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O texto discute a crescente espetacularização da vida privada no Instagram. O principal argumento desenvolvido, a partir de estudos do campo da cibercultura, em especial sobre os hábitos e modos de ser dos sujeitos nas redes sociais na internet, é o de que a cultura contemporânea promove e celebra diversos tipos de confusões entre o privado e o público, o anonimato e a celebridade.
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UNIVERSIDADE PAULISTA
CÉSAR DIAS
DONISETE ASSIS
FÁBIO CARVALHO
GISELE GOMES
NEUBER FISCHER
A ESPETACULARIZAÇÃO DA VIDA PRIVADA NO INSTAGRAM
São Paulo2012
CÉSAR DIAS
DONISETE ASSIS
FÁBIO CARVALHO
GISELE GOMES
NEUBER FISCHER
A ESPETACULARIZAÇÃO DA VIDA PRIVADA NO INSTAGRAM
Trabalho avaliativo para a disciplina de Mídia e Sociedade, lecionada pela Profª Suzana Laranjeira, do curso de pós-graduação MBC – Comunicação e Mídia, apresentado à Universidade Paulista – UNIP.
São Paulo2012
RESUMO
O texto discute a crescente espetacularização da vida privada no Instagram. O principal
argumento desenvolvido, a partir de estudos do campo da cibercultura, em especial sobre os
hábitos e modos de ser dos sujeitos nas redes sociais na internet, é o de que a cultura
contemporânea promove e celebra diversos tipos de confusões entre o privado e o público, o
anonimato e a celebridade. O estudo conclui que a intimidade, a privacidade, a vida guardada
em segredos são valores atualmente considerados progressivamente obsoletos, pois, parece, a
vida só tem sentido e razão de ser se for mostrada, narrada, exibida das mais diversas
maneiras, em tempo real. O Instagram potencializa uma economia de capital social baseada na
reputação que cada um constrói de si mesmo e aprende, com prazer, em todos os detalhes, a
administrar e promover incessantemente. E nesse sentido escolhemos um caso de grande
repercussão para ilustrar o trabalho, o caso Sônia Abrão e sua foto de maiô.
PALAVRAS-CHAVE: Espetacularização, Público, Privado, Instagram, Sônia Abrão
ABSTRACT
The paper discusses the growing spectacle of privacy in Instagram. The main argument
developed from the field of cyberculture studies, particularly on the habits and ways of being
of individuals in social networks on the internet, is that contemporary culture celebrates and
promotes various types of confusion between private and public, anonymity and celebrity. The
study concludes that intimacy, privacy, life guarded secrets in values are now considered
obsolete progressively, it seems, life only has meaning and purpose if displayed, narrated,
displayed in various ways, in real time . The Instagram leverages an economy of social capital
based on the reputation that each builds himself and learns with pleasure in every detail, to
administer and promote incessantly. And in this sense we choosed a case of great impact, the
case Sônia Abrão and her swimsuit photo.
KEY-WORDS: Spectacle; Public, Privacy, Instagram, Sônia Abrão
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO......................................................................................................................5
2. A ESPETACULARIZAÇÃO DA VIDA PRIVADA NO INSTAGRAM................................7
2.1 O público e o privado................................................................................................7
2.2 A vida privada compartilhada...................................................................................9
3. O QUE É O INSTAGRAM...................................................................................................11
3.1 O que é o Twitter.....................................................................................................13
3.2 O que é o Facebook.................................................................................................14
4. O CASO SÔNIA ABRÃO....................................................................................................14
4.1 Quem é Sônia Abrão...............................................................................................16
5. O PROCESSO DA ESPETACULARIZAÇÃO....................................................................16
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................................18
7. REFERÊNCIAS....................................................................................................................21
8. ANEXOS...............................................................................................................................23
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1. INTRODUÇÃO
O objetivo do trabalho é analisar, a partir de alguns exemplos, um fenômeno
recorrente no cenário atual: a crescente espetacularização da vida privada no Instagram. A
cotidiana espetacularização do sujeito é progressivamente associada aos espaços de
constituição e manutenção de redes sociais na internet. Na rede, são muitos os ambientes onde
as pessoas, de todas as idades, condições econômicas e graus de escolaridade, transformam as
pequenas ações do dia a dia em performances dignas de exibições. Nesse contexto, cada
sujeito passa a ser valorizado socialmente em função da capacidade que desenvolve para dar
visibilidade a si mesmo, ao que pensa, faz ou gostaria de fazer. Os sites de redes sociais se
tornaram o lugar privilegiado para o sujeito, sempre conectado, falar de si, produzir e divulgar
imagens, seus gostos, suas condutas de vida pessoal, acadêmica e profissional.
Nesse contexto, o Instagram rapidamente passou a ser, para milhares de pessoas, a
ferramenta ideal para a exibição de si, provavelmente em função da sua simplicidade e
rapidez. Para elaborar essa análise, escolhemos o Instagram como objeto de estudo. O
principal argumento desenvolvido é o de que a cultura contemporânea promove e celebra
diversos tipos de confusões entre o privado e o público. O trabalho enfatiza que as antigas
fronteiras entre o público e o privado, o anonimato e a celebridade, se misturaram na
cibercultura e que, de certo modo, numa rede social, parecem mesmo ter desaparecido.
O estudo conclui que a intimidade, a privacidade, a vida guardada em segredos são
valores atualmente considerados cada vez mais obsoletos, apesar dos inúmeros lamentos que
aparecem em muitos lugares e sobrevivem em tantas pessoas. Parece que agora a vida só tem
sentido e razão de ser se for mostrada, narrada, exibida das mais diversas maneiras em tempo
real. O Instagram, aliado ao Twitter e ao Facebook potencializa uma economia de capital
social baseada na reputação que cada um constrói de si mesmo e aprende, com prazer, em
todos os detalhes, a administrar e promover-se incessantemente.
O trabalho está estruturado em cinco tópicos complementares. O primeiro, intitulado
“O público e o privado”, discute a origem desses conceitos e mostra como as fronteiras
aparentemente delimitadas entre eles se embaralharam na atualidade. O segundo, “A vida
privada compartilhada no Instagram”, discute como as práticas sociais e pessoais são
redimensionadas nas redes sociais digitais em função do progressivo ato de mostrar-se a si
mesmo. Vivemos a era do atrofiamento da intimidade em prol da festiva exibição das
preferências pessoais convertidas em importantes elos publicitários. O terceiro, definimos o
6
que é e como utilizar o Instagram, o Twitter, e o Facebook. Na quarta parte estudamos o caso
Sônia Abrão. Por fim concentramos na análise do “Processo da Espetacularização”, as
estratégias usadas para fazer com que a publicização de si ganhe visibilidade e estatuto de
fama instantânea, isto é, dê popularidade aos sujeitos.
O trabalho conclui que o Instagram faz sucesso porque agrega o espetáculo da
intimidade de influenciadores profissionais (os já famosos nas mais diversas mídias) mesclado
com o de milhares de anônimos de diferentes áreas e nações, que sonham com o fim do
anonimato ao pretender construir-se na rede em função de uma maior, e talvez mais
duradoura, visibilidade.
7
2. A ESPETACULARIZAÇÃO DA VIDA PRIVADA NO INSTAGRAM
2.1 O público e o privado
O que é público normalmente é entendido como oposto ao que é privado ou ao que é
secreto. O público é o que o sujeito quer revelar de si e o quanto quer revelar. O privado diz
respeito ao que deseja manter oculto, guardado em segredo, normalmente só revelado para os
íntimos, em circunstâncias de total confiança. Mas no mundo virtual, nas redes sociais, seria
isso mesmo? Estes conceitos instigam os homens há muitas décadas, eles servem para
delimitar espaços, orientar condutas e modos de ser dos sujeitos em convívio com seus
semelhantes.
Essa relação dicotômica, tradicionalmente coloca em polos distintos o público e o
privado, desde à Grécia Antiga. O conceito de privado, neste sentido, já indicava oposição ao
de público. O espaço privado era considerado aquele onde eram estabelecidas as interações e
relações de parentesco e amizade, sobretudo incluindo aqueles que não eram considerados
cidadãos, não eram livres, como mulheres e escravos. É o espaço de casa, da família:
Segundo o pensamento grego, a capacidade humana de organização política não apenas difere, mas é diretamente oposta a essa associação natural cujo centro é constituído pela casa (oikia) e pela família. O surgimento da cidade-estado significava que o homem recebera, além de sua vida privada, uma espécie de segunda vida, o seu bios politikos. Agora o cidadão pertence a duas ordens de existência; e há uma grande diferença em sua vida entre aquilo que lhe é próprio (idion) e o que é comum (koinon) (Arendt, 2005, p. 33).
Nesta época, o espaço público era valorizado socialmente, o lugar por excelência do
masculino, em oposição à esfera do privado, socialmente desvalorizada e território próprio do
feminino. Assim, para os gregos, público remete ao coletivo, à sociedade igualitária e viril, e o
privado aponta para a particularidade, as desigualdades, as intimidades, as fragilidades
femininas, aquém do mundo dos negócios.
A separação entre os espaços públicos e privados perdura por séculos e ganha destaque
na Europa dos XVIII e XIX, quando se origina no universo burguês um espaço de refúgio
para as famílias e o indivíduo, uma arena em que se mantivessem as instituições familiares
salvas das exigências e dos perigos dos meios públicos. Ou seja, um processo dicotômico de
esgotamento e estigmatização da vida pública e o início da valorização da intimidade.
8
A progressiva valorização destes espaços privados, sobretudo os lares, e os cômodos
ainda mais íntimos dessas residências, como os quartos, constituíam-se apelo à reflexão
introspectiva (Sibilia, 2008). Essas reflexões, dizeres, pensamentos, desejos eram restritos ao
espaço da privacidade do indivíduo, aos quartos individuais, às cabines de leitura e escrita.
Muito pouco do eu, da intimidade, era divulgado. Os segredos eram cultivados e firmemente
preservados, passando a integrar um modo de vida. Contudo, segundo Habermas (2003), as
transformações conceituais e de funções do público e do privado, em virtude do arranjo
moderno, forjam uma esfera pública e, consequentemente, um espaço no qual as temáticas e
assuntos privados passam a ser expostos, debatidos, criticados, discutidos, implicando
sínteses, julgamentos e/ou consensos. Esse movimento origina a opinião pública e é
potencializado pelos meios de comunicação de massa, que são fundamentais para a mudança
da estrutura daquilo que é da dimensão da esfera pública, enfraquecendo as fronteiras entre
público e privado.
A privatização do público, sobretudo em termos políticos, e a publicização do privado,
na dimensão da opinião, do dizer, do comunicar, instituem-se como paradoxos ainda da era
moderna. No cenário contemporâneo, com a internet, a comunicação ganha largo espaço, e
esse movimento implica no fim, para muitos considerado, do limite entre aquilo que é da
esfera pública e aquilo que é da esfera privada. Habermas (2003), ainda no século passado,
após revisões à sua crítica ao declínio da esfera pública na modernidade, assume que grupos
com pouco poder aparente na mídia de massa tradicional arquitetam/estabelecem lugares
alternativos de visibilidade e afirmação.
Essa dinâmica de possibilidades de espaços diferenciados para publicização de
opiniões, ideias e, inclusive, de exibição da intimidade, ganha corpo com os adventos das
tecnologias digitais da informação e comunicação, sobretudo, a internet. A internet e seus
múltiplos espaços questionam as demarcações entre aquilo que era considerado público e
privado e confundem cada vez mais essas experiências na vida dos sujeitos contemporâneos.
A internet propicia a criação de um novo ambiente público, no qual a exposição do
íntimo e particular torna-se cada vez mais comum, saciando o egocentrismo humano
resultando em propagações sem precedentes do conteúdo oferecido. A partir daí, tudo pode e
deve ser espetacularizado. A exibição da intimidade na internet passa a ser marcada pelos
desejos de megalomanias e excentricidades. Essas possibilidades estruturam os modos de
existência na cibercultura. Nas fotos e vídeos, mostra-se incessantemente as formas de ser e
estar no mundo, festeja perplexas e inusitadas subjetividades, pois agora todos são
convidados, de modo informal e espontâneo, a compartilhar na rede todos os ângulos da vida.
9
É a partir daí que as vidas privadas são oferecidas alegremente para o consumo prazeroso de
milhares de pessoas do mundo inteiro.
2.2 A vida privada compartilhada
Andy Warhol, nos idos de 1960, disse que num futuro próximo todo mundo teria os
seus 15 minutos de fama. Naquela época, é provável que o artista referi-se às transformações
que a sociedade contemporânea vivenciava em relação às confusões entre os espaços públicos
e privados. Essa desordem significava divulgar sem receios, tornar público o que seria
privado. Nesse sentido, tudo agora é público. Só existe vida pública.
Como Guy Debord menciona no livro “A Sociedade do Espetáculo”: O espetáculo não
é um conjunto de imagens, mas uma relação social entre pessoas mediatizada por imagens.
Atualmente, estar no espaço público é estar nos meios de comunicação, na mídia, na tela, seja
ela do cinema, da televisão, do computador ou do celular. A dinâmica da cultura
contemporânea está intimamente relacionada aos aparatos tecnológicos e às novas dimensões
de tempo e espaço proporcionados pelas tecnologias digitais da informação e comunicação.
Esta relação não ocorre de maneira hierárquica, determinista e excludente. Toda a sociedade é
afetada e transformada pelas implicações proporcionadas por estes mecanismos, sobretudo,
por serem produtos da criatividade e capacidade cognitiva humana.
Neste sentido, a internet é um dos elementos que mais foi transformado pelo homem e,
na mesma proporção, transformou os seus modos de ser. Sem dúvidas, a comunicação foi uma
das áreas mais favorecidas, ampliadas e ressignificadas após o advento da internet,
principalmente a chamada web 2.0. A partir deste espaço, que também rompe com conceitos
geográficos clássicos, as formas de dizer, debater, difundir e divulgar informações tornaram-
se ainda mais dinâmicas, instantâneas, amplas e essenciais na sociedade em rede (Castells,
2003).
Este processo de redimensionamento de modelos sociais e práticas de interação,
provocado pela internet, estrutura os ambientes virtuais, os quais funcionam muitas vezes
como extensões das vivências, experiências e trocas presenciais. A maior parte destes
ambientes tem como pressupostos fundantes a comunicação e a interação social, ambas
mediadas pelo computador. A internet, segundo Castells (2003), provocou uma revolução
similar à promovida pela prensa de Gutemberg, ou seja, ela permitiu que as dimensões
10
espaçotemporais fossem redimensionadas de modo a aproximar e borrar fronteiras e, em
alguns momentos, desconsiderar as noções de temporalidade clássica.
A internet é também redimensionadora das dimensões entre o público e o privado na
cibercultura do século XXI. As fronteiras entre o que recentemente seria considerado público
e o que seria privado estão bem mais diluídas e, na maioria das vezes, confundidas. A internet
é paradoxal, visto que implica a estrutura social e é implicada por ela, ou seja, é reflexo da
sociedade cada vez mais conectada, em rede. Nela a publicização de elementos da vida
privada, íntima, particular, está muito presente e, provavelmente, intensamente maior que em
qualquer outro espaço social, é a vida particular de todos que se baniu em universo
especulativo. Nos últimos anos, alguns ambientes destacaram-se no cenário virtual e passaram
a fazer parte da vida e dos discursos das pessoas, nas conversas de bar, nos escritórios, nas
escolas. As redes sociais agora parecem girar em torno de espaços ou softwares como MSN,
Skype, Second Life, Blogs, Orkut, Facebook, Twitter, Instagram, etc., e se estruturam cada
vez mais a partir das chamadas redes sociais digitais. E neste contexto, algo bastante comum,
vem acontecendo. São as imagens espetaculares da vida privada, produzidas e compartilhadas
pelo aplicativo Instagram. O conhecido narcisismo, tão em voga nos dia atuais.
Neste caso, das representações narcisistas, os conteúdos são, na maioria das vezes, a
externalização completa da privacidade, sempre de dimensão particular e privada, de pouco
interesse público no contexto geral, mas de grande interesse do público, ávidos pela vida
alheia, ou até mesmo o que chamamos de voyeurismo.
A espetacularização da vida privada, neste caso, é uma necessidade de ser visto,
seguido, percebido na relação. Contudo, não são apenas os narcisistas a tornar públicas suas
intimidades, mesmo que em graus diferentes. Esse grupo é apenas um dos muitos que
coexistem na internet. De modo geral, o que temos é a progressiva valorização social pela
conduta de expor a si mesmo nos ambientes das redes sociais. Muito além dos apelos
narcisistas, o que parece prosperar é o fato de que cada sujeito é incessantemente estimulado a
atuar, a expressar-se, dar sua opinião sobre isso e aquilo. A velha concepção de um sujeito
recolhido na sua esfera privada está em crise. Vive-se agora uma espécie de democracia da
expressão em que cada um tem o direito de expor seus desejos, participar ativamente dessas
solidariedades compartilhadas a partir do eu.
Permanecemos tanto tempo conectados, sobretudo com a amplitude proporcionada
pelos dispositivos móveis, que as confissões de vida, de ideias, de contentamento ou
descontentamento são inevitáveis. Consequentemente, há o bônus de viver em coletividade,
mesmo virtualmente: o afeto, o reconhecimento social, a aprendizagem, a troca de informação
11
e possibilidades outras diversas que são viáveis por meio do olhar do outro. É essa troca
contínua, em tempo real, que constrói o sujeito visível na cibercultura. Por meio da exaltação
da popularidade e da visibilidade, essa construção e difusão de si é fortalecida na internet,
porque cada um é estimulado a ser autor e narrador de um personagem atraente que seduz e
não cessa de se reinventar.
Agora são as subjetividades que circulam na rede que se converteram em mercadorias
desejadas, são produtos que podem ser comprados e vendidos no valoroso rol das novidades
de última hora. O mundo digital nos propicia hoje a fase de repetição e não de se criar algo
novo, segundo Abraham Moles, a sociedade cada vez mais se caracteriza pela ausência de
estilo, por isto se vê muito do mesmo acontecendo muito rápido.
3. O QUE É O INSTAGRAM
Instagram é um aplicativo gratuito que permite aos usuários tirar fotos, aplicar filtros e
depois compartilhá-las, em uma variedade de redes sociais, incluindo o próprio Instagram.
Esse aplicativo foi desenvolvido e projetado pelo brasileiro Mike Krieger e pelo norte-
americano Kevin Systrom, inicialmente para uso em dispositivos móveis Apple iOS, e logo
foi repensado e disponibilizado para o sistema Android do Google. Além de o aplicativo
permitir aos seus usuários compartilharem imagens, ele também possui uma grande variedade
de filtros e efeitos. Os usuários podem compartilhá-las através do aplicativo e em redes
sociais como Twitter, Facebook, etc.
Este aplicativo possui uma história curta e de muito sucesso, criado há apenas dois
anos, ele foi adquirido no dia 09 de abril de 2012, pelo Facebook por cerca de US$ 1 bilhão.
Considerado o "aplicativo do ano de 2011" pela Apple, o programa gratuito para celular e
tablet já teve ao menos 30 milhões de downloads.
Tudo começou em Fevereiro de 2010, quando o brasileiro Mike Krieger e Kevin
Systrom, atual CEO da empresa, criam o Burbn, aplicativo que daria origem ao Instagram. O
Burbn era muito "complicado", segundo seus fundadores, já que era possível fazer fotos,
check-ins e planos para o final de semana. Ainda assim, o programa atraiu investimentos de
US$ 500 mil.
Em outubro do mesmo ano, o Burbn é repensado e acaba se transformando no
Instagram, que aplica filtros às imagens e as compartilha em redes como Facebook e o
12
Twitter. O aplicativo, então apenas disponível apenas para usuários de aparelhos da Apple,
acaba se tornando uma rede social: é possível curtir e comentar as fotos de amigos.
"Eram 12h15, do dia 6 de outubro e nós tinhamos trabalhado no aplicativo sem parar,
dia e noite, por oito semanas. Com um pouco de hesitação, eu cliquei no botão que lançou o
Instagram na App Store", descreveu Systrom, poucos meses depois.
Um mês depois o "Business Insider" afirma que o Instagram levantou uma rodada de
financiamentos avaliada em US$ 20 milhões. No mesmo mês, a equipe do startup se expande
para quatro pessoas e se muda para um antigo escritório do Twitter, em San Francisco.
A partir daí o crescimento foi avassalador, em dezembro do mesmo ano, o Instagram
chega ao marco de um milhão de usuários, em apenas três meses no mercado. "Foi
recompensador ver as pessoas adotando o Instagram como sua nova casa em seu iPhone.
Acreditamos que isso seja apenas o começo", disse Systrom, no blog da empresa, na ocasião.
Depois de um ano no mercado, o Instagram anuncia uma série de mudanças em sua
estrutura e a chegada de quatro novos filtros aos usuários, os novos efeitos são batizados de
batizados de Amaro, Rise, Hudson e Valencia.
Outra grande mudança aconteceu na interface da câmera. "Estamos trazendo um
upgrade completo à nossa câmera", disse a equipe da empresa, em seu blog oficial.
O tamanho das fotos tiradas aumentou de 612x612 pixels para 1936x1936 pixels (no
iPhone 3 gs, o novo tamanho é 1536x1536 pixels).
Em dezembro de 2011, Kevin Systrom afirma ao site Cnet que parte de sua equipe está
focada na criação de uma versão do aplicativo para o sistema Android, do Google, um dos
mais populares do mundo. A ideia da companhia é aumentar seu número de usuários, para
pode arrecadar dinheiro em publicidade no futuro. “Obviamente, nós não começamos um
negócio para não ganhar dinheiro”, disse Systrom na ocasião. “Nosso foco agora é aumentar a
rede. Você realmente precisa estabelecer a rede, ou nenhum anunciante irá se importar”.
De acordo com o site "Huffington Post", o aplicativo já tinha 15 milhões de usuários.
No inicio de 2012, ano de eleição nos Estados Unidos, a equipe do presidente Barack Obama
cria um perfil para sua campanha no Instagram.
A própria equipe do aplicativo deu as boas vindas ao presidente. “Estamos felizes de dar as
boas vindas ao presidente Barack Obama ao Instagram! Estamos ansiosos para ver como o
presidente Obama usará o Instagram para dar aos seguidores um aspecto visual do que
acontece no dia-a-dia de um presidente dos Estados Unidos”, escreveu Systrom em sua conta.
O serviço de compartilhamento de fotos começa a ganhar popularidade como meio de
cobrir a campanha presidencial nos EUA, segundo o site “The Daily Dot”, já que jornalistas e
13
outros profissionais de mídia começaram a usá-lo para revelar cenas de bastidores da
campanha.
No mês mais agitado da história do aplicativo, abril de 2012, o Instagram ganha uma
versão para Androide é comprado pelo Facebook em um negócio estimado pela imprensa
americana em US$ 1 bilhão. A companhia divulga que já tem mais de 30 milhões de usuários.
O Instagram para Android chegou no dia 3 de abril, depois de meses de antecipação
para a chegada do programa ao sistema do Google.“Trabalhamos incansavelmente para fazer
desse aplicativo para Android algo de primeira classe. O programa para Android traz uma
experiência muito familiar a do iOS com o Instagram. Você encontrará os mesmos filtros e a
mesma comunidade”, informou a equipe da empresa.
Os usuários do Instagram no Android têm quase todas as funções dos de iOS, com
exceção de ferramentas como o "blur", que deixa algumas partes da foto fora de foco. O modo
de seleção das fotos que receberão os filtros também é diferente, mudou a escolha entre uma
imagem da galeria de fotos e uma feita na hora.
Poucos dias depois, Mark Zuckerberg usa seu perfil no Facebook para anunciar a
compra do aplicativo. "Estou animado em compartilhar a notícia de que concordamos em
adquirir o Instagram e que a sua talentosa equipe vai se juntar ao Facebook”, disse o CEO da
rede social, que teria feito a aquisição com dinheiro e ações.
"Por anos, temos focado na construção de uma melhor experiência para compartilhar
fotos com seus amigos e familiares. Agora, seremos capazes de trabalhar ainda mais
estreitamente com a equipe do Instagram para também oferecer as melhores experiências para
compartilhar fotos de celulares com pessoas do seu interesse”, afirmou o CEO do Facebook.
3.1 O que é o Twitter
O Twitter é uma rede social onde cada usuário possui um microblog, que permite
enviar e receber atualizações pessoais de outros contatos (em textos de até 140 caracteres,
conhecidos como "tweets"), as atualizações são exibidas no perfil de um usuário em tempo
real e também enviadas a outros usuários seguidores que tenham assinado para recebê-las. O
serviço é gratuito pela internet, desde sua criação em 2006 por Jack Dorsey, o Twitter ganhou
extensa notabilidade e popularidade por todo mundo. O Twitter permite um excelente
intercâmbio de informações com diversas redes sociais, entre elas o Facebook, em que é
14
possível com que tudo que o usuário poste no Twitter seja postado em sua conta do Facebook
também e vice-versa.
3.2 O que é o Facebook
O Facebook é uma Rede Social, onde todos os usuários devem se registrar para utilizar
as ferramentas do site, após isso, podem criar um perfil pessoal, adicionar outros usuários
como amigos e trocar mensagens, incluindo notificações automáticas quando atualizarem o
seu perfil. Além disso, os usuários podem participar de grupos de interesse comum de outros
utilizadores, organizados por escola, trabalho ou faculdade, ou outras características, e
categorizar seus amigos em listas como "as pessoas do trabalho" ou "amigos íntimos". O
nome do serviço decorre o nome coloquial para o livro dado aos alunos no início do ano letivo
por algumas administrações universitárias nos Estados Unidos para ajudar os alunos a
conhecerem uns aos outros. O Facebook permite que qualquer usuário que declare ter pelo
menos 13 anos possa se tornar usuário registrado do site. De acordo com Chris Hughes, porta-
voz do Facebook, as pessoas gastam em média 19 minutos por dia no Facebook. Em um
estudo conduzido em 2006 pela Student Monitor, uma empresa especializada em pesquisas de
mercado relacionadas a estudantes universitários de Nova Jérsei, Facebook foi o segundo
nome mais "in" entre os estudantes, empatado com cerveja e sexo e perdendo apenas para
iPod.
4. O CASO SÔNIA ABRÃO
Sônia Abrão postou uma foto só de maiô preto, em seu Instagram pessoal, na tarde de
terça-feira, 10 de abril de 2012, com a seguinte legenda: "Quando o iPhone foi lançado a
moda era tirar foto no espelho, né?". Segundo ela, sem pensar que fosse cair na rede. Mas em
questão de minutos, a imagem foi mostrada no programa de Adriane Galisteu, o Muito +, da
Band, que elogiou as formas da apresentadora, aos 53 anos. Sônia ficou lisonjeada, porém
assustada com toda a repercussão que, inclusive, foi parar nos assuntos mais comentados do
Twitter, os chamados Trending Topics.
15
“Eu não estou acreditando que tenha acontecido isso! Eu tenho o Instagram há cerca
de seis semanas e não imaginava que as pessoas sabiam disso. Eu achei que o Instagram era
fechado. Era uma coisa só minha, para eu colocar minhas coisas particulares."
A grande repercussão foi por conta da seriedade da jornalista, sempre conhecida por
usar roupas mais formais, nunca antes foi vista em trajes de banho. Outro ponto que chamou a
atenção foi a boa forma da apresentadora. Alguns cogitaram a hipótese de que seria uma
montagem. Informação rebatida por Sônia.
“Nossa, mas será que eu estou tão bagulho assim para achar que era montagem? Eu
estava procurando uma foto para colocar lá, quando me deparei com essa que é de um ensaio
recente que estávamos fazendo para a revista Dieta Já. Cheguei a colocar este maiô, tirei uma
foto minha mesma, mas não gostei e preferi tirar foto de jeans e uma batinha normal. Essa
foto ficou esquecida no meu celular.”
Apesar do "incidente" e toda a repercussão sobre a publicação da imagem, Sônia
chamou atenção de uma forma diferente da ques costuma coloca-lá em evidência, a
sensualidade e o corpo esbelto. "Na verdade tenho uma vida muito sedentária. Tenho arritmia
cardíaca, não posso fazer exercícios até fazer uma cirurgia em julho, cuido mais da minha
alimentação mesmo"
Em seu programa “A Tarde É Sua”, exibido pela Rede TV! a apresentadora comentou
a repercussão do caso. Ao som de Pretty Woman, ela disse que ficou surpresa com o sucesso
da foto, que não passou de um "teste" no celular.
Segundo ela, os seguidores estavam pedindo fotos de viagens e ela foi procurar
algumas, quando encontrou a foto tirada em seu quarto, na frente do espelho.
"Eu estava quietinha no meu canto! São 167 fotos no meu Instagram e o pessoal só
cismou com essa. Tem até da minha primeira comunhão. É brega, foto no espelho!", disse,
contando também que chegaram a perguntar se ela posaria nua em revista. "Não é a minha
praia".
Sônia levou na brincadeira. Mas deixou um recado para aqueles que ficaram
assustados em vê-la em trajes de banho. "Não sou um sargentão, pô. Continuo sendo mulher".
A imagem invadiu as redes sociais, sites de notícias, programas de TV. Naquele
período só se falava nisso. Outros famosos e também anônimos seguiram a apresentadora e
postaram fotos semelhantes, afim de pegar carona na onda popular. Mas depois de alguns
dias, como quase tudo na internet, o caso foi esquecido, se foi tão rápido quanto chegou. Esta
é a dinâmica da rede, uma explosão de segundos e nada mais. Os 15 minutos de fama!
16
4.1 Quem é Sônia Abrão
Para quem não conhece a biografia de Sônia Abrão, vale lembrar que ela ganhou fama
de 'sensacionalista' e 'fofoqueira' pelo Brasil. Assumindo ou não essa bandeira, fato é que essa
é a característica que marcou a carreira de Sônia Abrão. Tudo isso por conta dos inúmeros
casos de violência, mortes e fofocas que recheiam o conteúdo de seus programas.
Sônia Abrão nasceu em São Paulo no dia 20 de junho de 1958 e é formada pela
Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero. Ela iniciou sua carreira de jornalista nos
anos 1980, quando um professor da faculdade Cásper Líbero, onde estudava, selecionou um
grupo de alunos para estagiar no jornal “Notícias Populares”. Sônia foi uma das escolhidas.
Ela trabalhou nas revistas “CONTIGO!”, “Amiga e Semanário”. A jornalista teve uma
coluna diária sobre televisão, durante dez anos, no extinto “Diário Popular” e no “Diário de
São Paulo”. Em2004, deixou o impresso para se dedicar exclusivamente ao rádio e à TV.
Apresentou programas nas rádios Tupi, Globo, América, Capital e Rádio Record, onde
comandava o “Sônia e Você”, com notícias do mundo artístico. Liderou a audiência das tardes
de São Paulo com o programa “Fatos e Boatos”, na Rádio Capital. Participou como convidada
do programa de Sílvio Santos, Chacrinha, Flávio Cavalcanti, Gugu, Hebe Camargo e Raul
Gil.
Depois, foi comentarista de TV no programa “Aqui Agora”, no SBT, e repórter de
Gugu Liberato. Em 2000 foi uma das primeiras contratadas da recém-lançada Rede TV!, no
canal ela apresentou o vespertino “A Casa é Sua”, o precursor de todas as demais atrações que
Sônia comandaria na televisão. De 2002 a 2004, a jornalista apresentou o “Falando
Francamente”, no SBT. Em 2005, estreou na Rede Record com o “Sônia e Você”. Em 2006
voltou para a RedeTV! onde atualmente comanda o programa de notícias de artistas,
entrevistas e reportagens policiais, o “A Tarde É Sua”.
Em 2007, Sônia lançou seu primeiro livro, “Santas Receitas”, com histórias curiosas e
receitas dos Santos Católicos conhecidos do povo brasileiro. Sônia Abrão é separada e tem um
filho chamado Jorge.
5. O PROCESSO DA ESPETACULARIZAÇÃO
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O processo da espetacularização tem como principio: o fim, ou seja, a meta a ser
alcançada, que nada mais é do que a obtenção de lucro, tangível ou intangível, dinheiro ou
exposição nas mídias de comunicação. A sociedade tem a intimidade como espetáculo, pois, o
homem contemporâneo necessita aparecer seja que de forma for, como menciona Paula
Sibilia em sua obra “O Show do Eu”.
A partir do excesso de exposição qualquer imagem ou assunto cotidiano transforma-se
em uma imagem espetacularizada, diferente do que seria uma imagem espetacular ou
fantástica, aquela na qual se almeja o belo o estético, tais como: o vôo da águia, o por do sol,
ou como a aurora boreal. No processo da espetacularização atribui-se valores, técnicas e
teorias a fim de aumentar a curiosidade popular iniciando-se um exploração ao redor da
imagem e do assunto.
Os meios de comunicação se apoderam dos fatos ocorridos transformando a
mensagem que muitas das vezes é de cunho informativo em algo teatral, cênico, empregando
a dramaticidade e o suspense. Neste processo aumentam-se as vendas e a audiência, jornais,
revistas, redes sociais, sites, emissoras de rádio e televisão, todos lucram com este aumento de
visualização, e o interesse do publico se reverte no interesse mercadológico das mídias e
qualquer ponto a mais na audiência significa maior publicidade, maior visibilidade, mais
dinheiro e mais lucro. Assim os meios de comunicação se utilizam da espetacularização dos
fatos para mascarar a realidade do receptor, incentivando a comercialização de produtos,
marcas ou serviços, desviando a atenção dos acontecimentos que seriam importantes para a
sociedade.
As programações educativas, culturais ou de conhecimento gerais perdem espaço para
as programações que evidenciam o entretenimento e a propaganda.
O espetáculo – segundo Debord – consiste na multiplicação de ícones e imagens, principalmente através dos meios de comunicação de massa, mas também dos rituais políticos, religiosos e hábitos de consumo, de tudo aquilo que falta à vida real do homem comum: celebridades, atores, políticos, personalidades, gurus, mensagens publicitárias – tudo transmite uma sensação de permanente aventura, felicidade, grandiosidade e ousadia. O espetáculo é a aparência que confere integridade e sentido a uma sociedade esfacelada e dividida. É a forma mais elaborada de uma sociedade que desenvolveu ao extremo o ‘fetichismo da mercadoria’ (felicidade identifica-se a consumo)
Atualmente as mídias de comunicação se utilizam do aplicativo Instagram, aplicativo
que permite o compartilhamento de qualquer tipo de fotografia nas redes sociais, fotografias
do cotidiano, fotografias intimas e privadas que posteriormente se tornarão publicas, podendo
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causar o efeito de espetacularização e da banalização do cotidiano caso o assunto seja de
interesse da grande massa consumidora. Assim, as mídias de comunicação passam há obter
algum tipo de visibilidade e consequentemente o lucro. Vale ressaltar que nem tudo que é
compartilhado nas redes sociais torna-se assunto para a espetacularização, porém aquilo que é
definido como a pauta do dia pelas mídias de comunicação recebera atenção em particular e
as mensagens embutidas serão pré-formatadas e noticiadas de maneira que o receptor
consuma de forma que não construa sua própria opinião sobre o assunto.
As mídias ao se apropriarem destas imagens compartilhadas nas redes sociais não se
importam em obter autorização prévia de uso de imagens ou de direitos autorais, as
disponibilizam em diversos canais de maneira jornalística informativa, espetacularizando o
cotidiano. As leis nada importam neste momento. Pelo lado dos meios de comunicação quanto
maior a exposição maior são os lucros e pelo lado do proprietário da imagem quanto mais
exposto, maiores são suas chances de se tornar uma celebridade instantânea. Para ambos os
lados o que importa é a exposição e a aceitação do público receptor.
O real e a ficção se mesclam neste ambiente de relacionamento intermediado pelos
meios de comunicação e o individuo sente-se obrigado a participar deste ambiente, tendo
como mecanismo de defesa e mediador de seus atos o seu próprio ego, aflorando à todo
momento de sua consciência o Id – porção mais primitiva que sacia as necessidades básicas
do ser humano, tais como: sede, fome, sexo. Este conflito entre o ego e o id, consciente ou
inconsciente, leva o ser humano a cada dia mais se expor, permitindo que outras pessoas
compartilhem de seu intimo e privado, buscando assim uma forma de aceitação e
autoconfirmação de si e perante a sociedade.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Se, de um lado, a espetacularização do sujeito nas redes sociais, especialmente no
Instagram, ainda é uma experiência recente, de outro, milhares de pessoas estão cada vez mais
acostumadas e fascinadas com o ato de narrar incessantemente a vida na internet.
Periodicamente espaços são criados na web com a intenção primordial da interação social e,
mais que isso, permitindo e incentivando ações de exibição e publicização da privacidade,
tornando esses ambientes parte de uma intimidade coletiva, mais do que apenas pública.
Parece que a exibição de si no Instagram, assim como em outras redes sociais, atende
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a uma demanda atual. Ao mesmo tempo em que essa completa espetacularização da
intimidade remete aos desejos imediatos e aos gozos fáceis, também demonstra que os
sujeitos tratam de compreender os acontecimentos e o mundo, reinventam, inovam a si
mesmos e as suas experiências de vida. Essas práticas expressivas de si proliferam como
expansão social. Isto significa, entre outras coisas, que a forma por excelência pela qual cada
sujeito se constrói na cibercultura é essa, vinculada ao compartilhamento de sua intimidade. A
máxima do nosso tempo é: não basta vivenciar, é preciso compartilhar cada desejo e
experiência. Cada um é o que compartilha. É nesse sentido que a vida privada agora só faz
sentido se for ao mesmo tempo divulgada, por mais paradoxal que isso possa parecer.
Sendo assim, é uma característica da sociedade contemporânea socializar as
intimidades, tornar público tudo o que aparentemente seria ou deveria ser da ordem do
privado. Dito de outra maneira, é o privado que é agitado e festejado justamente porque não é
mais reservado, guardado, protegido por armários, gavetas, chaves e segredos. O privado é
agitado especialmente no Instagram, no Twitter e no Facebook, em variadas maneiras, porque
agora só assim, alardeado, exposto, pode significar e existir.
A exposição de si remodela os hábitos de vida. Agora não faz mais sentido estar num
lugar, encontrar alguém, viver uma paixão, mesmo que efêmera, visitar uma cidade ou país,
saborear este ou aquele prato, beber um vinho, uma cerveja artesanal, ver seu time jogar, ver
um filme, ler um livro, assistir a um capítulo de novela, discutir um assunto com um amigo,
registrar uma imagem, encantar-se com o primeiro sorriso, palavra ou passo do filho, etc., sem
que essa experiência seja imediatamente publicada, compartilhada, por meio de textos, sons e
imagens, em rede. Parece que só pelo ato de tornar público cada detalhe da vida é que o
sujeito encontra sua razão criativa e prazerosa de ser. Isto quer dizer que a vida privada não
desapareceu. Ao contrário. Agora ela não cessa de aparecer. E quanto mais aparece, mas
interessante e coletiva se torna.
Talvez um dos grandes motivos de fascínio de milhares de pessoas pelo Instagram
esteja no fato de que cada um pode produzir e administrar a publicização de si mesmo. Antes
apenas alguns, geralmente os ricos, famosos e profissionais especializados podiam falar de si,
escrever suas memórias, biografias. Agora, toda e qualquer pessoa, numa celebração festiva
de amadores e anônimos, expõe suas intimidades, registra suas opiniões, busca acontecer,
persegue popularidade, pode conquistar a fama.
O Instagram, aliado a outras redes sociais, aproximou famosos e anônimos, colocou
quase que no mesmo patamar conhecidos e desconhecidos. Desse modo, os mitos se tornaram
próximos, muito mais reais. De outro lado, de modo espontâneo ou perseguindo
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popularidades, em toda hora anônimos se tornam populares, vivem seus momentos de fama,
tornam-se celebridades borbulhantes.
Em outras palavras, toda e qualquer pessoa pode ser importante influenciadora da
cultura globalizada. Se para uns pode ser assustador ou desnecessário saber tudo o que seus
amigos, contatos, seguidos e seguidores estão pensando, fazendo e narrando o tempo todo, é
justamente esse saber coletivo e imediato a fonte de sedução para a maioria. Essa mobilidade
das narrativas de si pode ser um importante fator de bem-estar social, quando cada um decide
ser o protagonista estridente de suas vidas midiáticas e digitais.
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7. REFERÊNCIAS
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LIPOVETSKY, G.; SERROY, J. 2011. A cultura-mundo: resposta a uma sociedade desorientada. São Paulo, Companhia das Letras, p. 207
MARTINHO, Luís Mauro Sá. Teoria da Comunicação: ideias, conceitos e métodos. Petrópolis: Editora Vozes, 3º ed. 2012.
MOLES, Abraham. Rumos de uma cultura tecnológica. São Paulo: Perspectiva, 1973
PIRES, Ana Lúcia E... [et al]. Guia de Normalização Para Trabalhos Acadêmicos da Universidade Paulista: Unip, São Paulo, 2012.
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SPYER, J.; FERLA, L.A.; PAIVA, M.; AMORIM, F. 2009. Tudo que você precisa saber sobre twitter (você já aprendeu em uma mesa de bar). São Paulo, Talk Interactive, p. 110
TWITTER. O que é o Twitter. 2012. Disponível em www.twitter.com. Acesso em 20/09/2012
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8. ANEXOS
Ilustração 1: Foto original - Sônia Abrão
Ilustração 2: Anônima imita Sônia Abrão
Ilustração 3: Luciana Gimenez imita Sônia Abrão
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Ilustração 4: Roger, do Ultraje a Rigor, imita Sônia Abrão
Ilustração 5: Anônima imita Sônia Abrão
Ilustração 6: Elenco do Saturday Night Live faz paródia da foto de Sônia Abrão