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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO VEZ DO MESTRE A CONTRIBUIÇÃO DA PSICOMOTRICIDADE NA TERAPIA DA REABILITAÇÃO DA COLUNA VERTEBRAL NA TERCEIRA IDADE Por: Tatiane Rolim de Oliveira Rio de Janeiro, jan. 2005

A CONTRIBUIÇÃO DA PSICOMOTRICIDADE NA TERAPIA DA ... ROLIM DE OLIVEIRA.pdf · Uma lesão na coluna cervical resulta em tetraplegia, porque secciona as fibras nervosas, comprometendo

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO VEZ DO MESTRE

A CONTRIBUIÇÃO DA PSICOMOTRICIDADE NA

TERAPIA DA REABILITAÇÃO DA COLUNA

VERTEBRAL NA TERCEIRA IDADE

Por:

Tatiane Rolim de Oliveira

Rio de Janeiro, jan. 2005

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TATIANE ROLIM DE OLIVEIRA

Aluna do Curso de Psicomotricidade da UCAM

Turma 630

A CONTRIBUIÇÃO DA PSICOMOTRICIDADE NA

TERAPIA DA REABILITAÇÃO DA COLUNA

VERTEBRAL NA TERCEIRA IDADE

Trabalho monográfico de conclusão do

Curso de Psicomotricidade, apresentado

à UCAM como requisito parcial para a

obtenção do título de Pós-Graduação

“Lato Sensu”.

Rio de Janeiro, jan. 2005

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AGRADECIMENTOS

Minha mais profunda gratidão às pessoas que direta ou

indiretamente, contribuíram para a realização deste

trabalho. Aos amigos pelo apoio, carinho e paciência,

aos professores por ajudar-me a levar este trabalho a

uma conclusão positiva, e a todos aqueles que com

fé, acreditaram na minha capacidade de conquista.

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DEDICATÓRIA

Todo mundo tem alguém especial ao seu lado, que sempre

está pronto a ajudar, aconselhar e dar uma mão na hora da

necessidade. Fui abençoada com duas pessoas especiais,

que sempre estiveram presentes quando precisei, por isso

dedico este trabalho aos meus pais queridos, Leonidas e

Marilene, que acreditaram no meu potencial, me apoiando

em tudo, sem eles não teria me tornado a pessoa que sou.

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EPÍGRAFE

Dentro de cada criança há uma força escondida, uma

habilidade desconhecida, um herói esperando ser

descoberto. As atividades ajudam a perceber que

elas tem potencial par fazer sempre melhor e ir além

do que jamais imaginaram, ultrapassando seus próprios

limites. Afinal é assim que nos tornamos heróis.

Anônimo.

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RESUMO

A CONTRIBUIÇÃO DA PSICOMOTRICIDADE NA TERAPIA DA

REABILITAÇÃO DA COLUNA VERTEBRAL NA TERCEIRA IDADE

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

CURSO DE PSICOMOTRICIDADE

Por:

TATIANE ROLIM DE OLIVEIRA

O objetivo deste trabalho é verificar os benefícios que as aulas de alongamento,

auxiliadas por um psicomotricista, possa vir a oferecer na reabilitação das lesões da

coluna vertebral em idoso de 65 a 75 anos. A metodologia utilizada foi a pesquisa

bibliográfica, foram considerados, como amostra, as observações dos alunos da

academia Physical Swin, do bairro da Tijuca, na cidade do Rio de Janeiro, durante as

aulas de alongamento.

Os movimentos lubrificam os músculos, ligamentos e articulações, quando somos

sedentários, os músculos perdem o tônus e os grupos musculares que nos mantêm eretos

tornam-se desiguais. As articulações ficam extenuadas, perdem o espaço de seus

encaixes, e começam a sofrer de desgaste natural, causando as famosas lesões por

inatividade, tendo assim menos vontade de nos movermos, porque já não é mais

confortável fazê-lo. As articulações endurecem e os músculos e ligamentos, desprovidos

de atividade, perdem sua função, ficando difícil a movimentação. Isso é envelhecimento

precoce, Com o alongamento diário pode-se reduzir esse endurecimento, permitindo

com que se desfrute do corpo, independente da idade e do estágio de condicionamento

em que se encontra.

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O exercício físico beneficia não somente os músculos, as articulações e o organismo em

sua totalidade, contribuem para o equilíbrio psíquico e afetivo do idoso, proporcionando

segurança e integração social, provocando também uma melhora no percentual de

gordura corporal e na “normalização” da pressão arterial. (Leite, 1990).

A atividade física bem estruturada e elaborada para o idoso, pode recuperar o ritmo e a

expressividade do corpo, agilizar os reflexos e adequar os gestos a diferentes situações.

É importante que o idoso seja respeitado como ser humano que é, com todas as

limitações inerentes a sua idade. Observou-se que é possível obter uma melhora

significativa das lesões da coluna vertebral com uma boa flexibilidade, com uma

postura adequada e correta, com auto-estima, força de vontade e paciência, por isso a

importância do trabalho do psicomotricista, voltada à terceira idade.

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METODOLOGIA

A investigação caracteriza-se como uma pesquisa bibliográfica, através de livros e

artigos já publicados, trabalhando em cima dos fatos, sobre como obter uma melhora

significativa com relação às lesões posturais nas aulas de alongamento para a terceira

idade. O universo do presente estudo será voltado a idosos, de ambos os sexos, com

problemas de lesões na coluna vertebral.

Tendo como objetivo verificar os benefícios que a psicomotricidade possa auxiliar a

reabilitação das lesões na coluna vertebral, melhorando com este procedimento a

qualidade de vida do idoso.

Através desta pesquisa, os profissionais com a visão psicomotricista poderão trabalhar

em suas aulas com a terceira idade, visando uma melhora significativa das lesões da

coluna vertebral.

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SUMÁRIO

Introdução ...............................................................................................................

Capítulo 1

Áreas Psicomotoras ............................................................................................

1.1 Tipos de Áreas Psicomotoras ..................................................................

Capítulo 2

Lesões da Coluna Vertebral ...............................................................................

2.1 Lesões Congênitas ou Adquiridas da Coluna Vertebral .........................

2.2 Postura Ereta ...........................................................................................

Capítulo 3

Flexibilidade .......................................................................................................

3.1 Tipos de Flexibilidade .............................................................................

3.2 Benefícios da Flexibilidade .....................................................................

Conclusão ................................................................................................................

Bibliografia .............................................................................................................

Índice .......................................................................................................................

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12

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17

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22

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INTRODUÇÃO

A terceira idade é uma etapa onde ocorre uma diminuição das capacidades físicas e

psicológicas que levam ao surgimento de patologias, já não se tem a mesma vitalidade,

a diminuição dos movimentos e do raciocínio, onde o corpo impõe limites, tornando

este um processo irreversível. “O envelhecimento é a conseqüência de alterações que os

indivíduos demonstram, de forma característica, com o processo do tempo, da idade

adulta até o fim da vida”. (Singer,1981).

A psicomotricidade possibilita a prevenção de uma série de doenças, tais como,

disfunções psicomotoras, problemas de circulação, agitação corporal, hiperatividade,

artrites e artroses, problemas posturais, além de atividades da vida diária, onde estes

influenciam em aspectos funcionais, visando o aumento da força, da flexibilidade, do

equilíbrio e da função cárdio-vascular. A psicomotricidade é a ciência que se ocupa do

estudo do homem em movimento e com a evolução das relações de seu corpo, com seu

mundo interno e com seu mundo externo. (Sociedade Brasileira de Psicomotricidade,

2001).

Segundo Arnheim,1971; Atene Khight, 1978; Bryant, 1984, a prática de exercícios de

alongamento para o aumento da flexibilidade, é baseado na idéia de que este pode

diminuir a incidência, a intensidade ou a duração da lesão musculotendinosa e articular.

Dantas (1999), relata também que a flexibilidade apresenta grande relação com a

qualidade de vida e o bem-estar do ser humano. “Uma flexibilidade adequada auxilia o

ser humano, tanto a encontrar seu equilíbrio funcional nas diversas vivências, quanto a

participar integralmente de inúmeras atividades, seja de lazer, seja na instância

comunitária”. (Dantas et al., 2002)

A coluna vertebral é constituída de 33 vértebras, dispostas em 5 regiões: região cervical

com sete vértebras; região torácica com doze vértebras; região lombar com cinco

vértebras; região sacral com cinco vértebras; região coccígea com quatro vértebras. Esta

possui nervos que levam informações motoras e sensitivas para os membros inferiores e

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superiores e para o tronco. A coluna vertebral possui quatro curvaturas que são normais:

a lordose cervical, a cifose torácica, a lordose lombar e a cifose coccígea, um aumento,

acentuação ou diminuição destas curvaturas podem representar doenças, precisando ser

tratadas.

Uma lesão na coluna cervical resulta em tetraplegia, porque secciona as fibras nervosas,

comprometendo as partes abaixo do ferimento. Uma lesão na coluna torácica pode

provocar a perda da movimentação das pernas e do tronco; já na coluna lombar, a perda

da movimentação das pernas.

Os exercícios ajudam a manter a capacidade física, à medida que o tempo envelhece a

todos, aumentando a qualidade de vida, diminuindo o risco de quedas, de lesões,

mantendo ou melhorando a funcionalidade (Kauffmann & Jackson, 2001).

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CAPÍTULO I

ÁREAS PSICOMOTORAS

Segundo a Sociedade Brasileira de Psicomotricidade (2001), a psicomotricidade “é a

ciência que estuda o homem através do seu corpo em movimento em relação ao seu

mundo interno e externo e de suas possibilidades de perceber, atuar e agir com o outro,

com os objetos e consigo mesmo. Está relacionada ao processo de maturação, onde o

corpo é a origem das aquisições cognitivas, afetivas e orgânicas”.

Psi (emocional e cognitivo) e Motricidade (movimento), corpo e mente acontecendo

juntos, criando assim um sentimento de unidade, que dará sentido para o corpo, para a

mente e para a saúde. O papel da psicomotricidade no campo clínico é tratar das

alterações que envolvam o tônus muscular, o movimento, a postura, refletindo na

aprendizagem e na conduta, no bem-estar do ser humano e de seu corpo em suas relação

ao meio.

1.1 Tipos de Áreas Psicomotoras

1.1.1 Esquema Corporal

“Esquema corporal é a representação que cada um faz de si mesmo e que lhe permite

orientar-se no espaço, baseando-se em dados sensoriais proprioceptivos e

exteroceptivos, sendo esta representação necessária à vida normal”. (H. Pieron)

J. Le Boulch, define esquema corporal como “uma intuição de conjunto ou um

conhecimento imediato que temos do nosso próprio corpo, seja em posição estática ou

em movimento, em relação às diversas partes entre si e, sobretudo, nas relações com o

espaço e os objetos que o circundam”.

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O esquema corporal refere-se ao conhecimento que temos do nosso corpo; provêm de

informações proprioceptivas, interoceptivas e exteroceptivas; é pré-consciente e

conciente; é um conceito intuitivo e sintético do corpo, possuindo quatro aspectos que o

constituem:

1. Nomeação das partes do corpo;

2. Localização das partes do corpo;

3. Conscientização das partes do corpo;

4. Utilização das partes do corpo.

É através das sensações, dos nossos sentidos que recebemos os estímulos do meio

externo. “A sensação gera movimento e vice/versa, o sentimento gera emoção e

vice/versa, o pensamento gera a palavra e vice/versa”. (Beatriz Saboya, 1995).

As percepções surgem a partir das nossas diferentes sensações, podendo ser divididas

em três grupos fundamentais:

• As Introceptivas – que dão sinais do meio interno do organismo e asseguram a

regulação das necessidades elementares.

• As Proprioceptivas – que dão informações sobre a posição do corpo no espaço

e sobre as posturas, garantindo a regulação dos movimentos.

• As Exteroceptivas – que dão sinais vindos do mundo exterior, criando a base do

nosso comportamento consciente: olfato, visão, audição, tato e paladar.

1.1.2 Imagem Corporal

Sua construção está relacionada com a história individual de cada um e as relações que

este estabelece com os afetos que recebe nas relações com o mundo, é construída com

base nos contatos sociais, nas relações com o outro, sendo resultado de um processo de

co-construção, é um conceito subjetivo, sendo singular, é inconsciente, não é um

fenômeno estático, pois sofre as mutações a cada afeto recebido, podendo modificar-se

a cada instante, até o fim de nossos dias.

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1.1.3 Orientação Espacial e Temporal

É importante no processo de adaptação do indivíduo com o ambiente, todo corpo

animado ou inanimado ocupa necessariamente um espaço em dado momento, está

ligado à consciência, a memória e as experiências vivenciadas pelo indivíduo.

• Noções Espaciais: (espaço imediato)

Noções de situação, tamanho, posição, movimento, forma, quantidade.

• Orientação Espacial: (discriminação visual)

Noções de forma, quantidade, comprimento, tamanho, orientação esquerda e direita,

descobrir o que está faltando, memória visual, descobrir figuras idênticas.

• Organização Espacial

Quebra-cabeças, mapas, etc.

A linguagem é um pré-requisito fundamental na estruturação do tempo, a noção de

tempo envolve simultaneamente, noção de duração, ordem, sucessão e permite que o

indivíduo se situe, se organize e coordene suas atividades e sua vida cotidiana, dando

seqüência a seus pensamentos, gestos, movimentos sem se “atropelar”.

1.1.4 Coordenação Motora

É instintiva e ligada ao desenvolvimento físico, união harmoniosa de movimentos, a

coordenação supõe integridade e maturação do sistema nervoso. A coordenação é

subdividida em:

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• Coordenação Motora Dinâmica

Está envolve movimentos amplos com todo o corpo e desse modo coloca grupos

musculares diferentes em ação simultânea, com vistas à execução de movimentos

voluntários mais ou menos complexos.

• Coordenação Visomanual

Engloba movimentos dos pequenos músculos em harmonia, na execução de

atividades utilizando dedos, mãos e punhos.

• Coordenação Visual

Refere-se a movimentos específicos com os olhos das mais variadas direções.

1.1.5 Equilíbrio

O aparelho labiríntico, órgão central do equilíbrio, mieliniza-se precocemente, muito

antes que todos os núcleos dos nervos cranianos. O equilíbrio não é mais que um

sistema incessantemente modificável de reações compensadoras que parecem, em todo

momento, modelar o organismo frente às forças opostas do mundo exterior.

Segundo Ajuriaguerra (1972), “o tônus que prepara e guia o gesto é simultaneamente a

expressão da realização ou frustração do indivíduo”.

Pode ser dividido em dois tipos:

• Equilíbrio Estático

Movimentos não locomotores.

• Equilíbrio Dinâmico

Movimentos locomotores

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1.1.6 Lateralidade

O desenvolvimento da lateralidade é importante na evolução, adaptação, formação do

esquema corporal, percepção da simetria do próprio corpo e do eixo corporal, e

vice/versa, este desenvolvimento ocorre naturalmente no individuo, que aos poucos irá

definindo-se qual dos lados terá mais força, será mais ágil, terá melhor coordenação

motora, etc. A lateralidade demonstra ser um fator necessário para a aquisição da

estabilidade e do equilíbrio, com relação à linha vertical que divide o corpo, e também

para a aquisição de uma boa postura.

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CAPÍTULO II

Lesões da Coluna Vertebral

A coluna vertebral é o eixo ósseo do corpo, situada no dorso, na linha mediana, capaz

de sustentar, amortecer e transmitir o peso corporal. Além disto, supre a flexibilidade

necessária à movimentação, protege a medula espinhal e forma com as costelas e o

esterno o tórax ósseo, que funciona como um fole para os movimentos respiratórios. A

coluna é formada de 33 vértebras; 24 pré-sacrais, sendo 7 cervicais, 12 torácicas e 5

lombares; pelo sacro composto de 5 vértebras fundidas e pelo cóccix formado de 4

vértebras rudimentares fundidas entre si, sendo que a 1ª. vértebra coccígea, um pouco

mais volumosa, se articula com o ápice do sacro através de um disco intervetebral

rudimentar.

As curvaturas cervical e lombar são compensatórias da postura ereta assumida pelo ser

humano. a cervical suporta o peso da cabeça e alivia, em parte, a ação dos músculos da

nuca em manter a extensão da cabeça e do pescoço. A lombar compensa a desvantagem

da curvatura torácica e sustenta o peso do corpo, nas mulheres a curvatura cervical é

mais branda e a lombar mais acentuada.

2.1 Lesões Congênitas ou Adquiridas da Coluna Vertebral:

2.1.1 Cifose

É um aumento exagerado na curvatura torácica, conhecida como corcunda. Quando

ocorre uma inversão na direção das curvaturas lombar e cervical estas deformidades são

conhecidas como cifose cervical e cifose lombar. A cifose torácica pode ser uma

compensação de uma lordose lombar ou uma compressão dos corpos vertebrais, a cifose

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lombar e cervical, são acompanhadas de uma escoliose, sendo conseqüentes ao

crescimento desigual de vértebras. Ocorre em casos de osteoporose.

2.1.2 Lordose

É um aumento exagerado nas curvaturas cervical e lombar, podendo ser uma

compensação de uma cifose ou à flacidez muscular com ou sem aumento de peso

anterior à coluna. Ocorre muito na obesidade e na gravidez.

2.1.3 Escoliose

É uma deformidade em que existe uma ou mais curvaturas laterais da coluna, podendo

ser fisiológica ou patológica. No caso de ser uma deformidade fisiológica, a coluna

curva-se lateralmente devido à diferença de peso nas duas metades do corpo em

conseqüência. Já a patológica, aparece na infância e é progressiva, a causa é o

crescimento desigual das vértebras, como a presença de vértebras em cunha ou

hemivértebras.

2.1.4 Espinha Bífida

É um defeito de fechamento do arco vertebral, a forma benigna, chamada de espinha

bífida oculta, às vezes é assintomática e o defeito ósseo é um achado radiológico. A pele

relacionada ao defeito ósseo pode vir a apresentar uma mancha avermelhada e com uma

quantidade maior de pelos.

Nos casos graves, que é o chamado de espinha bífida aberta, as meninges e o líquor se

exteriorizam e formam uma hérnia.

2.1.5 Espondilólise

É um defeito de fechamento do arco vertebral ao nível de lâmina, logo posterior ao

pedículo. Quando a falha é bilateral, uma parte anterior da vértebra está unida, por

tecido conjuntivo denso, com o restante do arco vertebral. Em conseqüência de um

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trauma ou de uma hiperextensão, a parte anterior da 5ª lombar pode deslizar junto com o

restante da coluna sobre a 1ª vértebra sacral, este deslizamento patológico denomina-se

espondilolistese.

2.1.6 Osteofitose

É o crescimento de esporões ósseos com forma e tamanho diferentes, denominados

osteófitos (bicos de papagaio). Os osteófitos podem se desenvolver nos contornos

ântero-laterais, póstero-laterais das bordas dos corpos vertebrais e além de limitar

movimentos, podem comprimir a medula espinhal ou suas raízes nervosas.

2.1.7 Hérnia de Disco

É o extravasamento do núcleo puposo, devido a uma fraqueza do anel fibroso.A

protusão pode ser provocada por um trauma ou por degeneração (envelhecimento do

disco). A compressão do disco em uma direção movimenta, o núcleo pulposo em

direção oposta, assim a herniação pode acontecer em diversas direções (ântero-lateral,

anterior, póstero-lateral, posterior). Na curvatura cervical, a hérnia é mais freqüente no

disco entre as vértebras C5 e C6, na curvatura lombar, a freqüência ocorre no 5º disco,

seguindo em ordem decrescente no 4º e 3º disco.

2.2 Postura Ereta

A realização de esforços repetitivos e constantes, geralmente acompanhados da

manipulação e do transporte de objetos de grande peso, as alterações ambientais, o

sedentarismo, trouxeram consigo as anormalidades da coluna vertebral, as patologias

como hérnias abdominais, prolapso uterino, lesões de discos intervetebrais e varizes dos

membros inferiores e do testículo, são decorrentes de uma mau adaptação à postura

ereta.

Metheny, (1952) “Não existe uma só postura melhor para todos os indivíduos. Cada

pessoa deve pegar o corpo que possui e tirar o melhor possível dele. Para cada pessoa, a

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melhor postura é aquela em que os segmentos corporais estão equilibrados na posição

de menor esforço e máxima sustentação.”

Uma pelve inclinada coloca as vértebras lombares inferiores numa posição tal que as

forças de compressão tendem a fazer com que as vértebras superiores deslizem,

anteriormente, sobre as inferiores, os músculos eretores da espinha, o reto femoral, o

tensor da fáscia lata e os ligamentos iliotibiais atuam no sentido de colocar a coluna em

hiperextensão. os principais músculos que contrabalançam esse efeito são os

abdominais, geralmente, estão fracos por desuso, a debilidade dos abdominais pode

levar a uma postura viciosa: a curvatura lordótica é aumentada, o centro de gravidade do

corpo se coloca atrás dos corpos das vértebras lombares inferiores, e a tendência das

vértebras lombares a se deslocarem aumenta, proporcionalmente. As lesões desse tipo

ocorrem na região lombosacral, os exercícios de resistência progressiva, destinados a

fortalecer a musculatura das costas e a abdominal e a reduzir o desequilíbrio de forças

entre os extensores das costas e os flexores do tronco, parecem proporcionar alívio para

os sintomas de dor crônica nas costas.

21

CAPÍTULO III

FLEXIBILIDADE

A postura é um conceito dinâmico e não estático. Segundo o American College of

Sports Medicine (1998), o termo flexibilidade abrange a amplitude de movimentos de

simples ou múltiplas articulações e a habilidade para desempenhar tarefas específicas.

Dantas (1999, p.57) completa dizendo que flexibilidade é uma “qualidade física

responsável pela execução voluntária de um movimento de amplitude angular máxima,

por uma articulação ou conjunto de articulações, dentro dos limites morfológicos, sem

riscos de provocar lesão”.

A flexibilidade é a amplitude de movimentos disponíveis em uma articulação ou grupo

de articulações, podendo ser classificada como balística, dinâmica, funcional ou

estática. Um programa de flexibilidade pode ocasionar resultados benéficos, que podem

ser quantitativos ou qualitativos: relaxamento do estresse e da tensão; relaxamento

muscular; autodisciplina; melhora da aptidão corporal; melhora postural; alívio de

cãibras musculares; alívio do sofrimento muscular e redução de lesões ou dores

vertebrais.

A flexibilidade está relacionada com o tipo corporal, o sexo, a idade, a estrutura óssea,

estrutura articular e com outros fatores que escapam do controle do indivíduo. Esta é

uma função dos hábitos de movimentos, da atividade e da inatividade; o trabalho e o

exercício, que limitam uma articulação a uma amplitude de movimento restrita, tende a

reduzir a flexibilidade. A falta de flexibilidade normal perturba a extensão e a qualidade

do desempenho podendo ser responsável por transtornos específicos, a diminuição da

flexibilidade que, normalmente, acompanha o envelhecimento é causada pela falha em

manter o movimento numa amplitude completa.

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Weineck (1999) aponta que o desenvolvimento da força e da flexibilidade é muito

significativo na melhora da saúde e do bem-estar de qualquer sujeito. Dantas et al.

(2002) afirmam que a flexibilidade, conjugada com a força, permite ao idoso

desincumbir-se das tarefas diárias com reduzido risco de lesões. A flexibilidade é uma

qualidade física que não se desenvolve uniformemente em todas as articulações do

corpo.

3.1 Tipos de Flexibilidade

3.1.1 Flexibilidade Absoluta – nível máximo de amplitude articular, é obtida com

movimentos estáticos.

3.1.2 Flexibilidade de Trabalho – nível de amplitude alcançado na execução de um

movimento específico, é obtida com movimentos dinâmicos.

3.1.3 Flexibilidade Residual – nível de amplitude superior a de trabalho, a qual

ajuda evitar movimentos descoordenados e possíveis lesões.

3.1.4Flexibilidade Geral – refere-se ao desenvolvimento harmônico e equilibrado

de todas as articulações.

3.1.5 Flexibilidade Específica – refere-se ao desenvolvimento acentuado em uma

articulação específica.

3.1.6 Flexibilidade Tônica – obtenção de um estado ótimo de preparação da

musculatura para realizar diversos tipos de atividade.

3.2 Benefícios da Flexibilidade

3.2.1 A Nível Fisiológico - Regula o tônus muscular;

- Melhora a coordenação inter e intramuscular;

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- Melhora a circulação sangüínea;

- Intervém na melhora das funções vegetativas (basais);

- Ajuda a mulher durante a gravidez e o parto;

- Melhora as funções respiratórias;

- Pode evitar cardiopatias e outras enfermidades;

- Retarda os sintomas de fadiga e permite uma rápida recuperação.

3.2.2 A Nível Mecânico

- Melhora a amplitude do movimento;

- Facilita a economia do gesto técnico (está relacionado ao menor gasto metabólico na

execução de um determinado movimento, ocorrido em função da menor resistência

imposta pelos músculos antagonistas);

- Diminui a tensão da coluna vertebral;

- Atua como estabilizador e corretor postural;

- Equilibra a função sinérgica do movimento.

3.2.3 A Nível Físico e Motor

- Melhora as qualidades físicas principalmente a velocidade e a força;

- Melhora as qualidades motoras de coordenação, equilíbrio, agilidade, percepção

corporal, etc;

- Facilita a aquisição de técnicas esportivas e o condicionamento físico geral.

3.2.4 A Nível Psíquico

- Melhora a auto-imagem;

- Atua como regulador dos estados emocionais;

- Canaliza os estados de ansiedade e estresse e diminui a tensão psíquica;

24

- Predispõe aos estados de relaxamento;

- Melhora o conhecimento de si mesmo;

- Possibilita momentos de reflexão e análise;

- Melhora as relações sociais.

3.2.5 A Nível Higiênico

- Ajuda na obtenção de uma beleza corporal;

- Produz uma sensação de rejuvenescimento;

- Melhora a qualidade de vida;

- Atua como promotor da saúde.

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CONCLUSÃO

Conclui-se que parte da deterioração atribuída ao envelhecimento está atualmente

relacionada com a inatividade física. O alongamento endireita o corpo, melhora o tônus

muscular, aumenta a flexibilidade; poucas pessoas possuem um corpo alinhado

perfeitamente, porem podemos melhorar substancialmente a definição dos músculos e

transformar a aparência erguendo a coluna. O alongamento nos torna mais consciente de

nosso organismo, ajuda a controlar e reduzir o estresse emocional e o esgotamento,

enfatizando a vitalidade, alterando assim a qualidade de vida.

A flexibilidade precisa ser reconhecida como fator crucial no movimento hábil,

desempenhando um papel significativo na determinação do resultado final de vários

desempenhos ou situações. O envelhecimento não é simplesmente o passar do tempo,

mas as manifestações de eventos biológicos que ocorrem ao longo da vida. (Robergs e

Roberts, 2002). A expectativa de vida no Brasil está aumentando, o valor médio atual

está em 68,7 anos, sendo 72,6 anos para as mulheres e 64,8 anos para os homens (IBGE,

2002), torna-se preocupante para a saúde e para bem-estar dos idosos. Por isso é

necessário a atuação dos psicomotricistas nesta área evitando assim a perda da

flexibilidade e melhorando a qualidade de vida do idoso.

A flexibilidade pode ser aplicar como parte importante na reabilitação terapêutica ou

profilática de casos como lombalgias, dismenorréias, tensões neuromusculares e lesões

na coluna vertebral.(Badley e Wood, 1982; Suzuki e Endo, 1993). A eficiência do

movimento humano depende da flexibilidade (Cornelius e Hinson, 1980), Certo grau de

flexibilidade é necessário para a execução de movimentos corporais harmoniosos

(Rapoport, 1984).

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Funcional de Idosas Independentes, Fitness & Performance Journal, v.2, n.1, p.23-29,

2003.

VALE, R.G.S.; TORRES, J.B.; MARTINHO, K.O.; LOPES, R.B.; NOVAES, J.S.;

DANTAS, E.H.M. Efeitos do Treinamento de Força na Flexibilidade de Mulheres

Idosas, Fitness & Performance Journal, v.3, n.5, p.266-271, 2004.

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ÍNDICE

Folha de Rosto ........................................................................................................

Agradecimentos ......................................................................................................

Dedicatória ..............................................................................................................

Epígrafe ...................................................................................................................

Resumo ...................................................................................................................

Metodologia ............................................................................................................

Sumário ...................................................................................................................

Introdução ...............................................................................................................

Capítulo I

Áreas Psicomotoras ............................................................................................

1.1 Tipos de Áreas Psicomotoras ..................................................................

1.1.1 Esquema Corporal ...........................................................................

1.1.2 Imagem Corporal ............................................................................

1.1.3 Orientação Espacial e Temporal .....................................................

1.1.4 Coordenação Motora ......................................................................

1.1.5 Equilíbrio ........................................................................................

1.1.6 Lateralidade .....................................................................................

Capítulo II

Lesões da Coluna Vertebral ...............................................................................

2.1 Lesões Congênitas ou Adquiridas da Coluna Vertebral .........................

2.1.1 Cifose ..............................................................................................

2.1.2 Lordose ...........................................................................................

2.1.3 Escoliose .........................................................................................

2.1.4 Espinha Bífida .................................................................................

2.1.5 Espondilólise ...................................................................................

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2.1.6 Osteofitose .....................................................................................

2.1.7 Hérnia de Disco ..............................................................................

2.2 Postura Ereta ...........................................................................................

Capítulo III

Flexibilidade .......................................................................................................

3.1 Tipos de Flexibilidade .............................................................................

3.1.1 Flexibilidade Absoluta ...................................................................

3.1.2 Flexibilidade de Trabalho ..............................................................

3.1.3 Flexibilidade Residual ...................................................................

3.1.4 Flexibilidade Geral ........................................................................

3.1.5 Flexibilidade Específica ..................................................................

3.1.6 Flexibilidade Tônica ......................................................................

3.2 Benefícios da Flexibilidade .....................................................................

3.2.1 A Nível Fisiológico ........................................................................

3.2.2 A Nível Mecânico ..........................................................................

3.2.3 A Nível Físico e Motor ..................................................................

3.2.4 A Nível Psíquico ............................................................................

3.2.5 A Nível Higiênico ..........................................................................

Conclusão ................................................................................................................

Referências Bibliográficas ......................................................................................

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PROJETO A VEZ DO MESTRE

Pós Graduação “Lato Sensu”

A Contribuição da Psicomotricidade na Terapia da Reabilitação da Coluna Vertebral na

Terceira Idade.

Data da Entrega: _____________________

Avaliado por: ________________________________________ Grau: _____________