf Sl);
- Caracterizar a 2ª Bda Inf Sl; e
- Identificar os principais desafios para o apoio logístico de manutenção Classe
VI para as operações militares executadas pela 2ª Bda Inf Sl.
1.3 VARIÁVEIS
Para que este estudo fosse viabilizado, buscou-se a interação de quatro
principais variáveis elencadas na literatura disponível: a sistemática da Função de
Combate Logística no Exército Brasileiro; as características da Região Amazônica e
seus desafios; a estrutura do Comando Militar da Amazônia; e a estrutura da 2ª
Brigada de Infantaria de Selva. Tal interação tomou por base a variável independente
“característica da Região Amazônica”, juntamente com as demais, elencadas como
variáveis dependentes.
1.4 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO
19
A delimitação do estudo é o recorte que será dado ao estudo, ou seja, a
moldura da pesquisa. (ECEME, 2012). A delimitação compreende series históricas,
períodos e áreas, objetivando um trabalho tangível e palpável (Vergara, 2009, apud
ECEME, 2012). Nesse sentido, este trabalho realizou a delimitação do tema por meio
de uma apreciação da 2ª Bda Inf Sl e suas operações, principalmente em sua estrutura
logística, composta pelo 2º B Log Sl, CFRN/5º BIS e PEF.
1.5 RELEVÂNCIA DO ESTUDO
Esta pesquisa justifica-se pelo fato de a Região Amazônica continua sendo
objeto de atenção da Comunidade Internacional como um todo, bem como pelos
aspectos fisiográficos, constituindo-se na maior floresta tropical do mundo, com
imensa biodiversidade e possibilidade de prestação de serviços ambientais e que
contribuem para a manutenção do clima global. Tal área representa 59% do território
nacional, sendo objeto de ações de Defesa da Pátria, previstas no Art. 142. da
Constituição Federal do Brasil de 1988 e na Lei Complementar 97, de 09 de junho de
1999. Esta última diz o seguinte em seu Art. 16-A:
Art. 16-A. Cabe às Forças Armadas, além de outras ações pertinentes, também como atribuições subsidiárias, preservadas as competências exclusivas das polícias judiciárias, atuar, por meio de ações preventivas e repressivas, na faixa de fronteira terrestre, no mar e nas águas interiores, independentemente da posse, da propriedade, da finalidade ou de qualquer gravame que sobre ela recaia, contra delitos transfronteiriços e ambientais, isoladamente ou em coordenação com outros órgãos do Poder Executivo, executando, dentre outras, as ações de: I - patrulhamento; II - revista de pessoas, de veículos terrestres, de embarcações e de aeronaves; e III - prisões em flagrante delito. (Brasil, 1999).
Em síntese, esta pesquisa justifica-se pela necessidade de meios Classe
VI/Engenharia que possam ser utilizados pelas unidades de combate, apoio ao
combate e apoio logístico de forma confiável e eficaz. Para isso, há a necessidade de
realizar um mapeamento dos principais desafios que impedem a plenitude de
utilização de tais meios, com vistas ao cumprimento das operações militares naquele
ambiente operacional.
20
2. METODOLOGIA
Esta seção tem por finalidade apresentar detalhadamente o caminho percorrido
para responder o problema da pesquisa, especificando os procedimentos necessários
para se chegar aos participantes, obter as informações de interesse e analisá-las
(SILVA, 2018).
Na presente pesquisa foi realizado um estudo bibliográfico com fontes baseadas
em manuais, revistas, palestras, relatório de operações militares, artigos e coleta de
dados na internet. Foram utilizados como base os conceitos teóricos existentes no
manual de elaboração de projetos de pesquisa na Escola de Estado-Maior do Exército
(ECEME) (BRASIL, 2017a) e no manual escolar de formatação de trabalhos científicos
(BRASIL, 2012a).
2.1 TIPO DE PESQUISA
Seguindo a taxionomia de Vergara (2009), o estudo foi realizado a partir de
pesquisa documental, pesquisa bibliográfica e de abordagem qualitativa. Considera-
se como documental porque foram utilizados documentos de trabalho – regulamentos,
portarias e relatórios do EB, etc. – não disponíveis, normalmente, para consultas
públicas.
É bibliográfica porque teve sua fundamentação teórico-metodológica na
investigação de assuntos de gestão de conhecimento, criação de conhecimento e de
desenvolvimento da doutrina militar, com base em dissertações de mestrado,
monografias, artigos, manuais, relatórios de operações militares e redes eletrônicas,
ou seja, materiais normalmente acessíveis ao público em geral. Por fim, tais
procedimentos permitiram chegar a conclusões e a propostas de sugestões nas
considerações finais, as quais podem servir de referência para a realização de novas
pesquisas.
2.2 UNIVERSO E AMOSTRA
21
Universo se refere ao conjunto de elementos (empresas, produtos, pessoas)
possuidores de características que serão objeto de estudo. Já amostra, diz respeito
a uma parte do universo, escolhida segundo algum critério de representatividade
(VERGARA, 2009, apud ECEME, 2012). Nesse sentido, buscou-se dentro do universo
das OM e operações do CMA, a amostra definida pelas operações e OM da 2ª Bda
Inf Sl, com o intuito de realizar um estudo não probabilístico estratificado.
2.3 COLETA DE DADOS
A coleta de dados se deu pela busca e interpretação de documentos atinentes
ao assunto em bibliotecas, sites institucionais e palestras do CMA, 2ª Bda Inf Sl, 5º
BIS e ECEME, documentos de material e pessoal das Organizações Militares (OM)
do CMA, bem como relatórios de operações do CMA, dentre outros.
2.4 TRATAMENTO DOS DADOS
O tratamento de dados foi realizado por meio da análise de conteúdo. Trata-se
do estudo judicioso de textos, documentos e apresentações, sendo uma técnica de
análise de comunicações, associada tanto aos significados quanto aos significantes
da mensagem.
Esta ferramenta é uma técnica para o tratamento de dados que visa identificar o
que está sendo dito a respeito de determinado tema (VERGARA,2009, apud ECEME,
2012). Dessa forma, serão identificados os principais desafios para o apoio logístico
de manutenção Classe VI à 2ª Brigada de Infantaria de Selva, no contexto do apoio
às operações militares dessa GU. Foi utilizada, ainda, a grade aberta de análise, na
qual serão identificadas as categorias para análise na medida em que vão surgindo,
sendo elas reajustadas durante o desenvolvimento da pesquisa, para, enfim, serem
estabelecidas as categorias finais. A unidade de análise foi o parágrafo e a análise foi
apoiada em procedimentos interpretativos.
2.5 LIMITAÇÕES DO MÉTODO
22
Todo o método apresenta possibilidades e limitações, porém os métodos
escolhidos consistem nos mais adequados ao desenvolvimento do trabalho (ECEME,
2012). Nesse sentido, este trabalho limita-se pela disponibilidade e quantidade de
fontes primárias de pesquisa sobre a Região Amazônica, o CMA e a 2ª Bda Inf Sl,
bem como na quantidade de trabalhos acessíveis na literatura sobre o assunto.
3. DESENVOLVIMENTO
3.1 A FUNÇÃO DE COMBATE LOGÍSTICA NO EXÉRCITO BRASILEIRO
3.1.1 Generalidades
A evolução constante do campo de batalha tem exigido cada vez mais
capacidades logísticas adequadas e em condições de satisfazer as necessidades das
tropas que atuam nesse espectro geográfico. Nesse sentido, tais capacidades devem
refletir a arte de prever e prover, com materiais e serviço adequados, “na medida
certa”. Dessa forma, objetivando a liberdade de ação e contribuindo para o aumento
do Poder de Combate e a capacidade de durar na ação, das tropas apoiadas
(Ministério da Defesa, 2014).
Nesse sentido, cabe a definição de Função de Combate Logística, a seguir:
Função de Combate Logística – integra o conjunto de atividades, as tarefas e os sistemas inter-relacionadas para prover apoio e serviços, de modo a assegurar a liberdade de ação e proporcionar amplitude de alcance e de duração às operações. Engloba as Áreas Funcionais de apoio de material, apoio ao pessoal e apoio de saúde. (Brasil, 2014).
Dentro da Função de Combate Logística, encontram-se os seguintes grupos
funcionais: Suprimento, Manutenção, Transporte e Engenharia.
3.1.2 O Grupo Funcional Suprimento
O Grupo Funcional Suprimento é o conjunto de atividades que trata da previsão
e provisão de todas as classes de materiais e peças de reparação destinados ao
cumprimento das missões da Força Terrestre (Brasil, 2014).
Esse grupo funcional abrange as atividades de: planejamento da
demanda, obtenção, recebimento, armazenamento, distribuição e gerência do
suprimento. Para a plena realização das atividades anteriormente citadas, é
23
importante considerar a combinação de diversos fatores, entre os quais se destacam
(Brasil, 2014):
a) a capacidade e disponibilidade de meios e vias de transporte;
b) a capacidade das organizações logísticas de obter, estocar e processar os
itens;
c) a confiabilidade dos dados referentes à demanda, aos estoques e ao material
em trânsito;
d) o risco logístico admitido;
e) o nível de serviço estabelecido;
f) a disponibilidade e a confiabilidade dos diversos fornecedores; e
g) o nível de nacionalização dos PRODE.
A seguir, serão caracterizadas as atividades do Grupo Funcional Suprimento:
3.1.2.1 Planejamento da demanda
A atividade de planejamento da demanda engloba as tarefas de determinação
das necessidades de suprimento, previsão de recursos, estabelecimento de
prioridades, escalonamento de estoques reguladores e normatização do
funcionamento da cadeia de suprimento (Brasil, 2014).
O planejamento é executado por meio de estimativas logísticas baseadas em
dados de demandas históricas e estatísticas ou por meio da simulação, destacando a
seguinte sequência (Brasil, 2014):
a) Necessidades Iniciais – são as destinadas a completar as dotações e a
constituir os estoques para o início das operações;
b) Necessidades para Manutenção do Fluxo da Cadeia de Suprimento – são
as relativas ao recompletamento das dotações e dos estoques reguladores nos
diferentes níveis devido ao consumo normal ou a demandas não previstas;
c) Necessidades para Fins de Reserva – são as destinadas ao atendimento
de situações emergenciais ou a fins específicos; e
d) Necessidades para Fins Especiais – correspondem ao suprimento que não
consta das dotações normais, mas se torna necessário para o cumprimento de
determinadas missões.
3.1.2.2 Obtenção
24
A atividade de obtenção destina-se a identificar as possíveis fontes para
aquisição dos materiais e disponibilização dos itens necessários à força apoiada no
local, na quantidade, nas especificações e no momento oportunos. A obtenção pode
ocorrer mediante (Brasil, 2014):
a) contratos com empresas civis, prioritariamente nacionais;
b) acordos com outros países, agências ou organizações internacionais ou
com nação anfitriã;
c) fabricação ou recuperação, em casos excepcionais e pontuais, nas
organizações militares autorizadas ou empresas civis contratadas;
d) emprego de recursos locais existentes na área de operações, desde que
autorizado pelo C Log enquadrante;
e) mobilização de recursos logísticos; e
f) aproveitamento de material salvado e capturado, desde que autorizado e de
acordo com normas específicas para sua utilização.
3.1.2.3 Recebimento
A atividade de recebimento inclui o estabelecimento do destino inicial e a
priorização para armazenamento e distribuição. Emprega sistemas para
acompanhamento e controle ao longo de toda a cadeia de suprimento, bem como a
gestão informatizada do fluxo físico do material e sua catalogação (Brasil, 2014).
3.1.2.4 Armazenamento
A atividade de armazenamento engloba a determinação das áreas e
instalações para estocagem e os procedimentos e técnicas visando ao controle e à
preservação do material. Em relação às instalações de armazenamento, é
preponderante a observação das condicionantes da missão, da capacidade de
transporte e da disponibilidade de recursos (pessoal, material, infraestrutura física e
outros). O escalonamento da armazenagem observa os fatores da decisão e as
normas técnicas aplicáveis às diferentes classes e itens de suprimento. Ainda, busca-
se a manutenção dos estoques reguladores de maior porte armazenados mais à
retaguarda e maximização do aproveitamento da infraestrutura existente, de sistemas
25
informatizados de armazenamento e o emprego de meios de movimentação de cargas
automatizados (Brasil, 2014).
3.1.2.5 Distribuição
A atividade de distribuição envolve pessoas, equipamentos, instalações,
técnicas e procedimentos, destinados ao transporte, à entrega e ao recebimento.
Requisita o planejamento e coordenação do fluxo de material, desde o ponto de
recebimento de cada escalão até o local de consumo das forças apoiadas (Brasil,
2014).
A capacidade de distribuição é determinante para a efetividade da cadeia de
suprimento, na qual engloba desde a Base de Apoio Logístico do Exército (B Ap Log
Ex), perpassando pelo Batalhão de Suprimento (B Sup) da Região Militar (RM), pelo
Batalhão Logístico (B Log) e Base Logística (Ba Log), chegando até as OM
beneficiadas (Brasil, 2014).
A ênfase é atribuída ao gerenciamento do fluxo dos recursos em relação ao
estabelecimento de grandes estoques, o que reforça a necessidade de um sistema de
informações logísticas, desde a situação de normalidade, integrando todos os
usuários (consumidores, organizações logísticas e fontes de obtenção) e um sistema
de transporte adaptado a cada situação. A determinação do processo a ser
empregado na distribuição do suprimento decorre da avaliação de fatores
relacionados (Brasil, 2014):
a) ao risco logístico admitido;
b) ao nível de serviço necessário;
c) à natureza, profundidade e duração provável da operação;
d) à disponibilidade de meios e condições das vias de transporte; e
e) ao atendimento de restrições operativas e/ou técnicas.
Normalmente, o EB utiliza dois processos de distribuição: na unidade e por
processos especiais. Amplamente utilizado, o processo de distribuição na unidade
não onera a organização apoiada com encargos logísticos de transporte (Brasil,
2014).
Distribuição na Unidade – é o processo em que o escalão que apoia leva o suprimento até a organização apoiada com seus meios de transporte, da retaguarda para os pontos mais à frente da zona de ação. As cargas destinadas aos consumidores finais são customizadas, evitando-se manipulação por órgãos intermediários ao longo da cadeia.
26
Distribuição na Instalação de Suprimento – é o processo no qual a organização apoiada vai até a organização logística apoiadora receber o suprimento, empregando seus próprios meios (Brasil, 2014).
3.1.2.6 Gerência do suprimento
A gerência do suprimento possibilita o planejamento e controle do fluxo de
materiais, a gestão dos estoques e o controle contábil fins de administração e controle,
utilizando dois sistemas para classificação do suprimento: o sistema de classificação
por catalogação e o sistema de classificação militar (Brasil, 2014).
Sistema de Classificação por Catalogação – consiste na codificação padronizada de material por meio da atribuição de símbolos (exemplos: código, nomenclatura, descrição, modificações, componentes intercambiáveis, fabricantes, usuários e outros) aos materiais, estabelecendo uma linguagem única entre os atores envolvidos, disseminada mediante publicações adequadas para identificar cada item catalogado. Sistema de Classificação Militar – agrupa os itens de suprimento em classes, conforme a finalidade de emprego. É utilizado nas fases iniciais dos planejamentos logísticos e na simplificação de instruções e planos (Brasil, 2014).
A seguir, uma tabela contendo o sistema de classificação militar (Brasil, 2014).
Tabela 1: Classes de materiais do Sistema de Classificação Militar do EB
Fonte: Brasil, 2014
Para fins deste estudo, serão considerados os seguintes materiais da Classe
VI – Engenharia (QDMP/5º BIS, 2006):
Tabela 2: Materiais Classe VI – Engenharia – relativos à transposição de brechas de curso de água.
CODOT e Descrição do Material Quantidade
27
38 – Transposição
de brechas de
Curso de água
10638008 - Motor de popa 61
10640001 - Embarcação Base de Grupo 10
10640008 - Embarcação Patrulha de Esquadra 33
10640009 - Embarcação Patrulha de Grupo 18
Fonte: QDMP/5º BIS, 2006
Em continuidade ao estudo proposto por este trabalho, a seguir será
apresentado os Grupos Funcionais Transporte e Manutenção:
3.1.3 Grupo Funcional Transporte
É o conjunto de atividades que visam o deslocamento de recursos humanos,
materiais e animais por diversos meios, a fim de atender às necessidades das OM do
EB. Esse Grupo Funcional envolve a ação de deslocar pessoal e material de uma
região para outra, utilizando meios especializados para movimentar esses recursos,
incluindo os equipamentos para manipulação de material, sendo de fundamental
importância para o ciclo logístico (determinação das necessidades, obtenção e
distribuição) (Brasil, 2014).
O alcance operativo e a liberdade de ação das forças apoiadas encontram
limitações nas capacidades do Grupo Funcional Transporte, sendo, quando
necessário, a alocação de meios civis (pessoal e infraestrutura física de rodovias,
ferrovias, hidrovias, dutos, portos, aeroportos, terminais e outros), tanto nas situações
de normalidade e de crise, quando em situação de conflito armado (Brasil, 2014).
De acordo com o Manual EB20-MC-10.204 – Logística (Brasil, 2014), o Grupo
Funcional Transporte abrange quatro modalidades: aquaviário (oceânico, costeiro ou
de cabotagem e vias interiores); terrestre (rodoviário e ferroviário); aéreo; e dutoviário.
Ainda, “a modalidade de transporte depende das condições geográficas e
meteorológicas, bem como da situação da infraestrutura existente na área de
operações.” (Brasil, 2014).
3.1.3.1 Modal Aquaviário
O transporte aquaviário engloba o marítimo e o de vias interiores. Esse tipo
de modal proporciona capacidade de movimentar cargas com grande volume e/ou
peso, a grandes distâncias com menor custo por tonelagem transportada, quando o
28
tempo em trânsito não é fator restritivo. Todavia, a baixa velocidade de deslocamento
e a necessidade de instalações portuárias com capacidade adequada e de mão-de-
obra especializada constituem os maiores óbices a sua utilização em operações
(Brasil, 2014).
3.1.3.2 Modal Terrestre
Divido em transporte rodoviário e ferroviário, apresenta maior flexibilidade,
capilaridade e segurança, sendo mais indicado para os deslocamentos de pequena e
grande amplitudes. Tem a característica de integrar os demais modais, sendo o
elemento chave do sistema de transporte. Por sua vez, o transporte ferroviário
transporta cargas de grande volume e/ou peso a grandes distâncias a médias
velocidades. No Brasil, este tipo de transporte possui uma malha pequena, se
comparado ao rodoviário possuidor da maior capilaridade do país (Brasil, 2014).
3.1.3.3 Modal Aéreo
Essencial em muitas situações, o Modal Aéreo “proporciona rapidez e
flexibilidade, particularmente nos níveis da logística estratégica e operacional, sendo
mais indicado para movimentar pessoal, equipamentos prioritários e suprimentos”
(Brasil, 2014). É grande dependente das condições meteorológicas e da capacidade
de carga em relação aos demais modais.
3.1.4 O Grupo Funcional Manutenção
Em relação ao grupo funcional Manutenção, este refere-se ao conjunto de
atividades que visam manter os materiais de emprego militar em condições de serem
empregados, bem como restabelecer essa condição quando houver indisponibilidade,
durante todo seu ciclo de vida. Para garantir tal disponibilidade de material, os
elementos de manutenção executam trabalhos de reparação; gestão, estocagem e
distribuição de peças de reparação; evacuação de materiais indisponíveis; e
aquisições de material ou serviços destinados à manutenção (Brasil, 2014).
O grupo funcional Manutenção está apoiado em 03 (três) preceitos:
a) escalonamento, centralizando-se os meios de reparação em locais mais à retaguarda; b) descentralização seletiva de recursos às forças apoiadas, dedicados ao diagnóstico, depanagem, à manutenção de emergência e à evacuação de material; e
29
c) menor tempo de retenção junto aos elementos avançados, priorizando-se o tratamento das avarias ligadas ao combate, por meio de reparos rápidos ou de substituição do material indisponível (troca direta). (Brasil, 2014).
Para exercer as atividades inerentes ao Grupo Funcional Manutenção a Força
Terrestre utiliza-se das seguintes tarefas relacionadas: planejamento da manutenção,
manutenção preventiva, manutenção corretiva, manutenção modificadora e
evacuação de material: (Brasil, 2014).
- Planejamento da manutenção - significa determinar as capacidades,
necessidades e custos, das instalações, material e pessoal para a realização das
atividades de manutenção preventiva, corretiva, modificadora e evacuação de
material.
- Manutenção preventiva - base do sistema de manutenção da Força Terrestre,
engloba procedimentos periódicos de pouca complexidade técnica, reduzindo ou
evitando a indisponibilidade do material, por meio de ações, inspeções, testes,
reparações ou substituições.
- Manutenção corretiva - destina-se à reparação ou recuperação do material
danificado, colocando-o em situação de disponibilidade. É do tipo Planejada quando
está baseada em acompanhamento preditivo, permitindo estender a operação até o
momento em que ocorra a falha. É do tipo Não Planejada quando a falha é aleatória
e não prevista, sendo corrigida no momento em que acontece a pane, acarretando
maior custo de manutenção.
- Manutenção modificadora - são ações destinadas a adequar o equipamento às
necessidades operacionais, bem como melhorar o desempenho de equipamentos
existentes. Envolve as ações de reconstrução, modernização/modificação de
equipamentos e sistemas de armas, bem como a reparação e recuperação de
conjuntos e componentes. Exige projetos de engenharia, pessoal com competências
técnicas específicas e infraestrutura fabril (civis e/ou militares).
Prosseguindo na pesquisa dos possíveis desafios à manutenção Classe VI na
2ª Bda Inf Sl e OM subordinadas, verificou-se a necessidade de evidenciar conceito
de Evacuação de Material, a seguir (Brasil, 2014):
A evacuação compreende a movimentação física do material inservível/indisponível pertencente à, onde será manutenido, retornando à cadeia de suprimento, ou descartado por comprovada inservibilidade (...) A evacuação envolve as ações de coleta, reboque, resgate, remoção e a classificação do material salvado/capturado. Embora pertençam ao Grupo Funcional Salvamento, essas ações são executadas pelas organizações de manutenção em apoio direto e/ou equipes móveis de manutenção destacadas. (Brasil, 2014).
30
Ainda, a Lista de Tarefas Funcionais (Brasil, 2014) descreve as seguintes
atividades e tarefas:
a) Realizar a manutenção preventiva: controlar o calendário de inspeções de manutenção; levantar as necessidades de mão-de-obra, ferramentas, peças e conjuntos de reparação; adquirir componentes e equipamentos de manutenção; substituir preventivamente peças e conjuntos; avaliar o desempenho; restituir aos usuários e monitorar o desempenho dos materiais de emprego militar. b) Realizar a manutenção corretiva: levantar necessidades de mão-de-obra, ferramentas, peças e conjuntos de reparação; adquirir componentes e equipamentos de manutenção; substituir ou reparar peças e conjuntos; avaliar o desempenho e restituir os materiais de emprego militar reparados aos usuários. c) Proporcionar a evacuação de material: lotear, embalar e trasladar o material salvado e capturado indisponível para as oficinas de manutenção; e descartar itens inservíveis.” (Brasil, 2016).
O manual EB20-MC-10.204 Logística (Brasil, 2014) define como escalonamento
da manutenção ações estruturadas baseadas no nível de capacitação técnica do
capital humano e na infraestrutura adequada para manutenção, objetivando atribuir
responsabilidades de execução e permitir o emprego judicioso dos recursos
disponíveis, bem como orientar e otimizar os processos de manutenção (Brasil, 2014).
O escalonamento da manutenção leva em consideração a complexidade
requerida nas atividades de manutenção, devendo a qualquer escalão de manutenção
deve ser capaz de executar as tarefas de manutenção atribuídas ao escalão inferior.
Ainda:
As organizações militares logísticas (OM Log) de manutenção são estruturadas mediante uma combinação de recursos fixos (menor mobilidade) e móveis (maior mobilidade), em proporções diferentes em cada escalão. Essa organização balanceada é a mais adequada para apoiar a F Ter nas Operações no Amplo Espectro. (Brasil, 2014).
Por sua vez, a Norma Administrativa Relativa aos Materiais de Gestão da
Diretoria de Material (Brasil, 2016), define a cadeia de manutenção da seguinte
maneira:
- 4º Escalão (4º Esc) - OM Mnt centrais: batalhões de manutenção (B Mnt)
integrantes da Ba Ap Log Ex, e os Arsenais do Sistema de Ciência e Tecnologia;
- 3º Escalão (3º Esc) - OM Mnt regionais: B Mnt e Pq R Mnt integrantes ou não
dos Gpt Log;
- 2º Escalão (2º Esc) - OM Log GU: B Log; e
- 1º Escalão (1º Esc) - OM detentoras.
31
De acordo com Manual de Manutenção do Material de Engenharia (Brasil, 2000),
a sistemática de manutenção de Cl VI está dividida em três categorias, a seguir:
a. Manutenção Orgânica
- É de natureza preventiva e executada pela OM que possui ou tem sob seus
cuidados o material;
- Compreende operação correta, inspeção, limpeza, assistência, guarda
adequada, lubrificação; como também reapertos e substituições de peças que não
exijam mão-de-obra muito especializada;
- Ainda, é a que necessita de mais atenção, dedicação e constância. Da sua
execução incompleta, pode resultar o encurtamento da vida útil do equipamento;
- Está integrada na atividade da Organização Militar usuária do material,
envolvendo operadores, guarnições, mecânicos, chefias e comandos; e
- Compreende as manutenções de 1º e 2º Escalões.
b. Manutenção de Campanha.
- É realizada pelos órgãos de apoio de manutenção às unidades;
- Consiste, na substituição e reparação de peças e conjuntos defeituosos, para
restabelecer as condições de uso do material.
- Exige instalações e equipamentos adequados e pessoal especializado.
- É de natureza corretiva; e
- Compreende as manutenções de 3º e 4º Escalões.
c. Manutenção de Retaguarda
- É a manutenção realizada por órgãos militares altamente especializados, cujo
trabalho é completado pelo de organizações civis auxiliares (grandes oficinas e
fábricas);
- É constituído pelo 5º Escalão de manutenção;
- O material recuperado no 5º Escalão, descarregado da OM detentora, constitui
estoque a ser redistribuído; e
- A OM encarregada desse tipo de manutenção é o Arsenal de Guerra.
No tocante à Classe VI, as atividades do Grupo Funcional Engenharia abrangem
a sua previsão, a provisão, o planejamento, a execução e a manutenção.
Normalmente, os equipamentos dessa classe são manutenidos em OM Log de
manutenção, contando para tal com especialistas de engenharia para assessoria
técnica especializada. Todavia, as especificidades desses materiais poderão indicar
a necessidade de execução da manutenção desses itens em órgãos especialmente
32
contratados/mobilizados para este fim, sob controle das regiões militares ou das
próprias OM Log de manutenção (Brasil, 2014).
Em busca da melhor análise dos principais desafios ao apoio logístico de
manutenção Classe VI, objeto deste estudo, verifica-se a necessidade de apresentar
a DME, conforme a seguir.
3.1.5 A Diretoria de Material de Engenharia
A Concepção de Transformação do Exército, estabelece o princípio da
matricialidade para a realização da racionalização de estruturas e efetivos do EB.
Nesse sentido, a Portaria do Departamento de Engenharia de Construção (DEC) nº
49, de 27 de outubro de 2015 (2015), descreve a logística dos materiais comuns (Cl
I, II, III, etc) sob gestão do Comando Logístico do Exército (COLOG), e a logística dos
sistemas especializados (Fogos, Engenharia, Comunicações, Saúde, outros) a cargo
dos respectivos sistemas.
Assim sendo, o DEC iniciou a recriação da DME no ano de 2015, inicialmente
ativando seu núcleo, com o intuito de “proporcionar uma melhoria no processo de
gestão do material de engenharia, otimizando a aquisição, o controle, a manutenção
e o emprego racional de equipamentos de custo elevado, aumentando sua vida útil,
em benefício do Exército.” (Brasil, 2015).
Atualmente, DME foi inserida na Estrutura Regimental do Exército pelo Decreto
nº 9.3174, de 20 de março de 2018, oficializando sua criação, e, em 18 de maio, o
novo Diretor de Material de Engenharia assumiu o cargo (Noticiário do Exército, 2018).
A DME tem como objetivo realizar a gestão do material Classe IV (construção) e
Classe VI (engenharia) de todo o EB, normatizando o emprego, a manutenção e a
logística desses materiais. Para isso, está subordinada ao DEC, compondo a seguinte
estrutura (Brasil, 2015).
33
Tabela 3: Estruturação do Núcleo da DME
Fonte: Boletim do Exército nº 45, de 6 de novembro de 2015.
Desse modo, o EB realiza os primeiros passos para o resgate da efetividade na
gestão do material Classe VI do EB. (Brasil, 2018).
34
3.1.6 Conclusões parciais sobre a Logística e a Classe VI
Ao apresentar a Função de Combate Logística, nos aspectos da subfunção
Suprimento, Transporte e Manutenção, bem como a DME, verificou-se que a
eficiência e eficácia das atividades de manutenção Classe VI (embarcações e motores
de popa) delimitam-se nos seguintes aspectos:
a) Fatores e atividades do Suprimento;
b) Modalidades de transportes; e
c) Tarefas e responsabilidades na cadeia de manutenção Cl VI (embarcações
em motores de popa).
Dessa forma, ao mesmo tempo em que se tornam o ponto forte das atividades
de manutenção Classe VI, tais aspectos possibilitaram a visualização dos seguintes
desafios:
a) A necessidade de melhoria das organizações logísticas em obter, estocar e
distribuir os itens, tendo em vista a os grandes tempos de deslocamento e transporte,
considerando;
b) A existência de grandes distâncias logísticas a serem vencidas por meio do
modal hidroviário; e
c) A necessidade de infraestrutura e pessoal de manutenção de Classe VI.
35
3.2 A REGIÃO AMAZÔNICA E SEUS DESAFIOS
A Região Amazônica continua sendo objeto de atenção dos órgãos nacionais
de governo, bem como de organismos internacionais. Pelos aspectos fisiográficos,
ressalta-se de importância de que se constitui na maior floresta tropical do mundo,
com imensa biodiversidade e possibilidade de prestação de serviços ambientais e que
contribuem para a manutenção do clima global (Brasil, 2008).
3.2.1 Características da Região Amazônica
No contexto regional da América do Sul, a Região Amazônica (Pan-Amazônia)
compreende 7 países e um território francês, com cerca de 7 milhões de quilômetros
quadrados, possuindo um ecossistema único no planeta. (Brasil, 2018)
Em sua parte brasileira, compreende 45% do território da Pan-Amazônia e 59%
do seu território, percorrendo um perímetro de fronteiras com cerca de 11.300
quilômetros entre 7 países: Bolívia, Peru, Colômbia, Venezuela, Guiana, Suriname e
Guiana Francesa. Compreende ainda, 7 Estados brasileiros: Acre, Amazonas,
Rondônia, Roraima, Mato Grosso, Pará e Amapá (Brasil, 2018).
Figura 1: A Amazônia Brasileira Fonte: Palestra da SPE-RJ-2018
36
Inserindo um estudo sumário dos modais de transportes existentes na Amazônia
Brasileira, percebe-se que as distâncias entre os principais pontos da região possuem
dimensões continentais. A seguir destacam-se algumas distâncias aproximadas das
principais cidades da Amazônia Brasileira (Brasil, 2018):
- Manaus-AM/Boa Vista-RR: Modal Rodoviário - 768 km; Modal Aeroviário – 670
km; Modal Hidroviário (até o Município de Caracaraí) - 1.000 km.
- Manaus-AM /São Gabriel da Cachoeira-AM: Modal Rodoviário – Não há; Modal
Aeroviário – 816 km; Modal hidroviário - 1.037 km.
- Manaus-AM /Tabatinga-AM: Modal Rodoviário – Não há; Modal Aeroviário –
1.116 km; Modal Hidroviário - 1.755 km.
- Manaus-AM /Cruzeiro do Sul-AC: Modal Rodoviário 2.056 km; Modal Aeroviário
– 1.116 km; Modal Hidroviário - 1.755 km.
- Manaus-AM /Porto Velho-RO: Modal Rodoviário 888 km; Modal Aeroviário –
761 km; Modal Hidroviário - 1.000 km.
- Manaus-AM /Belém-PA: Modal Rodoviário 3.049 km; Modal Aeroviário – 1.350
km; Modal Hidroviário - 1.600 km.
Figura 2: Principais distâncias Fonte: Palestra da SPE-RJ-2018
37
Em relação ao modal aeroviário, destaca-se a pequena quantidade de
aeroportos utilizados para voos domésticos regulares e não regulares na Região Norte
do país. Por exemplo, em 2016, dos 74 aeroportos e pistas de pouso da Região Norte,
apenas 36 são utilizados para voos domésticos regulares e não regulares, totalizando
53.683 decolagens. Ao passo que a Região Sudeste, bem menos em extensão
territorial, possui 73 aeroportos e pistas de pouso, totalizando 414.969 decolagens
(ANAC, 2016). Portanto, verifica-se que a Região Norte possui deficiência no modal
aeroviário, tanto para passageiros quanto para cagas. (Brasil, 2018).
Abordando os aspectos hidrográficos, vale ressaltar que é a maior bacia
hidrográfica do mundo, com 20% da água doce líquida do planeta, 81% das águas
superficiais do Brasil e a maior reserva de água doce do globo. Para a realização
desse estudo, é importante destacar que possui cerca de 1/5 do fluxo fluvial do mundo,
com mais de 25.000 quilômetros de rios navegáveis, o que torna os cursos d’água
importantes vias de transporte e, principalmente de logística (Brasil, 2018).
Diante dessa oportunidade, apresentam-se seus principais cursos d’água que
servem de malhas hidroviárias, ligando as principais cidades da região (Manaus,
Tabatinga, Tefé, Barcelos, Santa Isabel do Rio Negro, São Gabriel da Cacheira, Boa
Vista, Rio Branco e Porto Velho), inclusive de caráter internacional (Letícia-Colômbia,
Guayaramerín-Bolívia, Puerto Colômbia-Colômbia, etc). São eles: rios Negro,
Uaupés, Içá, Japurá, Juruá, Solimões, Purus, Madeira, Taraucá, Acre, dentre outros,
conforme a figura a seguir (Brasil, 2018):
Figura 3: Bacia Amazônia Fonte: Palestra da SPE-RJ-2018
38
Portanto, verifica-se que o modal hidroviário é bastante extenso, repleto de rios
e afluentes navegáveis, e que permeiam toda a Região, os Estados e Municípios,
tornando-se a principal infraestrutura de transporte. Para isso, demanda grande
quantidade de meios fluviais, como embarcações dos diversos tipos (Brasil, 2018)
Em relação à malha rodoviária, o âmbito dos 7 Estados brasileiros (Acre,
Amazonas, Rondônia, Roraima, Mato Grosso, Pará e Amapá) a Amazônia Brasileira
possui grande deficiência, tendo em vista que a região possui pouco mais de 17.000
quilômetros de rodovias federais, estaduais e municipais, correspondente pouco mais
de 1% das rodovias do país (o Brasil possui 1,53 milhões de quilômetros de rodovias).
Se comparado com a extensão territorial, (59% de todo o território brasileiro) a
discrepância fica ainda maior. As principais rodovias são: BR-210, 230, 364, 010, 163,
319, 174 e 307 (Ministério dos Transportes, 2018)
Figura 4: Rodovias federais da Região Norte Fonte: Ministério dos Transportes, 2018
3.2.2 Caracterização das regiões do Médio e Alto Rio Negro
Dando continuidade ao estudo da caracterização da Amazônia e seus desafios,
será delimitado o estudo das regiões do Médio e Alto Rio Negro, que possuem
características peculiares que as diferem das demais regiões da Região Amazônica.
A Bacia do Rio Negro consiste na parte noroeste do Estado do Amazonas. Trata-
se de uma densa floresta, com baixa densidade demográfica, abrigando grande
39
extensão de terras indígenas. Seu principal rio é o Negro, de aproximadamente 1.700
quilômetros de comprimento, abrangendo três países: Colômbia, Venezuela e Brasil.
Juntamente com o Rio Solimões, forma o Rio Amazonas, o maior do mundo em
volume e extensão. Abrange três municípios: Barcelos, Santa Isabel do Rio Negro e
São Gabriel da Cachoeira (Brasil, 2012).
Figura 5: Bacia do Rio Negro e municípios abrangidos Fonte: Palestra da 2ª Bda Inf Sl-AM-2016
Ainda em relação à hidrografia da Bacia do Rio Negro, é importante ressaltar
que apenas o Rio Negro possui navegabilidade durante todo o ano, diferentemente
da maioria de seus afluentes, que possuem sua navegabilidade prejudicada entre os
meses de agosto a março do ano subsequente. Seus principais afluentes são: rios
Xié, Içana, Cubaté, Uaupés, Tiquié, Cauaburi e Curiari. (Brasil, 2016).
Figura 6: Principais afluentes do Rio Negro Fonte: Palestra da 2ª Bda Inf Sl-AM-2016
40
Em relação ao modal rodoviário, a Bacia do Rio Negro e os municípios
abrangidos (São Gabriel da Cachoeira, Santa Isabel, Barcelos e Novo Airão) é
bastante deficiente e não são contemplados por nenhuma rodovia federal que faça a
ligação terrestre à capital Manaus, bem como nenhum outro centro urbano do país.
Sabe-se que existem rodovias, porém apenas projetadas, como as BR-210 e 307. A
BR-210 é uma Rodovia Federal que corta a porção norte do Brasil, no sentido
Leste/Oeste, seguindo o sentido da calha do Rio Amazonas e Negro. Já a BR-307 é
uma Rodovia Federal que corta a região de fronteira, que vai desde a Cidade de
Marechal Thaumaturgo-AC, até o Distrito de Cucuí-AM. Ambas as rodovias existem,
em sua grande maioria, somente em projeto, necessitando de um grande esforço
nacional para serem concluídas (DNIT, 2018).
Em relação ao modal aeroviário, a região possui os aeroportos de Barcelos, São
Gabriel da Cachoeira e Santa Isabel, com capacidade de pouso de aeronaves
comerciais, com periodicidade de duas vezes semanais. Possui também pistas de
pouso em seus principais distritos, que comportam somente pequenas aeronaves do
tipo Caravan (distritos de Pari-Cachoeira e Assunção do Içana) ou Caravan/C-105
(distritos de Pari- Cachoeira, Cucuí, Maturacá, Yauaretê, São Joaquim, e Querari)
(Brasil, 2016).
Tais pistas de pouso são de difícil manutenção e somente são utilizadas por
ocasião dos apoios da Força Aérea aos PEF, normalmente uma vez por mês ou
quando do frete de aeronaves por parte da 2ª Bda Inf Sl (Brasil, 2016).
3.2.3 Conclusões parciais acerca da Região Amazônica
Portanto, diante dos dados apresentados por ocasião do estudo das
características da Região Amazônica, particularmente no estudo dos seus modais de
transporte, em termos de abrangência, verifica-se uma grande deficiência nos modais
aeroviário, e rodoviário.
O aeroviário pela pouca existência de aeroportos que possuem capacidades de
manutenção de fluxo diário (diurno e noturno) de aeronaves, ficando a permeabilidade
aérea de grande parte das cidades da região para aeródromos de pequeno porte, que
funcionam somente no período diurno e com voos periódicos durante a semana
(ANAC, 2016).
41
O Rodoviário pela pouca quantidade de rodovias federais, estaduais e
municipais, bem como, das que existem, suas precárias condições de trafegabilidade.
Por outro lado, verifica-se como alternativa para a infraestrutura de transporte, o
modal hidroviário. Tal modal possui uma infinidade de rios e afluentes em condições
de navegabilidade durante boa parte do ano, bem como atingem a totalidade de
cidades e povoados da Região Amazônica, proporcionando logística de suprimento
de gêneros essenciais à sobrevivência do ser humano e víveres, bem como
proporciona o acesso à educação e à saúde.
Porém, a assertiva de que o modal hidroviário é a solução para a Região
Amazônica demanda um volume considerável de meios fluviais e componentes
geradores de energia capazes de atender a demanda social dessa importante região.
Ainda, essa demanda recai sobre os órgãos públicos, em especial o Exército
Brasileiro, responsável, dentre outros, pela manutenção da Soberania dessa
importante região do país, por meio das diversas operações militares.
Em relação às regiões do Médio e Alto Rio Negro, observa-se que essa região
não difere das demais regiões da Amazônica Brasileira. Pelo contrário, apresenta-se
uma maior dependência do modal hidroviário, que fica materializada na grande
quantidade de afluentes do Rio Negro, em detrimento da inexistência do modal
rodoviário e a escassez do modal aeroviário.
Portanto, da análise das características da Região Amazônica e da
particularização das regiões do Médio e Alto Rio Negro, pode-se dizer que:
a) as regiões possuem distâncias continentais, no que tange ao território e à
infraestrutura de transporte nos modais aeroviário, rodoviário e hidroviário;
b) devido à sua grande extensão territorial e baixa densidade demográfica, todos
os serviços que exigem técnica apurada, como manutenção de embarcações e
motores de popa de 2º e 3º escalões, concentram-se nas capitais dos Estados. Esse
aspecto reflete diretamente na Região do Médio e Alto Rio Negro;
c) o modal de transporte hidroviário sobressai dos demais, principalmente em
termos de abrangência territorial e permeabilidade; e
d) consequente maior de demanda de meios fluviais, principalmente para os
órgãos governamentais responsáveis pela manutenção da Soberania da Amazônia
Brasileira, em especial o EB.
Portanto, e alinhado com objeto desse estudo, evidenciam-se prováveis desafios
logísticos para a Região Amazônica e do Médio e Alto Rio Negro, principalmente:
42
a) as grandes distâncias logísticas a serem vencidas;
b) a infraestrutura de transporte fluvial em grande quantidade (embarcações e
motores de popa); e
c) a infraestrutura e pessoal de manutenção de Classe VI.
3.3 O COMANDO MILITAR DA AMAZÔNIA
O CMA, foi criado em 17 de outubro de 1956, com sede na Cidade de Belém-
PA, acumulando a 8ª Região Militar. Sua área de atuação abrangia a totalidade da
Amazônia Legal, com cerca de 5.217.423 quilômetros quadrados, ocupando 59% do
território brasileiro. Em 1969, sua sede mudou para a Cidade de Manaus-AM,
acumulando a recém-criada 12ª Região Militar (12ª RM). Mais recentemente, devido
ao processo de transformação do EB, foi criado no ano de 2013, o Comando Militar
do Norte (CMN), abrangendo os estados do Pará, Amapá, Tocantins e parte do
Maranhão, deixando o CMA com os demais estados da Região Norte. (Brasil, 2018).
O CMA tem por missão o texto a seguir:
1. A fim de possibilitar ao Exército a defesa da Pátria, este Comado Militar de Area (C Mil A) deverá estar em condições de: a. em tempo de paz, participar na dissuasão de ameaças aos interesses nacionais; e b. em situação de guerra ou conflito externo: 1) se constituído em Comando do Teatro de Operações, conduzir, em sua área de responsabilidade, a campanha militar para derrotar o inimigo que agredir ou ameaçar a soberania, a integridade territorial, o patrimônio e os interesses vitais do Brasil. 2) se localizado no espaço geográfico sob jurisdição nacional não incluído no(s) Teatro(s) de Operações (TO), constituir um Comando de Zona de Defesa (ZD), combinado ou não, destinado a realizar operações de Defesa Territorial contra ações inimigas, bem como garantir a segurança de sua respectiva ZD. 2. A fim de contribuir para a garantia da lei e da ordem e dos poderes constitucionais, o Exército deve manter-se em condições de ser empregado em sua área de responsabilidade, em situação emergencial e temporária, depois de esgotados os instrumentos destinados à preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, conforme relacionados no Art. 144 da Constituição Federal. 3. Ficar em condições de participar de operações internacionais, de acordo com os interesses do País, bem como em ações subsidiárias, participar do desenvolvimento nacional e da defesa civil, conforme a Lei Complementar nº 97, de 9 de junho de 1999 – Presidência da República (Brasil, 2018).
Para cumprir as missões propostas, o CMA possui sob seu comando as
seguintes organizações militares: 1ª Brigada de Infantaria de Selva (1ª Bda Inf Sl), 2ª
Bda Inf Sl, 16ª Brigada de Infantaria de Selva (16ª Bda Inf Sl), 17ª Brigada de Infantaria
de Selva (17ª Bda Inf Sl), 2° Grupamento de Engenharia (2º Gpt E), dentre outras,
conforme organograma abaixo:
43
Figura 7: Organização do CMA Fonte: http://www.cma.eb.mil.br/home/organograma.html
Em relação à estrutura logística, o CMA tem como órgão central a 12ª RM, com
a seguinte estrutura: (Brasil, 2018).
- Centro de Embarcações do Comando Militar da Amazônia (CECMA);
- 12º Batalhão de Suprimento (12º B Sup), Manaus-AM;
- Parque Regional de Manutenção/12 (Pq R Mnt/12), Manaus-AM;
- 1º Batalhão Logístico de Selva (1o B Log Sl), Boa Vista-RR;
- 2o Batalhão Logístico de Selva (2º B Log Sl), São Gabriel da Cachoeira-AM;
- 16ª Base Logística de Selva (16a Ba Log Sl), Tefé-AM;
- 17ª Base Logística de Selva (17ª Ba Log Sl), Porto Velho-RO;
Dentre a estrutura logística supracitada, destaca-se o Pq R Mnt/12, que tem por
missão realizar a manutenção de 3º Escalão dos diversos tipos de materiais e
equipamentos nas areas de intendência, armamento, engenharia, comunicações e
44
viaturas em geral, das organizações militares do CMA. Para cumprir essa missão,
possui um efetivo de aproximadamente 450 militares, destacando a manutenção de
3º Escalão de motores de popa, embarcações tipo voadeiras, geradores e micro
usinas de energia hidrelétrica (Brasil, 2018).
Atualmente, com o intuito de estudar e propor soluções para otimizar a logística
no CMA, a Portaria Nº 019-EME, de 27 de janeiro de 2016 (Brasil, 2016) designou um
grupo de Trabalho, no qual apresentou algumas propostas para minimizar ou anular
problemas de logística existentes da Amazônia Ocidental, os quais, para fins deste
estudo, destacam-se:
a) infraestrutura de transportes (rede rodoviária precária, sazonalidade dos rios, inexistência de portos, pistas de pouso em mau estado); b) baixa disponibilidade de horas de voo da FAB; c) carência de mão de obra especializada (motoristas e práticos); (...) f) melhoria na infraestrutura dos PEF: energia elétrica, água, esgoto e resíduos sólidos;(...) (1) transformação das Ba Log Sl em B Log Sl, customizados à sua área de responsabilidade; (2) aumento da capacidade de manutenção do Pq R Mnt/12 e do CECMA, com a reforma de instalações e compra de equipamentos;(...) (5) aumento da quantidade de embarcações; (Brasil, 2016).
Ainda, o grupo de trabalho afirma que não há solução padronizada no CMA,
destacando como fator essencial a melhoria da infraestrutura das Organizações
Militares Logísticas (OM Log), das Companhias Especiais de Fronteira (CEF) e dos
PEF como essenciais, concluindo que a “melhoria da logística nas áreas estudadas
baseia-se em três pilares, que são: a Unidade de Esforços, a Mobilidade e a
Infraestrutura.”, a seguir (Brasil, 2016):
a) UNIDADE DE ESFORÇOS - centraliza, para fins de racionalização de esforços e otimização de recursos materiais e financeiros, os diversos programas/projetos relativos à Amazônia e seus PEF sob coordenação única, buscando-se, inclusive, ação orçamentária específica; b) MOBILIDADE - em especial para o transporte de suprimentos pelos modais fluvial e aéreo; c) INFRAESTRUTURA - aumento da capacidade de estocagem na cadeia logística e melhoria da condição de vida dos integrantes do PEF. A energia elétrica é fundamental para atingir esses dois aspectos, aliada ao apoio de saúde, ao saneamento básico (água e esgoto), acesso à internet e outras necessidades... (Brasil, 2016).
Por fim, foram levantados 14 objetivos, com 40 ações a realizar, com prazos e
encarregados, dos quais destacam-se: (Brasil, 2016).
45
Tabela 4: extrato do anexo à diretriz para otimização da logística no CMA, No CMN e no CMO
Objetivo Ação Gestor Prazo
Otimizar a infraestrutura dos PEF
Incrementar um programa de manutenção preventiva das instalações e MEM.
CMA.
Imediato
Ampliar a capacidade de apoio em manutenção e transporte fluvial e rodoviário
Antecipar e customizar a transformação das 2ª, 16ª e 17ª Ba Log Sl para B Log Sl.
Estado-Maior do Exército (EME).
Até 2 anos, a partir de 2016.
Rever os QO, QCP e QDMP do Pq R Mnt/8ª RM, do Pq R Mnt/12ª RM, do 12º D Sup e do Centro de Embarcações do CMA (CECMA), customizando-os às necessidades das suas Áreas de Responsabilidade.
Comando de Operações Terrestres (COTER).
Imediato.
Ampliar a aquisição de embarcações táticas.
Departamento de Engenharia de Construção (DEC).
Até 2 anos, a partir de 2016.
Aumentar a classificação de pessoal capacitado nos G Cmdo e nas OM Log, aumentando a prioridade de recompletamento dos cargos previstos em QCP dos G Cmdo Log e OM Log dos CMA, CMN e CMO com militares concluintes de cursos de formação, especialização na área da logística, aperfeiçoamento e de altos estudos
Aumentar a prioridade de recompletamento dos cargos previstos em QCP dos G Cmdo Log e OM Log dos CMA, CMN e CMO com militares concluintes de cursos de formação, especialização na área da logística, aperfeiçoamento e de altos estudos.
Departamento Geral do Pessoal (DGP).
Até 2 anos, a partir de 2016.
Reestruturar a logística.
Viabilizar a implantação de Gpt Log no CMA e no CMN.
EME
Até 5 anos, a partir de 2016,
Unificar esforços na melhoria da Log.
Unificar a coordenação dos projetos/programas/ações estratégicas/iniciativas existentes nos diferentes órgãos relativos à área do CMA, CMN e CMO, em especial a Amazônia, na busca de incrementar a unidade de esforços.
EME
Imediata.
Fonte: EB20-D-03.001
Em relação ao objetivo de “Reestruturar a logística”, supracitado, cuja a ação
“Viabilizar a implantação de Gpt Log no CMA e no CMN”, a 12ª RM vem realizando a
experimentação doutrinária de implantação de um Centro de Operações Logísticas
(COL), com efetivos e instalações existentes no Comando da 12ª RM e OM
subordinadas, sem criação de novos cargos. Tal experimentação vem obtendo
conclusões tanto positivas quanto negativas, a seguir: (Brasil, 2018).
a. Conclusões positivas:
- Redução dos encargos de planejamento das OMDS logísticas da 12ª RM;
46
- Racionalização das atividades logísticas;
- Integração do planejamento logístico na Amazônia Ocidental; e
- Maior e melhor controle das atividades logísticas por parte da 12ª RM.
b. Conclusões negativas:
- Não possui autonomia administrativa e funcional, o que vai de encontro ao
previsto na Portaria Nr 212-EME de Separação dos Ramos Administrativo e Logístico
no Exército Brasileiro.
De acordo com a 12ª RM (Brasil, 2018), o parecer parcial da experimentação
doutrinária é de que o COL “configura-se em importante e flexível estrutura que tem
permitido introduzir a transformação logística na Amazônia Ocidental”, permitindo a
concentração de esforços e de recursos na estruturação da infraestrutura logística das
OM Log, comandos de fronteiras e PEF, até que se alcance a estrutura mínima
necessária para implantação de um Grupamento Logístico (Gpt Log) no CMA.
Em relação aos materiais Classe VI, em palestra proferida pela 12ª RM, (Brasil,
2017) levantou-se a situação atual das embarcações e motores de popa, nos quais
“possuem idade média superior a 20 anos, apresentam resistência estrutural
comprometida e requerem vultosos recursos e esforço contínuo na função logística
Manutenção.” Ainda, “há carência de empresas legalizadas para o serviço de
manutenção de embarcações na região, principalmente fora da guarnição de
Manaus”. Finaliza destacando que a importância patrimonial dos meios fluviais do
CMA gira em torno de 68.200.000,00 reais, requerendo cerca de 2.046.000,00 reais
(3% do valor patrimonial).
3.3.1 Proposta de material Classe VI para o CMA (embarcações)
Decorrente da análise do item anterior, em relação ao objetivo “Ampliar a
capacidade de apoio em manutenção e transporte fluvial e rodoviário” e a ação
“Ampliar a aquisição de embarcações táticas”, o CMA elaborou uma proposta de
readequação dos meios Classe VI (Embarcações) que atendesse as suas reais
necessidades, de acordo com as peculiaridades de cada organização militar, a seguir
(Brasil, 2017):
3.3.1.1 CECMA
47
a. Módulo Logístico de Carga:
1) Pesado
- 02 (duas) embarcações tipo empurrador – 700 HP;
- 04 (quatro) balsas pesadas – 700 Toneladas (Ton); e
- 02 (duas) balsas tanque.
2) Médio
- 02 (duas) embarcações tipo empurrador – 700 HP;
- 04 (quatro) balsas médias (frigorificada) – 400 Ton;
- 04 (quatro) balsas médias (fechada) – 400 Ton; e
- 04 (quatro) balsas médias (mista) – 400 Ton.
3) Leve
- 04 (quatro) embarcações tipo Ferry Boat.
b. Módulo Logístico Pessoal
- 01 (uma) embarcação de aço tipo regional (100 passageiros);
- 01 (uma) embarcação tipo lancha a jato (100 passageiros); e
- 02 (duas) embarcações de comando.
c. Módulo de Ensino
1) Médio
- 01 (uma) embarcação tipo empurrador; e
- 01 (uma) balsa média – 400 Ton.
2) Leve
- 01 (uma) embarcação tipo ferryboat; e
- 01 (uma) embarcação tipo Patrulha Blindada – 14 passageiros modelo
LPR 40 / DGS 888;
- 02 (duas) embarcações de apoio de fogo – Tipo Guardian 25’ / DGS 888
Blindada; e
- 01 (uma) Embarcação Base de Pelotão (EBP).
d. Módulo de combate
- 02 (duas) embarcações tipo patrulha blindada – 14 PAX (modelo LPR 40 /
DGS 888; e
- 04 (quaro) embarcações de apoio de fogo – Tipo Guardian 25’ / DGS 888
Blindada; e
- 02 (duas) embarcações base de pelotão (EBP).
e. Apoio ao CIGS/ 3ª Cia FE
48
- 01 (uma) Embarcação Base de Pelotão.
3.3.1.2 16ª Base Logística:
a. Módulo Logístico, de Carga
- 02 (duas) embarcações tipo empurrador – 700 HP (baixo calado);
- 02 (duas) balsas de carga geral – 400 Ton;
- 01 (uma) Balsa Carga Geral e Frigorífica (200 Ton);
- 01 Ferry Boat; e
- 01 (uma) embarcação de transporte de combustível – 30 m³ (propulsada).
b. Módulo Logístico Pessoal
- 01 (uma) Embarcação Transporte de Pessoal (ETP) para 20 passageiros;
- 01 (uma) Embarcação Transporte de Pessoal (ETP) para 10 passageiros;
- 01 (uma) Embarcações Leve de Comando (ELC); e
- 01 (uma) embarcação tipo lancha a jato (100 Passageiros).
c. Módulo de combate
- 01 (uma) Embarcação tipo patrulha blindada – 14 passageiros modelo
LPR 40 / DGS 888;
- 02 (duas) embarcações de apoio de fogo – Tipo Guardian 25’ / DGS 888
Blindada; e
- 01 (uma) Embarcação Base de Pelotão (EBP).
3.3.1.3 8º Batalhão de Infantaria de Selva
a. Módulo logístico de carga
- 01 (um) Ferry Boat – 140 Ton; e
- 01 (uma) Embarcação Leve de Transporte Geral (ELTG).
b. Módulo Logístico Pessoal
- 01 (uma) Embarcação Transporte de Pessoal (ETP) 20 passageiros;
- 01 (uma) Embarcação de Saúde Leve; e
- 01 (uma) Embarcações Leve de Comando (ELC).
c. Módulo de Combate
- 01 (uma) Embarcação tipo Patrulha Blindada – 14 PAX (modelo LPR 40 /
DGS 888;
49
- 02 (duas) Embarcações de apoio de fogo – Tipo Guardian 25’ / DGS 888
Blindada; e
- 01 (uma) Embarcação Base de Pelotão (EBP).
3.3.1.4 17º Batalhão de Infantaria de Selva
a. Módulo logístico de carga
- 01 (um) Ferry Boat – 140 Ton; e
- 01 (uma) Embarcação Leve de Transporte Geral (ELTG).
b. Módulo Logístico Pessoal
- 01 (uma) Embarcação Transporte de Pessoal (ETP) 20 passageiros;
- 01 (uma) Embarcação de Saúde Leve; e
- 01 (uma) Embarcações Leve de Comando (ELC).
c. Módulo de Combate
- 01 (uma) Embarcação tipo Patrulha Blindada – 14 PAX (modelo LPR 40 /
DGS 888;
- 02 (duas) Embarcações de apoio de fogo – Tipo Guardian 25’ / DGS 888
Blindada; e
- 01 (uma) Embarcação Base de Pelotão (EBP).
3.3.1.5 PEF da 16ª Bda Inf Sl
- 04 (quatro) Embarcações de Saúde Leve; e
- 04 (quatro) Embarcações Leve de Transporte Geral (ELTG).
3.3.1.6 2º Batalhão Logístico de Selva e 5º Batalhão de Infantaria de Selva
a. Módulo logístico de carga
- 02 (dois) Ferry Boat;
- 01 (uma) Embarcação Transporte de Combustível - 30 m³ (propulsada); e
- 02 (duas) Embarcação Leve de Transporte Geral (ELTG).
b. Módulo logístico pessoal
- 01 (uma) Embarcação Transporte de Pessoal (ETP) 20 passageiros; e
- 01 (uma) Embarcação Leve de Comando (ELC).
50
c. Módulo de combate
- 01 (uma) Embarcação tipo Patrulha Blindada – 14 PAX (modelo LPR 40 /
DGS 888;
- 02 (duas) Embarcações de apoio de fogo – Tipo Guardian 25’ / DGS 888
Blindada; e
- 01 (uma) Embarcação Base de Pelotão (EBP).
3.3.1.7 3º Batalhão de Infantaria de Selva
a. Módulo logístico de carga
- 01 (um) Ferry Boat – 140 Ton; e
- 01 (uma) Embarcação Leve de Transporte Geral (ELTG).
b. Módulo logístico pessoal
- 01 (uma) Embarcação Transporte de Pessoal (ETP) 20 passageiros;
- 01 (uma) Embarcação de Saúde Leve; e
- 01 (uma) Embarcações Leve de Comando (ELC).
c. Módulo de combate
- 01 (uma) Embarcação tipo Patrulha Blindada – 14 PAX (modelo LPR 40 /
DGS 888;
- 02 (duas) Embarcações de apoio de fogo – Tipo Guardian 25’ / DGS 888
Blindada; e
- 01 (uma) Embarcação Base de Pelotão (EBP).
3.3.1.8 PEF da 2ª Bda Inf Sl
- 06 (seis) embarcações de saúde leve; e
- 06 (seis) embarcações leves de transporte geral (ELTG).
3.3.1.9 17ª Base Logística
a. Módulo logístico de carga
- 01 (uma) Embarcação Empurrador – 700 HP (baixo calado);
- 02 (duas) Balsas Carga Geral – 400 Ton;
- 01 (uma) Balsa Carga Geral e Frigorífica - 200 Ton; e
- 01 (dois) Ferry Boat.
51
b. Módulo Logístico Pessoal
- 01 (uma) Embarcação Transporte de Pessoal (ETP) 20 passageiros; e
- 01 (uma) Embarcações Leve de Comando (ELC).
c. Módulo de Combate
- 01 (uma) Embarcação tipo Patrulha Blindada – 14 PAX (modelo LPR 40 /
DGS 888;
- 02 (duas) Embarcações de apoio de fogo – Tipo Guardian 25’ / DGS 888
Blindada; e
- 01 (uma) Embarcação Base de Pelotão (EBP).
3.3.1.10 61º e 4º Batalhões de Infantaria de Seva
a. Módulo Logístico de Carga
- 02 (duas) embarcações leves de transporte geral (ELTG).
b. Módulo logístico pessoal
- 02 (duas) Embarcações Leve de Comando (ELC).
c. Módulo de combate
- 02 (duas) embarcações tipo Patrulha Blindada – 14 PAX (modelo LPR 40
/ DGS 888);
- 04 (quatro) embarcações de apoio de fogo – Tipo Guardian 25’ / DGS 888
Blindada; e
- 02 (duas) embarcações base de pelotão (EBP).
3.3.1.11 PEF da 17ª Bda Inf Sl
- 02 (duas) Embarcações de Saúde Leve.; e
- 02 (duas) Embarcações Leves de Transporte Geral (ELTG).
Ainda, decorrente da análise realizada pelo CMA, chegou-se à conclusão de que
são necessários o montante de recursos de aproximadamente duzentos e sete
milhões de reais, para mobilizar as organizações militares com os módulos acima
mencionados (Brasil, 2017).
52
3.3.2 Conclusões parciais acerca do CMA e materiais Cl VI
Ao analisar a o CMA, verificou-se que existe o elemento logístico nas Grandes
Unidades, no entanto a 16ª e 17ª Bda Inf Sl ainda possuem as 16a e 17ª Ba Log Sl em
seus organogramas, respectivamente, o que dificulta a realização da função Logística
de Manutenção, sobrecarregando o Pq R Mnt/12 de nas manutenções de 1º, 2º e 3º
Escalões do material Classe VI.
Em relação à propor soluções para otimizar a logística no CMA, verifica-se no
objetivo de “Ampliar a capacidade de apoio em manutenção e transporte fluvial e
rodoviário” que a ação “Ampliar a aquisição de embarcações táticas” encontra-se mais
avançada em relação às duas demais, indicando uma maior preocupação na
aquisição em detrimento da cauda logística de manutenção Classe VI e da
readequação dos QO/QCP das OM logísticas.
Ainda, verifica-se a necessidade de alocação de grandes montantes de recursos
necessários, tanto na aquisição, quanto na manutenção, o que conduz a uma reflexão
sobre a praticabilidade de tal estudo.
Portanto, alguns desafios surgem para o apoio de manutenção Classe VI, a
seguir:
a) A necessidade de readequação do QO/QCP das OM Log para atender uma
futura demanda de material Classe VI;
b) A necessidade de adequação das infraestruturas das OM Log para atender
a demanda de manutenção de material Classe VI já existente, bem como aqueles
propostos para aquisição; e
c) A praticabilidade de alocação de recursos necessários para aquisição e
manutenção de material Classe VI, visando a continuidade do apoio logístico, bem
como a operacionalidade das OM do CMA.
3.4 A BRIGADA DE INFANTARIA DE SELVA
A Brigada de Infantaria de Selva é uma Grande Unidade composta por unidades
de combate, apoio ao combate e apoio logístico, capaz de atuar de forma
independente e de durar na ação, em ambiente de selva. Para isso, conduz seu
preparo e emprego priorizando ambientes terrestres e fluviais, bem como a máxima
descentralização de seus meios e pessoal (Brasil, 1984).
53
No âmbito do CMA, as brigadas de infantaria de selva têm por missão, dentre
outras, a de aumentar a intensificação das ações de fiscalização na faixa de fronteira,
fazendo com que fique visível para a população, pelo aumento das ações de
fiscalização e revista de pessoas e embarcações (Brasil, 2017).
Para isso, a Bda Inf Sl vale-se das operações ribeirinhas, caracterizadas pela
necessidade de grandes deslocamentos fluviais e em ambiente de selva; pela
necessidade de descentralização das ações; pela intensa utilização de meios
aquáticos; pela execução de incursões caraterizada por ações de pequeno vulto; e
pela simultaneidade de ações de combate ao longo de vias aquáticas, terrestres e
através selva (Brasil, 1984).
3.4.1 Organização, possibilidades e limitações
Para cumprir suas missões, a Bda Inf Sl está organizada da seguinte maneira
(Brasil, 1984):
a. Comando;
b. Três Batalhões de Infantaria de Selva;
c. Um Esquadrão de Cavalaria de Selva;
d. Um Grupo de Artilharia de Campanha de Selva;
e. Uma Bateria de Artilharia Antiaérea;
f. Uma Companhia de Engenharia de Combate de Selva;
g. Uma Companhia de Comunicações de Selva;
h. Uma Companhia de Comando de Selva;
i. Um Batalhão Logístico de Selva; e
j. Um Pelotão de Polícia do Exército;
54
Figura 8: Organização de uma Brigada de Infantaria de Selva Fonte: C 7-30 - Brigadas de Infantaria
Tem como possibilidades (Brasil, 1984):
a. Conduzir operações continuadas, ofensivas ou defensivas como força
independente;
b. Organizar-se para o combate;
c. Executar missões de segurança para uma força maior;
d. Participar de operações conjuntas;
e. Realizar operações contra forças irregulares;
f. Receber em reforço até 01 (um) Batalhão de Infantaria de Selva;
g. Cumprir missões no quadro de Defesa Interna;
h. Operar em ambiente de selva, sob condições climáticas e meteorológicas
adversas;
i. Executar operações ribeirinhas;
j. Empregar seus batalhões descentralizadamente;
k. Executar operações aeromóveis ou aeroterrertres, quando dispuser de apoio
aéreo adequado; e
l. Operar com limitado apoio logístico.
Tem como limitações (Brasil, 1984):
a. Limitada mobilidade veicular;
b. Limitada proteção contra blindados;
55
c. Limitada proteção contra agentes químicos, biológicos, radiológicos e
nucleares;
d. Mobilidade limitada à velocidade de deslocamento a pé e dos meios
aquáticos disponíveis; e
e. Reduzida potência de fogo.
3.4.2 O Batalhão de Infantaria de Selva
O Batalhão de Infantaria de Selva (BIS) opera em região de selva, combinando
o fogo, o movimento e o combate aproximado. Instruído para combater a pé, necessita
do apoio em viaturas, meios fluviais e aéreos. É a unidade tática básica da brigada de
infantaria de selva, podendo atuar enquadrado pela brigada e/ou isoladamente (Brasil,
1997)
Possui fluidez e é capaz de operar continuadamente em região de selva. A
fluidez decorre da capacidade de atuar descentralizadamente, desde o adestramento
até a possibilidade de utilização dos meios fluviais orgânicos ou do escalão superior,
o que lhe permite atuar sobre os pontos vulneráveis do inimigo e rapidamente retrair.
A capacidade de operar continuadamente em região de selva, por sua vez, resulta do
preparo psicológico, da aclimatação, do adestramento e do apoio logístico para o
combate neste ambiente operacional (Brasil, 1997).
O BIS sediado em área de fronteira pode receber, além das missões inerentes
ao BIS, a missão de vigilância das fronteiras. Cumpre, também, com os pelotões
especiais de fronteira, missões complementares ligadas à produção de alimentos e à
prestação de serviços. Nesses casos, acrescem-se as missões de realizar a vigilância
e a vivificação das fronteiras, constituir a presença armada brasileira em regiões
fronteiriças, agir como fator de dissuasão para os elementos externos e como agente
de operações psicológicas no seio da população que gravita em torno dos pelotões
especiais de fronteira (Brasil, 1997).
3.4.2.1 Organização, possibilidades e limitações
Para cumprir sua missão, o BIS está organizado da seguinte maneira (Brasil,
1997):
a. Comando;
56
b. Uma Companhia de Comando e Apoio; e
c. Três Companhias de Fuzileiros de Selva.
No caso de um BIS situado na região de fronteira, suprime-se 01 (uma)
Companhia de Fuzileiros de selva e acrescenta-se a Base Administrativa e a
Companhia Especial de Fronteiras (Brasil, 2010).
Figura 9: Organização de um BIS com responsabilidade de fronteiras Fonte: Boletim do Exército Nr 30/2010
O BIS situado na região de fronteira que enquadre cinco ou mais PEF
receberá um módulo de CEF Tipo II constituído de (sessenta e dois) 62 militares
distribuídos em Comando, Seção de Comando e Pelotão de Recompletamento (Pel
Rcp), além dos (sessenta e seis) 66 militares de cada PEF destacado (Brasil, 2010).
O BIS Possui as seguintes possibilidades (Brasil, 1997):
a. Operar em região de selva, sob condições climáticas e meteorológicas
típicas deste ambiente operacional;
b. Em sua área de responsabilidade, empregando meios de transporte
orgânicos e/ou propiciados pelo escalão superior, cerrar sobre o inimigo para destruí-
lo ou capturá-lo;
c. Conquistar e manter acidentes capitais;
d. Participar de operações aeromóveis, aeroterrestres e ribeirinhas, desde
que apoiado pelo escalão superior em meios aéreos e fluviais;
e. Realizar deslocamentos fluviais de pequeno alcance, com parte dos seus
meios, utilizando, exclusivamente, embarcações orgânicas;
f. Realizar deslocamentos através da floresta, explorando a surpresa ao
máximo.
57
g. Empregar as suas companhias descentralizadamente;
h. Receber reforços em meios de combate, de apoio ao combate e de apoio
logístico, ampliando a sua capacidade de durar na ação e operar isoladamente,
podendo executar, em escala limitada, operações independentes;
i. Operar com limitações nas regiões montanhosas localizadas na Amazônia
Brasileira
j. Quando sediado em área de fronteira, realizar a vigilância da linha de
fronteiras terrestres e fluviais com frações destacadas;
k. Contra forças militares de poder de combate incontestavelmente superior,
operar empregando as técnicas do combate de resistência;
l. Pacificar ou participar da pacificação de uma área no contexto da Segurança
Integrada (Defesa Interna);
m. Operar contra forças de guerrilha de origens diversas na Região
Amazônica;
n. Participar de operações de interdição, impedindo e/ou limitando o apoio
externo a forças irregulares; e
o. Operar contra forças adversas numa Área de Conflito (AC) isoladamente
ou no contexto da brigada que o integra.
Possui as seguintes limitações (Brasil, 1997):
a. Limitada mobilidade veicular;
b. Mobilidade terrestre limitada à velocidade do homem a pé;
c. Dependência de apoio de embarcações táticas e logísticas para
movimentos fluviais de maior alcance;
d. Dependência de apoio de meios aéreos para operar eficazmente numa área
de grandes dimensões;
e. Dependência acentuada dos meios de comunicações;
f. Reduzida potência de fogo;
g. Limitada proteção contra blindados;
h. Limitada proteção contra os efeitos de armas e agentes QBRN;
i. Redução da capacidade operativa em caso de surtos de doenças tropicais;
j. Necessidade de receber apoio ou reforços para operar em regiões de
campos ou desprovidas de floresta;
k. Necessidade de apoio de engenharia em deslocamentos motorizados
devido à precariedade das estradas; e
58
l. Necessidade de receber reforço em equipamentos e pessoal, além do apoio
de elementos especializados, quando empregado no combate de resistência.
3.4.2.2 A Base Administrativa
O BIS situado em área de fronteira normalmente possui a Base Administrativa.
A sua organização baseia-se em módulos para a prestação do apoio administrativo e
logístico à unidade. São eles:
a. Módulo de Comando;
b. Módulo de Divisão de Pessoal;
c. Módulo de Divisão Administrativa;
d. Módulo de Divisão de Suprimentos;
e. Módulo de Divisão de Saúde;
f. Módulo de Divisão de Manutenção e Transporte;
g. Módulo de Divisão de Elementos de Fronteira.
Para fins desse estudo, a seguir serão abordadas apenas as letras f. e g.
O módulo de Divisão de Elementos de Fronteira constitui-se em uma
Companhia Especial de Fronteira (CEF), a fim de poder cumprir a missão de executar,
com limitação, por meios de seus pelotões, ações ofensivas e defensivas na área de
combate que lhe for atribuída. Em tempos de paz, cabe-lhe o encargo de apoio aos
pelotões especiais de fronteira. (Brasil, 1997)
Ao módulo da Divisão de Manutenção e Transporte cabe os encargos de
Suprimento, Manutenção, Transporte e Transporte Fluvial (Brasil, 1997)
Quando o batalhão logístico da brigada tiver dificuldades para prestar o apoio
logístico contínuo ao BIS, este pode receber ainda uma sub-base logística. Trata-se
da abertura de uma subárea de apoio logístico, visando o correto apoio (Brasil, 1997).
3.4.3 O Pelotão Especial de Fronteira
A missão do PEF é a vigilância da fronteira e a vivificação da área, por meio de
atividades militares e complementares. Esta última relacionada à produção, em
pequena escala, de gêneros alimentícios de origem vegetal e animal e à prestação de
serviços para si próprio e para a comunidade civil existente ao redor do PEF (Brasil,
1997). A constituição padrão de uma seção administrativa de elemento destacado na
59
fronteira (“vida e trabalho”) com (trinta e um) 31 militares, e um Pel Fuz Sl (“combate”)
com trinta e cinco (35) militares (Brasil, 2010).
3.4.3.1 Organização, possibilidades e limitações
O PEF está organizado da seguinte maneira (Brasil, 1997):
a. Comando;
b. Estado-Maior;
c. Grupo de Comando;
d. Grupo de Serviços:
e. Grupo de Combate;
f. Grupo de Navegação Fluvial; e
g. Grupo de Apoio.
O Grupo de Serviços possui as seguintes turmas:
a. Turma de Administração;
b. Turma de Suprimento e Aprovisionamento;
c. Turma de Saúde;
d. Turma de Manutenção;
e. Turma de Serviços Gerais.
O Pelotão de Fuzileiro de Selva (Pel Fuz Sl) “combate”, descrito acima, é
composto pelo Comandante, Grupo de Comando e por três Grupos de Combate de
Selva, com trinta e cinco militares. Os demais grupos compõem a administração (“vida
e trabalho”), com trinta e um militares (Brasil 2010)
Figura 10: Organização de um PEF Fonte: BRASIL, 1997.
As possibilidades do PEF são (Brasil, 1997):
a. Vigiar pontos ou frentes limitadas;
60
b. Reconhecer áreas, frentes e eixos fluviais e terrestres, em sua área de
atuação.
c. Executar limitadas ações ofensivas e defensivas de pouca envergadura e
curta duração.
d. Executar limitadas ações complementares como exploração de recursos
locais através da caça e pesca, em caráter emergencial; criação de animais,
particularmente os de menor porte; implantação de horta comunitária; reflorestamento
com árvores frutíferas; e exploração de armazém reembolsável, mediante ordem.
e. Realizar atividades de apoio como trabalhos de serraria, carpintaria, olaria,
eletricista, bombeiro, manutenção do patrimônio sob a sua responsabilidade etc;
Além disso, o pelotão desenvolve atividades as seguintes atividades
específicas de fronteira (Brasil, 1997):
a. Apoio a órgãos públicos na faixa de fronteira;
b. Assistência de saúde às populações nativas;
c. Atuação nas reservas indígenas, nos limites da lei;
d. Atuação em face de aeronaves, veículos e embarcações estrangeiras;
e. Atuação em face de organizações militares e autoridades civis estrangeiras;
f. Cooperação com o Comando do BIS na solução de pendências localizadas,
antecipando-se ao surgimento de conflitos em sua área de responsabilidade.
3.4.4 O Batalhão Logístico
O B Log é a fração básica responsável pela execução das tarefas logísticas das
áreas funcionais de apoio de material em benefício às OM das Grandes Unidades
(GU). O B Log não possui organização fixa, devendo ser dimensionado de acordo com
as necessidades logísticas dos elementos a apoiar, buscando o apoio “na medida
certa”. O batalhão logístico apresenta organização modular adaptada às capacidades
requeridas à GU a qual pertence, podendo ser constituído pelas subunidades a seguir
(ou frações destas) (Brasil, 2015):
1) Companhia logística de suprimento;
2) Companhia logística de transporte;
3) Companhia logística de manutenção;
4) Companhia logística de recursos humanos (a ser desdobrada em Operações
com meios recebidos em reforço);
61
5) Companhia de segurança;
6) Companhia de comando e apoio.
Para fins deste estudo, será abordado mais especificamente a Companhia
Logística de Manutenção, na qual tem como as seguintes atribuições (Brasil, 2015):
1) Proporcionar apoio de manutenção de 2º Esc à brigada, exceto nos materiais
orgânicos de: Comunicações e Eletrônica das OM de Comunicações; de Engenharia
(Eng) das OM de Eng; de Guerra Eletrônica; de Saúde; de Informática; e de Aviação.
Quanto ao material de saúde, sua responsabilidade se restringe à manutenção de 2º
Escalão nos itens que possua capacidade técnica. Se necessário, serão
contratados/mobilizados elementos civis especializados;
2) Realiza a evacuação do material salvado e capturado;
3) Pode destacar, em apoio a determinada OM, Seção Leve de Manutenção, que
se desdobra na Área de Trens de Estacionamento ou na Área de Trens;
4) Os elementos da Companhia Logística de Manutenção desdobrados na Base
Logística de Brigada (BLB) suplementam o apoio das seções leves; e
5) As seções leves de manutenção podem receber o apoio ou reforço de equipes
destacadas pela companhia logística de manutenção, sempre que a natureza do
serviço a realizar ou a constituição do elemento apoiado indicar esta necessidade. A
constituição dessas seções leves de manutenção é variável. Tem tantas equipes de
manutenção quantas forem exigidas pela natureza do trabalho a realizar. Todos os
elementos da brigada podem receber o apoio das seções leves de manutenção,
durante determinado período, para atender a uma operação ou mesmo a um plano de
manutenção preventiva.
Para cumprir sua missão, a Companhia Logística de Manutenção pode se
estruturar em: Comando, Seção de Comando (Seç Cmdo), Pelotão de Apoio (Pel Ap),
Pelotão Pesado de Manutenção (Pel P Mnt) e Pelotão Leve de Manutenção (Pel L
Mnt) (Brasil, 2015).
Figura 11: Organograma da Cia Log Mnt Fonte: NCD Nr 001/2015 - DECEx, de 12 JAN 15
62
Ainda, possui as seguintes possibilidades (Brasil, 2015):
1) Prestar apoio de manutenção de 2º escalão, exceto nos materiais orgânicos
de: Comunicações e Eletrônica das OM de Comunicações; de Engenharia das OM de
Eng; de Saúde das OM de Saúde; de Guerra Eletrônica; de Informática; e de Aviação;
2) Prestar, com limitações, em razão do ferramental que possui, apoio de
manutenção de 2º escalão nos materiais de saúde;
3) Quando determinado, prestar apoio de manutenção de 3º escalão, exceto nos
materiais orgânicos de: comunicações e eletrônica das OM de Comunicações; de
Engenharia das OM de Eng; de Saúde das OM de Saúde; de Guerra Eletrônica; de
Informática; e de Aviação, podendo receber meios para essa finalidade;
4) Complementar a manutenção de 1° escalão das unidades;
5) Realizar o resgate, a remoção e o reboque de recursos materiais salvados e
capturados no âmbito da Bda;
6) Realizar a remoção, o reboque e o resgate de recursos materiais das OM
apoiadas quando necessário;
7) Estocar e distribuir limitada quantidade de suprimento de peças e conjuntos
de reparação de material das classes II, V (A), VI, VII, IX e X;
8) Instalar e operar Posto Técnico de Material Bélico (P Tec MB), Posto de
Distribuição de suprimento de peças de reparação de Material Bélico (P Distr MB) e
Posto de Coleta de Salvados (P Col Slv), conforme o planejamento logístico;
9) Transportar a reserva orgânica de suprimento de material bélico da
Bda/Divisão de Exército (DE) (peças e conjuntos de reparação); e
7) Realizar inspeções técnicas e prestar informações técnicas sobre material.
Possui as seguintes características de emprego (Brasil, 2015):
1) Desdobra-se na BLB e/ou Destacamento Logístico (Dst Log), com as
instalações necessárias ao apoio das operações, como: Posto Técnico de Material
Bélico (P Tec MB), Posto de Distribuição de Suprimento de Peças de Reparação de
Material Bélico (P Distr MB) e Posto de Coleta de Salvados (P Col Slv); e
2) Descentraliza, normalmente, a Seção Leve de Manutenção do Pelotão Leve
de Manutenção na área de trens das OM, empregando-as, sob a forma de apoio direto
ou situação/relação de comando e controle, conforme a situação tática apresentada,
não ficando em reserva.
63
3.4.5 A 2ª Brigada de Infantaria de Selva
A 2ª Bda Inf Sl - Brigada Rio Negro – situa-se no extremo Noroeste do Estado
do Amazonas, com sua sede no Município de São Gabriel da Cachoeira, no Alto Rio
Negro. Grande Unidade Operativa subordinada ao CMA, engloba os Municípios de
São Gabriel da Cachoeira e Barcelos (respectivamente o 3º e o 2º maiores do Brasil
em extensão), e o de Santa Isabel do Rio Negro, perfazendo o total de 294.507 km²
(Brasil, 2018).
Essa GU tem por missão o texto a seguir:
Cabe à Brigada Rio Negro o cumprimento das seguintes missões: - Contribuir para defesa da Pátria como Força de Vigilância Estratégica; - Atuar na Garantia da Lei e da Ordem (GLO), de forma preventiva e operativa, particularmente na faixa de fronteira; e - Cooperar com o desenvolvimento sustentável econômico e social em sua área de responsabilidade. (Brasil, 2018).
Para bem cumprir tal missão, a 2ª Bda Inf Sl está disposta da seguinte maneira:
Comando de Fronteira Rio Negro e 5º Batalhão de Infantaria de Selva (CFRN/5º BIS),
3º Batalhão de Infantaria de Selva (3º BIS), 2º Batalhão Logístico de Selva (2º B Log
Sl), Companhia Comando da 2ª Brigada de Infantaria de Selva (2ª Cia C Sl), 22º
Pelotão de Polícia do Exército (22º Pel PE) e 2º Pelotão de Comunicações de Selva
(2º Pel Com Sl), conforme figura abaixo:
Figura 12: Organização da 2ª Brigada de Infantaria de Selva Fonte: http://www.2bdainfsl.eb.mil.br/comandante.html
64
3.4.5.1 Conclusões parciais sobre a doutrina e estrutura da 2ª Bda Inf Sl
Concluindo parcialmente sobre a doutrina e estrutura da 2ª Bda Inf Sl, verificou-
se que a doutrina de emprego da Brigada de Infantaria de Selva atende as missões e
os requisitos operacionais da Região Amazônica, bem como da área do Médio e Alto
Rio Negro. Nesse sentido, observou-se as seguintes estruturas logísticas presentes
na 2ª Bda Inf Sl, que têm condições de fornecer o apoio contínuo de manutenção de
Classe VI (Motor de popa e embarcações):
a) Módulo de Divisão de Manutenção e Transporte da Base Administrativa dos
Batalhões de Infantaria de Selva;
b) Turma de Manutenção do Grupo de Serviços dos PEF; e
c) Grupo de Equipamento Fluvial do Pelotão Pesado de Manutenção do 2º B
Log Sl; e
d) Grupo de Equipamento Fluvial do Pelotão de Manutenção Fluvial do 2º B
Log Sl.
3.4.5.2 Características das Operações Militares da 2ª Bda Inf Sl
A fim de contribuir para a defesa da Pátria, Garantia da Lei e da Ordem (GLO),
e de cooperar com o desenvolvimento sustentável econômico e social em sua área
de responsabilidade, a 2ª Bda Inf Sl, como como Força de Vigilância Estratégica,
realiza operações militares de caráter preventivo e repressivo, particularmente na
faixa de fronteira, no(a) (Brasil, 2018):
a. Redução de ilícito ambientais, (garimpos, desmatamentos ilegais, etc);
b. Combate aos ilícitos transnacionais (tráfego de drogas, armas e produtos
ilegais);
c. Combate ao comércio e transporte de bebidas alcóolicas em terras indígenas;
d. Revista de pessoas e embarcações; e
e. Vigilância e controle da faixa de fronteira sob a sua responsabilidade
(reconhecimento e patrulhamento);
f. Realização de Ações Cívico-Sociais (ACISO) nos rios que compõem as
bacias do Médio e Alto Rio Negro.
65
Para viabilizar o cumprimento dessas missões, a 2ª Bda Inf Sl dispões dos
seguintes tipos de meios logísticos fluviais, distribuídos em suas peças de combate e
apoio logístico (12ª RM, 2018):
- 01 Balsa;
- 03 Embarcações Logísticas tipo Ferry Boat;
- 07 Embarcações Leve de Transporte Geral (Bongo);
- 02 Embarcações Base de Pelotão;
- 04 Embarcações Guardian DGS Bld;
- 02 Embarcações LPR 40 DGS;
Ainda, como meios fluviais de reconhecimento e combate, a 2a Bda Inf Sl possui,
previsto em sua dotação, as seguintes quantidades (QDMP, 2006 et QDM, 2017):
- 20 Embarcações Base de Grupo;
- 48 Embarcações Patrulha de Esquadra;
- 33 Embarcações Patrulha de Grupo; e
- 86 Motores de Popa.
No ano de 2017, a 2ª Bda Inf Sl realizou em torno de 30 operações militares,
empregando grande parte dos seus meios fluviais, as quais destacam as seguintes
(Relatório das Operações da 2a Bda Inf Sl, 2017):
- Operação Escudo, de 1º JAN a 31 MAR 17 (vigilância e controle da faixa de
fronteira, no estado de normalidade);
- Operação Curaretinga, 19 JUN a 5 JUL 17 (ACISO e vigilância e controle da
faixa de fronteira);
- Operação Curare, de 23 OUT a 01 NOV 17 (ações de fiscalização e a revista
de pessoas e embarcações); e
- Operação Eleições 2017, 06 e 27 de AGO 17, 1º e 2º Turnos (Garantia de
Votação e Apuração).
Esta última sendo empregados meios fluviais disponíveis, tanto do 3º e 5º
Batalhões de Infantaria de Selva, quanto do 2º B Log Sl (Relatório das Operações da
2a Bda Inf Sl, 2017):
- 27 embarcações Patrulha de Grupo (com motor 40 HP);
- 1 Embarcação tipo Ferry Boat;
- 1 Lancha (com 01 motor 90 HP); e
- 1 Lancha (com 02 motores 150 HP).
66
Para se ter uma real dimensão das operações militares, a 2ª Bda Inf Sl percorreu,
nas operações do ano de 2017 até o 1º semestre de 2018, uma distância fluvial pouco
mais de 34.000 km. Abaixo segue uma figura das distâncias percorridas desde 2017
até 1° Sem 2018 (Brasil, 2018):
Figura 13: Distâncias percorridas desde 2017 até 1° Sem 2018. Fonte: http://www.2bdainfsl.eb.mil.br/
3.4.5.3 Conclusões parciais sobre as operações militares da 2ª Bda Inf Sl
Concluindo parcialmente sobre as operações militares executadas pela 2ª Bda
Inf Sl, verificou-se uma quantidade considerável de missões (30 operações militares
em 2017), o que demandou uma distância fluvial pouco mais de 34.000 km, em cerda
de 18 meses. Sendo assim, quantidade de operações militares de natureza fluvial
demanda grande quantidade de pessoal capacitado em manutenção Classe VI, bem
como uma logística eficiente de reposição de peças de 1º Escalão e logística de
substituição direta de material. A logística de substituição direta é de extrema
importância, tendo em vista leva-se muito tempo para deslocar o material para 2º B
Log Sl, manutenir e retorná-lo para o PEF de origem, o que poderá prejudicar as
operações fluviais.
67
3.4.6 O Comando de Fronteira Rio Negro e 5º Batalhão de Infantaria de Selva
O CFRN/5º BIS é uma Organização Militar do Exército Brasileiro, localizada no
Município de São Gabriel da Cachoeira, no Estado do Amazona. Foi criado por meio
da Portaria Ministerial nº 106, de 03 de dezembro de 1984, do Exmo Sr Ministro do
Exército (5ª Companhia Especial de Fronteira). Em 16 de junho de 2004, o Comando
da 2ª Brigada de Infantaria Motorizada, de Niterói-RJ, tem sua sede transferida para
São Gabriel da Cachoeira-AM, passando a ser subordinada ao Comando Militar da
Amazônia. Fica transformada a 2ª Brigada de Infantaria Motorizada, em 2ª Brigada de
Infantaria de Selva. O 5º Batalhão de Infantaria de Selva teve sua subordinação
alterada da 1ª Brigada para 2ª Brigada de Infantaria de Selva (Brasil, 2018).
Tem a missão de contribuir com a Defesa e Soberania do Brasil, na faixa de
fronteira situada nesse município, além das regiões da Tríplice Fronteira de Cucuí e a
Região do Pico da Neblina. Para cumprir sua missão, vale-se da incorporação e
adestramento dos brasileiros de origem indígena da região. (Brasil, 2018).
O Batalhão está organizado com um Estado-Maior, duas Companhia de
Fuzileiros de Selva, uma Companhia de Comando e Apoio e uma Companhia Especial
de Fronteiras. Esta última tem sob seu comando sete Pelotões Especiais de Fronteia,
ficando responsável pelo suprimento das diversas classes de suprimentos daqueles
elementos destacados. O objetivo maior da Unidade é a realizar a presença por meio
de ações de patrulhamento e ações cívico-sociais. (Brasil, 2018).
3.4.7 Os Pelotões de Fronteira do CFRN/5º BIS
3.4.7.1 O 1º Pelotão Especial de Fronteira - YAUARETÊ.
O 1º Pelotão Especial de Fronteira (1º PEF) foi criado em 18 de setembro de
1986, por solicitação do Comandante Militar da Amazônia General Hyran Ribeiro Arnt,
fruto de uma reunião com a comunidade indígena da Vila Domingos Sávio, com o
objetivo de definir a área e localização da referida instalação militar. Em 17 de junho
de 1988, foi inaugurado (Brasil, 2018).
68
Figura 14: Distâncias São Gabriel da Cachoeira-Iauaretê Fonte: Palestra da 2ª Bda Inf Sl-AM-2016
Para acessar ao 1º PEF é necessário voar cerca de 01 hora em aeronave tipo
Caravan ou C -105 (250 km), ou percorrer a distância de cerca de 02 dias subindo os
rios Negro e Uaupés. No decorrer do trajeto, observam-se vários pontos críticos de
navegação como a transposição das cachoeiras de Ipanoré, necessitando de meios
de Classe VI (motores de popas e embarcações) para a navegação. O PEF e a
comunidade de Iauaretê recebem energia elétrica por meio da Companhia de Energia
do Estado do Amazonas (CEAM), devendo utilizar seus geradores em caso de panes
ou interrupção do fornecimento (Brasil, 2018).
Figura 15: Ponto crítico de Ipanoré Fonte: Google - Jun/2018
Iauaretê e o 1º PEF localizam-se na fronteira com a Colômbia. Percebe-se que
a navegação do Rio Uaupés é bastante difícil, devido ao grande número de
corredeiras, o que demanda meios de Classe VI (motores de popa e embarcações)
São Gabriel da Cachoeira
Iauaretê
Região de corredeiras
69
em quantidade e eficientes, objetivando as missões de reconhecimento de fronteiras,
patrulhamento de vias fluviais, bem como a fiscalização de embarcações (Brasil,
2018).
Figura 16: Localidade de Iauaretê Fonte: Palestra da 2ª Bda Inf Sl-AM-2016
3.4.7.2 O 2º Pelotão Especial de Fronteira – QUERARI
O 2º Pelotão Especial de Fronteira (2º PEF) foi criado em 1º de setembro de
1988 sediado na comunidade indígena de Querari, distrito de São Gabriel da
Cachoeira. Tem por missão realizar o patrulhamento e presença da Faixa de Fronteira
entre o Brasil e a Colômbia, coibindo os ilícitos transfronteiriços (Brasil, 2018).
Figura 17: Distâncias São Gabriel da Cachoeira-Querari Fonte: Palestra da 2ª Bda Inf Sl-AM-2016
Região de corredeiras
Rio Uaupés
BRASIL
COLÔMBIA
BRASIL
70
Para ter acesso ao 2º PEF é necessária uma viagem de cerca de 01:30 horas
de aeronave tipo Caravan ou C -105 (350 km), ou percorrer a distância de cerca de
04 dias subindo os rios Negro e Uaupés, apenas de embarcações tipo voadeiras. No
decorrer do trajeto, observam-se vários pontos críticos de navegação (cerca de 11).
Destacam-se as corredeiras de Caruru e as cachoeiras do Jacaré, que demandam
motores de popas e embarcações eficientes para a navegação O PEF conta com uma
micro usina hidrelétrica, porém indisponível, cabendo o fornecimento de energia
elétrica para o próprio PEF e para a comunidade indígena por meio de geradores, com
regimes de racionamento e rodízios (Brasil, 2018).
Figura 18: Corredeiras de Caruru – Rio Uaupés/Querari Fontes: Palestra da 2ª Bda Inf Sl-AM-2017
Figura 19: Corredeiras de Jacaré – Rio Uaupés/Querari Fontes: Google - Jun/2018
A comunidade de Querari e o 2º PEF fazem fronteira com a Colômbia.
Percebe-se que a navegação do Alto Rio Uaupés é bastante difícil, devido ao grande
número de corredeiras, exigindo dos meios de Classe VI (motores de popa e
embarcações) pleno funcionamento e confiabilidade, objetivando as missões de
Região de corredeiras
71
reconhecimento de fronteiras, patrulhamento de vias fluviais, bem como a fiscalização
de embarcações (Brasil, 2018).
Figura 20: Localização do 2º PEF/Querai Fonte: Palestra da 2ª Bda Inf Sl-AM-2017
3.4.7.3 O 3º Pelotão Especial de Fronteira - SÃO JOAQUIM
Em 17 de junho de 1988, na mesma data de inauguração do (1º PEF) foi
inaugurado o 3º Pelotão Especial de Fronteira (3º PEF) na comunidade indígena de
São Joaquim. É o Pelotão mais distante da sede do 5º BIS, necessitando de prioridade
nos abastecimentos das diversas classes de suprimento. A energia elétrica é gerada
por meio de geradores, nos quais fornecem para o próprio PEF e para a comunidade
indígena, sob regime de racionamento (Brasil, 2018).
Figura 21: Distâncias São Gabriel da Cachoeira-São Joaquim Fonte: Palestra da 2ª Bda Inf Sl-AM-2016
72
Para ter acesso ao 3º PEF é necessário voar cerca de 01:20 horas de aeronave
tipo Caravan ou C -105 (330 km), ou navegar cerca de 04 dias subindo os rios Negro
e Içana. No decorrer do trajeto, observam-se vários pontos críticos de navegação
(cerca de 07), o que demandam motores de popas e embarcações eficientes para a
navegação (Brasil, 2018).
Figura 22: Corredeiras do Rio Içana/São Joaquim Fonte: Google - Jun/2018
Figura 23: Corredeiras do Rio Içana/São Joaquim Fonte: Google - Jun/2018
73
A comunidade de São Joaquim e o 3º PEF são as localidades mais distantes
de São Gabriel da Cachoeira. A navegação do Alto Rio Içana é bastante difícil, o que
permite a navegação apenas de voadeiras, exigindo dos meios de Classe VI pleno
funcionamento e rusticidade, bem como uma manutenção duradoura. Tudo
objetivando as missões de reconhecimento de fronteiras, patrulhamento de vias
fluviais, bem como a fiscalização de embarcações (Brasil, 2018).
Figura 24: Localidades de São Joaquim e 3º PEF Fonte: Google - Jun/2018
Figura 25: Localidades de São Joaquim e 3º PEF Fonte: Palestra da 2ª Bda Inf Sl-AM-2017
3.4.7.4 O 4º Pelotão Especial de Fronteira – CUCUÍ
3º PEF
74
Primeiro Pelotão de Fronteira a ser inaugurado no Município de São Gabriel da
Cachoeira, no dia 10 de julho de 1955, pelo Exmo Sr Gen Joaquim Justino Alves
Bastos, com a missão de defender e desenvolver a região. Segundo os nativos da
região, Cucuí significa em linguagem indígena, "Caído do Céu" (Brasil, 2018).
Figura 26: Distâncias São Gabriel da Cachoeira-Cucuí Fonte: Palestra da 2ª Bda Inf Sl-AM-2016
O 4º PEF é o que tem menos restrição de acesso, sendo necessário voar
apenas 150 km ou navegar cerca de 7 horas de voadeira, subindo o Rio Negro. Vale
destacar que esse trecho do rio é navegável durante todo o ano, para qualquer tipo
de embarcação, seja voadeira, balsa ou empurrador. Dentre os PEF, é o que tem sua
logística de manutenção de Classe VI mais facilitada. O PEF e a comunidade de Cucuí
recebem energia elétrica por meio da Companhia de Energia do Estado do Amazonas
(CEAM), devendo utilizar seus geradores em caso de panes ou interrupção do
fornecimento (Brasil, 2018).
3.4.7.5 O 5º Pelotão Especial de Fronteira – MATURACÁ
Em 29 de abril de 1989, foi instalado um destacamento na comunidade
indígena de Maturacá, com a finalidade de preparar a base para a futura instalação
do 5º Pelotão Especial de Fronteira (5º PEF), criado para manter a segurança e a
integração da área do Maciço do Pico da Neblina, região de importância estratégica
para o Brasil. Em 30 de junho de 1994, em continuidade ao Projeto Calha Norte foi
75
inaugurado, no sopé do Parque Nacional do Pico da Neblina, o referido PEF (Brasil,
2018).
Figura 27: Distâncias São Gabriel da Cachoeira-Maturacá Fonte: Palestra da 2ª Bda Inf Sl-AM-2016
O acesso ao 5º PEF é realizado pelo modal aeroviário, distante 133 km, cerca
de 40 minutos de aeronave. Pode ser realizado pelo conjunto moral rodoviário-
hidroviário, percorrendo 85 km pela rodovia BR-307 (trecho de terra melhorada) e
depois pelo igarapé Iá-Mirim e Rio Cauaburis, cerca de 8 horas de voadeira ou bongo.
A última opção de acesso necessita de meios e material Classe VI (motores de popa
e embarcações) confiáveis e eficientes. A energia elétrica é gerada por meio de
geradores, sob regime de racionamento (Brasil, 2018).
Figura 28: Localidade de Maturacá e 5º PEF Fonte: Google - Jun/2018
76
Figura 29: Localidade de Maturacá e 5º PEF Fonte: Palestra da 2ª Bda Inf Sl-AM-2017
A região do Maciço do Pico da Neblina possui riquezas minerais em
abundância, com possibilidades de alguns crimes transfronteiriços, como garimpos
ilegais, principalmente no complexo de igarapés e rios que circundam tal formação
geológica. Em face dessas ameaças, o 5º PEF realiza diversas missões de fronteiras,
em sua maioria fluviais, necessitando de embarcações e motores de popa
manutenidos e em condições de pronta utilização (Brasil, 2018).
3.4.3.6 O 6º Pelotão Especial de Fronteira - PARI-CACHOEIRA
O 6º Pelotão Especial de Fronteira (6º PEF) foi criado em 30 de maio de 1999,
às margens do Alto Rio Tunuí e nas proximidades da Comunidade Indígena de Pari-
Cachoeira. Sua missão é realizar o patrulhamento do Alto Tunuí até a fronteira com a
Colômbia, bem como prover o apoio àquela comunidade (Brasil, 2018).
Figura 30: Distâncias São Gabriel da Cachoeira-Pari-Cachoeira Fonte: Palestra da 2ª Bda Inf Sl-AM-2016
77
Para acessar ao 6º PEF é necessário voar cerca de 01:10 horas em aeronave
tipo Caravan ou C -105 (250 km), ou percorrer a distância de cerca de 02 dias subindo
os rios Negro e Tiquié. No decorrer do trajeto, observam-se vários pontos críticos de
navegação como a transposição das cachoeiras do Tucano, necessitando de meios
de Classe VI (motores de popas 3 embarcações) para a navegação. O PEF e a
comunidade de Pari-Cachoeira recebem energia elétrica por meio da Companhia de
Energia do Estado do Amazonas (CEAM), devendo utilizar seus geradores em caso
de panes ou interrupção do fornecimento (Brasil, 2018).
Figura 31: Localidades de Pari-Cachoeira e 6º PEF Fonte: Google - Jun/2018
Figura 32: Condições do Rio Tiquié Fonte: Palestra da 2ª Bda Inf Sl-AM-2016
6º PEF
Pari-Cachoeira
78
O 6º PEF localiza-se próximo à fronteira com a Colômbia. A navegação do Rio
Tuquié é bastante difícil, devido ao grande número de corredeiras e curvas, o que
demanda meios de Classe VI (motores de popa e embarcações) em quantidade e
eficientes, objetivando as missões de reconhecimento de fronteiras, patrulhamento de
vias fluviais, bem como a fiscalização de embarcações (Brasil, 2018).
3.4.3.7 O 7º Pelotão Especial de Fronteira – TUNUÍ CACHOEIRA
Em 04 de abril de 2003, foi criado o 7º Pelotão Especial de Fronteira (7º PEF),
às margens do Rio Tunuí e nas proximidades da Comunidade Indígena de Tunuí-
Cachoeira. Sua missão é realizar o patrulhamento do Médio e Baixo Tunuí até a
confluência com o Alto Rio Negro, coibindo principalmente os garimpos ilegais da
região (Brasil, 2018).
Figura 33: Distâncias São Gabriel da Cachoeira - Tunuí Fonte: Palestra da 2ª Bda Inf Sl-AM-2016
79
Figura 34: Localidade de Tunuí-Cachoeira e 7º PEF Fonte: Palestra da 2ª Bda Inf Sl-AM-2017
Atualmente a pista de pouso do 7º PEF está desativada. Para fazer o
deslocamento até o 7º PEF é necessário realizar um deslocamento até a comunidade
de Assunção do Içana de aeronave e depois realizar um deslocamento fluvial de 4
horas, totalizando 5 horas de viagem. É possível realizar o deslocamento fluvial, com
cerca de 10 horas de navegação subindo o Rio Içana, sendo que as embarcações de
maior porte (balsas e ferry boat) somente em períodos de cheia. A energia elétrica é
gerada por meio de geradores, nos quais fornecem para o próprio PEF e para a
comunidade indígena, sob regime de racionamento (Brasil, 2018).
Figura 35: Localidade de Assunção do Içana Fonte: Palestra da 2ª Bda Inf Sl-AM-2017
Portanto, verifica-se a importância do suprimento e manutenção de Classe VI,
com o intuito de fornecer meios para a realização de missões de patrulhamento de
fronteiras, bem como o apoio de transporte fluvial (Brasil, 2018).
Tunuí
80
3.4.3.8 Conclusões parciais sobre o CFRN/5º e PEF
Concluindo parcialmente sobre o CFRN/5º e os PEF, verificou-se que seus
acessos dependem eminentemente da via fluvial e, em um segundo momento a via
aérea. Esta via, altamente dependente do apoio da Força Aérea e de maneira
inconstante. Portanto, para que seja efetiva a Estratégia da Presença na área de
atuação da 2ª Bda Inf Sl, é necessário a capacitação constante da Turma de
Manutenção do Grupo de Serviços dos PEF, algo extremamente difícil de ser
executado, tendo em vista alta rotatividade dos militares dos PEF. Ainda, deduziu-se
uma necessidade de altos estoques de peças de alta mortalidade Classe VI, tendo
em vista a difícil logística de transporte na região. Tudo isso com vista a contribuir
para a continuidade do apoio logístico Classe VI, bem como da continuidade das
operações na faixa de fronteira, sob responsabilidade dos PEF daquela GU.
3.4.8 O 2º Batalhão Logístico de Selva
O 2º B Log Sl foi criado por meio da Portaria nº 028, de 16 de janeiro de 2014 e
determinada sua implantação por meio da Portaria no 099-EME, de 20 de maio de
2014 (Brasil, 2014). Tem com o objetivo “ampliar a capacidade operacional da 2ª Bda
Inf Sl, na área do CMA, dotando-a de uma nova e efetiva estrutura logística, que lhe
proporcione apoio cerrado às operações de guerra e não guerra.” (Brasil, 2014).
Para isso, segundo a proposta da própria portaria de implantação (Brasil, 2014),
o 2º B Log deverá estar organizado da seguinte maneira:
- Comando (Cmdo); - Companhia de Comando e Apoio (Cia C Ap), que incluirá, se for o caso, frações das funções logísticas de Recursos Humanos e de Saúde; - Companhia Logística de Suprimento e Transporte (Cia Log Sup/Trnp); e - Companhia Logística de Manutenção (Cia Log Mnt). (Brasil, 2014).
Em relação à proposta de QCP, destaca-se os seguintes efetivos relacionados
à manutenção de Classe VI (embarcações e motores de popa), conforme extrato
abaixo (Brasil, 2017):
81
Tabela 5: Extrato do QCP do pessoal de manutenção fluvial do 2º B Log Sl.
DISCRIMINAÇÃO DO CARGO OCUPANTE PREVISTO QM
4. Companhia Logística de Manutenção
4.2 Pelotão Pesado de Manutenção
4.4.2 Grupo de Equipamento Fluvial
Mecânico de Equipamento Fluvial
Mecânico Eletricista de Viatura Auto
Auxiliar de Mecânica de Viatura
Auxiliar de Eletricista
Auxiliar de Mecânica de Viatura
4.6 Pelotão de Manutenção Fluvial
4.6.2 Grupo de Equipamento Fluvial
Mecânico de Equipamento Fluvial
Mecânico Eletricista de Viatura Auto
Mecânico de Equipamento Fluvial
Mecânico Eletricista de Viatura Auto
Auxiliar de Mecânica de Viatura
Auxiliar de Eletricista
Auxiliar de Mecânico de Viatura
2o Sgt
2o Sgt
Cb
Sd
Sd
2º Sgt
2º Sgt
3º Sgt
3º Sgt
Cb
Sd
Sd
0
0
0
0
0
2
2
2
2
9
6
10
5351
5351
0951
0947
0951
5351
5351
5351
5351
0951
0947
0951
Obs:
5351 - Material Bélico/Manutenção de Viatura Auto
0951 - Mecânico de Viatura Auto
0947 - Mecânico Eletricista
Fonte: Proposta de QCP do 2º B Log Sl (2017).
Ainda analisando o QCP do 2º B Log Sl, no tocante ao pessoal de manutenção, seja
de Classe VI ou de outras classes, verificou-se o seguinte extrato abaixo (Brasil,
2017):
Tabela 6: Resumo do QCP do pessoal de manutenção do 2º B Log Sl.
Posto/Graduação Quantidade QM Habilitações
ST 1 5351 000
1º Sgt 4 5351 000
2º Sgt 13 5351 000
2º Sgt 5 5351 614
2º Sgt 4 5351 635
3º Sgt 7 5351 000
3º Sgt 3 5351 614
82
3º Sgt 4 5351 635
Cb 5 0947 920
Cb 3 0951 000
Cb 15 0951 920
Cb 11 0951 920 e 708
Sd 6 0947 708
Sd 2 0947 920
Sd 1 0951 000
Sd 3 0951 000
Sd 10 0951 708
Sd 9 0951 920
Sd 3 0951 927
Obs:
5351 - Material Bélico/Manutenção de Viatura Auto 0947 - Mecânico Eletricista 0951 - Mecânico de Viatura Auto 614 - Eletricidade de Viaturas 635 - Navegação Fluvial 708 - Auxiliar de Embarcação 920 – Motorista 927 - Radioperador
Fonte: Proposta de QCP do 2º B Log Sl (2017).
3.4.8.1 Conclusões parciais sobre o 2º B Log Sl
Concluindo parcialmente sobre a estrutura do 2º B Log Sl, verificou-se que a
proposta do QCP ainda encontra desequilíbrio em relação à dois aspectos:
a) o quantitativo de pessoal especializado em manutenção Classe VI, em
comparação à grande quantidade de embarcações existentes na 2ª Bda Inf Sl e em
relação ao previsto para aquisição nos próximos anos, conforme abordado no item
2.3.1 do presente estudo.
b) o qualitativo de pessoal de manutenção, tendo em vista que dos 109 militares
vocacionados para as atividades de manutenção, apenas 35 estão habilitados para
atividades fluviais. Com isso, surge um grande desafio que é a readequação da
proposta do QCP da 2º B Log Sl, o que proporcionará um apoio eficiente e contínuo
de manutenção Classe VI.
Portanto, alguns desafios surgem para o apoio de manutenção Classe VI, a
seguir:
83
a) A demanda de grande quantidade de pessoal capacitado em manutenção
Classe VI, bem como uma logística eficiente de reposição de peças de 1º Escalão e
logística de substituição direta de material;
b) A necessidade de capacitação constante da Turma de Manutenção do Grupo
de Serviços dos PEF;
c) A necessidade de grandes estoques de peças de alta mortalidade de material
Classe VI; e
A necessidade do equilíbrio da proposta do QCP do 2º B Log Sl, em quantidade e
qualidade do pessoal de manutenção Cl VI.
84
4. CONCLUSÃO
Este trabalho teve por objetivo apresentar os principais desafios para apoio
logístico de manutenção Classe VI à 2ª Brigada de Infantaria de Selva. Para que este
estudo fosse viabilizado, buscou-se a interação de quatro principais variáveis
elencadas na literatura disponível: a sistemática da Função de Combate Logística no
EB; as características da Região Amazônica e seus desafios; a estrutura do Comando
Militar da Amazônia; e a estrutura da 2ª Brigada de Infantaria de Selva. Tal interação
tomou por base a variável independente “característica da Região Amazônica”.
Ao analisar a interação das características de Região Amazônica com a Função
de Combate Logística, verificou-se que a eficiência e eficácia das atividades de
manutenção Classe VI (embarcações e motores de popa) delimitam-se e permeiam,
necessariamente, nos grupos funcionais Suprimento, Transporte e Manutenção.
Dessa forma, ao mesmo tempo em que se tornam o ponto forte das atividades
de manutenção Classe VI, tais aspectos possibilitaram a visualização dos seguintes
desafios:
a) A existência de grandes distâncias logísticas a serem vencidas por
meio do modal hidroviário;
b) A necessidade de melhoria das organizações logísticas em obter,
estocar e distribuir os itens, tendo em vista a os grandes tempos de
deslocamento e transporte, considerando; e
c) A necessidade de infraestrutura e pessoal de manutenção de Classe VI.
Diante do exposto, sugere-se, respectivamente:
a) O aumento da utilização do modal aéreo para transporte de material CL
VI e pessoal de manutenção;
b) O aumento dos estoques de peças e ferramentais necessários à
manutenção Classe VI, centralizando-os no 2º B Log Sl; e
c) A qualificação dos Cb/Sd do Efetivo Profissional em manutenção Cl VI,
em cursos disponibilizados pelo Pq R Mnt/12 e SENAI de Manaus.
Ao analisar a interação das características de Região Amazônica com CMA,
verificou-se que existe o elemento logístico nas Grandes Unidades, no entanto
deficientes na 16ª e 17ª Bda Inf Sl, sobrecarregando o Pq R Mnt/12 na realização da
Subfunção de combate Manutenção Cl VI.
85
Em relação às soluções para otimizar a logística Cl VI no CMA, verifica-se que a
aquisição de material Cl VI é mais prioritária do que a construção da infraestrutura
logística, indicando uma maior preocupação na aquisição em detrimento da cauda
logística de manutenção Classe VI e da readequação dos QO/QCP das OM logísticas.
Ainda, verifica-se a necessidade de alocação de grandes montantes de recursos
necessários, tanto na aquisição, quanto na manutenção, o que conduz a uma reflexão
sobre a praticabilidade de tal estudo.
Portanto, alguns desafios surgem para o apoio de manutenção Classe VI, a
seguir:
a) A necessidade de readequação do QO/QCP das OM Log para atender
uma futura demanda de material Classe VI;
b) A necessidade de adequação das infraestruturas das OM Log para
atender a demanda de manutenção de material Classe VI já existente, bem como
aqueles propostos para aquisição; e
c) A praticabilidade de alocação de recursos necessários para aquisição
e manutenção de material Classe VI, visando a continuidade do apoio logístico,
bem como a operacionalidade das OM do CMA.
Diante do exposto, sugere-se, respectivamente:
a) A substituição de qualificações militares de natureza de Manutenção
Auto por qualificações militares de natureza de Manutenção Fluvial,
principalmente na 2ª Bda Inf Sl;
b) Construção de atracadouros, oficinas de manutenção Cl VI, bem como
garagens específicas para embarcações e motores de popa; e
c) Inclusão nos Contratos de Objetivos do COLOG/DEC recursos
adequados para a manutenção dos novos meios Cl VI adquiridos.
Ao analisar a interação das características de Região Amazônica com a estrutura
da 2ª Brigada de Infantaria de Selva, CFRN/5º BIS, 2º B Log Sl e PEF, verificou-se o
atendimento da doutrina vigente em face das demandas de operações militares da 2ª
Bda Inf Sl. Nesse sentido, observou-se as seguintes estruturas logísticas presentes
na 2ª Bda Inf Sl, que têm condições de fornecer o apoio contínuo de manutenção de
Classe VI (Motor de popa e embarcações):
a) Módulo de Divisão de Manutenção e Transporte da Base Administrativa do
CFRN/5º BIS;
b) Turma de Manutenção do Grupo de Serviços dos 7 PEF;
86
c) Grupo de Equipamento Fluvial do Pelotão Pesado de Manutenção do 2º B
Log Sl; e
d) Grupo de Equipamento Fluvial do Pelotão de Manutenção Fluvial do 2º B
Log Sl.
Em relação às características das operações de 2ª Bda Inf Sl, verificou-se uma
quantidade considerável de missões (30 operações militares em 2017), o que
demandou uma distância fluvial pouco mais de 34.000 km, em cerda de 18 meses.
Sendo assim, quantidade de operações militares de natureza fluvial demanda grande
quantidade de pessoal capacitado em manutenção Classe VI, bem como uma
logística eficiente de reposição de peças de 1º Escalão e logística de substituição
direta de material. A logística de substituição direta é de extrema importância, tendo
em vista leva-se muito tempo para deslocar o material para 2º B Log Sl, manutenir e
retorná-lo para o PEF de origem, o que poderá prejudicar as operações fluviais.
Em relação aos PEF do CFRN/5º BIS, verificou-se que seus acessos dependem
eminentemente da via fluvial. Portanto, para que seja efetiva a Estratégia da Presença
na área de atuação da 2ª Bda Inf Sl, é necessário a capacitação constante da Turma
de Manutenção do Grupo de Serviços dos PEF, tendo em vista alta rotatividade dos
militares dos PEF. Ainda, deduziu-se uma necessidade de altos estoques de peças
de alta mortalidade Classe VI, tudo isso com vista a contribuir para a continuidade do
apoio logístico Classe VI, bem como da continuidade das operações na faixa de
fronteira, sob responsabilidade dos PEF daquela GU.
Em relação à estrutura do 2º B Log Sl, verificou-se que a proposta do QCP ainda
encontra desequilíbrio em relação ao quantitativo e qualitativo de pessoal
especializado em manutenção Classe VI. Portanto, alguns desafios surgem para o apoio
de manutenção Classe VI, a seguir:
a) A demanda de grande quantidade de pessoal capacitado em
manutenção Classe VI, bem como uma logística eficiente de reposição de peças
de 1º Escalão e logística de substituição direta de material;
b) A necessidade de capacitação constante da Turma de Manutenção do
Grupo de Serviços dos PEF;
c) A necessidade de grandes estoques de peças de alta mortalidade Classe
VI; e
d) A necessidade do equilíbrio da proposta do QCP do 2º B Log Sl, em
quantidade e qualidade do pessoal de manutenção Cl VI.
87
Diante do exposto, sugere-se, respectivamente:
a) A qualificação dos Cb/Sd do Efetivo Profissional do 2º B Log Sl em
manutenção Cl VI, em cursos disponibilizados pelo Pq R Mnt/12 e SENAI de
Manaus;
b) O rodízio do pessoal de manutenção Cl VI dos PEF, no intervalo de 6
meses para possibilitar a continuidade do apoio;
c) O aumento de peças de alta mortalidade Cl VI nos depósitos do 2º B
Log Sl; e
d) A substituição de qualificações militares de natureza de Manutenção
Auto por qualificações militares de natureza de Manutenção Fluvial, no QCP do
2º B Log Sl.
Por fim, este estudo permitiu cumprir seu objeto, na medida em que se elucida
os principais desafios para o apoio logístico de manutenção Classe VI à 2ª Brigada de
Infantaria de Selva, com vistas ao apoio às operações militares. Ainda, propõem
medidas que podem ser implementadas para a transposição desses desafios,
contribuindo para a melhoria da logística na Amazônia Brasileira, bem como para o
aumento da eficiência nas operações militares. naquele ambiente operacional.
Portanto, como forma de dar prosseguimento à pesquisa e estudo de tão importante
problemática, sugere-se o aprofundamento de temas como:
- O processo de aquisição de Material Classe VI, adaptado às peculiaridades do
ambiente operacional amazônico;
- Uma proposta para adequação dos QCP das unidades logísticas da 2ª e 16ª
Bda Inf Sl; dentre outros.
88
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90
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