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Cultura do Mamão.
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
ESCOLA DE AGRONOMIA E ENGENHARIA DE ALIMENTOS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRONOMIA
CULTURA DO
MAMÃO (Carica papaya L.)
Apostila elaborada sob coordenação do
professor Dr. Ronaldo Veloso Naves, como
exigência da Disciplina Fruticultura, do
Programa de Pós-graduação em Agronomia, da
Escola de Agronomia e Engenharia de
Alimentos da Universidade Federal de Goiás.
GOIÂNIA – GOIÁS
Janeiro / 2004
ii
SUMÁRIO
Pág.
1 APRESENTAÇÃO................................................................................................................. 06
2 ASPECTOS ECONOMICOS....................................................................................... 07
2.1 REFERÊNCIAS.......................................................................................................................... 10
3 VARIEDADES........................................................................................................................... 11
3.1 SUNRISE SOLO........................................................................................................................ 11
3.2 IMPROVED SUNRISE SOLO cv 72/12’’............................................................. 12
3.3 TAINUNG nº1.............................................................................................................................. 12
3.4 TAINUNG nº2.............................................................................................................................. 12
3.5 REFERÊNCIAS.......................................................................................................................... 12
4 MELHORAMENTO GENETICO.......................................................................... 14
4.1 REFERÊNCIAS.......................................................................................................................... 19
5 NUTRICÃO E ADUBAÇÃO....................................................................................... 22
5.1 CALAGEM DO SOLO.......................................................................................................... 22
5.2 FUNÇÃO DOS PRINCIPAIS NUTRIENTES.................................................... 22
5.2.1 Nitrogênio....................................................................................................................................... 22
5.2.2 Fósforo............................................................................................................................................... 23
5.2.3 Potássio.............................................................................................................................................. 23
5.2.4 Cálcio.................................................................................................................................................. 24
5.2.5 Magnésio.......................................................................................................................................... 24
5.2.6 Enxofre............................................................................................................................................. 24
5.2.7 Micronutrientes......................................................................................................................... 24
5.3 ADUBAÇÃO................................................................................................................................ 25
5.3.1 Adubação do substrato para mudas....................................................................... 25
5.3.2 Adubação na cova de plantio........................................................................................ 25
5.3.3 Adubação de formação e de manutenção.......................................................... 26
5.4 REFERÊNCIAS.......................................................................................................................... 26
6 CONDIÇÕES EDAFOCLIMÁTICAS................................................................. 28
iii
6.1 CONDIÇÕES EDÁFICAS................................................................................................. 28
6.1.1 Textura do solo......................................................................................................................... 28
6.1.2 Caracteristicas Quimicas.................................................................................................. 28
6.1.3 Topografia...................................................................................................................................... 29
6.1.4 Drenagem do solo.................................................................................................................... 29
6.2 CONDIÇÕES CLIMÁTICAS.......................................................................................... 29
6.2.1 Temperatura................................................................................................................................ 30
6.2.2 Precipitação pluviométrica............................................................................................. 31
6.2.3 Umidade........................................................................................................................................... 31
6.2.4 Luminosidade.............................................................................................................................. 32
6.2.5 Vento................................................................................................................................................... 32
6.2.6 Altitude.............................................................................................................................................. 32
6.3 REFERÊNCIAS.......................................................................................................................... 32
7 PROPAGAÇÃO........................................................................................................................ 34
7.1 REFERENCIAS.......................................................................................................................... 37
8 IMPLANTAÇÃO E TRATOS CULTURAIS............................................... 38
8.1. IMPLANTAÇÃO....................................................................................................................... 38
8.1.1. Espaçamento................................................................................................................................ 38
8.1.2. Plantio................................................................................................................................................ 38
8.2. TRATOS CULTURAIS........................................................................................................ 39
8.2.1. Controle de plantas invasoras...................................................................................... 39
8.2.2. Culturas intercalares............................................................................................................ 40
8.2.3 Desbrota de ramos laterais.............................................................................................. 41
8.2.4 Desbaste de frutos e folhas.............................................................................................. 41
8.2.5 Desbaste de plantas................................................................................................................ 42
8.3. IRRIGAÇÃO................................................................................................................................. 42
8.4. REFERÊNCIAS.......................................................................................................................... 43
9 PRAGAS.......................................................................................................................................... 45
9.1 PRAGAS PRINCIPAIS......................................................................................................... 46
9.1.1 Ácaro Branco (Polyphagotarsonemus Latus)..................................................... 46
9.1.2 Ácaros Rajado e Vermelho (Tetranychus Urticae E Tetranychus
Desertorum)...................................................................................................................................
46
9.1.3 Cigarrinha Verde (Empoasca Sp.)............................................................................. 47
9.1.4 Mosca-das-Frutas (Ceratitis capitata, Anastrepha fraterculus, A.
obliqua).......................................................................................................................................
47
iv
9.1.5 Mandarová ou Gervão (Erinnyis Ello)................................................................. 48
9.1.6 Pulgões (Aphis Gossypii; Myzus Persicae)............................................................ 48
9.1.7 Percevejo Verde (Nezara Viridula)............................................................................ 48
9.1.8 Tripes (Trips Tabaci)............................................................................................................ 49
9.1.9 Lagarta Rosca (Agrotis Ipsilon)................................................................................... 49
9.1.10 Cochonilha (Morganella Longispina)....................................................................... 49
9.1.11 Formigas Cortadeiras (Atta Sexdens Rubropilosa E Acromyrmex
Sp.)..................................................................................................................................................
49
9.2 REFERÊNCIAS.......................................................................................................................... 50
10 DOENÇAS..................................................................................................................................... 52
10.1 DOENÇAS FÚNGICAS...................................................................................................... 52
10.1.1 Varíola ou Pinta Preta do Mamoeiro (Asperisporium caricae)....... 52
10.1.2 Gomose, Podridão do pé ou Podridão do colo do mamoeiro
(Phytophthora palmivora e P. parasítica).............................................................
53
10.1.3 Antracnose do mamoeiro (Colletotrichum gloeosporioides)............... 54
10.1.4 Podridão terminal do caule do mamoeiro (Phoma caricae e
Lasiodiplodia theobromae)................................................................................................
55
10.1.5 Oidio (Oidium caricae)........................................................................................................ 56
10.2 VIROSES......................................................................................................................................... 56
10.2.1 Mancha anelar do mamoeiro........................................................................................ 56
10.2.2 Amarelo letal do mamoeiro “solo” ......................................................................... 57
10.2.3 Meleira............................................................................................................................................... 57
10.3 NEMATÓIDES............................................................................................................................ 58
10.4 REFERÊNCIAS.......................................................................................................................... 59
11 COLHEITA E PÓS-COLHEITA............................................................................. 61
11.1 COLHEITA..................................................................................................................................... 61
11.2 PÓS-COLHEITA....................................................................................................................... 62
11.2.1 Tratamento fitossanitário................................................................................................ 62
11.2.2 Seleção, classificação e embalagem......................................................................... 63
11.2.3 Armazenamento........................................................................................................................ 65
11.2.4 Transporte...................................................................................................................................... 66
11.3 REFERÊNCIAS ......................................................................................................................... 66
12 PROCESSAMENTO .......................................................................................................... 68
12.1 INTRODUÇÃO........................................................................................................................... 68
12.2 CARACTERISTICAS DO FRUTO............................................................................ 68
v
12.3 PRODUTOS................................................................................................................................... 70
12.3.1 Polpa ou Purê De Mamão................................................................................................ 71
12.3.1.1 Recepção e Seleção................................................................................................................... 72
12.3.1.2 Climatização................................................................................................................................... 72
12.3.1.3 Descascamento e Remoção das Sementes............................................................... 72
12.3.1.4 Desintegração................................................................................................................................ 72
12.3.1.5 Tratamento térmico.................................................................................................................. 72
12.3.1.6 Despolpamento............................................................................................................................. 73
12.3.1.7 Formulação...................................................................................................................................... 73
12.3.1.8 Desaeração....................................................................................................................................... 73
12.3.1.9 Tratamento térmico................................................................................................................... 73
12.3.1.10 Conservação.................................................................................................................................... 73
12.3.2 Néctar de Mamão..................................................................................................................... 74
12.3.3 Néctar Misto................................................................................................................................. 74
12.3.4 Mamão em Calda..................................................................................................................... 74
12.3.5 Mamão Cristalizado.............................................................................................................. 74
12.3.6 Geléia.................................................................................................................................................. 75
12.3.7 Papaína............................................................................................................................................. 75
12.4 REFERÊNCIAS.......................................................................................................................... 76
6
1 APRESENTAÇÃO
O mamão é uma das frutíferas que mais carregam em sua imagem uma
associação com o clima tropical. Desta forma, é uma das que melhor representam o país em
termos de frutas.
O Brasil destaca-se como o 1º colocado em termos de produção mundial. O
mamão é cultivado em praticamente todo o território nacional, onde, os Estados que mais se
destacam são a Bahia, o Espírito Santo e o Pará, que juntos perfazem cerca de 90% do total
produzido no país.
É uma cultura muito exigente em tratos culturais para que se possa obter frutos
com qualidade, por este motivo, necessita do emprego e empenho de uma grande
quantidade de mão-de-obra. Não bastasse este importante papel social, o mamão também é
uma fruta muito apreciada internacionalmente, o que facilita sua exportação e
conseqüentemente trás mais recursos à economia interna do país.
Este trabalho visa dar subsídios a estudantes, técnicos e produtores para que
estes obtenham informações que os auxilie na elucidação de alguma dúvida e/ou os oriente
na implantação e manutenção de pomar, comercial ou não. Trata-se de um trabalho
bibliográfico, no qual buscou-se levantar um compilado de informações técnicas relevantes
sobre a cultura do mamão.
7
2 ASPECTOS ECONÔMICOS
Rogério de Araújo Almeida
Tatiana Vieira Ramos
O mamão é amplamente cultivado em todas zonas tropicais e subtropicais. Na
década de oitenta o Brasil destacava-se como o maior produtor com 20% da produção
mundial, seguido por México, Indonésia, Índia, Zaire e Filipinas (RUGGIERO, 1988).
Segundo MARIN & SILVA (1996), a cultura retomou sua importância econômica no país,
principalmente devido à introdução de cultivares havaianas do grupo Solo e de híbridos
chineses do grupo Formosa, cujos frutos possuem grande aceitação no mercado. Nos anos
seguintes a produção brasileira continuou crescendo. No início do século vinte e um o
Brasil continuava na liderança (Tabela 2.1), com 27% da produção, seguido por Nigéria
(14%), Índia (12%) e México (11%). Juntos, os quatro primeiros colocados produziram
64% do mamão mundial no ano de 2001 (FAO, 2002).
Tabela 2.1.
Produções absoluta e relativa dos principais produtores mundiais de mamão,
no ano de 2001
País Produção
(1000 frutos) % País
Produção
(1000 frutos) %
MUNDO 5.443.702 100
Brasil 1.450.000 27 China 152.000 3
Nigéria 748.000 Tailândia 119.000 2
Índia 644.000 14 Colômbia 113.500 2
México 612.910 12 Venezuela 105.000 2
Indonésia 470.000 11 Equador 101.005 2
Congo 213.000 9 Filipinas 77.417 1
Peru 173.600 4 Iêmen 67.979 1
Fonte: FAO (2002)
No Brasil, o mamoeiro se encontra distribuído desde o Norte do país até o Rio
Grande do Sul, onde a região Nordeste e Sudeste são responsáveis por 87% da produção
nacional com destaque para os Estados da Bahia e Espírito Santo. Na década de oitenta a
Bahia assumiu a primeira posição nacional, seguida pelo estado do Espírito Santo
(RUGGIERO, 1988). Os dois estados mantiveram suas posições no ranking nacional e
8
aumentaram suas produções. No ano de 2000 produziram juntos, 86,68% do mamão
brasileiro (Tabela 2), quando a área cultivada no país foi de 40.448 hectares, que produziu
1.693.779 mil frutos, resultando numa produtividade de 42.131 frutos por hectare (IBGE,
2000). Goiás situou-se na 11ª posição, produzindo 5.972 mil frutos.
Tabela 2.
Produção de mamão pelas unidades da federação brasileira no ano de 2000
Estado Produção
(1000 frutos)
Participação
(%)
Estado Produção
(1000 frutos)
Participação
(%)
BRASIL 1.693.779 100,00 - - -
BA 968.737 57,19 RS 2.974 0,18
ES 499.569 29,49 PR 2.924 0,17
PA 44.486 2,63 MA 1.803 0,11
CE 39.428 2,33 RO 874 0,05
PB 36.608 2,16 AP 845 0,05
AM 21.534 1,27 PI 774 0,05
MG 20.585 1,22 RR 710 0,04
AC 11.233 0,66 MS 300 0,02
RN 10.512 0,62 AL 236 0,01
SE 8.697 0,51 RJ 230 0,01
GO 5.972 0,35 DF 228 0,01
MT 5.410 0,32 SC 76 0,00
SP 5.072 0,30 TO - -
PE 3.962 0,23 - - - Fonte: IBGE (2000))
A comercialização de mamão em Goiás concentra-se na CEASA-GO, que é o
grande mercado do estado, onde centraliza a produção dos mais diversos produtos agrícolas
e, posteriormente, a distribui para a grande Goiânia, para os municípios do interior e,
também, para outros estados.
Analisando-se os Boletins Mensais de Procedência de Mercadorias e Produtos da
CEASA-GO (CEASA, 2002), do período de outubro de 2001 a setembro de 2002, verifica-
se que foram comercializados naquela localidade um total de 14.055,69 toneladas de
mamão das cultivares Comum (1,96%), Formosa (64%) e Havaí (34%). A cultivar Comum
teve uma participação muito pequena no volume de negociações e, a continuar essa
tendência, deverá desaparecer do mercado na CEASA. Foram comercializadas uma média
de 1.171,31 toneladas mensais, com um volume de comercialização menor nos meses de
9
outubro a dezembro de 2001. A partir de janeiro de 2002, o volume negociado aumentou e
manteve-se praticamente constante até setembro.
Quanto à procedência do mamão comercializado no período, verifica-se que o
Estado da Bahia constituiu-se no principal exportador do fruto para Goiás, contribuindo
com 48% do mamão Formosa e 60% do mamão Havaí.
Os preços praticados variaram de R$ 500,00 a R$ 700,00 a tonelada (média de
R$ 592,00), para a cultivar Formosa e de R$ 500,00 a R$ 1.000,00 a tonelada (média de R$
792,00) para a cultivar Havaí. Os meses de setembro de 2001 e outubro de 2002
apresentaram os menores preços para ambas as cultivares.
Os mamões chegam a CEASA-GO em caminhões. Os frutos da cultivar Havaí
vêm envoltos em papel e acondicionados lado a lado, num único nível, dentro de caixas de
madeira. Os frutos da cultivar Formosa vêm, também embalados em papel, porém a granel.
Quando descarregados é que são acondicionados em caixas de madeira.
O mamão é um fruto frágil, portanto, bastante suscetível a perdas, que ocorrem
principalmente na fase final de comercialização. FAGUNDES & YAMANISHI (2002)
estudaram a comercialização do mamão em Brasília -DF e verificaram perdas de 15 a 20%
nos supermercados e acima de 20% nos varejões. Em todos os estabelecimentos
pesquisados, o manuseio dos frutos pelos clientes foi uma das principais causas de perdas
na comercialização. No entanto, o manuseio inadequado dos frutos pelos consumidores
pode ser conseqüência da falta de classificação e embalagem dos frutos, o que obriga estes
a selecionarem os frutos na gôndola. Sendo assim, a classificação prévia dos frutos por
estádio de maturação e categoria, e o acondicionamento em embalagens apropriadas
evitaria o seu excessivo manuseio pelos consumidores.
A produção de frutos de qualidade e a custos baixos são importantes e
fundamentais para o sucesso da cadeia produtiva do mamão. Todavia, faz-se necessário,
também, o manuseio adequado com o uso de técnicas que possibilitem reduzir as perdas na
cadeia de comercialização, desde a colheita até o consumidor final, o que poderá significar
maior ganho econômico para todos os elos deste segmento.
10
Uma outra forma de melhorar os ganhos econômicos é apresentada por MELO
(1997), ele sugere a produção de papaína como opção para o produtor de mamão por ser
empregada nas industrias de bebidas, carnes, tecidos e farmacêuticas, destacando que o
mercado internacional da papaína vem crescendo, tanto em quantidade como em valor
2.1 REFERÊNCIAS
CEASA. Centrais de abastecimento de Goiás S/A. Boletins mensais de procedência de mercadorias
e produtos. Goiânia: CEASA-GO. Outubro de 2001 a setembro de 2002. Quadro 12 (analítico).
FAGUNDES, G. R. & YAMANISHI, O. K. Estudo da comercialização do mamão em Brasília-DF.
Revista Brasileira Fruticultura, Abril 2002, vol.24, no.1, p.91-95.
FAO. FAOSTAT Agriculture data. Agricultural production. Crops primary. Disponível em: -
<http://apps.fao.org/page/collections> Acesso em: 10 de novembro de 2002
IBGE. Produção agrícola municipal: culturas temporárias e permanentes. Rio de Janeiro: IBGE.
Vol.27. 2000. p. 65.
MARIN, S. L. D. & SILVA, J. G. F. da. Aspectos econômicos e mercados para a cultura do
mamoeiro do grupo solo na região norte do Espírito Santo. In: MENDES, L. G.; DANTAS, J.
L. L. & MORALES, C. F. G. Mamão no Brasil. Cruz das Almas: EUFBA/EMBRAPA-CNPMF,
1996. p. 7-20.
MELO, W. J. de. Papaína: uma opção para o produtor de mamão. Jaboticabal: Funep, 1997. 76
p.
RUGGIERO, C. Situação da cultura do mamoeiro no Brasil. In: Simpósio Brasileiro sobre a
Cultura do Mamoeiro, 2º., Jaboticabal, 25 a 28 janeiro, 1988. Anais. Jaboticabal, FCAV/UNESP,
1988. p. 5-18.
11
3 VARIEDADES
Rosângela Vera
O mamoeiro cultivado comercialmente (Carica papaya L.) insere-se na classe
Dicotyledoneae, família Caricaceae e gênero Carica. Seu centro de origem é, muito
provavelmente, o Noroeste da América do Sul (MANICA, 1982).
Existem poucas variedades de mamão para cultivo comercial. As existentes
apresentam grande variação ocasionadas por sucessivas gerações de polinização não
controlada (MEDINA, 1989).
DANTAS & LIMA (2001) avaliaram linhagens e híbridos, com ênfase para
resistência a doenças e características agronômicas dos principais genótipos promissores de
mamão com a finalidade de identificar aquelas mais adaptadas a diferentes agro
ecossistemas do país. Concluíram que este material apresenta grande variabilidade genética
para caracteres de peso, diâmetro dos frutos e comprimento. A análise de plantas híbridas
com relação aos parentais indica a possibilidade de modificações genéticas de caracteres
comercialmente importantes (inserção da primeira flor funcional, altura de planta,
carpeloidia e peso dos frutos).
No Brasil as cultivares mais exploradas são: Solo (SUNRISE SOLO e
"IMPROVED SUNRISE SOLO cv 72/12") e Formosa (TAINUNG nº 1 e nº 2).
3.1 SUNRISE SOLO
Mais conhecida como mamão Havaí, Papaya ou Amazônia. Resultante do
cruzamento entre Pink Solo e Kariya Solo. Apresenta formato periforme, com peso médio
variando de 420 a 615 gramas, casca lisa, cavidade interna estrelada e polpa vermelho-
alaranjado com ótimo sabor. Devido a essas características, possui excelente aceitação pelo
mercado. FAGUNDES & YAMANISHI (2001) avaliaram as características físicas e
químicas de frutos de mamoeiro do grupo Solo comercializados em 4 estabelecimentos de
Brasília-DF e encontraram variações no peso de 372,2 a 537,1 gramas, e o comprimento e o
diâmetro oscilaram entre 12,4 a 14,5cm e 7,6 a 8,7cm, respectivamente.
Seu florescimento é precoce (3 meses após o plantio) e a colheita inicia-se 9 a
10 meses após seu plantio. O rendimento é de 72 a 87 frutos/planta, ou seja 27,1 a 59,6
ton/ha (MANICA, 1982; MEDINA, 1989; MENDES et al, 1996).
12
3.2 “IMPROVED SUNRISE SOLO cv 72/12"
É uma cultivar havaiana melhorada pela EMCAPA (Empresa Capixaba de
Pesquisa Agropecuária). Conhecido como mamão Havaí. No Espírito Santo 30% da área
plantada com mamão é com esta cultivar.
Apresenta características de precocidade e alta produtividade, sendo sua
colheita iniciada após 9 meses de plantio. Seus frutos apresentam formato periforme, com
400g em média de peso. Sua polpa é espessa e de coloração vermelha-alaranjada. Possui
maior resistência ao transporte do que o SUNRISE (MANICA, 1982; MEDINA, 1989;
MENDES et al, 1996).
3.3 TAINUNG nº 1
Híbrido obtido do cruzamento de linhagem do Sunrise com outra oriunda de
Costa Rica.
Apresenta frutos alongados nas plantas hermafroditas, pesando 900 g em
média. Sua polpa é de coloração laranja-avermelhada (MANICA, 1982; MEDINA, 1989;
MENDES et al, 1996).
3.4 TAINUNG nº 2
Nas planta hermafroditas apresenta frutos alongados, mais pesados do que o -
TAINUNG nº 1 em média 1.100 g. Sua polpa também é de coloração laranja-avermelhada.
No sul da Bahia ocupa 70% da área plantada com mamão (MANICA, 1982;
MEDINA, 1989; MENDES et al, 1996).
3.5 REFERÊNCIAS
DANTAS, J. L. L.; LIMA, J. F. Seleção e recomendação de variedades de mamoeiro: Avaliação de
linhagens e híbridos. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal: São Paulo, v. 23, n . 3, p .
617-621, dez. 2001.
FAGUNDES, G. R.; YAMANISHI, O .K. Características físicas e químicas de frutos de mamoeiro
do grupo "SOLO" comercializados em 4 estabelecimentos de Brasília-DF. Revista Brasileira de
Fruticultura, Jaboticabal: São Paulo, v. 23, n . 3, p . 541-545, dez. 2001.
MANICA, I. Fruticultura Tropical: 3. Mamão. São Paulo: Agronômica. 1982.
13
MEDINA, J. C. Cultura. In: ITAL. Séries Frutas Tropicais: Mamão, Campinas: ITAL, 1989. p .1-
178.
MENDES, L. G. ; DANTAS, J.L.L.; MORALES, C.F.G. Mamão no Brasil. Cruz das Almas:
EUFBA/EMBRAPA-CNPMF, 1996. 179 p.
14
4 MELHORAMENTO GENETICO
Saulo Araújo de Oliveira
O mamoeiro (Carica papaya L.) possui frutos aromáticos, ricos em vitamina C
e papaína e, por isso, é bastante consumido devido seu valor nutritivo e digestivo. Seu
provável centro de origem é o Noroeste da América do Sul, mais precisamente, na Bacia
Amazônica Superior, onde sua diversidade genética é maior, o que caracteriza o mamoeiro
como uma planta tipicamente tropical (DANTAS & LIMA, 2001). Pela importância desta
frutífera, que mundialmente ocupa a 11ª posição em produção e a 18ª em área colhida,
programas intensivos de melhoramento genético têm sido desenvolvidos em países como
África do Sul, Austrália, Brasil, Estados Unidos (Hawaii), Filipinas, Índia, México e
Taiwan, visando a melhoria da produção e a qualidade da fruta, (RUGGIERO,1988; FAO
2000).
No Brasil, até fins dos anos 70, predominavam cultivos de mamoeiros dióicos
ou comuns e o Estado de São Paulo destacava-se como principal produtor, porém a
ocorrência do vírus do mosaico-do-mamoeiro, determinou a migração da cultura para
outros Estados. Com a introdução de cultivares do grupo Solo e de híbridos do grupo
Formosa iniciou-se uma nova fase na cultura do mamão, em decorrência de não existir
anteriormente variedades comerciais para plantio. Além disso, as sementes utilizadas
apresentavam elevado grau de segregação devido à exclusiva existência de cultivares
dióicos (MARIN & RUGGIERO, 1988; MARIN et al., 1994).
Existe no Brasil um projeto intitulado “Desenvolvimento de variedades de
mamoeiro produtivas e resistentes a doenças e pragas em ecossistemas tropicais”, com
subprojeto “Criação e seleção de variedades de mamoeiro”. E ainda outros dois subprojetos
relacionados com o melhoramento genético para o Nordeste: “Resistência de cultivares de
mamoeiro à podridão do pé e varíola e métodos de controle de Phytophthora spp.” e
“Desenvolvimento e seleção de genótipos de mamoeiro nos tabuleiros costeiros do Estado
de Sergipe”. Existem aproximadamente trinta coleções de Carica spp. em todo o mundo,
com a finalidade de conservar, caracterizar e avaliar o germoplasma existente, já que a
erosão genética constitui uma das maiores preocupações com o futuro dessa cultura
(DANTAS et al. 2002).
15
Através desses estudos, novas variedades poderão ser identificadas a partir das
avaliações de caracterização do potencial produtivo e resistência às principais pragas e
doenças. Tendo em vista que a introdução, caracterização e avaliação de acessos de
mamoeiro pode permitir a identificação de genótipos superiores, e ainda fornecer o material
básico para programas de melhoramento genético.
O Banco Ativo de Germoplasma de Carica spp. e demais gêneros da família
Caricaceae encontra-se na Embrapa Mandioca e Fruticultura, em Cruz das Almas, BA.
Dentre os trabalhos desenvolvidos, o controle integrado de viroses, com ênfase para a
meleira, a coleta, introdução, caracterização e conservação de germoplasma do gênero
Carica e a avaliação e desenvolvimento de variedades para diferentes ecossistemas
representam grande avanço para o desenvolvimento dessa frutífera. Quando são
provenientes do exterior e de coletas a introdução de germoplasma é efetuada pela Embrapa
Recursos Genéticos e Biotecnologia, enquanto aquela decorrente de intercâmbio com
instituições dentro do País é efetuada pela Embrapa Mandioca e Fruticultura e pela
Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia.
DANTAS et al. (2002) menciona que os recursos genéticos possíveis de se
encontrar no Brasil, na Colômbia e Costa Rica ainda em seu habitat natural, além da
introdução de acessos oriundos da África do Sul, Malásia, Taiwan e Venezuela, bem como
a recuperação de acessos perdidos em coletas e/ou introduções anteriores, visam ampliar a
variabilidade intra e interespecífica, Desse modo, contribuem com a preservação da
variabilidade genética existente na família Caricaceae e com a redução da vulnerabilidade
do gênero Carica e, consequentemente, garante a sustentabilidade da cultura do mamoeiro.
No Banco Ativo de Germoplasma os acessos de C. papaya são divididos em
dois grupos principais: acessos fixados e acessos segregantes. A caracterização do
germoplasma fixado vem sendo efetuada mediante o emprego de descritores mínimos
definidos pela Embrapa Mandioca Fruticultura e pelo International Plant Genetic Resources
Institute (IPGRI), além do uso de marcadores moleculares. Sendo o BAG do mamão
utilizado como apoio a programas de melhoramento genético e como suporte para estudos
complementares. Os trabalhos de caracterização têm se concentrado em caracteres como
fonte de resistência à varíola (Asperisporium caricae), à Phytophthora palmivora e à broca
16
do mamoeiro (Pseudopiazurus papayanus) (DANTAS & LIMA, 2001; DANTAS et al.,
2002).
Estudo de DANTAS & LIMA (2001) o qual teve por objetivo avaliar linhagens
e híbridos, com ênfase para resistência a doenças, procedeu avaliações agronômicas dos
principais genótipos promissores de mamão, a fim de identificar aqueles mais adaptados a
diferentes agroecossistemas do País. Concluiu que os acessos do BAG-Mamão da Embrapa
Mandioca e Fruticultura apresentam grande variabilidade genética para os caracteres peso,
comprimento e diâmetro de frutos, passível de ser explorada em programas de
melhoramento genético. E, que a análise de planta híbrida em relação aos parentais indica a
possibilidade de modificações genéticas de caracteres comercialmente importantes, a
exemplo de altura de inserção da primeira flor funcional, altura da planta, carpeloidia e
peso de frutos.
Existe uma grande diversidade de tipos de mamoeiro, com características
desejáveis para um programa de melhoramento. Entretanto, existem poucas linhagens
realmente melhoradas ou mesmo consideradas como variedades definidas, em função da
propagação de plantas por sementes, durante sucessivas gerações, sem o devido controle
das polinizações. Efetivamente, o melhoramento genético do mamoeiro contribui para sua
maior produtividade. Mediante aplicação de métodos de melhoramento e seleção de
variedades com rendimentos superiores, bem como através da obtenção de linhagens ou
híbridos com resistência a doenças e pragas, o que certamente contribuirá de maneira
decisiva no melhoramento da cultura, limitada em grande escala, também, pela ampla
incidência e distribuição de doenças viróticas (HOROVITZ, 1954; GABROVSKA et al.,
1967).
Em função do mamoeiro poder ser autopolinizado sem perdas de vigor, o
sistema de seleção geralmente utilizado é o da hibridação de genótipos selecionados entre
diversas variedades e linhagens, seguida de procedimentos de seleção por autofecundação e
retrocruzamentos (STOREY, 1941 citado por BRUCKNER, 2002). MIRANDA FILHO
(1974) salientou ainda que os cruzamentos dialélicos constituem metodologia adequada
para o conhecimento das propriedades intrínsecas do material em estudo, permitindo uma
determinação exata das capacidades geral e específica de combinação. E conforme
STOREY (1953), os trabalhos de melhoramento são feitos a partir da reunião do maior
17
número possível de variedades em um local para selecionar, entre elas, aquelas que
apresentarem características fenotípicas desejáveis para um estudo de capacidade
combinatória para produção de híbridos.
O retrocruzamento é utilizado quando se deseja agrupar uma ou duas
características de herança simples a uma cultivar com características suficientemente
satisfatórias. Após estes cruzamentos, o gene ou genes transferido estará na condição
heterozigota, o mesmo não ocorrendo com os demais. Na busca da transferência de um
gene dominante, depois do último retrocruzamento procede-se a autofecundação, que
produz homozigose para este gene. Mas quando o gene a ser transferido é recessivo, os
retrocruzamentos são intercalados com autofecundações. Desta maneira, será obtido um
material com as mesmas qualidades do pai recorrente sendo, porém, superior a este pai na
característica específica para a qual o programa foi conduzido (ALLARD, 1971).
MANSHARDT & WENSLAFF (1989) efetuaram hibridações interespecíficas
envolvendo C. papaya x C. monoica, C. parviflora, C. pubescens, C. quercifolia e C.
stipulata. A análise de mais de 150 frutos de C. papaya, 90 a 180 dias após a polinização
interespecífica, revelou que foram produzidos alguns poucos embriões híbridos de cada
combinação entre espécies. Os híbridos recuperados com sucesso a partir de culturas in
vitro incluíram C. papaya x C. pubescens e cruzamento recíproco, C. papaya x C.
quercifolia e C. papaya x C. stipulata. HOROVITZ, 1954 realizou estudos sobre o tamanho
dos frutos, formato, precocidade e porte da planta com estes parâmetros têm-se fornecido
informações que permitem predizer, com um considerável grau de certeza, que híbridos
entre indivíduos de duas variedades distintas poderão ser obtidos.
O melhoramento genético do mamoeiro, em todo o mundo, está focado na
obtenção de cultivares endógamas. A não exploração do vigor híbrido, parece ser
conseqüência de insuficientes investigações sobre o efeito da heterose no mamoeiro
(SAMPAIO et al., 1983).
Os principais problemas com a cultura do mamoeiro podem ser agrupados em
quatro grupos: viroses, outras doenças, pragas e características agronômicas. Os problemas
relacionados com as características agronômicas são carpeloidia, esterilidade e pentandria.
Porém o vírus do mosaico e o vírus da mancha anelar constituem atualmente o maior
entrave à implantação de pólos produtores desta cultura, face aos prejuízos causados pela
18
ação destes e à inexistência de variedades resistentes, que conferem a esta cultura o
nomadismo como forma de fuga dos problemas.
Estudos têm sido realizados buscando o controle via exploração de tolerância já
identificada na espécie C. papaya, resistência existente em outras espécies de mamoeiro,
pré-imunização com isolados fracos do vírus e engenharia genética. Resultados obtidos por
CONOVER & LITZ (1979) sugerem que o caráter tolerância tem herança poligênica. Estes
autores consideram possível o desenvolvimento de cultivares tolerantes ao vírus, com
resistência horizontal, como uma alternativa para reduzir as perdas no cultivo.
MAGDALITA et al. (1988) avaliaram 44 acessos de C. papaya e três outras
espécies do gênero Carica em relação à reação ao vírus da mancha anelar (PRV) sob
condições de casa de vegetação e campo. Somente a espécie C.cauliflora apresentou
resistência. A resistência ao vírus é conferida por um gene simples dominante. E, as
espécies C. candamarcensis e C. quercifolia, resistentes ao PRV, são sexualmente
incompatíveis com C. papaya.
Segundo DANTAS et al. (2002) o desenvolvimento de plantas transgênicas de
mamão resistentes ao vírus da mancha anelar, a partir de técnicas de engenharia genética e
biologia molecular, possibilitará que o cultivo do mamoeiro deixe o nomadismo, além de
proporcionar a melhoria da produtividade, qualidade e do aspecto do fruto, o que permitirá
uma maior competitividade do mamão brasileiro no mercado internacional. Em 2003
SANTOS et al. trabalhou com marcadores microssatélites para Carica papaya L. cv.
Sunrise solo). Neste sentido a Embrapa Mandioca e Fruticultura também desenvolve um
projeto conjuntamente com a Universidade de Cornell, EUA que visa a obtenção de plantas
transgênicas de mamão. Os últimos resultados obtidos demonstram que se originaram
apenas 13 plantas in vitro, as quais terão ainda que ser avaliadas agronomicamente.
A frutificação precoce, vigorosa e a partir de altura inferior a 90cm é uma
característica de relevância que deve ser considerada nos programas de melhoramento. As
plantas que apresentam os primeiros frutos mais baixos permitirão colheita por mais tempo.
Apesar da precocidade ser uma característica controlada por um gene recessivo,
GIACOMETTI & FERREIRA (1988), MARIN (1995) e MARIN et al. (2001) comentam
que a precocidade na produção pode ser adotado como fator de seleção.
19
Outro objetivo do melhoramento deve ser a obtenção de uma menor cavidade
ovariana e maior espessura de polpa, pois isto resultará em maior resistência ao transporte.
No Hawaii opta-se pela seleção de Sunrise Solo com cavidade ovariana arredondada. Os
frutos com este tipo de cavidade permitem uma maior facilidade na coleta de sementes. Já
no Espírito Santo são selecionados frutos com cavidade estrelada, pois nesta a resistência
ao transporte parece ser maior. Portanto o melhoramento deve caminhar paralelamente com
os objetivos almejados.
Atualmente TRINDADE et al. (2001) discutiu a possibilidade de inclusão da
micorriza como um item de um programa de melhoramento, baseado na maximização da
eficiência de absorção de nutrientes e uso pelas culturas que mostram variabilidade
genotípica. Além disso, foi observado que o melhoramento pode modificar a produção de
parte aérea, comprimento de raízes, altura de plantas e a eficiência micorrízica do grupo
Formosa; para o grupo Solo, sendo que este efeito mostrou-se mais provável para
colonização radicular, produção de parte aérea e menos provável para eficiência
micorrízica, comprimento de raiz e altura de planta. No entanto SMITH et al. (1993) citado
por TRINDADE et al. (2001) afirmam que a eliminação da colonização micorrízica, seja
por manejo inapropriado da adubação, seja pelo melhoramento, vai eliminar os efeitos
benéficos na estrutura do solo, relações hídricas e tolerância a doenças, além da nutrição da
planta.
Estes e outros estudos convergem para um único caminho. A cultura do mamão
está cada vez mais dependente de novas práticas de manejo, mas principalmente do
melhoramento genético dessa planta. Tendo em vista tanto o mercado nacional como o
internacional. Deve-se ficar atento também à devastação das áreas de dispersão natural
associada à substituição de variedades tradicionais por material melhorado, que dentre
outros fatores, vêem contribuindo para perdas irreparáveis de genes, assim, a preservação
dos recursos genéticos do mamão se torna imprescindível para a sustentabilidade dessa
cultura.
4.1 REFERÊNCIAS
ALLARD, R.W. Princípios do melhoramento genético das plantas. São Paulo, Edgard Blücher,
1971. 381p.
20
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21
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fruteiras tropicais. Universidade Federal de Viçosa. 2002, 422p.
TRINDADE, A. V.; DANTAS, J. L. L.; ALMEIDA, F. P. de MAIA, I. C. S.. Estimativa do
coeficiente de determinação genotípica em mamoeiros (Carica papaya L.) inoculados com fungo
micorrízico arbuscular. Rev. Bras. Frutic., dez. 2001, v..23, n.3, p.607-612. ISSN 0100-2945.
22
5 NUTRIÇÃO E ADUBAÇÃO
Reider Benevides Ferreira
O mamão é uma das frutas mais consumidas no país. Seu sabor e sua
identificação com a cultura e características climáticas, tornam esta cultura muito
importante economicamente, e com grande apelo social, gerando empregos, e fonte de
energia e de vitaminas.
O Brasil é um dos maiores produtores e consumidores desta fruta no mundo,
porém, existem muitos problemas que fazem com que os produtores de mamão não
obtenham a produtividade ideal e/ou, pelo menos,em níveis um pouco mais altos. Dentre os
principais responsáveis pelo impedimento de crescimento da produção podemos citar a
questão fitossanitária, a baixa tecnificação dos métodos utilizados (plantio, tratos culturais e
colheita) e, sobretudo, uma má aplicação de fertilizantes e corretivos nos solos onde se
cultiva o mamão.
Um bom programa de adubação e correção dos solos, na cultura do mamão,
significaria um incremento importantíssimo na produtividade da cultura, o que de seria
possível se existisse maior participação de técnicos capacitados em fruticultura, bem como
maior sensibilidade empresarial dos produtores.
5.1 CALAGEM DO SOLO
A calagem visa elevar o pH do solo a níveis adequados, neutralizar a ação de
elementos tóxicos às plantas como o ferro e o alumínio, fornecer cálcio e magnésio à
solução do solo e, por conseqüência, melhorar as características físicas do solo.
Na cultura do mamão, a manutenção dos níveis de pH e de cálcio e magnésio
são muito importantes. Segundo MALAVOLTA (1980), a faixa de pH que melhor
resultado traz a cultura do mamoeiro é por volta de 6 a 6,5, com uma saturação em bases
por volta de 70-80%, sendo portanto, uma cultura muito exigente em nutrientes.
5.2 FUNÇÃO DOS PRINCIPAIS NUTRIENTES
5.2.1 Nitrogênio
O nitrogênio (N) é um dos elementos mais abundantes da atmosfera terrestre,
porém é comum observarmos diversas culturas com sintomas de deficiência deste nutriente.
23
O nitrogênio é o responsável pela formação de proteínas e ácido nucléicos, sendo
considerado o nutriente que responde melhor quando de seu fornecimento.
Os sintomas de deficiência em mamoeiros são clorose e menor tamanho com
menos lóbulos das folhas; caule fino, e internódios curtos. O excesso deste nutriente causa
um desenvolvimento vegetativo excessivo em detrimento da produção, além de diminuir
proporcionalmente o conteúdo de sólidos solúveis do fruto (VITTI et al., 1988).
5.2.2 Fósforo
Na região dos cerrados, o fósforo (P) é um dos fatores que mais limita a
produção de praticamente todas as culturas, sendo necessário que este nutriente seja
fornecido à planta em grandes quantidades, uma vez que boa parte é imobilizada no solo,
tornando-se indisponível às plantas (PRIMAVESI, 1984).
O fósforo é essencial na formação de óleos e gorduras, é responsável pelos
processos de armazenamento e transferência de energia na planta e faz parte da estrutura
química de compostos essenciais como fosfolipídios, coenzimas e ácidos nucléicos. Os
sintomas de deficiência mais comuns são os de aparecimento de um mosqueado amarelo
nas margens das folhas, bem como, enrolamento para baixo das extremidades dos lóbulos
(VITTI et al., 1988).
5.2.3 Potássio
É o segundo elemento mais requerido pela planta, perdendo para o nitrogênio e
sendo mais requerido que o fósforo. O potássio além de promover maior produtividade
também ocasiona frutos de maior tamanho e de melhor qualidade, com maiores teores de
sólidos solúveis e de açúcares (VITTI et al., 1988).
A deficiência deste nutriente reduz drasticamente o número de folhas e frutos,
bem como o diâmetro do tronco, além de pecíolo inclinado para baixo e folhas amarelo-
esverdeada com leve necrose das margens, seguindo-se pelo secamento das pontas para o
centro (MALAVOLTA, 1980).
24
5.2.4 Cálcio
Sendo o cálcio um elemento essencial para a planta, a melhor forma de fornecê-
lo ao solo é no momento da correção deste (calagem). Possui função estrutural,
participando da formação da parede celular e da lamela média. Promove principalmente o
crescimento e multiplicação das raízes (BRADY, 1989).
Sua deficiência em mamoeiro ocasiona uma clorose do limbo foliar, colapso do
pecíolo, queda prematura das folhas e exudação de látex, similar à deficiência de boro. A
folha apresenta coloração verde-oliva pálida com manchas amareladas; estes sintomas
podem ocorrer primeiramente nas folhas mais novas (MALAVOLTA, 1980).
5.2.5 Magnésio
O magnésio participa da formação da molécula da clorofila, da regulação da
abertura e fechamento estomáticos sendo um importante ativador enzimático; além de
auxiliar a absorção e translocação do fósforo na planta (POTAFOS, 1996).
Os sintomas de deficiência em mamoeiro são manchas necróticas nas margens
das folhas; coalescência dando áreas grandes cor de palha com o espaço internerval verde.
As folhas podem ficar mais finas que o normal e quebradiças e encurvadas para cima
(POTAFOS, 1996).
5.2.6 Enxofre
Assim como o nitrogênio, o enxofre participa da síntese de proteínas e lipídios.
Tem correlação direta com o teor de açúcar e com a resistência da planta ao frio. Os
sintomas de deficiência em mamoeiros estão, geralmente, restritos ao amarelecimento geral
das folhas e ao crescimento raquítico das plantas (POTAFOS, 1996).
5.2.7 Micronutrientes
O boro é o micronutriente que mais tem causado problemas na cultura do mamão.
A sua deficiência pode ser causada pelo baixo teor desse elemento no solo, bem por outras
causas, como, calagem excessiva, deficiência hídrica, baixo teor de matéria orgânica,
acidez excessiva, alta intensidade luminosa, etc. Participa da formação do ácido
indolacético (AIA), substância responsável pelo crescimento, divisão e desenvolvimento
25
celular. Sua deficiência provoca no mamoeiro a exudação de látex pelo fruto, o
encaroçamento e paralisação do crescimento dos frutos, a produção alternada de frutos no
tronco, o abortamento floral após seca e pecíolos curtos com folhas amareladas
(MALAVOLTA, 1980).
O ferro encontrado em grandes quantidades em solos de cerrado, geralmente não é
problema para a cultura do mamão. Este elemento participa da síntese da clorofila e como
carregador do oxigênio; é essencial na síntese de proteínas. Sua deficiência causa o
aparecimento de folhas com coloração verde-amareladas e depois amarelas e quase brancas.
Pode provocar a quebra da parte apical do caule do mamoeiro (MALAVOLTA, 1980).
5.3 ADUBAÇÃO
5.3.1 Adubação do substrato para mudas
A obtenção de mudas fortes e sadias é um objetivo perseguido pelos produtores
de mamão. Pode-se afirmar que quanto mais saudável for a muda melhores serão os
resultados obtidos posteriormente na produtividade dos pomares. Desta forma, um dos
meios de se obter boas mudas é preparar um bom substrato para as mudas.
VITTI et al. (1988) baseados em trabalhos diversos, sugerem para a obtenção
de 1m3 de substrato o uso de 200 a 300 l de esterco de curral curtido, 3 a 4kg de
superfosfato simples e 10 a 15 kg de calcário dolomítico, além de terra de subsolo até
completar o volume de 1 m3.
5.3.2 Adubação na cova de plantio
VITTI et al. (1988) baseados em recomendações de produtores de Goiás,
Espírito Santo e Bahia, recomendam o seguinte:
(1) Adubação orgânica
a) 5 a 8kg de esterco de curral curtido, ou
b) 2 a 3kg de esterco de galinha, ou
c) 1 a 1,5 kg de torta de mamona.
(2) Fósforo (P2O5)
As alternativas de fontes e doses de P2O5 utilizadas na cova de plantio do
mamoeiro podem ser expressas da seguinte forma:
26
a) superfosfato simples: 250 a 400 g/cova
b) termofosfato magnesiano: 400 a 600 g/cova
(3) Potássio (K2O)
0 a 30g/cova K2O (0 a 50 g KCl)
5.3.3 Adubação de formação e de manutenção
LUNA (1982) sugere para o Estado da Bahia a seguinte tabela de adubação
para o mamoeiro (Tabela 5.1).
A relação N/K é a que mais afeta a produção e a qualidade dos frutos do
mamoeiro. Assim, a relação elevada (mais N) pode provocar excesso de crescimento
vegetativo, ocasionando menor produção, com frutos mais distanciados e de qualidade
inferior, como frutos com casca fina, sabor aguado, moles e com aspecto aquoso (VITTI et
al., 1988).
Tabela 5.1. Recomendação para adubação do mamoeiro.
Nutriente Fracionado anualmente
4 vezes
N orgânico 100 Kg
N mineral 100 Kg
Fósforo no solo
0 a 8ppm de P 80 Kg
9 a 13ppm de P 60 Kg
14 a 22ppm de P 30 Kg
Potássio no solo
0 a 30ppm de K 30 Kg
31 a 50ppm de K 20 Kg
51 a 70ppm de K - Fonte: LUNA (1982)
5.4 REFERÊNCIAS
BRADY, N. C. Natureza e propriedades dos solos. Trad. Antonio B. Neiva Figueiredo Filho. 7ed.
Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1989. 898 p.
LUNA, J. V. U. Instruções para a cultura do mamão. Salvador-Ba: EPABA. Circular técnica, 1.
1982. p.14-15.
27
MALAVOLTA, E. Exigências nutricionais do mamoeiro. Simpósio Brasileiro sobre a cultura do
mamoeiro, 1º, Jaboticabal, 6 a 11 de janeiro, 1980. Anais. Jaboticabal, FCAV, 1980. p. 230.
POTAFOS. NUTRI-FATOS: INFORMAÇÃO AGRONÔMICA SOBRE NUTRIENTES PARA
AS CULTURAS. Arquivo do agrônomo, 10. 1996. Piracicaba-SP. Disponível em: -
<htpp://www.potafos.org.> Acesso em: 25 de outubro de 2002.
PRIMAVESI, A. Manejo ecológico do solo: a agricultura em regiões tropicais. 6ed. São Paulo:
Nobel, 1984. 549 p.
VITTI, G. C.; MALAVOLTA, E.; DO BRASIL SOBRINHO, M. O. C.; MARIN, S. L. D. Nutrição
e adubação do mamoeiro. Simpósio Brasileiro sobre a Cultura do Mamoeiro, 2º, Jaboticabal,
janeiro de 1988. Anais. Jaboticabal, FCAV/UNESP, 1988. 428 p.
28
6 CONDIÇÕES EDAFOCLIMÁTICAS
Patrícia Pinheiro da Cunha
Tarciso Albuquerque de Farias
O Brasil apresenta, em seu território, vastas áreas com características de clima e
solo para a cultura do mamoeiro. É originário da América Tropical, onde são encontradas
outras espécies, porém estas não apresentam a importância comercial do papaya
(FALAGUASTA, 1980).
O mamoeiro é uma fruteira intensamente cultivada no mundo e, encontra no
Brasil e nos diversos países de clima quente, condições favoráveis à sua produção,
aproveitando-se os frutos maduros, ao natural ou com açúcar, e verde em doces,
industrializados ou para extração da papaína e da pectina (MANICA, 1982).
6.1 CONDIÇÕES EDÁFICAS
O mamoeiro se desenvolve praticamente em quase todos os tipos de solos
(LUNA, 1982), desde que sejam profundos e bem drenados. Solos sujeitos ao
encharcamento devem ser evitados.
6.1.1 Textura Do Solo
Os solos de textura média são mais indicados para o plantio da cultura do
mamoeiro (OLIVEIRA et al, 1994). O mamoeiro é apto a desenvolver-se nos mais variados
tipos de solo, porém os melhores são do tipo areno-siltosos (LUNA, 1982).
Solos excessivamente arenosos não são indicados, pois sofrem lavagem de
nutrientes, perdem a sua fertilidade com grande rapidez e tem pouca capacidade de retenção
de umidade, provocando atrasos no crescimento e muitas vezes até a morte das plantas
(MANICA, 1982).
6.1.2 Características Químicas
O desenvolvimento do mamoeiro não é satisfatório em solos com pH inferior a
5,0, mas desenvolve-se bem em solos com pH entre 5,0 a 7,0 (MANICA, 1982). Os
melhores solos para o mamoeiro são aqueles ricos em matéria orgânica, com pH variando
entre 5,5 a 6,5 (LUNA, 1982).
29
Caso seja necessário, deve-se fazer a calagem com os objetivos de baixar a
acidez do solo, colocar os nutrientes em disponibilidade, diminuir o efeito tóxico do
manganês em solos com teores elevados deste elemento, além de estimular a decomposição
da matéria orgânica. Essas condições, além de outros fatores, promovem um maior
rendimento de frutos por hectare (MANICA, 1982).
6.1.3 Topografia
A escolha de terrenos ligeiramente inclinados para a instalação da cultura é
fator importante, uma vez que essa condição propicia o escoamento do excedente de água
(FALAGUASTA, 1980).
Em regiões de muita chuva, recomenda-se plantar nas encostas para que ocorra
a drenagem natural evitando-se o excesso de água próximo das raízes (MANICA, 1982)
6.1.4 Drenagem Do Solo
Os terrenos de baixadas ou sujeitos à inundação devem ser evitados para o
plantio de mamoeiro, pois condições de má drenagem e encharcamento por tempo
prolongado provocam o amarelecimento e queda prematura das folhas, redução da
produção ou até mesmo a morte das plantas (MANICA, 1982).
A exigência mais importante é que o solo tenha boa drenagem e seja
adequadamente preparado antes do plantio (NAKASONE, 1988; OLIVEIRA et al, 1994).
O mamoeiro é sensível a qualquer excesso de água no solo, por irrigações,
chuvas, inundação ou defeitos de nivelamento do terreno (CARVALHO, 1964). Não tolera
o empoçamento em torno de suas raízes por mais de 48 horas (ARAÚJO, 1988). Em
condições de má drenagem o excesso de umidade, de acordo com LUNA (1982), causa o
apodrecimento das raízes e morte das plantas.
6.2 CONDIÇÕES CLIMÁTICAS
O mamoeiro é uma fruteira de clima tropical, se adapta bem em climas
subtropicais, podendo se desenvolver em climas temperados, em áreas livres de geadas,
mas nestes locais a qualidade dos frutos não é boa (baixo teor de açúcar) e geralmente a
planta não completa seu ciclo (MANICA, 1982).
30
Segundo MANICA (1982), o mamoeiro, para ter um crescimento regular,
plantas vigorosas e frutos de excelente qualidade, necessita de muita insolação,
temperaturas altas, chuvas bem distribuídas ou irrigação, baixas altitudes e ausência de
ventos constantes.
6.2.1 Temperatura
Nas regiões mais quentes o crescimento do mamoeiro é mais rápido e os frutos
são de melhor qualidade do que em regiões frias. O mamoeiro se desenvolve melhor em
regiões com temperatura média em torno de 25ºC, sem muitas variações durante o ano,
considerando-se como limites térmicos extremos as temperaturas médias anuais de 21 e
33°C. Em baixas temperaturas os frutos demoram mais para amadurecer e são de qualidade
inferior, apresentando polpa insípida e de coloração pálida (LUNA, 1982; OLIVEIRA et al,
1994).
O mamoeiro é uma planta muito exigente em temperaturas altas e quando
cultivado em lugares com temperatura média anual de 25ºC, normalmente produz frutos de
excelente sabor, com alto teor de sólidos solúveis, especialmente açúcar. Além destas
vantagens, tem rápido crescimento vegetativo, precocidade e maior rendimento de frutos
por hectare (MANICA, 1982).
Em regiões com restrições térmicas (temperatura média anual entre 18 e 21ºC)
para a vegetação e produção do mamoeiro, ou inaptas para a cultura (temperatura média
anual inferior a 18ºC), com elevada incidência de geadas, há sensível prejuízo a safra
(OLIVEIRA et al, 1994).
Durante o inverno em maiores latitudes, por causa do frio, o mamoeiro perde a
maioria das folhas, restando apenas um tufo terminal de folhas que propicia pouca ou
nenhuma sombra aos frutos mais baixos no caule. Em conseqüência, muitos frutos que
amadurecem na primavera são afetados por queima pelo sol, bem como moléstias, que os
tornam de pouco valor comercial (MEDINA et al, 1980; OLIVEIRA et al, 1994).
O mamoeiro pode suportar geadas passageiras quando estiver mais
desenvolvido, mas em locais onde a temperatura permanece abaixo de 0ºC, normalmente a
planta não completa seu ciclo, sendo difícil colher frutos completamente maduros,
31
possibilitando apenas a utilização de frutos verdes na elaboração de doces (MANICA,
1982).
6.2.2 Precipitação Pluviométrica
As melhores condições para desenvolvimento e produtividade da cultura
segundo LUNA (1982), são encontradas em regiões com precipitações acima de 1.200 mm
e bem distribuídas durante o ano. Em períodos longos de estiagem deve-se recorrer à
irrigação, visando uma maior produção e melhor escalonamento da colheita.
Nos períodos de seca é preciso fornecer de 100 a 150 mm de água por mês ou
complementar as chuvas até essa quantidade (NAKASONE, 1988). Períodos com altas
precipitações aceleram o crescimento do mamoeiro, com produção de frutos maiores
(MEDINA et al, 1980).
Período de seca prolongada pode paralisar o crescimento do tronco e induzir à
formação de novas folhas na axila das quais os frutos têm nascimento, paralisando em
conseqüência a frutificação. Por isso, irrigações oportunas em condições de estiagem são
necessárias (CARVALHO, 1964).
As plantas novas necessitam de mais umidade no solo que os mamoeiros mais
velhos, que podem manter um crescimento normal com pouca umidade por causa de sua
taxa mais lenta de crescimento vegetativo. A falta de umidade durante qualquer período
prolongado reduzirá o crescimento e induzirá a produção de flores masculinas ou estéreis
(MEDINA et al, 1980; OLIVEIRA et al, 1994).
6.2.3 Umidade
A umidade relativa entre 60 a 85% é favorável ao mamoeiro. A umidade
excessiva associada com temperaturas relativamente baixa predispõe o mamoeiro aos
ataques de fungos e vírus (MEDINA et al, 1980).
Para a determinação da umidade necessária a manter as boas condições de
produção, alguns fatores devem ser levados em consideração, como a precipitação pluvial e
sua distribuição, a temperatura, a luz, o vento, o tipo de solo e a altitude. A idade também é
importante.
32
6.2.4 Luminosidade
O comprimento do dia parece não ter grande influência. Contudo boa exposição
do terreno à luz solar é um fator fundamental ao desenvolvimento da cultura. As fileiras do
mamoeiro na plantação devem ficar na direção leste-oeste (MEDINA et al, 1980).
6.2.5 Vento
Embora o mamoeiro, resista a temperaturas relativamente baixas, este mostra-se
sensível aos ventos frios e a geadas. Estas ainda que leves, queimam as folhas,
prejudicando a safra em andamento pela diminuição da fotossíntese (MEDINA et al, 1980).
Com folhas largas, seu tronco alto e herbáceo e, por isso, pouco resistente,
quando carregado de frutos, torna-se bastante suscetível aos ventos fortes (CARVALHO,
1964).
Em locais onde os ventos fortes predominam e podem danificar as folhas,
afetando assim o crescimento e produção dos mamoeiros, será preciso estabelecer
previamente quebra ventos e, além disso, tutorar as plantas jovens. A distância empregada
entre as faixas de quebra ventos varia com a localidade. Onde os ventos sopram em sentido
perpendicular à plantação, recomenda-se que as faixas estejam espaçadas de 20 a 30 vezes
à altura das árvores do quebra vento. O conhecimento individual da área é o melhor guia
para determinar a melhor distância entre os quebra ventos (MEDINA et al, 1980).
6.2.6 Altitude
O mamoeiro encontra-se situado desde alguns metros do nível do mar até 150 a
200 m de altitude (OLIVEIRA et al, 1994). Contudo, pode crescer e produzir em altitudes
mais elevadas, onde a temperatura é mais baixa, porém a qualidade da fruta é geralmente
afetada (MEDINA et al, 1980).
6.3 REFERÊNCIAS
ARAÚJO, J. A. C. Irrigação da cultura do mamão. In: RUGGIERO, C. Mamão. 2º Simpósio
brasileiro sobre a cultura do mamoeiro. Jaboticabal, FCAV/UNESP, 1988. 428p.
CARVALHO, A. M. DE Instruções para a cultura do mamoeiro. IAC – Campinas, 1964. 12p.
33
FALAGUASTA, V. P. Exigências climáticas da cultura do mamoeiro. In: LAMSÁNCHES, A.;
RUGGIERO, C.; PEREIRA, F. M.; et. al Cultura do mamoeiro. 1º Simpósio brasileiro sobre a
cultura do mamoeiro. Jaboticabal, FCAV, 1980. 320p.
LUNA, J. V. U. Instruções para a cultura do mamão. Salvador, Empresa de Pesquisa
Agropecuária da Bahia S. A. 1982. 22p. (EPABA – Circular Técnica, 1).
MANICA, I. Fruticultura tropical: Mamão. São Paulo: Editora Agronômica Ceres, 1982. 276p.
MEDINA, J. C.; GARCIA, J. L. M.; SALOMÓN, E. A. G.; et. al. Mamão – Da cultura ao
processamento e comercialização. Série Frutas Tropicais nº 7. São Paulo, 1980. 243p.
NAKASONE, H. Y. Produção do mamão nos trópicos. In: RUGGIERO, C. Mamão. 2º Simpósio
brasileiro sobre a cultura do mamoeiro. Jaboticabal, FCAV/UNESP, 1988. 428p.
OLIVEIRA, A. M. G.; FARIAS, E.; SANTOS FILHO, H. P. et. al. Mamão para exportação:
Aspectos técnicos da produção. Publicação técnica nº 9 Brasília: EMBRAPA – SPI, 1994. 52
34
7 PROPAGAÇÃO
Luciene Teixeira Mazon
Tadeu Cavalcante
O mamoeiro pode ser propagado via estaquia, enxertia e sementes, sendo este
último o mais utilizado comercialmente (MENDONÇA, 2003), dado que a propagação
vegetativa não tem mostrado vantagens quanto a vigor, produtividade ou manutenção das
qualidades desejáveis (SIMÃO, 1971).
As plantas fornecedoras de sementes devem ser hermafroditas. As plantações
devem estar distantes de outras variedades, se houver, a pelo menos dois km. Um outro
cuidado é isolar as flores com sacos de papel para o controle da polinização. Também é
necessário atentar para aspectos como: estado fitossanitário da planta, baixa altura de
inserção das primeiras flores, precocidade, alta produtividade, entre outras características
(MEDINA et al., 1989).
De acordo com OLIVEIRA et al. (1994), as sementes devem ser retiradas de
frutos maduros, tomando-se o cuidado para no momento do corte não danificar as
sementes. Retiram-se as sementes com uma colher para em seguida lavá-las sob água
corrente a fim de retirar a mucilagem e em seguida as sementes são postas para secar a
sombra sobre uma superfície de papel jornal ou pano e após dois ou três dias as sementes
já estão aptas a serem semeadas. Caso seja necessário armazenar estas sementes,
recomenda-se tratá-las com fungicida e armazená-las a uma temperatura de 6 a 80C.
Segundo SIMÃO (1971), as sementes de mamoeiro têm germinação irregular,
podendo levar até 30 dias para germinar. Em temperaturas baixas e quando postas a
sombra, a geminação não é boa.
No que se refere ao número de mudas por cova, SIMÃO (1971) cita que para
garantir 85 a 90% de plantas portadoras de flores pistiladas, deve-se considerar os seguintes
pontos:
1.Quando é plantada uma muda por cova obtêm-se números idêntico de
progênie feminina e masculina.
2.Quando são duas mudas por cova, pode haver três combinações: duas
femininas; 2 masculinas; uma masculina e uma feminina.
3.Três mudas por cova dará as seguintes combinações: três pistiladas; 3
estaminadas; 2 pistiladas e uma estaminada; duas estaminadas e uma pistilada.
35
4.Quatro mudas por cova dará cinco combinações possíveis: quatro pistiladas;
quatro estaminadas; três pistiladas e uma estaminada; três estaminadas e uma pistilada;
duas pistiladas com duas estaminadas.
O viveiro tem como característica ser a céu aberto, com cobertura de 2m de
altura. A maior dimensão do viveiro deve estar orientada no sentido Norte-Sul. A cobertura
deve permitir que as mudas recebam luz de forma gradativa. Inicia-se com 50 % de sol e
gradualmente aumenta-se a entrada de luz solar até o momento do transplantio (OLIVEIRA
et al. 1994).
Coloca-se 3 sementes por recipiente, porém se for da variedade formosa,
recomenda-se 2 sementes por recipiente. As sementes devem estar distantes entre si por
1cm e serem cobertas com 1 a 1,5 cm de terra peneirada. Irriga-se e cobre-se levemente a
superfície com palha de arroz. A germinação deve dar-se após 10 a 20 dias (OLIVEIRA et
al., 1994), entretanto SIMÃO (1971) cita que o início da geminação se dá entre 15 e 21
dias.
OLIVEIRA et al. (1994), recomenda que os viveiros devam ser rústicos e de
baixo custo e em algumas situações, itinerantes. Isso, justifica o autor, é devido a problemas
fitossanitários. Os viveiros podem ser feitos com cobertura alta (2m do solo) ou baixa
(0,8m do solo).
Quanto ao tipo de recipiente OLIVIERA et al. (1994) menciona a sacola
plástica, bandejas de isopor ou tubetes, entretanto menciona que o recipiente mais utilizado
é o saco plástico. Para melhor esclarecimento quanto ao tipo mais adequado de recipiente,
MENDONÇA et al. (2003) testou diferentes recipientes na formação de mudas de
mamoeiro ‘Surise Solo’ e concluiu que o saco de polietileno foi o recipiente que mais que
proporcionou melhor desenvolvimento às mudas de mamoeiro. Alguns resultados deste
trabalho são mostrados na tabela 7.1.
Cabe ressaltar o fato de que nem sempre uma muda mais alta será o parâmetro
definitivo para dizer que o recipiente “x” ou “y” é melhor. Pois a muda pode ser mais alta
devido ao estiolamento provocado pela alta densidade de plantas ou sombreamento
inadequado, sendo necessário correlacionar altura e diâmetro de caule. Em síntese, é
requerido que a muda cresça de forma proporcional tanto vertical quando horizontalmente,
36
o que proporcionará uma muda de melhor aspecto e maior probabilidade de sobrevivência
no campo.
Tabela 7.1- Altura da muda formada em diferentes substratos e recipientes. UFLA - Lavras-
MG, 2002. (adaptado).
Recipientes
Substrato Saco de polietileno Bandeja Tubete Média de
substrato
Altura da muda (cm)
Plantimax 19,00 bA* 7,75aB 6,00aB 10,92
Substrato A 24,00 aA 9,50aB 7,00aC 13,50
Substrato B 17,75 bA 7,00aB 5,25abB 10,00
Substrato C 5,25 cA 3,50bA 3,00bA 3,90
Média de recipiente 16,50 6,94 5,31 C.V. = 14.
Médias seguidas de mesma letra, minúscula nas colunas e maiúscula na linha, não diferem entre si
pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade (Fonte: MENDONÇA et al. 2003).
O desenvolvimento de mudas de mamoeiro é ponto crítico durante a formação
das mudas. Sua importância é motivo de estudos como o de TRINDADE et al. (2000) que
pesquisou o uso de esterco no desenvolvimento de mudas de mamoeiro colonizado com
fungos micorrízicos. O trabalho de TRINDADE et al. (2000) teve como objetivo a
adequação de esterco na composição do substrato para produção de mudas de mamoeiro
(Carica papaya L.) que permita o melhor estabelecimento da simbiose micorrízica e sua
expressão no desenvolvimento da muda.
Algumas conclusões que TRINTADE et al. (2000) chegaram foram: a de que o
esterco promove o máximo desenvolvimento das mudas nas doses de 20% e 30%; adição
de P e K não resulta em benefícios adicionais no crescimento das mudas de mamoeiro; a
inoculação de Glomus etunicatum é eficiente para o desenvolvimento da muda até a dose
de até 10% de esterco; o fungo coloniza as mudas em doses de até 30% de esterco, mas
com tendência decrescente; a combinação da aplicação de 10% de esterco e inoculação do
fungo micorrízico arbuscular promove a formação de mudas sadias e apropriadas ao
transplantio para o campo.
37
7.1 REFERÊNCIAS
MEDINA, J.C.; BLEINROTH, E.W.; SIGRIST, J.M.M.; DE MARTIN, Z.J.; NISIDA, A.L.A.C.;
BALDINI, V.L.S.; LEITE, R.S.S.F.; GARCIA, A.E.B. Mamão: cultura, matéria-prima,
processamento e aspectos econômicos. Campinas, ITAL, 2ª ed., série frutas tropicais, nº 7, 1989,
p. 345.
OLIVEIRA, A.M.G.; FARIAS, A.R.N.; SANTOS FILHO, H.P.; OLIVEIRA, J.R.P. et al. Mamão
para exportação: Aspectos técnicos da produção. Ministério da Agricultura, do Abastecimento e
da Reforma Agrária, SDR/FRUPEX. Brasília: EMBRAPA-SPI, 1994. 52 p. (Serie Publicações
Técnicas FRUPEX, 9)
MENDONÇA, V.; ARAÚJO NETO, S.E. DE; RAMOS, J.D.; PIO, R.; GONTIJO, T.C.A.
Diferentes substratos e recipientes na formação de mudas de mamoeiro ‘Sunrise Solo’. Revista
Brasileira de Fruticultura, v.25, n.1, p.127-130, abril de 2003.
SIMÃO, S. Manual de fruticultura. Ed. Agronômica “Ceres” Ltda., São Paulo, 1971. 530p.
TRINDADE, A.V.; FARIA, N.G.; ALMEIDA, F.P.DE Uso de esterco no desenvolvimento de
mudas de mamoeiro colonizados com fungos micorrízicos. Pesquisa Agropecuária Brasileira,
Brasília, v.35, n.7, p.1389-1394, jul.2000.
38
8 IMPLANTAÇÃO E TRATOS CULTURAIS
Ricardo Pereira da Silva
Gustavo Gondim Dantas
Sandra Máscimo da C. e Silva
8.1 IMPLANTAÇÃO
8.1.1 Espaçamento
Entre as práticas culturais, o uso de espaçamentos adequados é importante,
sendo influenciado pelo clima da região, declividade do terreno, fertilidade do solo,
variedade escolhida e o grau de mecanização (KIST & MANICA, 1995).
Assim como na cultura do abacaxi, o mamoeiro pode ser plantado no sistema
de fileiras simples que variam de 3,00 m a 4,00 m entre linhas e de 1,80 m a 2,50 m entre
plantas dentro das linhas. No sistema de fileiras duplas, os espaçamentos entre duas fileiras
variam de 3,60 m a 4,00 m e, entre plantas dentro das fileiras, de 1,80 m a 2,50 m.
Recomenda-se evitar espaçamentos demasiadamente adensados (menores do que os
recomendados), pois as plantas tendem a ficar estioladas.
Sabe-se que os espaçamentos influenciam significativamente no peso e número
de frutos por planta. Para distâncias maiores entre plantas a tendência é de uma menor
sobreposição de folhas, formando uma camada menos densa, o que permite maior perda de
calor durante a noite, influenciando diretamente no florescimento e na frutificação.
Segundo KIST & MANICA (1995) os espaçamentos mais utilizados em
diferentes países variam desde 2,0 até 4,0 m entre fileiras e de 0,6 até 4,0 m entre plantas,
em suas inúmeras combinações. No Brasil, as recomendações são de 1,5 a 3,0 m entre as
plantas dentro das linhas e de 2,0 a 4,0 m entre as linhas para o sistema de linhas simples;
para as fileiras duplas, utilizam-se distâncias desde 1,8 x 1,8 x 3,5 m até 2,5 x 2,5 x 4,0 m.
8.1.2 Plantio
Com sistema de irrigação adequado, as mudas podem ser plantadas nos
períodos de baixa ou, até mesmo, com a ausência de precipitação. Pode-se, então,
39
programar a colheita para os períodos de entre safra quando se obtém melhores preços. Sem
a irrigação as mudas devem ser levadas para o campo no início do período chuvoso.
No momento do plantio é importante realizar o alinhamento, que consiste na
demarcação das linhas onde serão implantadas as covas. No caso de terrenos planos
OLIVEIRA & TRINDADE (1999) recomendam que as linhas de plantio devem ser
traçadas no sentido do maior comprimento do terreno para facilitar o trabalho das
máquinas, e em terrenos com declividade estas devem ser locadas em nível.
São preconizados dois sistemas de plantio comerciais segundo OLIVEIRA &
TRINDADE (1999): em cova e em sulco. As covas devem ter as dimensões de 30 cm x 30
cm x 30 cm. Nos grandes plantios comerciais tem-se optado pelo sulcamento da área de
plantio a uma profundidade de 30 cm a 40 cm. Este método é mais eficiente e minimiza os
custos operacionais.
Para os mamoeiros do grupo Solo, planta-se no campo três mudas por cova,
provenientes cada uma de recipientes individuais, dispondo-as a uma distância aproximada
de 20 cm uma das outras e mamoeiros do grupo Formosa planta-se apenas uma muda por
cova.
8.2 TRATOS CULTURAIS
A produtividade e qualidade dos frutos de mamoeiro, são muito dependentes
dos tratos culturais destinados às plantas desde a fase de muda. Qualquer falha na nutrição,
irrigação ou escassez de chuvas, controle de plantas daninhas, controle fitossanitário etc.,
pode influenciar diretamente no aspecto produtivo e qualitativo das frutas (JOSÉ, 1996).
8.2.1 Controle de plantas invasoras
O mamoeiro é uma planta muito sensível à concorrência com plantas daninhas
em todas as fases de sua vida. O mato concorre por água, luz e nutrientes com os
mamoeiros, prejudicando de forma significativa sua produtividade e qualidade dos frutos
produzidos (JOSÉ, 1996).
O controle de plantas invasoras pode ser feito por capina manual ou
mecanizada, com o uso de grades ou roçadeiras. Recomenda-se o uso de grades até os seis
40
primeiros meses após o plantio. Deve-se evitar lavras profundas para não danificar o
sistema radicular do mamoeiro que é superficial (OLIVEIRA & CARVALHO, 1999).
Para SIMÃO (1998), os tratos culturais são feitos manualmente, pois o emprego
de máquinas prejudica o sistema radicular, que se estende horizontalmente por todo o
terreno. Danos causados às raízes reduzem consideravelmente o crescimento da planta,
predispondo-a ao tombamento.
Outra opção é a capina química, pela utilização de herbicidas. Contudo, devido
à sensibilidade do mamoeiro a diversos produtos químicos, deve-se evitar o contato de
herbicidas com as partes verdes das cascas das plantas ou folhas, fazendo as pulverizações
com cuidado, especialmente nos dias de vento.
O controle integrado por meio dos métodos químicos e mecânicos, constitui-se
na melhor opção técnico-econômica. OLIVEIRA & CARVALHO, (1999) relatam que no
período de estresse hídrico deve-se usar herbicidas pós-emergentes na linha de plantio e
grade/herbicida e/ou roçadora nas ruas. No período das águas pode-se manter a vegetação
natural roçada ou plantar leguminosas.
8.2.2 Culturas intercalares
Segundo TRINDADE & OLIVEIRA (1999), para implementar o consócio do
mamoeiro com outras culturas devem ser considerados vários pontos, podendo-se destacar
a identificação das culturas apropriadas, espaçamentos compatíveis, ciclo da cultura e
sistema de manejo das culturas associadas.
O mamoeiro apresenta um ciclo relativamente curto, em média dois a três anos
de vida, pode ser consorciado com outras culturas permanentes, que serão formadas a um
custo mais baixo. Verifica-se em pomares comerciais vários consórcios de mamão com
plantas de ciclo mais curto, a exemplo de arroz, feijão, amendoim, leguminosas para
adubação verde, etc. Deve-se evitar o consórcio com cucurbitáceas (abóbora, melancia,
melão e pepino), pois são plantas hospedeiras do vírus da mancha anelar e mosaico
dourado, sendo estas doenças facilmente transmissíveis ao mamoeiro pelos pulgões.
Convém utilizar a goiaba, macadâmia, café, abacate, manga, citros, coco e
algumas culturas em consórcio com o mamão, que produz por cerca de três anos, tempo em
41
que chega a hora de arrancar o mamoeiro, já muito alto. Pode-se também, plantar espécies
como o guaraná, usando o mamão como sombreamento provisório.
8.2.3 Desbrota de ramos laterais
Deve-se eliminar todos os brotos laterais do tronco, para não se transformarem
em focos de pragas e de doenças. JOSÉ (1996), relata que a eliminação dos ramos laterais
deve ser feita sempre que necessário ao longo de todo o ano a partir de 30 dias após plantio.
Este trato cultural evita redução no crescimento das plantas, concorrência com nutrientes e
água.
Os brotos laterais são eliminados por corte preciso e liso, com ferramentas bem
afiadas e constantemente desinfectadas, de preferência a cada passagem de um mamoeiro
para outro durante a desbrota, mergulhando-a em solução de permanganato de potássio.
Deve-se ainda pincelar o corte com este desinfetante para evitar a ocorrência de podridões
(MEDINA et al. 1989).
8.2.4 Desbaste de frutos e folhas
Quanto ao desbaste de frutos, trata-se de uma operação da maior importância.
Sendo feita a partir do início da frutificação, tendo em vista a eliminação dos frutos
defeituosos e de menor crescimento, pois a forma, o tamanho e peso dos frutos são fatores
limitantes na comercialização do mamão .
No inverno a prática do desbaste torna-se mais exigida em função do maior
intervalo do florescimento à maturação. No período entre o outono e inverno, os frutos
demoram mais tempo para atingirem a maturação (OLIVEIRA & CARVALHO, 1999).
O desbaste de frutos é realizado para frutos defeituosos, carpelóides ou cara-de-
gato, pequenos, tipo banana, doentes e pentândricos. O desbaste de frutos deve ser feito a
cada 20-30 dias com os frutos ainda verdes
Devem ser retiradas folhas velhas, sem função fotossintética na planta, para
reduzir fontes de inóculos existentes, e facilitar a colheita e a eficiência na aplicação de
defensivos (MEDINA et al.,1989).
42
8.2.5 Desbaste de plantas
No quarto ou quinto mês após o plantio os mamoeiros entram em floração
sendo, então, possível distinguir o seu sexo. O desbaste de plantas só é feito em mamoeiros
do grupo Solo, onde são plantadas três mudas por cova. O tipo de flor que o mamoeiro
apresenta influi no formato e nas características dos frutos.
Levando em consideração o tipo de flor da espécie em questão, deixa-se apenas
uma planta por cova, preferencialmente com flor hermafrodita, pois os mercados externo e
interno preferem frutos de formato periforme, característicos destas plantas. Para os
mamoeiros do grupo Formosa, geralmente, a operação de desbaste não é necessária, pois o
mercado consumidor absorve tanto frutos provenientes de plantas hermafroditas como
femininas, bem como pelo fato do plantio ser com apenas uma planta por cova (OLIVEIRA
& CARVALHO, 1999).
Recomenda-se erradicar plantas atacadas por viroses e outras doenças, de modo
sistemático, durante o desenvolvimento da cultura.
8.3 IRRIGAÇÃO
Sendo o mamoeiro (Carica papaya L.) originário da América Tropical, onde há
predominância do clima quente e úmido, ele se desenvolve melhor em regiões com
temperatura média anual em torno de 25º C e precipitações em torno de 1500 mm
(BERNADO, 1995).
O mamoeiro possui sistema radicular pivotante bem desenvolvido, onde mais
de 80% do seu sistema radicular encontra-se concentrado até a profundidade de 30 a 40 cm.
O mamoeiro desenvolve-se bem em solos permeáveis e férteis. Segundo BERNADO
(1996) quando o mamoeiro é cultivado em solos com drenagem natural deficiente, ocorre
com freqüência a podridão das raízes, amarelecimento e queda das folhas, e decréscimo na
produção, podendo causar morte das plantas. O ideal que seu cultivo seja em solos
profundos, arenosos ou argilosos bem estruturados e com boa fertilidade, de modo a
possibilitar um bom desenvolvimento do seu sistema radicular e conseqüentemente boas
produções.
Os métodos de irrigação utilizados para a cultura do mamoeiro são os mais
variados, desde a irrigação por superfície até a irrigação localizada. Os mais indicados são o
43
gotejamento e a microaspersão, pois permitem maior uniformidade na distribuição com
baixa pressão, não causando danos à planta, e propiciam maior economia de água.
A escolha do sistema de irrigação a ser usado na cultura do mamão em
determinada propriedade deve ser baseada na viabilidade técnica e econômica do projeto.
Considerando que o fruto do mamoeiro é muito rico em água, exige-se um bom
suprimento de umidade de solo, tanto na fase de crescimento quanto na de produção. O
mamoeiro responde muito bem a irrigação suplementar quando as precipitações são
inferiores 1500 mm ou mesmo superiores, porém com distribuição irregular.
A exigência em relação à umidade do solo, varia de acordo com a fase do
desenvolvimento vegetativo da planta, com as condições climáticas locais e com a
variedade cultivada. O déficit de umidade reduz o diâmetro do caule, o crescimento da
planta e aumenta a produção de flores estéreis, reduzindo, sua produtividade (BERNADO,
1996).
O ponto chave no manejo da irrigação é decidir quanto de água aplicar e
quando irrigar. O quanto de água a ser aplicada é normalmente calculado com base na
quantidade de água consumida pela cultura, dividida pela eficiência de aplicação. A
quantidade consumida pela cultura pode ser estimada por meio da evapotranspiração real
ou por meio da variação do teor de umidade do solo. Lembrando-se sempre que a
quantidade de água a ser aplicada por irrigação tem que ser compatível com a capacidade
de retenção de água na zona radicular da cultura.
A questão de quando irrigar é sem dúvida, um dos pontos mais importantes no
manejo da irrigação. Pode ser determinada de diferentes modos, sendo o mais comum: pelo
teor de umidade no solo, pelo turno de rega e pelo balanço de água no solo. Na definição do
quando irrigar, temos que considerar dois grupos de manejo da irrigação, ou seja, irrigação
com turno de rega pré-fixado e com turno de rega variável.
8.4 REFERÊNCIAS
BERNADO, S. Irrigação do Mamoeiro. In: MENDES, L. G.; DANTAS, J. L. L.; MORALES, C. F.
G. Mamão no Brasil. Cruz das Almas, BA: EUFBA/ EMBRAPA – CNPMF, 1996. 57 – 75 p.
44
JOSÉ, A. R. S. Tratos Culturais do mamoeiro. In: MENDES, L. G.; DANTAS, J. L. L.;
MARALES, C. F. G. Mamão no Brasil. Cruz das Almas, BA: EUFBA/EMBRAPA – CNPMF,
1996. p. 21 – 26.
KIST, H.; MANICA, I. Densidade de plantio, crescimento e produção do mamoeiro Formosa
(Carica papaya L.) em Porto Lucena, RS. Revista Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 30, n 5,
1995, p. 657 – 666.
MEDINA, J. C.; DE MARTIN, Z. J.; NISIDA, A. L. A. C.; BALDINI, V. L. S. Cultura. In:
MEDINA, J. C.; BLEINROTH, E. W.; SIGRIST, J. M. M.; DE MARTIN, Z. J.; NISIDA, A. L. A.
C.; BALDINI, V. L. S.; LEITE, R. S. S. F.; GARCIA, A. E. B. Mamão: cultura, matéria-prima,
processamento e aspectos econômicos. Campinas, ITAL, 2ª ed., série frutas tropicais, nº 7, 1989, p.
1 - 177.
OLIVEIRA, J. R. P.; TRINDADE, A. V. Propagação e Plantio. In: SANCHES, N. F.; DANTAS, J.
L. L. Coords. O cultivo do mamão. Cruz das Almas, BA: Embrapa Mandioca e Fruticultura, 1999.
17 – 26 p.
OLIVEIRA, J. R. P.; CARVALHO, J. E. B. de. Tratos culturais. In: SANCHES, N.F.; DANTAS, J.
L. L. O cultivo do mamão. Cruz das Almas, BA: Embrapa Mandioca e Fruticultura. 1999. p.17 -
31.
SIMÃO, S. Tratado de fruticultura. Piracicaba – SP. FEALQ. 1998.760 p.: il.
45
9 PRAGAS
Aline Cavalcante R. de Oliveira
Rosana Gonçalves Barros
Osvaldo Antunes de Souza
A cultura do mamoeiro é atacada por um significativo número de insetos e
ácaros, sendo a maioria, em condições normais, de importância secundária. Dentre as
espécies de ocorrência mais freqüente e de maior importância para o mamoeiro, destacam-
se os ácaros (rajado, vermelho e branco), a cigarrinha verde, a mosca-das-frutas e o
mandarová (MARTINS & MARIN, 1998).
Contudo, apenas algumas pragas comprometem a viabilidade da cultura
tornando-se assim importantes. Sendo os ácaros as pragas mais severas do mamoeiro,
enquanto os outros insetos são de menor importância, exceto os pulgões por serem vetores
do mosaico, o principal problema da cultura no Brasil. Devido seu tamanho diminuto, os
ácaros acabam passando despercebidos até que haja uma intensa proliferação e os danos na
planta já sejam perceptíveis visualmente (TODAFRUTA, 2001).
As pragas que ocorrem na cultura do mamoeiro são controladas principalmente
por produtos químicos. A falta de pesquisas sobre este tema, inviabiliza outras formas,
como o controle biológico. No entanto esta estreita dependência é limitada por dois
aspéctos: a alta sensibilidade da planta a alguns ingredientes ativos e a falta de registros
para muitos inseticidas e acaricidas normalmente utilizados. Devido a isto, não há uma
estatística exata, sobre os danos causados pelas pragas na cultura do mamão e o valor
consumido em produtos fitossanitários, refletida na pequena disponibilidade de
informações técnicas sobre as interações entre os ingredientes ativos disponíveis e as
plantas do mamoeiro (AGRIANUAL, 2001).
O controle de ácaros e insetos que atacam o mamoeiro demandam 35,63% do
custo de produção, no segundo ano após o plantio (AGRIANUAL, 2001)
46
9.1 PRAGAS PRINCIPAIS
9.1.1 Ácaro Branco (Polyphagotarsonemus latus)
De acordo com OLIVEIRA et al (1994), o ácaro branco (Polyphagotarsonemus
latus), localiza-se na face inferior das folhas, tornando-as cloróticas, coriáceas e
encarquilhadas. Este ácaro provoca deformações, paralisação do crescimento e morte da
planta.
Pelo fato de destruir as folhas da parte apical em sucessivas brotações, até a
planta deixar de brotar, acarreta queda na produção e na qualidade dos frutos. O ataque é
maior no período chuvoso.
Um mecanismo interessante de perpetuação da espécie é apresentado por este
ácaro. O macho mede 0,14mm de comprimento por 0,08mm de largura, e tem o quarto par
de pernas muito avantajado, o que lhe possibilita carregar a “pupa” da fêmea para que no
momento da emergência, seja garantida a cópula (GALLO, 1988).
Para o controle do ácaro branco pode-se usar o enxofre, na formulação pó-
molhável. Não aplicar nas horas mais quentes do dia e evitar misturas com óleos
emulsionáveis ou produtos cúpricos (GALLO, 1988).
PONTE (1996), manipulando extrato líquido das raízes de mandioca, diluído
em água (1:3), pulverizou três vezes por semana em plantas de mamoeiro infestadas com o
ácaro branco, e após 12 dias, observou-se 100% de controle do ácaro.
9.1.2 Ácaros Rajado e Vermelho (Tetranychus urticae) e (Tetranychus desertorum)
O ácaro rajado e o ácaro vermelho localizam-se na face inferior das folhas mais
velhas do mamoeiro, entre as nervuras mais próximas do pecíolo, onde tecem teias e
efetuam a postura. Provocam amarelecimento e posterior necrose das folhas, ocasionando a
desfolha da planta e afetando seu desenvolvimento, além de deixar os frutos expostos à
ação direta dos raios solares, prejudicando sua qualidade. Esses ácaros ocorrem durante os
meses quentes e secos do ano (OLIVEIRA et al., 1994).
O ácaro rajado, devido a sua ação sugadora, causa a queda prematura das folhas
maduras, prejudicando a atividade das plantas e a qualidade dos frutos, que ficam
queimados pela ação direta dos raios solares (LUNA, 1982).
47
Segundo OLIVEIRA et al. (1994), para o controle dos ácaros rajado e
vermelho, recomenda-se a aplicação de enxofre, dirigindo a pulverização para a face
inferior das folhas mais velhas. Para o uso do enxofre, é necessário atentar-se para a não
aplicação nas horas mais quentes do dia e evitar misturas com óleos emulsionáveis e
também com cúpricos.
9.1.3 Cigarrinha Verde (Empoasca sp.)
A cigarrinha verde tem sido observada com bastante freqüência e intensidade,
atacando a cultura do mamoeiro nas principais regiões produtoras de mamão do Brasil.
O inseto é de coloração verde-acinzentada, de formato triangular e mede de 3 a
4 mm de comprimento. As formas jovens (ninfas) são menores, possuem coloração verde,
são ágeis e têm o hábito de se locomoverem-se lateralmente. Tanto as formas jovens como
as adultas sugam a seiva das folhas do mamoeiro, normalmente na página inferior do limbo,
que apresentam manchas amareladas, assemelhando-se ao sintoma da virose. As folhas
intensamente atacadas tornam-se encarquilhadas, as margens amarelecidas com posterior
secamento, caindo prematuramente, afetando o desenvolvimento da planta.
Para o controle desta praga pode-se aplicar o trichlorfon (não registrado para o
mamoeiro) somente quando houver ataque (OLIVEIRA et al., 1994).
9.1.4 Mosca – das - Frutas (Ceratitis capitata, Anastrepha fraterculus, A. obliqua)
A mosca-das-frutas ataca uma grande quantidade de espécies frutíferas, apesar
de não ser uma praga comum do mamoeiro, a não ser na presença da meleira do mamoeiro.
O dano é causado pelas larvas da mosca que se alimentam da polpa do mamão, tornando
flácida a região atacada. O ataque ocorre no estágio em que os frutos iniciam o processo de
maturação na planta e os danos só se evidenciam quando estes se encontram próximos ao
ponto de consumo (MARTINS & MARIN, 1998).
Maiores problemas com essa praga são observados em pomares que apresentam
constantemente frutos em estágios avançados de maturação. Para manter essa praga em
níveis não prejudiciais à cultura do mamão, recomenda-se a colheita dos frutos no início da
maturação, evitando-se a presença de frutos maduros nas plantas e de frutos refugados no
interior do pomar. Recomenda-se, também, fazer o monitoramento periódico da praga por
48
meio de frascos caça-mosca, utilizando como isca atrativa a rapadura a 7,5% ou suco de
mamão a 30%, com adição de 2 ml de triclorfom 50% por litro de solução (MARTINS &
MARIN, 1998).
9.1.5 Mandarová ou Gervão (Erinnyis ello)
Importante praga das culturas da mandioca e seringueira, podendo
ocasionalmente, atacar a cultura do mamoeiro. O dano é causado pelas lagartas, que se
alimentam, inicialmente, das folhas e brotações mais novas e, depois, do limbo das folhas
mais velhas. Em infestações intensas, podem causar o desfolhamento total do mamoeiro,
atrasando seu desenvolvimento e expondo os frutos à insolação direta (OLIVEIRA et al.,
1994).
O adulto é uma mariposa de asas estreitas, medindo 10 cm de envergadura, de
coloração cinza, com asas posteriores alaranjadas, sendo fortemente atraído pela luz.
Como medida de controle deve-se dar preferência ao uso do Bacillus
thuringiensis, devendo ser aplicado principalmente quando as lagartas estiverem pequenas.
9.1.6 Pulgões (Aphis gossypii; Myzus persicae)
Os pulgões são insetos sugadores polífagos, pequenos, de cor amarela, verde ou
mesmo, verde-escuro, que geralmente podem ser vistos nas folhas tenras das plantas
(MEDINA, 1980).
Causam danos diretos e indiretos à cultura:
- diretos: sugam a seiva das folhas prejudicando o crescimento e causando
deformações nas mesmas;
- indiretos: são vetores de importantes viroses, como o mosaico.
Para o controle dos pulgões, são feitos aplicações de inseticidas via
pulverização (MEDINA, 1980).
9.1.7 Percevejo Verde (Nezara viridula)
O percevejo verde ou fede-fede suga os frutos do mamoeiro, causando
prejuízos, uma vez que os mesmos ficam com manchas nos locais das picadas (MEDINA,
1980).
49
9.1.8 Tripes (Trips tabaci)
O tripes, ocasionalmente, pode apresentar-se em elevadas populações e causar o
dobramento dos bordos ou enrugamento das folhas, quando atacadas durante o
desenvolvimento (MEDINA, 1980).
As folhas atacadas geralmente apresentam áreas de coloração clara que
correspondem aos lugares em que os insetos se alimentaram da seiva.
9.1.9 Lagarta Rosca (Agrotis ipsilon)
Não é uma praga muito comum à cultura do mamoeiro, mas pode atacar as
mudas no viveiro, seccionando-as rente ao solo.
É uma lagarta de hábito noturno e que durante o dia abriga-se sob o solo.
Como medida de controle, deve-se dar preferência ao uso do Bacillus
thuringiensis, devendo ser aplicado assim que os primeiros danos forem observados
(OLIVEIRA et al., 1994).
9.1.10 Cochonilha (Morganella longispina)
Praga de importância econômica nas regiões produtoras do Nordeste brasileiro,
notadamente nos estados de Sergipe e Rio Grande do Norte.
Formam inicialmente colônias na região dos entre-nós do caule, onde sugam a
seiva da planta. Apresentam escamas de coloração marrom escuro, de formato circular, de
grande aderência aos tecidos jovens da planta. Os frutos quando intensamente atacados
apresentam a sua casca com inúmeras manchas de coloração variando de verde claro a
marrom, o que deprecia totalmente sua qualidade comercial (LUNA, 1982).
Para o controle deve-se raspar o caule para expor as cochonilhas e pulverizar
com óleo emulsionável a 0,1-0,2%.
9.1.11 Formigas Cortadeiras (Atta sexdens rubropilosa) e (Acromyrmex sp.)
As espécies de formigas cortadeiras que comumente ocasionam danos ao
mamoeiro, são a saúva limão Atta sexdens rubropilosa e a quenquém Acromyrmex sp. A
sua ação mais importante verifica-se, basicamente, no viveiro, durante a formação de
50
mudas e na fase inicial da cultura, principalmente quando esta é instalada em áreas novas
(MARTINS & MARIN, 1998).
A saúva limão é facilmente identificada, por exalar um cheiro forte de limão,
quando esmagada e difere das formigas quenquéns por ser maior e possuir apenas três pares
de espinhos no dorso do tórax. Os formigueiros das quenquéns são pequenos e aéreos, em
material em decomposição, ao contrário dos das saúvas, que são no solo e compostos de
várias panelas interligadas por canais.
Em áreas onde ocorrem formigas saúvas e quenquéns o controle deve seguir
rigorosamente em esquema de combate inicial, antes da instalação do viveiro e da cultura
no campo. A utilização de formicidas granulados em porta-iscas tem apresentado bom
resultado de controle de formigas saúvas, com a vantagem de ser de baixo custo
(MARTINS & MARIN, 1998). Para quenquéns tem-se que localizar e destruir os ninhos.
9.2 REFERÊNCIAS
AGRIANUAL. Pragas do mamoeiro. 2001, ED 14 out. 2002. Disponível em:
http://www.todafruta.com.br/todafruta/notícias> Acesso em: 04 nov. 2003.
GALLO, DOMINGOS et al. Manual de Entomologia agrícola São Paulo, Ed. Agronômica Ceres,
2a edição, 1988, 649p.
LUNA, J.V.U. Instruções para a cultura do mamão. Empresa de Pesquisa Agropecuária da
Bahia. 1982. 22p. (EPABA, Circular Técnica, 1).
MARTINS, D. S. & MARIN, S. L. D. Pragas do mamoeiro. In: BRAGA SOBRINHO, R.;
CARDOSO, J. E.; FREIRE, F. C. O. Pragas de fruteiras de importância agroindustrial. Brasília:
Embrapa-SPI; Fortaleza: Embrapa-CNPAT, 1998. p. 143-153.
MEDINA, J.C. Cultura do Mamão. In: Mamão: da cultura ao processamento e comercialização.
Campinas – SP: ITAL, 1980 (Frutas Tropicais) p. 8-112.
OLIVEIRA, A.M.G.; FARIAS, A.R.N.; SANTOS FILHO, H.P.; OLIVEIRA, J.R.P.; DANTAS,
J.L.L.; SANTOS, L.B.; OLIVEIRA, M.A.; SOUZA JÚNIOR, M.T.S.; SILVA, M..J.; ALMEIDA,
O.A.; NICKEL, O.; MEDINA, V.M.; CORDEIRO, Z.J.M. Mamão para exportação: aspectos
técnicos da produção. Programa de Apoio à Produção e Exportação de Frutas, Hortaliças, Flores e
Plantas Ornamentais – Brasília: EMBRAPA – SPI, 1994. 52p. (Série Publicações Técnicas –
FRUPEX, 9).
PONTE, J. J. Eficiência do manipulado no controle do ácaro-branco. Revista de Agricultura,
Piracicaba. v. 71. n. 2. 1996. p. 259-261.
TODAFRUTA. Pragas do mamoeiro. 2001. Disponível em:
51
http://www.todafruta.com.br/todafruta/notícias> Acesso em: 04 nov. 2003.
52
10 DOENÇAS
Cecília do Nascimento Peixoto
Iron Daniel da Silva
Jair Inácio de Oliveira Júnior
O mamoeiro é afetado por um grande número de doenças (OLIVEIRA et al.,
1999), sendo que, as doenças mais destrutivas e que limitam a produção do mamoeiro são
as de origem virótica. No entanto, doenças fúngicas como a varíola ou pinta preta
(Asperisporium caricae), oídium (Oidium caricae), gomose, podridão do pé, do pecúnculo
ou podridão do colo do mamoeiro (Phytophthora palmivora), antracnose (Colletotrichum
gloeosporioides) e podridão terminal do caule (Phoma caricae e Lasiodiplodia
theobromae), mancha de Corynespora (Corynespora cassiicola) causam prejuízos, além da
maioria dessas doenças também causar podridões de frutos em pós-colheita (antracnose,
podridão do pedúnculo, podridão por Lasiodiplodia, mancha de alternaria, podridão por
Fusarium, podridão por Stemphyllium e podridão por Rhizopus). NOGUEIRA et al.(1997)
relataram uma nova doença em mamoeiros no Estado de São Paulo, causada pelo fungo
Leveillula taurica.
As doenças em pós-colheita do mamão constituem fator limitante na exportação
e comercialização dos frutos, podendo chegar a 100% de perdas. A antracnose e a podridão
do pedúnculo são as mais importantes e freqüentes, iniciando-se geralmente a infecção nos
frutos antes da colheita, com inóculo dos pomares e manifestando-se a doença com o
amadurecimento dos frutos (COSTA et al., 2002).
10.1 DOENÇAS FÚNGICAS
10.1.1 Varíola ou Pinta preta do mamoeiro (Asperisporium caricae)
É uma das doenças mais observadas em culturas mal conduzidas,
principalmente em plantios de fundos de quintal (REZENDE & FANCELLI, 1997). Ainda
que não ocasione sérios prejuízos como outras podridões, pelo fato das manchas se
limitarem à superfície dos frutos, o grande número de lesões causa depreciação comercial
(OLIVEIRA et al., 1999). A doença foi relatada pela primeira vez no Sri Lanka por
ADIKARAM & WIJEPALA em 1995, como sendo severa para o mamoeiro na época
53
chuvosa, por reduzir a área fotossintética e afetar o vigor e a produção, além de ocasionar
queda prematura de frutos quando infectados ainda jovens.
A infecção se dá, comumente, na parte inferior das folhas mais velhas. Aí o
fungo desenvolve frutificações pulverulentas que formam manchas pequenas, circulares,
ligeiramente angulosas e de coloração escura. Na parte superior da folha as lesões são
arredondadas, pardo-claras, cercadas por halo amarelo. No fruto as lesões são circulares,
salientes, apresentando centro esbranquiçado no estádio final. A ocorrência dessa doença
provoca amarelecimento e queda prematura das folhas, atraso no crescimento e
conseqüente definhamento da planta(OLIVEIRA et al., 1999).
As medidas de controle devem ser tomadas tão logo apareçam os primeiros
sintomas nas folhas mais velhas, com aplicação de fungicidas recomendados, tomando-se o
cuidado para evitar possíveis manchas nos frutos mais desenvolvidos (OLIVEIRA et al.,
1994). Apesar do fungo ser de fácil controle com a utilização de fungicidas, é necessário
que se aplique os produtos na época certa (OLIVEIRA et al., 1999).
10.1.2 Gomose, Podridão do pé ou Podridão do colo do mamoeiro (Phytophthora
palmivora e P. parasitica)
Essas podridões de raízes, do caule e dos frutos ocasionam enormes perdas e
ocorrem em todas as regiões cultivadas com mamoeiro. O problema é mais grave em solos
argilosos e mal drenados, e em condições de umidade e temperatura elevadas (OLIVEIRA
et al., 1999). O fungo Pythium aphanidermatum pode também causar a doença podridão de
raízes.
Os principais sintomas são manchas aquosas, seguidas de apodrecimento do
colo, apodrecimento de raízes, amarelecimento de folhas, queda dos frutos, murchamento e
curvatura do ápice. Na região do colo há lesões escuras, delimitadas por uma área aquosa,
destruindo inicialmente os tecidos externos e posteriormente os internos. As raízes
apresentam uma podridão mole que destrói inteiramente os seus tecidos. No caule, os
tecidos mais tenros e superficiais são destruídos, aparecendo feixes de tecidos mais
internos. O comprometimento de grandes áreas do tronco interfere no livre fluxo de seiva,
acarretando sintomas severos de murcha, amarelecimento e queda de folhas. Na porção
superior do mamoeiro o fungo penetra no fruto, nas cicatrizes das folhas ou em ferimentos
54
do caule causados por ferramentas durante os tratos culturais. O fruto verde é mais
resistente, porém pode ser afetado caso a infecção se dê no caule, próximo ao pedúnculo
adjacente. Neste caso, o fruto fica enrugado e cai ao solo, liberando esporos do fungo. Nos
frutos maduros observa-se uma podridão em que os tecidos ficam consistentes e recobertos
por um micélio aéreo e cotonoso (OLIVEIRA et al., 1999).
Para o controle dessa doença, deve-se evitar o plantio em solos muito argilosos,
dar preferência a solos virgens, fazer plantios altos, incluir sistema de drenagem em locais
encharcados, evitar ferimentos do caule e frutos, além de erradicar plantas irrecuperáveis. A
podridão dos frutos pode ser controlada com pulverizações preventivas, utilizando-se
fungicidas cúpricos alternados com mancozeb. Para podridão do colo e tronco, no início da
formação da lesão, efetuar tratamento cirúrgico, raspando a área afetada e aplicar pasta
cúprica a 5% (OLIVEIRA et al., 1994; OLIVEIRA et al., 1999).
10.1.3 Antracnose do mamoeiro (Colletotrichum gloeosporioides)
É considerada a principal doença pós-colheita do mamão (BRASIL, 2001).
Embora essa doença ocorra em frutos de qualquer estádio de desenvolvimento, se apresenta
com maior freqüência nos maduros. Geralmente, o fungo infecta o fruto ainda verde e
posteriormente esses frutos atacados tornam-se imprestáveis para a comercialização e
consumo in natura. Mesmo que os sintomas não se evidenciem nas condições de campo,
eles podem aparecer na fase de amadurecimento, transporte, embalagem e comercialização.
As lesões iniciam-se com a formação de pequenos pontos negros, que vão aumentando de
tamanho e transformam-se em manchas deprimidas que podem medir até 5 cm de diâmetro.
Em torno das manchas forma-se um halo de tecido aquoso, com a parte central exibindo um
aspecto gelatinoso de coloração rósea. Quando em grande quantidade, as manchas
coalescem, espalham-se pela superfície do fruto, penetram e se aprofundam na polpa,
ocasionando podridão mole (OLIVEIRA et al., 1994; OLIVEIRA et al., 1999).
Como o prejuízo maior é causado nos frutos maduros, nas fases de colheita e
pós-colheita, o meio mais eficiente de controle deve ser um programa de pulverização pré-
colheita, seguido de cuidados essenciais e preventivos na colheita e pós-colheita.
Recomenda-se retirar e enterrar os frutos atacados, efetuar a colheita de frutos ainda verdes,
evitar ferimentos nos frutos e desinfestar galpões e vasilhames de transporte. Durante o
período de florescimento e frutificação, principalmente se houver umidade superior a 90%,
55
recomenda-se à aplicação de fungicidas recomendados para esse fim (OLIVEIRA et al.,
1999). Os frutos jovens, quando atacados, cessam o seu desenvolvimento, mumificam e
caem. (OLIVEIRA et al., 1994). O pecíolo dos frutos é relatado como fonte da doença e a
sua eliminação auxilia no controle (DURAN et al., 2000).
O tratamento térmico dos frutos com água quente parece ser o método mais
simples, seguro e eficaz para o controle da doença, pois não provoca alterações físicas nem
bioquímicas dos frutos e aumenta a vida de prateleira dos mesmos (KODIKARA et al.,
1996), e ainda apresenta nível de controle superior ao fungicida thiabendazole (NISHIJIMA
& GOMES, 1995). DIAS et al. (2002) testaram o efeito do tratamento hidrotérmico e
químico, associados à refrigeração, no controle de podridões de pós-colheita de mamão,
verificando que, após o armazenamento por 16 dias, o tratamento com os fungicidas
thiabendazole e imazalil aplicados nos frutos em calda a 48C por 20 minutos, inibiu
totalmente o aparecimento de podridões. SOLANO & ARAUZ (1995), testaram vários
fungicidas aplicados por ocasião do florescimento visando o controle da antracnose, e
obtiveram melhores resultados quando foram aplicados mancozeb (4,0 g a.i./l), captan (1,20
g a.i./l) e chlorothalonil (2,63 g a.i./l).
10.1.4 Podridão terminal do caule do mamoeiro (Phoma caricae papaya e
Lasiodiplodia theobromae)
Os fungos provocam a podridão terminal do caule bem como podridões do
pedúnculo e dos frutos durante o período de armazenamento e maturação (OLIVEIRA et
al., 1999). A doença foi relatada pela primeira vez em Alagoas, por QUEIROZ et al.
(1997).
Quando causada por Phoma sp., inicialmente, observa-se um número limitado
de folhas na parte terminal do caule, o que impede o crescimento normal da planta e até
causa a sua morte. Os sintomas típicos do ataque deste fungo são caracterizados por uma
margem estreita e firme, seguida por um tecido negro e quebradiço, local onde os picnídios
estão separados e embebidos no tecido, formando pequenas pregas na superfície dos frutos.
Sobre as lesões mais velhas aparece um micélio esponjoso e acinzentado. Quando a doença
é causada por L. theobromae, o fungo causa a podridão terminal do caule e podridões na
superfície dos frutos. Ao atingir os frutos, ocasiona lesões escuras margeadas por tecido
56
encharcado, apodrecendo e mumificando os frutos atacados (OLIVEIRA et al., 1994;
OLIVEIRA et al., 1999).
O controle é realizado no campo, com aplicação de fungicidas, quando do
controle da antracnose. Tratamentos pós-colheita também são realizados nos frutos antes da
embalagem (OLIVEIRA et al., 1994).
10.1.5 Oídio (Oidium caricae)
Essa doença tem ocorrência generalizada, especialmente em viveiros muito
sombreados e nos meses mais frios do ano. Geralmente, a planta pode superar a doença,
entretanto um ataque muito intenso pode causar danos às folhas, frutos e à planta em geral,
devido à retirada de nutrientes das células da superfície das folhas. Quando as folhas da
parte superior são atacadas, a planta sofre uma redução do crescimento, ocorrendo perda de
vigor. As folhas mais velhas são muito sensíveis, e quando afetadas mostram manchas de
coloração mais claras, tendo contornos irregulares. Essas áreas descoloridas juntam-se,
coalescem e apresentam-se recobertas na sua superfície inferior por uma massa
pulverulenta branca (massa de esporos) formada pela frutificação do fungo em seu
crescimento. Como conseqüência, as folhas caem, deixando os frutos descobertos e sujeitos
a queimaduras provocadas pelos raios solares (OLIVEIRA et al., 1994; REZENDE &
FANCELLI, 1997).
10.2 VIROSES
Segundo OLIVEIRA et al. (1999) as viroses do mamoeiro são consideradas
atualmente, como o maior entrave à implantação de pólos produtivos desta cultura, devido
à migração destas que as doenças viróticas impõem.
Dentre as viroses que atingem a cultura de mamoeiro, as principais são:
10.2.1 Mancha anelar do mamoeiro
Também chamada de mosaico do mamoeiro, essa virose é causada pelo vírus
(“papaya ringspot virus”, PRSV) e transmitida de um mamoeiro a outro pelos pulgões
(ROHRBACK, 1988).
O PRSV possui duas estirpes variantes, sendo a PRSV-p, que infecta o mamoeiro e
a PRSV-w, que infecta principalmente as cucurbitáceas. Estas estirpes não atingem as
57
sementes de plantas infectadas. O PRSV-p produz o amarelecimento das folhas mais novas
do mamoeiro, clareando as nervuras e dando um aspecto de mosaico intenso, com
deformação e engruvinhamento destas folhas. A virose se estende pela planta a fora e nos
frutos surgem manchas redondas formando anéis. Não se pode confundir esse aspecto
visual com o ataque de ácaros. Pode chegar a morte (ROHRBACK, 1988).
10.2.2 Amarelo letal do mamoeiro “solo”
O vírus do amarelo letal (“papaya lethal yellowing virus”, PLYV) já foi
encontrado na Bahia, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Ceará e Paraíba, afetando os
pomares em torno de 40%. O PLYV causa o amarelecimento das folhas novas e
retorcimento do ponteiro, seguida de murcha e morte da planta. Atinge o pecíolo e os frutos
ficam com manchas circulares verde-claras, com a polpa tornando-se empedrada e com
maturação retardada. Até o momento, não se verificou nenhum vetor, sendo proveniente do
solo e possui capacidade de sobrevivência por algum tempo neste substrato (OLIVEIRA et
al.,1999).
Este vírus só foi encontrado infectando o mamoeiro e ainda não foi
comprovado sua transmissão através da semente.
10.2.3 Meleira
Nos dias atuais, a meleira é considerada a doença mais importante para a
cultura do mamoeiro, podendo afetar até 100% das plantas na área. Inicialmente, foi
constatada no Estado da Bahia e já se espalhou para o Espírito Santo, onde já atingiu cerca
de 30% dos mamoeiros daquela região.
A meleira caracteriza-se pela exsudação de látex e fluido nos frutos, seguido de
aspecto aquoso, que logo escurece, devido a oxidação, tornando o fruto todo melado. Essa
doença, pode ser constatada também nas folhas, tornando-as necróticas, após liberação do
látex.
Medidas de controle preventivo para viroses do mamoeiro:
- Utilizar sementes de plantas sadias para a formação de mudas;
- Estabelecer viveiros distantes das áreas de plantio definitivo;
- Treinar e utilizar mão-de-obra qualificada;
58
- Manter pomar limpo e adubação equilibrada;
- Desinfectar ferramentas de trabalho e de colheita;
- Evitar instalação de viveiros e plantios em áreas próximas a plantios com
cucurbitáceas e solanáceas.
10.3 NEMATÓIDES
Existem muitas dificuldades no controle dos fitonematóides em várias culturas,
inclusive no mamoeiro (Carica papaya L.). Segundo FERRAZ (1980), a falta de
conhecimento dos técnicos e produtores sobre os prejuízos causados por esses anelídeos, é
que torna mais difícil o seu controle.
Os gêneros Meloidogyne sp, Pratylenchus spp e Rotylenchulus sp são
considerados os que causam as maiores perdas, que muitas vezes passam despercebidas nas
áreas produtivas, devido ao ataque ocorrer no solo, sendo os nematóides quase todos
endoparasitas. Outra evidência que se passa despercebida é que os fitonematóides iniciam e
completam todo o ciclo se alimentando da planta-hospedeira. Os prejuízos são muito
grandes, apesar de ainda não se ter um método ideal de avaliação (MONTEIRO, 1981).
Como acontece na maioria das frutícolas, os Gêneros Meloidogyne sp e
Rotylenchulus sp são os mais nocivos à cultura do mamoeiro. Os sintomas mais fáceis de
serem visualizados são o crescimento reduzido das plantas, produção de frutos menores,
plantas com folhas amareladas, além de muitas outras causas. Tudo isso dificulta a
diagnose por análise visual.
Para o controle dos nematóides são tomadas algumas medidas como:
- Evitar a introdução de mudas de mamoeiro infestadas na área de cultivo;
- Ter histórico da área a ser implantada;
- Cercar os viveiros para evitar a entrada de animais e pessoas estranhas;
- Proteger área do viveiro contra enxurradas;
- Utilizar água de poço ou captada diretamente da fonte, tanto para viveiros ou
pomares definitivos, quando irrigados;
- Expurgar o substrato para as mudas, após adubação;
- Fazer desinfecção de todas as ferramentas utilizadas em viveiros e pomares.
59
No Brasil, ainda não é feito o controle químico na cultura do mamoeiro, porque
há necessidade de verificar a segurança dos nematicidas, dosagens corretas, eficiência,
fitotoxicidade, período de carência e viabilidade econômica dos produtos.
10.4 REFERÊNCIAS
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in Sri Lanka. Journal of the National Science Council of Sri Lanka, v. 23, n. 4, p. 213-219, 1995.
(Abs.)
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(Suplemento), agosto, p. S73, 2002. (Resumo)
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60
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2, p. 25-30, 1995. (Abs.)
61
11 COLHEITA E PÓS-COLHEITA
Ana Flávia Costa Lima Felipe
Arcângela C. da C. Pedreira Pereira
11.1 COLHEITA
A época ideal para a colheita do fruto de mamão é bastante influenciada pelo
mercado consumidor ficando em torno de 4 a 6 meses após o florescimento (MINISTÉRIO
DA INTEGRAÇÃO NACIONAL, 2000).
Além do mercado, se local ou distante, a estação do ano também irá influenciar
na colheita. Os frutos que amadurecem no inverno devem ser apanhados em um estádio
mais tardio do que aqueles que amadurecem no outono ou na primavera. Em condições de
clima quente os frutos amadurecem mais cedo (GARCIA, 1980).
A qualidade dos frutos segundo FIORAVANÇO et al. (1996), varia de acordo
com a cultivar, tratos culturais no pomar e principalmente pelo estádio de maturação na
colheita. VIEIRA et al. (2000), em seus estudos observaram que o retardamento da colheita
causa maior perda de massa das cultivares Sunrise Solo e Tainung durante o período pós-
colheita e propicia um amolecimento maior e precoce. FAGUNDES & YAMANISHI
(2001), verificaram que o teor de médio de SST variou de 9,9 a 12,5 Brix, sendo mais
alto em agosto; o pH oscilou entre 5,2 e 5,71 e foi mais alto em agosto e setembro.
O mamão tem por características a mudança gradual e desuniforme na cor da
casca de verde para a amarela, formando inicialmente estrias amarelas partindo da região
estilar para a inserção peduncular do fruto (OLIVEIRA et al, 2002). Para comercialização e
consumo local, deve-se colher os frutos quando apresentarem estrias ou faixas com 50% de
coloração amarela. Frutos destinados à exportação ou armazenagem por períodos longos,
devem ser colhidos no estádio verde-maduro (de vez) que é caracterizado pela mudança de
cor verde-escuro da casca para verde-claro, amadurecimento das sementes, que tornam-se
negras, e pelo início de coloração rósea da polpa (MEDINA, 1999).
O ato de colher os frutos exige cuidados tanto em relação ao fruto, quanto ao
colhedor. Manter a integridade do fruto é de grande importância. O fruto possui casca
muito fina e delicada, com isso qualquer escoriação pode afetar sua qualidade, além de
constituir porta aberta à invasão por fungos de pós - colheita. Por outro lado os colhedores
62
devem usar luvas de borracha e camisas de manga comprida a fim de evitar contato com o
látex, de ação cáustica.
Os frutos são facilmente destacados da planta por torção até a ruptura do
pedúnculo. A colheita é uma operação relativamente simples enquanto os mamoeiros ainda
são de baixo porte e os frutos podem ser facilmente alcançados pelas mãos de um colhedor
postado ao seu lado. Porém, quando o mamoeiro cresce, os frutos só podem ser colhidos
com o auxílio de escadas de três pés, plataforma elevadora ou outros meios. O
MINISTÉRIO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL (2000), recomenda para locais onde
ocorrem podridões pedunculares nos frutos, utilizar uma faca curva de lâmina estreita
(1cm) para auxiliar a destacar a fruta da planta. Uma outra opção, muito utilizada, é uma
vara de bambu provida na extremidade de um desentupidor de pia de borracha. O copo é
encaixado no ápice do fruto, o qual é pressionado contra o pedúnculo até sua completa
ruptura. O fruto ao cair deve ser apanhado com a mão livre do operário, para evitar o
choque violento do fruto contra o solo.
Após a colheita os frutos são transportado com cuidado até o barracão de
embalagem, onde são lavados, separados por graus de maturação, tipo e tamanho, tratados
ou não com fungicidas e embalados(MANICA,1982).
11.2 PÓS-COLHEITA
11.2.1 Tratamento fitossanitário
O tratamento visando a prevenção de infecções fúngicas e da mosca-das-frutas,
dependerá das restrições do mercado-destino com relação ao uso de agrotóxico (MEDINA,
1999).
Para reduzir as podridões de armazenamento, particularmente aquelas causadas pela
antracnose, os mamões são tratados com água quente antes da embalagem em caixas de madeira
ou de papelão. Segundo MANICA (1982), o controle de alguns fungos de pós - colheita como a
antracnose(Colletotrichum gloeosporioides), Phytophthora e Rhizopus Stolonifer tem sido eficaz
com o tratamento de água quente, emergindo os frutos durante 20 minutos, numa temperatura de
47,7 a 48,8AºC. Entretanto muitas doenças que ocorrem na pós-colheitas não são controladas
com água quente. É importante salientar que o tratamento hidrotérmico pode causar alterações no
63
metabolismo do fruto e conseqüentemente descaracterização da palatabilidade, implicando na
necessidade de um rígido controle da temperatura da água e do tempo de imersão (MEDINA,
1999).
Em situações em que o mercado importador exige medidas quarentenárias para a
mosca-das-frutas e faz restrições ao uso de agrotóxicos, recomenda-se o tratamento com água
quente a 42ºC por 30 minutos. Logo em seguida repete-se a submersão em água quente a 49ºC
por 20 minutos e resfriamento rápido em água fria. Este tratamento controla também doenças
fúngicas do fruto do mamão (MEDINA, 1999).
Outra medida de tratamento fitossanitário, também utilizada, é a fumigação. Esta
prática é utilizada em alguns casos para atender uma exigência dos países importadores, no
sentido de destruir insetos, larvas ou ovos da mosca-das-frutas. A fumigação consiste na
aplicação de dibrometo de etileno, em ambiente hermeticamente fechado, na dosagem de 800g
por 100m3, com a temperatura mínima no interior da fruta de 21ºC, por um período 2 horas
(GARCIA, 1980).
A irradiação gama com cobalto radioativo na dose mínima de 25Krad tem-se
mostrado muito efetiva no controle da mosca-das-frutas em mamões da variedade solo, porém
sua aplicação é limitada devido a fatores econômicos (GARCIA, 1980).
O uso de cera contendo fungicida também reduz a incidência de doença, além de
diminuir a perda de peso e retardar a maturação dos frutos. Utilizam-se os fungicidas
thiabendazol a 2.000 mg/L mais benomil a 3.000 mg/L adicionados à cera de carnaúba ou
polietileno, na diluição de 1:4 (20% de cera e 80% de água). A aplicação da cera é feita por
pulverização ou submersão dos frutos na solução. Após a secagem, usando-se ventilador ou túnel
de ar quente, os frutos devem ser polidos com pano seco e macio, para dar brilho à casca.
11.2.2 Seleção, classificação e embalagem
FAGUNDES & YAMANISHI (2002), afirmam que é necessário, além da
produção de frutos sadios, o emprego de técnicas adequadas que possibilitem reduzir as
perdas pós-colheita visando; assim melhorar a qualidade do fruto para a comercialização.
Segundo CHITARRA & CHITARRA (1990), o nível de perdas pós-colheita pode ser
reduzido, se as técnicas de manuseio fossem melhoradas.
64
Para melhorar a qualidade do mamão comercializados, o governo lança a norma
de classificação do PROGRAMA BRASILEIRO PARA A MODERNIZAÇÃO DA
HORTICULTURA, instituindo um Padrão Oficial, visado disciplinar a classificação do
mamão, facilitando e agilizando a comercialização, mediante a uniformização de critérios e
procedimentos.
Na seleção deve se eliminar as frutas que apresentam tamanho pequeno, má
formação, manchas, marcas e/ou danos provocados por insetos, defeitos mecânicos e estádio de
maturação inadequado ao mercado de destino.
Os frutos são classificados de acordo com a variedade, forma, tamanho, peso e
qualidade. Nas Tabelas 11.5, 11.6 e 11.7 são apresentados padrões para exportação e mercado
interno.
Tabela 11.5 Classificação do mamão Havaí utilizada na exportação para os Estados Unidos,
Canadá e Europa
Frutos por caixa de papelão de 3,5 Kg (1) Peso(g)
6 627-540
7 530-470
8 465-415
9 410-370
10 365-335
12 320-270
(1)A mesma embalagem também é utilizada no mercado interno para frutos fora dos padrões exigidos pelos
importadores.
Fonte: AGRA Produção e Exportação LTDA.
Tabela 11.6 Classificação do mamão para o mercado interno (Caixa de Papelão 1,8 kg)
Frutos por caixa Peso (g)
4 475-425
5 380-340
6 220-270 Fonte: AGRA Produção e Exportação LTDA.
65
Tabela 11.7 Classificação do mamão para o mercado interno (Caixa de madeira de 8 kg)
Frutos por caixa Peso (g)
12 700-627
15 550-470
18 465-415
21 410-370
24 360-325
28 320-270 Fonte: AGRA Produção e Exportação LTDA.
As embalagens utilizadas são de papelão paletizáveis de 1,8 ou 3,5 kg (Havaí) e
18 kg (formosa) quando o mamão se destina a mercados mais nobres ou em caixas de
madeira tipo tulipa de 8 kg (Havaí) ou 20 kg (formosa), quando se destina a mercados
menos exigentes. Visando proteger os frutos contra abrasões e choques coloca-se papel
entre eles, no fundo da caixa e sob a tampa. Não deve-se utilizar jornal, pois podem
contaminar os frutos com substâncias tóxicas contidas na tinta de impressão (MINISTÉRIO
DA INTEGRAÇÃO NACIONAL, 2000).
11.2.3 Armazenamento
O mamão é um fruto climatérico, sendo muito perecível necessitando de
tratamentos adicionais para a manutenção da qualidade. Além do controle das condições
ambientais(temperatura, umidade, controle de gases e aeração, etc.), outros tratamentos
suplementares são importantes para a manutenção das características externas e internas do
fruto.( CHITARRA & CHITARRA, 1990).
Para retardar os processo de amadurecimento vários produtos tem sido testados.
JACOMINO et al (2002), buscando ampliar o período de conservação, pesquisaram o efeito
do 1-metilciclopropeno em dois estádio de maturação(verde e maduro) de mamões em
diferentes concentrações durante 12 horas a 20C; concluiram que a aplicação do 1-MCP
aumenta a vida de prateleira, funcionando como inibidor da ação do etileno nos tecidos e
retardando o amadurecimento.
O armazenamento pode ser feito caso haja necessidade, por exemplo, entrega
programada. Neste caso os frutos embalados são colocados em ambiente refrigerado de
13ºC e 90 a 95% de umidade relativa por até 15 dias (MINISTÉRIO DA INTEGRAÇÃO
NACIONAL, 2000).
66
O uso de atmosfera controlada e sub-atmosfera não têm mostrado efeito
benéfico adicional sobre o aumento da vida do fruto de mamão, não sendo recomendada a
adoção desses sistemas devido ao alto custo de instalação e operacionalização. Desse modo,
a conservação do fruto é feita normalmente em câmaras refrigeradas com umidade relativa
do ar mínima de 80%. O mamão, como outros frutos tropicais, é muito sensível a danos pelo
frio, cujos efeitos deletérios sobre o metabolismo causam alterações na palatabilidade e aceleram
a deterioração do fruto. A suscetibilidade a danos pelo frio é dependente da temperatura e do
tempo de exposição, isto é, quanto maior o tempo de armazenagem, maior a possibilidade de
ocorrência de danos para uma dada temperatura. No entanto, pode-se recomendar a faixa de
temperatura de 13ºC a 16ºC para frigoconservação do fruto de mamão, por um período de 15
dias (MEDINA, 1999).
11.2.4 Transporte
O transporte do mamão, geralmente, é feito por caminhões. Tanto para o
consumo in natura quanto para a indústria, os mamões são acondicionados em caixas de
madeira ou papelão, deve evitar o transporte dos frutos à granel. Para a exportação os frutos
são transportados em navios com atmosfera controlada ou em aviões.
RANGEL et al.( 2002), avaliando as perdas na comercialização de mamão,
verificou que os frutos transportados a granel apresentam maior quantidade de injúrias e
amaciamento precoce da polpa quando comparados aos frutos transportados em
embalagens de papelão. Mostrando a importância das embalagens e do transporte na
qualidade do fruto.
11.3 REFERÊNCIAS
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manuseio. Lavras: ESALQ/FAEPE, 1990. 320P.
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durante a pós-colheita. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v. 22, n. 2, p.244-247,
2000
68
12 PROCESSAMENTO
Nilson Gomes Jaime
Simone Silva Machado
12.1 INTRODUÇÃO
O mamoeiro (Carica papaya L.) desponta como uma das mais valiosas
frutíferas do clima tropical, tendo em vista as características alimentares, seu sabor e aroma
agradável, além de sua utilização na elaboração de produtos industrializados (DE
CASTRO, 1983). A industrialização do mamão através do aproveitamento integral do fruto
oferece uma extensa gama de produtos e subprodutos, que podem ser utilizados na indústria
de alimentos, farmacêutica e até na de rações animais (HINOJOSA & MONTGONERY,
1988).
No Brasil, a produção de compotas e de purê asséptico em pequena escala e
uma constante e razoável produção de fruta cristalizada são os principais métodos de
industrialização aplicados a esta fruta. Pequenas quantidades de papaína bruta também são
produzidas (HINOJOSA & MONTGONERY, 1988).
12.2 CARACTERÍSTICAS DO FRUTO
As características dos frutos, tais como o formato, o tamanho, o peso, o grau de
amadurecimento e a resistência mecânica da casca são aspectos importantes para o
processamento dos frutos. Estas características determinam os métodos e equipamentos que
serão usados no processamento do mamão. No caso do mamão-comum, que é muito
utilizado para processamento, cultivares diferentes mostram grandes variações no formato,
tamanho e peso (0,9 a 2,6 kg) dos frutos.
O fator mais importante no processamento é o estádio de amadurecimento do
fruto e o tamanho e a textura, que apresentam heterogeneidade devido à diversidade de
condições ambientais e culturais. Estes fatores causam problemas referentes à recepção
pelas fábricas de frutos com diferentes tamanhos e particularmente, diferentes texturas
(HINOJOSA & MONTGONERY, 1988).
A qualidade do fruto depende do estádio de maturação, que influencia muito na
sua vida útil pós-colheita. Colheitas realizadas antes dos frutos atingirem completa
maturação fisiológica prejudicam o seu processo de amadurecimento, afetando a sua
69
qualidade. Por outro lado, colheita de frutos totalmente maduros reduz sua vida útil,
dificulta o manuseio e transporte, devido a sua baixa resistência física, causando perdas
quantitativas e qualitativas (CHITARRA & CHITARRA, 1990).
Segundo BLEINROTH (1995) é muito importante que se conheça o ponto
exato de colheita do mamão, para o seu bom amadurecimento, com o melhor aroma e sabor
possível. Ainda que a fruta tenha atingido seu pleno desenvolvimento fisiológico, se não
apresentar nenhuma estria amarelada na sua superfície há a possibilidade dela não
amadurecer corretamente, permanecendo verde, perdendo umidade e conseqüentemente
enrugando.
A composição química da polpa do mamão apresenta importantes variações nos
níveis de açúcares, ácidos orgânicos, minerais e carotenóides, que é dependente da cultivar,
do estádio de amadurecimento e das condições culturais do mamão (HINOJOSA &
MONTGONERY, 1988). O mamão apresenta-se como uma fonte de nutrientes,
principalmente ácido ascórbico e pró-vitamina A, e sua composição pode variar em função
dos teores de nutrientes do solo, da época do ano, da cultivar e do grau de maturação,
dentre outros fatores.
O pH dos frutos varia de 5,0 a 5,7, a acidez total titulável (%) de 0,05 a 0,18, os
sólidos solúveis totais (%) de 7,0 a 13,5, os açúcares totais (%) de 5,6 a 12,0, os açúcares
redutores (%) de 5,4 a 11,0, a pectina (%) de 0,5 a 1,5, a vitamina C (mg por 100g de
polpa) de 40 a 90 e a vitamina A (mg por 100g de polpa) de 0,12 a 11,0. A casca e a
semente são fontes de amargor, devido ao látex presente na casca e ao benzilglicosinolato
presente na semente que se hidrolisa em benzil-isotiocianato (MATSUURA &
FOLEGATTI, 1999).
MARINHO et al. (2001) verificaram que o aumento do fornecimento de
nitrogênio no primeiro ano da cultura de mamão Improves Sunrise Solo Line 72/12 foi
acompanhado por um aumento linear do número de frutos por planta. O peso médio dos
frutos, o pH e o teor de ácido cítrico não foram afetados pelos tratamentos. O aumento das
doses de N provocou um decréscimo linear dos sólidos solúveis totais. A aplicação de
nitrato de amônio promoveu maior produção de frutos com teor mais elevado de vitamina
C.
70
As características físicas e químicas do mamão do grupo Solo comercializado
em quatro estabelecimentos de Brasília-DF foram analisadas durante o período de setembro
de 1997 a agosto de 1998. Foram coletados, mensalmente, 15 frutos em cada
estabelecimento para determinar a sua qualidade. Frutos de plantas hermafroditas
representaram 88% do total. O peso médio variou de 372,2 a 537,1g, sendo maior em
junho. O comprimento e o diâmetro médio oscilaram entre 12,4 a 14,5cm e 7,6 a 8,7cm,
respectivamente.
O grau de maturação dos frutos coletados, na sua maioria, não estava no ponto
de consumo. A firmeza da polpa dos frutos oscilou de 0,56 a 1,04 kg/cm2, estando abaixo
da firmeza adequada para comercialização. O teor médio de sólidos solúveis totais variou
de 9,9º a 12,5º Brix, sendo mais alto em agosto. O pH oscilou entre 5,20 e 5,71 e foi mais
alto em agosto e setembro. A acidez titulável expressa em ácido cítrico, variou de 0,04 a
0,16% (FAGUNDES & YAMANISHI, 2001).
A característica de baixa acidez do mamão é um problema para os
processadores deste fruto, pois o alto pH favorece a atividade das enzimas e o crescimento
de microrganismos. Estes dois fatores são responsáveis pela formação de “off-flavors” e
odores (HINOJOSA & MONTGONERY ,1988). Estudos de componentes de aroma do
mamoeiro mostraram que o purê com um aroma desagradável e odores estranhos, contém
compostos como os ácidos butírico, lexanóico e dacanóide e seus ésteres metílicos
(NAKASONE, 1980).
12.3 PRODUTOS
O mamão, como outras frutas tropicais, é processado de diversas maneiras. As
mais conhecidas e tradicionais são o purê, o néctar de mamão combinado com outros sucos
tropicais (laranja e maracujá), as compotas e conservas ou saladas de frutas e as geléias
(NAKASONE, 1980; HINOJOSA & MONTGONERY, 1988).
O mamão é aproveitado também pela indústria farmacêutica. Quando ainda
verde, pode se extrair dele o látex, que contém, basicamente, uma enzima proteolítica,
denominada papaína, muito utilizada na indústria de cerveja, na indústria de carne, em
produtos farmacêuticos, têxteis e outros.
71
12.3.1 Polpa ou Purê de Mamão
Como purê compreende-se a polpa da fruta obtida por meio da sua
desintegração após prévia retirada da casca e sementes, seguida da refinação e
homogeneização do produto, o qual pode ser ou não acidificado. O purê obtido desta forma
serve como matéria-prima para uma variada gama de outros produtos, tais como: néctares
simples, néctares compostos com outras frutas tropicais, alimentos infantis, geléias,
sorvetes, etc. (SALOMÓN & MEDINA, 1980). A preservação da polpa integral do mamão
é onerosa quando processada posteriormente na forma de néctar, devido ao grau de
concentração de sólidos de mamão que apresenta.
O processo de produção de purê de mamão consta de diversas etapas conforme
especificadas no fluxograma 1 e descritas a seguir:
Recepção e Seleção
Climatização
Descascamento e Remoção das Sementes
DesintegraçãoTratamento Térmico
Despolpamento
Formulação
Desaeração
Tratamento Térmico
Conservação
Figura 1 – Fluxograma de processamento de purê de mamão
Fonte: HINOJOSA & MONTGONERY, (1988); MATSUURA & FOLEGATTI,
(1999); DE MARTIN et al, (1989).
72
12.3.1.1 Recepção e Seleção
As frutas são pesadas e selecionadas, descartando-se aquelas que por seu estado
fitossanitário ou físico, não reúnem condições para o processamento (HINOJOSA &
MONTGONERY, 1988). Os frutos devem ser colhidos no estágio de maturação “de vez”
(MATSUURA & FOLEGATTI, 1999).
12.3.1.2 Climatização
As frutas selecionadas podem ser submetidas a um banho de imersão, como
pré-resfriamento em água clorada (10-15 ppm), antes de estocadas nas câmaras de
climatização, onde devem ficar em condições controladas (25ºC e 85-90% de umidade
relativa) até alcançar o ponto de maturação ideal (DE MARTIN et al., 1989).
12.3.1.3 Descascamento e Remoção das Sementes
Após retirar as frutas das câmaras de climatização, inicia-se o processamento
com uma lavagem por imersão e aspersão de água clorada (20 – 25 ppm) (MATSUURA &
FOLEGATTI, 1999). A operação de descascamento (manual ou mecânica) deve separar
adequadamente a casca e as sementes sem desintegrá-las para que não ocorra o
desenvolvimento de amargor no produto final (DE MARTIN et al., 1989; MATSUURA &
FOLEGATTI, 1999). A papaína presente na casca e que pode ser incorporada à polpa
durante esse processo parece ser um dos compostos responsáveis por esse sabor amargo
(DE MARTIN et al., 1989).
12.3.1.4 Desintegração
Ocorre em desintegradores do tipo facas ou martelo ou em despolpador
horizontal (MATSUURA & FOLEGATTI, 1999).
12.3.1.5 Tratamento Térmico
Nesta etapa o purê é submetido a um aquecimento preliminar, visando inativar
o sistema enzimático e a eliminar a maior parte da flora microbiana (HINOJOSA &
MONTGONERY, 1988).
73
12.3.1.6 Despolpamento
O purê de mamão é submetido ao despolpamento – operação que visa eliminar
fibras e outras frações que possam eventualmente comprometer a consistência do purê - em
um equipamento de dois estágios onde já sai na forma refinada para o tanque de formulação
(HINOJOSA & MONTGONERY, 1988).
12.3.1.7 Formulação
Consiste na adição de ingredientes (ácidos orgânicos, açúcares, hidrocolóides)
com o objetivo de se evitar a geleificação e o controle da atividade microbiana no produto
(MATSUURA & FOLEGATTI, 1999).
12.3.1.8 Desaeração
O purê é bombeado através de um desaerador a vácuo do tipo centrífugo ou do
tipo instantâneo (MATSUURA & FOLEGATTI, 1999) para eliminar o ar e gases
normalmente presentes no produto. Esta operação reduz drasticamente os efeitos
deteriorativos do oxigênio e melhora a qualidade do produto final (HINOJOSA &
MONTGONERY, 1988). É de fundamental importância para a manutenção da cor, aroma,
sabor e teor de ácido ascórbico no produto final (DE MARTIN et al., 1989).
12.3.1.9 Tratamento Térmico
Esta operação está baseada no princípio de alta temperatura e curto tempo
(HTST) sendo que é efetuada em trocadores de calor do tipo tubular ou de superfície
raspada, onde se realiza a esterilização e resfriamento até 25ºC (HINOJOSA &
MONTGONERY, 1988; MATSUURA & FOLEGATTI, 1999).
12.3.1.10 Conservação
Podem-se realizar diferentes processos de conservação – enchimento a quente
(“hot filling”), congelamento ou acondicionamento asséptico (MATSUURA &
FOLEGATTI, 1999). BAYMA et al (1994) observaram que a polpa preservada a baixa
74
temperatura (18ºC) apresentou melhor estabilidade durante 120 dias de armazenagem
comparada à polpa preservada a alta temperatura (28ºC) pelo mesmo período de tempo.
12.3.2 Néctar de Mamão
O néctar de mamão é um produto bastante agradável e apreciado sendo um
produto tropical exótico e muito bem aceito por consumidores americanos do norte e
europeus. É produto não fermentado, não gaseificado, destinado ao consumo direto, obtido
pela dissolução em água potável da parte comestível do mamão (polpa e suco), adicionado
de ácido e açúcar (MATSUURA & FOLEGATTI, 1999).
12.3.3 Néctar Misto
O néctar de mamão também pode ser elaborado em mistura com outras frutas,
tais como, laranja, maracujá e outras de acidez mais alta, que se combinam muito bem para
dar origem a novos produtos de características excepcionais (DE MARTIN et al., 1989).
12.3.4 Mamão em Calda
O mamão em calda é preparado a partir de frutas devidamente selecionadas,
com ponto de maturação industrial que corresponde ao ponto em que a fruta apresenta
completo desenvolvimento das características organolépticas, porém com a textura firme
(DE MARTIN et al., 1989; MATSUURA & FOLEGATTI, 1999).
12.3.5 Mamão Cristalizado
O processo de produção de mamão cristalizado consiste na impregnação da
fruta com xarope de sacarose e glicose até que a concentração de açúcares seja
suficientemente alta para conservá-la (MATSUURA & FOLEGATTI, 1999). O mamão é
uma das frutas com excelentes características para esse tipo de processamento (DE
MARTIN et al., 1989).
75
12.3.6 Geléia
No processamento de geléia, os frutos completamente maduros são
descascados, as sementes removidas, a polpa desintegrada, acrescida de açúcar e pectina e
submetida a aquecimento (MATSUURA & FOLEGATTI, 1999).
12.3.7 Papaína
A papaína é uma proteína enzimática encontrada no látex do mamoeiro, quer
nos frutos verdes, quer em outras partes da planta como tronco e folhas (MELO et al.,
1997; MATSUURA & FOLEGATTI, 1999). Trata-se de uma enzima proteolítica que se
caracteriza pela propriedade de provocar, em doses diminutas, a proteólise, isto é, a
dissociação de uma quantidade importante de proteínas em moléculas mais simples e,
finalmente, em aminoácidos (SALOMÓN & MEDINA, 1980).
A extração do látex consiste em se praticar incisões longitudinais de 2 mm de
profundidade na epiderme de frutos completamente verdes e suficientemente
desenvolvidos. A secagem do látex deve ser feita o mais rapidamente possível, sendo este o
processo que estabiliza o produto (MATSUURA & FOLEGATTI, 1999). MONTI et al
(2000) apresentaram um método de cristalização da papaína oriunda do látex fresco de
mamão que apresenta uma alta produtividade em relação aos métodos tradicionais que não
envolve o uso de reagentes sulfidrílicos e a papaína é obtida de forma praticamente pura.
Após a extração do látex, o fruto do mamoeiro apresenta-se riscado, com
aspecto feio, não encontrando mercado para o consumo in natura nos mercados mais
exigentes. Como sua polpa ainda apresenta todas as características para utilização, é feito
seu aproveitamento para fabricação de produtos transformados, como a polpa e o néctar
(MELO & RUGGIERO, 1988).
A papaína é de interesse em muitas indústrias e novos usos vêm sendo
continuamente sugeridos. O maior consumo está na indústria de alimentos, principalmente
para clarificação de cerveja, amaciamento de carnes e extração de proteínas (MATSUURA
& FOLEGATTI, 1999). É também utilizada na indústria farmacêutica, na indústria de
couros, na indústria têxtil, no tratamento de resíduos, na nutrição animal, na produção de
76
alguns tipos de queijos, na indústria de sucos de frutas e na produção de vinhos e biscoitos
(MELO & RUGGIERO, 1988).
12.4 REFERÊNCIAS
BAYMA, A. B.; GUEDES, Z. B. L.; ORIÁ, H. F.; DE OLIVEIRA, G. S. F. Processamento e
estabilidade da polpa do mamão (Carica papaya L), cultivar solo, preservada a alta e baixa
temperatura. B. Ceppa, Curitiba, v.12, n.2 p.109 – 116, jul./dez. 1994.
BLEINROTH, E. W. Determinação do ponto de colheita. In: GAYET J. P.; BLEINROTH, E. W.;
MATALLO, M.; GARCIA, E. E. C.; GARCIA, A. E.; ARDITO, E. F. G., BORDIN, M. R. Mamão
para exportação: procedimentos de colheita e pós-colheita. Brasília, Embrapa – SPI, FRUPEX,
1995, p. 10-27.
CHITARRA, M.I.F.; CHITARRA, A.B. Pós-colheita de frutas e hortaliças: fisiologia e
manuseio. Lavras, ESAL/FAEPE, 1990, 320 p.
DE MARTIN, Z. J.; NISIDA, A. L. A. C.; MEDINA, J. C.; BALDINI, V. L. S. Processamento:
produtos, características e utilização. In: MEDINA, J.C.; BLEINROTH, E.W.; SIGRIST, J.M.M.;
DE MARTIN, Z.J.; NISIDA, A.L.A.C.; BALDINI, V.L.S.; LEITE, R.S.S.F.; GARCIA, A.E.B.
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DE CASTRO, F. A. Mamão – doce, néctar e compota. Fortaleza, Fundação Núcleo de Tecnologia
Industrial, 1983, 48 p.
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