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À descoberta da Geologia e dos recursos geológicos de Vila Pouca de Aguiar PEDREIRAS BRITANTEROS E OLIVEIRA E RODRIGUES Na região de Vila Pouca de Aguiar há importantes pedreiras de granito, explorado para rocha ornamental e para inertes, razão pela qual é designada por “Capital do granito”. As pedreiras mais importantes para rocha ornamental localizam-se no granito de Pedras Salgadas. Nesses locais, este granito apre- senta fraturas muito espaçadas, que tornam viável a obtenção de blocos de grandes dimen- sões, com cor e textura homogénea. CASTELO DE AGUIAR DE PENA O Castelo de Aguiar da Pena, também conhecido por Castelo de Aguiar, localiza-se junto das povoações de Pontido e de Castelo, pertencentes à freguesia de Telões do concelho de Vila Pouca de Aguiar. Em posição dominante sobre um penedo granítico no flanco este da serra de Alvão, liga-se à Reconquista cristã da península Ibérica tendo sido “cabeça” das terras de Aguiar em tempos medievais. Trata-se de um antigo castelo roqueiro, em estilo românico, domi- nado por du- as torres: uma a norte, de plan- ta retangular, ligada por uma cortina semicircular a outra, a sudeste. Esta construção está assente no alto de uma imponente bola de granito, designado como granito de Vila Pouca de Aguiar ou de Telões, de grão mais grosseiro do que o de Pedras Salgadas. Em consequência de uma intervenção recente está facilitado o acesso ao monu- mento, tendo-se ins- talado, no ponto mais alto, um miradouro de onde se vislumbra uma panorâmica abrangente sobre toda a bacia de Telões e diversos aspetos da morfologia granítica. Pedreira Britanteros Pedreira Oliveira e Rodrigues Orientado por: Elisa Gomes Lisa Martins Patrícia Machado 18 de Julho Nas zonas mais fraturadas é comum a ocorrência de alteração da cor do granito dando origem a zonas enrubescidas (avermelhadas) e muito partidas, por vezes, com nascentes associadas que apenas permite a exploração de inertes. A exploração de granito para pro- ducao de granito ornamental é a atividade mais importante. Dados de 2010 apontam para uma produção de cerca de 1 milhão de tone- ladas com um valor na pedreira na ordem dos 12 000 000 €. Exis- tem ainda as mais valias resultantes da transformacão e todas as atividades económicas a montante e a jusante da produção, tornan- do este recurso geológico um importante fator de desenvolvimento regional e nacional (Sousa, 2013). Referências Bibliográficas: - Pereira, E. (2000). Carta Geológica de Portugal (Coord.) – folha 2 – 1:200 000. - Folheto Vitaguiar—O Ouro Romano de Trêsminas. -http://www.espigueiro.pt/ reportagem/6512bd43d9caa6e02c990b0a82652dca.html (16-07-2013) - Sousa, L. (2013) (Coordenação) Os granitos de Vial Pouca de Aguiar como factor de desenvolvimento regional: uma abordagem multidisciplinar. UTAD. Pedreira Britanteros– numa zona muito fraturada

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À descoberta da Geologia

e dos recursos geológicos

de Vila Pouca de Aguiar

PEDREIRAS BRITANTEROS E OLIVEIRA E RODRIGUES

Na região de Vila Pouca de Aguiar há importantes pedreiras de

granito, explorado para rocha ornamental e para inertes, razão pela

qual é designada por

“Capital do granito”.

As pedreiras mais importantes para rocha ornamental localizam-se

no granito de Pedras Salgadas. Nesses locais, este granito apre-

senta fraturas muito espaçadas, que tornam viável a obtenção de

blocos de grandes dimen-

sões, com cor e textura

homogénea.

CASTELO DE AGUIAR DE PENA

O Castelo de Aguiar da Pena, também conhecido por Castelo de

Aguiar, localiza-se junto das povoações de Pontido e de Castelo,

pertencentes à freguesia de Telões do concelho de Vila Pouca de

Aguiar. Em posição dominante sobre um penedo granítico no

flanco este da serra de Alvão, liga-se

à Reconquista cristã da península Ibérica tendo sido “cabeça” das

terras de Aguiar em tempos medievais.

Trata-se de um antigo castelo roqueiro, em estilo românico, domi-

nado por du-

as torres: uma a

norte, de plan-

ta retangular, ligada

por uma cortina

semicircular a outra,

a sudeste.

Esta construção está assente no alto de uma imponente bola de

granito, designado como granito de Vila Pouca de Aguiar ou de

Telões, de grão mais grosseiro do que o de Pedras Salgadas.

Em consequência de

uma intervenção

recente está facilitado

o acesso ao monu-

mento, tendo-se ins-

talado, no ponto mais

alto, um miradouro de

onde se vislumbra

uma panorâmica

abrangente sobre toda a bacia de Telões e diversos aspetos da

morfologia granítica.

Pedreira Britanteros

Pedreira Oliveira e Rodrigues

Orientado por:

Elisa Gomes

Lisa Martins

Patrícia Machado

18 de Julho

Nas zonas mais fraturadas é comum a ocorrência de alteração da

cor do granito dando origem a zonas enrubescidas (avermelhadas)

e muito partidas, por vezes, com nascentes associadas que apenas

permite a exploração de inertes. A exploração de granito para pro-

ducao de granito ornamental é a atividade mais importante. Dados

de 2010 apontam para uma produção de cerca de 1 milhão de tone-

ladas com um valor na pedreira na ordem dos 12 000 000 €. Exis-

tem ainda as mais valias resultantes da transformacão e todas as

atividades económicas a montante e a jusante da produção, tornan-

do este recurso geológico um importante fator de desenvolvimento

regional e nacional (Sousa, 2013).

Referências Bibliográficas:

- Pereira, E. (2000). Carta Geológica de Portugal (Coord.) – folha 2 – 1:200

000.

- Folheto Vitaguiar—O Ouro Romano de Trêsminas.

-http://www.espigueiro.pt/reportagem/6512bd43d9caa6e02c990b0a82652dca.html (16-07-2013) - Sousa, L. (2013) (Coordenação) Os granitos de Vial Pouca de Aguiar como factor de desenvolvimento regional: uma abordagem multidisciplinar. UTAD.

Pedreira Britanteros– numa zona muito

fraturada

ENQUADRAMENTO GEOLÓGICO

A região de Vila Pouca de Aguiar apresenta grande importância e

diversidade em termos de recursos geológicos, sendo explorado o

granito como rocha industrial e ornamental, os minérios metálicos

e as águas minerais e termais.

A geomorfologia da região é marcada pelo extenso vale que se

alonga desde Vila Real, passando por Vila Pouca de Aguiar até

Chaves. Este extenso vale está ladeado a oriente pela Serra da

Padrela e a ocidente pela Serra do Alvão, esta última de constitui-

ção exclusivamente granítica. A formação do vale e das encostas

que o ladeiam deve-se a movimentação relativamente recente da

falha Penacova-Régua-Verin, de orientação NNE-SSW.

Nesta saída de campo propõem-se oito paragens onde são obser-

vados alguns dos aspetos geológicos relevantes da região de Vila

Pouca de Aguiar.

Itinerário:

1- Santuário da Nossa Sra. da Conceição

2– Guilhado

3 – Minas de Jales

4 – Tresminas

5 – Parque de Pedras Salgadas

6—Pedreira Britanteros

7—Pedreira Oliveira e Rodrigues

8—Castelo de Aguiar da Pena

TRESMINAS E MINAS DE JALES

As Minas Romanas de Tresminas são um dos mais importantes con-

juntos de arqueologia mineira da época romana. Foi durante o reina-

do de Augusto (27 a.C. - 14 d.C.) que se iniciou a exploração mineira

sistemática de Tresminas e do Campo de Jales, a qual se prolongou

até à segunda metade do séc. II d.C. Tudo indica que a sua explora-

ção regular cessou, o mais tardar, na época de Sétimo Severo (193 -

211 d.C.).

Explorava-se ouro em

explorações a céu

aberto, de que são

exemplo as impressio-

nantes cortas de Três

Minas: Ribeirinha

(maior dimensão),

Covas e Lago Peque-

no (menor dimensão).

O território do distrito mineiro romano estendia-se por uma área mais

vasta cujo centro era constituído pelos campos de exploração minei-

ra de Tresminas e Campo de Jales, mas que englobava também

terrenos de cultivo para abastecimento próprio. Eram necessários

grandes quantidades de madeira, tanto como material de construção,

como de combustão, em forma de carvão vegetal, para fins metalúr-

gicos. Além disso, havia ainda a indústria do granito para a fabrica-

ção de mós, blocos de moinhos de pilões, etc.

Na área do distrito mineiro romano de Tresminas e Campo de Jales,

produzia-se, além do ouro e da prata, o chumbo. A mineralização

está associada a veios e

filões de quartzo que atra-

vessam os xistos paleo-

zóicos e no Campo de

Jales intruem xistos e

granitos. Além da ganga

(quartzo), os filões mine-

ralizados possuem tam-

bém sulfuretos, tais como:

pirite, arsenopirite e gale-

na com prata. O ouro ocorre de várias formas: nativa (incluído nos

sulfuretos) ou associado à prata, sob forma de uma liga natural

(electrum).

PARQUE DE PEDRAS SALGADAS

As nascentes de águas minerais e/ou

termais estão também controladas

pela falha Penacova-Régua-Verin, cujo

alinhamento é marcado por várias

ocorrências: Pedras Salgadas; Vidago,

Chaves, entre outras.

No pólo hidromineral de Pedras Salga-

das, as

águas minerais são bicarbonatadas

sódicas e gasocarbónicas e a sua

emergência ocorre na interceção da

falha principal Penacova-Régua-Verin

com fraturas perpendiculares a esta

estrutura.

Já no tempo dos Romanos tanto os

recursos metálicos, como as águas

termais eram conhecidos e explorados.

Corta da Ribeirinha

SANTUÁRIO DA NOSSA SRA. DA CONCEIÇÃO

O miradouro da Nossa Sra. da Conceição situa-se na base da

Serra da Padrela e deste é possível a observação de toda a vila

de Vila Pouca de Aguiar, situada a montante da Bacia de Te-

lões. A localização do

miradouro permite, tam-

bém observar a Bacia

das Pedras Salgadas e a

Serra do Alvão.

GUILHADO

Em Guilhado pode observar-se a paisagem granítica típica, com

caos de blocos.

Nesta zona, aflora

o granito da Gra-

lheira, de duas

micas, sintectóni-

co, de grão médio

a grosseiro.

Excerto da folha 2 da carta geológica de Portugal (escala 1:200.000)

(adaptado de Pereira, 2000) com localização das paragens a visitar.

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