Upload
cassio-kz
View
27
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
A contra-transferência Sandra Maria Espinha Oliveira
Palavras-chave: transferência, contra-transferência, intersubjetividade,
desejo do analista.
Introduçâo
“Uma interpretação cujos efeitos compreendemos não é uma interpretação psicanalítica.
Basta ter sido analisado ou ser analista para saber disso. Por isso é que a psicanálise como
ciência há de ser estruturalista, a ponto de reconhecer na ciência uma recusa do sujeito”. 1
Esse trecho, com o qual Lacan finaliza seu texto de 1966, "Respostas aos estudantes de
filosofia", é comentado por J. A. Miller na primeira lição de seu Seminário de 2001-2002. Trata-
se de uma formulação que Lacan apresenta como uma evidência da prática e que situa o
inconsciente como causa perdida, como uma ruptura de causalidade que define, entre causa e
efeito, uma relação que não se compreende. Na estrutura própria à experiência psicanalítica, a
compreensão, diz Miller, “não é a medida da racionalidade”. 2
Na estrutura, que no sentido de Lacan toma a forma do discurso, um dentre seus quatro
lugares é aquele da verdade. A referência de Lacan a um saber que se transmite na experiência
da psicanálise por ter-se submetido a ela ou por dirigi-la enquanto analista é uma referência ao
paradoxo próprio à sua estrutura, ou seja, o de que nela o saber que opera se aloja no lugar da
verdade. Isso quer dizer que não se trata de um saber já adquirido e elaborado, mas de um saber
que não se explicita e cuja fonte é aquela da ocasião, do aleatório, da conjuntura na qual
elementos se reúnem de maneira inédita, imprevista, ou seja, do lugar de onde se determina que
uma “dedução não seja jamais uma interpretação”. 3
O retorno à experiência analítica, proposto por Lacan e tema, neste ano, das discussões
entre os membros da EBP e da AMP sobre as regras e os princípios da prática analítica, coloca
uma questão quanto à formação dos analistas, na medida em que o estatuto do saber que nela é
essencial, desse “saber-verdade", é o de um saber que não pode ser transformado em
conhecimento e que, portanto, não pode ser matéria de uma pedagogia. A esse propósito, ao falar
do que ele mesmo nomeou como "o desencantamento da psicanálise" praticado por Lacan,
Miller aponta-nos que este se deve a essa apreensão, sempre presente nos analistas, da futilidade
de seu saber conhecimento. A formação do analista é uma formação disjunta da pedagogia. Nela,
o único saber que se trata de transmitir é aquele que se transmite sob a forma de um saber
suposto, isto é, através de uma experiência cuja natureza, à diferença daquela da ciência, é a de
uma suspensão do saber que faz emergir a verdade que lhe faz limite. “A fonte do saber - diz
Miller - não é o saber”. 4
Para Lacan, a paixão da ignorância é o que dá sentido a toda formação analítica. Ela
estrutura a experiência analítica e é uma fórmula lacaniana que antecipa a formulação do sujeito
suposto saber. Trata-se de uma paixão que não é uma disposição psicológica, mas uma paixão
referida a uma estrutura que não se aprende através de uma prática e que coloca em cena o valor
formador da psicanálise enquanto uma experiência subjetiva. A formação do analista, para além
da transmissão do saber que se elaborou ou se acumulou, comporta uma mutação subjetiva,
aquela cujo exame se faz no dispositivo do passe. O passe é um exame de capacidade onde o que
está em questão não é o exame de um saber acumulado ou o exame do saber nas formas
universitárias do controle. O único saber que nele é examinado é aquele que está referido a uma
mutação do sujeito. O passe consagra como analista, antes, um analisante que um praticante.
Era nessa posição de analisante que Lacan gostava de dizer que ensinava, ou seja, na
posição, não daquele que sabe, mas daquele que quer saber, afirmando fazer continuamente o
passe em seu Seminário. Em seu ensino não há formulários ou credos, mas uma orientação anti-
ortodoxa que repercute ao nível da formação e da transmissão da psicanálise. Sobre a formação
analítica, ele enuncia que não há senão formações do inconsciente e, sobre a transmissão da
psicanálise, aconselha a cada um que a reinvente.
Lacan fundou a transmissão da psicanálise sobre a transferência e sobre as mutações do
sujeito suposto saber e, longe de repousar seu ensino sobre o saber adquirido, como toda teoria,
instalou-o na falha que, na psicanálise, separa teoria e prática, separação que se esclarece com a
introdução, em seu último ensino, da disjunção entre o verdadeiro e o real.
À diferença da ortodoxia ipeista de sua época, a doutrina da formação analítica de Lacan
recusa o saber depositado, que concerne à experiência anterior. A este ele opõe um saber que será
objeto de suas mais severas exigências, o saber sobre a estrutura da experiência, ou seja, um
saber que faz a competência da ação analítica estar referida às leis da linguagem e da palavra. A
exigência de saber não recai sobre a quantidade da experiência, mas sobre o saber que está no
nível da estrutura. A diferença essencial é que, para Lacan, há um real em jogo, não somente na
experiência analítica, mas há um real em jogo na formação do analista. Recomenda-se uma
anulação do saber no nível dos fenômenos da experiência para que se dê lugar ao real como
impossível de prever ou de saber antecipadamente.
Para superar a disjunção entre teoria e prática, disjunção que se expressa pela tese de que
toda teoria seria uma elucubração de saber sobre um real que lhe escapa, a orientação de Lacan
2
fundou-se, desde o início, sobre a hipótese de que há simbólico no real. A estrutura é o nome que
ele deu a esse simbólico incluído no real e é ela que autoriza Lacan a relacionar a psicanálise à
ciência. Sua reivindicação de um estatuto de ciência para a psicanálise, com a condição de que se
reconheça na ciência a recusa do sujeito, traduz seu esforço para demonstrar que a psicanálise
não se presta à ortodoxia. Lacan abandona a ortodoxia, mas conserva a doutrina freudiana.
Através da palavra, da linguagem e do discurso, ele recicla o cientificismo freudiano, sem deixar
de preservar o realismo da estrutura. Com Lacan, passa-se a um princípio de causalidade não
linear, que dá lugar à contingência, ao aleatório, à surpresa e à invenção. Na transmissão da
psicanálise, trata-se de que cada um seja confrontado com uma estrutura que tem suas leis e suas
coações, na qual há impossível e, logo, real. Trata-se de que cada um seja confrontado com o real
da experiência
A formação do analista comporta uma tensão constante entre o que se ensina do saber
que se acumulou da experiência e a própria experiência, que coloca o sujeito em relação com o
que não se ensina. O que se espera de uma formação analítica é que se obtenha no analista um
estado de disponibilidade para o inesperado, para o encontro com o que escapa ao saber pré-
estabelecido, pois, em sua prática, ele opera com a verdade que está fora do saber. O privilégio é
dado ao que aparece como recalcado ou forcluído do saber.
O sujeito suposto saber constitui, para Lacan, um artifício congruente com o simbólico no
real. Ele é o que Miller vai chamar de “mentira estrutural da experiência”, numa referência à
disjunção entre o verdadeiro e o real. Há o real que não se presta à verdade, que não se entrega ao
sentido, e que dá ocasião a que Lacan possa formular que “o real não pode senão mentir ao
parceiro” 5. Há, explica-nos Miller, um vínculo natural entre o real e a mentira, de tal modo que,
por mais longe que o simbólico possa ir para cernir o real, “quando se fala não se pode senão
mentir”.
O fato de que haja um real em jogo na experiência analítica e que esta esteja
condicionada por uma estrutura é a objeção lacaniana que decide sobre a teoria da qual se trata,
ou seja, de que ela deva ser uma teoria da estrutura e não uma elucubração de saber à distância
ou o relato de uma experiência.
Para Miller, essa objeção de Lacan torna-se ainda mais crucial na conjuntura que, nos dias
atuais, se apresenta como o fim da ortodoxia e a fragmentação da psicanálise em uma espécie de
privatização da teoria. A inclusão do simbólico no real, ou seja, da estrutura no real, pela qual
Lacan pretendeu superar a disjunção entre teoria e prática e aproximar a psicanálise da ciência é
o que também permite que se supere esse pluralismo das teorias privadas. A posição de Lacan é
francamente oposta a esse devir eclético atual da ortodoxia, onde tudo é semblante e não há real,
3
onde analista e analisante não se distinguem e são qualificados, ambos, como sujeitos que se
associam, mesmo que em lugares diferentes.
Esse tipo de posição do analista como sujeito do inconsciente, como sujeito dividido,
emocionalmente perturbado e suscetível de se identificar com uma imagem que o analisante lhe
propõe, constitui uma diferença radical com a prática lacaniana, que supõe que o analista esteja
em uma posição na qual esses fenômenos ou não tenham lugar ou reenviem o analista à sua
própria análise. Em Lacan, a formação analítica está orientada pela des-subjetivação do analista,
ou seja, pela noção de que o analista não é um sujeito.
Será, portanto, no interior de uma discussão sobre o retorno à clínica e sobre a atualidade
do relato do caso - seja aquele do testemunho de um passe ou o da apresentação de um caso
clínico - como meio eletivo pelo qual transmitimos uma prática que se define a partir de um
ensino único, aquele de Lacan, que Miller, em suas “Reflexões sobre o momento atual”, título de
seu Seminário de 2001-2002, vai colocar o acento sobre o enfraquecimento da clínica ou mesmo
sobre o seu desaparecimento como resposta ao que, na fragmentação atual da psicanálise não
lacaniana, constituiu-se como uma redução da transferência a não ser senão uma relação entre
paciente e analista. Na falta de uma teoria unificada da psicanálise e na ausência de uma
ortodoxia, a proliferação de múltiplos modelos teóricos acabou por definir-se através de práticas
estandardizadas, ou seja, através de uma ortopraxia.
Para Miller, o operador dessa destruição da clínica foi a contra-transferência enquanto
uma reação dialética à interpretação dada pela Psicologia do ego sobre a neutralidade analítica.
Ele propõe, então, considerar a contra-transferência como um conceito através do qual se pode:
primeiro, construir a lógica da história da psicanálise; segundo, considerar o ensino de Lacan
como uma recusa, modulada constantemente de maneiras diferentes; e, terceiro, responder, hoje
em dia, o que é ser lacaniano.
A contra-transferência∗
Em 1908, Ferenczi já manifestava suas tendências a confissões contra-transferenciais,
afirmando "considerar como próprios" os assuntos de seus pacientes.
Freud, em 1910, em uma posição oposta à de Ferenczi, introduz o termo contra-
transferência como um obstáculo que deve ser reduzido através da análise do analista. “Exigimos,
diz Freud, que um analista inicie sua prática com uma análise e que aprofunde esta análise à
A cronologia que se segue, sob esse subtítulo, é aquela estabelecida por J. A. Miller, em seu Seminário de 2001-2002, sobre o conceito de contra-transferência.
4
medida de sua experiência com os pacientes” 6. Em 1913, ele acrescenta: “O analista nada deve
dar ao analisante que provenha do seu próprio inconsciente”.7
Portanto, a concepção da contra-transferência como um instrumento da cura, introduzida
em torno dos anos 50, constituiu-se como uma posição herética, não freudiana, cujo ato inaugural
é um artigo de 1949, de Paula Heimann, discípula de Melaine Klein, intitulado “A propósito da
contra-transferência”. Miller parte dessa data para estabelecer uma cronologia 8, que vamos
seguir passo a passo, sobre o conceito de contra-transferência, considerando o texto de Paula
Heimann como o primeiro a autorizar seu uso na direção de uma cura. Nele, a contra-
transferência é definida como “a totalidade dos sentimentos que o analista experimenta a
respeito de seu paciente, o que faz dela não mais uma entidade relativa à transferência do
paciente, a ser superada, como propunha Freud, mas a faz equivaler a uma resposta emocional do
analista, que se torna a chave com a qual ele vai abrir o inconsciente do paciente. Ela introduz, ao
mesmo tempo, uma definição da situação analítica como uma “relação entre duas pessoas” que,
por sua vez, define de uma nova maneira a posição do analista.
Paula Heimann critica a elaboração ortodoxa da posição do analista, construída a partir
das indicações de Freud sobre sua neutralidade. Ela se opõe à posição do analista consagrado à
impessoalidade, do analista distante, apático, que neutraliza seus sentimentos e convida-o a não
retroceder diante do que ela chama de seu “compromisso emocional com a cura”.
Acreditando poder modificar a posição do analista sem colocar em questão o estatuto do
inconsciente, Paula Heimann introduz “a relação”. Na posição ortodoxa, a neutralidade do
analista protegia o estatuto do inconsciente. A idéia era a de um inconsciente já presente e
inscrito como uma realidade objetiva, que a redução a zero da individualidade do analista
permitia manifestar. O que começa com Paula Heimann, ou seja, a definição da situação analítica
como uma relação, é o que vai conduzir ao que, hoje, constitui um questionamento do
inconsciente e mesmo sua negação.
Uma segunda data será 1956, quando surge um artigo intitulado "R", “A resposta total do
analista às necessidades de seu paciente”, de Margaret Little, no qual a experiência analítica é
concebida como “uma reflexão mútua do paciente e do analista, em uma espécie de espelho no
qual o inconsciente de cada um se faz presente para o outro”. Com esse artigo, Margaret Little
vai ainda mais longe. Ela se desfaz da própria contra-transferência, não se tratando mais de
elementos inconscientes no analista em resposta à transferência do paciente, mas de uma resposta
tanto consciente quanto inconsciente, que inclui tudo o que o analista "diz, faz, pensa, imagina
ou experimenta". Apaga-se, aqui, a diferença entre inconsciente e consciente, entre interpretação
5
e comportamento, e o termo necessidade passa a incluir tudo o que deve ser atribuído ao
paciente, servindo para todo uso.
Em 1960, pouco mais de dez anos depois do texto de Paula Heimann, um outro texto,
"Algumas considerações suplementares sobre a contra-transferência", de Annie Reich, aparece
como uma advertência contra o surgimento desse entusiasmo pelas relações interpessoais no qual
ela via o risco de uma diluição da psicanálise na confusão entre psicanálise e psicoterapia. Ela
vai se opor à equivalência entre a contra-transferência e a resposta total de Margaret Little e, com
base no critério da neutralidade analítica, que ela mantém, vai traçar uma fronteira entre
freudianos e não freudianos.
Se, para ela, os freudianos seriam aqueles que, não negando a existência de respostas
emocionais ao paciente no analista, convidam-no a superar essa contra-transferência, os outros,
aqueles que se desviavam da posição freudiana, estabeleceriam uma correlação entre a contra-
transferência do analista e a estrutura do paciente. A distinção se produz entre uma contra-
transferência resultante do inconsciente não analisado do analista, ainda estorvado pelo fantasma
e, portanto, não analiticamente purificado e uma contra-transferência referida ao inconsciente do
paciente como causa. Entre os que se desviavam da posição freudiana, poder-se-ia obter, através
da análise de uma reação contra-transferencial, uma revelação da história infantil do paciente e
de sua estrutura. A reação emocional do analista seria idêntica às experiências mais originárias
do paciente que, então, se tornariam legíveis no analista.
Annie Reich não se opõe ao fenômeno da contra-transferência, mas ao que, para ela,
constitui sua supervalorização, pois, entre os que ela vai chamar de não freudianos, a contra-
transferência substituiria a rememoração e a construção do passado do paciente. Entre eles, a
contra-transferência é suposta dar acesso direto à história inconsciente do paciente a partir do que
o analista experimenta. No lugar da interpretação, o que é valorizado na direção da cura, é a
participação emocional do analista. A interpretação do que ocorre com o paciente é uma
dedução da emoção que o analista experimenta.
Annie Reich nega essa dedução e, em seu esforço de ser freudiana ortodoxa, introduz o
conceito de empatia, opondo-o ao de contra-transferência. Na empatia, não se trata da interação
de dois inconscientes, mas de uma purificação analítica do inconsciente do analista como
condição para sua identificação com o paciente. A empatia não é, para Annie Reich, contra-
transferência. Ela está vetorizada pelo insight, pela "captação interna proveniente do
inconsciente do analista", ou seja, pela compreensão. Quanto à contra-transferência, na ausência
da compreensão, esta produziria o acting-out do analista. Assim, se a empatia produz
6
compreensão, a contra-transferência produz acting-out. O critério de A. Reich para diferenciá-las
seria: compreensão ou não compreensão.
Nessa cronologia, estabelecida por Miller, um outro texto será o de Otto Kernberg, "A
contra-transferência", de 1965. Kernberg adota a concepção "R" de Margaret Little, integrando-
a, contudo, aos elementos da concepção clássica de Annie Reich, com o fim de obter um
consenso. Criador do conceito de boderline, Kernberg admite a contra-transferência para os casos
limítrofes, de tal sorte que, para ele, são os pacientes que impedem o analista de se manter na
neutralidade analítica prescrita pela ortodoxia. Trata-se de um desejo de síntese que tenta
conciliar a psicologia do ego com o kleinianismo, com as relações de objeto e com a contra-
transferência. Essa conciliação marca o fim de uma época, pois, ela faz cair todas as barreiras
contra a perspectiva interativa.
A partir dos anos 80, a escola intersubjetiva se cristaliza. Os analistas americanos
clássicos, formados pela IPA, começam a conceptualizar a relação analítica como uma interação
de duas psicologias. O grande R de Margaret Little não é mais considerado como um fator
excepcional, que entra em jogo quando o paciente é não-standard, como fazia Kernberg, mas
como um elemento constituinte da relação analítica. O acento colocado sobre a relação conduz à
negação do realismo do inconsciente e o que surge é uma psicanálise pós-moderna que se
desprende da doutrina freudiana clássica e que já não crê no real. Coloca-se em marcha uma
versão americana de Lacan, baseada na negação do "já aí" do inconsciente. Essa corrente
considera que a única realidade em jogo na cura é a realidade intersubjetiva criada pela interação
analista-analisante. A interação passa a predominar sobre o inconsciente.
Uma dupla de analistas americanos, a dupla Ogden e Reinik, ambos de São Francisco,
constituem, segundo Miller, uma espécie de neo-lacanismo californiano, um lacanismo
imaginarizado que interpreta Lacan segundo referências que os conduzem a se colocar sob a
insígnia da intersubjetividade, ou seja, a operar a partir da subjetividade do analista.
Ogden é, na psicanálise não lacaniana, o teórico do espaço intersubjetivo primário no qual
duas subjetividades se interpenetram para constituir o que ele vai chamar de terceiro analítico.
Trata-se de um espaço comum de duas subjetividades recíprocas, em tensão dinâmica, entre as
quais há trocas. Essa idéia de uma dialética recíproca está distante da dialética dissimétrica de
Hegel, cara a Lacan, e seu terceiro analítico é uma concepção imaginarizada do grande Outro de
Lacan, pois, ela é relativa à ligação interativa a-a'.
Reinik é o teórico da "self-disclosure", do auto-desvelamento pelo qual o analista se
deixa conhecer pelo paciente. O analista se descompleta e põe de manifesto que o Outro não é
infalível. Trata-se da maneira como Reinik coloca a barra sobre o grande Outro. Ele faz do
7
analista um sujeito barrado. Assim, se Ogden é o teórico do terceiro analítico sob a forma de uma
fusão de duas subjetividades, Reinik, acentua a separação, mas rebate-a também, sobre o eixo
imaginário: a // a'.
Foi, portanto, a partir dos anos 50, com Paula Heimann, quando a contra-transferência, e
não mais o sonho, tornou-se a via régia de acesso ao inconsciente do paciente, que o psicanalista
passou a estar implicado na experiência analítica enquanto sujeito do inconsciente. Na
psicanálise da contra-transferência, o psicanalista é qualificado, antes de tudo, por uma
receptividade que o conduz a uma coincidência com o inconsciente do paciente e é, no ápice
dessa coincidência, que se produz a interpretação justa da qual se obtém uma revelação da
verdade. Nessa perspectiva, a comunicação se efetua por uma via direta, imediata e sofrida. A
experiência analítica passa a ser concebida como o meio pelo qual o afeto se comunica.
Lacan e a contra-transferência
Na mesma época em que Paula Heimann propõe a contra-transferência como uma via de
saída para os impasses da ortodoxia, alojando o inconsciente em uma relação a dois e colocando
em marcha um processo que vai conduzir a psicanálise à negação do inconsciente, Lacan, em um
texto de 1951, "Intervenção sobre a transferência", oferece uma outra saída. Nela, o
inconsciente se instala em uma relação trans-individual muito mais complexa do que uma relação
a dois. À intersubjetividade, termo por ele introduzido na psicanálise, é dada uma estrutura
fundamentalmente dessimétrica, na qual se interpõe, entre analista e paciente, a função do que se
diz, ou seja, o muro do discurso. Não há nada em Lacan que seja da ordem de uma interação,
pois a função do grande Outro preserva sempre a dimensão do que, na experiência, é estrangeiro.
A psicanálise é definida como uma experiência de linguagem e não como uma experiência
afetiva. Além disso, a contra-transferência não será superposta a intersubjetividade. Ao contrário,
a transferência e a contra-transferência serão, ambas, correlativas de um momento de estagnação
ou de um ponto morto na dialética intersubjetiva. Ambas serão consideradas como obstáculos à
intersubjetividade.
Nesse texto, em seus comentários sobre o caso Dora, a contra-transferência é situada, da
maneira freudiana clássica, como negativa e se define como "a soma dos preconceitos, das
paixões, dos embaraços e até mesmo da informação insuficiente do analista num dado momento
do processo dialético” 9. Lacan não faz da contra-transferência um termo relativo à transferência
do paciente, mas a situa como constituída previamente no analista. Ela é o nome da insuficiência
do analista em dar a interpretação que conviria, ou seja, aquela que permitiria que o processo
dialético prosseguisse.
8
Opondo-se à corrente de Paula Heimann e bloqueando a via da contra-transferência como
bússola da experiência analítica, Lacan, nesse texto de 1951, vai afirmar que é a transferência
negativa de Dora que lhe parece relativa à contra-transferência de Freud. A inversão do sinal que
afeta a transferência de sua paciente foi ocasionada pela ignorância de Freud a respeito do objeto
de amor de Dora. Em função do que ele desconhece, Freud imputa sua própria resistência à sua
paciente, dizendo que o amor que o Sr. K. inspirava em Dora era objeto de forte resistência.
Freud impede, assim, que Dora possa reconhecer na Sra. K. o verdadeiro objeto de seu desejo.
Lacan inverte a ordem das relações entre transferência e interpretação, dizendo que o que
põe obstáculo à transferência positiva de Dora é a interpretação de Freud, pois ela favorece a
relação dual. Para Lacan, o desejo de Freud coincide com sua interpretação, segundo a fórmula:
"o desejo é sua interpretação".
Não se trata, portanto, da contra-transferência deste ou daquele, mas das conseqüências
da relação dual quando o analista não a ultrapassa. Para Lacan, o debate sobre contra-
transferência e empatia deve ser situado entre os impasses do registro imaginário e, a partir dos
anos 50, todo seu esforço será destinado a uma crítica generalizada de qualquer tendência a
analisar de "eu a eu". Sua insistência sobre a função do simbólico e a radical distinção entre o a
minúsculo e o A maiúsculo, lugar da palavra, têm como finalidade, entre outras, a de anular a
ideologia da comunicação interpessoal e destruir a ilusão da reciprocidade, dual e imaginária, da
comunicação entre inconscientes.
Assim, mesmo que Lacan, nessa época, definisse a psicanálise como uma prática que se
fundava na intersubjetividade, esta, à diferença da corrente americana de Ogden e Reinik, é uma
intersubjetividade desdobrada em uma intersubjetividade imaginária e recíproca e, uma outra,
simbólica e dialética.
Para Miller, esse texto de 1951, "Intervenção sobre a transferência", é uma intervenção
não apenas sobre a transferência e a contra-transferência, mas uma intervenção de Lacan contra a
transferência. Nesse tempo de seu ensino, ele sustenta que a transferência "não é nada de real no
sujeito" e a qualifica como obstáculo à ação do simbólico.
Mais tarde, em 1960, no Seminário "A Transferência", esta será designada como a
manifestação de uma "disparidade subjetiva” 10. Há um rompimento definitivo com qualquer
concepção da relação analítica como uma relação entre dois sujeitos e com a divisão entre, de um
lado, o analisante e a transferência e, de outro, o analista e a contratransferência.
A idéia de uma disparidade subjetiva quer dizer que na transferência há, por um lado,
uma questão que concerne ao sujeito do inconsciente, que não é nem o analista nem o analisante,
9
mas o sujeito enquanto uma questão da própria análise e, por outro lado, está em jogo um objeto,
que o analista é suposto representar.
No capítulo XIII, desse Seminário, intitulado "Crítica da contra-transferência", Lacan
começa por dizer que a posição do analisante com referência ao analista, mesmo que não
formulada, é: O que ele quer?
Para Lacan, é a função do desejo do analista que está em questão na transferência e é dela
que as elaborações dos analistas sobre a contra-transferência tentavam imaginariamente dar
conta, fosse pelos efeitos nocivos à sua função daquilo que representasse seu inconsciente
enquanto não analisado, fosse pelo que de melhor pudesse se produzir a partir da comunicação
dos inconscientes.
Para Lacan, por mais longe que uma análise tenha sido levada, não há elaboração
exaustiva do inconsciente. Há sempre uma "reserva de inconsciente", podendo-se apenas
conceber um sujeito advertido pela experiência da análise e capaz de utilizar seu inconsciente
como um instrumento de investigação. Trata-se, aqui, não de um inconsciente bruto, mas do
inconsciente mais a experiência do inconsciente. 11
É apenas em condições estritamente limitadas, ou seja, é por um desvio pelo Outro que o
inconsciente pode ser alcançado. É com um inconsciente que, de início, é do Outro que se faz a
experiência do inconsciente. Nem por isso, para aquele que levou esse reconhecimento do
inconsciente o mais longe possível, se poderia formular que essa experiência o colocasse fora do
alcance das paixões.
Em relação à via da apatia estóica, que demanda que o analista permaneça insensível às
seduções e agressões do paciente, Lacan se pergunta se podemos dizer que se afastar desse
caminho possa ser imputado a uma insuficiente preparação do analista. Para ele, por mais
analisado que seja, o analista não está isento de afetos de amor e ódio por seu paciente. Ao
contrário, quanto melhor o analista for analisado mais capaz ele será de ser tomado por esses
sentimentos e ter-se-ia, antes, maus augúrios em relação àquele que jamais houvesse sentido isso.
A exigência de uma apatia analítica não deveria, pois, estar enraizada em uma ausência de
sentimentos. A reserva do analista quanto aos seus sentimentos deve-se, segundo Lacan, a que
ele está possuído por um desejo mais forte que aquele que poderia levá-lo às vias de fato com seu
paciente, ou seja, a de tomá-lo nos braços ou a de atirá-lo pela janela.
Lacan recusa a teoria do fortalecimento do eu ou da dominação do eu sobre as pulsões, o
que implica que o analista tenha atingido um ideal de perfeição e define o fim da cura como uma
identificação com o analista. Para ele, o analista não é um ser superior. Lacan se opõe a essa
10
exaltação do eu e propõe ao analista que renuncie ao poder imaginário que a transferência lhe
confere. Fiel à teoria do narcisismo de Freud, ele acentua a função de desconhecimento do eu e
prega o fim do eu no analista. Para ele, o i(a) do analista deve se comportar como um morto, para
que o analisante possa encontrar em seu parceiro, que é seu próprio eu, a verdade do grande
Outro.
Será, pois, em torno da função essencial desse objeto novo, que foi introduzido na
psicanálise pelos teóricos da contra-transferência e que é o analista, que Lacan vai considerar os
fenômenos da transferência e dizer, mais tarde, no Seminário XI, que "A transferência é um
fenômeno no qual estão incluídos juntos o sujeito e o psicanalista. Dividi-lo em termos de
transferência e contra-transferência,..., nunca passa de uma forma de elidir aquilo de que se
trata”. 12
Os desvios provocados pela divisão transferência/contra-transferência, no tanto que esta
evoca uma relação de eu a eu, escamoteiam a responsabilidade do analista. "A falsa consistência
da noção de contra-transferência, ─ diz Lacan em “Variantes do tratamento padrão” ─ sua
popularidade e as fanfarronadas que ela abriga explicam-se por servir de álibi: o analista
furta-se de considerar a ação que lhe compete na produção da verdade."13
Para Lacan, só é possível compreender a maneira de proceder dos teóricos da contra-
transferência no registro do que seria o lugar do objeto em sua relação com o desejo, na medida
em que esta relação é determinada no interior de uma outra, mais vasta, que é a da exigência de
amor. Mesmo que o sujeito não saiba, é no Outro que esse objeto funciona. E, o que se apresenta
sob o título de contra-transferência não passa de um efeito irredutível da situação da transferência
que, pelo simples fato de existir, implica o analista na posição de conter o agalma, ou seja, de
conter esse objeto condicionado pela fantasia fundamental na qual o sujeito se fixa como desejo.
Trata-se de um efeito legítimo da transferência, que não torna necessária a intervenção da contra-
transferência, como se ela fosse a parte própria do analista e, mais ainda, a parte faltosa do
analista. Para reconhecê-la, diz Lacan, é preciso apenas que o analista saiba que "o critério de
sua posição correta não é que ele compreende ou não compreende”. 14
Para Lacan, não é essencial que o analista compreenda, sendo preferível não compreender
a uma confiança grande demais na compreensão, pois, o que se procura é justamente aquilo que,
em princípio, não se compreende. É na medida em que o analista "sabe o que é o desejo, mas
não sabe o que esse sujeito com quem embarcou na aventura analítica deseja, que ele está na
posição de ter em si, desse desejo, o objeto”. 15
A via da empatia, vetorizada pelo insight ou pela noção de uma compreensão
interna proveniente do inconsciente do analista é, em Lacan, reduzida a um processo lógico. O
11
que Lacan desenvolve sobre a lógica do fantasma, considerada como uma lógica da direção da
cura, é que, nela, a dedução é interna à cadeia significante inconsciente do paciente. Ela não é
uma dedução que viria da emoção ou do inconsciente do analista. O que orienta o ensino de
Lacan é a posição do analista a partir de um "não penso", a partir de uma posição definida como
exterior ao inconsciente, que se esclarece como um exterior íntimo. É uma necessidade lógica
que o analista faça exceção, em sua posição, ao conjunto de pensamentos dos quais se ocupa.
A função do objeto em jogo na transferência, desse objeto já constituído no Outro, Lacan
vai buscá-la, em Platão, no objeto imaginarizado por Alcebíades no interior do corpo de
Sócrates, sob o termo de agalma. Tal como esse objeto precioso é suposto estar contido no
interior oco dos silenos, é a atração suscitada pelo saber de Sócrates sobre as coisas do amor que
desperta a paixão amorosa. O brilho do objeto é transferido ao saber que é suposto contê-lo e,
nessa suposição, o saber emerge revestido da característica de uma preciosidade a ser recebida,
suscitando a submissão amorosa que quer obter o objeto sob a forma do saber.
É assim que o sujeito que, pelo próprio princípio da situação analítica, é introduzido
como digno de interesse e de amor, ou seja, é introduzido como amado (eromênos), sofre os
efeitos de ser virtualmente constituído como amante (erastés), metáfora que constitui, em si
mesma, o fenômeno do amor. Amar para transformar-se na coisa amada, eis a estratégia
enganadora do amor, comandada pelo recalque, para escamotear o desejo.
Nessa vertente do amor como uma demanda, do amor vinculado ao saber, o engano é o
termo com o qual Lacan articula a transferência à dialética dos objetos do amor e do desejo. Ele
faz do sujeito suposto saber um engano que é de estrutura e que faz supor que "o inconsciente já
esteja aí". O analista é levado "a supor o engano que para ele não é mais sustentável", tratando-
se, todavia, de um engano que é da ordem de um "engano útil”, com o qual se joga, pois, mesmo
que seja enganador, ele relança o processo. Estrutural e necessário, o engano amoroso da
transferência, ao dirigir-se àquele que é suposto saber a significação, como esta, concerne ao
desejo em sua dependência do desejo do Outro e da castração. 16
Do objeto de amor ao objeto do desejo, o transcurso do ensino de Lacan vai acentuar a
função do objeto enquanto causa do desejo e é o próprio analista que será convocado a ocupar
esse lugar. Desde então, o analista passa a não estar presente no campo do Outro senão enquanto,
nele, ele falta. É o fim do analista sujeito.
A estrutura do discurso implica um único sujeito: o sujeito suposto saber. Basta
somarmos ao saber a significação que ele é suposto conter para obtermos o desejo do analista. A
significação implica a dimensão do desejo e, portanto, implica que o analista não possa recusar-
se a ela, estando nela implicado. O desejo do analista é uma função que Lacan designa como um
12
x, ou seja, como uma enunciação. Ele não deve ser confundido com o desejo pessoal de um
analista.17 O desejo do analista, conforme a definição do desejo, é uma função proveniente do
lugar do Outro e é, ao fazer calar seu próprio desejo, que o psicanalista permite que, nesse lugar,
se manifeste a alienação do desejo do sujeito.
O único sujeito que está em questão na operação analítica é o sujeito da fantasia (S ◊ a) e,
nesse sentido, é enquanto objeto da fantasia de um outro que o analista está em questão na
direção de uma cura. A dificuldade passa a ser o gozo do analista ao ocupar esse lugar
polivalente, que funciona ao sabor de cada um dos sujeitos. A questão do desejo de ocupar um tal
lugar torna-se solidária do franqueamento que se produz em uma análise na passagem de
analisante a analista.
Nesse ponto, podemos retornar ao início deste trabalho e repetir, com Miller, que o
sujeito suposto saber, “mentira estrutural da experiência”, é um artifício congruente com o
simbólico no real. Da interpretação à transferência, o analista passa do lugar do Outro, em sua
função de intérprete, para o lugar do objeto a, ainda latente, quando se produzem os primeiros
fenômenos da interpretação. Da passagem do analista do lugar de uma espécie de "provedor" da
conexão com o inconsciente, que se articula à vertente do sentido do sintoma, ao lugar de um
objeto condensador do gozo, que presentifica, para além do sentido, a porção libidinal do
sintoma, a transferência aponta para o que há de real no inconsciente.
Essência do sujeito suposto saber, o objeto a revela sua face real. Diante desse real sem
lei, em jogo na experiência analítica, o ensino de Lacan se orienta pela noção de que o analista
não é um sujeito e pela promoção do objeto a ao lugar de semblante. O ensino de Lacan é uma
escolha orientada pela desubjetivação do analista e sua transformação em objeto, ou seja, pela
redução do seu desejo a um x. Essa é a única via pela qual o inconsciente do analista, tratado em
sua própria análise, não se intrometa no tratamento que ele dirige e pela qual, desse lugar de
objeto, ele não possa proporcionar-se qualquer consistência. A operação analítica lança o
psicanalista no “des-ser” que exprime seu “não penso”. Do lugar de semblante de objeto, o
analista deverá saber fazer com o surgimento inesperado do inconsciente nos seus analisantes e
fazer de sua prática uma prática que objete a qualquer ritual. 18
Bibliografia
1 LACAN, Jacques – Respostas a estudantes de filosofia. In: Outros Escritos, Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor,
2003, p. 218.
13
2 MILLER, Jacques-Alain – Réflexions sur le moment présent. Orientation Lacanienne III,4 – cours no 1, 14.11.2001,
p. 4.3 Ibidem, p. 4.4 Ibidem, p. 6.5 LACAN, Jacques – Televisão. In: Outros Escritos, Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor, 2003, p. 515.6 Citado por Graciela Brodsky em sua apresentação no Seminário de Orientação Lacaniana de Jacques-Alain Miller,
em Paris, 06.02.02.7 Carta de S. Freud de 20 de fevereiro de 1913, citada in: BISWANGER, L. – Discours, parcours, et Freud, Paris,
Gallimard, 1955, p.317.8 MILLER, Jacques-Alain – Contre-transfert et intersubjectivité. In: La cause Freudienne, n o 53 , février, 2003, p.
14-34.9 LACAN, Jacques – Intervenção sobre a transferência. In: Escritos, Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor, 1998, p.
224. 10 LACAN, Jacques – No começo era o amor. In: O Seminário, livro VIII, A Transferência, Rio de Janeiro, Jorge
Zahar Editor, 1992, p.11. 11 LACAN, Jacques – A crítica da contra-transferência. In: O Seminário, livro VIII, A Transferência. Op. cit, p.
184. 12 LACAN, Jacques – Do sujeito suposto saber, da díade primeira e do bem. In: O Seminário, livro XI, Os quatro
conceitos fundamentais da psicanálise, Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor, 1985, p. 219. 13 LACAN, Jacques – Variantes do tratamento padrão. In: Escritos. Op. cit, p. 334. 14 LACAN, Jacques – A crítica da contra-transferência. In: O Seminário, livro VIII, A Transferência. Op. cit, p. 195. 15 Ibidem, p. 195. 16 MILLER, Jacques-Alain – Contre-transfert et intersubjectivité. Op. cit, p. 38. 17 COTTET, Serge – A ação do psicanalista. In: Freud e o desejo do psicanalista, Rio de Janeiro, Jorge Zahar
Editor, 1989, p. 158. 18 ALVARENGA, Elisa – A contra-transferência: nem princípio nem regra da prática analítica. In: Testemunhos
de analistas da Escola. Site da AMP, 27.07.2004.
14