61
Lisboa Dezembro 2003 A Economia Portuguesa Produtividade e Competitividade Ministério das Finanças Direcção-Geral de Estudos e Previsão

A Economia Portuguesa - Wu Yee Sun Library 澳門大學library.umac.mo/ebooks/b13588503.pdf · A Economia Portuguesa é uma publicação bianual da Direcção-Geral de Estudos e Previsão

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: A Economia Portuguesa - Wu Yee Sun Library 澳門大學library.umac.mo/ebooks/b13588503.pdf · A Economia Portuguesa é uma publicação bianual da Direcção-Geral de Estudos e Previsão

Lisboa Dezembro 2003

A Economia Portuguesa

Produtividade e

Competitividade

Ministério das Finanças Direcção-Geral de Estudos

e Previsão

Page 2: A Economia Portuguesa - Wu Yee Sun Library 澳門大學library.umac.mo/ebooks/b13588503.pdf · A Economia Portuguesa é uma publicação bianual da Direcção-Geral de Estudos e Previsão

Ministra de Estado e das Finanças

Manuela Ferreira Leite

Secretário de Estado do Orçamento

Norberto Rosa

Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais

Vasco Valdez Matias

Secretário de Estado do Tesouro e das Finanças

Francisco Esteves Carvalho

Secretária de Estado da Administração Pública

Suzana Toscano

http://www.min-financas.pt

A Economia Portuguesa é uma publicação bianual da Direcção-Geral de Estudos e Previsão (DGEP).

ISSN 0874-8195 Os exemplares podem ser obtidos no:

Centro de Documentação

Ministério das Finanças

Direcção-Geral de Estudos e Previsão

Rua da Alfândega, 5, 2º

1100–016 LISBOA

Tel.: 21 884 05 00

Fax: 21 884 05 51 E-mail: [email protected]

ou transferidos através:

http://www.dgep.pt

Elaborado com informação disponível até 17 de Dezembro de 2003.

Page 3: A Economia Portuguesa - Wu Yee Sun Library 澳門大學library.umac.mo/ebooks/b13588503.pdf · A Economia Portuguesa é uma publicação bianual da Direcção-Geral de Estudos e Previsão

Abreviaturas

Fontes:

BCE Banco Central Europeu

BVLP Bolsa de Valores de Lisboa e Porto

CE Comissão Europeia

CMVM Comissão do Mercado de Valores Mobiliários

DGEP Direcção-Geral de Estudos e Previsão

DGO Direcção-Geral do Orçamento

DGT Direcção-Geral do Turismo

EUROSTAT Gabinete de Estatísticas da União Europeia

FMI Fundo Monetário Internacional

IGCP Instituto de Gestão de Crédito Público

IGFSS Instituto de Gestão Financeira da Segurança Social

IEM Instituto Europeu Monetário

INE Instituto Nacional de Estatística

MSST Ministério da Segurança Social e do Trabalho

OCDE Organização para a Cooperação Económica e o Desenvolvimento

PNDES Plano Nacional de Desenvolvimento Económico e Social

UEM União Económica Monetária

Outras:

EUA Estados Unidos da América

I&D Investigação e Desenvolvimento

IORF Índice de Rendimento de Obrigações de Taxa Fixa

IVA Imposto sobre o Valor Acrescentado

OCT Observatório de Ciência e Tecnologia

PIB Produto Interno Bruto

PMEs Pequenas e Médias Empresas

UE/UE-15 União Europeia

UE-12 Área do Euro

VH Variação Homóloga

n.d. /. não disponível

Page 4: A Economia Portuguesa - Wu Yee Sun Library 澳門大學library.umac.mo/ebooks/b13588503.pdf · A Economia Portuguesa é uma publicação bianual da Direcção-Geral de Estudos e Previsão

Abreviaturas

Moedas (código):

CAD Dólar Canadiano

CHF Franco Suíço

DEM Marco Alemão

DKK Coroa Dinamarquesa

ECU Unidade de Conta Europeia

EUR Euro

GBP Libra Esterlina

GRD Drachma Grego

ESC Escudo Português

SEK Swedish Krona

USD Dólar Americano

YEN Yen Japonês

Países Membros da União Europeia:

Área do Euro Países de Adesão à UE

B Bélgica

D Alemanha

EL Grécia

E Espanha

F França

IRL Irlanda

I Itália

L Luxemburgo

NL Países Baixos

A Áustria

P Portugal

FIN Finlândia

DK Dinamarca

S Suécia

UK Reino Unido

CY Chipre

CZ República Checa

EE Estónia

HU Hungria

LV Letónia

LT Lituânia

MT Malta

PL Polónia

SK Eslováquia

SI Eslovénia

Page 5: A Economia Portuguesa - Wu Yee Sun Library 澳門大學library.umac.mo/ebooks/b13588503.pdf · A Economia Portuguesa é uma publicação bianual da Direcção-Geral de Estudos e Previsão

Índice Portugal – alguns dados v

Portugal - Principais Indicadores Económicos vi

Portugal – Alguns Indicadores Estruturais vii

I.A Economia Portuguesa nos primeiros cinco anos da terceira fase da UEM ................. 9

I.1. Performance Macroeconómica ..................................................................................... 11 I.2. Finanças Públicas.......................................................................................................... 22

II.Principais Desafios de Política Económica ..................................................................... 39

II.1. Reformas Estruturais ................................................................................................... 41

Anexos .................................................................................................................................... 47

A. Principais acontecimentos no âmbito económico e financeiro...................................... 49 B. Referências .................................................................................................................... 53 C. Web sites sobre a economia portuguesa ........................................................................ 54 D. Dados Estatísticos ......................................................................................................... 57

A Economia Portuguesa – Dezembro 2003 i

Page 6: A Economia Portuguesa - Wu Yee Sun Library 澳門大學library.umac.mo/ebooks/b13588503.pdf · A Economia Portuguesa é uma publicação bianual da Direcção-Geral de Estudos e Previsão

Quadros

Quadro 1. Enquadramento internacional................................................................................ 12

Quadro 2. Área do euro – Principais indicadores económicos............................................... 13

Quadro 3. Área do euro – Principais indicadores financeiros ................................................ 15

Quadro 4. Principais indicadores económicos e financeiros .................................................. 16

Quadro 5. Indicadores do mercado de trabalho...................................................................... 18

Quadro 6. Receitas correntes.................................................................................................. 29

Quadro 7. Despesa corrente ................................................................................................... 30

Quadro 8. Receita e despesa de capital e total ....................................................................... 31

Quadro 9. Saldo global e primário ......................................................................................... 31

Quadro 10. Dívida directa do Estado ..................................................................................... 37

Quadro 11. Necessidades de financiamento do Estado.......................................................... 38

Quadro 12. Principais privatizações (1999-2003).................................................................. 38

A Economia Portuguesa – Dezembro 2003 ii

Page 7: A Economia Portuguesa - Wu Yee Sun Library 澳門大學library.umac.mo/ebooks/b13588503.pdf · A Economia Portuguesa é uma publicação bianual da Direcção-Geral de Estudos e Previsão

Gráficos

Gráfico 1. PIB ........................................................................................................................ 12

Gráfico 2. EUA: défices da balança corrente e do sector público.......................................... 13

Gráfico 3. Taxa de câmbio do Euro face ao dólar norte-americano....................................... 14

Gráfico 4. Emprego e desemprego na área do euro ............................................................... 14

Gráfico 5. Preço do petróleo Brent......................................................................................... 15

Gráfico 6. Endividamento dos particulares ............................................................................ 16

Gráfico 7. PIB real e Output Gap*......................................................................................... 17

Gráfico 8. Portugal – Indicador Avançado da OCDE ............................................................ 17

Gráfico 9. Emprego e desemprego......................................................................................... 18

Gráfico 10. Salários, desemprego e ciclo económico ............................................................ 19

Gráfico 11. Remunerações por trabalhador............................................................................ 19

Gráfico 12. Salários e produtividade (taxas de variação, %) ................................................. 19

Gráfico 13. Salários e produtividade (Índice 1999=100) ....................................................... 19

Gráfico 14. Performance das exportações.............................................................................. 20

Gráfico 15. Custos de trabalho e preços de exportação ......................................................... 20

Gráfico 16. Custos de trabalho por hora na indústria e serviços – 2000 ................................ 20

Gráfico 17. Índice harmonizado de preços no consumidor.................................................... 20

Gráfico 18. Défice externo * .................................................................................................. 21

Gráfico 19. Fluxos de investimento directo ........................................................................... 21

Gráfico 20. Consumo público ................................................................................................ 22

Gráfico 21. Despesa com o pessoal na Administração Pública.............................................. 22

Gráfico 22. Impostos e contribuições sociais......................................................................... 23

Gráfico 23. Contas das Administrações Públicas................................................................... 24

Gráfico 24. Administrações Públicas (1995/2002) ................................................................ 26

Gráfico 25. Output gap (*) ..................................................................................................... 33

Gráfico 26. Saldo global ajustado do ciclo e efectivo da Administração Pública (*) ............ 33

Gráfico 27. Saldo global actual e ciclicamente ajustado da Administração Pública.............. 35

Gráfico 28. Dívida pública bruta............................................................................................ 36

Gráfico 29. Spreads da taxa de juro de OT a 10 anos ............................................................ 37

A Economia Portuguesa – Dezembro 2003 iii

Page 8: A Economia Portuguesa - Wu Yee Sun Library 澳門大學library.umac.mo/ebooks/b13588503.pdf · A Economia Portuguesa é uma publicação bianual da Direcção-Geral de Estudos e Previsão
Page 9: A Economia Portuguesa - Wu Yee Sun Library 澳門大學library.umac.mo/ebooks/b13588503.pdf · A Economia Portuguesa é uma publicação bianual da Direcção-Geral de Estudos e Previsão

Portugal – alguns dados

Território

Situado no Sudoeste da Europa, Portugal ocupa a parte ocidental da Península Ibérica, fazendo fronteira com Espanha e o Oceano Atlântico. O território português inclui ainda os arquipélagos dos Açores e da Madeira, no Oceano Atlântico.

A área total é de 91 906 km2 e a capital é Lisboa. Porto, um importante centro de actividade económica e cultural no norte do país, é a segunda maior cidade.

População

De acordo com os dados definitivos dos Censos de 2001, a população total de Portugal era de 10 356 117, com uma densidade populacional de 112,7 pessoas por km2. A maioria da população concentra-se na região litoral.

A língua oficial é o Português.

Sistema Político

Portugal é uma república regida por uma Constituição promulgada em 1976 e revista em 1982, 1989, 1992 e 1997.

O chefe de Estado é o Presidente da República (Dr. Jorge Sampaio), que nomeia o Primeiro Ministro (Mr. José Manuel Durão Barroso), que é o chefe do executivo e preside ao Conselho de Ministros.

O poder legislativo é da competência de um parlamento unicameral – Assembleia da República – cujos membros são eleitos, segundo um sistema de representação proporcional, para mandatos de 4 anos. Nas últimas eleições legislativas ocorridas a 17 de Março de 2002, os 230 lugares da Assembleia de República passaram a ter a seguinte distribuição: Partido Social Democrata – 105, Partido Socialista – 96, Centro Democrático e Social / Partido Popular – 14, Coligação Democrática Unitária – 12, e Bloco de Esquerda – 3.

O Tribunal Constitucional é eleito pela Assembleia da República. O sistema judicial é encabeçado pelo Supremo Tribunal de Justiça, constituído por 30 juizes, e composto por Tribunais da Relação e Tribunais de comarca, ordinários e especializados.

Os arquipélagos dos Açores e da Madeira constituem Regiões Autónomas dotadas de Assembleias e Governos Regionais eleitos.

Moeda

A moeda legal de Portugal é o Euro. Notas e moedas denominadas em euros iniciaram a circulação em Janeiro de 2002.

A Economia Portuguesa – Dezembro 2003 v

Page 10: A Economia Portuguesa - Wu Yee Sun Library 澳門大學library.umac.mo/ebooks/b13588503.pdf · A Economia Portuguesa é uma publicação bianual da Direcção-Geral de Estudos e Previsão

Portugal - Principais Indicadores Económicos

1. Despesa, Rendimento e PoupançaEstrutura, %

Consumo Privado 63,4 3,3 5,0 5,1 2,6 1,2 0,6Consumo Público 18,9 2,2 4,1 5,6 4,0 3,4 2,9Formação Bruta de Capital 24,2 12,2 12,4 7,4 3,3 0,0 -5,0Exportações de Bens e Serviços 29,8 7,1 9,1 2,9 8,0 1,9 2,1Importações de Bens e Serviços 36,4 10,0 14,2 8,5 5,4 0,9 -0,5Produto Interno Bruto 100,0 4,0 4,6 3,8 3,7 1,6 0,4

Rendimento Disponível Real dos Particulares (RDP) 1,6 4,9 3,9 3,7 2,4 1,0

Taxa de Poupança dos Particulares 10,4 10,0 8,6 10,0 11,0 11,2

2. Emprego e Desemprego (Inquérito ao Emprego)Estrutura, %

População Activa Total 1,4 :* 0,8 1,5 1,5 1,2Emprego Total 100,0 1,9 2.3e 1,3 2,0 1,4 0,2 Trabalhadores por Conta de Outrém 71,2 1,4 :* 2,8 2,5 1,5 0,7 Trabalhadores por Conta Própria 27,0 3,6 :* -2,4 -2,7 5,6 0,4 Outras situações 1,8 -3,9 :* 1,0 28,9 -26,3 -17,0

Taxa de Desemprego 6,7 5,0 4,4 3,9 4,1 5,1

3. Preços

Índice Harmonizado de Preços no Consumidor 1,9 2,2 2,2 2,8 4,4 3,7Índice de Preços no Consumidor 2,2 2,8 2,3 2,9 4,4 3,6

Deflator do PIB 3,8 3,8 3,1 3,2 4,7 4,8Deflator do Consumo Privado 2,9 2,8 2,1 2,8 4,2 3,6Deflator das Exportações de Bens 2,3 0,2 -0,2 5,6 1,3 -0,4Deflator das Importações de Bens 2,2 -1,7 -0,5 9,1 0,3 -2

4. Balança Corrente e de Capital

Balança Corrente + Balança de Capital -3,1 -4,7 -6,3 -8,9 -8,4 -5,6 Balança Corrente -5,7 -6,9 -8,5 -10,4 -9,4 -7,1 Balança de Capital 2,6 2,2 2,2 1,4 1,0 1,5

5. Finanças Públicas

Saldo Global das Administrações Públicas -3,6 -3,2 -2,8 -2,8 -4,2 -2,7Dívida Pública 59,1 55,0 54,3 53,3 55,6 58,0

Receita Corrente 38,9 39,4 40,6 40,8 40,2 41,3Despesa Corrente 38,4 38,1 39,3 40,2 40,4 41,3Despesa Corrente Primária 34,2 34,7 36,1 36,9 37,2 38,3

6. Agregados de Crédito, Taxas de Juro e Mercado de Capitais

Crédito às Sociedades não Financeiras 20,7 22,8 24,1 25,1 13,3 7,9Crédito a Particulares 26,0 31,4 27,5 21,2 10,4 9,6

Taxa de Juro Euribor a 3 meses (média anual) 4,3 3,8 3,0 4,4 4,3 3,3Taxa de Rendibilidade das OT a taxa fixa a 10 anos (Dez.) 5,6 4,1 5,6 5,2 5,1 4,3

Índice de Cotações de Acções (PSI 20) 71,0 24,9 8,7 -13,0 -24,7 -25,6

* Quebra de série. e - estimativa. : Não Disponível.

taxa de variação, %

%

taxa de variação, %

% do PIB

% do PIB

2002

taxa de crescimento real, %

% do Rendimento Disponível dos Particulares

taxa de variação, %

1996 1997 1998 1999 2000 2001

,9

A Economia Portuguesa – Dezembro 2003 vi

Page 11: A Economia Portuguesa - Wu Yee Sun Library 澳門大學library.umac.mo/ebooks/b13588503.pdf · A Economia Portuguesa é uma publicação bianual da Direcção-Geral de Estudos e Previsão

Portugal – Alguns Indicadores Estruturais

1. Indicadores Económicos Globais

PIB per capita em PPC, (UE-15=100) 73,2 72,0 72,0 68,1 68,9 68,5 fTaxa Crescimento Real do PIB - em % 4,0 4,6 3,8 3,7 1,6 0,4Produtividade do Trabalho - PIB em PPC por empregado (UE-15=100) 67,7 66,2 66,1 f 62,5 f 63,0 f 62,6 fProdutividade do Trabalho - PIB em PPC por hora trabalhada (UE-15=100) 62,9 e 61,7 e 60,8 f 58,5 f 58,8 f 58,4 fCrescimento do Emprego Total - variação anual em % 1,8 2,4 1,8 1,7 3,2 : Crescimento do Emprego- Mulheres - variação anual em % 2,4 3,1 3,0 1,8 3,3 : Crescimento do Emprego- Homens - variação anual em % 1,2 1,8 0,8 1,7 3,1 : Taxa de Inflação - Variação média anual do IHPC 1,9 2,2 2,2 2,8 4,4 3,7Crescimento real dos Custos Unitários do Trabalho -0,5 -1.5 f -1.3 f : : : Cap.(+)/Ness.(-) de Finançiamento do Estado - em % do PIB -3,0 -2,6 -2.8 -2.8 -4.2 -2,7Dívida Bruta das Administrações Públicas em % do PIB 59,1 55,0 54,3 53,3 55,5 58,1

2. Emprego

Taxa de Emprego Total - 15-64 anos 65,2 66,6 67,4 68,2 68,7 : Taxa de Emprego das Mulheres - 15-64 anos 56,2 58,0 59,4 60,3 61,0 : Taxa de Emprego dos Homens - 15-64 anos 74,9 75,6 75,7 76,5 76,8 : Taxa de Emprego - 55-64 anos 48,6 50,0 50,8 51,0 50,1 : Taxa de Emprego - Mulheres - 55-64 anos 35,9 38,4 41,1 41,1 40,3 : Taxa de Emprego - Homens - 55-64 anos 63,5 63,4 62,1 62,5 61,3 : Idade média efectiva de reforma : : : : 62,0 :Diferença de salários - salário das mulheres em % do salário dos homens 7,0 6,0 5,0 8,0 : : Taxa de imposto sobre os salários mais baixos 30,8 30,7 30,2 30,4 29,5 29,5Aprendizagem ao longo da vida - % participação em acções de formação 3,5 3.0 b 3,4 3,4 3,3 2,9Acidentes de trabalho graves - Índice (1998=100) 100 100 92 88 : :Acidentes de trabalho fatais - Índice (1998=100) 108 100 79 104 : :Taxa de Desemprego Total 6,8 5,1 4,5 4,1 4,1 5,1Taxa de Desemprego - Mulheres 7,6 6,4 5,2 5,1 5,1 6,1Taxa de Desemprego - Homens 6,1 4,1 3,9 3,3 3,2 4,2

3. Inovação e Investigação

Despesas públicas em Educação - em % do PIB 5,6 5,6 5,7 5,7 : :Despesas em matéria de I&D em % do PIB 0,6 : 0,75 r : 0,84 e :% de Despesas em I&D financiada pela industria 21,2 : 21,3 : : :% de Despesas em I&D financiada pelo governo 68,2 b : 69,7 : : :% de Despesas em I&D financiada pelo estrangeiro 6.1 b : 5,3 : : :Nível de acesso à internet - % de famílias com acesso à internet : : : 8,4 23,4 30,8Diplomados do ensino superior em ciência e tecnologia - por 1000 habitantes dos 20-29 ano

s 4,8 : : 6,3 6,4Numero de patentes do Inst. Europeu de Patentes por milhão de habitantes 2,652 2,381 4,648 4,014 5,497 ep : Numero de patentes pelo Inst. Norte Americano de Patentes por milhão de hab. 0,894 1,187 0,985 1,471 1,949 e : Investimento de capital de risco - fase inicial - em proporção do GDP 0,012 0,013 0,008 0,027 0,013 0,008Investimento de capital de risco - expansão - em proporção do GDP 0,055 0,036 0,040 0,093 0,051 0,040Despesa em TIC - Tecnologias de Informação em % do PIB 1,49 1,73 1,86 1,96 1,93 : Despesa em TIC - Tecnologias de Telecomunicações em % do PIB 3,30 3,20 3,30 3,50 3,50 :

4. Reforma Económica

Níveis de Preços Relativos do Consumo Privado (EU-15=100) 73,0 72,0 73,0 72,3 73,9 p : Convergência de Preços entre Estados Membros - Coef. de variação 14,9 14,5 14,7 15,3 14,6 p : Preço das telecomunicações - chamadas locais (em Euro por 10 min chamada) 0,27 0,25 0,27 0,23 0,30 0,31Preço das telecomunicações - chamadas nacionais (em Euro por 10 min chamada) 3,23 2,53 2,15 1,28 1,13 1,15Preço das telecomunicações - chamadas p/ EUA (em Euro por 10 min chamada) 8,25 6,13 4,23 3,68 2,89 2,94

1997 1998 1999 2000 2001 2002

:

A Economia Portuguesa – Dezembro 2003 vii

Page 12: A Economia Portuguesa - Wu Yee Sun Library 澳門大學library.umac.mo/ebooks/b13588503.pdf · A Economia Portuguesa é uma publicação bianual da Direcção-Geral de Estudos e Previsão

4. Reforma Económica (cont.)

Preços da Electricidade - utilizadores industriais (em Euro por kWh) 0,075 0,071 0,065 0,064 0,065 0,067Preços da Electricidade - famílias (em Euro por kWh) 0,127 0,125 0,120 0,119 0,120 0,122Preços do Gás - utilizadores industriais (em Euro por Gigajoule) : : : : 6,883 6,260Preços do Gás - famílias (em Euro por Gigajoule) : : : : 13,681 13,190Quota de mercado do maior produtor de energia eléctrica : : 57,8 58,5 61,5 : Quota de mercado do maior operador das telecomunicações móveis : : : : 44,0 45,3Contratos Públicos em % do PIB 2,2 2,2 2,1 2,1 2,5 : Auxílios estatais sectoriais e ad hoc - em % do PIB 1,9 1,1 0,8 0,8 0,7 : Convergência de taxas de juro - empréstimo habitação. Coef. of variação entre EU 20,7 s 15,4 s 18,3 10,5 7,0 10,6Convergência de taxas de juro - empréstimos de curto prazo a empresas 49,4 51,8 50,1 31,3 23,5 26,9Convergência de taxas de juro - empréstimos de médio e longo prazo a empresas 39,7 46,0 44,5 27,0 19,3 19,5Integração do Comércio - Valor das importações e exportações-bens, % do PIB 27,8 28,2 28,2 30,3 29,4 : Integração do Comércio - Valor das importações e exportações-serviços, % do PIB 6,6 7,0 6,7 7,1 6,8 : Integração do Comércio - Valor de entrada e saida de IDE, em % do PIB 2,1 2,7 1,9 6,7 6,3 : Formação Bruta de Capital Fixo pelo sector privado - em % do PIB 21,2 22,9 23,1 24,2 23,1 21,6

5. Coesão Social

Distribuição do rendimento (rácio dos quintis do rendimento) 6,7 6,8 6,4 : : : Taxa de pobreza - antes de trasferêcias sociais 27 27 27 : : : Taxa de pobreza - depois de trasferêcias sociais 22 21 21 : : : Taxa de pobreza persistente 15 14 14 : : : Dispersão de taxas de desemprego regionais - total 5,4 4,3 3,6 4,2 3,6 : Dispersão de taxas de desemprego regionais - mulheres 8,9 8,0 7,2 7,9 6,4 : Dispersão de taxas de desemprego regionais - homens 3,3 2,3 2,0 2,1 2,3 : Abandono escolar precoce - total 40,6 46,8 b 44,8 42,9 44,3 45,5Taxa de Desemprego de Longa Duração 2,6 2,1 1,6 1,6 1,5 :Famílias sem qualquer empregado - 0-65 anos 6,9 5,9 b 5,5 5,3 5,2 5,4Famílias sem qualquer empregado - 0-60 anos 4,8 4,3 b 3,9 3,7 3,5 3,7

6. Ambiente

Emissões de gases com efeito de estufa; variação face ao ano base 113 119 131 130 127,0 : Intensidade energética da economia - consumo de energia em proporção do PIB 233,2 239,1 247,4 240,8 : : Volume de transporte de mercadorias - ton-km em proporção do PIB 82,3 76,9 169,8 123,5 e 137,4 : Volume de trasporte de passageiros - passageiros-km em proporção do PIB 102,9 105,1 108,0 103,8 : : Distribuição modal do transporte de mercadorias - proporção do transp. rodoviário 81,8 83,0 92,0 89,4 e 90,8 : Distribuição modal do transporte de passageiros - proporção do transp. de carro 82,5 82,5 83,7 83,9 : : Qualidade do ar nos centros urbanos - População exposta a poluição por partículas : 100 : 100 : : Resíduos municipais recolhidos - kg por pessoa por ano 408 426 430 444 : : Resíduos municipais objecto de aterro - kg por pessoa por ano 266 307 354 334 : : Resíduos municipais incinerados - kg por pessoa por ano : : 34 91 : : Proporção de energia renovável 38,4 36,1 20,6 29,4 : :

: Não disponível; b - quebra de série; e - estimativa; f - previsão; p - provisório; r - revisto; s - estimativa do EurostatFonte: Eurostat (última actualização 16-06-2003)

(continuação)1997 1998 1999 2000 2001 2002

A Economia Portuguesa – Dezembro 2003 viii

Page 13: A Economia Portuguesa - Wu Yee Sun Library 澳門大學library.umac.mo/ebooks/b13588503.pdf · A Economia Portuguesa é uma publicação bianual da Direcção-Geral de Estudos e Previsão

I. A Economia Portuguesa nos primeiros cinco anos da terceira fase da

UEM

Page 14: A Economia Portuguesa - Wu Yee Sun Library 澳門大學library.umac.mo/ebooks/b13588503.pdf · A Economia Portuguesa é uma publicação bianual da Direcção-Geral de Estudos e Previsão
Page 15: A Economia Portuguesa - Wu Yee Sun Library 澳門大學library.umac.mo/ebooks/b13588503.pdf · A Economia Portuguesa é uma publicação bianual da Direcção-Geral de Estudos e Previsão

I.1. Performance Macroeconómica

Após um período de forte convergência nominal, Portugal juntamente com outros dez Estados-membros aderiu à terceira fase da UEM, a 1 de Janeiro de 1999 1.

Os benefício da moeda única foram visíveis nos três primeiros anos da terceira fase da UEM. Nos dois primeiros anos, 1999 e 2000, o PIB português cresceu em média 3,7% (acima da média da área do euro, 3%). No entanto, neste período surgiram alguns desequilíbrios macro-económicos: num contexto de taxas de juro historicamente baixas, o endividamento dos agentes privados aumentou significativamente e a poupança privada diminuiu de cerca de 28% do PIB, no início da década de 90 para cerca de 18% em 1999. A situação orçamental deteriorou-se e o défice externo agravou-se significativamente.

A economia portuguesa registou, desde a segunda metade de 2002 e no decurso de 2003, um crescimento negativo. A evolução da actividade reflecte a continuação do processo de ajustamento do sector privado e os esforços de consolidação orçamental, no contexto de uma conjuntura internacional pouco dinâmica. Deste modo, a taxa de crescimento média anual do PIB que, no final do segundo trimestre de 2001 se situava perto de 3%, era, no final do segundo trimestre de 2003, de –1,3%. Os dados mais recentes reflectem um comportamento menos desfavorável da procura interna na segunda metade de 2003. Espera-se, assim que, em 2003, a economia portuguesa registe um crescimento negativo entre 0,5 e 1%, em termos reais. A recuperação económica, da qual já existem alguns sinais, deverá consolidar-se em 2004, ano para o qual se espera um crescimento de cerca de 1%.

O processo de ajustamento em curso da economia portuguesa reflectiu-se no enfraquecimento da procura interna privada tendo contribuído para a redução do desequilíbrio das necessidades de financiamento da economia e, consequentemente, para a redução do défice externo que passou de um valor de cerca de 9% do PIB, em 2000, para um valor inferior a 3% do PIB , em 2003.

O défice global das Administrações Públicas reduziu-se em 2002 para 2,7% do PIB o que compara com o défice excessivo verificado no ano anterior (4,2% do PIB). A estimativa para o défice, em 2003, é de 2,9% do PIB. Esta meta será atingida com o recurso a medidas extraordinárias destinadas a contrabalançar a quebra nas receitas fiscais decorrente da fase baixa do ciclo económico. Em 2004, o défice global das Administrações Públicas deverá situar-se em 2,8% do PIB, de acordo com o Orçamento do Estado para 2004.

1 A 1 de Janeiro de 2001, a Grécia aderiu à área do euro. O ano de 2002 ficou marcado pela entrada em

circulação de notas e moedas denominadas em euros.

A Economia Portuguesa – Dezembro 2003 11

Page 16: A Economia Portuguesa - Wu Yee Sun Library 澳門大學library.umac.mo/ebooks/b13588503.pdf · A Economia Portuguesa é uma publicação bianual da Direcção-Geral de Estudos e Previsão

A actividade económica mundial registou uma melhoria gradual na segunda metade de 2003, observando-se um movimento de recuperação nos mercados financeiros e o retorno da confiança dos agentes económicos, depois de três anos de fraco dinamismo nas principais regiões económicas. O PIB mundial deverá registar uma ligeira aceleração em 2003 e 2004 (2,8% em 2002 que compara com 3,3% e 4,1% em 2003 e 2004, respectivamente).

Quadro 1. Enquadramento internacional

2002 2003 2004 2002 2003 2004

Economia Mundial 2,8 3,3 4,1 Preço do petróleoEstados Unidos da América 2,5 2,8 3,8 Brent (USD/bl)Japão 0,1 2,6 1,7 Preço das matérias primas UE - 15 1,1 0,8 2,0 excludindo o petróleoUE - 12 0,9 0,4 1,8 (taxa de variação em %)

Crescimento das importações mundiais (%)

: 4,7 7,2

Crescimento dos mercados de exportação fora da área do euro (%) 6,0 4,8 7,6

Taxa de câmbio USD/EUR 0,95 1,13 1,16

3,1 7,3 1,9

Comércio mundial

25,0 28,3 25,6

A. PIB e Comércio mundial B. Evolução cambial e preços das matérias primas

PIB - Taxa de crescimento real (%)

Fonte: Comissão Europeia, Economic Forecasts, Outono 2003.

A retoma mundial é liderada pela economia norte-americana, onde as políticas macroeconómicas têm assumido um carácter expansionista e a produtividade tem registado um forte crescimento, mas também pelo Japão, que registou uma forte recuperação. A aceleração da economia mundial deverá ainda estar associada ao forte dinamismo da actividade das economias asiáticas (particularmente da China) e dos países da adesão à União Europeia. Pelo contrário, a actividade na União Europeia deverá permanecer fraca. No primeiro semestre de 2003, a actividade económica acelerou no Reino Unido mas estagnou na área do euro, com a Alemanha, Itália, Países Baixos e Portugal a registarem dois ou mais trimestres consecutivos de contracção do PIB. No segundo trimestre de 2003, a França também registou um crescimento negativo do PIB.

Gráfico 1. PIB (Taxa de variação homóloga, em volume, %)

-1,00,01,02,03,04,05,06,0

Área do euro 2,1 2,3 3,0 3,8 3,9 4,2 3,2 2,8 2,5 1,7 1,5 0,8 0,5 0,9 1,0 1,1 0,7 0,2 0,3

EUA 4,0 3,9 4,2 4,3 4,2 4,9 3,7 2,3 1,5 -0,1 -0,4 0,1 1,4 2,2 3,3 2,9 2,0 2,5 3,3

99 T1

99 T2

99 T3

99 T4

00 T1

00 t2

00 T3

00 T4

01 T1

01 T2

01 T3

01 T4

02 T1

02 T2

02 T3

02 T4

03 T1

03 T2

03 T3

Fontes: Eurostat e Bureau of Economic Analysis.

Nos EUA, o PIB acelerou no segundo trimestre de 2003 para um valor próximo do potencial, tendo aumentado novamente no trimestre seguinte. O consumo privado – suportado por aumentos do rendimento disponível induzido por reduções dos impostos – e o investimento residencial bem como o investimento empresarial têm sido as principais forças impulsionadoras do crescimento. Destaca-se também o forte contributo do consumo público para o crescimento

12 A Economia Portuguesa – Dezembro 2003

Page 17: A Economia Portuguesa - Wu Yee Sun Library 澳門大學library.umac.mo/ebooks/b13588503.pdf · A Economia Portuguesa é uma publicação bianual da Direcção-Geral de Estudos e Previsão

do PIB. Não obstante o maior dinamismo da actividade económica, a retoma actual ainda não gerou aumentos expressivos do emprego.

Em 2003, deverão agravar-se os principais desequilíbrios macroeconómicos nos Estados Unidos, nomeadamente ao nível da balança corrente e da situação das finanças públicas.

Gráfico 2. EUA: défices da balança corrente e do sector público (% do PIB)

-2-101234567

1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003p 2004p

Sector público Balança corrente

Fonte: FMI, World Economic Outlook, Setembro 2003. p – previsão.

A economia japonesa registou um crescimento rápido, reflectindo em parte o processo de reestruturação de um pequeno número de grandes empresas pertencentes ao sector das tecnologias de ponta. O sector externo contribuiu fortemente para a retoma da economia japonesa, beneficiando do dinamismo dos fluxos de comércio intra-Asia, tendo-se registado uma recuperação gradual do contributo da procura interna.

Na área do euro, a procura interna permaneceu muito fraca. A confiança dos agentes económicos foi afectada negativamente pelas incertezas associadas ao conflito militar no Iraque, o qual aumentou a volatilidade do preço do petróleo e originou a aceleração dos preços dos produtos energéticos, em particular no início de 2003. Para os consumidores da área do euro, estes efeitos negativos foram exacerbados pelas incertezas relacionadas com a evolução dos rendimentos do trabalho e de pensões e os efeitos de riqueza negativos resultantes do declínio prolongado no mercado de capitais.

Quadro 2. Área do euro – Principais indicadores económicos PIB Taxa de

inflaçãoTaxa de

desemprego(t.c.r.) (%) (%)

1999 2,8 0,7 1,1 9,4 2000 3,5 2,0 2,1 8,5 2001 1,6 1,4 2,4 8,0 2002 0,9 0,3 2,3 8,4 2003p 0,4 -1,2 2,1 8,9 2004p 1,8 -1,4 2,0 9,1

Output gap

Fonte: Comissão Europeia, Economic Forecast, Outono 2003. p - previsão.

Nos mercados cambiais, o dólar norte americano prosseguiu a tendência de depreciação face às principais moedas. Entre o final de 2002 e o final de Outubro de 2003, o dólar depreciou-se 18% face ao euro. A competitividade preço na área do euro terá sido afectada

A Economia Portuguesa – Dezembro 2003 13

Page 18: A Economia Portuguesa - Wu Yee Sun Library 澳門大學library.umac.mo/ebooks/b13588503.pdf · A Economia Portuguesa é uma publicação bianual da Direcção-Geral de Estudos e Previsão

negativamente prejudicando o papel das exportações como factor impulsionador do crescimento na área do euro. Pelo contrário, espera-se que os efeitos positivos nos termos de troca promovam o crescimento do rendimento disponível real, compensando em parte os efeitos negativos do aumento dos preços dos bens energéticos. O actual contexto de taxas de juro historicamente baixas e inflação baixa deverá favorecer a retoma das despesas das famílias e empresas nos próximos meses.

Gráfico 3. Taxa de câmbio do Euro face ao dólar norte-americano

0,800

0,850

0,900

0,950

1,000

1,050

1,100

1,150

1,200

Jan-

99 Abr Ju

l

Out

Jan-

00 Abr Ju

l

Out

Jan-

01 Abr Ju

l

Out

Jan-

02 Abr Ju

l

Out

Jan-

03 Abr Ju

l

Out

Fonte: Banco de Portugal.

A situação no mercado de trabalho da área do euro registou uma deterioração reflectindo o forte abrandamento do crescimento económico nos últimos dois anos. A taxa de desemprego aumentou gradualmente tendo passado de 8% em 2001 para 8,8% em Setembro de 2003.

Gráfico 4. Emprego e desemprego na área do euro (%)

-2,0

-1,0

0,0

1,0

2,0

3,0

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

p

2004

p

456789101112

Emprego (taxa de variação, escala da esquerda)Taxa de desemprego (escala da direita)

Fontes: Eurostat e Comissão Europeia, Economic Forecasts, Outono 2003. p- previsão.

Como vem acontecendo desde 2001, a situação das finanças públicas na área do euro continuou a deteriorar-se em 2003 (o défice orçamental atingiu 2,8% do PIB quando em 2002 era de 2,2% do PIB), com alguns dos Estados-membros a excederem o valor de referência de 3% do PIB para o défice orçamental. O aumento dos défices orçamentais, desde 2001, ficou a dever-se à redução de impostos em alguns Estados-membros que não foi totalmente compensada por reduções da despesa e também ao funcionamento dos estabilizadores automáticos na fase baixa do ciclo económico.

14 A Economia Portuguesa – Dezembro 2003

Page 19: A Economia Portuguesa - Wu Yee Sun Library 澳門大學library.umac.mo/ebooks/b13588503.pdf · A Economia Portuguesa é uma publicação bianual da Direcção-Geral de Estudos e Previsão

Quadro 3. Área do euro – Principais indicadores financeiros

Saldo orçamental

Saldo orçamental ajustado dos

efeitos do cicloDívida Pública Taxa de juro de

longo prazo

Média anual, %

1999 -1,3 -1,7 72,7 4,72000 0,2 -1,9 70,2 5,42001 -1,6 -2,3 69,2 5,02002 -2,2 -2,4 69,0 4,92003p -2,8 -2,3 70,4 4,12004p -2,7 -2,2 70,7 :

Em % do PIB

Fontes: Comissão Europeia, Economic Forecasts, Outono 2003. p – previsão.

A Inflação permaneceu baixa na generalidade das principais economias. Não obstante se ter registado uma ligeira aceleração dos preços no conjunto das economias avançadas associada, em parte, ao comportamento dos preços dos produtos energéticos, em particular no início do ano de 2003, a inflação subjacente nos Estados Unidos baixou para cerca de 1,5% em meados de 2003 e na área do euro também desacelerou ligeiramente reflectindo o fraco crescimento dos últimos anos e a apreciação do euro, desde 2001. No Japão, a inflação subjacente aproximou-se de zero, em parte, reflectindo o impacto do aumento dos preços administrados.

Gráfico 5. Preço do petróleo Brent (USD/bl)

10

15

20

25

30

35

1999

2000

2001

2002

2003

Fonte: Direcção-Geral de Energia.

Num contexto de ausência de pressões inflacionistas assistiu-se a reduções adicionais das taxas de juro oficiais por parte dos bancos centrais das economias avançadas. Nos EUA, a Reserva Federal reduziu a taxa de juro objectivo para os Fed Funds em 25 pontos base em Junho de 2003, para 1%, o valor mais baixo dos últimos 45 anos. Na área do euro, depois de ter baixado as taxas de juro oficiais em 50 pontos base no início de Dezembro de 2002, o Conselho do Banco Central Europeu reduziu a taxa mínima aplicável às operações principais de refinanciamento por duas vezes, de 2,75% para 2,5%, em 6 de Março, e para 2%, em 5 de Junho.

A Economia Portuguesa – Dezembro 2003 15

Page 20: A Economia Portuguesa - Wu Yee Sun Library 澳門大學library.umac.mo/ebooks/b13588503.pdf · A Economia Portuguesa é uma publicação bianual da Direcção-Geral de Estudos e Previsão

A Economia Portuguesa apresentou um forte crescimento no final da década de 90, crescendo a uma média anual de 4%, ½ ponto percentual acima da média da área do euro. A evolução da situação económica, principalmente a partir de 1997, foi fortemente influenciada pela participação de Portugal na moeda única. O novo enquadramento macroeconómico, caracterizado pela estabilidade de preços, possibilitou uma redução estrutural das taxas de juro e consequente diminuição das restrições de liquidez das famílias e empresas.

Quadro 4. Principais indicadores económicos e financeiros

Taxa de desemprego Taxa de inflação Saldo Orçamental Dívida pública

taxa de variação real

diferencial face à EU-12, em p.p. (%) (IPC, %) (% do PIB) (% do PIB)

1990-99 2,9 0,8 5,6 6,0 -4,6 61,9

1999 3,8 1,0 4,4 2,3 -2,9 54,3 2000 3,4 -0,1 3,9 2,9 -2,9 53,3 2001 1,7 0,1 4,1 4,4 -4,2 55,6 2002 0,4 -0,5 5,1 3,6 -2,7 58,1

2003 p [-1 ; -0,5] -1,2 [6,25 ; 6,5] 3,3 -2,9 * 59,5 *

PIB

Fontes: INE; Ministério das Finanças; Eurostat; European Commission, "Autumn 2003 Economic Forecasts". * - Orçamento. p – previsões do Ministério das Finanças.

Contudo, durante esse período de expansão, os níveis de endividamento do sector privado aumentaram significativamente e a posição deficitária face ao exterior agravou-se, criando profundos desequilíbrios macroeconómicos. O processo de ajustamento da economia, imprescindível para um crescimento sustentável, teve início no final de 2000, tendo-se registado um forte abrandamento da procura interna desde então. Os efeitos do processo de ajustamento da economia conjugados aos efeitos negativos da recente deterioração da economia internacional na evolução da procura externa e nas expectativas dos agentes, conduziu a economia portuguesa a uma forte desaceleração em 2002 e a uma contracção em 2003.

Gráfico 6. Endividamento dos particulares

152535455565758595

105115

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

*

2003

*

0510152025303540

endividamento (em % do rendimento disponível)rendimento disponível (variação anual, %)endividamento (variação anual, %)

Fontes: INE e Ministério das Finanças.

A tendência negativa do crescimento real do PIB nos últimos anos traduziu-se num output gap negativo em 2003 que não deverá começar a melhorar antes de 2005. O output gap português tinha vindo a ser positivo desde 1997, tendo atingido o seu nível máximo em 2000. (Gráfico 7).

16 A Economia Portuguesa – Dezembro 2003

Page 21: A Economia Portuguesa - Wu Yee Sun Library 澳門大學library.umac.mo/ebooks/b13588503.pdf · A Economia Portuguesa é uma publicação bianual da Direcção-Geral de Estudos e Previsão

Gráfico 7. PIB real e Output Gap*

-4-3-2-10123456

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

e

2003

e

2004

p

Output gap PIB real (variação anual, %)

Fontes: INE e Ministério das Finanças; *Estimação pela metodologia da função produção; e - estimativa; p - previsão.

A retoma da economia deverá ter início a partir da segunda metade de 2003, tornando-se mais nítida em 2004, como sugere o comportamento do indicador avançado da OCDE para Portugal (Gráfico 8). Com efeito, já foram registados alguns sinais positivos: as expectativas relativas à evolução da economia europeia são mais optimistas; os indicadores de confiança dos consumidores e dos empresários têm evidenciado uma tendência positiva e as taxas de juro e a inflação têm permanecido em níveis relativamente baixos. O diferencial de crescimento entre Portugal e a média da UE deverá diminuir em 2004, ainda que deva permanecer negativo, uma vez que os agentes económicos do sector privado deverão continuar a ajustar as suas decisões de despesa de modo a reequilibrar os seus orçamentos, condicionando, desse modo, o crescimento da procura interna. Neste contexto, a recuperação da economia deverá ser impulsionada, principalmente, por um maior dinamismo da procura externa.

Gráfico 8. Portugal – Indicador Avançado da OCDE (variação, %)

-15

-10

-5

0

5

10

15

1998

1999

2000

2001

2002

2003

Fonte: OCDE.

A evolução no mercado de trabalho no passado recente caracterizou-se por um aumento da taxa de participação, um elevado crescimento do emprego e taxas de desemprego baixas. Em 2003, em consonância com o normal desfasamento face ao ciclo económico, o mercado de trabalho tem apresentado um agravamento substancial das tendências negativas observadas desde o segundo trimestre de 2001. A taxa de participação (dos 15 aos 64 anos) continua a ser elevada e superior à da média da UE. Esta situação continua a dever-se essencialmente a factores demográficos e ao aumento da participação feminina. Nos últimos

A Economia Portuguesa – Dezembro 2003 17

Page 22: A Economia Portuguesa - Wu Yee Sun Library 澳門大學library.umac.mo/ebooks/b13588503.pdf · A Economia Portuguesa é uma publicação bianual da Direcção-Geral de Estudos e Previsão

dois anos, fluxos de imigrantes também têm contribuído para o aumento da taxa de participação. Contudo, ao nível do emprego verificou-se uma redução de 1,1% nos primeiros três trimestres de 2003, que foi acompanhada por uma diminuição da taxa de emprego (dos 15 aos 64 anos). Neste mesmo período, a taxa de desemprego, que parou de diminuir em 2001, atingiu os 6,3%.

Quadro 5. Indicadores do mercado de trabalho Taxa de

participação Emprego Taxa de emprego

Taxa de desemprego

(15-64 anos) total (15-64 anos) (15-24 anos)

(%) (taxa de var.,%) (%) (%) (%) (% total do desemprego)

1990-99 68,7 1,0 64,8 5,6 12,3 36,1

1999 70,7 1,3 67,4 4,4 8,8 38,6 2000 71,3 2,0 68,3 3,9 8,6 41,5 2001 71,7 1,4 68,6 4,1 9,4 37,4 2002 72,0 0,2 68,1 5,1 11,6 35,0

2003* 72,0 -1,1 67,2 6,3 14,2 33,6

Taxa de desemprego

Desemprego de longa duração

Fonte: INE, “Inquérito Trimestral ao Emprego”. * Primeiros três trimestres.

Nos últimos anos, no âmbito do Plano Nacional de Emprego (PNE), enquadrado na 1ª fase da Estratégia Europeia para o Emprego (EEE), foram adoptadas medidas de política no sentido de promover o emprego (ou re-emprego), particularmente vocacionadas para categorias de maior risco, nomeadamente jovens e desempregados de longa duração. O PNE para o período 2003-2006, enquadrado na 2ª fase da EEE, reforça as políticas que têm vindo a ser seguidas com vista à empregabilidade, procurando dar resposta a três objectivos estratégicos:

• Pleno Emprego;

• Melhoria da Qualidade e da Produtividade do Trabalho;

• Reforço da Coesão e Inclusão Social. Gráfico 9. Emprego e desemprego

(%)

-1,5-1,0-0,50,00,51,01,52,02,5

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003*3,5

4,5

5,5

6,5

7,5

Variação do emprego (escala da esquerda)Taxa de desemprego (escala da direita)

Fonte: INE, “Inquérito Trimestral ao Emprego”. * Primeiros três trimestres.

Os salários nominais em Portugal reagem fortemente à evolução da taxa de desemprego. De facto, a flexibilidade dos salários portugueses favorece o ajustamento do drift dos salários ao ciclo económico. Em 2003 tem-se verificado uma diminuição das pressões salariais, o que se tem reflectido num menor crescimento dos salários nominais. Por um lado, os

18 A Economia Portuguesa – Dezembro 2003

Page 23: A Economia Portuguesa - Wu Yee Sun Library 澳門大學library.umac.mo/ebooks/b13588503.pdf · A Economia Portuguesa é uma publicação bianual da Direcção-Geral de Estudos e Previsão

salários na função pública foram praticamente congelados (aumento de 1 ½ % apenas para quem ganha menos de 1000 euros por mês). Por outro lado, para garantir a competitividade externa portuguesa, as negociações salariais passaram a ter como referencial a inflação esperada da área do euro. Os salários nominais implícitos na contratação colectiva desaceleraram substancialmente, em 2003, apontando a informação disponível para um crescimento médio na ordem dos 2,8%.

Gráfico 10. Salários, desemprego e ciclo económico

Gráfico 11. Remunerações por trabalhador (taxa de variação, %)

-2-1012345

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003e

Drift dos salários (em p.p.)PIB real (t.v.h., em %)Variação da taxa de desemprego (em p.p.)

Fontes: INE; Ministério da Segurança Social e do

Trabalho; Ministério das Finanças. e – estimativa.

3,0

3,5

4,0

4,5

5,0

5,5

6,0

1998 1999 2000 2001 2002 2003e0,0

1,0

2,0

3,0

4,0

Diferencial face à área do euro (p.p.)Portugal (escala da esquerda)

Fontes: Comissão Europeia; Ministério das Finanças. e – estimativa.

O diferencial entre salários contratuais e salários efectivos tem acompanhado o abrandamento económico e deste modo ao nível do crescimento das remunerações dos trabalhadores a moderação tem sido significativa. O diferencial face ao aumento médio dos salários na área do euro deverá registar uma redução mais acentuada em 2003.

A continuação do processo de moderação salarial é fundamental para a economia portuguesa. De facto, as taxas de crescimento dos salários reais têm, desde há vários anos, excedido claramente as taxas de crescimento da produtividade do trabalho. Em 2003 esta situação deverá alterar-se, contudo, existem desvantagens acumuladas em termos da competitividade dos produtos portugueses nos mercados internacionais. A eliminação de tais desvantagens só será conseguida através de melhorias de produtividade – objectivo essencial das reformas estruturais empreendidas – e de uma evolução moderada dos salários nos próximos anos.

Gráfico 12. Salários e produtividade (taxas de variação, %)

Gráfico 13. Salários e produtividade (Índice 1999=100)

-1

0

1

2

3

4

5

6

2000 2001 2002 2003e

Salários reais po trabalhadorProdutividade

Fontes: INE; Ministério das Finanças. e – estimativa.

100

105

110

115

120

125

130

1999 2000 2001 2002 2003e

Salários nominais Produtividade

Fontes: INE; Ministério das Finanças. e – estimativa.

A Economia Portuguesa – Dezembro 2003 19

Page 24: A Economia Portuguesa - Wu Yee Sun Library 澳門大學library.umac.mo/ebooks/b13588503.pdf · A Economia Portuguesa é uma publicação bianual da Direcção-Geral de Estudos e Previsão

Os indicadores de competitividade de Portugal deterioraram-se em 2002, pelo sexto ano consecutivo. No entanto, e apesar do enquadramento internacional desfavorável, a quota de mercado das exportações portuguesas aumentou em 2002, interrompendo o declínio verificado nos últimos anos, com uma perda acumulada de cerca de 10% no período de 1997 a 2000. Em 2003, deverá voltar a verificar-se uma ligeira perda de quota de mercado.

Gráfico 14. Performance das exportações (%)

Gráfico 15. Custos de trabalho e preços de exportação

(1999 I = 100)

-6

-3

0

3

6

9

12

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003e

Performance das exportações*Mercado das exportaçõesExportações portuguesas

Fontes: OCDE; Ministério das Finanças. e – estimativa. * Rácio entre o índice em volume das exportações de produtos manufacturados de Portugal e o índice em volume do mercado de exportações de Portugal.

95

100

105

110

115

120

1999

I II III

IV20

00 I II III

IV20

01 I II III

IV20

02 I II III

IV20

03 I II

Índice de Custo do Trabalho na Ind. Transfor.Deflator das Exportações

Fonte: INE.

Outros indicadores de competitividade são a evolução do preço das exportações e dos custos unitários de trabalho na indústria, como proxy para a evolução das margens de lucro. Se os aumentos de custos não poderem ser reflectidos nos preços de exportação, porque os produtores não têm poder negocial nos mercados de exportação, então as margens de lucro tenderão a ser mais apertadas. De facto, nos últimos dois anos verificou-se alguma diminuição das margens de lucro. No entanto, os custos de trabalho em Portugal são baixos face à média da UE.

Gráfico 16. Custos de trabalho por hora na indústria e serviços – 2000 (Euro por hora)

Gráfico 17. Índice harmonizado de preços no consumidor (t.v.h., em %)

8.110.4

14.217.3

22.1 23.0 23.6 23.9 24.2 24.426.3 27.1 28.6

05

101520253035

P EL E IRL FIN NL A UK L F D DK S

UE13 = 22,2

Fonte: Eurostat.

-10123456

Mai

-99

Set-9

9

Jan-

00

Mai

-00

Set-0

0

Jan-

01

Mai

-01

Set-0

1

Jan-

02

Mai

-02

Set-0

2

Jan-

03

Mai

-03

Set-0

3

-10123456

Diferencial (em p.p.) PortugalÁrea do euro

Fontes: Eurostat; INE.

A inflação manteve-se bastante acima da média da área do euro, devido a aumentos salariais relativamente elevados e alguma pressão sobre os custos. Em 2002, o Índice Harmonizado de Preços no Consumidor aumentou 3,7%, 1,4 pontos percentuais acima da média da área do euro. Em 2003, verificou-se um ligeiro aumento da taxa de inflação nos primeiros meses do ano, mas aumentos salariais mais moderados e uma procura interna menos dinâmica

20 A Economia Portuguesa – Dezembro 2003

Page 25: A Economia Portuguesa - Wu Yee Sun Library 澳門大學library.umac.mo/ebooks/b13588503.pdf · A Economia Portuguesa é uma publicação bianual da Direcção-Geral de Estudos e Previsão

são os principais factores que contribuíram para a redução da inflação na segunda metade do ano. No final de 2003, a inflação média anual deverá situar-se em torno de 3,3%.

De 1996 a 2000, o défice externo aumentou, atingindo um valor máximo em torno dos 9% do PIB em 2000. Esta deterioração resultou essencialmente de um agravamento do défice comercial, que reflectiu o diferencial de crescimento entre a produção e a procura interna e perdas de quota de mercado. Com o início do processo de ajustamento, verificou-se uma redução do défice comercial em 2001, tendo o défice continuado a diminuir em 2002, devido ao enfraquecimento das importações e aos ganhos de termos de troca. Uma procura interna mais moderada possibilitou a redução do défice externo para 5,6% do PIB em 2002. Em 2003, o défice continuou a reduzir-se, devendo atingir cerca de 2,75% do PIB no final do ano.

Gráfico 18. Défice externo * (% do PIB)

Gráfico 19. Fluxos de investimento directo (saldo, % do PIB)

-3

0

3

6

9

12

1999 2000 2001 2002 2003e

Défice corrente Superavite de capitalDéfice corrente e de capital

Fonte: Banco de Portugal. * Medido pela soma do saldo corrente e de capital.

-2

0

2

4

6

8

1999 2000 2001 2002

Investimento estrangeiro em Portugal (A)Investimento português no estrangeiro (B)Investimento directo líquido (A-B)

Fonte: Banco de Portugal.

Em 2002, as operações de investimento directo (de e para Portugal) resultaram numa entrada líquida de fundos para a economia portuguesa (0,6% do PIB), ao contrário do verificado em anos anteriores (-0,7% e -1,5% do PIB em 2000 e 2001, respectivamente). A diminuição dos fluxos de investimento directo (de e para Portugal) em 2002, reflecte um menor peso das grandes operações intra-grupo e a desaceleração da actividade económica a nível mundial e nacional. No primeiro semestre de 2003 verificou-se novamente uma entrada líquida de fundos equivalente a 1,2% do PIB (3,7% do PIB no período homólogo de 2002).

A Economia Portuguesa – Dezembro 2003 21

Page 26: A Economia Portuguesa - Wu Yee Sun Library 澳門大學library.umac.mo/ebooks/b13588503.pdf · A Economia Portuguesa é uma publicação bianual da Direcção-Geral de Estudos e Previsão

I.2. Finanças Públicas

Evolução nos últimos anos

A consolidação orçamental é um objectivo intermédio de prioridade elevada da política económica portuguesa cuja meta de longo prazo é alcançar um desenvolvimento económico sustentável e a convergência para a média do nível de vida da Europa.

Gráfico 20. Consumo público (% do PIB)

17

18

19

20

21

22

1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002

Portugal

Média da UE15

Fonte: Comissão Europeia

No fim da década de 90, os recursos libertados pela redução dos encargos com dívida pública foram mais que anulados pelo forte crescimento da despesa corrente primária. Este aumento derivou do crescimento das despesas com o pessoal na Administração Pública que atingiram 15% do PIB no ano 2000. O emprego no sector público cresceu a uma taxa anual de 3,3% entre 1995 e 2001, impulsionado por aumentos nos sectores da saúde e da educação e nos novos institutos públicos. No mesmo período, o aumento acumulado nos salários foi 20%, principalmente devido às alterações nos escalões salariais que geraram um drift anual de cerca de 3,3%. Os subsídios do Estado à Caixa Geral de Aposentações constituíram, também, uma forte pressão adicional sobre a despesa pública. Em 2000, cerca de 20% das despesas com pessoal destinavam-se a pensões dos funcionários públicos. Esta pressão irá aumentar no futuro, uma vez que se prevê que 40% dos funcionários públicos irão aposentar-se nos próximos 10 anos.

Gráfico 21. Despesa com o pessoal na Administração Pública (% do PIB)

9 10 11 12 13 14 15 16

1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002

Portugal

UE15 (média)

Fonte: Comissão Europeia

O sector da Saúde foi outra fonte de pressão sobre as despesas. O rácio da despesa pública em saúde cresceu para 5,2% do PIB em finais da década de 90. De acordo com a

A Economia Portuguesa – Dezembro 2003 22

Page 27: A Economia Portuguesa - Wu Yee Sun Library 澳門大學library.umac.mo/ebooks/b13588503.pdf · A Economia Portuguesa é uma publicação bianual da Direcção-Geral de Estudos e Previsão

publicação de 1998 da OCDE - OECD Economic Survey of Portugal - o sector enfrenta vários problemas estruturais, nomeadamente uma coordenação inadequada entre as instituições públicas de saúde, um sistema ineficiente de remuneração dos médicos e uma concorrência insuficiente no fornecimento de bens e serviços de saúde e na venda de medicamentos.

A educação é outro sector que registou um aumento forte na despesa, atingindo, em 1999, 5,7% do PIB, acima da média de 5,5% da OCDE. O principal factor determinante é o aumento dos salários do sector da educação, na medida em que a reestruturação de carreiras conduziu a uma situação onde os professores com mais anos de experiência recebem vencimentos mais elevados que na média dos países membros da OCDE. Outra pressão na despesa deriva da rede geográfica das escolas, com 2/3 das escolas com menos de 30 alunos.

A despesa em segurança social aumentou de cerca de 13,2% do PIB em 1995 para 14,2% em 2001. A despesa com pensões cresceu de 9,2% em 1995 para 10,2% do PIB em 2001. Dado o envelhecimento da população, prevê-se que a despesa com pensões em 2010 seja 11,5% do PIB.

Gráfico 22. Impostos e contribuições sociais

(% do PIB)

32 34 36 38 40 42 44

1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002

PortugalUE15 (média)

Fonte: Comissão Europeia

A Economia Portuguesa – Dezembro 2003 23

Page 28: A Economia Portuguesa - Wu Yee Sun Library 澳門大學library.umac.mo/ebooks/b13588503.pdf · A Economia Portuguesa é uma publicação bianual da Direcção-Geral de Estudos e Previsão

Gráfico 23. Contas das Administrações Públicas (percentagem do PIB)

Impostos sobre a Produção e Importação Impostos sobre o Rendimento e Património

Receita Fiscal Contribuições Sociais

Despesa Corrente Primária Despesa Corrente Primária excl. Prestações Sociais

Consumo Público Despesas com Pessoal

12.5%13.0%13.5%14.0%14.5%15.0%15.5%

1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

7%

8%

9%

10%

11%

1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

10.5%11.0%11.5%12.0%12.5%13.0%

1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

30%32%34%36%38%40%

1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

18%

20%

22%

24%

1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

16%

18%

20%

22%

1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 200412.0%13.0%14.0%15.0%16.0%

1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

20%

25%

30%

Portugal 22.5% 23.5%23.4% 23.7%24.6% 24.8% 24.1% 24.7% 23.8%23.7%EU15 25.3% 25.8%26.4% 27.4%28.0% 28.0% 27.5%26.9% 26.8%26.8%

1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

A Economia Portuguesa – Dezembro 2003 24

Page 29: A Economia Portuguesa - Wu Yee Sun Library 澳門大學library.umac.mo/ebooks/b13588503.pdf · A Economia Portuguesa é uma publicação bianual da Direcção-Geral de Estudos e Previsão

Prestações Sociais Receita Corrente (C) e Despesa Corrente (D)

Receita Total (R) e Despesa Primária Despesa Primária

Saldo Corrente Primário Saldo Primário

Saldo Global Saldo Global ajustado do ciclo

10%

12%

14%

16%

18%

1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 200437%

39%

41%

43%

1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

D R

37%39%41%43%45%

1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

D R

0%1%2%3%4%5%

1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004-1.5%-1.0%-0.5%0.0%0.5%1.0%

1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

-6%

-4%

-2%

0%

1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

-6.0

-4.0

-2.0

0.0

-4.5 -4.0 -3.9 -4.2 -4.4 -5.2 -2.7 -1.7 -1.2

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

30%

40%

50%

Portugal 38.8 40.4 40.6 40.7 42.0 41.9 43.1 43.0 44.2 43.7

EU15 45.9 45.5 44.4 43.7 43.6 41.9 43.4 44.0 44.5 44.3

1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Fonte: INE, Ministério das Finanças e Orçamento do Estado de 2004

A Economia Portuguesa – Dezembro 2003 25

Page 30: A Economia Portuguesa - Wu Yee Sun Library 澳門大學library.umac.mo/ebooks/b13588503.pdf · A Economia Portuguesa é uma publicação bianual da Direcção-Geral de Estudos e Previsão

Suportado por uma taxa de crescimento real média do PIB de 3,7% durante 1995-2000, o rácio de impostos e contribuições sociais face ao PIB cresceu 3,2 pontos percentuais, atingindo 36,6% em 2000. Durante o mesmo período, os pagamentos de juros da dívida pública decresceram 3 pontos percentuais do PIB. Contudo, a despesa corrente primária, reflectindo as pressões atrás mencionadas, aumentou 3,4 pontos percentuais, atingindo 36,9% do PIB em 2000.

Gráfico 24. Administrações Públicas (1995/2002) (% do PIB)

General Government

% of GDP

36

38

40

42

44

46

48

1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002

Receita Total

Despesa Total

-6 -5 -4 -3 -2 -1 0

Saldo Global

Fonte: Comissão Europeia

Em 2001, o crescimento económico desacelerou para 1,7% e o rácio das receitas fiscais e contribuições sociais sobre o PIB reduziu-se em cerca de 0,6 pontos percentuais do PIB, enquanto as despesas correntes primárias continuaram a crescer atingindo 37,2% do PIB.

O rácio do défice global das Administrações Públicas face ao PIB aumentou de 2,8% em 2000 para 4,2% em 2001, acima do valor de referência de 3% estabelecido no Tratado CE. Assim, em Julho de 2002, a Comissão Europeia iniciou o Procedimento dos Défices Excessivos (PDE) para Portugal. O Conselho Ecofin adoptou, a 5 de Novembro de 2002, uma Decisão sobre a existência de uma situação de défice excessivo e emitiu uma Recomendação no sentido de as autoridades portuguesas adoptarem medidas para a sua eliminação.

Neste contexto, o Governo adoptou várias medidas para controlar as despesas públicas (ver Caixa 2.) e, em particular, as despesas com o pessoal. A Lei de Alteração ao Orçamento do Estado para 2002 foi aprovada e o objectivo para o défice das Administrações Públicas foi fixado em 2,8% do PIB. O impacto positivo das medidas adoptadas combinado com um controlo mais rigoroso da execução orçamental permitiu que o crescimento do emprego no sector público abrandasse para 1% (3,2% em 2001) e que o aumento dos ordenados da função pública se limitasse a 0,2 pontos percentuais do PIB (0,6 pontos percentuais em 2000). A estimativa para o défice das Administrações Públicas, em 2002, é de 3 500 milhões de euros,

A Economia Portuguesa – Dezembro 2003 26

Page 31: A Economia Portuguesa - Wu Yee Sun Library 澳門大學library.umac.mo/ebooks/b13588503.pdf · A Economia Portuguesa é uma publicação bianual da Direcção-Geral de Estudos e Previsão

representando 2,7% do PIB, abaixo do limite de 3%. O saldo primário melhorou de –1,1% do PIB em 2001 para um excedente de 0,4% em 2002. Foi necessário um forte empenho do governo para atingir esse objectivo, uma vez que o crescimento económico foi menor do que inicialmente previsto. Foram implementadas medidas adicionais para a cobrança de receitas e venda de activos, totalizando cerca de 1,5% do PIB.

Caixa 1. Recomendações do Conselho Ecofin

A 5 Novembro de 2002, dado o défice das Administrações Públicas de 4,1% do PIB em 2001, o Conselho Ecofin decidiu que Portugal se encontrava numa situação de défice excessivo e emitiu uma recomendação de acordo com o Artigo 104(7) do Tratado CE. Nesta recomendação, aconselhava as autoridades portuguesas a:

Implementar com determinação os objectivos previstos no Orçamento do Estado para 2002, que visavam reduzir o défice para 2,8% do PIB nesse ano. O Conselho estabeleceu a data limite de 31 de Dezembro de 2002 para as autoridades portuguesas tomarem todas as medidas necessárias para eliminarem o défice excessivo;

Adoptar e implementar as medidas orçamentais necessárias para assegurar que o défice em 2003 diminua, situando-se claramente abaixo dos 3% do PIB, e que o rácio da dívida pública é mantido abaixo do valor de referência de 60% do PIB.

O Conselho constata com satisfação que, de acordo com os dados preliminares, o défice das Administrações Públicas diminuiu abaixo dos 3% do PIB em 2002, apesar do crescimento económico menor do que esperado. O Conselho tomou conhecimento da firme intenção das autoridades portuguesas de prosseguirem a consolidação orçamental.

Os desenvolvimentos orçamentais ao longo do ano de 2002 foram menos favoráveis do que o esperado no Orçamento do Estado suplementar adoptado em Junho, principalmente devido ao maior abrandamento da actividade económica e à menor receita da venda de activos face ao esperado. Consequentemente, e com o objectivo de reduzir o défice tal como recomendado pelo Conselho, as autoridades portuguesas adoptaram várias medidas discricionárias no fim do ano, que no total se estimam que tenham conduzido a receitas adicionais de cerca de 1½% do PIB.

Caixa 2. Principais medidas contidas na Lei de Alteração do Orçamento do Estado 2002

Taxa normal do Imposto sobre o Valor Acrescentado aumentou de 17% para 19%;

Os serviços e institutos públicos foram racionalizados. Cerca de quarenta serviços públicos foram encerrados, outros (quarenta e sete) foram reestruturados e a reafectação de recursos humanos foi concluída;

Medidas para reduzir a despesa com pessoal:

− Redução do número de funcionários públicos, congelando a renovação dos contratos individuais e de prazo fixo. Qualquer nova contratação necessitará de uma autorização especial do Ministro das Finanças;

− Criação de um mecanismo de reafectação de recursos humanos que irá facilitar a sua movimentação entre departamentos públicos;

A Economia Portuguesa – Dezembro 2003 27

Page 32: A Economia Portuguesa - Wu Yee Sun Library 澳門大學library.umac.mo/ebooks/b13588503.pdf · A Economia Portuguesa é uma publicação bianual da Direcção-Geral de Estudos e Previsão

− Reestruturação de carreiras congelada;

Restrições sobre o endividamento líquido da administração local. O aumento da dívida líquida das administrações locais foi proibida salvo poucas excepções;

Imposição de um limite de 2% para o crescimento das despesas dos Serviços e Fundos autónomos, com excepção do Serviço Nacional de Saúde, de investimentos co-financiados pela EU e dos salários;

Extinção do Instituto de Participações do Estado, cujos capitais eram detidos a 100% pelo Estado;

Os subsídios para crédito à habitação bonificado acabaram em Outubro de 2002, esperando-se que a maioria da poupança se faça sentir em 2004;

Aprovação da nova Lei de Gestão Hospitalar: avaliação do desempenho baseada no mérito; criação de um sistema de incentivos; responsabilização dos gestores hospitalares, incluindo o fim dos mandatos de gestão em caso de não cumprimento dos objectivos ou de má gestão de recursos. Foram adoptados novos modelos de gestão, de responsabilização e de incentivos, nomeadamente com a introdução da gestão empresarial em 34 hospitais, através da sua transformação em sociedades de capitais públicos, com o objectivo de obter ganhos de eficiência, maior autonomia e flexibilidade juntamente com um maior controlo no cumprimento dos objectivos;

Aprovação do regime de parcerias público/privado no sector da saúde para a construção e gestão de 10 novos hospitais;

Co-pagamentos pelo Estado baseados em preços de referência para os actos médicos e para os grupos terapêuticos para os quais estão disponíveis medicamentos genéricos;

Generalização de um formulário normalizado para a prescrição médica, o primeiro passo para a criação de uma prescrição electrónica e para a simplificação do controlo dos co-pagamentos do Estado.

Em 2002, a carga fiscal aumentou 0,9 pontos percentuais, situando-se em 36,1% do PIB, reflectindo a cobrança de dívidas de impostos e contribuições sociais no montante de 1043 milhões do euros (0,8% do PIB). A despesa total foi 46% do PIB, menos 0,3 pontos percentuais que no ano anterior, reflectindo principalmente uma menor despesa de capital (-1,2 pontos percentuais do PIB); as despesas correntes primárias continuaram a crescer, aumentando cerca de 1,1 pontos percentuais do PIB face ao ano anterior. As despesas com a segurança social, que são cerca de um terço da despesa pública, aumentaram 1679 milhões de euros, o que corresponde a uma taxa de crescimento de 9,6%. Isto é em parte devido a um aumento rápido do número de pensionistas e beneficiários do subsídio de desemprego. A despesa de consumo público aumentou cerca de 6,9%, tendo as despesas com pessoal crescido 6,7% (8% em 2001).

Desenvolvimentos em 2003

O Orçamento do Estado para 2003 tinha como objectivo um défice global das Admistrações Públicas de 2,4% do PIB, menos 0,4 pontos percentuais do que o do ano anterior. Para atingir este objectivo as receitas deveriam aumentar 0,7 pontos percentuais do PIB,

A Economia Portuguesa – Dezembro 2003 28

Page 33: A Economia Portuguesa - Wu Yee Sun Library 澳門大學library.umac.mo/ebooks/b13588503.pdf · A Economia Portuguesa é uma publicação bianual da Direcção-Geral de Estudos e Previsão

enquanto que o aumento das despesas deveria estar limitado a 0,5 pontos percentuais. Estas metas tinham como base um crescimento real do PIB de 1,5%.

Dados mais recentes apontam para um decréscimo do PIB de cerca de 0,8% em 2003. Este pior desempenho da economia tem um impacto forte nas receitas de impostos, cuja estimativa actual é de um decréscimo de 0,7 pontos percentuais do PIB comparado com o ano anterior. Os impostos sobre o rendimento e riqueza registarão um decréscimo substancial de 1 ponto percentual do PIB devido ao abrandamento no crescimento dos salários e lucros. Estima-se que a receita corrente registe uma diminuição, para 40,3% do PIB, menos 1 ponto percentual que em 2002.

Quadro 6. Receitas correntes 1995 2000 2001 2002e 2003p 2004p

Milhões de euros Impostos sobre a produção e importação 11 023 16 695 17 669 19 373 19 885 20 643 Impostos sobre o rendimento e riqueza 7 161 12 008 12 074 12 573 11 500 11 700 Contribuições sociais 8 851 13 608 14 655 15 772 16 328 17 278 Outras receitas correntes 3 441 4 882 5 010 5 663 5 489 6 208 Receita corrente total 30 476 47 192 49 408 53 381 53 202 55 830

Percentagem do PIB Impostos sobre a produção e importação 13,6 14,4 14,3 15,0 15,1 15,1 Impostos sobre o rendimento e riqueza 8,9 10,4 9,8 9,7 8,7 8,6 Contribuições sociais 11,0 11,8 11,9 12,2 12,4 12,7 Outras receitas correntes 4,3 4,2 4,1 4,4 4,2 4,6 Receita corrente total 37,7 40,8 40,1 41,3 40,3 41,0 Fontes: INE e Ministério das Finanças, “Orçamento do Estado para 2004”. e – estimativa; p – previsão.

O aumento da taxa de desemprego, e consequentemente dos subsídios concedidos pela segurança social, conduziu a um aumento da despesa total, cuja estimativa regista um acréscimo de 1 ponto percentual do PIB comparada com o ano anterior.

Para conter as despesas no curto prazo foram tomadas várias medidas em 2003:

a) As novas contratações continuaram congeladas; esta política, combinada com o aumento forte das saídas por aposentação, irá conduzir a uma diminuição no emprego público de cerca de 1%;

b) Os salários mensais dos funcionários públicos acima de 1000 euros foram congelados, e os abaixo desse valor foram aumentados em 1,5%;

c) Foi criada uma bolsa de emprego público, disponível online, contendo informação sobre a oferta e procura de emprego dentro da administração pública, aumentando assim a mobilidade e reduzindo as necessidades de recrutamento externo.

Para combater os problemas estruturais e assegurar as condições necessárias para conter a despesa pública no longo prazo foi lançada a reforma da administração pública tendo como meta “menos Estado, melhor Estado”. Os principais objectivos da reforma e um plano de implementação das medidas recomendadas foram aprovadas pelo Conselho de Ministros (ver detalhes no capítulo das reformas estruturais).

A Economia Portuguesa – Dezembro 2003 29

Page 34: A Economia Portuguesa - Wu Yee Sun Library 澳門大學library.umac.mo/ebooks/b13588503.pdf · A Economia Portuguesa é uma publicação bianual da Direcção-Geral de Estudos e Previsão

Quadro 7. Despesa corrente 1995 2000 2001 2002e 2003p 2004p

Milhões de euros

Consumo intermédio 3 003 5 095 5 261 5 574 5 258 5 552

Despesas com o pessoal 10 990 17 326 18 715 19 965 19 559 19 557

Prestações sociais 10 672 16 226 17 417 19 095 21 425 22 533

Juros 5 057 3 761 3 900 3 885 3 794 3 990

Subsídios 1 086 1 238 1 645 1 889 2 279 2 395

Outras despesas correntes 1 329 2 766 2 741 2 982 3 112 3 166

Despesa corrente total 32 137 46 411 49 680 53 390 55 426 57 193

Percentagem do PIB

Consumo intermédio 3,7 4,4 4,3 4,3 4,0 4,1

Despesa com o pessoal 13,6 15,0 15,2 15,4 14,8 14,3

Prestações sociais 13,2 14,0 14,1 14,8 16,2 16,5

Juros 6,3 3,3 3,2 3,0 2,9 2,9

Subsídios 1,3 1,1 1,3 1,5 1,7 1,8

Outras despesas correntes 1,6 2,4 2,2 2,3 2,4 2,3

Despesa corrente total 39,8 40,2 40,3 41,3 42,0 42,0 Fontes: INE e Ministério das Finanças, “Orçamento do Estado para 2004”.

e – estimativa; p – previsão.

Reflectindo a contenção orçamental, estima-se que a despesa com o pessoal decrescerá para 14,8% do PIB em 2003, tendo atingido um pico em 2002 de 15,4%. Contudo, o aumento das prestações sociais mais do que anula este resultado pois estima-se que cresçam 1,5 pontos percentuais do PIB. Consequentemente, a despesa corrente irá aumentar para 42% do PIB. A poupança corrente irá deteriorar-se de 0% do PIB em 2002 para –1,7% em 2003.

Para anular parcialmente esta situação negativa da poupança corrente, o governo está a tomar medidas extraordinárias que se prevêem que aumentem as receitas de capital de 2% do PIB em 2002, para 3,8% em 2003. Adicionalmente, a despesa de capital é contida de forma a que o défice de capital se reduza para 1,2% do PIB, comparado com 2,7% no ano anterior.

A Economia Portuguesa – Dezembro 2003 30

Page 35: A Economia Portuguesa - Wu Yee Sun Library 澳門大學library.umac.mo/ebooks/b13588503.pdf · A Economia Portuguesa é uma publicação bianual da Direcção-Geral de Estudos e Previsão

Quadro 8. Receita e despesa de capital e total 1995 2000 2001 2002e 2003p 2004p

Milhões de euros

Receita de capital 1 505 1 657 2 344 2 642 5 003 3 807

Despesa de capital 4 266 5 785 7 335 6 133 6 645 6 319

da qual: formação bruta de capital fixo 3 018 4 445 5 038 4 391 4 659 4 089

Receita total 31 981 48 849 51 752 56 023 58 205 59 637

Despesa total 36 403 52 196 57 015 59 523 62 071 63 512

Percentagem do PIB

Receita de capital 1,9 1,4 1,9 2,0 3,8 2,8

Despesa de capital 5,3 5,0 6,0 4,7 5,0 4,6

da qual: formação bruta de capital fixo 3,7 3,8 4,1 3,4 3,5 3,0

Receita total 39,6 42,3 42,0 43,3 44,1 43,7

Despesa total 45,0 45,2 46,3 46,0 47,0 46,6

Fontes: INE e Ministério das Finanças, “Orçamento do Estado para 2004”. e – estimativa; p – previsão.

A estimativa para o défice global das Administrações Públicas é de 2,9% do PIB, comparado com 2,7% no ano anterior. Contudo, para atingir esta meta ir-se-á recorrer a medidas extraordinárias que proporcionarão receitas adicionais. Entre essas medidas, algumas em preparação e outras já concluídas, merecem referência a transferência da responsabilidade por encargos com as pensões de aposentação a cargo dos CTT–Correios de Portugal para a Caixa Geral de Aposentações e a venda de créditos tributários a uma instituição financeira.

Quadro 9. Saldo global e primário 1995 2000 2001 2002e 2003p 2004p

Milhões de euros

Saldo global -4 418 -3 266 -5 191 -3 500 -3 866 -3 876

Saldo primário 638 495 -1291 384 -72 114

Percentagem do PIB

Saldo global -5,5 -2,8 -4,2 -2,7 -2,9 -2,8

Saldo primário 0,8 0,4 -1,0 0,3 -0,1 0,1 Fontes: INE e Ministério das Finanças, “Orçamento do Estado para 2004”.

e – estimativa; p – previsão.

Orçamento do Estado para 2004

O Orçamento do Estado para 2004 foi aprovado pela Assembleia da República em Novembro de 2003. As principais orientações contidas nesse documento são:

a) Continuar as reformas estruturais nos sectores da saúde, educação e segurança social para conter a despesa pública e assegurar a sustentabilidade a longo prazo;

b) Implementar a reforma da administração pública para aumentar a eficiência e produtividade e para melhor servir os cidadãos;

c) Reduzir o IRC de 30% para 25%, para promover o investimento e ajudar as empresas a aumentar a competitividade;

d) Implementar a reforma dos impostos sobre o património com o objectivo de estabelecer um sistema simples e justo de avaliação de bens imóveis, que irá

A Economia Portuguesa – Dezembro 2003 31

Page 36: A Economia Portuguesa - Wu Yee Sun Library 澳門大學library.umac.mo/ebooks/b13588503.pdf · A Economia Portuguesa é uma publicação bianual da Direcção-Geral de Estudos e Previsão

aumentar a eficiência na luta contra a fraude fiscal e alargar a base do imposto. As taxas do imposto serão reduzidas substancialmente;

e) Assegurar a solidariedade entre os sectores da administração pública no esforço de consolidação das finanças públicas – os orçamentos deverão estar em equilíbrio ou em excedente e são fixados limites ao endividamento da administração local e regional;

f) Melhorar o controle sobre a despesa pública, através da produção de melhores e mais atempados relatórios sobre a execução orçamental;

g) Implementar a regra geral de redução das despesas de funcionamento em 10% face ao ano anterior;

h) Aprofundar o processo de fusão e reestruturação dos organismos públicos, evitando a duplicação de funções e concentrando os recursos nas missões principais do Estado.

O cenário macroeconómico para 2004 aponta para uma taxa de crescimento real do PIB entre 0,5% and 1,5%; uma taxa de inflação de cerca de 2%; e um pequeno aumento da taxa de desemprego para cerca de 6,5%.

Neste quadro não é provável que as receitas de impostos registem uma recuperação importante, ao que se acrescenta o impacto negativo da redução da taxa de IRC. Portanto, prevê-se que a receita de impostos (excluindo contribuições sociais) se mantenha constante em percentagem do PIB comparada com o ano anterior, sendo o aumento dos impostos sobre a produção e importação anulado pela diminuição dos impostos sobre o rendimento e o património.

O aumento de 0,7% do PIB, estabelecido como objectivo para as receitas correntes, será suportado por um aumento das contribuições sociais (devido maioritariamente à recuperação de dívidas à segurança social), e das outras receitas correntes (resultante do aumento das importâncias pagas pela prestação de serviços). As receitas totais irão decrescer 0,3 pontos percentuais do PIB, devido ao decréscimo das receitas de capital comparado com o ano anterior, onde havia sido incorporado o impacto das medidas extraordinárias.

A consolidação do lado da despesa será assegurada através da diminuição da despesa total em 0,4 pontos percentuais do PIB. Para alcançar este objectivo, a despesa corrente deverá manter-se estável face ao ano anterior em 43% do PIB, e a despesa de capital deverá diminuir em 0,4 pontos percentuais do PIB.

O saldo global das administrações públicas irá decrescer apenas marginalmente de 2,9% em 2003 para 2,8% do PIB em 2004.

Défice Global Ciclicamente Ajustado

Depois de um período de cinco anos em que o crescimento económico se manteve acima do potencial, em 2002 o output gap fechou e nos anos seguintes tornou-se negativo e alargou-se progressivamente.

A Economia Portuguesa – Dezembro 2003 32

Page 37: A Economia Portuguesa - Wu Yee Sun Library 澳門大學library.umac.mo/ebooks/b13588503.pdf · A Economia Portuguesa é uma publicação bianual da Direcção-Geral de Estudos e Previsão

Gráfico 25. Output gap (*) (desvio do PIB actual face ao potencial em percentagem do potencial)

-8-6-4-20246

1984

1986

1988

1990

1992

1994

1996

1998

2000

2002

2004

Fonte: Ministério das Finanças. (*) Metodologia da Função Produção.

A deterioração do défice das Administrações Públicas é, em grande parte, explicado pela fase descendente do ciclo, que tem um impacto forte nas receitas de impostos e contribuições sociais e na despesa com prestações sociais.

Gráfico 26. Saldo global ajustado do ciclo e efectivo da Administração Pública (*) (em percentagem do PIB)

-6

-4

-2

0

ajustado -4.5 -4.0 -3.9 -4.2 -4.4 -5.2 -2.7 -1.7 -1.2

efectivo -4.8 -3.6 -3.2 -2.8 -2.8 -4.2 -2.7 -2.9 -2.8

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Fonte: Ministério das Finanças (*) Metodologia da função de produção.

O défice global ajustado do ciclo melhorou de um pico em 2001 de -5,2% do PIB para - 2,7% em 2002. Em 2003, espera-se uma redução do défice em 1 ponto percentual do PIB, e em 2004, mais 0,6 pontos percentuais do PIB.

Finanças Publicas no médio prazo

O Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC) para 2003-2006 contém a estratégia de médio prazo do Governo, nomeadamente para a consolidação orçamental. A actualização 2003-2006 do PEC foi apresentada à Assembleia da República que aprovou uma Resolução, reafirmando o seu compromisso com os objectivos globais do programa.

A 15 de Dezembro de 2003, o Governo publicou a actualização do PEC para o período 2004-2007. O compromisso das autoridades inscrito neste documento é de que o défice ajustado do ciclo deverá diminuir pelo menos 0,5% do PIB por ano.

A Economia Portuguesa – Dezembro 2003 33

Page 38: A Economia Portuguesa - Wu Yee Sun Library 澳門大學library.umac.mo/ebooks/b13588503.pdf · A Economia Portuguesa é uma publicação bianual da Direcção-Geral de Estudos e Previsão

Caixa 3. Recomendações para Portugal contidas nas OGPE

1. Assegurar que, em 2003, o défice global das Administrações Públicas diminua como planeado, e o défice ajustado do ciclo diminua pelo menos 0,5% do PIB todos os anos, de modo a que seja alcançada uma posição orçamental próxima do equilíbrio;

2. Assegurar que a redução do défice seja alcançada sobretudo através da contenção da despesa, executando os objectivos orçamentais para todos os subsectores das Administrações Públicas;

3. Implementar reformas estruturais nas áreas com maior impacto directo na consolidação orçamental, nomeadamente na administração pública, educação, saúde e segurança social.

Para assegurar a sustentabilidade das finanças públicas a longo prazo face ao envelhecimento da população, recomenda-se a Portugal que:

Aumente a eficiência do sistema de saúde, introduzindo medidas para fortalecer os mecanismos de mercado e racionalizar a procura; e

Adopte reformas adicionais no sistema de pensões dos funcionários públicos para assegurar a sua sustentabilidade a longo prazo e para que se aproxime progressivamente do sistema de segurança social do sector privado.

A estratégia subjacente ao Programa prevê a implementação de reformas estruturais nas áreas da saúde, educação, administração pública, segurança social e políticas de apoio ao crescimento económico e produtividade (ver detalhes no capítulo das reformas estruturais).

A situação económica pior que inicialmente previsto em 2003 conduziu a uma revisão do défice global das administrações públicas de um objectivo inicial de 2,4% do PIB para 2,9%, de acordo com as previsões mais recentes. Além disso, o crescimento económico previsto actualmente para 2004 (taxa de crescimento real do PIB de 1%) está substancialmente abaixo do nível utilizado como hipótese de base no PEC (2,7%).

Neste enquadramento, a actualização 2004-2007 do PEC reviu as previsões de médio prazo para a consolidação orçamental. Os aspectos mais relevantes da programação financeira são:

− O hiato do produto permanecerá negativo durante o período da programação, reduzindo-se apenas em 2007; Esse facto irá exigir um esforço acrescido por parte do governo já que a consolidação terá que assentar exclusivamente na redução do peso da despesa no PIB;

− A receita dos impostos deverá decrescer durante todo o período, em resultado do impacto da redução da taxa do IRC, que diminuirá para 25% em 2004 e para 20% em 2006;

A Economia Portuguesa – Dezembro 2003 34

Page 39: A Economia Portuguesa - Wu Yee Sun Library 澳門大學library.umac.mo/ebooks/b13588503.pdf · A Economia Portuguesa é uma publicação bianual da Direcção-Geral de Estudos e Previsão

− As restantes receitas também diminuirão, reflectindo a redução progressiva do recurso a receitas extraordinárias, prevendo-se, consequentemente, que a receita total decresça de 44,1% do PIB em 2003, para 42,5% em 2007;

− O consumo público deverá diminuir 1,4 pontos percentuais do PIB, entre 2004 e 2007, em resultado da contenção salarial, da diminuição de emprego na função pública, e do controlo rigoroso dos gastos nos sectores com maior peso na despesa;

− A meta para a despesa total é uma redução de 47% do PIB em 2003 para 43,5% em 2007;

− O programa estabelece restrições em termos de taxas de crescimento nominais anuais para a despesa nos sectores com maior peso na consolidação orçamental: saúde com 4%; educação não superior com 1,6%; educação superior com 0%. Também são limitadas as transferências do Estado para o sistema de segurança social em 3,1% do PIB e para a segurança social dos funcionários públicos em 2,1% do PIB. A variação do endividamento líquido das administrações regionais e locais deverá manter-se nula, e os serviços e fundos autónomos terão de manter os seus orçamentos em equilíbrio ou em excedente.

O saldo global da Administração Pública reduzir-se-á de 2,8% em 2004 para 1,1% do PIB em 2007, enquanto que o saldo primário passará de um valor marginalmente positivo em 2004 para um excedente de 2% do PIB em 2007. O saldo global ajustado do ciclo económico atingirá uma posição próxima do equilíbrio em 2006, evoluindo para um excedente de 0,4% do PIB em 2007.

Gráfico 27. Saldo global actual e ciclicamente ajustado da Administração Pública (em percentagem do PIB)

-6%

-5%

-4%

-3%

-2%

-1%

0%

1%

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

Corr. ciclo Efectivo

Fonte: Programa de Estabilidade e Crescimento, actualização para 2004-2007.

Dívida

Depois de um decréscimo gradual ao longo dos últimos cinco anos, a dívida das Administrações Públicas aumentou mais de 2 pontos percentuais em 2001, alcançando 55,6% do PIB. Este crescimento resultou principalmente do aumento das necessidades de financiamento das Administrações Públicas. Além disso, as receitas de privatização afectas à amortização da dívida pública caíram para metade entre 2000 e 2001 (para 0,3% do PIB). Em 2002, o rácio da dívida pública aumentou cerca de 2,5 pontos percentuais, atingindo 58,1% do

A Economia Portuguesa – Dezembro 2003 35

Page 40: A Economia Portuguesa - Wu Yee Sun Library 澳門大學library.umac.mo/ebooks/b13588503.pdf · A Economia Portuguesa é uma publicação bianual da Direcção-Geral de Estudos e Previsão

PIB, em resultado de operações de regularização de dívidas (cerca de 1½ pontos percentuais do PIB), da aquisição líquida de activos financeiros que aumentaram as necessidades de financiamento. Para 2003, o rácio da dívida deverá aumentar para 59,5% do PIB, principalmente devido ao aumento das necessidades de financiamento das Administrações Públicas. De acordo com a última actualização do Programa de Estabilidade e Crescimento, as autoridades comprometem-se a reduzir o rácio da dívida pública para 57% do PIB em 2007. Esta redução do rácio da dívida pública será alcançada através da melhoria gradual do excedente primário, e supondo-se que nenhuma grande operação financeira terá lugar nos próximos anos.

Gráfico 28. Dívida pública bruta (% do PIB)

50

52

54

56

58

60

1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003p

Fonte: Ministério das Finanças. p – previsão.

Gestão da dívida pública

A gestão da dívida pública portuguesa prosseguiu em 2002 de acordo com as principais linhas da política adoptada em anos anteriores para minimizar o custo e riscos associados à dívida pública. O spread da taxa de juro entre as Obrigações de Tesouro portuguesas e alemãs com a mesma maturidade deriva essencialmente do prémio de liquidez. Neste contexto, a gestão da dívida tem visado o aumento da liquidez dos títulos portugueses. As autoridades têm concentrado a sua actividade de financiamento na emissão de Obrigações do Tesouro a taxa fixa com maturidades de 5 e 10 anos (OT) denominadas em euros, reduzindo o leque de instrumentos da dívida pública disponíveis. De facto, desde 1999, a emissão de OT é a principal fonte de financiamento e representa 73,4% da dívida pública em 2002, comparado com menos de 40% em 1998. Em paralelo com as operações de financiamento, a gestão da dívida pública tem utilizado os mercados de derivados para ajustar a duração do portfolio da dívida minimizando o custo e o risco.

Esta gestão tem conseguido, quer reduzir o custo da dívida pública, quer tornar o respectivo serviço menos sensível a choques de taxas de juros e de câmbio. A taxa de juro implícita na dívida pública caiu em 2003. A maturidade média residual da dívida pública manteve-se estável em cerca de 4,5 anos. A dívida pública do Estado denominada em euros aumentou para 98,5% do total da dívida pública em 2003, eliminando quase totalmente a exposição ao risco da taxa de câmbio.

A Economia Portuguesa – Dezembro 2003 36

Page 41: A Economia Portuguesa - Wu Yee Sun Library 澳門大學library.umac.mo/ebooks/b13588503.pdf · A Economia Portuguesa é uma publicação bianual da Direcção-Geral de Estudos e Previsão

Quadro 10. Dívida directa do Estado milhões de euros

2000 2001 2002 2003e Dívida em Euro 62 239 67 534 76 810 82 267

Transaccionável 46 271 50 519 57 924 : Da qual: OT Obrigações do Tesouro a taxa fixa 34 894 41 563 51 702 54 257

Não Transaccionável 15 969 17 015 18 887 : Da qual: Certificados de Aforro 13 672 14 743 15 537 15 928

Dívida em não-Euro 3 937 4 917 2 664 1 215 Transaccionável 3 685 4 774 2 584 : Não Transaccionável 251 143 80 :

Dívida Total do Estado 66 176 72 450 79 475 83 481 em % do PIB 57,3 58,9 61,5 63,2

Fonte: Instituto de Gestão do Crédito Público e Ministério das Finanças, "Orçamento do Estado para 2004”. e - estimativa; : não disponível.

O programa de alteração da dívida pública implementado em 2001 foi retomado em 2002 e 2003, envolvendo a recompra e a amortização antecipada de títulos e o seu refinanciamento através da emissão de OT. O objectivo deste programa é a recompra de instrumentos da dívida pública com menor liquidez e, através do seu refinanciamento, concentrar a dívida pública em emissões com maior liquidez. Este programa será igualmente usado, para reduzir a concentração das necessidades de financiamento resultantes do vencimento em 2004 de grande volume de OT. O montante das operações de recompra de dívida pública em 2003 não deverá ser menor do que o de 2002, i.e. aproximadamente 2 mil milhões de euros.

Como se mostra no gráfico, os diferenciais das OT portuguesas a 10 anos face aos Bunds alemães reduziram-se significativamente, atingindo 9 pontos base em Outubro de 2003, comparado com 30,5 pontos base dois anos antes.

Gráfico 29. Spreads da taxa de juro de OT a 10 anos (diferenciais face à Alemanha)

0

5

10

15

20

25

30

35

Out-01 Jan-02 Abr-02 Jul-02 Out-02 Jan-03 Abr-03 Jul-03 Out-03

Portugal Espanha

pont

os b

ase

Fonte: Reuters.

Em 2003, a agência internacional de rating Standard & Poor’s confirmou os seus ratings para a dívida pública portuguesa, como sendo ‘AA’ para o longo prazo e ‘A-1+’ para o curto prazo. A perspectiva de evolução dos ratings da dívida é estável.

A Economia Portuguesa – Dezembro 2003 37

Page 42: A Economia Portuguesa - Wu Yee Sun Library 澳門大學library.umac.mo/ebooks/b13588503.pdf · A Economia Portuguesa é uma publicação bianual da Direcção-Geral de Estudos e Previsão

Financiamento

As necessidades líquidas de financiamento do Estado (numa óptica de caixa) foram 6 mil milhões de euros em 2002 (4,7% do PIB); para 2003, prevê-se que atinjam 6,1 mil milhões de euros, equivalendo ao mesmo rácio do PIB que no ano anterior. Em 2003, prevê-se a emissão de 4,3 mil milhões de euros de Bilhetes do Tesouro (BT), o que irá aumentar o peso dos instrumentos de curto prazo na dívida total. A estimativa para a emissão de OT é de 7,6 mil milhões de euros, e cerca de 1,7 mil milhões de euros de Certificados de Aforro.

A previsão para as necessidades brutas de financiamento em 2004, consistente com o Orçamento do Estado, é 19,7 mil milhões de euros. Este montante inclui 14,1 mil milhões de euros respeitante a dívida do Estado existente em final de 2003 que se vence em 2004, e 4,7 mil milhões de euros correspondente ao défice orçamental em Contabilidade Pública do Estado.

Quadro 11. Necessidades de financiamento do Estado milhões de euros 2002 2003 2004p Necessidades de financiamento líquidas 6 022 6 169 5 612

em percentagem do PIB 4,7 4,7 4,1Défice orçamental 4 942 5 627 4 691Aquisição líquida de activos financeiros 923 265 820Regularização de dívidas e assunção de passivos 554 285 600Receita de privatizações aplicadas na amortização de dívida (-) 398 9 500

Amortizações e anulações 9 613 11 573 14 063Necessidades de financiamento brutas 15 635 17 742 19 675Fontes de financiamento 16 962 17 879 19 675Saldo de financiamento para exercícios seguintes 1 327 138 0Fonte: IGCP e Ministério das Finanças "Orçamento do Estado para 2004". p – previsão.

Em 2002, não se procedeu a nenhuma privatização de vulto. Contudo, o IPE foi extinto. Em Abril de 2003, a privatização do Banco Comercial dos Açores ficou completa.

Quadro 12. Principais privatizações (1999-2003)

Em 1999:BRISA - Autoestradas de Portugal,S.A. Conces. auto-estradas Maio OPV + Venda Directa 19,3 497,8PT - Portugal Telecom, S.A. Telecomunicações Julho OPV + Venda Directa 13,4 947,7

Em 2000:GALP - Petróleo e Gás de Portugal, S.A. Energético/Petrolífero Julho Venda Directa 15,0 433,5Tabaqueira, S.A. Tabaco Ag. OPV + Venda Directa 10,0 29,4EDP - Electricidade de Portugal, S.A. Electricidade Out. OPV + Venda Directa 19,4 1747,0PT - Portugal Telecom, S.A.a) Telecomunicações Dez. OPV + Venda Directa. + Venda Ref. 8,7 661,9

Em 2001:BRISA - Autoestradas de Portugal,S.A. b) Conces. auto-estradas Julho OPV + Venda Directa 4,8 133,9Cimpor Cimento Julho Concurso Público 10,1 410,1

Em 2003:Banco Comercial dos Açores Bancário Abril OPV 15,0 8,3

% do capital privatizado

Encaixe líquido 106 EUR

Empresa Sector Mês Método

Fonte: Ministério das Finanças. a) Excluindo a venda de referência da PT. b) Antes da privatização, estas acções pertenciam à Parpública, o que

significa que a mesma não representa qualquer receita para o Estado.

A Economia Portuguesa – Dezembro 2003 38

Page 43: A Economia Portuguesa - Wu Yee Sun Library 澳門大學library.umac.mo/ebooks/b13588503.pdf · A Economia Portuguesa é uma publicação bianual da Direcção-Geral de Estudos e Previsão

II. Principais Desafios de Política Económica

Page 44: A Economia Portuguesa - Wu Yee Sun Library 澳門大學library.umac.mo/ebooks/b13588503.pdf · A Economia Portuguesa é uma publicação bianual da Direcção-Geral de Estudos e Previsão
Page 45: A Economia Portuguesa - Wu Yee Sun Library 澳門大學library.umac.mo/ebooks/b13588503.pdf · A Economia Portuguesa é uma publicação bianual da Direcção-Geral de Estudos e Previsão

II.1. Reformas Estruturais

Durante o ano em curso, foram implementadas e aprofundadas as reformas lançadas pelo Governo em 2002. Estas reformas deverão contribuir para reduzir a despesa pública e, através da maior flexibilidade introduzida na economia e da sua acrescida resistência a choques adversos, diminuir os custos do ajustamento e reforçar a confiança dos consumidores e dos investidores, criando assim condições favoráveis à recuperação da economia. Por outro lado, o acréscimo do crescimento potencial proporcionado pelas reformas estruturais em curso permitirá à economia portuguesa beneficiar do alargamento da União Europeia e da crescente abertura dos mercados, a nível mundial. A agenda de reformas económicas vem também ao encontro das Recomendações dirigidas a Portugal nas GOPE, nomeadamente que:

• Desenvolva reformas estruturais nas áreas com efeito mais directo sobre a consolidação orçamental, designadamente a administração pública, a educação, a saúde e a segurança social (Recomendação n.º 3).

• Aumente a eficiência do sistema de saúde introduzindo um largo conjunto de medidas que reforcem os mecanismos de mercado e racionalizem a procura. (Recomendação n.º 8).

Apresentam-se, de seguida, os principais aspectos das reformas em três áreas chave, mercado de trabalho, Administração Pública e sector da saúde.

Algumas das disposições da legislação laboral vigente têm vindo a traduzir-se em barreiras a uma afectação eficiente de recursos, com impacto negativo no crescimento da produtividade e na competitividade, tendo como consequência a proliferação de formas atípicas de trabalho com menor grau de protecção do emprego. Em face da desactualização e da natureza fragmentária da presente legislação laboral, dispersa por vários diplomas legais, o Governo decidiu atribuir especial prioridade à sua modernização e simplificação, tendo em vista promover a adaptabilidade, a flexibilidade da organização do trabalho e o incremento da mobilidade dos trabalhadores, de forma a facilitar o ajustamento da economia à evolução dos padrões da procura e às transformações tecnológicas. Assim, entrou em vigor em 1 de Dezembro, encontrando-se ainda em fase de regulamentação algumas das suas disposições, a Lei do Código do Trabalho, o qual simplifica, sintetiza e sistematiza, num só instrumento formal, as normas aplicáveis às relações individuais e colectivas de trabalho. As principais alterações dizem respeito ao contrato de trabalho a prazo, à adaptabilidade dos horários de trabalho, ao trabalho nocturno e aos instrumentos para superação de situações de bloqueamento da contratação colectiva.

Contratos de trabalho a prazo: o Código mantém o tipo de fundamentação actualmente prevista para estes contratos, ligada à satisfação de necessidades temporárias da empresa, permitindo todavia, ao atribuir-lhes uma natureza exemplificativa, estender as possibilidades de recurso a contratos de trabalho a termo.

A duração do contrato de trabalho a termo certo tem alterações significativas, sendo a regra base que não pode exceder três anos, incluindo renovações e com o limite de duas renovações. A possibilidade prevista no Código de o contrato poder ainda ter uma outra

A Economia Portuguesa – Dezembro 2003 41

Page 46: A Economia Portuguesa - Wu Yee Sun Library 澳門大學library.umac.mo/ebooks/b13588503.pdf · A Economia Portuguesa é uma publicação bianual da Direcção-Geral de Estudos e Previsão

renovação, de duração não superior a três anos, na prática, alarga a sua duração até a um máximo de seis anos.

A contratação a termo de trabalhadores para início de uma nova actividade de duração incerta, ou para início de laboração de uma empresa ou estabelecimento tem por limite dois anos. A contratação a termo de trabalhadores desempregados de longa duração tem igualmente por limite dois anos, sendo que no caso de trabalhadores à procura do primeiro emprego a duração máxima dos contratos é reduzida para dezoito meses.

Adaptabilidade dos horários de trabalho: na legislação actual, a adaptabilidade só está consagrada em sede de regulamentação colectiva de trabalho. Um aspecto inovador do Código de Trabalho é o facto de a adaptabilidade passar a poder ser instituída por acordo entre o empregador e os trabalhadores, sendo que neste caso o período normal de trabalho diário pode ser aumentado até ao máximo de duas horas, e a duração do trabalho semanal pode atingir cinquenta horas, incluindo neste limite o trabalho suplementar prestado por motivo de acréscimos de actividade da empresa. O Código vem também flexibilizar a adaptabilidade no quadro da regulamentação colectiva de trabalho aumentando o acréscimo máximo da duração diária dos períodos normais de trabalho de duas para quatro horas, e a duração do trabalho semanal de cinquenta para sessenta horas.

Nos casos em que a duração do período de trabalho nocturno não for regulada pela regulamentação colectiva de trabalho, o trabalho nocturno, que na legislação actual é o compreendido entre as vinte horas de um dia e as sete horas do dia seguinte, passa a abarcar o período compreendido entre as vinte e duas horas de um dia e as sete horas do dia seguinte.

Negociação colectiva: o Código do Trabalho contém instrumentos que visam superar situações de bloqueamento da contratação colectiva, admitindo, em situações limite, a eventualidade da caducidade de convenções colectivas que não sejam objecto de revisão.

Outra das questões tratadas no Código de Trabalho é a relativa ao absentismo injustificado por parte dos trabalhadores, devido nomeadamente à invocação indevida de situações de doença. O Código do Trabalho consagra um conjunto de dispositivos para fiscalizar as situações de doença sempre que o empregador o considerar necessário.

Para facilitar a identificação das situações de trabalho subordinado e a regularização do falso trabalho independente, o Código do Trabalho consagra uma presunção legal de contrato de trabalho, baseada num conjunto de elementos normalmente caracterizadores do trabalho subordinado. O Código regulamenta ainda o tele-trabalho e o trabalho no domicílio.

A reforma da Administração Pública é outro elemento chave para a consecução dos objectivos da política económica e social portuguesa, dados os seus impactos na produtividade do trabalho, na competitividade da economia portuguesa e na sustentabilidade das finanças públicas. A reforma deverá permitir a libertação de recursos produtivos para o sector privado e aumentar a capacidade de oferta de bens e serviços, melhorando o nível e qualidade de vida dos portugueses.

O passo inicial foi dado em 2002 com a criação da Bolsa de Emprego, de forma a manter on-line a informação sobre a procura e a oferta de emprego no âmbito da Administração

42 A Economia Portuguesa – Dezembro 2003

Page 47: A Economia Portuguesa - Wu Yee Sun Library 澳門大學library.umac.mo/ebooks/b13588503.pdf · A Economia Portuguesa é uma publicação bianual da Direcção-Geral de Estudos e Previsão

Pública, promovendo a mobilidade e a contenção de novos recrutamentos. A Bolsa de Emprego foi criada na sequência da adopção da Lei da Mobilidade da Administração Pública que estabeleceu o regime de afectação do pessoal integrado nos serviços e organismos objecto de extinção, fusão ou reestruturação e a criação de um quadro de supranumerários.

Na sequência da apresentação, em Junho passado, das linhas de orientação da reforma da Administração Pública, foram apresentados ao Parlamento cinco projectos de lei, relativos à Organização da Administração Directa do Estado, aos Institutos Públicos, ao Estatuto dos Dirigentes, ao Sistema Integrado de Avaliação de Desempenho e ao Contrato Individual de Trabalho na Administração Pública, que vêm dar corpo aos objectivos gerais fixados naquelas linhas de orientação:

• Delimitar as funções que o Estado deve assumir directamente daquelas que, com vantagem para o cidadão, melhor podem ser prosseguidas de forma diferente;

• Promover a modernização dos organismos, qualificando e estimulando os funcionários, inovando processos e introduzindo novas práticas de gestão;

• Introduzir uma nova forma de avaliação dos desempenhos, seja dos serviços, seja dos funcionários;

• Apostar na formação e na valorização dos funcionários públicos.

Os dois primeiros objectivos enquadram-se nos diplomas relativos à Organização da Administração Directa do Estado e aos Institutos Públicos. O princípio transversal comum a estes diplomas é o relevo atribuído à regulação, descentralização e desconcentração e ao envolvimento da sociedade civil, em particular através do estabelecimento de parcerias público-privadas e da celebração de contratos de gestão privada.

A Lei-quadro que passará a reger os serviços de Administração Directa do Estado prevê novas formas organizacionais e de funcionamento, estabelecendo regras a cumprir para a criação, fusão, reestruturação ou extinção dos serviços. O novo modelo organizacional comporta uma flexibilização de estruturas e redução dos níveis hierárquicos, introduzindo também uma simplificação dos formalismos legais associados à criação e alteração de estruturas internas, em coerência com o aumento de competências e responsabilidade dos dirigentes.

No caso dos Institutos Públicos, a par de uma grande flexibilidade no plano organizativo, impõe-se um conjunto de regras de funcionamento e de controlo uniformes e insusceptíveis de derrogação, evitando a multiplicação de regimes singulares ou especiais. Destaca-se, no plano da organização, o emprego da figura jurídica do estabelecimento, transposta do direito comercial, que permitirá dar expressão jurídica às unidades funcionais que desenvolvem actividade produtiva. Nos casos em que se justifique submeter algumas das actividades ou unidades dos institutos a critérios empresariais, o projecto prevê o recurso ao outsourcing, ao estabelecimento de parcerias público privadas, ou à privatização de alguns dos estabelecimentos, de forma a garantir a introdução plena de mecanismos de mercado e de concorrência nessas áreas.

No âmbito do Estatuto dos Dirigentes, são atribuídas novas competências próprias aos dirigentes máximos no que se refere à organização interna dos serviços, prevendo-se também

A Economia Portuguesa – Dezembro 2003 43

Page 48: A Economia Portuguesa - Wu Yee Sun Library 澳門大學library.umac.mo/ebooks/b13588503.pdf · A Economia Portuguesa é uma publicação bianual da Direcção-Geral de Estudos e Previsão

que as direcções-gerais venham a ser diferenciadas em razão da dificuldade e complexidade das tarefas cometidas, diferenciação a que corresponderão diferentes níveis remuneratórios das respectivas chefias. A renovação das comissões de serviço dos dirigentes ficará limitada a um máximo de 12 anos e dependerá da avaliação do respectivo desempenho. Os dirigentes máximos passarão também a dispor de maior autonomia na escolha das chefias intermédias, mediante a introdução de um novo modelo de recrutamento para estas, eliminando os concursos e promovendo, em alternativa, um processo de selecção simples, mas que assegure a isenção e a transparência na escolha e a constituição de equipas coesas.

Ainda no âmbito da Reforma da Administração Pública, foi também apresentada a proposta de lei relativa à criação de um Sistema Integrado de Avaliação do Desempenho, que envolve a avaliação individual dos funcionários, dos dirigentes e dos organismos e serviços. Os objectivos centrais são reforçar a exigência, promovendo a diferenciação pelo mérito, e garantir a equidade do sistema. A avaliação reflectir-se-á na concretização do direito às promoções e progressões, através do estabelecimento de quotas de mérito para as classificações resultantes das avaliações. Será introduzido um novo mecanismo de avaliação dos organismos e serviços, por recurso, designadamente, a entidades externas, nacionais ou internacionais.

A proposta relativa ao Contrato Individual de Trabalho na Administração Pública, visa conciliar o empregador público com o regime laboral privado, devendo a intervenção neste domínio ser concretizada de forma gradual e selectiva, tendo em atenção, designadamente, situações em que coexistam regimes laborais distintos, as especificidades das várias áreas da administração e os serviços cuja provisão poderá ser assegurada de forma mais eficiente mediante o recurso a este tipo de contrato.

O Serviço Nacional de Saúde (SNS) defronta-se com a existência de défices quanto à acessibilidade e equidade dos cuidados de saúde, a par de um crescimento intenso das despesas públicas. A agenda política da saúde prevê que o actual Serviço Nacional de Saúde deverá ser profundamente reformado, evoluindo para um sistema misto de serviços de saúde, onde coexistam entidades de natureza pública, privada e social, formando um sistema articulado de redes de cuidados primários, de cuidados diferenciados e de cuidados continuados. As reformas em curso visam as formas de financiamento, a melhoria da gestão e a regulação. Será promovida a separação progressiva das funções de financiamento e de prestação de cuidados de saúde, tendo sido dado um primeiro passo neste sentido com a empresarialização de cerca de um terço dos hospitais públicos.

Na sequência da aprovação, em Novembro de 2002, da nova lei de gestão hospitalar, foram introduzidos novos modelos de financiamento e de avaliação da actividade realizada, os quais, associados a um reforço dos mecanismos de monitorização e de avaliação, deverão contribuir para a obtenção, a médio prazo, de ganhos de eficiência e para a redução de custos, num sector caracterizado por uma deficiente qualidade dos serviços prestados e pela sistemática ultrapassagem das despesas programadas.

Com as reformas lançadas, em finais de 2002, operou-se a transformação de 34 hospitais em 31 sociedades de capitais exclusivamente públicos (hospitais SA). A execução do plano de actividades dos hospitais SA rege-se por um contrato-programa plurianual, celebrado

44 A Economia Portuguesa – Dezembro 2003

Page 49: A Economia Portuguesa - Wu Yee Sun Library 澳門大學library.umac.mo/ebooks/b13588503.pdf · A Economia Portuguesa é uma publicação bianual da Direcção-Geral de Estudos e Previsão

com o Ministério da Saúde, no qual se estabelecem os objectivos e as metas qualitativas e quantitativas, necessidades de investimento, e indicadores de avaliação de desempenho. O contrato-programa estabelecido com cada hospital só envolve as prestações para o SNS, excluindo portanto as prestações para outros subsistemas de saúde. O financiamento é calculado a partir dos preços contratados com cada hospital – internamentos, consultas, urgências e hospital de dia – os quais são ajustados pelo índice “case mix” (severidade média das patologias) e por um ponderador de “cluster” (diferenciação e matriz tecnológica do hospital). Dado que existe uma grande disparidade entre os níveis de eficiência dos diversos hospitais, estes foram divididos em quatro níveis distintos de eficiência para efeitos de estabelecimento do benchmarking. Os pagamentos são calculados com base nas produções contratadas, com uma margem de 10%, sendo acima desse patamar pago apenas o custo marginal. Será reforçado o controlo da gestão e dos custos, passando o pessoal dos hospitais SA a ficar abrangido pelo contrato de trabalho.

O financiamento dos hospitais públicos passará a processar-se em moldes similares, i.e., na base de contratos-programa a estabelecer com cada hospital, definindo volumes de produção, acordados para o período da vigência do contrato, e preços fixados anualmente para a globalidade das prestações, ponderados pelo índice de severidade média das patologias (case-mix). O contrato poderá prever contrapartidas financeiras especiais, a auferir pelo hospital em função dos resultados e da produtividade alcançada.

As parcerias público-privadas emergem como instrumento privilegiado de renovação do SNS e da obtenção de ganhos em saúde para os utentes e de eficiência para o erário público. O novo quadro legal das parcerias em saúde envolve quer os cuidados diferenciados e especializados a nível hospitalar, quer o universo dos cuidados primários e cuidados continuados. As parcerias aplicam-se à contratação de prestações de serviços clínicos, não-clínicos e infra-estruturais. Esta contratação pública deve ter um carácter competitivo e prever como critérios a mais valia técnica e económica dos projectos. A contratação deve ser precedida da elaboração de um programa alternativo com exclusão do financiamento privado – o comparador público- para a realização dos mesmos fins. Essa estimativa será utilizada para avaliar a economia, eficiência e eficácia da parceria, mediante a sua comparação com os valores das propostas dos parceiros privados. Com a definição, em 2003, do 1º Programa Governamental de parcerias público-privadas, prevê-se o lançamento gradual de dez unidades hospitalares que entrarão progressivamente em funcionamento, a partir do final de 2007.

Rede de cuidados primários: através da legislação aprovada em Abril de 2003 foi introduzida uma nova forma de financiamento das unidades que integram a rede de cuidados primários, o qual passará a ser fixado com base numa capitação calculada anualmente. Os critérios para cálculo da capitação são a estrutura etária da população e dos inscritos, o grau de dependência dos inscritos e a acessibilidade geográfica do hospital de apoio. Está a ser actualmente desenvolvido um projecto-piloto de gestão com benchmarking de objectivos quantitativos e qualitativos, a par de um novo modelo de remuneração para os clínicos gerais.

Política do medicamento: em 2002 foi lançada uma nova política do medicamento visando aumentar a taxa de penetração de genéricos. Outro aspecto significativo foi a adopção do sistema de preços de referência (SPR) e a fixação da comparticipação do Estado, com base

A Economia Portuguesa – Dezembro 2003 45

Page 50: A Economia Portuguesa - Wu Yee Sun Library 澳門大學library.umac.mo/ebooks/b13588503.pdf · A Economia Portuguesa é uma publicação bianual da Direcção-Geral de Estudos e Previsão

no preço do medicamento genérico mais caro. Foi também introduzido um novo modelo de prescrição por Denominação Comum Internacional e adoptada a receita médica renovável, de particular interesse para as doenças crónicas. Estas medidas foram acompanhadas de uma campanha de informação pública, visando melhorar o conhecimento sobre os medicamentos genéricos e reforçar a adesão à sua utilização.

46 A Economia Portuguesa – Dezembro 2003

Page 51: A Economia Portuguesa - Wu Yee Sun Library 澳門大學library.umac.mo/ebooks/b13588503.pdf · A Economia Portuguesa é uma publicação bianual da Direcção-Geral de Estudos e Previsão

Anexos

Page 52: A Economia Portuguesa - Wu Yee Sun Library 澳門大學library.umac.mo/ebooks/b13588503.pdf · A Economia Portuguesa é uma publicação bianual da Direcção-Geral de Estudos e Previsão
Page 53: A Economia Portuguesa - Wu Yee Sun Library 澳門大學library.umac.mo/ebooks/b13588503.pdf · A Economia Portuguesa é uma publicação bianual da Direcção-Geral de Estudos e Previsão

A. PRINCIPAIS ACONTECIMENTOS NO ÂMBITO ECONÓMICO E FINANCEIRO

A.1 Economia Internacional

Acontecimentos Económicos, Financeiros e Políticos

• Grande instabilidade no Médio Oriente, nomeadamente no Iraque e em Israel;

• Instabilidade no preço do petróleo;

• Elevada volatilidade nos mercados de capitais e de câmbios entre o dólar norte-americano e o euro.

Decisões de Política Monetária

• A Reserva Federal baixou a taxa de juro de referência, de 1,25% para 1%, em 25 de Junho de 2003.

A.2 União Europeia

Presidência da União Europeia:

• Grécia (1º semestre de 2003); Itália (2º semestre de 2003);

Prioridades da Presidência Italiana da UE em matéria económica e financeira:

• Conferência Intergovernamental: uma constituição para a Europa; a Europa da economia: a competitividade ao serviço de uma prosperidade partilhada; a caminho da “Grande Europa”: uma União mais ampla e solidária; a presença da Europa no mundo: para uma Europa protagonista da cena internacional; a Segurança dos Cidadãos: imigração, fronteiras e asilo.

Principais tópicos discutidos nas Cimeiras Europeias:

• Cimeira de Bruxelas, 16 e 17 de Outubro de 2003: Conferência Intergovernamental; Relançamento da Economia Europeia; Reforço da Liberdade; Segurança e Justiça; Relações Externas;

• Cimeira de Tesalónica, 19 e 20 de Junho de 2003: Conferência Intergovernamental; Política de imigração, fronteiras e asilo; Alargamento; Grande Europa e novos vizinhos; Relações Externas;

• Cimeira de Bruxelas, 20 e 21 de Março de 2003: crescimento, emprego e prosperidade na Nossa Europa; alargamento – Tratado de Adesão; Relações Externas: Iraque, Médio Oriente, Balcãs Ocidentais, Chipre e Coreia do Norte;

• Cimeira Extraordinária de Bruxelas, 17 de Fevereiro de 2003: crise no Iraque.

Decisões de Política Monetária

• O BCE anunciou a seguinte alteraçãos à taxa de juro das operações principais de refinanciamento do Eurosistema :

A Economia Portuguesa – Dezembro 2003 49

Page 54: A Economia Portuguesa - Wu Yee Sun Library 澳門大學library.umac.mo/ebooks/b13588503.pdf · A Economia Portuguesa é uma publicação bianual da Direcção-Geral de Estudos e Previsão

o 5 de Junho de 2003, redução em 0,50 pontos percentuais, fixando-a em 2%.

A.3 Economia Portuguesa

Preços e Rendimentos

• Actualização da pensões a partir de 1 de Dezembro [4% pensões mínimas, 2,5% aumento geral] (Comunicado Oficial do Conselho de Ministros de 12 de Novembro);

• Actualização da pensões mínimas a partir de 1 de Junho[até 1,5%] (Portaria 448-B/2003, de 31 de Maio);

• Regulamentação do subsistema de Protecção Familiar (ex-Abono de Família, (Decreto-Lei nº.176/2003, de 2 de Agosto).

Mercado de Trabalho

• Plano Nacional de Emprego: foi aprovada a revisão anual, para 2003, (Comunicado oficial do Conselho de Ministros de 12 de Novembro);

• Decreto-Lei que institui as medidas temporárias de emprego e formação profissional no âmbito do Programa Emprego e Protecção Social (PEPS), aprovado pelo Decreto-Lei n.º 84/2003, de 24 de Abril. (Comunicação de Conselho de Ministros de 20 de Maio);

• Aprovação, na generalidade, da proposta de Código do Trabalho (Assembleia da República, em 16 de Janeiro).

Finanças Públicas

• Apresentação na Assembleia da República do Projecto de Lei de Orçamento do Estado para 2004 (Comunicado Oficial do Conselho de Ministros de 14 de Outubro);

• Apresentação das Grandes Opções do Plano para 2004 (Comunicado Oficial do Conselho de Ministros de 14 de Outubro);

• Decreto-Lei que transfere para a Caixa Geral de Aposentações a responsabilidade pelos encargos com as pensões de aposentação do pessoal da Radiodifusão Portuguesa, S. A., subscritor da CGA não abrangidos pelo Decreto-Lei n.º 90/99, de 22 de Março (Comunicado Oficial do Conselho de Ministros de 10 de Outubro)

• Proposta de Lei que regula e harmoniza os princípios básicos da cessão de créditos do Estado e da Segurança Social para titularização (Comunicado Oficial do Conselho de Ministros de 25 de Setembro);

50 A Economia Portuguesa – Dezembro 2003

Page 55: A Economia Portuguesa - Wu Yee Sun Library 澳門大學library.umac.mo/ebooks/b13588503.pdf · A Economia Portuguesa é uma publicação bianual da Direcção-Geral de Estudos e Previsão

Reforma da Administração Pública

• Propostas de Lei relativas a:

- Estatuto do Pessoal Dirigente dos Serviços e Organismos da Administração Central, Regional e Local do Estado (Comunicado Oficial do Conselho de Ministros de 11 de Setembro);

- Lei-Quadro dos Institutos Públicos (Comunicado Oficial do Conselho de Ministros de 11 de Setembro);

- Regime Jurídico do Contrato Individual de Trabalho na Administração Pública (Comunicado Oficial do Conselho de Ministros de 23 de Outubro);

- Criação do Sistema Integrado de Avaliação do Desempenho da Administração Pública (Comunicado Oficial do Conselho de Ministros de 23 de Outubro);

• Compras electrónicas – Resolução que determina a adopção de várias medidas concretas visando a generalização da prática da aquisição de bens e serviços por via electrónica na Administração Pública (Resolução do Conselho de Ministros n.º 36/2003. DR 60 série I-B de 12 de Março de 2003).

Operações de Privatização

• Aprovação do inicio da 3ª fase da reprivatização do capital social da GALP Energia, SGPS, SA (Comunicado do Conselho de Ministros, 2 de Maio);

• Aprovação da privatização da ENATUR, Empresa Nacional de Turismo AS (Comunicado do Conselho de Ministros, 24 de Abril);

• Aprovação da quinta e última fase da reprivatização do capital social do Banco Comercial dos Açores, S.A. (Decreto-Lei n.º 46-A/2003, de 17 de Março; Resolução do Conselho de Ministros n.º 39-A/2003, de 17 de Março);

• Aprovação do inicio da segunda fase da reprivatização do capital social da PORTUCEL - Empresa Produtora de Pasta e Papel, S. A. (Decreto-Lei n.º 6/2003, de 15 de Janeiro; Resolução do Conselho de Ministros n.º 30/2003, de 21 de Fevereiro).

Mercado de capitais

• Inauguração do PEX- Private Exchange, um mercado não regulamentado, registado na CMVM e gerido por uma entidade devidamente qualificada e autorizada para tal, a dia 19 de Setembro;

• Autorização dado ao Governo a legislar em matéria de associações de defesa dos investidores em valores mobiliários (Lei n. 38/2003, 22 de Agosto, Diário da República n. 193, Série I-A);

• Transposição para o ordenamento jurídico interno da Directiva n.º 2000/52/CE, da Comissão, de 26/7, relativa à transparência das relações financeiras entre as entidades públicas dos Estados membros e as empresas públicas, bem como à

A Economia Portuguesa – Dezembro 2003 51

Page 56: A Economia Portuguesa - Wu Yee Sun Library 澳門大學library.umac.mo/ebooks/b13588503.pdf · A Economia Portuguesa é uma publicação bianual da Direcção-Geral de Estudos e Previsão

transparência financeira relativamente a determinadas empresas (Decreto-Lei n. 148/2003, 11 de Julho, Diário da República n. 158, Série I-A);

• Conforme previsto no Programa de Financiamento para 2003, foi retomada a emissão de Bilhetes do Tesouro em Julho de 2003;

• Decisão do Parlamento Europeu e do Conselho relativa ao ajustamento das perspectivas financeiras para o alargamento (Decisão do PE e do Conselho n. 2003/429/CE, 14 de Junho, JOCE n. 147, Série L);

• Aprovação do regime jurídico da concorrência (Lei n. 18/2003, 11 de Junho, Diário da República n. 134, Série I-A);

• Concessão a todas as instituições de crédito o acesso à informação disponibilizada pelo Banco de Portugal relativa aos utilizadores de cheques que oferecem risco (Decreto-Lei n. 83/2003, 24 de Abril, Diário da República n. 96, Série I-A).

Sociedade da Informação e do Conhecimento

• Resolução do Conselho de Ministros que aprova o Plano de Acção para a Sociedade da Informação (Comunicado Oficial do Conselho de Ministros de 26 de Junho);

• Resolução do Conselho de Ministros que aprova o Plano de Acção para o Governo Electrónico (Comunicado Oficial do Conselho de Ministros de 26 de Junho);

• Resolução do Conselho de Ministros que aprova a Iniciativa Nacional para a Banda Larga (Comunicado Oficial do Conselho de Ministros de 26 de Junho);

• Resolução do Conselho de Ministros que aprova o Programa Nacional de Compras Electrónicas(Comunicado Oficial do Conselho de Ministros de 26 de Junho).

52 A Economia Portuguesa – Dezembro 2003

Page 57: A Economia Portuguesa - Wu Yee Sun Library 澳門大學library.umac.mo/ebooks/b13588503.pdf · A Economia Portuguesa é uma publicação bianual da Direcção-Geral de Estudos e Previsão

B. REFERÊNCIAS

− Banco de Portugal (2003), Relatório Anual 2002, Lisboa, Setembro.

− Caldas, G. and Rodrigues, P. (2003), Budgetary Costs of an Ageing Population: the case of health care in Portugal, Ministério das Finanças, Direcção-Geral de Estudos e Previsão, Working Paper nº 31, Lisboa, Janeiro.

− Cardoso, A.N. e Portugal, P. (2003), Bargained Wages, Wage Drift and the Design of the Wage Setting System, Banco de Portugal, Working Paper 18-2003, Novembro.

− Comissão Europeia (2003), Autumn 2003 Economic Forecasts, Bruxelas, Outubro.

− Comissão Europeia (2003), Commission Recommendation on the Broad Guidelines of the Economic Policies of the Member States and the Community (for the 2003-2005 period), Bruxelas, Abril.

− FMI (2003), World Economic Outlook, Washington, Setembro.

− Ministério das Finanças (2003), Relatório sobre a Execução e Orientação da Despesa Pública em 2004, Lisboa, Outubro.

− Ministério das Finanças (2003), Relatório sobre a Execução e Orientação da Despesa Pública em 2003, Lisboa, Maio.

− Ministério das Finanças (2003), Relatório sobre a Reforma Económica 2003: Mercados de Produtos e de Capitais, Lisboa, Novembro.

− Ministério das Finanças (2002), Sector Empresarial do Estado: evolução no período 1996-2001, Lisboa, Março.

− Ministério das Finanças, Departamento de Prospectiva e Planeamento (2003), Main Guidelines Plan 2004, Lisboa, Outubro.

− OECD (2003), Economic Outlook nº 74, Paris, Novembro.

− Pereira, Sónia C. (2003), The Impact of Minimum Wages on Youth Employment in Portugal, European Economic Review, 47, 224-244.

− Rodrigues, C. (2003), Inequality and Poverty in retirement age groups: an analysis for Portugal, Ministério das Finanças, Direcção-Geral de Estudos e Previsão, Working Paper nº 32, Lisboa, Junho.

− Rodrigues, C., Santos, J. G. and Serrão M. (2003), Contribuição Autárquica: Resultados de simulação de cenários de reforma com base no IOF/2000, Ministério das Finanças, Direcção-Geral de Estudos e Previsão, Working Paper nº 33, Lisboa, Julho.

− Takizawa, H. (2003), Job-Specific Investment and the Cost of Dismissal Restrictions – The case of Portugal, IMF Working Paper nº75, Abril.

A Economia Portuguesa – Dezembro 2003 53

Page 58: A Economia Portuguesa - Wu Yee Sun Library 澳門大學library.umac.mo/ebooks/b13588503.pdf · A Economia Portuguesa é uma publicação bianual da Direcção-Geral de Estudos e Previsão

C. WEB SITES SOBRE A ECONOMIA PORTUGUESA

Presidência do Conselho de Ministros [www.portugal.gov.pt]

Programa Integrado de Apoio à Inovação [www.proinov.gov.pt]

Ministério das Finanças [www.min-financas.pt]

Direcção-Geral de Estudos e Previsão [www.dgep.pt]

Direcção-Geral do Orçamento [www.dgo.pt]

Direcção-Geral dos Impostos [www.dgci.min-financas.pt]

Direcção-Geral do Tesouro [www.dgt.pt]

Instituto de Gestão do Crédito Público [www.igcp.pt]

Direcção de Prospectiva e Planeamento [www.dpp.pt]

Ministério da Economia [www.min-economia.pt]

Direcção-Geral do Comércio e da Concorrência [www.dgcc.pt]

Instituto de Apoio às PMEs e ao Investimento [www.iapmei.pt]

Investimentos, Comércio e Turismo de Portugal [www.icep.pt]

Programa Operacional de Economia [www.poe.min-economia.pt]

Gabinete de Estudos e Prospectiva Económica [www.gepe.pt]

Direcção-Geral do Turismo [www.dgturismo.pt]

Site Oficial de Turismo em Portugal [www.portugal-insite.pt]

Agência Portuguesa para o Investimento [www.investinportugal.pt]

Ministério da Ciência e do Ensino Superior [www.mces.pt]

Observatório das Ciências e das Tecnologias [www.oces.mces.pt]

Ministério da Segurança Social e do Trabalho [www.msst.gov.pt]

Departamento de Estudos, Prospectiva e Planeamento [www.depp.msst.gov.pt]

Departamento de Estatística [www.detefp.pt]

Instituto do Emprego e Formação Profissional [www.iefp.pt]

Instituto de Informática e Estatística da Solidariedade [www.seg-social.pt]

Universidades – Faculdades de Economia

Instituto Superior de Economia e Gestão [www.iseg.utl.pt]

Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa [www.fe.unl.pt]

Faculdade de Economia da Universidade do Porto [www.fep.up.pt]

Faculdade de Economia de Coimbra [www.fe.uc.pt]

54 A Economia Portuguesa – Dezembro 2003

Page 59: A Economia Portuguesa - Wu Yee Sun Library 澳門大學library.umac.mo/ebooks/b13588503.pdf · A Economia Portuguesa é uma publicação bianual da Direcção-Geral de Estudos e Previsão

Outros

Banco de Portugal [www.bportugal.pt]

Instituto Nacional de Estatística [www.ine.pt]

Bolsa de Valores de Lisboa e do Porto [www.bvlp.pt]

Comissão do Mercado de Valores Mobiliários [www.cmvm.pt]

Instituto de Seguros de Portugal [www.isp.pt]

Agência Portuguesa para o Investimento [www.investinportugal.pt]

Autoridade Nacional das Comunicações [www.anacom.pt]

Entidade Reguladora do Sector Eléctrico [www.erse.pt]

Informação ao Cidadão [www.infocid.pt]

Quadro Comunitário de Apoio III (2000-2006) [www.qca.pt]

A Economia Portuguesa – Dezembro 2003 55

Page 60: A Economia Portuguesa - Wu Yee Sun Library 澳門大學library.umac.mo/ebooks/b13588503.pdf · A Economia Portuguesa é uma publicação bianual da Direcção-Geral de Estudos e Previsão
Page 61: A Economia Portuguesa - Wu Yee Sun Library 澳門大學library.umac.mo/ebooks/b13588503.pdf · A Economia Portuguesa é uma publicação bianual da Direcção-Geral de Estudos e Previsão

D. DADOS ESTATÍSTICOS