A contação de histórias como instrumento na socialização infantil

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  • 7/25/2019 A contao de histrias como instrumento na socializao infantil

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    UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

    FACULDADE DE EDUCAO (FACED)

    CURSO DE GRADUAO EM PEDAGOGIA LICENCIATURA

    ROSANA MARIA DOS SANTOS

    A CONTAO DE HISTRIAS COMO INSTRUMENTO DE

    SOCIALIZAO NA EDUCAO INFANTIL

    Trs Cachoeiras2011

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    ROSANA MARIA DOS SANTOS

    A CONTAO DE HISTRIAS COMO INSTRUMENTO DE

    SOCIALIZAO NA EDUCAO INFANTIL

    Trabalho de Concluso de Curso de graduao

    apresentado a comisso de graduao do Curso de

    Pedagogia Licenciatura, da Faculdade de Educao

    da Universidade Federal do Rio Grande do Sul como

    requisito parcial e obrigatrio para a obteno do ttulo

    de Licenciada em Pedagogia.

    Orientadora: Clevi Elena Rapkiewicz, DSc.Tutora: Analissa Scherer

    Trs Cachoeiras

    2011

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    UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SULReitor:Prof. Carlos Alexandre NettoVice-Reitor:Prof. Rui Vicente OppermannPr-Reitoria de Graduao:Pr-Reitora Valquria Linck BassaniDiretor da Faculdade de Educao:Prof.Johannes DollCoordenadoras do Curso de Graduao em Pedagogia Licenciatura namodalidade a distncia/PEAD: Profas. Rosane Aragn de Nevado e Marie Jane

    Soares Carvalho

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    AGRADECIMENTOS

    Agradeo a Deus, por me fazer perseverante e me firmar, fortificar e

    fundamentar.

    Aos meus filhos, pelo amor incondicional e compreenso constantes.

    Obrigada por serem generosos ao compreender e desculpar minhas ausncias.

    A minha famlia, por ser meu porto seguro e no permitir minhaabnegao nos momentos de desespero e desalento.

    Aos meus amigos, pela crena e o incentivo depositados em mim,

    que me fizeram crer que era possvel transcender a este momento.

    Meu reconhecimento a orientadora Clevi, pelo comprometimento,

    pela sabedoria e incomparvel habilidade para conseguir o melhor de mim.

    Minha considerao a tutora Analissa, pelas valiosas orientaes e

    encorajamento.

    Aos professores, tutores de plo e tutores de sede, coordenadores,

    pelos conhecimentos compartilhados, aos secretrios da UFRGS e do Plo de Trs

    Cachoeiras, pela pacincia, incentivo e dedicao dispensados em todos os

    momentos.

    A Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em especial, a coordenadora

    do curso de graduao, Rosane Aragn de Nevado, pelo apoio institucional e pelas

    oportunidades oferecidas para que a concretizao deste curso fosse possvel.

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    Existem momentos na vida onde a

    questo de saber se se pode pensar

    diferentemente do que se pensa, e perceber

    diferentemente do que se v, indispensvel

    para continuar a olhar ou a refletir.

    Michel Foucault

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    RESUMO

    O presente trabalho se constitui em um estudo da socializao da criana da

    educao infantil. O processo de socializao inicia-se desde o nascimento da

    criana e continua por toda sua vida, de forma que durante o crescimento so

    adquiridos posturas, hbitos e comportamentos necessrios para a convivncia em

    grupo. Na inteno de constituir um ser social, as histrias da literatura infantil,

    atravs da contao de histrias, estimulam o desenvolvimento intelectual

    promovendo ideais e atitudes positivas que contemplam a formao de posturas ehabilidades que contribuem para a formao pessoal e social. Neste contexto o

    presente trabalho se constitui em um estudo de caso que tem como foco central a

    contao de histrias como instrumento de socializao no contexto da educao

    infantil. O objetivo que se prope o presente trabalho, atravs da explorao desta

    prtica, refletir e analisar a importncia da contao de histrias e sua relao com a

    socializao na criana de 05 anos na educao infantil. O estudo apoiou-se na

    realizao da prtica pedaggica do estgio, desenvolvida com uma turma de pr-escolar, constituda de onze alunos, com crianas entre cinco e seis anos de idade,

    de uma escola de Educao Infantil da rede municipal de ensino na cidade de Terra

    de Areia-RS. A anlise feita diz respeito a diferentes aspectos de socializao

    observados durante as atividades de contao de histrias e delas derivados

    durante o estgio docente. Pode-se perceber que a contao de histrias

    instrumento de grande valia no processo de socializao, interferindo principalmente

    nos seguintes aspectos: individualismo, segregao, respeito s diferenas,solidariedade e considerao pelo outro.

    Palavras-chave: Contao de histrias, Educao Infantil, Socializao

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    SUMRIO

    LISTA DE SIGLAS ..................................................................................................... 8

    LISTA DE FIGURAS .................................................................................................. 9

    INTRODUO ......................................................................................................... 10

    2. CONSTRUO DO OBJETO DE PESQUISA ..................................................... 122.1. Justificativa e motivao .................................................................................... 122.2. Caracterizao do problema ............................................................................. 132.3. Questes, hiptese e objetivos da pesquisa .................................................... 152.4. Metodologia ....................................................................................................... 16

    3. FUNDAMENTAO TERICA ............................................................................ 183.1 SOCIALIZAO ................................................................................................. 183.1.1 O que ............................................................................................................ 183.1.2. Estdio do desenvolvimento cognitivo ........................................................... 203.1.3. Onde acontece ............................................................................................... 223.1.4. O que dizem a LDB e o RCNEI?..................................................................... 233.2. CONTAO DE HISTRIAS ............................................................................ 253.2.1. Contar histrias, mas quais? .......................................................................... 253.2.2. Como contar histrias ..................................................................................... 273.2.3. Por que contar histrias .................................................................................. 28

    4. RESULTADOS ..................................................................................................... 314.1. A socializao da criana de 05 anos e a contao de histrias ...................... 334.2. A contao de histrias no desenvolvimento cognitivo e afetivo da criana de 05anos.......................................................................................................................... 40

    5. CONSIDERAES FINAIS ................................................................................ 43

    REFERNCIAS........................................................................................................ 47

    APNDICE A Histrias utilizadas .......................................................................... 49

    APNDICE B Termo de Consentimento ............................................................... 50

    ANEXOS ................................................................................................................... 51

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    LISTA DE SIGLAS

    - RCNEI - Referencial Curricular Nacional para a Educao Infantil

    - LDB: Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional

    - CD: Compact disc, em portugus, Disco Compacto

    - DVD: Digital Versatile Disc, em portugus, Disco Digital Verstil

    - EMEI: Escola Municipal de Educao Infantil

    - FACED: Faculdade de Educao- PEAD: Pedagogia Distncia

    - UFRGS: Universidade Federal do Rio Grande do Sul

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    LISTA DE FIGURAS

    Figura 1 - Contando a histria para os colegas ........................................................ 32

    Figura 2 - Brincadeiras na casinha ........................................................................... 33

    Figura 3 - Brincando na casinha O casamento da Dona Baratinha ...................... 33

    Figura 4 - Relatos dirios- incio .............................................................................. 34

    Figura 5 - Relatos realizados em detalhes ............................................................... 35

    Figura 6 - O material ................................................................................................. 35

    Figura 7 Seleo no brinquedo ............................................................................. 36

    Figura 8 - Colaborao entre colegas ...................................................................... 36

    Figura 9 - Brincadeira livre coletividade ................................................................ 37

    Figura 10 - Confeccionando palitoches .................................................................... 38

    Figura 11 - Interpretando os personagens da histria ............................................. 39

    Figura 12 Imitando gente grande .......................................................................... 40

    Figura 13 Imagem e semelhana ......................................................................... 41

    Figura 14 - Auto-retrato ............................................................................................ 41

    Figura 15 - Apresentao de teatro na formatura .................................................... 42

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    1. INTRODUO

    A contao de histrias se faz desde o incio dos tempos.

    Que pessoa, em toda sua trajetria de vida no foi encantada pelas histrias,

    sejam elas, as que ilustram a trajetria de um povo, marcos histricos, as cientficas

    ou as histrias infantis, que nos do a oportunidade de voar nas asas da imaginao

    e nesse mundo imaginrio, se abrem as portas para um mundo maravilhoso.

    Segundo Dohme (2000, pag.5) as histrias so um Abra-te ssamo para o

    imaginrio, onde a realidade e a fantasia se sobrepem. Com a abertura destas

    portas, so disponibilizadas inmeras oportunidades para o desenvolvimentocognitivo e afetivo, da oralidade e da escrita, bem como favorece o desenvolvimento

    pessoal e social dos alunos da educao infantil.

    Atravs da contao de histrias infantis e dos contos de fadas, temos a

    oportunidade de representar papis e cenas do cotidiano, tomando posies e

    solucionando problemas de forma livre, sem a interveno das presses da

    realidade, podendo experimentar outras formas de ser e pensar (BRASIL, 1998).

    Isso possibilita a criana inventar seu prprio mundo, descobrindo respostas asnecessidades infantis, sendo utilizadas de forma fantasiosa revelando situaes que

    levam liberar a imaginao, ao pensamento e ao desenvolvimento pessoal,

    reconhecendo suas emoes, possibilitando novas vivncias relevantes para o

    processo de socializao (BRASIL, 1998).

    Conforme minhas observaes realizadas durante o estgio docente,

    surgiram algumas questes em relao ao uso da contao de histrias no

    desenvolvimento do ensino aprendizagem, explorando a utilizao desta prtica esua contribuio no desenvolvimento pessoal e social da criana de 05 anos na

    educao infantil.

    Este trabalho teve como metodologia o estudo de caso, onde foi realizada

    uma pesquisa qualitativa realizada durante o perodo de estgio docente

    supervisionado, tendo como foco a socializao da criana de 05 anos onde a

    contao de histrias foi utilizado como instrumento.

    Este Trabalho de Concluso de Curso constitudo de cinco partes,

    compostos pela introduo e quatro captulos, que procuram ilustrar ao leitor

    traando de forma geral a escolha do tema deste trabalho, bem como o referencial

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    terico, as evidncias analisadas e as consideraes finais sobre o uso da contao

    de histria como instrumento socializador.

    Para melhor entendimento, segue um breve relato do contedo disposto em

    cada captulo.

    O captulo dois trata da construo do objeto de pesquisa. Neste captulo so

    apresentadas ao leitor as justificativas e as motivaes da escolha do tema, onde

    descrita minha trajetria pessoal e profissional, em como adquiri o gosto pela leitura,

    aps apresenta a caracterizao do problema. Em seguida, apresenta questes,

    hipteses e objetivo do estudo de caso, apresenta a questo norteadora e a partir

    desta questo, estabeleceram-se questes especficas, hiptese, objetivos

    especficos bem como a metodologia usada no desenvolvimento da pesquisa.O captulo trs, dividido em duas partes, traz o referencial terico a partir de

    autores que falam sobre socializao e contao de histrias. Discorro, na primeira

    parte deste captulo sobre o que socializao, o estdio do desenvolvimento

    cognitivo, onde acontece a socializao, tendo como instncias de socializao

    primrias a famlia e a escola. Na segunda parte deste captulo, traz um apanhado

    geral sobre a contao de histrias da literatura infantil, focalizando a importncia de

    como ler e contar histrias para criana na educao infantil, e finalizando o captulo,por que contar histrias.

    O captulo quatro traz a anlise dos resultados obtidos pelo estudo de caso, o

    qual foi desenvolvido com crianas de 05 a 06 anos da Escola Municipal de

    Educao Infantil Madre Teresa, localizada no municpio de Terra de Areia-RS,

    sendo a maioria dos alunos desta turma de nvel scio-econmico mdio-baixo.

    Essa anlise diz respeito a diferentes aspectos de socializao observados durante

    as atividades de contao de histrias e delas derivados durante o estgio docente.E por fim, o captulo cinco contm as consideraes finais a respeito das

    evidncias do favorecimento da socializao na educao infantil tendo sido

    utilizado como instrumento a contao de histrias.

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    2. CONSTRUO DO OBJETO DE PESQUISA

    Este captulo apresenta ao leitor as motivaes que levaram a escolha do

    tema do presente estudo de caso. Alm disso, este captulo tambm apresenta a

    caracterizao do problema abordado, questes de pesquisa, hipteses, o objetivo

    da pesquisa, bem como a metodologia usada.

    2.1. Justificativa e motivao

    Ao fazer uma retrospectiva e recordar de minha infncia, no consigo lembrar

    como foi que adquiri o hbito pela leitura e saber interpretar a mensagem ou o

    objetivo que cada histria possui. Gosto muito de ler, no importando o gnero.

    Durante o perodo em que estava na primeira srie, assim como no decurso

    das outras sries, uma vez por semana, ramos levados para a biblioteca onde

    estavam previamente separados, em quatro mesas distintas, 1, 2, 3 e 4 sries, oslivros. Sendo que ramos avisados categoricamente que no poderamos mexer nos

    livros das outras mesas e fazer absoluto silncio enquanto permanecssemos ali.

    Lembro que todos os alunos tinham medo da bibliotecria.

    No tenho lembrana deste tempo, se algum dos professores que tive,

    tenham contado ou interpretado alguma histria infantil, muitas vezes no se sabia a

    razo e para que se estava lendo alguma coisa para depois escrev-la. Parecia que

    era somente uma dinmica para passar o tempo. No conseguia compreender asmensagens que tinham por trs de cada histria e nem que poderiam me ajudar a

    perceber a realidade e tambm lidar com os meus medos. Na poca, no tinha

    qualquer informao e conhecimento do que abrangia essas histrias, nem como

    poderia fazer um bom uso delas.

    Quando estava cursando o magistrio, a razo de estar neste curso, segundo

    os professores, era que estvamos sendo preparados para ensinar, transmitir

    conhecimentos e que seria dada uma frmula mgica para que isso acontecesse.

    Durante trs anos, exerci o magistrio com alunos em uma classe multisseriada

    composta por alunos de 1, 3 e 4 sries. No consegui ter a satisfao de

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    desenvolver na prtica o que me foi ensinado, de maneira que em 1989, me

    desliguei da rea da educao com uma enorme frustrao. No conseguia

    identificar onde estava a falha.

    No decorrer do curso de Pedagogia do PEAD, apareceu uma necessidade de

    exorcizar alguns fantasmas em relao s questes literrias. Para que isso fosse

    possvel, necessitava vivenciar atividades diferentes daquelas que tive no incio de

    minha vida escolar.

    As motivaes que me fizeram escolher este tema, atravs da interdisciplina

    de Literatura Infanto-Juvenil e Aprendizagem, so as reflexes sobre a importncia

    da socializao da criana de 05 anos na educao infantil, o desenvolvimento

    pessoal e do gosto pela leitura1, que pode ser desenvolvido utilizando a contao dehistrias. Quem ouve histrias desenvolve capacidades como o entendimento e

    compreenso, tornando-se um leitor crtico e formador de opinio.

    Da mesma forma, o uso da contao de histrias so respostas as

    necessidades infantis, sendo utilizado de forma fantasiosa revelando situaes que

    levam a criana liberar sua imaginao, o pensamento.

    Da mesma forma, os estudos oportunizaram uma reflexo sobre minha

    formao, como indivduo que parte integrante de uma sociedade e devo estarcomprometida com ela.

    2.2. Caracterizao do problema

    O problema pesquisado partiu da observao de uma turma de educao infantil naqual constatei o individualismo, a segregao, a falta de considerao e

    solidariedade pelo outro e o no respeito diferena. No na turma como um todo,

    mas havia manifestaes isoladas que mostravam dificuldades de socializao.

    Neste contexto, pensei na contao de histrias como instrumento de

    socializao.

    Neste sentido, os estudos apontaram que as histrias so transformadas de

    maneira que a criana consiga perceber seu objetivo, estando colocadas objetiva ou

    1Na Educao Infantil, Ler manusear os livros, observando as imagens e figuras dos livros

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    subjetivamente, abordando temas que falam de sentimentos e acontecimentos

    presentes em situaes cotidianas, as quais em algum momento so vivenciadas,

    alguns mais intensamente, outros nem tanto. Da mesma forma, as situaes

    apresentadas pelas histrias infantis oportunizam a criana a identificar os

    acontecimentos, reconhecendo e comparando situaes, sentimentos e atitudes

    fazendo relao com suas vivncias, proporcionando uma compreenso de si

    prprio e do ambiente a sua volta.

    Neste contexto, o problema abordado neste trabalho est relacionado com a

    socializao na educao infantil e com as possveis intervenes que podem ser

    feitas a respeito atravs da contao de histrias.

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    2.3. Questes, Hiptese e Objetivos da Pesquisa

    O tema deste trabalho de concluso de curso a contao de histria e sua

    relao com a socializao da criana de 05 anos na educao infantil.

    Assim, considerando o contexto apresentado, foi estabelecida a seguinte

    questo de pesquisa:

    Qual a influncia da contao de histrias na socializao de crianas

    de 05 anos na educao infantil?

    A partir dessa questo, identificam-se as seguintes questes especficas:

    A contao de histrias pode favorecer a mudana de atitudes de

    alunos de 05 anos em sala de aula?

    A contao de histrias facilita ao aluno falar de si mesmo?

    Neste sentido, a pretenso deste trabalho verificar e refletir as prticas

    pedaggicas desenvolvidas durante o estgio docente supervisionado, tendo sido

    utilizados como recurso diferentes tipos de mdias para a contao de histrias

    associadas s atividades pedaggicas das diferentes reas de conhecimentos,

    analisando qual a influncia desta prtica no desenvolvimento pessoal e social na

    criana de 05 anos frente s inmeras situaes vividas no cotidiano infantil.

    Nesse contexto, parte-se da hiptese que:

    A contao de histrias favorece a socializao, contribuindo para o

    desenvolvimento pessoal e social da criana na educao infantil.

    Portanto, este trabalho tem como objetivo geral verificar, analisar e refletir

    sobre a utilizao da contao de histrias como instrumento de socializao,

    explorando a utilizao desta prtica e sua contribuio no desenvolvimento pessoal

    e social da criana na educao infantil.

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    Decorrentes desse objetivo geral propem-se os seguintes objetivos

    especficos:

    Verificar se houve mudanas de atitudes em sala de aula dos alunos

    da turma analisada;

    Verificar se as prticas utilizadas promoveram a comunicao pessoal

    dos alunos.

    2.4. Metodologia

    A metodologia utilizada neste trabalho de concluso de curso o Estudo de

    Caso, baseado em uma investigao qualitativa, realizada durante o perodo de

    estgio docente supervisionado tendo como foco a contao de histria como

    instrumento socializador.

    Entre os mtodos utilizados em pesquisas, Yin (2001) afirma que,

    o estudo de caso uma inquirio emprica que investiga um fenmenocontemporneo dentro de um contexto da vida real, quando a fronteira entreo fenmeno e o contexto no claramente evidente e onde mltiplas fontesde evidncia so utilizadas. (YIN, 2001,pag. 35)

    O estudo de caso escolhido tem por objetivo analisar e compreender de que

    forma o uso da contao de histrias no contexto escolar, influenciam na formao

    pessoal e na socializao dos alunos da educao infantil.

    De acordo com Gil (1995, p. 58), so definidas quatro fases que esto

    relacionadas ao estudo de caso:

    Delimitao da unidade-caso;

    Coleta de dados;

    Seleo, anlise e interpretao dos dados;

    Elaborao do relatrio.

    A vantagem do estudo de caso possibilita ao investigador fazer estudosexploratrios de determinada unidade, neste caso numa turma de Pr-Escolar, em

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    razo de uma situao especifica, tentando identificar os resultados, mas limitando-

    se as dificuldades de generalizao desses resultados (Gil, 1995), uma vez que ele

    no pode interferir e induzir ao resultado desejado.

    As concluses deste trabalho no podem ser generalizadas.

    O presente estudo de caso foi desenvolvido com a turma do Pr-II, constituda

    de 11 alunos, sendo seis meninas e cinco meninos, entre setembro e novembro de

    2010, com crianas de 05 a 06 anos de idade na Escola Municipal de Educao

    Infantil Madre Teresa, localizada no bairro Centro, municpio de Terra de Areia-RS,

    sendo a maioria dos alunos desta turma de nvel scio-econmico mdio-baixo.

    A escola, mais conhecida como creche Madre Teresa, foi fundada em 1974,

    tendo passado por vrias dificuldades e mudanas de locais de suas instalaes atmeados de 1983.

    Atualmente, a E. M. E. I. Madre Teresa, tem 120 crianas matriculadas,

    distribudas em dois turnos. O horrio de funcionamento da escola das 7 horas s

    19 horas, de segunda a sexta-feira. O nmero de funcionrios efetivos que fazem o

    atendimento na escola so 36 pessoas, entre profissionais nomeados, contratados

    emergencialmente e estagirios conveniados, distribudos entre os cargos de

    direo, professores, atendentes, serventes/merendeiras, auxiliar de servios geraise estagirios.

    Ao desenvolver meu projeto de estgio, fiz uso de mdias como livros

    ilustrados de histrias infantis, revistas, jornais, utilizando como recurso audiovisual

    equipamentos eletro-eletrnicos como reprodutor de DVD e CD, aparelho de som e

    CD player, projetor multimdia e de informtica como notebook.

    Visando explicitar quais foram os pressupostos que orientou este trabalho, o

    prximo captulo apresenta a fundamentao terica.

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    3. FUNDAMENTAO TERICA

    Este captulo est dividido em duas partes: uma traz o referencial terico a

    partir de autores que falam sobre socializao, tendo como instncias de

    socializao primrias a famlia e a escola. A segunda parte deste captulo faz um

    apanhado geral sobre a contao de histrias da literatura infantil, focalizando a

    importncia de ler e contar histrias para criana na educao infantil, de acordo

    com os escritos dos autores sobre estes temas.

    3.1. SOCIALIZAO

    3.1.1. O QUE

    Segundo o dicionrio do Pensamento Social do Sculo XX socializao :

    Os processos pelos quais os seres humanos so induzidos a adotar ospadres de comportamento, normas, regras e valores do seu mundo socialso denominados socializao. Comeam na infncia e prosseguem aolongo da vida. A socializao um processo de aprendizagem que seapia, em parte, no ensino explicito e, tambm em parte, na aprendizagemlatente ou seja, na absoro inadvertida de formas consideradasevidentes de relacionamentos com os outros. (OUTHWAITE,1996, pag.710)

    Partindo deste contexto, o processo de socializao, inicia-se desde onascimento da criana, estando presente nas relaes entre pais e filhos que

    suprem as necessidades da criana. Durante o crescimento, os pais transmitem a

    criana valores familiares, comportamentos e atitudes, costumes, crenas, entre

    outros princpios que julgarem corretos.

    [...] Depois da famlia, as principais agncias socializantes nas sociedadesocidentais so: a escola e os grupos dos pares, o ingresso na vidaeconmica, a exposio aos veculos de comunicao de massa, oestabelecimento de uma famlia e o casamento, a participao na vidacomunitria organizada e, finalmente, as condies de aposentadoria.(OUTHWAITE,1996, pag. 712)

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    Ento, de acordo com o texto, pode-se dizer que a escola uma das

    principais fontes de socializao para criana.

    A socializao um processo interativo, necessrio para odesenvolvimento, atravs do qual a criana satisfaz suas necessidades eassimila a cultura ao mesmo tempo que, reciprocamente, a sociedade seperpetua e desenvolve. Este processo inicia-se com o nascimento e,embora sujeito a mudanas, permanece ao longo de todo o ciclo vital.(BORSA, 2007, p. 1)

    Sendo a escola uma das fontes de socializao, nela a criana conhecer e

    conviver com outras crianas desenvolvendo relaes de afetividade, conviver

    com outros adultos que no seus familiares, adaptando-se as regras da escola,

    como horrio de chegada, a formao da fila, ao uso de uniformes, enfim, o que

    pode ou o que no pode fazer dentro deste ambiente.

    A criana, como todo ser humano, um sujeito social e histrico e faz partede uma organizao familiar que est inserida em uma sociedade, com umadeterminada cultura, em um determinado momento histrico. profundamente marcada pelo meio social em que se desenvolve, mastambm o marca. (BRASIL, 1998, Vol. 1, p. 21).

    Normalmente, o tempo que a criana fica em casa at chegar o perodoescolar est habituado com as regras e o comportamento familiar.

    A escola ser determinante para o desenvolvimento cognitivo e socialinfantil, [...] na escola se constri parte da identidade de ser e pertencerao mundo, nela adquirem-se os modelos de aprendizagem, a aquisio deprincpios ticos e morais que permeiam a sociedade [...] (BORSA, 2007,p.2)

    De acordo com a autora, na escola, a criana ir conviver e se adaptar a

    novos costumes, atitudes e ir construir um conjunto de princpios ticos e morais,

    como solidariedade, respeito e considerao pelo outro, bem como assumir

    responsabilidades consigo, com a escola e com a sociedade.

    [...] preciso lembrar que criar cidados ticos uma responsabilidade detoda a sociedade e suas instituies. A famlia, por exemplo, desempenhauma funo muito importante at o fim da adolescncia, enquanto temalgum poder sobre os filhos. A escola tambm, na medida em queapresenta experincias de convvio diferentes das que existem no ambientefamiliar (LA TAILLE, 2008)

  • 7/25/2019 A contao de histrias como instrumento na socializao infantil

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    No ambiente escolar o comportamento revela-se nas mais diferentes

    ocasies, ou seja, de acordo com Outhwaite (1996), um dos efeitos disso a atitude

    de segregao entre as crianas, pois isolam uns aos outros, sendo necessrias

    orientao e instruo aos alunos na maneira de conviver uns com os outros,

    orientando e facilitando o caminho para o conhecimento, estabelecendo para isso,

    uma relao de amizade, de cooperao e respeito mtuos.

    Este trabalho pode ser facilitado atravs da postura do professor frente

    classe: atitudes como estabelecer critrios de comportamento a ser seguido pela

    turma, conscientizar os alunos sobre a importncia e a necessidade de conviverem

    uns com os outros e a respeitarem pontos de vista contrrio.

    Os contedos e atividades propostas devem visar construo doconhecimento e das potencialidades dos educandos, como a criatividade, a

    observao, a logicidade, a anlise, a interpretao, a alteridade e a vontade de

    participao social, pela interao entre os indivduos no desenvolvimento de sua

    formao pessoal e sua autonomia, para que o conhecimento se reflita em uma

    cidadania participativa.

    3.1.2. Estdio do Desenvolvimento Cognitivo

    Segundo Piaget (2005), existe quatro estdios de desenvolvimento cognitivo:

    sensrio-motor, pr-operatrio, operatrio-concreto e operatrio formal, onde a

    ordem em que ocorrem esses estdios constante.

    De acordo com o autor, a inteligncia o resultado de uma capacidadeinerente ao ser humano de se adaptar a novas situaes e realidades.

    Neste caso, darei um destaque especial na descrio do estgio pr-

    operatrio, pois o estudo de caso foi realizado com crianas de 05 e 06 anos desta

    fase as quais se direciona o presente trabalho.

  • 7/25/2019 A contao de histrias como instrumento na socializao infantil

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    Estdio Pr-Operatrio2 7 anos

    Devido existncia de representaes simblicas, este estdio marca o incio

    do pensamento. A criana pode representar as aes e objetos atravs de smbolos.

    No necessita de agir imediatamente. Ela exerce a funo simblica ao falar, ao

    brincar ao faz de conta, ao desenhar.

    Este estdio coincide com o comeo da aquisio da linguagem,

    possibilitando na criana a realizao de aes mentais, reconstruindo suas

    experincias passadas e conduzindo a socializao de suas aes (PIAGET, 2005).Nesta etapa abre-se um novo mundo para a criana em que os smbolos de

    que dispe (palavras) se apresentam como substitutos dos objetos e das situaes.

    Estes passam, portanto, a ser representados.

    Neste estdio, ao nvel do pensamento, a criana extremamente

    egocntrica. Pensa que o mundo foi criado para ela. Ela ainda no capaz de

    compreender o ponto de vista dos outros. A criana fica centrada no seu ponto de

    vista.

    Nesta fase, mesmo quando brinca em conjunto com outras crianas, verifica-

    se que cada uma fala para si sem se interessar pelas respostas dos outros

    (PIAGET, 2005). A percepo de conscincia das aes parcial nesta fase.

    A criana desta fase, por ser egocntrica, seu comportamento e no

    relacionamento com outras crianas, ela se torna individualista. Esse individualismo

    leva a criana em seu dia a dia, a tomar atitudes pensando e agindo de forma

    inconsciente. Nesse estdio, a criana ainda no possui maturidade cognitiva para

    se colocar no lugar do outro.

    Desse individualismo, originam-se outras atitudes que podem ser observadas

    como a falta de solidariedade e considerao pelo outro, a segregao e o

    desrespeito as diferenas. Esse comportamento resultado de sistemas de

    representao criados socialmente em diferentes instncias, onde a criana acaba

    por reproduzir atitudes em suas relaes entendendo-a como normal.

    3.1.3. Onde acontece

  • 7/25/2019 A contao de histrias como instrumento na socializao infantil

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    Conforme destacado na seo 3.1, o processo de socializao ocorre atravs

    das relaes que ocorrem em diferentes instncias.

    A famlia a primeira instncia de socializao da criana. Desde o

    nascimento e durante o seu crescimento at chegar vida adulta, na maioria das

    vezes, a criana mora com a famlia.

    A famlia o alicerce do desenvolvimento do sujeito. Cabe a ela aincumbncia de socializao dos seus filhos. por meio desserelacionamento, que a criana congrega modelos de interaes que iroguiar suas aes de convivncia por toda a sua existncia. Sua forma de

    afeto, de compartilhar, de se relacionar, seus valores, assim sendo, seumodo de agir como ser humano, ser resultado da experincia relacional deseu intercmbio familiar. (HANZE, 2011)

    Independente da composio familiar, a criana possui pessoas que so

    responsveis e se preocupam com seu bem-estar e seu futuro, as quais cabem o

    dever de encaminh-lo para a escola.

    Existem famlias compostas tradicionalmente, outras diferentes, que so

    formadas por pais separados, crianas que moram com avs, ou com tios, ou

    constitudo somente por um dos pares, principalmente pela mulher, enfim, o que

    importa so os laos afetivos que unem essas famlias.

    Dentre muitos questionamentos que fazemos durante nossa existncia, uma

    delas, que a maioria das pessoas j se fez o porqu e para que ir para a escola.

    Algumas respostas so que se vai para a escola para aprender tudo o que

    necessrio. Respostas comuns, como preciso aprender para ter um emprego bem

    remunerado e um futuro tranquilo sem muitas preocupaes. Outras que para ser

    algum na vida necessrio o estudo, ou ento, que existe uma lei que diz que os

    pais so obrigados a mandarem seus filhos para a escola, essa resposta, algumas

    vezes utilizada.

    Na escola, a criana ir perceber as diferenas das relaes e o

    comportamento das outras crianas com o seu prprio, bem como o dos professores

    e da comunidade escolar, ir conviver com outras pessoas alm dos seus familiares

    e todos os tipos de situaes durante sua permanncia no ambiente escolar.

    Comeando pelas diferenas de temperamento, de habilidades e deconhecimentos, at as diferenas de gnero, de etnia e de credo religioso, o

  • 7/25/2019 A contao de histrias como instrumento na socializao infantil

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    respeito a essa diversidade deve permear as relaes cotidianas. (BRASIL,1998, Vol. 2, pg. 41)

    Em sua permanncia na escola, a criana ir perceber que algumas pessoas

    vivem, pensam e se comportam de forma diferente a que ela est acostumada e,

    principalmente ao encerrar esta fase, ter que se adequar a regras e valores ao qual

    o mundo dos adultos regido.

    Neste contexto, o que diz a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) e o Referencial

    Curricular Nacional da Educao Infantil sobre socializao?

    o que veremos na prxima seo.

    3.1.4. O QUE DIZEM A LDB E O RCNEI?

    De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional (BRASIL,

    1996) estabeleceu-se que:

    Art. 1 - A educao abrange os processos formativos que se desenvolvemna vida familiar, na convivncia humana, no trabalho, nas instituies deensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizaes da sociedadecivil e nas manifestaes culturais. (BRASIL, 1996, pg. 7) [grifo meu]

    Na instncia familiar, a criana inicia seu processo de socializao,

    apropriando-se das regras e valores que a circulam. com base nesse aprendizado

    que ela adquire os primeiros princpios que regulam a convivncia humana. Esse

    processo tem continuidade na escola, por meio da educao formal:

    Art. 22 - A educao bsica tem por finalidades desenvolver o educando,assegurar-lhe a formao comum indispensvel para o exerccio dacidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudosposteriores. (BRASIL, 1996, pg. 20) [grifo meu]

    Na escola, alm do compromisso para com a construo do conhecimento,

    encontra-se a tarefa de contribuir para que os alunos se desenvolvam enquanto

    sujeitos capazes de trabalhar em grupos, de aceitar as idias e opinies do outro,

    pois o exerccio da cidadania compreende, alm do conhecimento cientfico, acapacidade do sujeito de conviver harmoniosamente em sociedade.

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    Esse objetivo est presente na escola desde os primeiros anos, na educao

    infantil, conforme podemos observar no Art. 29 da LDB:

    Art. 29- A educao infantil, primeira etapa da educao bsica, tem comofinalidade o desenvolvimento integral da criana at seis anos de idade, emseus aspectos fsico, psicolgico, intelectual e social, complementando aao da famlia e da comunidade. (BRASIL, 1996, pg. 25-26) [grifo meu]

    O aluno, portanto, concebido como um sujeito dotado de diferentes

    dimenses: fsica, psquica, intelectual e social.

    Fica evidente, nos destaques feitos (grifos), que h uma juno entre as

    instncias: famlia, escola e comunidade e que cada uma possui suas

    especificidades. A escola complementa as aes familiares, no as substituindo, nainteno de formar indivduos conscientes de seus direitos e deveres,

    reconhecendo-se como parte integrante de um grupo inserido plenamente na

    sociedade.

    A instituio de educao infantil [...]. Cumpre um papel socializador,propiciando o desenvolvimento da identidade das crianas, por meio deaprendizagens diversificadas, realizadas em situaes de interao.(BRASIL, 1998, Vol. I, pg. 23) [grifo meu]

    Na Educao Infantil, o desenvolvimento da socializao acontece de modo

    contnuo, estando presente em todos os momentos. Por isso, importante que o

    professor esteja atento ao movimento da sala de aula e aproveitar as oportunidades

    disponveis para propor atividades que favoream o desenvolvimento da

    socializao, buscando, assim, cumprir com seu papel socializador.

    Educar significa, portanto, propiciar situaes de cuidados, brincadeiras eaprendizagens orientadas de forma integrada e que possam contribuir parao desenvolvimento das capacidades infantis de relao interpessoal, [...]respeito e confiana, e o acesso, pelas crianas, aos conhecimentos maisamplos da realidade social e cultural. (BRASIL, 1998, Vol. I, pg. 23)

    Nesse processo, as propostas de atividades precisam levar em conta os

    interesses e curiosidades do aluno. A ao dialgica fundamental na construo

    das relaes interpessoais, pois permite ao aluno falar de seus sentimentos, suas

    emoes e, ao fazer isso, ele tambm os reelabora, reformula, re-significa.

    [...] Cabe ao professor organizar situaes para que as brincadeirasocorram de maneira diversificada para propiciar s crianas a possibilidade

  • 7/25/2019 A contao de histrias como instrumento na socializao infantil

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    de escolherem os temas, papis, objetos e companheiros com quem brincarou os jogos de regras e de construo, e assim elaborarem de formapessoal e independente suas emoes, sentimentos, conhecimentos eregras sociais. (BRASIL, 1998, Vol. I, pg. 29) [grifo meu]

    A escola, portanto, tem um papel fundamental na socializao das crianas

    na educao infantil. preciso, no entanto, conhecer as caractersticas e a realidade

    do grupo de alunos levando em conta suas vivncias e experincias - para intervir

    adequadamente, seja por meio do dilogo ou por meio de atividades ligadas a um

    planejamento conscientemente e consistentemente construdo.

    Partindo dessa compreenso, apresento a seguir uma estratgia pedaggica

    que, acredito, contribui para o desenvolvimento da socializao. Trata-se da

    contao de histrias.

    3.2. CONTAO DE HISTRIAS

    3.2.1. Contar histrias, mas quais?

    De acordo com Zilberman (2003), a histria da literatura infantil inicia-se no

    sculo XVIII, com o advento da Revoluo Industrial, responsvel por vrias

    mudanas, alterando a estrutura social, entre elas, a das crianas.

    A partir das mudanas ocorridas, de acordo com Coelho (2000) a criana

    passa a ser vista no mais como um adulto em miniatura, mas um ser com

    necessidades e caractersticas distintas, e que deve receber uma educao especialpara sua formao.

    Nas palavras de Regatieri (2008), durante muito tempo a escola foi moldada

    com o intuito de homogeneizar culturalmente uma nao, embora a literatura sirva

    tambm para a informao e a apreenso do conhecimento, sua funo primordial

    divertir e entreter com prazer.

    Alm do prazer e do divertimento proporcionado pelas histrias, de acordo

    com Abramovich (2005), importante para a formao da criana, ouvir muitas

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    histrias e escut-las o inicio da aprendizagem para ser um leitor, e um caminho

    de descoberta e compreenso do mundo.

    Para fazer essas descobertas e compreender o mundo, na fala de Zilberman

    (2003), a criana necessitar de um suporte fora de si que lhe sirva de auxiliar. Para

    a autora, este suporte dado pela literatura infantil. No caso da educao infantil,

    ento, quais histrias contar? Respaldado por Zilberman, apontamos as histrias

    presentes na literatura infantil, que podem ser lidas ou contadas.

    Ler para crianas importante por que estimula o desenvolvimento

    intelectual, permitindo que resolvam de modo simblico situaes futuras ou

    passadas, pois criam para si um mundo que compensa as presses vividas, sem

    limites da realidade.

    Ler histrias para crianas [...], poder ser um pouco cmplice dessemomento de humor, de brincadeira, de divertimento... tambm suscitar oimaginrio, ter a curiosidade respondida em relao a tantas perguntas, encontrar outras idias para solucionar questes [...]. uma possibilidadede descobrir um mundo imenso de conflitos, dos impasses, das soluesque todos vivemos e atravessamos [...], atravs dos problemas que vosendo defrontados, enfrentados (ou no), resolvidos (ou no) pelaspersonagens de cada histria (cada um a seu modo)... [...] e, assimesclarecer melhor as prprias dificuldades ou encontrar um caminho para a

    resoluo delas... (ABRAMOVICH, 2005, pag. 17)

    atravs da leitura, que a criana dar os primeiros passos para construir

    seu mundo.

    Se mergulhar neste universo fascinante para ns, adultos, queesquecemos de nos inebriar com a magia, que dir a criana, a qualconstri deliberadamente um mundo onde tudo possvel. Ao contar umahistria para ela estaremos lhe oferecendo um alimento raro, pois iremoscolaborar para que seu universo se amplie e seja mais rico. (BUSATTO,

    2003, pag. 12)

    Segundo Coelho (2000), a literatura, e em especial a infantil, tem uma tarefa

    fundamental a cumprir nesta sociedade em transformao: a de servir como agente

    de formao, seja no espontneo convvio leitor/livro, seja no dilogo leitor/texto

    estimulado pela escola.

    3.2.2. Como contar histrias

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    Desde que nascemos e durante toda nossa vida, ouvimos histrias. Histrias

    contadas pelas mes, ao embalar o filho para dormir, um familiar que gostaria que

    algum soubesse algo que aconteceu ou que poderia acontecer, enfim, uma gama

    de informaes, situaes e acontecimentos que podem ser contados, sejam elas

    reais ou fantasiosas.

    Como j afirmou Regatieri (2008), a contao de histrias tem a funo de

    divertir e entreter, no entanto, para Abramovich (2005), alm dessas funes, a

    autora considera a contao de histrias importante para a formao da criana, o

    inicio da aprendizagem para ser um leitor, e um caminho de descoberta e

    compreenso do mundo.De acordo com Abramovich (2005), necessrio saber contar histrias.

    [...] para a criana, no se pode fazer isso de qualquer jeito, pegando oprimeiro volume que se v na estante... E ai, no decorrer da leitura,demonstrar que no est familiarizado com uma ou outra palavra (ou comvrias), empacar ao pronunciar o nome dum determinado personagem oulugar, mostrar que no percebeu o jeito que o autor construiu suas frases edando as pausas nos lugares errados, [...] Por isso, ler o livro antes, bemlido, sentir como nos pega, nos emociona ou nos irrita... Assim quando

    chegar o momento de narrar a histria, que se passe e emoo verdadeira,aquela que vem l de dentro, l do fundinho, e que por isso, chega noouvinte...(ABRAMOVICH, 2005, pg. 18-20)

    Para se contar histrias, para que haja envolvimento de toda turma, pode-se

    alm do livro, fazer uso do teatro, de sons. As histrias permitem as crianas, maior

    proximidade devido s situaes de impasses que surgem durante os ensaios,

    escolha do personagem, onde se posicionar, enfim, a vontade de fazer bem feito no

    sentido que todos se divirtam, tenham satisfao com o realizado e tambm agradar

    quem assiste.

    Ento cabe ao professor a tarefa de elaborar estratgias e tcnicas, a escolha

    do material de acordo com a idade das crianas, o tom de voz, a postura, enfim,

    planejamento e conhecimento prvios para que atinja seus objetivos de forma a

    contribuir na formao destas crianas.

    3.2.3. Por que contar histrias?

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    Estamos sempre em busca de algo. Queremos chegar a algum lugar, todos

    os dias somos bombardeados com novas informaes e somos desafiados a ir

    busca de mais.

    Assim acontece com as histrias. Contamos ou lemos em busca de saber

    algo. Utilizamos as histrias na tentativa de dar sentido a alguma coisa de maneira

    saudvel. importante que, primeiramente, se imagine tal coisa, se visualize, e

    deste imaginrio, chegar s hipteses e solues possveis, fazer comparaes,

    perceber fatos.

    Como isso ir ocorrer? Esta questo merece ateno. Especialmente se

    estiver relacionado com a criana da educao infantil.Para isso, h que se levar em considerao os conhecimentos que a criana

    j possui ao desenvolver a construo de novos conhecimentos, sabendo quais os

    percursos que sero necessrios para tanto (RCNEI).

    Ou seja, dar condies e elementos para que estas dificuldades, possam ser

    superadas e que a criana possa utilizar isso em beneficio prprio.

    Sendo assim, atravs da contao de histrias, o professor deve sempre

    instigar o aluno reflexo, problematizar situaes que faam a criana pensar,fazer descobertas e construir sua aprendizagem.

    O aprendizado desperta vrios processos internos de desenvolvimento,que so capazes de operar somente quando a criana interage compessoas em seu ambiente e quando em cooperao com seuscompanheiros. Uma vez internalizados, esses processos tornam-se partedas aquisies do desenvolvimento independente da criana (VYGOTSKY,1999, p. 117-118)

    De acordo com a Vygotsky (1999), o processo do desenvolvimento noacontece concomitante com o processo da aprendizagem, deste espao resulta a

    zona de desenvolvimento proximal,

    Ela a distncia entre o nvel de desenvolvimento real, que se costumadeterminar atravs da soluo independente de problemas e o nvel dedesenvolvimento potencial, determinado atravs da soluo de problemassob a orientao de um adulto ou em colaborao com companheiros maiscapazes.(...) A zona de desenvolvimento proximal define aquelas funes que ainda

    no amadureceram, mas que esto em processo de maturao, funesque amadurecero, mas que esto presentemente em estado embrionrio.Essas funes poderiam ser chamados de brotos ou flores do

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    desenvolvimento, ao invs de frutos do desenvolvimento. (VYGOTSKY,1999, pg. 112-113)

    Na fala de Vygotsky (1999), a zona de desenvolvimento proximal um divisor

    entre o desenvolvimento real, individual, j internalizado e o desenvolvimento

    potencial, o que est em processo de maturao, interpessoal.

    A criana ao ouvir histrias, se transporta a um mundo onde consegue

    resolver alguns de seus conflitos, decepes, solues ou conquistas uma vez que

    consegue identific-los comparando com a trajetria dos personagens com as suas

    prprias vivncias.

    Dentre as vrias respostas possveis e cabveis para a questo do por que

    contas histrias pode-se destacar, entre elas, o prazer que este ato proporciona parao contador e para o ouvinte, independente da idade.

    Alm de proporcionar este deleite, a contao de histrias na educao

    infantil, pode ser vista como um instrumento facilitador para o desenvolvimento de

    inmeros temas, situaes, comportamentos e atitudes como j foi citado por

    Abramovich (2005).

    Assim, por meio das histrias e das reflexes que so feitas em torno delas o

    aluno reconstri sua maneira de pensar, de ver a si mesmo e ao mundo e isso sereflete em suas atitudes.

    Aspectos como individualismo, segregao, desrespeito s diferenas e falta

    de solidariedade so atitudes presentes em diferentes grupos sociais. Na escola,

    esses comportamentos precisam ser discutidos, analisados a fim de que se possa

    ter um convvio mais harmonioso entre colegas e tambm como forma de ajud-los a

    aprimorar sua capacidade de relao interpessoal. Para isto, a contao de histrias

    pode revelar-se uma estratgia de sucesso, pois, ao reunir fico e realidade, abreespao para o imaginrio e, ao mesmo tempo, permite repensar o real. Dessa

    relao, mediada pela leitura, pelo dilogo, pela reflexo, o aluno reelabora suas

    certezas e, muitas vezes, modifica seu comportamento.

    Alm do desenvolvimento da socializao, a contao de histrias pode

    contribuir para a construo do conhecimento e da aprendizagem.

    A aprendizagem se processa quando trocamos nosso conhecimento com

    algum, atravs de estmulos recebidos a uma determinada situao e influenciado

    pela busca deste conhecimento seja ele causado por fatores internos ou externos ao

    seu cotidiano.

  • 7/25/2019 A contao de histrias como instrumento na socializao infantil

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    Para Vygotsky (1989) pela interiorizao de sistemas de signos2, produzidos

    culturalmente, que se d o desenvolvimento cognitivo.

    A contao de histrias proporciona a criana um entendimento do mundo,

    favorecendo seu desenvolvimento afetivo, cognitivo e social.

    Ento, devemos contar histrias para as crianas na educao infantil, na

    inteno de promover nestas crianas, ideais e atitudes positivas que contemplem a

    formao de posturas e habilidades, colaborando significativamente para a sua

    formao pessoal, levando cada um a constituir um ser social.

    Nesse contexto, a prxima seo mostra os resultados obtidos referente

    utilizao da contao de histrias no desenvolvimento do ensino aprendizagem e

    sua contribuio no desenvolvimento pessoal e social da criana na educaoinfantil.

    Signos a relao que a criana faz para a construo da experincia externa que organiza o

    pensamento interno

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    4. RESULTADOS

    Este captulo traz a anlise dos resultados obtidos e aos diferentes aspectos

    de socializao observados durante as atividades de contao de histrias e delas

    derivadas durante o estgio docente.

    Durante o perodo de observao da turma de educao infantil, procurei

    fazer um planejamento utilizando como instrumento principal para as prticas

    pedaggicas a contao de histrias, levando em considerao os saberes

    adquiridos e a realidade dos alunos.

    O prazo para desenvolver o planejamento previamente estabelecido, demodo que fiz uma seleo dos problemas apresentados pela turma, onde evidenciei

    caractersticas de dificuldade de socializao como o individualismo, a segregao,

    o desrespeito a diferena, a falta de solidariedade e considerao pelo outro.

    Diante dessas dificuldades destacadas, fica evidente a importncia da

    socializao da criana na educao infantil perante os resultados obtidos.

    No planejamento das aulas e das atividades, para atingir os objetivos

    propostos me servi de cinco histrias como segue: A galinha Ruiva, O casamento daDona Baratinha, Cinderela, Branca de Neve e os Sete Anes e Peter Pan.

    Por sugesto, empreguei uma tcnica onde fiz uso de mdias como livros

    ilustrados de histrias infantis, revistas ou jornais, DVDs, CDs, arquivos de som.

    Cada histria era utilizada durante duas semanas, variando as formas de

    apresentao. Em uma semana, por exemplo, utilizava o livro de histrias e na

    semana seguinte, a histria era apresentada utilizando como recurso audiovisual

    equipamentos eletro-eletrnicos como reprodutor de DVD e CD, aparelho de som eCD player, projetor multimdia e de informtica como notebook.

    Todos os dias aps a contao das histrias eram realizados algumas

    atividades em que os alunos descreviam a histria ou diversificando o planejamento,

    contvamos a histria e os alunos representavam os personagens, sendo uma

    forma de contribuio para o desenvolvimento da oralidade e expresso corporal.

    Diante disso, fao referncia a um dos objetivos gerais do projeto de estgio:

    vivenciar situaes ldicas que possibilitem a expresso do prazer, de conflito, de

    frustrao, negociao e aprendizagem. Nesse objetivo, a contao da histria da A

    Galinha Ruiva, foi de grande valia, pois as atitudes dos personagens, que no

  • 7/25/2019 A contao de histrias como instrumento na socializao infantil

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    valorizavam a amizade e tambm no tinham hbitos de solidariedade,

    influenciaram a mudana de comportamento dos alunos.

    O desenvolvimento das atividades realizadas baseadas na histria A Galinha

    Ruiva, contriburam para que os alunos praticassem atitudes de solidariedade entre

    os colegas (figura 1). Essa prtica era realizada quando algum aluno estava

    ausente, pois na aula seguinte, os colegas informavam o que havia acontecido na

    aula anterior.

    Figura 1 - Contando a histria para os colegas

    Estando reunidos, cada aluno contava uma parte da histria que estavasendo utilizada na semana, conversaram entre si, questionando, pensando,

    avaliando e interferindo positivamente para que realizassem corretamente as

    atividades.Estes hbitos continuaram sendo praticados normalmente at o fim do

    estgio.

    Foram vrias as mudanas ocorridas na turma em conseqncias das

    histrias contadas. As histrias contemplam uma srie de atitudes, comportamentos,

    sentimentos presentes nas situaes cotidianas.

    A histria O casamento da Dona Baratinha, foi uma histria marcante para

    os alunos e isso se evidencia nas constantes referncias que eles faziam a essa

    histria. Essa histria motivou-os a observarem mais seu comportamento, nas mais

    simples atitudes da personagem: a barata compartilha fatos de sua vida com os

    amigos, valoriza a amizade, solidria, respeita as diferenas e tem considerao

    pelos outros, tem decepes, tem conflitos e necessrio tomar decises, entre

    tantas situaes difceis e que so possveis a superao.

  • 7/25/2019 A contao de histrias como instrumento na socializao infantil

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    Na hora das brincadeiras, enquanto estavam no ptio brincando na casinha

    de plstico montado no ptio da escola, a histria do Casamento da Dona Baratinha

    era a preferida (figura 2).

    Figura 2 Brincadeiras na casinha

    Os alunos imitavam os personagens da histria, respeitando e aceitando qual

    o personagem que cada um queria representar (figura 3), caracterizando a

    interao, a amizade, a cooperao de forma ldica.

    Figura 3 - Brincando na casinha O casamento da Dona Baratinha

    4.1. A socializao da criana de 05 anos e a contao de histria

    Antes do incio das atividades dirias, de forma que pudssemos nos

    conhecer, tanto eu como os alunos faziam relatos, onde eram descritos os

    acontecimentos da rotina diria. Esses relatos dirios so importantes para a criana

    se sentir valorizada. O fato de ser questionada sobre sua rotina faz com que a

  • 7/25/2019 A contao de histrias como instrumento na socializao infantil

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    criana se sinta parte integrante de um todo, desenvolve sua auto-estima

    integrando-o socialmente.

    Nas primeiras semanas (figura 4), na hora dos relatos, os alunos no

    prestavam ateno ao colega que estava falando, os relatos eram superficiais,

    praticamente tinham sempre o mesmo padro e enquanto falavam, ficavam fitando a

    mesa e no olhavam para os outros colegas.

    Relato dirio do aluno Darci:

    - Fui pra casa, olhei DVD, dormi, acordei e vim pra escola.

    Figura 4 - Relatos dirios- incio

    Na maioria das vezes, durante os relatos, os alunos davam incio a conversas

    paralelas sem importncia para aquele momento ou ficavam mexendo nos materiais

    que estavam em cima da mesa e no prestavam ateno ao que o colega estava

    relatando.

    Esta foi uma situao que teve mudana devido histria O casamento da

    Dona Baratinha. As crianas se identificaram com a personagem e, pelo contexto

    da histria, se sentiram mais vontade para falar da sua vida particular, terconsiderao pelo outro ao ouvir o que cada um teria para contar, compreendendo

    isto como algo natural, se colocando como dispostos a mudar de atitude.

    Em funo disso, conforme o tempo foi passando (figura 5), os relatos alunos

    passaram a ter mais riqueza de detalhes.

    Relato da aluna Tarsila:

    - Ontem, depois que cheguei em casa, dormi um pouquinho e depois que

    acordei, assisti um filme no DVD at minha me chegar do trabalho.

    Quando ela chegou, eu, minha me e o meu pai, minha irm e meu irmo

    fomos na casa da minha v no Capo da Canoa.

  • 7/25/2019 A contao de histrias como instrumento na socializao infantil

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    Meu tio fez churrasco de janta. Eu adoro churrasco.

    Depois voltamos pra casa, escovei o dente, dormi, levantei, me arrumei e vim

    pra escola.

    Figura 5 Relatos realizados com detalhes

    Outra atitude comum entre as crianas era a questo do individualismo (figura

    6), pois os alunos no emprestavam qualquer material entre si, existia colaborao

    um com o outro, s vezes provocando o desentendimento entre eles e em algumas

    at o choro.

    Figura 6 - O material

    Situaes como impor que o colega saia do lugar que est sentado, escolher

    quem senta ao seu lado e quem pode partilhar de seus brinquedos (figura 7), eram

    atitudes tidas como normais para os alunos.

    Os alunos no percebiam a forma que agiam, pois aparentemente, aquilo

    fazia parte da convivncia e da rotina deles em sala de aula, mas mesmo que de

    forma inconsciente, essas atitudes so formas de praticar segregao.

  • 7/25/2019 A contao de histrias como instrumento na socializao infantil

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    Figura 7 Seleo no brinquedo

    A contao das histrias que foram utilizadas e as atividades planejadas

    baseadas nos temas abordados por estas histrias, temas como amizade, famlia,tolerncia, relacionamento, sentimentos, sabedoria, respeito, tica, convivncia,

    companheirismo, diferenas, determinao, pluralidade cultural, formaram uma

    combinao importantssima para a transformao das atitudes e comportamentos

    dos alunos desta turma que apresentava caractersticas, de formas isoladas, de

    dificuldades de socializao.

    As dificuldades de socializao apresentada pela turma comearam a se

    modificar (figura 8) a partir da contao da histria A galinha Ruiva eprincipalmente pela histria O casamento da Dona Baratinha.

    Figura 8 Colaborao entre colegas

    Acredito que essa histria tenha marcado bastante porque a personagem

    principal (A barata) se aproxima de uma pessoa real, com suas limitaes,

    sentimentos, decepes, tristezas e, ao longo da histria, se v a superao da

    personagem e sua capacidade para resolver os conflitos. Ou seja, mostra que todosujeito passvel de falhas, vive situaes difceis, mas pode super-las.

  • 7/25/2019 A contao de histrias como instrumento na socializao infantil

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    Com as mudanas ocorridas na turma, no dia a dia, conforme a histria se

    desenrolava, os alunos j iam antecipando as aes dos personagens.

    Nesses momentos havia bastante discusso entre elas em relao s atitudes

    dos personagens, os alunos debatiam e cada um dava sua opinio de acordo com o

    entendimento de cada um, fazendo com que os prprios colegas ficassem

    cobrando mudanas de atitudes uns dos outros (figura 9).

    Figura 9 Brincadeira livre - coletividade

    O exemplo disso a da atividade que envolvia a histria da Cinderela que

    consistia na identificao dos personagens e dos acontecimentos usando alinguagem oral da histria. Essa atividade gerou uma discusso em torno de uma

    personagem, uma das irms malvada da Cinderela, que tinha o seu fsico um tanto

    avantajado (gorda), pois rapidamente elegeram uma aluna que era um pouquinho

    fofinha para representar o papel da irm gordinha. A aluna disse que no era gorda

    e por isso no faria o papel. Ela seria a Cinderela, a Fada, a irm magrinha, a

    rainha, at mesmo a madrasta, menos a outra irm (gorda e malvada).

    Interferi nesta situao questionando aos alunos o que eles pensavam sobre

    a aparncia de cada pessoa, se para eles ser gordo era a mesma coisa que ser uma

    pessoa m, se consideravam que somente os magros eram bons, enfim vrias

    questes ligadas s diferenas e por que eles acreditavam que a colega teria que

    fazer o papel da personagem em questo. Depois de algumas consideraes,

    resolveram seus conflitos decidindo que no fazia diferena quem faria o papel e

    que todos teriam a oportunidade de representar cada um dos personagens da

    histria.

    Esse comportamento resultado de sistemas de representao criados

    socialmente, ou seja, o aluno, a partir do que observa na sociedade e mesmo do que

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    vivncia nas relaes com outras pessoas, acredita que ser gordo ser diferente e

    percebe que ele excludo por isso. O aluno acaba por reproduzir essa atitude em

    suas relaes entendendo-a como normal.

    Da a importncia do trabalho do professor ao conduzir situaes que faam

    os alunos refletirem a respeito de suas atitudes, na tentativa de que possam se

    colocar no lugar do outro e a partir disso, tentar perceber qual o sentimento

    experimentado.

    Em outra aula esta situao ficou bem explicita. Nesta ocasio, a histria que

    estava sendo utilizada era O casamento da Dona Baratinha. Uma das atividades

    era a confeco de palitoches3dos personagens (figura 10) para a encenao de um

    teatro com o tema da histria.O impasse se deu por que alguns alunos queriam pintar o mesmo

    personagem, pensei em fazer uma dinmica em que ningum sasse ou se sentisse

    prejudicado e at mesmo para evitar discusso desnecessria.

    Ento usando uma pasta de cartolina, coloquei todos os desenhos dentro e

    pedi que cada aluno retirasse um desenho. Expliquei que desta forma quem

    escolheria qual o personagem a ser colorido seriam eles mesmos.

    Figura 10 Confeccionando palitoches

    Fiz consideraes a respeito de ser uma forma justa de agir e que eles teriam

    que contar com a sorte tambm, ento ningum poderia reclamar de ningum a

    respeito do desenho que escolheu.

    A maioria concordou que esta forma estava boa, mas a aluna Tarsila no

    concordou com a proposta dizendo:

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    - Professora, eu no gostei assim.

    Perguntei o porqu dela no ter gostado de minha sugesto e ela respondeu:

    - Assim eu no vou tirar o desenho que eu gostei e no vou poder pintar o

    que eu quero.

    Disse para ela levar na brincadeira a escolha do desenho, vai que tivesse

    sorte e tirasse o que ela queria, pois ningum poderia adivinhar qual desenho iria

    pegar. Assim mesmo ela replicou:

    -Tudo bem. Vou pintar o que eu pegar. Mas mesmo assim eu no gostei.

    Expliquei ento que s vezes as coisas no so como a gente quer e temos

    que nos adaptar a outras situaes. Percebi que ela no gostou muito da situao,

    mas no deixou de participar e de colorir o desenho.Em compensao, na atividade que consistia em representar tambm os

    papis dos personagens (figura 11) da histria O casamento da Dona Baratinha, a

    situao foi inversa, cada aluno se identificou com um personagem escolhendo para

    represent-lo, no gerando qualquer conflito entre os alunos.

    Figura 11 Interpretando os personagens da histria

    Dar liberdade para a criana se expressar, ser espontnea, a melhor forma

    de aprendizagem e contribuem no sentido de oportunizar as crianas vivncias

    positivas de socializao (BRASIL, 1998).

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    4.2. A contao de histrias no desenvolvimento cognitivo e afetivo da criana

    de 05 anos

    A prtica de atividades como a contao de histrias fundamental para o

    desenvolvimento afetivo e socializador. Dispor de atividades que faam o aluno

    pensar, fazer descobertas valorizando suas aes, ideais e atitudes positivas,

    aumenta sua auto-estima e a valorizao pessoal, contribuindo para a construo do

    conhecimento e da aprendizagem.

    Figura 12 Imitando gente grande

    O uso de histrias (ABRAMOVICH, 2005), para refletir e ou exemplificar

    algumas ocasies, levam o aluno a perceber as situaes de conflitos vividos no dia-

    a-dia. Essas histrias o levam a refletir sobre seus atos, potencializando a

    capacidade de encontrar solues para os problemas, possibilitando a compreenso

    e a transformao da realidade.

    As situaes dirias vividas na sala de aula e as atividades orientadas,condicionam o aluno ao desenvolvimento de suas habilidades cognitivas e afetivas.

    Com relao a esta situao, em uma das aulas a proposta era fazer um

    auto-retrato. Nesta ocasio, estava fazendo uso da histria da Branca de Neve e os

    Sete Anes.

    Tendo como base atitudes da Rainha da histria contada, a qual ficava em

    frente ao espelho e s admitia respostas afirmativas quanto a sua beleza, os alunos

    (figura 13) deveriam descrever a seqncia e debater sobre a questo da beleza e

    como cada um se percebia frente ao espelho.

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    Figura 13 Imagem e semelhanas

    No decorrer da atividade, uma das alunas disse que se achava linda. Outro

    aluno disse que achava o pai mais bonito, concordei com ele, mas, fiz algumas

    consideraes ressaltando que independente das condies, ele deveria gostar de si

    e se considerar bonito primeiramente. Acredito que importante desenvolver uma

    imagem positiva de si mesmo. muito importante incentivar e apoiar esta atitude do

    aluno. desta maneira que ele se auto-afirma.

    A criao do auto-retrato (figura 14) foi uma atividade que contribuiu para a

    construo da identidade e da autonomia dos alunos. A maioria deles se reconheceu

    como pessoa, cada uma com suas particularidades, as diferenas entre cada um,isso fez com que ficassem conscientes um dos outros, aceitando, naquele momento,

    todas as descries ou comparaes que foram feitas entre eles.

    Alm do envolvimento das crianas e do reconhecimento das atitudes, esta

    atividade possibilitou situaes de interao e construo da auto-imagem,

    favorecendo trocas e a percepo do outro.

    Figura 14 Auto-retrato

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    Como fora citado anteriormente, a escola a principal fonte de socializao

    para criana.

    Isso fica evidente devido importncia e o papel desempenhado pela escola

    como tambm o da contao de histrias na formao pessoal e social, onde o

    resultado est refletido na interao e na integrao social dos alunos da turma de

    educao infantil.

    So tantas oportunidades e benefcios que a contao de histrias promove

    nas crianas, pois O casamento da Dona Baratinha, foi uma histria to marcante

    que mudou as atitudes e o comportamento de uma turma inteira.

    Os alunos foram influenciados pela histria de tal maneira que ela foi

    escolhida para ser representada e apresentada aos pais no dia da formatura das

    turmas do pr-escolar.

    Fica evidente dessa forma, que a contao de histrias favorece a

    socializao e contribui para o desenvolvimento pessoal e social da criana na

    educao infantil.

    Figura 15 - Apresentao de teatro na formatura

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    5. CONSIDERAES FINAIS

    Conforme foi descrito neste trabalho, o objetivo principal foi refletir sobre as

    prticas pedaggicas em relao utilizao da contao de histrias no

    desenvolvimento da socializao da criana na educao infantil, frente s inmeras

    situaes vividas no cotidiano escolar.

    Assim, considerando o contexto apresentado, foi estabelecida a seguinte

    questo da pesquisa: Qual a influncia da contao de histrias na socializao da

    criana na educao infantil? A qual partiu da hiptese que: A contao de histrias

    favorece a socializao, contribuindo para o desenvolvimento pessoal e social dacriana de 05 anos na educao infantil.

    De acordo com o analisado, o uso da contao de histrias influenciou na

    atitude dos alunos, pois obtiveram conhecimento de regras e valores contidos nas

    histrias e que foram absorvidos no sentido de ajudar a enfrentar os conflitos

    existenciais e a lidar com os medos, mostrando como resolver os problemas e a

    compreender as coisas ao seu redor de forma ldica.

    As possibilidades da contao de histrias foram analisadas ao longo dasnove semanas de realizao do estgio docente, permitindo o envolvimento dos

    alunos, a receptividade e disposio de cada aluno no convvio dirio entre os pares

    e a comunidade escolar.

    Ao iniciar o estgio, os relatos pessoais dos alunos eram restritos, no se

    obtinha uma informao pessoal e raramente descreviam alguma situao familiar.

    As histrias usadas nas atividades refletiam situaes corriqueiras como fazer um

    bolo, limpar a casa, ir ao baile, adquirir uma roupa nova, enfim, situaes e ocasiesao alcance de cada um e outras mais complexas como casamento, abandono e

    morte.

    Durante o contato com as histrias, independente da forma utilizada para a

    contao, conforme percebesse a necessidade, parava a exibio, retrocedia as

    cenas, s vezes algum aluno fazia algum comentrio e os colegas debatiam a

    questo. Nestas ocasies, aproveitei para fazer algumas comparaes com as

    atitudes dos prprios alunos. No inicio do estgio, alguns alunos no queriam sentar

    perto de outro, escolhendo quem poderia sentar do seu lado, compartilhavam

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    poucos materiais didticos e pedaggicos, no se interessavam pelo o que o colega

    dizia, entre outras situaes rotineiras.

    Ento, gradativamente, as semanas foram passando e com a ajuda das

    histrias, esta situao foi se modificando. Sempre tinha umas personagens em

    cada histria que os alunos se identificavam, por suas atitudes, sendo elas boas ou

    ms. Tambm as histrias representavam situaes que ocorrem em sala de aula,

    ou s vezes algum exemplo pessoal ou familiar presentes em nosso cotidiano.

    O uso de histrias para refletir e ou exemplificar algumas ocasies, levam o

    aluno a perceber as situaes de conflitos vividos no dia-a-dia. A partir disto, ficou

    mais fcil para os alunos falarem de si mesmo, uma vez que eles faziam

    comparaes entre a vida dos personagens e a deles. importante que vejamos o uso da contao de histrias como elementos de

    grande importncia na construo da identidade, do conhecimento, na formao do

    carter, alm de oferecer criana a possibilidade de explorar o seu eu interior

    proporcionando uma compreenso de si prprio e do mundo.

    A utilizao da contao de histrias permitiu a criao de um ambiente

    saudvel, onde diminui o individualismo, uma melhora significativa em relao a

    segregao, que auxiliou os alunos a lidar e respeitar as diferenas, o que favoreceua prtica da interao, uma vez que perceberam a importncia de cooperar,

    passaram a brincar em grupo, tornando-os mais sensveis e solidrios com os

    colegas.

    A segregao entre os alunos foi evidenciada na caracterizao dos

    problemas da turma. Quando era proposta alguma atividade que a turma tivesse que

    ser dividida ou formar duplas, principalmente nas atividades e brincadeiras livres, os

    alunos se organizavam, um aluno escolhia um ou outro e os demais eram excludos,principalmente se o brinquedo no fosse os que estavam disponveis na escola.

    Outra situao observada na turma foi em relao ao respeito s diferenas

    dentro do aprendizado. No incio competiam entre si para ver quem era o primeiro a

    terminar as atividades. Tomei o cuidado de conduzir a situao de forma que

    naquele momento, a questo no era quem iria terminar primeiro, mas ter calma e

    fazer bem feito e, principalmente se a atividade tinha contribudo de alguma forma

    para o seu aprendizado. Fiz consideraes no sentido de esclarecer em que

    momento saudvel competir. Combinamos que deixaramos para as brincadeiras

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    no ptio, ou em alguma gincana ou outro tipo de atividade que tivesse alguma

    premiao.

    Nos problemas caracterizados apresentados pela turma, a contao de

    histrias teve grande influncia, pois contribui para que fossem desenvolvidos

    conceitos mostrando a importncia da solidariedade e da considerao uns pelos

    outros, tanto no ambiente escolar como no familiar.

    Estabeleceu-se um ambiente saudvel, onde os alunos passaram a dar mais

    detalhes da vida pessoal, falando de si e dos acontecimentos familiares, tornou-se

    produtivo e enriquecedor, pois discutiam as questes em grupo e se dispunham a

    colaborar mutuamente.

    Isso foi facilitado devido s vrias situaes apresentadas em sala de aulatendo como base as histrias contadas. Aos poucos as crianas foram adquirindo

    confiana em si e nos colegas, aumentando assim a auto-estima e a valorizao

    pessoal, fazendo com que elas se sentissem parte integrante de um todo e que suas

    contribuies eram importantes para aquele momento.

    Assim, acredito que o que mais contribuiu para que se realizasse essa

    interao e integrao entre os alunos, foi que desde o primeiro momento, me

    condicionei e me comprometi, respeitando a bagagem emocional e intelectual decada criana. Numa situao em que eu era detentora da teoria, a prtica s seria

    possvel se eu tivesse colaboradores.

    Assim, para que isso fosse possvel, eu teria que conquist-los. Teria que dar

    muito de mim para ganhar a confiana dessas crianas. Foi o que fiz. Estabeleci

    com as crianas uma relao de amizade baseado no dilogo, na afetividade e

    respeito condio de cada uma.

    Tive que me empenhar muito para aprender a contar uma histria. Adaptar-me as caractersticas dos personagens para fazer a representao durante a

    contao das histrias. Tive que ter responsabilidade ao dar respostas aos

    questionamentos dos alunos no subestimando a inteligncia e a capacidade de

    interpretao deles, sendo principalmente imparcial e no omissa, uma vez que

    minhas intenes eram contribuir para a formao pessoal e social de cada um.

    Enfim, posso considerar que os resultados deste trabalho, foram

    extremamente gratificantes, pois foram evidentes as influncias da prtica da

    contao de histrias como instrumento de socializao na criana de 05 anos na

    educao infantil. Posso afirmar que a dedicao dispensada, o planejamento

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    executado, as tcnicas empregadas, as orientaes recebidas, as dificuldades

    encontradas, entre tantas situaes vividas durante o estgio docente,

    principalmente, a participao absoluta dos alunos, foram elementos vitais na

    realizao deste estudo para que o resultado final fosse satisfatrio. Esse resultado

    est refletido na interao e na integrao social dos alunos da turma de educao

    infantil, pois, as evidncias apontam que houve reduo do individualismo,

    arrefecimento da segregao, passaram a desenvolver prticas de solidariedade, de

    respeito s diferenas e de considerao pelo outro.

    Da mesma forma, os estudos oportunizaram uma reflexo sobre minha

    formao, como indivduo que parte integrante de uma sociedade e devo estar

    comprometida com ela.Esse estudo no termina aqui.

    H que se dizer que se so muitas as possibilidades de investigao tendo

    como tema a contao de histrias. Uma questo que poder ser investigada

    futuramente sobre a influncia de diferentes mdias como instrumento na contao

    de histrias, analisando de que forma a prpria contao de histria se modifica e

    que percepo desenvolvida nas crianas com essa nova forma de contar.

  • 7/25/2019 A contao de histrias como instrumento na socializao infantil

    47/51

    REFERNCIAS

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    COELHO, Nelly Novaes. Literatura infantil: teoria, anlise, didtica. 1. Ed. So Paulo: Moderna,2000.

    DOHME, V. Tcnicas de contar histrias. 7. ed. So Paulo: Informal, 2000.

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    HANZE, Amlia. Princpios organizadores do comportamento. Canal do educador. Brasil Escola.Disponvel em: http://educador.brasilescola.com/gestao-educacional/principios-organizadores-do-comportamento.htm. Acesso em 01/06/2011

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    APNDICE A Histrias utilizadas

    A Galinha Ruiva, de autor Frances Rodrigo Pinto - Histria retirada do livro Ba do Professor vol. 4,

    Editora FAPI

    Branca de Neve e os sete anesDisponvel em: http://www.contandohistoria.com/branca_de_neve_hist%C3%B3ria.htm. Acessado em30/09/10

    Branca de Neve e os 7 anes DVD light vdeo brinquedo, Novodisc Mdia Digital da AmazniaLtda.

    Cinderela

    Disponvel em: http://www.contandohistoria.com/cinderela.htm. Acessado em 30/09/10

    CinderelaDVD light vdeo brinquedo, Novodisc Mdia Digital da Amaznia Ltda.

    O casamento da dona Baratinha Eunice Braido, Editora: FTD, Ano: 2006, Edio: 1, Coleo:HORA DE LER

    O casamento da dona Baratinha Som de formato MP3 origem: dc376.4shared.comDisponvel em: http://www.4shared.com/get/tMSfvL7s/O_Casamento_da_Dona_Baratinha.html

    Peter PanDisponvel em: http://www.contandohistoria.com/peterpan.htm. Acessado em 30/09/10

    Peter PanDVD light Os Clssicos Infantis, Fivestars Distribuidora de Filmes Ltda. So Paulo

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    APNDICE B Termo de Consentimento

    AUTORIZAO

    AUTORIZO a Estagiria Rosana Maria dos Santos, aluna da Universidade Federaldo Rio Grande do Sul (UFRGS) Faculdade de Educao (FACED), curso de Graduao

    em Pedagogia Anos Iniciais do Ensino Fundamental, modalidade de Ensino a Distncia, a

    fazer uso das imagens de vdeos e fotos do meu

    filho................................................................., durante o perodo de realizao do estgio

    docente supervisionado realizado com a turma do Pr-II, na E.M.E.I. Madre Teresa.

    ..............................................................................

    Assinatura do Pai ou Responsvel

    Estarei disposio dos pais ou responsveis, durante o perodo de durao do

    estgio, no turno da manh, na Escola Madre Teresa para prestar qualquer esclarecimento

    que se fizer necessrio.

    Atenciosamente,

    Rosana Maria dos SantosMat. 164279 - UFRGS

    Terra de Areia, setembro de 2010.

    Nota:Os vdeos e fotos sero publicados no Pbwork do estgio. O Pbwork uma pgina pessoal, onde fao

    postagens do material do estgio de forma a comprovar a prtica efetiva do estgio. Como se trata de uma

    pgina da Internet, somente pessoas autorizadas tero acesso a este contedo. Nenhuma imagem ou foto ser

    divulgada livremente na rede mundial (internet).

  • 7/25/2019 A contao de histrias como instrumento na socializao infantil

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    ANEXOS