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Departamento de Artes & Design
A CONSTITUIÇÃO DA FORMAÇÃO VISUAL NA ESCOLA: UM
OLHAR SOBRE A EVOLUÇÃO GRÁFICA DOS LIVROS DE LEITURA
PARA CRIANÇAS E JOVENS OFERTADOS NA ESCOLA
Aluno: Danilo Mattos
Orientadora: Jackeline Lima Farbiarz
Co-orientadora: Maíra Gonçalves Lacerda
Introdução
Saber lidar com as imagens, compreendê-las e construir significado para elas, torna-se tarefa
premente para os sujeitos. Contudo, ao contrário da cultura escrita, não existem mecanismos de
ensino próprios para a formação visual do indivíduo na instituição escolar. Compreendida
enquanto linguagem, a representação imagética não encontra lugar específico como conteúdo
nos Parâmetros Curriculares, deixando importante lacuna, seja na disciplina de Língua
Portuguesa, que trata da linguagem escrita, seja na de Artes, que trata da imagem em si. Faltam,
assim, elementos para apreciação do livro de literatura, suporte para a língua e para a arte; e,
mais ainda, do livro de literatura para crianças e jovens, que, em sua grande maioria, encontra
na relação fabular-icônica o espaço propício à fruição da poesia e da ficção. Tal deficiência
impede, muitas vezes, um olhar sobre o objeto livro para além da experiência de fruição
literária, como um projeto interdisciplinar de Design na Leitura (Farbiarz, 2006) que inclui a
integração das linguagens que o compõem e a adequada antevisão do leitor enquanto instância
cultural e social participante de um cenário de políticas públicas de leitura.
Por este viés, e como parte integrante da pesquisa de doutorado em Design em
andamento intitulada A formação visual do leitor por meio do Design na Leitura: livros para
crianças e jovens, desenvolvida por Maíra Gonçalves Lacerda e orientada por Jackeline Lima
Farbiarz no programa de pós-graduação em Design da PUC-Rio, colocam-se as seguintes
perguntas: Qual a participação do Design, presente nos livros de literatura para crianças e jovens
chancelados pelas políticas públicas e disponibilizados nas escolas, para a formação visual do
leitor? No que tange ao Design dos livros de literatura para crianças e jovens chancelados pelas
políticas públicas, existe uma “evolução gráfica” correspondente ao desenvolvimento escolar
do futuro leitor e a sua consequente formação visual?
Objetivos a serem alcançados na Tese de doutorado
(1) Organizar um panorama a respeito da “evolução gráfica” dos livros de literatura para
crianças e jovens chancelados pelas políticas públicas, relacionando os aspectos gráficos com
o desenvolvimento escolar do futuro leitor na Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino
Fundamental; (2) favorecer a organização de um corpus que permita sensibilizar o designer de
livros para crianças e jovens quanto ao papel que exerce para a formação visual do leitor; (3)
colaborar para a formação continuada dos demais mediadores de leitura.
Objetivos a serem alcançados na Iniciação científica
(1) Contribuir com a organização do panorama a respeito da “evolução gráfica” dos livros de
literatura para crianças e jovens chancelados pelas políticas públicas; (2) contribuir com a
organização de um corpus que permita sensibilizar o designer de livros para crianças e jovens
quanto ao papel que exerce para a formação visual do leitor.
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Percurso metodológico
1. Mapear livros selecionados pelo Plano Nacional Biblioteca da Escola para a
Educação Infantil e os anos iniciais do Ensino Fundamental
Começamos o projeto com um processo de catalogação de cerca de 200 livros que foram
disponibilizados em 2014 pelo Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE), para escolas
públicas que atendem Educação Infantil e anos iniciais do Ensino Fundamental. Os acervos do
PNBE são organizados de acordo com a etapa escolar, para o uso coletivo de alunos e
professores, de acordo com a tabela abaixo:
Etapa
escolar
Quantidade
de acervos
Distribuição de
acervos
Categorias
contempladas
Educação
Infantil
(Etapa
Creche)
Dois acervos
com 25
obras cada,
num total de
50 obras.
Escolas de 1 a 40
alunos recebem 1
acervo.
Escolas com mais
de 40 alunos
recebem 2 acervos
diferentes.
Textos em verso (quadra, parlenda,
cantiga, trava-língua, poema).
Textos em prosa (clássicos da
literatura infantil, pequenas
histórias, textos de tradição
popular).
Livros com narrativa de palavras-
chave (livros que vinculem imagens
com palavras).
Livros de narrativas por imagens.
Educação
Infantil
(Etapa
Pré-
escola)
Dois acervos
com 25
obras cada,
num total de
50 obras.
Escolas de 1 a 40
alunos recebem 1
acervo.
Escolas com mais
de 40 alunos
recebem 2 acervos
diferentes.
Textos em verso (poema, quadra,
parlenda, cantiga, trava-língua,
adivinha).
Textos em prosa (clássicos da
literatura infantil, pequenas
histórias, teatro, textos da tradição
popular).
Livros de narrativas por imagens.
Anos
inicias do
Ensino
Funda-
mental
Quatro
acervos com
25 obras
cada, num
total de 100
obras.
Escolas de 1 a 50
alunos recebem 1
acervo.
Escolas de 51 a
150 alunos
recebem 2 acervos
diferentes.
Escolas de 151 a
300 alunos
Textos em verso (poema, quadra,
parlenda, cantiga, trava-língua,
adivinha).
Textos em prosa (pequenas
histórias, novela, conto, crônica,
teatro, clássicos da literatura
infantil).
Livros de imagens e livros de
histórias em quadrinhos (dentre os
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recebem 3 acervos
diferentes.
Escolas com mais
de 300 alunos
recebem 4 acervos
diferentes.
quais se incluem obras clássicas da
literatura universal, artisticamente
adaptadas ao público dos anos
iniciais do Ensino Fundamental).
Tabela 1. Formação dos acervos PNBE 2014 – etapas escolares e categorias contempladas;
quantidade e distribuição dos acervos.
Para a melhor visualização dos livros selecionados pelo Programa e para facilitar o
processo de pesquisa, criamos um sistema de tabelas com busca integrada no programa Excel.
Figura 1. Tabela de livros catalogados no Excel.
As categorias compreendidas nessa catalogação estão subdivididas em:
Título: que compreende o título da obra.
Texto ou Adaptação: que compreende o escritor e, no caso de uma obra
estrangeira, o tradutor.
Ilustrações: que compreende o ilustrador, muitas vezes esse sendo o próprio
escritor da obra também.
Categoria: previamente organizadas pelo PNBE, estão agrupados em livro com
narrativa de palavras–chave, livros de imagens e livros de história em
quadrinhos, livros de narrativa por imagens, texto em prosa e texto em verso.
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Número do Acervo: uma subcategoria destinada a esclarecer á qual acervo
pertencem as obras.
Acervo: estão incluídos nessa categoria crianças de 0-3 anos e de 4-5 anos que
compreendem educação infantil, anos iniciais do ensino fundamental e educação
de jovens e adultos.
Editora do PNBE: que define a editora que publicou o livro para o Programa.
Editora Comercial: que define a editora que publicou o livro para o comércio
varejista.
2. Categorizar os livros selecionados no que tange a sua evolução gráfica com base em
Linden (2011), Haslam (2007) e Lupton & Phillips (2008), a partir de uma
perspectiva específica do Design (levantamento quantitativo)
Após a catalogação dos livros selecionados, iniciamos o processo de análise de amostra
representativa de cada acervo por meio da organização de diversas fichas com informações
mais detalhadas e aprofundadas dos livros juntos com fotos. As categorias de análise são
conceitos teóricos desenvolvidos como parte integrante da pesquisa de doutorado desenvolvida
por Maíra Gonçalves Lacerda e orientada por Jackeline Lima Farbiarz no programa de pós-
graduação em Design da PUC-Rio. A ficha informativa é dividida em sete tipologias, e mesmo
com um estudo preciso pode adquirir um caráter subjetivo de difícil classificação.
A primeira tipologia é referente à classificação da materialidade e do conteúdo verbo-
visual nos livros para crianças e jovens, com categorias livremente adaptadas a partir das
delimitações apresentadas por Sophie Van der Linden para diferenciar os livros que contêm
imagens (LINDEN, 2011, p. 24-26). Ela apresenta uma classificação dos livros quanto á sua
materialidade e ao seu conteúdo verbo-visual e divide-se em nove categorias sendo estas:
Livro sem ilustração: obras compostas somente por texto.
Livros com vinhetas: obras que apresentam texto acompanhado de vinhetas
ilustradas.
Livro com ilustração: obras que apresentam o texto acompanhado de
ilustrações, sendo que o texto é espacialmente predominante e autônomo do
ponto de vista do sentido.
Livro ilustrado: obras em que a narrativa se faz de maneira articulada entre
texto e imagens.
Livro de imagem: narrativa totalmente visual, sem a presença de texto.
Historia em quadrinhos: articulação de imagens sequenciais organizadas em
disposição compartimentada.
Livro pop-up: acomodam em suas páginas sistemas de esconderijos, abas,
encaixes etc., permitindo mobilidade dos elementos, ou mesmo um
desdobramento em três dimensões.
Livro-brinquedo: objetos híbridos, situados entre o livro e o brinquedo.
Livros interativos: Suporte de atividades diversas, como pinturas, construções,
recortes, etc.
A tipologia 2 trata das possibilidades de diferencial gráfico nos livros para crianças e
jovens, com categorias organizadas a partir dos conceitos desenvolvidos por Haslam (2007,
p.30). A tipologia organiza seis categorias que especificam o trabalho que se sobressai no
projeto gráfico de um livro, dividindo-se em:
projeto gráfico diferenciado no suporte
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projeto gráfico com trabalho diferenciado na malha gráfica
projeto gráfico com trabalho tipográfico diferenciado
projeto gráfico com trabalho cromático diferenciado
projeto gráfico com trabalho diferenciado no acabamento
projeto gráfico sem nenhum trabalho diferenciado.
A tipologia 3 é baseada na listagem dos novos fundamentos do Design realizada por
Lupton e Phillips (2008) e identifica a presença desses fundamentos tanto no projeto gráfico
dos livros quanto nas ilustrações. É a maior de todas as tipologias sendo composta de 16 opções
as quais são:
Presença diferenciada dos elementos ponto, linha e plano.
Presença diferenciada dos elementos ritmo e equilíbrio.
Presença diferenciada do elemento escala.
Presença diferenciada do elemento textura.
Presença diferenciada do elemento cor.
Presença diferenciada dos elementos figura e fundo.
Presença diferenciada dos elementos enquadramento.
Presença diferenciada do elemento hierarquia.
Presença diferenciada do elemento camadas.
Presença diferenciada do elemento transparência.
Presença diferenciada do elemento modularidade.
Presença diferenciada do elemento grid.
Presença diferenciada do elemento padronagem.
Presença diferenciada do elemento diagrama.
Presença diferenciada dos elementos tempo e movimento.
Livro sem presença diferenciada de nenhum elemento.
A tipologia 4 apresenta as instancias de significação da obra a partir da organização feita
por Linden (2011, p.122-123). Ela divide-se em 5 categorias sendo elas:
Texto como instancia primária: o texto é lido primeiro e é o principal
veiculador da narrativa.
Imagem como instância primária: imagem é preponderante no âmbito espacial
e semântico deixando o texto em segundo plano.
Interação entre texto e imagem como instância primária: texto e imagem
possuem a mesma importância para dar um sentido á narrativa além de ocuparem
espaços semelhantes.
Texto como instancia única de significação: texto constrói a narrativa de
maneira independente.
Imagem como instancia única de significação: todo o sentido parte da
imagem.
A tipologia 5 apresenta a qualificação das imagens pertencentes aos livros para crianças
e jovens de acordo com seu status, também a partir da organização realizada por Linden (Ibid.,
p. 44-45). Essa tipografia não avalia livros sem ilustrações e é composta de três categorias sendo
elas:
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Imagens isoladas: imagens independentes que não interagem entre si no
decorrer do livro, apresentam-se separadas umas das outras, sem se avizinharem
no espaço da pagina dupla e não possuem conexão direta na construção da
narrativa.
Imagens sequenciais: imagens que pertencem a uma sequencia articulada,
unidades de um conjuntos que se encadeia icônica e semanticamente.
Imagens associadas: meio termo entre imagem isolada e a imagem sequencial,
não sendo nem totalmente independentes nem solitárias por completo.
Apresentam coerência interna e são ligadas por uma continuidade plástica ou
semântica.
A tipologia 6 trata da relação entre texto e imagem na construção da narração do livro,
dessa forma não avalia livros sem ilustração ou de imagem. As categorias são formadas a partir
do pensamento de Linden (Ibid., p. 120-121) e estão divididas em três categorias:
Relação de redundância entre texto e imagem: as duas linguagens se remetem
a mesma narrativa e não produzem nenhum sentido suplementar, podendo se
composta de sobreposição total ou parcial dos conteúdos.
Relação de colaboração entre texto e imagem: texto e imagem trabalham em
conjunto em vista de um sentido comum.
Relação de disjunção entre texto e imagem: texto e imagem não entram em
estrita contradição, mas não se detecta um ponto comum podendo vincular
historias ou narrações paralelas.
A tipologia 7 explora diferentes diagramações entre texto e imagem nos livros para
crianças e jovens. Também parte da organização de Linden (Ibid., p. 68-69) em quatro
categorias e não avalia livros sem ilustração ou livro de imagem.
Diagramação em dissociação de texto e imagem: texto e imagem encontram-
se em paginas separadas com alternância da leitura de ambos.
Diagramação em associação de texto e imagem: texto e imagem compartilham
a pagina que apresenta ao menos um enunciado verbal e um visual em seu
espaço.
Diagramação em compartimentação de texto e imagem: divide o espaço da
página em diversas imagens emolduradas.
Diagramação em conjunção de texto e imagem: não se pode separar texto e
imagem.
Como exemplo do processo, escolheu-se trabalhar com o livro Carvoeirinhos, de Roger
Mello, visto que a partir do mesmo é possível adquirir uma análise completa da categorização
que iremos estudar a partir de sua ficha. Ele serve de exemplo por conta de sua estrutura
diferenciada à qual trataremos a seguir com imagens e informações.
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Figura 2. Capa do livro Carvoeirinhos, de Roger Mello, publicado pela editora Companhia
das Letrinhas.
Na tipologia 1 ele se classifica como livro ilustrado, visto a diversificação balanceada
que podemos observar entre texto e imagem ao decorrer do livro. Há sempre uma ilustração
acompanhada do texto e por vezes elas aparecem sozinhas, por outro lado às vezes o texto
aparece em destaque na pagina, mas as imagens nunca são deixadas completamente de lado.
Na tipologia 2 o livro se encaixa na opção de projeto gráfico com trabalho diferenciado
no suporte, visto a encadernação e a capa dura. Além disso, seu diferencial gráfico comtempla
mais opções e ele possui um projeto gráfico com trabalho cromático diferenciado, por conta de
uma palheta de cores especifica que se destaca. O livro trabalha em tons cinzentos e escuros
lembrando carvão, mas dá espaço para cores variantes do laranja que gritam em certas paginas
chamando atenção para determinados pontos específicos ou personagens. Ainda está incluso
em uma terceira subcategoria de projeto gráfico com trabalho diferenciado no acabamento,
graças à página recortada que representa o fogo.
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Figura 3. Exemplo de trabalho diferenciado no acabamento do livro Carvoeirinhos (1).
Figura 4. Exemplo de trabalho diferenciado no acabamento do livro Carvoeirinhos (2).
Na tipologia 3 o livro se destaca com presença diferenciada no enquadramento, por
conta do foco de suas ilustrações muitas vezes pegando partes do corpo, objetos, personagens
á distancia, etc. Há também um diferencial na hierarquia, e podemos observar isso tanto no
projeto gráfico quanto na ilustração, visto a forma como as cores são trabalhadas de maneira a
sugerir mais importância e chamar mais atenção ao laranja no cenário cinzento ou preto. Por
fim, há o trabalho de camadas na ilustração, onde o livro aparenta ser feito por colagem de
diversos materiais sobrepondo uns aos outros.
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Figura 5. Exemplo de colagem e do trabalho de cor presente no livro Carvoeirinhos.
Na tipologia 4 o livro possui o texto como instancia primária, pois a narrativa segue a
história através da escrita. Na tipologia 5 o livro se encontra na categoria de imagens isoladas,
pois as imagens não possuem sentido como uma narrativa linear muitas vezes funcionando
sozinhas e encaixando-se na história com a ajuda do texto. Na tipologia 6 o livro se encaixa na
relação de redundância entre texto e imagem porque as imagens muitas vezes reproduzem a
narrativa do texto ao invés de complementa-lo com novas informações. Na tipologia 7, por sua
vez, há a diagramação em associação entre texto e imagem, pois a relação entre ambos caminha
balanceada até o final do livro. Às vezes o texto cede lugar á imagem ou ela aparece sozinha
completando a página, mas ambos criam um sentido no design do livro e na formação do projeto
gráfico do mesmo.
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Figura 6. Exemplo da relação entre imagem e texto presente no livro Carvoeirinhos
Figura 7. Exemplo de colagem e de associação entre texto e imagem
Além das categorias específicas, na ficha de análise há informações complementares
para a identificação do livro como título, acervo, formato, número de páginas, design gráfico
(que é quem trabalhou no design do livro), referencia bibliográfica e, ao final, o questionamento
de qual técnica e estilo da ilustração foi feito para a composição imagética. No caso do exemplo
apresentado do livro Carvoeirinhos este último é colagem.
Há diversas outras fotos dos livros classificados procurando mostrar não somente a
estrutura como a relação entre texto e imagem e as maiores características do que predomina
nesses determinados livros. Um aspecto importante é tirar a foto da contracapa do livro onde é
possível reunir as informações de sua publicação tais como editora, ano de publicação, artista,
autor, etc.
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Figura 8 e 9. Respectivamente capa do livro Asa de Papel, de Marcelo Xavier, publicado
pela editora Formato, e exemplo da arte do interior do livro
No livro Asa de Papel, de Marcelo Xavier, o que chama a atenção é o tipo de arte
escolhida para reproduzir a história que é contada, através de fotos de cenários e bonecos de
massa de modelar, o que aproxima o mesmo de seu público-alvo infantil.
Durante o processo de catalogação e categorização dos livros, descobrimos também que
alguns livros distribuídos pelo PNBE são diferentes de suas versões comerciais, dirigidas ao
mercado varejista e encontradas nas livrarias. Livros que possuem capa e páginas grossas, com
resistência e manejo apropriado para crianças, como Um Elefante se Balança de Mariana
Dubuc, acabaram por ser distribuídos em uma versão impressa em papel de gramatura mais
fina, que barateia o custo de produção. Para mostrar essa diferença, presente tanto nesse livro
como em Aperte Aqui, de Hervé Tullet, optamos pela utilização de mídias alternativas com a
produção de dois GIFs no Adobe After Effects.
Figura 10 e 11. Respectivamente capa dura do livro Um Elefante se Balança, de Mariana
Dubuc, publicado pela editora DCL, e exemplo do trabalho diferenciado no suporte a partir
de uma encadernação resistente.
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3. Organizar um panorama a respeito da “evolução gráfica” dos livros de literatura
voltados para crianças e jovens chancelados pelas políticas públicas, relacionando-o
ao desenvolvimento escolar do futuro leitor, tomando por base os Parâmetros
Curriculares Nacionais
A partir da categorização dos livros pelas tipologias apresentadas previamente – por meio do
preenchimento de fichas de análise, da sua organização pelas etapas escolares a que se destinam
e posterior condensação dos dados em números percentuais –, apresentamos, a seguir, alguns
dados descritivos dos acervos estudados por meio de método estatístico. A partir desses dados,
pretendemos alcançar resultados que nos permitam compreender os objetos-livro que estão
sendo produzidos pelo mercado editorial e oferecidos para crianças e jovens no Brasil.
Tipologia 1 – Classificação da materialidade e do conteúdo verbo-visual
Tipologia 2 – Presença de diferencial gráfico
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Tipologia 3 – Presença diferenciada dos elementos do design gráfico
No Design
Na ilustração
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Tipologia 4 – Classificação das instâncias de significação
Tipologia 5 – Status das ilustrações
Tipologia 6 – Relações entre texto e imagem nos aspectos narrativos
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Tipologia 7 – Classificação das diagramações para texto e imagem
Conclusões
Nesta pesquisa, entende-se o design de livros como mediador de leitura, ou seja, como
capaz de intermediar a relação entre texto literário e leitor, de estabelecer o intercâmbio entre
representações do real e as possibilidades instauradas pela leitura. No atual estágio do trabalho,
os livros da Educação Infantil e dos anos iniciais do Ensino Fundamental estão mapeados,
catalogados e categorizados, restando a catalogação dos livros disponibilizados para os anos
finais do Ensino Fundamental e do Ensino Médio, como subsídios para uma reflexão sobre a
evolução gráfica dos objetos-livro que acompanhe o desenvolvimento escolar do leitor, o que é
tema da tese de doutorado em desenvolvimento de Maíra Gonçalves Lacerda, sob a orientação
da profa. Jackeline Lima Farbiarz. Todavia, a visão parcial do material analisado dá conta da
inexistência de critérios vinculados a perspectiva de uma formação visual do leitor.
A partir da análise quantitativa e da catalogação do acervo abrimos espaço para um
estudo mais aprofundado da progressão e do desenvolvimento gráfico que entra em contato
com os jovens leitores de escolas publicas. A participação do design entra em uma análise
qualitativa apresentando aspectos para observação e críticas a respeito do seu posicionamento
em relação á leitura. Dessa forma podemos analisar até que ponto o design está sendo usado e
aplicado nos livros dispostos para a educação de crianças e jovens e acentuar a importância do
mesmo no papel da formação visual do jovem leitor.
Referências
1 - FARBIARZ, Jackeline Lima. Design na leitura: um dos percursos do Núcleo de Estudos
do Design do Livro da PUC-Rio. [2006] Disponível em: http://www.dad.puc-
rio.br/nel/artigos/06-farbiarz-livro.pdf. Acesso em: 09 agosto 2010.
2 - HASLAM, Andrew. O livro e o designer II: Como criar e produzir livros. Tradução Juliana
A. Saad e Sérgio Rossi Filho. São Paulo: Edições Rosari, 2007.
3 - LACERDA, Maíra Gonçalves; FARBIARZ, Jackeline Lima; OLIVEIRA, Izabel Maria de.
Design na leitura: uma possibilidade de mediação entre o jovem e a leitura literária. Rio de
Janeiro, 2013. Dissertação (Mestrado em Design) – Pontifícia Universidade Católica do Rio de
Janeiro.