A estrategia Sai Do Papel Mas Se Perde No Caminho

Embed Size (px)

Citation preview

  • 8/17/2019 A estrategia Sai Do Papel Mas Se Perde No Caminho

    1/2

    “A estratégia sai do papel mas se perde no caminho”Fonte: Valor econômicoPor Andrea Giardino

    17/09/2007 - Que a grande pressão por resultados de curto prazo continua sendo umdos principais desafios enfrentados pelo alto escalão das empresas não resta dúvidas.Mas ao mesmo em que precisam bater as metas anuais, que diga-se de passagem sãobastante agressivas, os executivos passaram a ser cobrados pelas estratégias definidaspelo board. Hoje, a principal preocupação das organizações tem sido garantir não apenasos ganhos trimestrais como também a execução dos planos de negócios traçados a longoprazo.

    Para o professor da escola de administração da Universidade de Michigan, nos EstadosUnidos, Dave Ulrich, esse é um dos pontos críticos das companhias que deve ser olhadocom bastante atenção. "Um dado alarmante mostra que 70% das estratégias de negóciosnão chegam ao fim", aponta. "Ou seja, elas até saem do papel, no entanto se perdem nomeio do caminho". Apesar de ser uma missão complicada equilibrar o dois lados da

    moeda, Ulrich é categórico em afirmar que um bom executivo sabe pensar tanto no curtoquanto no longo prazo. "Ele precisa saber atravessar o rio".

    Na sua opinião, alguns fatores podem contribuir para melhorar a eficiência dosprocessos, como o maior envolvimento do capital humano. "Tarefa que começa de cimapara baixo", defende o também consultor e reconhecido especialista mundial em gestãoaplicada ao RH. Ulrich estará na próxima quarta-feira no Rio de Janeiro, onde participado "Balanced Scorecard Summit 2007", evento promovido pela Symnetics que reuniráalguns dos principais executivos brasileiros, além de contar com a presença dos criadoresda famosa metodologia de gestão, o Balanced Scorecard, David Norton e Robert Kaplan -que fará uma prévia do seu novo livro, previsto para ser lançado já em 2008.

    Há dez anos, Ulrich estuda a importância da liderança como agente transformador deuma empresa e seu papel primordial junto a equipe nos processos de construção docapital intelectual, de desenvolvimento da clareza estratégica e de promoção demudanças. Possui ao todo 12 livros publicados, um deles no Brasil - Liderança Orientadapara Resultados, editado pela Campus. "Para obter resultados é preciso que haja ocomprometimento dos funcionários, engajamento que só é alcançado se houver odesenvolvimento do capital humano", afirma.

    Ter clareza na estratégia, segundo o professor da Universidade de Michigan, representaum importante passo para as organizações na obtenção dos seus objetivos de negócios.E a comunicação interna é fator fundamental. Ulrich diz que as empresas não podemesquecer de pautar ações tangíveis para melhorar a execução da estratégia, priorizando

    o envolvimento do capital humano. "As pessoas têm mais motivação quando sabem oque está acontecendo. Se for preciso explicar dez vezes para deixar claro o que sepretende, faça", aconselha.

    Uma pesquisa feita pela Symnetics em 2005, com 107 companhias, mostrou que a médiagerência e as áreas operacionais das organizações não conhecem os objetivos e muitomenos os planos propostos por acionistas e diretores. Segundo o estudo, uma dasquestões mais críticas vividas pelas empresas é a falta de compreensão das metaspropostas pelos acionistas. Só 53% dos gerentes das empresas ouvidas disseramconhecer os objetivos dos donos dos negócios.

    Nos níveis operacionais, só 40% têm a noção clara do que buscam os acionistas. Ainformação só é clara para a camada mais alta da administração, ou seja presidência ediretoria, onde 83% sabem definir os desafios propostos pelos donos das empresas. Deacordo com Reinaldo Manzini, diretor da Symnetics, esses indicadores ainda refletem oque acontece atualmente nas organizações. A consultoria brasileira está finalizando a

  • 8/17/2019 A estrategia Sai Do Papel Mas Se Perde No Caminho

    2/2

    nova edição estudo, com previsão para ser divulgada no início de outubro, mas Manziniacredita que muita coisa não mudou. "As decisões e objetivos ficam ainda nas mãos daalta administração e não chegam aos colaboradores que são aqueles que colocarão asestratégias para funcionar", diz.

    A principal razão detectada pela pesquisa está relacionada à necessidade dos executivosgerarem resultados imediatos. "E as empresas têm parcela de culpa porque estimulamesse cenário ao concederem bônus polpudos quando há o cumprimento de metasanuais", destaca Manzini. Esse, aliás, será um dos pontos discutidos durante o evento."Por essa razão, os executivos direcionam o foco para o lado operacional, deixando delado questões estratégicas".

    Outro estudo mundial feito pela Palladium , holding responsável pelos negócios de Nortone Kaplan, realizado com 339 empresas, dentro e fora dos Estados Unidos, revela que aprincipal preocupação das organizações hoje é garantir a execução da estratégia etransformar os planos de negócios em realidade. "É preciso ter equilíbrio entre o curto,médio e longo prazo".