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13ª Semana Nacional em Defesa e Promoção da Educação Pública De 21 a 27 de abril de 2012 A EDUCAÇÃO TRANSFORMA A realidade muda com Piso, Carreira e 10% do PIB para Educação no PNE.

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13ª Semana Nacional em Defesa e Promoção da Educação Pública

De 21 a 27 de abril de 2012

A educAção trANSformA

A realidade muda com Piso, Carreira e 10% do PIB para Educação no PNE.

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13ª Semana Nacional em Defesa e Promoção da Educação Públ ica » 21 a 27 de abri l de 2012

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ProgrAmAção

21/04» Lançamento da Semana nas atividades comemorativas do Dia de Tiradentes.

22/04 » Panfletagem nas ruas, praças e praias sobre a campanha deste ano.

23/04» Tema do dia para discussão nas escolas: Hora-aula atividade.

24/04» Tema do dia para discussão nas escolas: Salário digno (PSPN).

25/04» Audiências Públicas nas Câmaras Legislativas sobre o Piso e Carreira.

26/04» Temas do dia para discussão nas escolas: desenvolvimento na Carreira, Meritocracia e contra as Terceirizações na Educação.

27/04 » Tema do dia para discussão nas escolas: Financiamento da Educação, a repercussão da falta de recursos na saúde do trabalhador em educação e as condições de trabalho.

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APreSeNtAção

O paradoxo entre as garantias legislativas e a omissão do direito à educação pública, gratuita, uni-versal, laica e de qualidade socialmente referenciada para todos/as os/as brasileiros/as explica, em grande parte, o histórico apartheid socioeconômico imposto pelas elites nacionais às camadas

populares de nosso país.

Ainda neste ano de 2012, o Brasil deverá ocupar o posto de 5ª maior economia do mundo, mas os indica-dores sociais revelam anacronismos que se não forem superados com mais celeridade e compromisso de todos os administradores públicos – no puro sentido republicano –, tendem a dificultar o desenvolvimento inclusivo e sustentável do país, cedendo mais espaços à concentração da riqueza e às desigualdades so-ciais – realidades ainda marcantes na vida brasileira.

O projeto de Plano Nacional de Educação (PNE) e a Lei de Responsabilidade Educacional, em debate no Congresso Nacional, precisam apontar diretrizes para a concretude de políticas públicas que visem univer-salizar as matrículas e a garantir o aprendizado de qualidade com equidade.

A 13ª Semana Nacional em Defesa e Promoção da Educação Pública, em sintonia com os principais debates da atualidade educacional, pautou o Piso Salarial Nacional do Magistério, a Carreira Profissional e o Plano Nacional de Educação, com ênfase na aplicação de 10% do PIB na educação, como eixos da mobilização que a CNTE e seus sindicatos filiados empreenderão em todas as escolas públicas do país.

Importante frisar que a presente Semana da Educação acontece menos de um mês após a realização da vitoriosa Greve Nacional convocada pela CNTE em defesa dos temas ora pautados para a discussão de maior profundidade com a comunidade escolar. O liame desse debate perpassa pelo respeito às leis educacionais e pelas metas e estratégias do projeto de PNE, sobre o qual verificaremos se estão sendo observados os princípios e objetivos da educação nacional, previstos na Constituição e conclamados pela sociedade.

Vale esclarecer, ainda, que o país encontra-se quase ano e meio sem Plano Nacional de Educação em vigên-cia. O último expirou em janeiro de 2011 e o Congresso, até o momento, não deliberou sobre o novo PNE. Portanto, nossa luta centra-se também na aprovação imediata do PNE, que servirá de referência para os planos estaduais, distrital e municipais de educação.

Ao fim da semana de 21 a 27 de abril, esperamos ter esclarecido e sensibilizado milhares de pessoas que poderão se somar à luta pela educação pública de qualidade para todos e todas.

Brasil, abril de 2012

Direção Executiva da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação

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educAção, direito de todoS e todAS

N o contexto do projeto de PNE, e adjacente a ele, ao menos três temas, além da obser-vação do caráter sistêmico das políticas

educacionais, merecem a máxima atenção dos Po-deres Públicos e da sociedade para que o direito à educação seja observado, adequadamente.

A primeira questão refere-se à reparação da dívida social para com as populações afrodescendentes, indígenas e com todas aquelas vítimas da pobreza e da miséria, de modo que as políticas afirmativas, em consonância com a Convenção Internacional so-bre a Eliminação de Todas as Formas de Discrimina-ção Racial da Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), ratificada pelo Brasil através do Decreto nº 65.810, de 1969, cumprem papel importante para enfrentar as desigualdades socioeconômicas de origens étnicas. E sobre esse tema, dois fatos mere-cem a atenção da sociedade, para além das metas do PNE. Em âmbito do Supremo Tribunal Federal, este ano, deverá ser julgada a ação (ADPF nº 186) movi-da pelo Partido Democratas (DEM) contra o sistema de cotas para negros na Universidade de Brasília. A decisão se reveste de extrema importância, pois terá repercussão em todo território nacional. Já no Senado, o desafio consiste em desobstruir a trami-tação do PLC nº 180/08, que visa reservar 50% das vagas nas universidades públicas para estudantes oriundos de escolas públicas.

O Censo Demográfico do IBGE (2010) dá mostras do tamanho das exclusões educacional e social que se pautam na cor, na pobreza e na distribuição de-mográfica das riquezas do país. Entre as cerca de 14 milhões de pessoas analfabetas (literais), com 15 anos ou mais de idade, 14,4% são negras, 13% pardas e 5,9% brancas; 23,2% residem no campo e 7,3% nas cidades; 17,5% têm renda entre 0 e ¼ de salário mínimo, 12,2% entre ¼ e ½ salário mínimo, 10% entre ½ e 1 salário mínimo, 3,5% entre 1 e 2 salários, 1,2% entre 2 e 3 salários e 0,3% acima de 5 salários mínimos; 19,1% residem na região Nordes-te, 11,2% no Norte, 7,2% no Centro-Oeste, 5,4% no Sudeste e 5,1% no Sul.

O segundo enfoque dessa temática diz respeito à im-plantação da escola integral, com duração mínima de 7 horas diárias. O Brasil, por razões de economia orçamentária (leia-se, falta de vontade política) e de subordinação às elites – avessas à inclusão das classes populares no processo de desenvolvimento do país –, abriu mão de ofertar ensino integral nas escolas públicas, optando por um arremedo esco-lar pouco visto em outros países. Neste sentido, as propostas com o intuito de ampliar em 1 hora ou 45 minutos o tempo de permanência dos estudantes na escola, mantendo-se as mesmas estruturas de espaço, currículo e jornada, devem ser rejeitadas pela sociedade, pois não atendem aos requisitos da mudança de paradigma educacional.

Por último, e não desconsiderando outras questões cruciais, a CNTE chama a atenção para os perigos da disseminação de currículos mínimos nos sistemas educacionais, os quais têm abdicado da formação humanística e crítica para priorizar a reprodução simplificadora do conhecimento. Esta é uma pauta introduzida pelos detentores do capital, que ten-tam superar a carência de mão de obra qualificada (resultado de décadas sem os devidos investimen-tos na formação profissional) com medidas contrá-rias aos interesses dos trabalhadores e da própria Constituição, que volta os objetivos da educação para o pleno desenvolvimento da pessoa, para o preparo e o exercício da cidadania, além da qualifi-cação para o trabalho (art. 205, CF).

Destaca-se, ainda, que o Índice de Desenvolvimen-to da Educação Básica (Ideb), ao não inserir em sua estrutura outros elementos do processo de ensino--aprendizagem e das vivências escolares, acaba in-centivando os currículos mínimos que pautam os resultados de proficiência dos estudantes na Prova Brasil e no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

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Compromissos do projeto de PNE com o direito à educação

Meta 1: Universalizar, até 2016, o atendimen-to escolar da população de quatro e cinco anos, e ampliar a oferta de educação infantil de forma a atender, no mínimo, aos seguintes percentuais da população de até três anos: trinta por cento até o quinto ano de vigência deste PNE e cinquenta por cento dessa população até o último ano.

Comentário: Somente 19% da população entre 0 e 3 anos de idade têm acesso à creche e mais de 1 milhão de crianças entre 4 e 5 anos não frequenta a pré-escola.

Estratégia 1.2: Garantir que, ao final da vigência deste PNE, seja inferior a 10% a diferença entre as taxas de frequência à educação infantil das crian-ças de até três anos oriundas do quinto de renda familiar per capita mais elevado e o quinto de renda per capita familiar mais baixo.

Comentário: A diferença atual entre as taxas de frequência das crianças destacadas nesta estraté-gia é de 33,7%, sendo que só a metade das crianças do quinto de renda mais baixo frequenta a escola.

Estratégia 2.7: Definir, até o final do segundo ano de vigência deste PNE, as expectativas de aprendi-zagem para todos os anos do ensino fundamental, de maneira a assegurar a formação básica comum, reconhecendo as especificidades da infância e da adolescência.

Estratégia 3.10: Definir, até o segundo ano de vi-gência deste PNE, expectativas de aprendizagem para todos os anos do ensino médio, com vistas a garantir formação básica comum.

Comentário: No Brasil e no mundo o debate sobre as expectativas de aprendizagem gira em torno dos currículos mínimos – centrados na pedagogia de competências – e nos testes estandardizados, ra-zão pela qual esse tipo de meta deve ser suprimido do projeto de PNE, voltando-se o mesmo para a ga-rantia do aprendizado por meio dos insumos e das diretrizes educacionais.

Meta 3: Até o quinto ano de vigência deste PNE, universalizar o atendimento escolar para toda a po-pulação de quinze a dezessete anos e elevar a taxa líquida de matrículas nessa faixa etária no ensino médio para setenta e cinco por cento; e, até o final

de vigência deste PNE, atingir o índice de noventa por cento de jovens de dezenove anos com o ensino médio concluído e a taxa líquida de matrículas na faixa etária de quinze a dezessete no ensino médio de noventa por cento.

Comentário: Só metade da população entre 15 e 17 anos frequenta o ensino médio. Por outro lado, os homicídios representam a maior causa de morte da juventude: 43,7% entre 15 e 19 anos, 60,9% entre 20 e 24 anos e 51,6% entre 25 e 29 anos de idade (Fonte: MJ, 2008).

Meta 6: Oferecer educação em tempo integral para vinte e cinco por cento dos alunos das escolas pú-blicas de educação básica.

Comentário: Em 2011, as matrículas integrais re-presentaram as seguintes porcentagens: 63,7% na creche, 8,6% na pré-escola, 6,7% no ensino funda-mental e 2,5% no ensino médio – total de 3 milhões contra 9 milhões de matrículas (em números atu-ais) previstas no PNE, o que é pouco.

Meta 9: (...) erradicar o analfabetismo absoluto e reduzir em cinquenta por cento a taxa de analfa-betismo funcional; ofertando vagas de educação de jovens e adultos para cinquenta por cento da de-manda ativa no quinto ano e cem por cento até o último ano deste PNE.

Comentário: Os analfabetos literais representam 9,6% da população com 15 anos ou mais de idade e os funcionais 20,2% (quase 30 milhões). Entre os literalmente analfabetos, quase 40% são idosos.

Meta 12: Elevar a taxa bruta de matrícula na edu-cação superior para cinquenta por cento e a taxa líquida para trinta e três por cento da população de dezoito a vinte e quatro anos, assegurada a quali-dade da oferta e expansão de, pelo menos, quaren-ta por cento das matrículas, no segmento público.

Comentário: Em 2009, a taxa bruta de matrículas foi de 26,7% e a líquida, 14,6%. Também a despro-porcionalidade na oferta é grave: o setor privado concentra 75% das matrículas e o PNE aponta 40% de atendimento público, ao final da década.

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fiNANciAmeNto dA educAção

A principal polêmica envolvendo a aprovação do novo Plano Nacional de Educação concen-tra-se no estabelecimento da meta para apli-

cação de recursos públicos em educação, na proporção do Produto Interno Bruto (PIB), conforme preceitua o inciso VI do art. 214 da Constituição Federal.

Desde a tramitação do projeto de lei que resultou no PNE anterior (Lei 10.172), a sociedade brasileira indi-ca a necessidade de se investir pelo menos 10% do PIB em educação, durante um período necessário para se estabelecer a qualidade com equidade nos sistemas de ensino do país (federal, estaduais, distrital e munici-pais). Em 2010, de acordo com informações do IBGE, o país investiu 5,2% do PIB na educação pública básica e superior, e estudos sobre o financiamento da educa-ção demonstram que 7% do PIB não permitem atender adequadamente as metas previstas (e as não previstas) no Plano, sobretudo para a creche, a educação integral, o ensino profissional e superior e a valorização profis-sional. Infelizmente, e a sociedade espera mudar essa realidade, o PNE estruturado pelo MEC e a atual versão do relator, na Câmara dos Deputados, ainda se pautam pelo ajuste fiscal imposto pelo pagamento da dívida em detrimento das políticas sociais. Em 2010, o superávit primário atingiu a marca de R$ 128 bilhões contra R$ 69 bilhões do orçamento do MEC. Neste ano, o contin-genciamento orçamentário já bloqueou R$ 2,5 bilhões do MEC, o que depõe contra a expectativa do PNE em aumentar o financiamento da educação.

As disparidades na arrecadação tributária entre as cin-co regiões brasileiras representam a principal causa da iniquidade educacional e, por consequência, das desi-gualdades socioeconômicas. Enquanto a média de in-vestimento per capita do Fundo da Educação Básica no Maranhão gira em tono de R$ 1.000,00 (considerando somente os recursos próprios do Estado), em São Paulo o valor correspondente do Fundeb para os anos iniciais do ensino fundamental urbano é de R$ 3.192,00 (o triplo!).

O Fundeb representa um primeiro passo em direção à equidade no financiamento da educação básica, mas ainda é insuficiente. Sua lógica apoia-se na disponibi-lidade de recursos e não na necessidade de investimen-tos (que requer mais recursos!). Para 2012, o mínimo

investido por aluno/ano nas redes públicas regulares de educação básica deve ser R$ 2.096,68. Os estados e municípios que detêm receitas próprias (extra Fundeb) conseguem aplicar acima desse valor, mas para boa parte das redes públicas do país o que vale é essa refe-rência – que representa uma mensalidade de R$ 174,72 destinada ao pagamento de salários dos educadores, aos investimentos em infraestrutura e aos demais in-sumos escolares. Somam-se à quantia mínima do Fun-deb, as parcelas do Salário Educação, que ajudam no financiamento da merenda e do livro didático, além de outras verbas voluntárias repassadas pelo MEC a esta-dos e municípios, em percentuais marginais do bolo orçamentário.

Há tempos, a CNTE reivindica a implantação do Siste-ma Nacional de Educação, que dentre outras questões deve pautar a partilha de recursos para a educação com base na capacidade contributiva dos entes federados e na real necessidade de investimentos dos sistemas es-colares (à luz do Custo Aluno Qualidade). Pelo lado da receita, é preciso levar em conta o fato de a União arre-cadar 57% dos tributos, os Estados 25% e os Municípios 18% , bem como o compromisso de cada ente federado em preservar a potencialidade de suas receitas, evitan-do as evasões e isenções fiscais que comprometem o atendimento das necessidades públicas. O incremento orçamentário, a exemplo dos recursos oriundos do pré--sal e da instituição de “impostos” com alíquotas satis-fatórias, é outro ponto decisivo.

Já do lado das despesas, é preciso considerar as matrí-culas existentes em cada ente federado, a fim de finan-ciá-las com base nos insumos necessários à prestação do serviço educacional nas diferentes etapas e moda-lidades de ensino. E o instrumento para a análise des-ses insumos, que o projeto de PNE contempla em sua meta 20, deve observar, ao menos preliminarmente, o Parecer nº 8/2010, da Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação, que trata dos padrões mínimos de qualidade de ensino para a Educação Bási-ca pública, elaborado à luz de estudos realizados pela Campanha Nacional pelo Direito à Educação. O deba-te do CAQ é essencial por que permite fixar o nível de investimento (necessário) e a contribuição dos entes federados, na medida do esforço fiscal de cada um (e

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de todos cooperativamente), com vistas a atender com qualidade e equidade às matrículas escolares no país.

Previsões de investimento por aluno no CAQi (Campanha) e no projeto de PNE

CAQ/Campanha Substitutivo PNE

Creche 7.473,29 3.596,36

Pré-escola 2.928,46 2.909,44

Ensino Fundamental (anos iniciais)

2.776,34 2.774,56

Ensino Fundamental (anos finais)

2.719,29 2.716,76

Ensino médio 2.814,37 2.793,83

Notas:

1. Os valores são de 2010 e correspondem a jornadas parciais (exceto a creche).

2. A previsão do PNE para as matrículas de período integral equivale à soma de R$ 2.333,81 (85% do custo médio do ensino fundamental) em todas as demais matrículas das etapas e modalidades – exceto a creche, o que não se justifica tecnicamente.

Compromissos do projeto de PNE com o financiamento da educação

Meta 20: Ampliar o investimento público total em educação de forma a atingir, no mínimo, o patamar de oito por cento do Produto Interno Bruto do País, ao final do decênio.

Comentário: A meta embute recursos repassados à iniciativa privada e a sociedade defende a fixação de percentual exclusivo para a educação pública. Os 10% do PIB, defendidos pela sociedade, permitem ampliar o atendimento público do PNE com qualidade e equi-dade.

Estratégia 20.3: Destinar recursos do Fundo Social do Pré-sal, royalties e participações especiais da União, referentes ao petróleo e à produção mineral à manu-tenção e desenvolvimento do ensino público.

Comentário: A sociedade cobra a destinação do per-centual de 50% dessas receitas para a educação, à luz da composição do CAQ para o pleno atendimento edu-cacional.

Estratégia 20.4: Fortalecer os mecanismos e os ins-trumentos que assegurem (...) a transparência e o

controle social na utilização dos recursos públicos aplicados em educação (...).

Comentário: A estratégia é importante para estimu-lar a garantia do controle social, sobretudo dos con-selhos de acompanhamento do Fundeb, e para que os órgãos públicos de controle dos recursos da educação aprimorem suas técnicas e interajam com a sociedade.

Estratégia 20.5: Implementar o Custo Aluno Quali-dade (CAQ) como parâmetro para o financiamento da educação de todas etapas e modalidades da educa-ção básica, a partir do cálculo e do acompanhamento regular dos indicadores de gastos educacionais com investimentos em qualificação e remuneração do pes-soal docente e dos demais profissionais da educação pública; aquisição, manutenção, construção e con-servação de instalações e equipamentos necessários ao ensino, aquisição de material didático-escolar, ali-mentação e transporte escolar.

Comentário: O princípio constitucional da qualidade por meio de insumos educacionais está garantido de forma adequada na estratégia.

Estratégia 20.6: O CAQ será definido e ajustado com base em metodologia formulada pelo Ministério da Educação (MEC), e acompanhado pelo Fórum Nacio-nal de Educação (FNE), pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) e pelas Comissões de Educação da Câ-mara dos Deputados e do Senado Federal.

Comentário: O MEC deve viabilizar o debate social sobre o CAQ pautado no Parecer CNE/CEB nº 8/2010, pendente de homologação.

Estratégia 20.7: No prazo de dois anos da vigência deste PNE, será implantado o Custo Aluno Qualidade Inicial (CAQi), que será progressivamente reajustado até a implementação plena do CAQ.

Comentário: O texto introduz o conceito do CAQ no ordenamento legal e a sociedade reivindica sua im-plantação imediata como forma de garantir o princí-pio da equidade educacional em todo país.

Estratégia 20.8: O INEP desenvolverá estudos e acom-panhará regularmente indicadores de investimento e de custos por aluno em todas as etapas e modalidades da educação pública.

Comentário: Cabe ao MEC e ao INEP investirem no debate social sobre avaliação da educação, a fim de ajustar os conceitos dessa política aos anseios da po-pulação usuária da escola pública.

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o PiSo é lei, fAçA vAler!

M esmo depois da decisão final do STF sobre a ação direta de inconstitucionalidade (ADI 4.167) movida pelos governadores

considerados Inimigos da Educação, Traidores da Escola Pública, que julgou totalmente constitucio-nal a Lei 11.738, ainda é grande o número de gesto-res que insiste em desrespeitar a Lei do Piso, razão pela qual a CNTE e seus sindicatos filiados promove-ram a Greve Nacional da Educação, entre os dias 14 e 16 de março último, além das 16 greves estaduais e inúmeras outras municipais ocorridas em 2011. E a categoria continuará mobilizada durante todo o ano de 2012 para exigir o cumprimento imediato e integral do piso sob os seguintes aspectos:

Valor - O Piso jamais pode ser confundido com Teto Salarial, pois isso inviabiliza a efetiva valorização da carreira profissional do magistério. De maneira ilegal, muitos gestores públicos têm descumprido as leis que fixam os planos de carreira da catego-ria, nos estados e municípios, o que requer uma contraofensiva dos sindicatos, mesmo que por vias judiciais. O Piso é a referência mínima da carreira devendo os profissionais mais antigos serem bene-ficiados em cada um de seus estágios. Ainda na ló-gica da valorização, é inconcebível que o Congres-so Nacional altere a forma de atualização do Piso, sem garantia de ganho real. A CNTE é contrária à decisão da Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados, que aprovou o INPC/IBGE como único fator de reajuste (PL 3.776/2008), e a Confederação espera mudar a decisão em Plenário da Casa, ou através da discussão de outro projeto de lei que mantenha a atualização vinculada à pro-jeção de crescimento do Fundeb (principal fonte de pagamento do Piso). Embora o MEC tenha anuncia-do a quantia de R$ 1.451,00 para 2012, os cálculos da CNTE apontam o valor de R$ 1.937,26 para este ano.

Lei de Responsabilidade Fiscal – O aparente con-flito entre os dispositivos que asseguram, por um lado, os limites mínimos para investimento na edu-cação e nos salários do magistério (art. 212 da CF e art. 60 do ADCT) e, de outro, o teto para a remune-ração dos servidores públicos (LRF), na prática não

se justificam, uma vez que as vinculações consti-tucionais para a educação devem ser consideradas plenamente no cômputo da LRF. Assim sendo, o pa-râmetro para as remunerações do magistério e dos demais profissionais deve obedecer, primeiramen-te, o percentual vinculado em cada ente federado para investimento público na educação. Somente se houver extrapolação desse parâmetro é que se passará a considerar os limites prudenciais da LRF (podendo, ainda, as vinculações serem aumen-tadas, pois a Constituição refere-se a percentuais mínimos). Esse também é o entendimento do Con-selho Nacional de Educação (Pareceres nº 1/2007 e nº 7/2008). No caso do DF, é preciso que as receitas provenientes do Fundo Constitucional, destinadas à educação, sejam igualmente ressalvadas no côm-puto dos limites prudenciais da LRF, caso contrário o Fundo não cumprirá com um de seus requisitos, que é manter (e melhorar) os serviços educacio-nais.

Jornada – A referência monetária do Piso são os vencimentos iniciais das carreiras dos profissionais com formação de nível médio – habilitação mínima exigida para lecionar na educação infantil e anos iniciais do ensino fundamental. E não há nenhum obstáculo para que as administrações públicas fixem vencimentos de carreira acima do piso nacional, in-clusive para jornadas inferiores às 40 horas sema-nais. A redação do art. 2º, § 1º da Lei 11.738 preserva a autonomia dos entes federados quanto a esta pos-sibilidade – podendo o piso nacional servir de refe-rência para jornadas de 20h ou 30h, por exemplo. O que a Lei não permite é a vinculação do valor nacio-nal para jornadas ordinárias superiores às 40 horas semanais (art. 3º, § 3º). Nesse caso a administração deverá remunerar acima do valor do Piso.

Jornada Extraclasse – O Piso dialoga com a quali-dade da educação, não apenas em razão do salário. O percentual destinado às atividades extraclasses (hora-atividade), além de proporcionar melhores condições de trabalho e de aprendizagem aos es-tudantes, ajuda a preservar a saúde física e mental do/a professor/a. Pesquisa sobre burnout (síndro-me da desistência), realizada pela CNTE em parceria

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com a Universidade de Brasília, aponta o magisté-rio como uma das profissões com maior incidência desse tipo de doença pouco investigada no Brasil. De acordo com o § 4º do art. 2º da Lei Federal, no mínimo um terço de qualquer jornada de trabalho docente (20h, 30h, 40h) destina-se às atividades extraclasses. Já a LDB (Lei 9.394, art. 67, V) apon-ta os limites para a regulamentação dessa parcela da jornada, em cada um dos planos de carreira, dos estatutos do magistério ou dos regulamentos escolares, como sendo o período reservado a estu-dos, planejamento e avaliação, incluído na carga de trabalho (ver também Parecer CNE/CEB nº 23/03).

Desrespeito à hora-atividade – Em muitos casos, o limite da jornada extraclasse não tem sido cum-prido pelas administrações públicas. Em outros, a ausência de regulamentação nacional e a pouca tradição da autonomia pedagógica das escolas têm feito com que gestores contabilizem o recreio ou o tempo entre uma aula e outra na composição da hora-atividade. Mas essas interpretações esdrúxu-las não encontram sustentação legal (art. 67, V da LDB) e devem ser combatidas na justiça, caso não haja entendimento prévio. A orientação da CNTE sobre esse tema é de que as redes/sistemas de en-sino e preferencialmente as escolas (à luz do art. 12 da LDB) elaborem o planejamento das ativida-des docentes (extraclasses), atentando-se para os requisitos da LDB. Dessa forma, podem considerar os tempos para elaboração e correção de trabalhos, as reuniões pedagógicas, a formação continuada dentro e fora da escola, dentre outras atividades envolvendo estudos, planejamento e avaliação. O importante é que o/a professor/a disponha efeti-vamente do tempo e cumpra essa parcela da jornada de forma proveitosa para a sua qualificação e para o aprendizado dos estudantes, contribuindo com o projeto pedagógico escolar. Nada impede, também, de o Conselho Nacional de Educação normatizar o assunto, a fim de orientar sua implantação eficaz em todo país.

Hora-aula – Outra realidade consequente do julga-mento da ADI 4.167, no STF, refere-se às mudanças que muitas redes de ensino têm feito na hora-aula. Para a CNTE, esse assunto possui duas abordagens: uma pedagógica e outra trabalhista. Sobre o pri-meiro aspecto, é preciso considerar os costumes locais e a relação do tempo com o projeto pedagó-gico da escola – lembrando que as atividades re-creativas, culturais, ecológicas integram a jornada escolar dos estudantes e dos profissionais da edu-

cação. No Brasil, a hora-aula no ensino básico varia normalmente entre 40 minutos e 1 hora (relógio), de acordo com as regiões e seus fatores socioam-bientais. A CNTE indica a leitura dos pareceres do Conselho Nacional de Educação sobre o assunto, em especial os de nº 5/97, 12/97, 38/02 e 8/04, todos da Câmara de Educação Básica. Do ponto de vista trabalhista, qualquer alteração na composição das horas de trabalho dos/as educadores/as merece o devido debate com a categoria, estando a mesma resguardada pelos limites estabelecidos nos con-tratos de trabalho, nos editais de concurso, plano de carreira, estatuto etc.

Por fim, é preciso destacar os benefícios éticos e pedagógicos da Lei do Piso para as administrações públicas. Dificilmente o Prefeito e o Governador conseguirão cumprir o Piso vinculado à Carreira se não observarem todas as condições legais e al-guns critérios pedagógicos que ensejam a melho-ria da aprendizagem com responsabilidade social e fiscal. Dentre os requisitos legais, destacam-se: (i) o investimento mínimo de 25% das receitas de impostos vinculados à educação (art. 212, CF), (ii) a tributação regular dos impostos discriminados na Constituição, (iii) a gestão das verbas públicas pelas respectivas secretarias de educação (art. 69, § 5º, da LDB), e (iv) a aplicação rigorosa dos recursos vinculados à manutenção e desenvolvi-mento do ensino (arts. 70 e 71 da LDB). Na esfera pedagógica, é importante estabelecer adequada relação professor-funcionário-aluno, combatendo o clientelismo, prática existente em vários lugares e que compromete a capacidade de valorização dos profissionais da educação, invariavelmente onde se verificam “inchaços” nas redes escolares.

O art. 4º da Lei 11.738 prevê a possibilidade de o Governo Federal efetuar repasses financeiros para quem comprovar a incapacidade em pagar o Piso na Carreira. Para tanto, as redes estaduais e mu-nicipais precisam provar que cumprem todos os re-quisitos da boa administração, coisa que nenhum Prefeito ou Governador conseguiu ou se dispôs a fazer até então. As verbas educacionais, na maioria dos casos, constituem verdadeiras “caixas-pretas” intransponíveis à leitura do público – o que é bas-tante grave e que tem comprometido o cumprimen-to da Lei 11.738 no país. Ao MEC cabe estabelecer um claro mecanismo de repasse dos recursos suple-mentares ao Piso, com base na Portaria 213/11, ob-servando os princípios da valorização das carreiras profissionais dos entes federados.

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Medidas para forçar o cumprimento do Piso:

1. Exigir dos entes federativos a prestação das contas da educação com base nos artigos 48, 48-A, 49, 73 A, B e C da Lei Complementar nº 101 (LRF).

2. Requerer pareceres do Conselho de Acompa-nhamento e Controle Social do Fundeb sobre a aplicação dos recursos da educação e o des-cumprimento do Piso.

3. Denunciar o descumprimento do Piso e even-tuais malversações de recursos públicos da educação aos Tribunais de Contas e Ministério Público (no caso dos Estados e Municípios que recebem complementação da União, deve-se acionar também o MP/Federal e o TCU).

4. Engajar-se nas mobilizações nacionais e de-nunciar publicamente os gestores que descum-prem a Lei 11.738.

O Piso no projeto de PNE

Meta 17: Valorizar os profissionais do magistério das redes públicas da educação básica, a fim de equiparar a oitenta por cento, ao final do sexto ano, e a igualar, no último ano de vigência deste PNE, o rendimento médio destes profissionais ao rendimento médio dos demais profissionais com escolaridade equivalente.

Comentário: A CNTE obteve do relator a garantia de que a meta será alterada no sentido de prever a equiparação salarial por meio do piso nacional do magistério vinculado à carreira. Contudo, o recorrente descumprimento da Lei 11.738 aponta um grave impasse para a consecução da meta, na medida em que a União não tem sido motivada a complementar os valores do Piso na Carreira do ma-gistério, em estados e municípios que alegam não dispor de recursos para cumprir a norma federal.

Estratégia 17.1: Constituir fórum permanente com representação da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e dos trabalhadores em educação para acompanhamento da atualização progressiva do valor do piso salarial profissional nacional para os profissionais do magistério públi-co da educação básica.

Comentário: A estratégia garante a gestão demo-crática neste importante tema nacional. O PNE esti-ma em R$ 34,9 bilhões os recursos necessários para o cumprimento da meta 17, e esta é a primeira refe-rência para orientar as políticas públicas, inclusive no tocante ao critério de atualização do Piso.

Estratégia 17.2: Acompanhar a evolução salarial por meio de indicadores obtidos a partir da Pesqui-sa Nacional por Amostragem de Domicílios – PNAD, periodicamente divulgados pelo IBGE.

Comentário: O indicador da Pnad/IBGE não im-pede que outras referências sejam utilizadas para mensurar a evolução da massa salarial dos traba-lhadores brasileiros e do próprio magistério.

Estratégia 17.3: Implementar, no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, planos de carreira para os profissionais do magisté-rio das redes públicas de educação básica, com im-plantação gradual da jornada de trabalho cumprida em um único estabelecimento escolar.

Comentário: Esta orientação remete ao art. 6º da Lei 11.738, e a CNTE já solicitou ao relator do PNE a expressa referência à Lei do Piso.

Estratégia 17.4: Ampliar a assistência financeira específica da União aos entes federados para im-plementação de políticas de valorização dos profis-sionais do magistério, em particular o piso salarial nacional profissional.

Comentário: Os mecanismos de repasse das verbas federais devem assegurar recursos para todos os estados e municípios que comprovem incapacida-de financeira (à luz das carreiras do magistério) e não apenas àqueles que recebem suplementação do Fundeb. A CNTE defende a aprovação das diretrizes nacionais de carreira dos profissionais da educação (PL nº 2.826/11), como forma de parametrizar os repasses da União a estados e municípios.

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TABELA DE VENCIMENTOS/REMUNERAÇÕES E JORNADAS DE TRABALHO DAS CARREIRAS DO MAGISTÉRIO PÚBLICO DA EDUCAÇÃO BÁSICA (Redes Estaduais)Fechamento em 2 de abril de 2012

UF FORMAÇÃO DE NÍVEL MÉDIO LICENCIATURA PLENA CARGA HORÁRIA

% HORA-ATIVIDADE

Cumprimento da Lei 11.738

Vencimento Remuneração Vencimento RemuneraçãoAC 1.089,00 1.318,50 1.843,37 1.988,00 30H 33% Paga o piso proporcional e cumpre H-A

AL 1.187,00 --- 2.172,10 --- 40H 25% Não paga o piso e não cumpre H-A

AM --- --- 1.807,52 2.584,75 40H --- Sem informação sobre o piso. Não cumpre H-A

AP 1.085,00 2.170,00 1.361,22 2.722,44 40H 33% Não paga o piso. Cumpre H-A

BA 1.187,98 1.879,14 1.489,22 1.953,56 40H 30% Não paga o piso e não cumpre H-A

CE 1.451,00 1.578,01 1.528,28 1.681,11 40H 20% Paga o piso, mas não cumpre H-A

DF 1.777,61 3.121,95 2.260,08 3.958,04 40H 37% Paga o piso e cumpre H-A

ES 510,05 963,13 775,72 1.023,32 25H 33% Não paga o piso. Cumpre H-A

GO 1.460,00 --- 2.016,03 --- 40H 33% Paga o piso e cumpre H-A

MA 725,81 1.270,16 927,27 1.891,63 20H 20% Paga o piso proporcional, mas não cumpre H-A

MG 369,00 1.122,00 580,00 1.320,00 24H 25% Não paga o piso e não cumpre H-A

MS 1.489,67 2.011,05 2.234,50 3.016,50 40H 25% Paga o piso, mas não cumpre H-A

MT 1.312,00 --- 1.968,00 --- 30H 33% Paga o piso proporcional. Cumpre H-A

PA 1.451,00 --- --- ---- 40H --- Paga o piso, mas não cumpre H-A

PB 1.038,00 --- 1.224,54 --- 30H 33% Não paga o piso. Cumpre H-A

PE 1.451,00 --- 1.524,53 40H 30% Paga o piso, mas não cumpre H-A

PI 1.187,00 1.407,08 1.418,15 1.678,15 40H 30% Não paga o piso e não cumpre H-A

PR 611,81 --- 874,03 --- 20H 20% Não paga o piso e não cumpre H-A

RO 943,21 1.273,21 1.587,55 1.917,55 40H 33% Não paga o piso. Cumpre H-A

RN 1.088,52 --- 1.523,92 --- 30H 20% Paga o piso e não cumpre H-A

RJ --- --- --- --- --- --- Sem informação

RR 1.399,64 2.009,36 1.860,00 2.529,68 25H 25% Paga o piso proporcional, mas não cumpre H-A

RS 434,45 --- 770,66 -- 20H 20% Não paga o piso e não cumpre H-A

SC 1.234,48 1.743,10 1.435,20 1.994,00 40H 20% Não paga o piso e não cumpre H-A

SE 1.187,00 1.661,80 1.661,80 2.326,52 40H 37,50% Não paga o piso. Cumpre H-A

SP 1.718,02 --- 1.988,82 --- 40H 20% Paga o piso, mas não cumpre H-A

TO 1.329,00 --- 3.062,00 --- 40H 20% Não paga o piso e não cumpre H-A

Fonte: Sindicatos Filiados à CNTE.

1. O piso nacional do magistério corresponde à formação de nível médio do/a professor/a e sua referência encontra-se localizada na coluna “Vencimento” da tabela.

2. Os valores estabelecidos para a formação de nível superior são determinados pelos respectivos planos de carreira (leis estaduais).

3. A equivalência do piso à Lei 11.738, nesta tabela, considera o valor anunciado pelo MEC para 2012 (R$ 1.451,00). Para a CNTE, neste ano, o piso é de R$ 1.937,26, pois a Confederação considera (i) a atualização monetária em 2009 (primeiro ano de vigência efetiva da norma federal), (ii) a aplicação prospectiva do percentual de reajuste do Fundeb ao Piso (relação ano a ano); e (iii) a incidência de 60% para pagamento dos salários dos educadores, decorrente das complementações da União feitas através das MPs nº 484/2010 e 485/2010.

4. Nos estados do Espírito Santo e Minas Gerais, as remunerações correspondem ao subsídio implantado na forma de uma segunda car-reira para os profissionais da educação. Os valores integram vantagens pessoais dos servidores e os sindicatos da educação cobram a aplicação correta do piso na carreira do magistério.

5. Na maioria dos estados (e também dos municípios), a aplicação do piso tem registrado prejuízos às carreiras do magistério, ofenden-do, assim, o dispositivo constitucional (art. 206, V) que preconiza a valorização dos profissionais da educação por meio de planos de carreira que atraiam e mantenham os trabalhadores nas escolas públicas, contribuindo para a melhoria da qualidade da educação.

6. SE: em negociação para o pagamento do Piso.

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cArreirA PArA vAlorizAr oS ProfiSSioNAiS e quAlificAr A educAção

A Constituição Federal (CF) elegeu a carrei-ra dos profissionais da educação – junta-mente com o piso salarial – como princípio

para a valorização dos/as trabalhadores/as escola-res e para a qualidade da educação pública. O art. 206, V da CF exige o ingresso exclusivo na carreira escolar pública por meio de concurso de provas e tí-tulos, e o parágrafo único do mesmo artigo diz que lei disporá sobre as categorias de trabalhadores con-siderados profissionais da educação básica e sobre a fixação de prazo para a elaboração ou adequação de seus planos de carreira, no âmbito da União, dos Es-tados, do Distrito Federal e dos Municípios.

Segundo dados do Plano de Ações Articuladas (MEC, 2011), 57% dos municípios no Brasil não pos-suem planos de carreira para professores. No caso dos funcionários da educação, o índice é de quase 100%. Entre as redes estaduais, todas têm planos para o magistério, mas apenas 16 atendem aos fun-cionários, que também estão contemplados no tex-to constitucional, regulamentado pelo art. 61, III da Lei 9.394 (LDB).

A Lei 11.738 estabeleceu prazo até 31/12/2009 para estados e municípios criarem ou adaptarem seus planos de carreira ao vencimento básico na-cional da categoria (Piso). O projeto de PNE, em debate no Congresso, prevê prazo de 2 anos, após a promulgação da Lei, para que os entes federados estabeleçam planos de carreira para os profissio-nais da educação (professores e funcionários).

A grave omissão da maioria dos municípios, e de 11 estados no tocante ao plano de carreira dos funcionários da educação, deriva de uma prática perversa que visa à economia de recursos públicos, em contrariedade com a Constituição. Não raro, as redes de ensino possuem entre 30% e 50% (algu-mas até mais) de pessoal com vínculo temporário, transformando a exceção dos contratos por tempo

determinado (art. 37, IX da CF) em regra geral. E a estratégia 18.1 do PNE é fundamental para a rever-são desse cenário.

Os subterfúgios para “enxugar” as carreiras com-prometem gravemente a qualidade da educação e a valorização profissional. Sem estabilidade na car-reira, por exemplo, não há como o profissional de-dicar-se ao projeto pedagógico escolar, o qual exige permanente interação com a comunidade e entre os profissionais da escola. Também na carreira é que se estabelece a jornada de trabalho compatível com as demandas escolares (no caso do/a professor/a, no mínimo 1/3 de atividade extraclasse), assim como os instrumentos para a formação periódica de professores/as e funcionários/as da educação, as condições de trabalho (focando a saúde física e mental dos profissionais) e a garantia de remune-rações dignas que ajudem a atrair a juventude e a manter os/as educadores/as nas redes de ensino até a aposentadoria.

Em dezembro de 2011, a CNTE editou minuta de pro-jeto de lei para as carreiras unificadas dos profis-sionais da educação (professores e funcionários), com base na legislação nacional e nas Resoluções da Câmara de Educação Básica do Conselho Nacio-nal de Educação CNE/CEB nº 2/2009 e nº 5/2010. A proposta encontra-se disponível no endereço: http://www.cnte.org.br/images/stories/noticias/minuta_pl_diretrizes_carreira.pdf e poderá ser ab-sorvida por qualquer ente da federação, desde que discutida com os sindicatos da categoria e adap-tada à realidade local. A minuta também serviu de subsídio ao PL 2.826/11, que dispõe sobre as dire-trizes nacionais de carreira para os profissionais da educação, em trâmite na Câmara dos Deputados.

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A carreira dos profissionais da educação no projeto de PNE

Meta 18: Assegurar, no prazo de dois anos, a exis-tência de planos de carreira para os profissionais da educação básica pública em todos os sistemas de ensino, tendo como referência o piso salarial nacio-nal profissional, definido em lei federal, nos termos do art. 206, VIII, da Constituição Federal.

Estratégia 18.1: Estruturar as redes públicas de educação básica, de modo que pelo menos noventa por cento dos respectivos profissionais da educação sejam ocupantes de cargos de provimento efetivo e estejam em exercício nas redes escolares a que se encontram vinculados.

Estratégia 18.2: Instituir programa de acompa-nhamento do professor iniciante, supervisionado por profissional do magistério com experiência de ensino, a fim de fundamentar, com base em avalia-ção documentada, a decisão pela efetivação do pro-fessor ao final do estágio probatório.

Estratégia 18.3: Realizar prova nacional de admis-são de profissionais do magistério, cujos resultados possam ser utilizados, por adesão, pelos Estados, Distrito Federal e Municípios, em seus respectivos concursos públicos de admissão desses profissionais.

Estratégia 18.4: Prever, nos planos de carreira dos profissionais da educação dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, licenças remuneradas para qualificação profissional, inclusive em nível de pós-graduação stricto sensu.

Estratégia 18.5: Fomentar a oferta de cursos técni-cos de nível médio e tecnológicos de nível superior destinados à formação, em suas respectivas áreas de atuação, dos profissionais da educação de ou-tros segmentos que não os do magistério.

Estratégia 18.6: Implantar, no prazo de um ano de vigência desta Lei, política nacional de formação continuada para os profissionais da educação de outros segmentos que não os do magistério, cons-truída em regime de colaboração entre os entes fe-derados.

Estratégia 18.7: Realizar, no prazo de dois anos de vigência desta Lei, em regime de colaboração, o censo dos profissionais da educação básica de ou-tros segmentos que não os do magistério.

Estratégia 18.8: Considerar as especificidades so-cioculturais das escolas no campo e das comuni-dades indígenas e quilombolas no provimento de cargos efetivos para estas escolas.

Estratégia 18.9: Priorizar o repasse de transferên-cias voluntárias na área da educação para os Esta-dos, o Distrito Federal e os Municípios que tenham aprovado lei específica estabelecendo planos de carreira para os profissionais da educação.

Estratégia 18.10: Estimular a existência de comis-sões permanentes de profissionais da educação, em todas as instâncias da Federação, para subsidiar os órgãos competentes na implementação dos planos de carreira.

Comentário: A meta 18 e suas estratégias conta-ram com diversas contribuições da CNTE, sobretudo em relação (i) à regulamentação do piso salarial na-cional dos profissionais da educação (art. 206, VIII, CF), (ii) ao limite de contratos temporários para to-dos os profissionais (professores e funcionários), (iii) à vinculação dos profissionais nas secretarias de educação (especialmente os funcionários), (iv) à previsão de cursos de profissionalização e de for-mação continuada para os funcionários, (v) à rea-lização do censo dos profissionais da educação, e (vi) à gestão paritária para formulação e/ou ade-quação dos planos de carreira.

Sobre a Prova de Concurso Nacional para o Magis-tério, a mesma limita-se a servir de alternativa para redes de ensino contratarem profissionais na carreira docente. O cadastro não permite a utiliza-ção para contrato de profissionais temporários. Às universidades e aos educadores em geral competem acompanhar o processo de composição dos conte-údos da Prova Nacional, a fim de evitar aspectos das competências, que limitam o papel social do professor/a na construção dos saberes escolares.

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formAção do mAgiStério e ProfiSSioNAlizAção doS fuNcioNárioS dA educAção

E studo divulgado em dezembro de 2011 pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) re-velou que faltam 300 mil professores nas

redes públicas de ensino do país. Somam-se a esse número os cerca de 600 mil docentes sem habili-tação compatível para as disciplinas que lecionam nas escolas de nível básico (MEC, Inep, 2009).

No caso dos funcionários da educação, desde 2005, o MEC desenvolve programa de profissionalização em parceria com estados e municípios, mas a meta de profissionalizar 100 mil trabalhadores até 2011 apenas chegou próximo da metade. Recorrentes faltas de materiais didáticos e o baixo incentivo dos sistemas de ensino – do ponto de vista das condições para a frequência dos/as funcionários/as nos cursos e de reconhecimento da qualificação profissional na carreira – comprometem a expansão do Profuncionário e inibem a implantação de cur-sos tecnológicos para esses profissionais.

A falta de educadores nas escolas ocorre principal-mente em razão dos baixos salários, da ausência de planos de carreira e das precárias condições de trabalho, em grande parte das redes públicas de en-sino. Registre-se que os cursos de licenciatura são os que apresentam o maior número de vagas ocio-sas nas universidades (especialmente nos grandes centros urbanos) e que seus formandos quase sem-pre optam por carreiras melhor remuneradas e com mais destaque social – o que prova a importância das políticas sistêmicas para a valorização profis-sional (formação, salário/piso, carreira, jornada, condições de trabalho).

O Plano Nacional de Formação de Profissionais do Magistério da Educação Básica, lançado em 2009 pelo Decreto 6.755, tem por objetivo mapear as ca-rências de profissionais e articular o atendimento das demandas formativas em parcerias entre os fóruns estaduais de apoio à formação docente, as

universidades públicas e os governos de estados e municípios. Contudo, a não institucionalização da medida (Decreto não é Lei!) e as “rixas” políticas locais e nacionais (ou mesmo a falta de compromis-so com a educação) dificultam o comprometimento de todos os gestores com essa política de extrema importância para a qualidade da educação.

Por óbvio não basta identificar as carências e propor políticas. A principal queixa dos/as professores/as e funcionários/as em atividade nas redes de ensino – sem a habilitação apropriada para o cargo/função – concentra-se nos impedimentos impostos pelos sistemas educacionais para frequentarem os cur-sos de formação. O acesso às instituições públicas e gratuitas é outro entrave em algumas localidades do país, sobretudo nas zonas rurais e nas microrre-giões que não contam com instituições de ensino superior.

Embora se admita a profissionalização dos fun-cionários em cursos de nível médio à distância, a exemplo do Profuncionário, no caso da formação inicial em nível superior (tanto para professo-res como para funcionários) a prática do ensino a distância não é recomendável em razão da com-plexidade que envolve não apenas os conteúdos teóricos, mas a didática de ensino e as relações intersubjetivas inatas à convivência no ambiente escolar. Os princípios da gestão democrática, do pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas exigem a socialização de experiências de forma di-reta e permanente entre os sujeitos da formação.

Sobre o aspecto curricular da formação, é premen-te a necessidade de as universidades socializarem conhecimentos com quem está no “chão da esco-la”. O objetivo da interação (escola-universidade) deve concentrar na instrumentalização dos profis-sionais, à luz das demandas sociais e pedagógicas da escola, evitando os modelos de competências

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que não dialogam com a educação crítica e de con-teúdos inovadores, bem como fortalecendo as con-cepções de projeto político pedagógico e de gestão democrática.

Tão importante quanto a formação inicial é a insti-tuição de política pública voltada à formação con-tinuada dos trabalhadores em educação – ausente no Brasil. Além de focar a qualificação profissional (individual e coletiva), essa política também deve preocupar-se em manter a escola atrativa aos estu-dantes e a seus familiares, os quais devem ser con-vidados, cada vez mais, a participarem do projeto pedagógico e da gestão da escola.

A formação do magistério no projeto de PNE (as estratégias para a profissionalização dos funcionários encontram-se distribuídas na meta 18) Meta 15: Garantir, em regime de colaboração entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, no prazo de um ano de vigência deste PNE, política nacional de formação e valorização dos profissionais da educação, assegurado que, no quinto ano de vigência deste plano, oitenta e cinco por cento e, no décimo ano, todos os professores da educação básica possuam formação específica de nível superior, obtida em curso de licenciatura na área de conhecimento em que atuam.

Estratégia 15.4: Consolidar plataforma eletrônica para organizar a oferta e as matrículas em cursos de formação inicial e continuada de profissionais da educação, bem como para divulgação e atualização dos currículos eletrônicos dos docentes.

Estratégia 15.5: Implementar programas especí-ficos para formação de profissionais da educação para as escolas do campo, de comunidades indíge-nas e quilombolas e para a educação especial.

Estratégia 15.6: Promover a reforma curricular dos cursos de licenciatura e estimular a renovação pedagógica, de forma a assegurar o foco no apren-dizado do aluno, dividindo a carga horária em for-mação geral, formação na área do saber e didática específica e incorporando as modernas tecnologias de informação e comunicação.

Estratégia 15.9: Implementar cursos e progra-mas especiais para assegurar formação específica

na educação superior, em suas respectivas áreas de atuação, aos docentes, com formação de nível médio na modalidade normal, não licenciados ou licenciados em área diversa da de atuação docente, em efetivo exercício.

Meta 16: Formar em nível de pós-graduação trinta e cinco por cento, até o quinto ano, e cinquenta por cento dos professores da educação básica, até o úl-timo ano de vigência deste PNE, e garantir a todos formação continuada em sua área de atuação, con-siderando as necessidades, demandas e contextua-lizações dos sistemas de ensino.

Estratégia 16.1: Realizar, em regime de colabo-ração, o planejamento estratégico para dimensio-namento da demanda por formação continuada e fomentar a respectiva oferta por parte das insti-tuições públicas de educação superior, de forma orgânica e articulada às políticas de formação dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

Estratégia 16.2: Consolidar sistema nacional de formação de professores da educação básica, defi-nindo diretrizes nacionais, áreas prioritárias, ins-tituições formadoras e processos de certificação das atividades formativas.

Estratégia 16.5: Ampliar a oferta de bolsas de es-tudo para pós-graduação dos professores e demais profissionais da educação básica.

Comentário: Sobre as metas 15 e 16 do PNE, e suas estratégias, a CNTE reivindica a institucionalização das políticas de formação inicial e continuada para os trabalhadores da educação, a oferta pública e gratuita de cursos para todas as áreas da formação docente e dos funcionários da educação, a prio-ridade do caráter presencial à formação inicial, a instituição de política pública para a formação con-tinuada em âmbito da plataforma Freire e a implan-tação dos fóruns de apoio à formação docente em todos os estados – e fóruns correlatos ou unificados visando contemplar os funcionários da educação.

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terceirizAção e geStão democráticA

A valorização dos profissionais da educação e a gestão democrática são princípios constitu-cionais (art. 206, V e VI) inerentes à qualida-

de da educação e devem ser observados por todos os gestores responsáveis pela organização dos sistemas públicos de nível básico (da creche ao ensino médio).

Mesmo antes da unificação nacional dos trabalhado-res em educação (1990), as entidades que passaram a integrar a CNTE já reconheciam a importância da pro-fissionalização e da valorização de todos os trabalha-dores escolares (professores, especialistas e funcioná-rios), e equiparavam essas políticas públicas à neces-sidade de maior participação da comunidade escolar nas decisões pedagógicas e administrativas da escola.

Não obstante a resistência do movimento sindical à terceirização – tendo proposto o Profuncionário, ins-tituído pela 21ª Área Profissional de serviço de apoio escolar –, essa prática danosa para a educação tem se espalhado de forma avassaladora pelo país, desrespei-tando também a identidade profissional dos/as edu-cadores/as. Pesquisa da CNTE (2012), realizada em 16 estados, constatou que em apenas um deles a tercei-rização dos serviços escolares não avançou sobre as atividades desenvolvidas pelos funcionários – secre-taria/administração, manutenção de infraestruturas (segurança, limpeza etc), multimeios didáticos e ali-mentação escolar. Em todos os outros a terceirização ocorre, via de regra, por contratação de empresas pri-vadas ou de pessoas físicas em caráter temporário, ou mesmo das duas formas.

Quadro da terceirização na educação básica em 16 redes estaduais

Contratação de empresas São Paulo, Bahia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Espírito Santo, Maranhão, Acre, Alagoas, Pernambuco, Rondônia, Roraima e Santa Catarina.

Contratação de temporários Bahia, Mato Grosso, Santa Catarina, Ceará, Minas Gerais e Goiás.

*Apenas o Rio Grande do Sul não apresentou regis-tros de terceirização.

A CNTE reitera a importância da qualificação pro-fissional e do vínculo dos trabalhadores escolares ao projeto pedagógico da escola, pois sem essas condições todas as outras políticas educacionais (infraestrutura, gestão, currículo, avaliação etc) ficam comprometidas. Contraditoriamente, a ter-ceirização não tem impedido que muitos gestores imputem aos profissionais da educação a culpa pe-los resultados negativos sobre a proficiência dos estudantes, numa clara tentativa de esconder da opinião pública os efeitos dessa prática irrespon-sável e perversa para a qualidade do ensino, mas altamente lucrativa do ponto de vista financeiro.

Ainda que não haja dados científicos em larga escala, algumas consultas públicas demonstram que a gestão democrática inibe a terceirização e promove a quali-dade do ensino. E é bom esclarecer que a interação da comunidade com a escola e com as políticas educa-cionais não se limita à eleição de diretores; abrange também a participação nos conselhos municipal, dis-trital, estadual e nacional de educação, nos fóruns de construção de políticas públicas, nos conselhos esco-lares, dentre outros espaços.

Neste sentido, o diagnóstico do PNE, realizado com base em dados do Sistema de Avaliação da Educa-ção Básica (Saeb, 2007) coletados através de con-sulta a 36.443 diretores de escolas públicas, indica a proporção do êxito da gestão democrática. Entre as escolas que mantêm eleição de diretores e as que sofrem a indicação política dos gestores, a ausên-cia de conselhos escolares é menor nas primeiras (8,5% contra 15%), ao tempo em que a assiduida-de das reuniões é maior (83% reúne-se ao menos 3

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13ª Semana Nacional em Defesa e Promoção da Educação Públ ica » 21 a 27 de abri l de 2012

vezes no ano contra 74% das que não tem eleição); a inexistência de conselhos de classe atinge 9,7% nas escolas com gestão democrática contra 18% nas demais. Outras diferenças positivas entre as escolas que praticam eleição e as que não praticam: os pro-jetos político pedagógicos não são realizados em apenas 2,5% contra 5,8%; a formação continuada dos educadores é promovida em maior escala (66% contra 57,8%); a evasão e a reprovação são menores (56,8% contra 67,8% e 70,5% contra 81,6%, res-pectivamente); a variação média do Índice de De-senvolvimento da Educação Básica (Ideb) referente aos anos iniciais do ensino fundamental é maior (0,53 contra 0,45) e, consequentemente, a procura por vagas acaba sendo também maior nas escolas com gestão democrática (44,6% contra 40,2%).

A gestão democrática no projeto de PNE

Meta 19: Assegurar condições, no prazo de dois anos, para efetivação da gestão democrática da educação, no âmbito das escolas públicas e siste-mas de ensino, prevendo recursos e apoio técnico da União para tanto.

Comentário: A CNTE luta para que uma emenda constitucional institua a gestão democrática nas escolas e nos sistemas de ensino, a fim de padroni-zar seu conceito e aplicação em todo país.

Estratégia 19.1: Priorizar o repasse de transferên-cias voluntárias da União na área da educação para os Estados, o Distrito Federal e os Municípios que tenham aprovado legislação específica que regula-mente a matéria na área de sua abrangência, res-peitando-se a legislação nacional, e que considere conjuntamente, para a nomeação dos diretores de escola, critérios técnicos de mérito e desempenho, bem como a participação da comunidade escolar.

Comentário: A proposta da CNTE é de radicalização das eleições escolares, sem qualquer impedimento para a disputa dos profissionais da educação. Isso não impede que o Poder Público, posteriormente às eleições, capacite os membros das direções que tiveram os projetos de gestão eleitos legitimamente pela comunidade.

Estratégia 19.2: Ampliar os programas de apoio e for-mação aos conselheiros dos conselhos de acompanha-mento e controle social do Fundeb, conselhos de ali-mentação escolar, conselhos regionais e outros; e aos

representantes educacionais em demais conselhos de acompanhamento de políticas públicas.

Comentário: A exemplo da estratégia 19.5, deve--se também fazer referência à instituição legal e soberana desses colegiados, muitas vezes despre-zados ou manipulados pelos gestores públicos.

Estratégia 19.3: Incentivar os Estados, o Distrito Federal e os Municípios a constituir Fóruns Perma-nentes de Educação, com o intuito de coordenar as conferências municipais, estaduais e distrital bem como efetuar o monitoramento da execução deste PNE e dos seus planos de educação.

Comentário: Os fóruns precisam ser institucionali-zados e constar das leis de gestão democrática dos estados e municípios.

Estratégia 19.4: Estimular a constituição e o forta-lecimento de grêmios estudantis e de associações de pais e mestres, assegurando-se, inclusive, es-paço adequado e condições de funcionamento na instituição escolar.

Comentário: Melhor ainda seria se o PNE reforçasse a presença incondicional desses colegiados no Con-selho Escolar.

Estratégia 19.5: Estimular a constituição e o for-talecimento de conselhos escolares e conselhos municipais de educação, como instrumentos de participação e fiscalização na gestão escolar e edu-cacional, inclusive por meio de programas de for-mação de conselheiros, assegurando-se condições de funcionamento autônomo.

Comentário: A estratégia atende às reivindicações da comunidade educacional.

Estratégia 19.6: Estimular a participação e a con-sulta na formulação dos projetos político-pedagó-gicos, currículos escolares, planos de gestão esco-lar e regimentos escolares por profissionais da edu-cação, alunos e familiares.

Comentário: A orientação deve ser ampliada para as demais políticas públicas, sobretudo as que se voltam diretamente para a escola, como o Plano de Ações Articulados que compreende o PDE-Escola.

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13ª Semana Nacional em Defesa e Promoção da Educação Públ ica » 21 a 27 de abri l de 2012

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SINTEAC/AC - Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Acre

SINTEAL/AL - Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Alagoas

SINTEAM/AM - Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado do Amazonas

SINSEPEAP/AP - Sindicato dos Servidores Públicos em Educação do Amapá

APLB/BA - Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia

ASPROLF/BA - Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Lauro de Freitas

SISE/BA - Sindicato dos Servidores em Educação no Município de Campo Formoso - Bahia

SISPEC/BA - Sindicato dos Professores da Rede Pública Municipal de Camaçari

SINDIUTE/CE - Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação do Ceará

APEOC/CE - Associação dos Professores de Estabelecimentos Oficiais Ceará

SAE/DF - Sindicato dos Auxiliares de Administração Escolar no Distrito Federal

SINPRO/DF - Sindicato dos Professores no Distrito Federal

SINDIUPES/ES - Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Espírito Santo

SINTEGO/GO - Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Goiás

SINPROESEMMA/MA - Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública Estadual e Municipais do Maranhão

SINTERPUM/MA - Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Rede Pública Municipal de Timon

Sind-UTE/MG - Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais

FETEMS/MS - Federação dos Trabalhadores em Educação de Mato Grosso do Sul

SINTEP/MT - Sindicato dos Trabalhadores do Ensino Público de Mato Grosso

SINTEPP/PA - Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Pará

SINTEP/PB - Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Paraíba

SINTEM/PB - Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Município de João Pessoa

SINTEPE/PE - Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Pernambuco

SIMPERE/PE - Sindicato Municipal dos Profissionais de Ensino da Rede Oficial de Recife

SINPROJA/PE - Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Município do Jaboatão dos Guararapes

SINPMOL/PE - Sindicato dos Professores da Rede Municipal de Olinda

SINTE/PI - Sindicato dos Trabalhadores em Educação Básica Pública do Piauí

SINPROSUL/PI - Sindicato dos Professores Municipais do Extremo Sul do Piauí

APP/PR - Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná

SISMMAC/PR - Sindicato dos Servidores do Magistério Municipal de Curitiba

SISMMAR/PR - Sindicato Dos Servidores do Magistério Municipal de Araucária

SINTE/RN - Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Rede Pública do Rio Grande do Norte

SINTERO/RO - Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado de Rondônia

SINTER/RR - Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Roraima

CPERS/RS - Centro dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul - Sindicato dos Trabalhadores em Educação

SINTERG - Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Rio Gande

SINPROSM/RS - Sindicato dos Professores Municipais de Santa Maria / RS

SINTE/SC - Sind. dos Trab. em Educação da Rede Pública de Ensino do Estado de Santa Catarina

SINTESE/SE - Sind. dos Trab. em Educação Básica da Rede Oficial de Sergipe

SINDIPEMA/SE - Sindicato dos Profissionais de Ensino do Município de Aracaju

AFUSE/SP - Sindicato dos Funcionários e Servidores da Educação

APEOESP SP - Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo

SINPEEM/SP –Sindicato dos Profissionais em Educação no Ensino Municipal de São Paulo

SINTET/TO - Sindicato dos Trabalhadores em Educação no Estado do Tocantins

Entidades Filiadas à CNTE

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DIREÇÃO EXECUTIVA DA CNTE - Gestão 2011/2014

Roberto Franklin de Leão (SP) - Presidente Milton Canuto de Almeida (AL) - Vice-PresidenteAntonio Lisbôa Amâncio Vale (DF) - Secretário de FinançasMarta Vanelli (SC) - Secretária GeralFátima Aparecida da Silva (MS) - Secretária de Relações InternacionaisHeleno Araújo Filho (PE) - Secretário de Assuntos EducacionaisAlvísio Jacó Ely (SC) - Secretário de Imprensa e DivulgaçãoRui Oliveira (BA) - Secretário de Política SindicalGilmar Soares Ferreira (MT) - Secretário de FormaçãoMarilda de Abreu Araújo (MG) - Secretária de OrganizaçãoMarco Antonio Soares (SP) - Secretário de Políticas SociaisIsis Tavares Neves (AM) - Secretária de Relações de GêneroJoaquim Juscelino Linhares Cunha (CE) - Secretário de Aposentados e Assuntos PrevidenciáriosAna Denise Ribas de Oliveira (RS) - Secretária de Assuntos Jurídicos e LegislativosMaria Antonieta da Trindade (PE) - Secretária de Saúde dos(as) Trabalhadores(as) em EducaçãoSelene Barboza Michielin Rodrigues (RS) - Secretária de Assuntos MunicipaisJosé Carlos Bueno do Prado - Zezinho (SP) - Secretário de Direitos HumanosClaudir Mata Magalhães de Sales (RO) - Secretaria ExecutivaOdair José Neves dos Santos (MA) - Secretaria ExecutivaJosé Valdivino de Moraes (PR) - Secretaria ExecutivaJoel de Almeida Santos (SE) - Secretaria Executiva

SUPLENTES Carlos Lima Furtado (TO)Janeayre Almeida de Souto (RN)Rosimar do Prado Carvalho (MG)João Alexandrino de Oliveira (PE)Paulina Pereira Silva de Almeida (PI)Francisco de Assis Silva (RN)Denise Rodrigues Goulart (RS)Alex Santos Saratt (RS)

CONSELHO FISCAL - TITULARESMario Sergio F. de Souza (PR)Ivaneia de Souza Alves (AP)Rosana Sousa do Nascimento (AC)Berenice Jacinto D’arc (DF)Jakes Paulo Félix dos Santos (MG)

CONSELHO FISCAL - SUPLENTESIda Irma Dettmer (RS)Francisco Martins Silva (PI)Francisca Pereira da Rocha Seixas (SP)

COORd. dO dEPTO. dE FUNCIONáRIOS dE ESCOLA (dEFE)Edmilson Ramos - Lamparina (DF)

COORd. dO dEPTO. dE ESPECIALISTAS Em EdUCAçãO (dESPE)Maria Madalena A. Alcântara (ES)

DIREÇÃO EXECUTIVA DA CNTE Gestão 2011/2014

13ª Semana Nacional em Defesa e Promoção da Educação Pública

de 21 a 27 de abril de 2012

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CNTE - SDS - Edifício Venâncio III, Salas 101/107 - Brasília/DF - CEP 70393-900, Tel.: (61) 3225-1003 - Fax: 3225-2685 - [email protected] - www.cnte.org.br

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