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Anais Eletrônicos do IX Congresso Brasileiro de História da Educação João Pessoa – Universidade Federal da Paraíba – 15 a 18 de agosto de 2017
ISSN 2236-1855 4236
A CRÔNICA O PADRE CORNÉIO DO PROFESSOR LUIS LAVENÈRE (1921)1
Maria das Graças de Loiola Madeira2
Regina Brito Mota dos Santos3
Wiryanne Gomes da Silva4
Introdução
Entre a crônica e a ficção situa-se o gênero literário de Padre Cornélio (1921)5, obra do
professor alagoano Luís Wanderley Lavenère (1868-1966). Ele narra a trajetória de formação
do menino Cornélio, vivida na cidade de Maceió, em período mais ou menos situado no início
do século XX, e o acompanha até ordenar-se sacerdote. Optamos, neste texto, em centrar
nossa atenção nos anos iniciais de formação do menino, quer em casa, com uma preceptora,
quer no Colégio Marista de Maceió. Com a trajetória do menino Cornélio, a obra fornece ao
leitor elementos histórico-sócio-educacionais do período, como a possibilidade de conhecer,
sobretudo, os processos pedagógicos pelos quais passavam uma criança de classe média
naquele início do século XX, mas também de constatar que República brasileira continuava
com as marcas do Brasil-Império, em particular a promiscuidade entre bens públicos e
privados e o grande vigor da Igreja Católica no sistema de ensino nacional. O prestígio dos
colégios católicos se sobrepunha de forma imperativa no gosto das ricas famílias
maceioenses, tanto pelo rigor na transmissão do conhecimento quanto pela preservação de
uma moral aristocrática exigida pela Igreja Católica. São evidentes as distinções da formação
de meninos e meninas, que ganharam corpo nos personagens de Cornélio e de sua prima
1 O texto é parte dos resultados do projeto de pesquisa A escrita literária de professores (as) de Alagoas (1860 – 1940), coordenado pela Profa. Dra. Maria das Graças de Loiola Madeira. O projeto propõe recuperar a produção literária de docentes alagoanos, a fim de torná-las acessíveis ao público por meio do site do Grupo de Estudos e Pesquisas História da Educação Cultura e Literatura (GEPHECL): <http://www1.gephecl.com.br/>.
2 Doutora em Educação (FACED/UFC) e professora do Curso de Pedagogia (CEDU/UFAL). E-mail: <[email protected]>.
3 Mestranda em Educação pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Campus João Pessoa. E-Mail: <[email protected]>.
4 Graduanda do Curso de Pedagogia pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Campus Maceió. E-Mail: <[email protected]>.
5 A primeira parte das “Scenas Alagoanas” foi publicada com o titulo Zefinha, também em 1921. Lavenère menciona a publicação da terceira parte com o titulo Laurita, mas ainda não localizada nos acervos locais.
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Laurita: o comportamento rebelde do menino contrastava com os hábitos recatados da
menina. Com isto, se avalia que as concepções e práticas renovadoras da educação ainda não
haviam chegado à escola pública local, afinal, os elementos mais amplos que ajudavam a
gestar a escola ainda se encontravam tutelados pela política, economia e cultura dos chefes
políticos daquele inicio de século.
Nas 222 páginas da obra, Luís Lavenère se coloca como um narrador atento ao
cotidiano dos habitantes de Maceió do início do século XX. Das críticas não escapam a
administração e o funcionalismo público, a imprensa, os bacharéis e os médicos, os
professores, as instituições escolares e as práticas dos cristãos católicos, que traiam os
princípios apregoados pela doutrina. O conservadorismo, a hipocrisia e o pragmatismo da
sociedade maceioense eram vistos pelo olhar atento e irônico do narrador. Ele observa os
tipos que circulavam na cidade, como o ambicioso e pragmático bacharel Soriano, que
farejava lucrar com alguma contenda, se utilizando do falso sentimento solidário em relação
a seus clientes. As pomposas festas de Zefinha, mãe de Cornélio, adquiriam um sentido
pragmático, de colocações de familiares no serviço público. Com esses expedientes, ela
conseguia para o marido um emprego de oficial da polícia para o qual ele não conhecia o
ofício.
As informações de Ronaldo Barros (2005) nos apresentam uma breve biografia do
professor Luís Wanderlei Lavenère. Além da docência, ele assumiu cargo no parlamento e no
jornalismo. O curso secundário foi concluído na capital alagoana nos colégios Bom Jesus e
São José, depois ele seguiu para Recife onde iniciou o Curso de Direito, mas não o concluiu.
Defensor dos ideais abolicionistas e republicanos, o autor assumiu o cargo de professor de
Português, Francês, Inglês, Latim e Escrituração Mercantil do Liceu de Artes e Ofícios de
Maceió, e nos colégios Spencer e Onze de Agosto da capital pernambucana. A condição de
sócio do Instituto Histórico de Alagoas lhe permitiu publicar um número razoável de obras
em sua terra natal. Além da referida serie, composta por Zefinha e O Padre Cornélio,
Lavenère publicou também o Almanaque Alagoano das Senhoras (1904), o Bonde Elétrico:
livro de Sortes (1915), Versos de brincadeira (1922), Compêndio de escritura mercantil
simplificada (1924), Noites de São João (1927), Nossas cantigas e Hinos escolares para uso
das escolas primarias do Estado de Alagoas (1938). Alguns de seus escritos sobre educação
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escolar saíram pela Revista de Ensino de Alagoas, dentre os quais estão O ensino de Musica
(1930) e A língua Brasileira (1930).
Apesar de ter uma produção, de certa forma, volumosa, o nome de Lavenère e sua
literatura não ultrapassou os milites de Alagoas, como ocorreu com seus conterrâneos e
contemporâneos: Graciliano Ramos, Guimaraes Ramos e Jorge de Lima. Mas nem por isso
sua obra é menor, - aqui nos referimos em particular à trilogia Zefinha, O Padre Cornélio e
Laurita – por ele manter distanciamento necessário capaz de submeter à crítica aqueles
tempos de naturalização da promiscuidade entre o patrimônio público e o privado; tempo de
degradação moral, onde prevalecia ora a bajulação, ora o ultraje, a depender do ganho
pragmático com tais relações sociais em espaços mais e menos prestigiados.
Na elaboração deste texto W. Benjamin (2006, 2016) nos ajudará na compreensão das
obras literárias e seu valor como fonte historiográfica. Eliane Marta T. Lopes (2005), por
considerar a fonte literária um testemunho singular na História da Educação. Ela argumenta
que a literatura, a seu modo, se reporta à vida humana, de forma indireta, mas não
burocrática, por isso, evidencia processos educativos que as fontes oficiais, por exemplo, não
alcançariam.
O texto encontra-se dividido em quatro tópicos. No primeiro, discutimos a riqueza da
fonte literária para a história da educação brasileira e sua capacidade de fornecer leitura
sobre determinado período que outras fontes não alcançam. No tópico segundo, trataremos
do prestígio dos colégios católicos naquele início de século, enquanto a escola pública era alvo
de estigmas por parte das classes remediadas, ou seja, tratada coma instituição destinada aos
merecedores da caridade cristã. O olhar crítico do narrador associa os estigmas e o completo
abandono da escola pública como as principais razões do descaso com o sistema de ensino
público de Alagoas. No tópico três centraremos nossa atenção na formação familiar do
menino Cornélio, em especial, nos valores cultivados e assimilados por meio da figura
materna: Zefinha. Por último abordaremos os professores e a degradante condição do ofício,
o currículo e as punições impingidas à infância tanto pela escola quanto pelos familiares, em
destaque a formação religiosa recebida pelo menino, que leva o título da obra.
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A fonte literária para a história da educação brasileira
Iniciamos este tópico com um argumento de W. Benjamin para quem as obras
literárias não devem ser apresentadas apenas no contexto de seu tempo, “[...] mas no tempo
em que elas surgiram, e fazer uma apresentação do tempo que as reconhece, sendo que este é
o nosso próprio tempo” (BENJAMIN, 2016, p.35). A época visitada pelo historiador necessita
transitar entre o imaginário (projetos) e o real (efetivações), porque são dois elementos
igualmente importantes para romper com o confinamento de forças ainda pequenas pelo
ultraje, mas que podem se tornar potencialmente vigorosas nos momentos de perigo ou de
esvaziamento da aura ou da condição humana. O personagem central deve se revelar
lentamente ao longo do romance. Neste caso, a figura central em Padre Cornélio é o próprio
narrador, que observa tudo, mas que não mantém distância como um mero contemplador.
Ao mesmo tempo ele se imiscui ativamente, pois é do seu próprio mundo de que fala; se põe
como um flaneur figura a quem Benjamin confia um olhar crítico do que observa. As
contingências daquele mundo, início do século XX, são enfrentadas na obra aqui em análise
porque Lavenère se arrisca a não poupar ninguém. Os personagens Cornelio, Laurita,
Zefinha, Zeca e o advogado Soriano não têm vida própria, eles estão marcados por um mundo
circunstanciado, movido por trocas mútuas, onde prevalece a degradação moral dos
personagens.
Lavenère não propõe uma cisão entre o mundo do autor e do leitor. Este é mobilizado
a compartilhar, desvelar e denunciar aquele universo narrado, e a partir dele elaborar suas
próprias conclusões. Benjamin esclarece que o narrador deve “[...] recorrer ao acervo de uma
vida, que não inclui apenas sua própria experiência, mas em grande parte a experiência
alheia” (2012, p.240).
A obra do mestre e literato alagoano se livra de apresentar um mundo fragmentado,
que pode ser visualizado nas circunstâncias em que a República brasileira se constituiu:
desigual e hierarquizada, como lembra Valdemarin (2006), pois decorria do histórico
controle patriarcal e patrimonial dos bens públicos. Neste sentido, o autor de O Padre
Cornélio trata de dilemas do seu e do nosso tempo, pois permanece lá e cá a pouca
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importância atribuída à escola pelo poder público, e que, portanto, permitiu e ainda permite
amplo espaço de hegemonia permanente do prestígio de colégios particulares no Brasil.
No que se refere à escrita literária de professoras do Império e início da República são
poucas as publicações que colocam como central a escolarização de seus personagens. A
escola sempre surge de forma marginal, mesclada a memórias passageiras dos personagens.
Apesar desse aspecto, é importante que a escola seja capturada pela via literária, dada à
riqueza de leitura que a ficção permite fazer sobre uma época. Por meio de seus personagens,
a obra ficcional possibilita revelar um ambiente com as mais diversas faces: por abordar o
humano imerso na vida pública e privada. Ali, os personagens ganham corpo na inspiração
do escritor.
Na escola brasileira do Império até meados do século XX, o cultivo dessa cultura
literária era profundamente estimulado nas escolas primária, secundária e superior. Nas
escolas primárias públicas, por exemplo, era ministrado o ensino de natureza humanística
em seus currículos tanto quanto na escola de formação dos professores. Tomemos como
exemplo a Escola Normal de Maceió, ao ofertar a disciplina Grammatica nacional e analyse
dos clássicos. (VILLELA, 1982).
Nos acervos de Alagoas do Império e início da República observamos que publicações
literárias de docentes circulavam em jornais, revistas e almanaques. O permanente ofício de
docente e literato não significava, entretanto, que mutuamente se relacionassem, uma vez
que raramente o universo da escola era tematizado na literatura, conforme antecipado.
Embora essas fontes produzidas pelos “professores-literatos” do Brasil Império não nos
falem diretamente de magistério podem revelar faces não visitadas da nossa educação, por
alcançar outras formas de registro histórico. Lembra Eliane Marta Teixeira Lopes (2005), ao
estudar a literatura portuguesa do século XVI, que somente por meio dessas fontes foi
possível conhecer a existência de mulheres leitoras e da pouca cultura letrada dos padres,
elementos que certamente a fonte oficial não permitia acessar: “Neste período, o século XVI é
da ação do Estado sobre as condições da instrução e da difusão das letras entre nobreza e
clero [...]. Grandes legisladores, grandes medidas, mesmo se o efeito é quase nenhum”
(LOPES, 2005, p.164, grifos nossos).
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Do ponto de vista da literatura clássica, Lopes (idem) destaca os ricos detalhes sobre
educação nos “romances de formação”. São exemplos O Emilio de Rousseau, Leonardo e
Gertrudes de Pestalozzi e Anos de aprendizagem de Wilhelm Meister de J. W. Goethe.
Quanto ao Brasil são vários os títulos da literatura nacional: O Ateneu de Raul Pompeia, A
Normalista de Adolfo Caminha, O Coruja de Aloísio de Azevedo, A professora Hilda de
Lucio Cardoso, Infância de Graciliano Ramos, Cazuza de Viriato Correia, Doidinho de José
Lins do Rego, O ABC de Castro Alves de Jorge Amado, Meu pé de laranja lima, de José
Mauro Vasconcelos (LOPES, 2005 apud ANTONIAZZI, 1991). Acrescentamos outras
produções menos conhecidas, como a da baiana Ana Autran, Devaneios – poesia; as
cearenses Alba Valdez Dias de Luz e Ana Facó, Páginas íntimas, Minha Palmatória; a
alagoana Rosália Sandoval, Através da infância e Sinos e Sirenas: Leitura para rapazes do
professor alagoano Jonas Taurino, além das obras de Luís Lavenère, aqui em apreciação.
Tantas outras produções literárias sobre a história de personagens com vivência em
instituições de ensino mereceriam um estudo aprofundado, mas que não indicam em seus
títulos articulações diretas com o cenário escolar de uma dada época.
Tal produção como fonte para a historiografia, argumenta o historiador italiano Carlo
Ginzburg (2009), tem se revelado como alternativa importante para acessar o passado. Com
este entendimento ele atenta para o frágil limite entre realidade e ficção, o que já lhe renderia
um valor inestimável. O receio do historiador de ultrapassar o terreno da prova, talvez,
coloque a literatura como um universo de pesquisa quase inexplorado, considerando a
vastíssima produção veiculada em impressos: periódicos, almanaques e livros. Em outro
texto, o historiador italiano rebate o argumento de que essa produção, em grande parte, era
“oca”, a serviço do deleite das elites letradas: “Qualquer escritor, mesmo o pior, pode em
certos casos ser útil, ao menos como testemunho do seu tempo” (GINZBURG 2007, p.92).
Em outras palavras, essas produções sinalizavam experiências vividas, e permitiam reflexões
acerca da forma como se conduzia a educação em seus respectivos contextos. Essas
possibilidades de leituras inusitadas do nosso passado são amplamente revigoradas pela
quase ausência de vigilância da criação literária, e permite ao literato expor com mais
liberdade às relações entre o indivíduo e as tensões de seu tempo.
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Os colégios católicos e a escola pública no inicio do século XX em Maceió
O menino Cornélio era filho de pais de classe remediada: Zefinha e Zeca. Ex-
proprietários de um colégio interno masculino, que funcionava em Maceió, ambos fundaram
a instituição6 com um sócio, mas logo entraram em falência porque as famílias haviam
proibido a frequência dos filhos numa escola cuja dona era moralmente suspeita. Zefinha,
mulher pragmática e ambiciosa, transformava suas relações em negócio ou em meios de
melhor se arranjar na vida. Com esses expedientes conseguira emprego para o marido Zeca:
“Falei ao Silveira, que tem influencia no governo, e talvez hoje mesmo saibamos do resultado
de sua conferencia com o governador” (LAVENERE, 1921, p.60-61). O coronel Simplício
oferece a Silveira largos espaços no gabinete, a que responde: “- Desculpe, Coronel. Por ora
quero somente um emprego para um amigo”. Reponde o governador: “ - Está
servido. Vou nomeal-o commissario de policia” (Ibid, p.66). Zeca então foi nomeado
para um oficio sobre o qual desconhecia, mas o status do emprego e o salário era o
que mais contava.
Embora os pais de Cornélio tivessem uma vida economicamente pobre,
particularmente Zefinha não cogitava matricular o filho numa escola pública. Soriano, o
ambicioso bacharel, amigo da família, indaga em tom provocativo, em conversa com Zefinha:
- Por que não o matricula numa das nossas excellentes escolas publicas? - Escola publica? Não prestam para nada. - Preconceito injustificavel. A Instrucção Publica está muito melhorada. No governo do Coronel Simplicio foi uma commissão de professores a São Paulo e veio outra de lá... - O Dr. está brincando... Qual foi o resultado dessas idas e vindas de commissões? A que veio ensinar não ensinou coisa alguma. A que foi aprender trouxe um relatorio que ficou archivado e dorme o somno eterno das coisas inuteis. Continuamos a ter uma Instrucção que se reforma todos os annos, que nunca conseguiu um Regulamento que vivesse até a primeira dentição... (LAVENERE, 1921, p.109, grifos nossos).
As críticas à qualidade da escola pública e as desigualdades de formação escolar
naquele início do século XX podem ser explicadas em grande parte pela ausência do Estado
como gestor. As promessas da República brasileira em consolidar a escola pública,
6 O colégio recebeu o nome de “Academia de Primeiras Letras”.
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considerando o crescente processo de democratização da sociedade, pareciam
profundamente distantes do que ocorria em Maceió nas décadas iniciais do século XX. Os
homens republicanos colaboravam para nutrir, de forma robusta, uma mentalidade
predatória do patrimônio da nação. Logo na virada do século XIX estavam às claras os
caminhos do “novo regime”, com o enriquecimento pessoal [...] (CARVALHO, 1990). O
historiador adverte também que, mesmo aqueles avessos a essa ideia recorriam aos chefes
políticos em busca de emprego público como a única perspectiva de carreira: bacharéis,
médicos e militares. E desses, poucos se opunham a promiscuidade entre o privado e o
publico. Manter tal indistinção era um modo de se ajustar ao que a elite político-econômica
se acostumara: ao “paternalismo governamental”. Com isto, abriram-se as portas para a troca
de favores e a promoção dos amigos e a ascensão política, por meio das bajulações, - quando
necessário também às injurias -, e as mais variadas faces das seduções do poder republicano.
A quantidade excessiva de decretos para a instrução pública de Alagoas nas décadas
iniciais do século XX era avaliada como inútil por João Craveiro Costa (1931). Um exemplo
dessa situação encontra-se no trecho acima da obra em análise, quando se refere ao gasto
elevado de verba pública com uma comissão de professores que se deslocou, em 1914, para
São Paulo e Rio de Janeiro. O propósito era estudar métodos de ensino e a organização das
escolas profissionais da capital federal, e posteriormente fundá-las em Maceió7. O relatório
serviu para a publicação de mais um decreto, n. 741, em 05 de janeiro de 1915, a partir do
qual se criou em Alagoas institutos profissionais para ambos os sexos. Mas, como antecipado,
era mais um decreto sem aplicação.
Como podemos averiguar, o lugar da escola pública era vazio e não atraía as famílias
economicamente remediadas que pretendiam ver o filho em prestigiado lugar social. Por isso
também associado a ineficiência da escola pública estava o estigma que lhe equivalia a uma
“instituição de caridade”, pois se destinava apenas a pobre e negros. Não era de se estranhar,
portanto, que essas famílias quisessem seguir o modelo aristocrático de educar: a primeira
aproximação dos filhos com as letras seria em casa, com os pais ou preceptoras, depois
seguiam para um colégio interno. Com este percurso, lembra Zefinha, orgulhosa, de sua
7 Na data de 05 de janeiro de 1915 o Governo do Estado editou o decreto n. 741 a partir do qual criou em Alagoas institutos profissionais para ambos os sexos. Na comissão, entre as professoras públicas, encontrava-se Rita Rosália de Abreu, conhecida por Rosália Sandoval, literata alagoana.
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infância escolarizada: “Quando eu tinha sete annos já sabia ler e quase que discutia com 109
os doutores, como o menino Jesus... Nunca fui á escola. O meu primeiro mestre foi o meu
bom pai. Aos dez annos entrei num collegio...” (LAVENERE, 1921, p.109) O mesmo percurso
ela destinaria ao filho: “ah! Isso não! Uma escola gratuita é para gente pobre! Não fica bem a
um funccionario de cathegoria ter os filhos numa escola feita exclusivamente para quem não
pode pagar professores particulares... (Idem, p.112).
Entre a inoperância do poder público e os estigmas de uma mentalidade aristocrática
sobre a escola, Lavenère submete ao humor satírico os administradores e funcionários
públicos, nomeados para um cargo do qual desconheciam o oficio, assim como ocorrera com
Zeca: - OH! Dr. não me fale no Coronel Simplicio! Elle entendia tanto de Instrucção como eu entendo de toques de corneta. Lembra-se de uma visita que fez elle ao Lyceu de Artes e Officios? Depois de percorrer tudo, disse ao Director: “ O Sr. tem aqui um salão esplendido para jogar “football”... Demais, eu detesto a escola publica em que se misturam meninos com moleques (Ibid, p.109-110).
Como se constata, o prestigio dos colégios particulares era cada vez mais revigorado, o
que reforçava a longa tradição da elite brasileira formada, sobretudo, nos colégios internos
católicos masculinos. Esse vigor da Igreja Católica na educação brasileira manteve-se até pelo
menos os anos de 1950, em razão também de cultivarem sólidos valores morais requeridos
pelas elites econômica e política do Brasil.
A formação familiar de Cornélio
Luís Lavenère coloca Zefinha no centro da formação intelectual de Cornélio, desde o
que aprender, onde e seu percurso futuro. A formação religiosa do filho foi uma decisão dela;
seria uma chance do menino “se dar bem na vida”. Para Cornélio não restava outra escolha, já
que a ida para o seminário lhe foi posta como destino do qual não poderia se desviar: "- Como
tens de ir para o Seminario, disse-lhe a Zefinha, arranja-te o melhor que puderes com esses
'frades'..." (LAVENERE, 1921, p. 127).
Em conversa com Zeca, Zefinha alega que é necessário, desde os primeiros anos de
vida, traçar-lhe o destino:
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- A esta hora ninguem se lembra de nós. Podemos voltar e cuidar do futuro do nosso Cornelio, disse a Zefinha. - Ainda lhe não nasceram os dentes e já cuidas do seu futuro? - De pequeno é que se torce o pepino, meu caro. Já tracei o meu plano: o Cornelio será padre. - Que lembrança! - E’ a melhor profissão que existe neste paiz. Padre não paga impostos, não faz serviço militar... - E, si elle não tiver vocação? - Dá-se-lhe. Bem sei como se prepara um individuo para o que se quer. Desde criança, educa-se-lhe o cerebro. Quando chega a idade de razão, não pode mais reagir. o processo dos mestres jesuitas (LAVENÉRE, 1921, p. 48 - 49).
A formação religiosa de Cornélio, planejada por Zefinha, revela não apenas a ambição
de proporcionar uma "vida melhor" para o filho, mas a necessidade de sua família manter
uma imagem socialmente respeitosa e zelosa dos tradicionais valores da Igreja Católica.
Cornélio foi, no princípio, educado em casa por uma mestra, que sofria constante
fiscalização dos pais, pois tinha sempre que ouvir as recomendações da mãe do garoto: "Não
deixe de dar a licção disto, ou licção daquillo... Não quero que este menino esteja perdendo
tempo... puxe por elle" (op. cit., p. 115). O menino tinha que repetir todas as lições da mestra,
mas, como diz o narrador da crônica, "raramente às crianças reproduzem com exatidão o que
ouviram" (p. 115).
Conforme decidido por sua mãe, Cornélio passou a estudar em um colégio interno
católico de Maceió: o Marista. Suas atividades escolares incluíam a reza de terços, orações,
confissões, missas e comunhões: "O Cornelio escolhia sempre as horas das licções para visitar
o Santíssimo, fazer orações, e guardar... silencio. Não perdia Missas, nem confissões, nem
communhões" (p. 125). As aulas se baseavam em conteúdos bíblicos conduzidos pela fé
católica, e todo o aluno que fizesse qualquer tipo de questionamento sobre o que era
ensinado, seria severamente punido.
Com efeito, o Colégio dos irmãos Marista serviria como uma preparação para o que
Cornelio deveria enfrentar no seminário, sobre o qual o narrador ironiza: compara-o a uma
casa de autômatos, onde ninguém de move por vontade própria: "Uma sineta indicava a hora
do despertar, a hora de ter apetite para almoço e jantar, a hora das aulas, a hora das orações,
a hora de recreio, a hora de estudo, a hora de ter sono..." (p. 144). Em decorrência disto,
Cornélio julgava por bem fingir que aceitava os dogmas da igreja, perdendo grande parte de
sua energia moral porque teve que se ajustar ao ambiente e a habituar-se a mentir aos outros
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e a si mesmo: "Em matéria de fé religiosa, este era o resultado da educação que se ministrava
nas escolas de ensino catholico romano" (p. 168).
Mesmo com todo o empenho da mãe e a formação ministrada no Colégio Marista,
Cornélio tornou-se um menino com artimanhas de fingimento, provavelmente como um
modo de resistir às orientações da mãe de, a todo custo, se entender com os "frades":
O Cornelio suportou, sem rir, toda a comedia e deu provas de que não era sempre verdadeira a opinião dos que pensavam com a Zefinha: que é possível preparar o cérebro da criança para funccionar de determinada maneira, quando as faculdades intellectuaes completarem o seu desenvolvimento (LAVENERE, 1921, p. 160).
A Igreja Católica encontrava na família um mecanismo de fazer seus princípios
continuarem a se perpetuar, em favor da militância contra o ensino laico e estatal, o que, no
referido período, ameaçava o seu monopólio sobre a educação escolarizada. Como explica
Saviani (2005)8, o interesse da Igreja era o de se inserir no movimento renovador e propor
uma espécie de “escola nova católica". Assim, mantinha preocupações explicitamente
religiosas e, ao mesmo tempo, se inseria no movimento europeu, com o objetivo de "[...]
buscar um novo método pedagógico que atendesse igualmente as exigências postas pelos
objetivos da educação católica e pela renovação pedagógica" (SAVIANI, 2005, p. 16), e que
exerceu grande influência no pensamento pedagógico brasileiro. Por outro lado, a Escola
Nova se utilizava desse mesmo discurso para fazer chegar, em todas as esferas sociais,
inclusive na família, os princípios de formação democrática, quais sejam, disciplina,
obediência e amor ao trabalho, compondo assim, uma espécie de disciplina social.
A importância da família representada pelo papel central de Zefinha na formação do
Cornélio se justifica, pois, ao mesmo tempo era conveniente para os propósitos liberais e
democráticos que tais condutas chegassem a todas as esferas sociais, inclusive aos lares. Da
mesma forma era eficaz para os valores tradicionais zelados pela Igreja Católica. Entretanto,
Lavenère elabora um perfil do personagem Zefinha que se mantinha distante daquele exigido
para o núcleo familiar: rainha do lar, mulher zelosa a serviço dos filhos e do marido. Esse
exemplo de vigilância moral, anjo de bondade e pureza, simbologia esculpida em prosa e
8 O referido texto foi elaborado para o “projeto 20 anos do Histedbr”, realizado em Campinas, 25 de agosto de 2005, no âmbito do projeto de pesquisa “O espaço acadêmico da pedagogia no Brasil”.
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verso, como aprecia Almeida (2009), não se articulava com o perfil de Zefinha9. Assim, por
ser a formação religiosa apenas um meio de conseguir benefícios sociais, a crônica é
meritória em nos apresentar outra possibilidade de mulher e mãe que não se ajustava no
imaginário social do período, como alguém corrigia os defeitos de caráter da criança, desde
os primeiros anos de vida.
Os professores, o currículo e as punições
Quando se reporta ao professor primário, Lavenere se utiliza da crônica para denunciar
a condição na qual estavam submetidos. O desprezo dos gestores públicos equivalia ao pouco
caso das famílias a com a profissão. Nestes termos ele se expressa:
Ha tambem uma escala social para os professores: o mestre de meninos exerce uma das innumeras profissões humilhante de que não podemos prescindir... [...] Não obstante o continuo martelar dos livros sobre a doutrina da equivalencia de pais e mestres, o professor primario é uma victima constante do despreso publico, que chegou ao extremo de pôr no Theatro, como typo ridiculo, a figura innocente do professor de meninos da
roça (LAVENÉRE, 1921, p. 114).
Mais humilhante do que tal condição era ser preceptora, ministrando aulas em casa. A
primeira formação escolar do menino Cornélio ocorreu dessa maneira. A mestra estava
submetida aos caprichos e vigilância de Zefinha, as constantes especulações sobre as lições
passadas ao filho: “Havia de registrar numa caderneta as notas diarias das licções: si por
qualquer motivo deixava de dar alguma [lição], no dia seguinte, recomendava Zefinha: - Não
deixe de dar a licção disto, ou a licção daquillo... Não quero que este menino esteja perdendo
tempo... puxe por elle...” (Idem, p.115)
A crônica do professor e literato alagoano é também uma denúncia da condição
subalterna do professor primário, geralmente culpado pelos problemas de formação e
comportamento da criança. Em certa ocasião Cornélio passa a insultar o colega Ângelo, este
reage ao insulto de forma agressiva, e o acaba machucando. O pai de Cornélio culpa a
professora pelo acontecido: “O Zéca ficou cheio de indignações contra a professora, porque
não impediu o accidente;”... (LAVENÉRE, 1921, p. 123).
9 "Mulher de linhas duvidosas", assim Lavènere (1921) descreve a personagem no primeiro volume das Scenas alagoanas.
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As dificuldades na formação do menino eram evidenciadas pelo perfil do menino: uma
criança cheia de artimanhas, travessa, portanto, difícil de se lidar. As punições dessas
travessuras tinham amparo nas formas tradicionais de ensinar, segundo Cordeiro (2007), a
indisciplina em sala de aula era um problema vital e difícil de ser resolvido; uma estratégia
era a expulsão do aluno. Tal situação quase ocorreu quando Cornélio passou a frequentar
uma escola, pondo fim ao ensino em casa:
- Professora! O Cornelio está fazendo caretas! - Não olhem para elle, respondia a professora, que muito bem comprehendia a indole infantil e sabia que remedio excelente para curar impertinencia de crianças é fingir que se não percebe o que ellas fazem. (LAVENÉRE, 1921, p. 123).
Cornélio não foi expulso, mas recomendado pela professora a seguir para um colégio
interno. O Colégio Marista, no qual foi matriculado, era grande exemplo de formação
católica da elite masculina de Maceió, no inicio do século XX. A indisciplina era combatida
com punições que iam desde a ficar em pé durante uma hora, privar do recreio e retirada das
notas elevadas. Esse ponto de correção no comportamento era essencial, pois a formação não
se detinha apenas nas disciplinas, mas na educação moral. O currículo era composto por
deveres religiosos, estes, por vezes, eram exigidos como uma disciplina que, segundo
Cornélio, se tornava decisiva no momento da aprovação:
Além do pouco desejo de estudar, via o exemplo dos collegas que, dando boas licções, obtinham notas más, porque não cumpriam os deveres religiosos e pretendiam discutir com os mestres [...] O Cornelio escolhia sempre as horas das licções para visitar o Santíssimo, fazer orações, e guardar... silencio. Não perdia Missas, nem confissões, nem communhões. (LAVENÉRE, 1921, p. 123).
Aos poucos Cornélio se ajustava aquele ambiente, selecionando o que melhor lhe
rendesse para a aprovação final no ano letivo. Segue um quadro, apresentado pelo autor, com
as lições religiosas e o número delas cumpridas por Cornélio (LAVENÉRE, 1921, p. 125):
LIÇÕES RELIGIOSAS QUANTIDADE DE VEZES EXECUTOU
TERÇOS 181
HORAS DE SILÊNCIO 43
PRIVAÇÕES 0
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Esse destaque dado pelo autor às lições religiosas não significava que o colégio não
prezasse pelas demais disciplinas que compunham o currículo dos demais colégios, no
entanto, os deveres religiosos contribuíam para a obtenção de melhores notas. Cornélio já
havia entendido esse principio adotado pela instituição e passou a usufruir dele, dedicando-
se mais as disciplinas religiosas e menos aquelas obrigatórias. Com essas estratégias ele
findou o curso primário com as melhores notas, além de ter sido destaque com sua foto
incluída no Relatório anual do colégio.
Considerações finais
A obra O Padre Cornélio, ora ficção ora crônica, nos permitiu capturar elementos da
educação local e nacional, como o prestigio dos colégios católicos e a degradação da escola
pública, duplamente assolada, tanto pelo desprezo do poder publico quanto pelos estigmas
da elite de mentalidade aristocrática que não se permitia misturar com pobres e negros. Os
princípios da gratuidade, da qualidade e da universalidade se mantinham apenas na
propagação das novas ideias de escola naquelas primeiras décadas do século XX.
As marcas da formação moral de Cornélio tinham seus maiores exemplos nas relações
escusas de Zefinha, na trajetória do pai, Zeca, que conseguira emprego sem efetivamente
exercê-lo, e mesmo assim, em poucos anos alcançara o que outros levariam 20 anos. O
menino aprendera cedo, em casa, a usufruir de vantagens sem muito esforço, depois
exercidas mais largamente no colégio para obter melhores notas e ainda se tornar um aluno
modelo no final do ano letivo.
Esta obra ficcional, por meio dos personagens Cornélio, Zefinha, Zeca, Soriano, nos
apresentou redes de sociabilidade e de formação difíceis de serem apropriadas em outras
ORAÇÕES 100
JACULATORIAS 143
NOTAS OPTIMAS 15
MISSAS 18
CONFISSÕES 16
COMMUNHÕES 16
VISITAS AO S.S 16
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fontes historiográficas. Longe da vigilância e próximo da liberdade de expressão, talvez, o
literato nos fale mais de perto do que chamamos de real de uma dada época.
Referências
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