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1Biólogo, Fundação Nacional do Índio - Administração Executiva de Cacoal/RO; Aluno de Pós-graduação do
curso de Educação e Gestão Ambiental da Faculdade de Ciências Biomédicas de Cacoal – Facimed. 2Biólogo, FACIMED, Coordenador dos Cursos de Pós-Graduação.
A EXPLORAÇÃO ILEGAL DE MADEIRAS NA TERRA INDÍGENA SETE DE
SETEMBRO, CACOAL – RO.
Marcelo Lucian Ferronato1
Reginaldo de Oliveira Nunes 2
RESUMO
A Terra Indígena Sete de Setembro, está localizada na região do Município de Cacoal/RO,
nela habitam cerca de 1200 índios da Etnia Paiter-Suruí. Há cerca de 30 anos a área é
afetada com a extração ilegal de madeiras, o que tem causado sérios problemas ambientais
a área e sócio-culturais aos indígenas. Os impactos ambientais são decorrentes do
desmatamento gerado pela atividade ilegal para abertura de estradas, esplanadas, derrubada
de toras, arraste de toras, caça e pesca predatória e redução da biodiversidade decorrente da
exploração não planejada. Os impactos sócio-culturais são mais representativos na questão
da Saúde indígena, devido principalmente a mudanças de hábitos alimentares e contato
com madeireiros. Este trabalho visa ilustrar de maneira qualitativa alguns fatores
relevantes, baseado em algumas ações pontuais do órgão indigenísta – Funai - e
demonstrar algum impactos inerentes as atividades ilegais na área.
Palavras-chave: Suruí, Cacoal, Madeireiras, Proteção, Funai.
1. INTRODUÇÃO
A exploração dos recursos naturais visando à subsistência direta do homem é um fato
que surgiu com a própria história da humanidade e continua até os dias atuais (IUCN,
1992). A Amazônia brasileira é responsável por cerca de 80% da produção nacional de
madeira oriunda de mata nativa, sendo a exploração de madeira uma das atividades que
mais gera emprego e renda na Amazônia, madeira essa que é na maioria das vezes, serrada
e/ou plainada com pouco ou nenhum processo de industrialização (REYMÃO e
GASPARETO, 2002).
Do ponto de vista socioeconômico é sabido que a atividade ilegal madeireira gera
empregos perigosos mal pagos e sem regularização trabalhista (HAYASHI e ALENCAR,
2003), a qual extrai a riqueza de um local até seu esgotamento e após este, muda-se para
lugares onde a madeira torna-se mais viável de ser extraída. A extinção de algumas
espécies vegetais em um determinado ambiente pode levar ao decréscimo populacional de
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espécies de mamíferos que porventura utilizavam este recurso como parte de sua dieta
(CALOURO, 2005).
Análise dos bioindicadores na floresta e sua utilidade para programas de
monitoramento são ausentes de literatura (RAMOS, et. al., 2002). Em todo mundo apenas
poucos trabalhos tratam do caso (p. ex. QUIROGA e FLORES, 2003; TOWNSEND et. al,
2002; HERRERA, 2000). Esse número diminui em relação à Amazônia (CALOURO,
2005).
Se observarmos, Rondônia tem grande parte do PIB gerado pela indústria madeireira,
esta que teve grande expansão a partir da década de 80, com participação efetiva de
aproximadamente 50% das indústrias do estado, e que reduziu esse percentual para cerca
de 30% em 1997 (FIERO, 1997), devido à exploração intensiva de recursos madeireiros, os
quais são cada vez mais inviáveis de serem extraídos pelas distâncias e pela própria
dificuldade de se encontrar espécies de valor comercial. A escassez de madeira tornou-se
uma problemática nos últimos anos, já que o setor exerce uma pressão sobre o governo, no
quesito: geração de emprego e renda. A falta de matéria-prima e a burocracia dos órgãos
ambientais são colocadas como a principal causa do fechamento de empresas. Problemas
nesse nível muitas vezes acabam por impor uma forte pressão sobre UC’s tanto de uso
sustentável quanto de preservação Integral e terras indígenas, áreas responsáveis por
salvaguardar a biodiversidade, mas que ao mesmo tempo apresentam grande número de
espécies potenciais à exploração (FERRONATO, 2006).
Os índios da etnia Paiter-Suruí (Povo Verdadeiro), habitantes da Terra Indígena Sete
de Setembro, situada nos municípios de Cacoal/RO e Rondolândia/MT, praticam a
exploração ilegal de madeiras em suas terras desde meados da década 80, ou seja, há cerca
de 30 anos. No entanto são eles próprios as maiores vitimas deste processo
exploratório/predatório. Trata-se de seres humanos que tiveram contato com a civilização
não-indígena há apenas 40 anos. E durante grande parte do convívio com esta nova cultura
imposta, os indígenas foram ensinados e aliciados por madeireiros a venderem suas
riquezas a preços baixíssimos, o que acabou gerando problemas ambientais e sociais,
devido à intensa exploração irregular.
Quando o povo indígena Paiter (Surui) foi contatado inicialmente pela Fundação
Nacional do Índio (Funai) em 1969, sua população era estimada em 800 pessoas. Como
resultado de invasões e contatos com posseiros e fazendeiros, na região de Cacoal e
Espigão d’Oeste, mais da metade da população indígena morreu entre 1971 e 1974,
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principalmente por problemas de gripe e sarampo (MINDLIN 1985, CARDOZO 2000
apud. GTA, 2008. p. 50). Quando a terra indígena Sete de Setembro foi finalmente
demarcada em 1976, parte do território Suruí foi excluída para beneficiar colonos
assentados erroneamente pelo Incra e fazendeiros que invadiram seu território (GTA, 2008.
p. 15).
A realidade vivenciada pela comunidade indígena Suruí pode ser constatada desde os
tempos imemoriais, em que este povo juntamente com a população de Rondônia vêem
sofrendo em decorrência da devastação, mudanças climáticas e intempéries do tempo que
atuam significativamente na saúde humana direta e indiretamente.
O Povo Suruí em suma, apresenta em seus esforços, grande vontade e determinação na
participação em atividades voltadas para a melhoria da qualidade do meio ambiente e
consequentemente na qualidade de vida da população.
Hoje, devido ao intenso processo predatório que esta área protegida se encontra, as
populações da fauna e flora podem estar em declínio, uma vez que a exploração seletiva de
madeiras, da maneira que é realizada naquela área, causa diminuição da capacidade de
suporte do ambiente, devido principalmente à redução do número de árvores, que
produzem frutos e outros alimentos, o que pode levar ao desaparecimento de espécies
especialistas, e aumento de espécies generalistas, conseqüências estas do desequilíbrio
ecológico.
Este provável desequilíbrio ecológico tende a afetar diretamente a população
indígena que usufrui dos recursos naturais, seja para caça, pesca, coleta, cultura material e
imaterial ou ainda na captação de recursos para execução de projetos sustentáveis de
geração de renda, como por exemplo, seqüestro de carbono.
Não obstante a ação de madeireiras tem sido o principal problema para a
comunidade indígena. Por um lado, o simples contato com madeireiros e grileiros, de
acordo com um levantamento recente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) do Rio de
Janeiro, está tendo um efeito devastador sobre a saúde dos indígenas, que hoje apresentam
um dos mais altos índices de tuberculose no país. Segundo a Fundação, o único grupo que
se assemelha aos Paiter/Suruí de Rondônia em termos de incidência de tuberculose é a
população presidiária. Para o sanitarista da Fiocruz Carlos Coimbra Júnior, o problema é
uma conseqüência da mudança de hábitos alimentares, relacionada à escassez de caça e
pesca causada pela ação dos invasores, e à dependência de alimentos industrializados
(GTA, 2008. p. 50)
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A ação sistemática de roubo de madeira no interior da TI por grandes grupos
madeireiros, que resultou, segundo o Sipam, no desmatamento de cerca de sete mil
hectares nos últimos anos, ainda é um dos principais problemas enfrentados pelo povo
Paiter/Suruí ao longo dos últimos anos. De acordo com os indígenas, durante o natal de
2007, saíam caminhões abarrotados de madeira de todos os pontos da terra indígena. Nas
linhas 9, 10, 11, 12 e 14 e na aldeia Sertanista Apoena Meirelles, onde muitas das
esplanadas de madeira clandestina são feitas próximas às moradias indígenas, de forma
escancarada (GTA, 2008. p. 50). Sem ações governamentais coíbam definitivamente o
problema.
Esta pesquisa pretende investigar qualitativamente as causas e conseqüências da
extração ilegal de madeiras sobre a Terra Indígena Sete de Setembro e consequentemente
para os indígenas que vivem na área.
A legislação vigente dificulta a exploração legal dos recursos florestais de modo a
satisfazer as necessidades de regeneração da floresta, dentro das premissas delegadas pelo
Plano de Manejo Florestal Sustentável – PMFS, apesar de legalmente possível, dentro dos
limites estabelecidos para áreas indígenas, é extremamente difícil de ser elaborado e ainda
mais executado, pois envolve dentre vários, aspectos econômicos, sociais, culturais e
ambientais.
Outro fator relevante é o desmatamento ocorrente no entorno das áreas protegidas em
Rondônia, dentre elas as Terras Indígenas, esta ação é gerada pela expansão da fronteira
agropecuária que gera aumento da pressão sobre a utilização dos recursos naturais
existentes nestas áreas, devido a crescente demanda de matéria prima que o estado
necessita para sua consolidação, e que muitas vezes feita de forma ilegal.
2. MATERIAL E METODOS
A Terra Indígena Sete de Setembro, está situada na porção Nordeste do estado de
Rondônia e Sudoeste do Estado de Mato Grosso, mais precisamente nos municípios de
Cacoal-RO e Rondolândia-MT (Figura 1). Possui uma área de 274 mil hectares de Floresta
Ombrófila Densa. Foi escolhida para esta pesquisa por ser uma das Terras Indígenas do
estado de Rondônia considerada de grande problemática ambiental.
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.
Figura 1. Terra Indígena Sete de Setembro em relação ao estado de Rondônia.
A terra indígena Sete de Setembro, possui uma população estimada pela Funai, de
1200 índios os quais vivem em 24 aldeias distribuídas pelos limites Sul, Oeste e Sudeste da
área.
Os dados referentes à extração de madeiras na área foram obtidos junto a
Administração Executiva da FUNAI de Cacoal, os quais serviram para dimensionar
qualitativamente o impacto ambiental já causado, estes dados referem-se principalmente a
quantidades estimada de madeira que é retirada diariamente da área, e quanto a forma de
extração, ou seja, se segue algumas normas do manejo florestal sustentável.
Uma breve revisão de bibliografia foi realizada com intuito de relacionar os impactos
já conhecidos de outras localidades com os da Terra Indígena Sete de Setembro.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Dentro das premissas do Plano de Manejo Florestal Sustentável, podemos destacar
algumas atividades que visam minimizar os impactos decorrentes da atividade madeireira,
sendo elas: mapear a área e localizar as árvores a serem abatidas, em seguida planejar as
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estradas principais e secundárias que deverão ser construídas e ainda planejar as áreas de
deposito temporário da madeira de maneira a minimizar a movimentação de maquinas no
interior da floresta. Em parâmetros adequados de exploração, os danos causados a floresta
remanescente é de 10% por hectare (PINTO. Et. Al., 2002), em áreas onde não há
procedimentos adequados de colheita de árvores, estes números podem chegar a 30 e até
40 % de danos a floresta. O tipo de exploração realizado na Terra Indígena Sete de
Setembro é realizado sem nenhum planejamento, sendo retirado o maior numero de
árvores comerciais possível por hectare. Apenas para efeito de comparação em Planos de
manejo o DAP (Diâmetro a Altura do Peito) mínimo para corte de árvores é de ≤ 45 cm, no
entanto em apreensões realizadas pela Funai e Policia Ambiental no interior da área, foram
observadas árvores derrubadas com DAP muito inferior ao mínimo permitido. Além do
diâmetro mínimo, outras diferenças, que aumentam o nível de impacto ao meio ambiente
são facilmente identificadas, como: a derrubada de árvores ocas, as quais servem de
abrigos para inúmeras espécies da Fauna, e não podem ser derrubadas em Manejo
Florestal; falta de planejamento na derrubada de toras e arraste destas, falta de
planejamento na construção de esplanadas; obstrução de cursos d’água, para construção de
estradas para passagem de caminhões, retiradas de árvores porta sementes e extração acima
dos limites máximos suportados pelo ambiente.
Segundo a Funai de Cacoal, em julho de 2007 foram identificados 14 pontos de
extração ilegal de madeiras na Terra Indígena Sete de Setembro (Figura 2). Foram
identificados também o destino, para onde a madeira é levada para ser serrada (Figura 2).
Os Municípios identificados foram Rondolândia/MT; Ministro Andreazza/RO; Cacoal/RO
e Espigão D’Oeste/RO, além do distrito de Boa Vista do Pacarana (município de Espigão
D’Oeste).
Em uma operação de fiscalização realizada no mês de agosto de 2009, equipes da
Funai e da Policia Militar Ambiental adentraram a área em dois pontos da Linha 07, na
região dos município de Rondolândia/MT e Ministro Andreazza/RO. As equipe
percorreram mais 120 quilômetros de estradas abertas por madeireiros no interior da Terra
Indígena, e apreendidos cerca de dois mil metros cúbicos de madeira, em apenas dois
pontos dos 14 mapeados. Toda esta madeira serviria para abastecer as serrarias do
município de Ministro Andreazza. Além de madeira os fiscais apreenderam ainda
máquinas e equipamentos utilizados para a pratica irregular.
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Na oportunidade foi estimada a área desmatada. Constatou-se que apenas para
abertura de estradas, carreadores e acessos a área ultrapassa a área de 130 hectares,
excluindo-se desta estimativa os locais de esplanadas e de quedas das arvores e arraste
destas, que danificam a vegetação e reduzem a qualidade de habitat, devido a eliminação
de arvores de pequeno porte, arbustos, cipós e vegetação de sub-bosque como um todo.
Figura 2. Pontos de acesso clandestinos de extração ilegal de madeiras na Terra Indígena Sete de Setembro e
principais destinos da madeira extraída.
As estimativas do órgão indigenista – Funai - é de que diariamente cerca de 60
caminhões deixam à área carregados com toras, o que representa cerca de 780 metros
cúbicos de madeira diariamente. Isto em valores monetários é equivalente a mais de 78 mil
reais, que são retirados diariamente da reserva dos índios Suruí, mensalmente são mais de
1 milhão e 700 mil reais, apenas de madeiras em toras. Ao passo que a atividade torna-se
altamente lucrativa para os madeireiros, os índios recebem menos de 30 reais por
caminhão, ou seja, cerca de 2% é pago aos índios, que, portanto acabam sendo as maiores
vitimas deste processo, pois deixam sua riqueza sendo extraída sem nenhum processo de
manejo, e sua biodiversidade passando por um processo de empobrecimento.
Os impactos, não são relativos apenas à abertura de estradas e retirada das árvores,
a atividade depende de um grande numero de pessoas, para ser realizada, estas pessoas,
adentram a área ilegalmente para cometer os ilícitos. A área então é delimitada
internamente pelos madeireiros, na operação citada acima, em 54 quilômetros de estradas
internas, foram encontrados quatro acampamentos, todos abandonados às pressas, com
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intuito de fugir dos fiscais. Cada frente de exploração, que ocupa cada acampamento deste
é composto de no mínimo cinco pessoas, logo apenas neste ponto fiscalizado, seriam 20
pessoas atuando clandestinamente. Em toda área estima-se que mais de 280 pessoas atuam
diretamente na atividade apenas no interior da área, além dos mais de 60 motoristas de
caminhões atuando no transporte da madeira, totalizando aproximadamente 340 pessoas na
atividade. Comparando com a numero de indígenas que habitam a área este numero
representa ¼ da população indígena. Estas pessoas além de praticarem a extração de
madeiras, ainda realizam a atividade de caça e pesca. Competem diretamente por recursos
naturais com os indígenas, e tem significativa importância na redução de espécimes da
fauna local, através da atividade de caça.
Em estudos recentes na área (BONAVIGO, 2009), revelam que a retirada de
madeira da terra indígena leva os madeireiros a permanecerem por muito tempo dentro dos
limites da área, levando ao consumo dos recursos que são importantes para a sobrevivência
dos povos indígenas, que acabam sofrendo com a redução da caça ou da pesca. Esse
modelo é extremamente prejudicial para a conservação da fauna, pois a caça exercida é
muito intensa e pode levar algumas espécies a uma drástica redução populacional e
consequentemente a diminuição da variabilidade gênica.
Espécies de aves do interior da floresta, especialmente as do sub-bosque ou
insetívoros terrícolas, são as espécies mais vulneráveis aos efeitos da exploração
madeireira. Esta também é a guilda mais negativamente afetada pela fragmentação florestal
na Amazônia (STOUFFER e BIERREGAARD, 1995a). Após a exploração madeireira,
declínio das populações de aves também pode ser causado pela perda de requerimentos
ecológicos das espécies, por exemplo, cavidades em árvores grandes para nidificação ou
dependência de frutos de espécies vulneráveis à exploração (MASON e THIOLLAY,
2001). Por outro lado, algumas espécies de aves aumentam suas populações nos hábitats
secundários resultantes da abertura de dossel, o que é evidente em algumas aves
nectarívoras, frugívoras e insetívoras de borda de floresta e de clareiras (THIOLLAY,
1992; 1997).
Em relação aos mamíferos, os principais afetados pela atividade de caça são os
artiodactylos (veados e porcos do mato), e as espécies mais vulneráveis a retirada de
árvores são os primatas. De maneira geral os primatas acabam sendo mais afetados por
ocuparem os vários extratos da vegetação e por serem em sua maioria frugívoros, ou parte
de sua dieta baseada em frutas. A extração seletiva de árvores acima das quantidades
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recomendadas para amazônia (até 30 m3/ha), pode causar o favorecimento de algumas
espécies mais generalistas, como por exemplo Cebus apella (Macaco-prego) e o
desaparecimento de outras mais especialistas como: Lagothrix cana (Macaco-barrigudo),
esta ultima tem grande importância pois é consumida como fonte de proteína pela
população indígena, e a retirada de árvores que fazem parte da dieta destes animais, afeta
diretamente a densidade de primatas (CALOURO, 2005). Além disso, gera um impacto a
manutenção da floresta, pois trata-se de uma espécie que ocupa uma grande área de vida, e
por ter dieta basicamente frugívora são importantes dispersores de sementes.
Desde o mês de setembro de 2009, como resultado principal da referida operação,
desencadeada pela Funai, a comunidade indígena, não envolvida com a atividade
madeireira, reivindicou a vigilância permanente na área. Para atender esta demanda foram
instaladas em pontos estratégicos da área duas bases de fiscalização, estas bases são
compostas por policiais ambientais, servidores da Funai e índios guerreiros da etnia Suruí,
bem como estrutura logística necessária para percorrer a área diariamente de maneira
ostensiva, evitando a entrada de novos invasores. Contudo esta vigilância conseguir cessar
a atividade irregular e segundo a Funai, até novembro de 2009, 95 % da atividade estava
paralisada.
4. CONCLUSÃO
O impacto da exploração florestal descomprometida com os fatores ambientais a
serem respeitados, causou fortes impactos a Terra Indígena Sete de Setembro, a paralisação
da atividade, neste momento é de suma importância para a regeneração da floresta e para
manutenção e recuperação da biodiversidade local. Esta recuperação apesar de lenta é
possível e a proteção efetiva da área e a parceria entre governo e indígenas é um fator
extremamente positivo para que a floresta possa retornar a uma condição próxima da
original e poder suprir as necessidades dos índios quanto à preservação de seus costumes,
tradições e cultura, bem como sua subsistência, como lhes é de direito.
Do ponto de vista biológico, a pressão exercida entre a caça de brancos e de índios,
associado à retirada de árvores produtoras de alimentos para as espécies da fauna,
possivelmente afetou a população faunística, e suas relações inter e intra-específicas, este
impacto ocasiona ainda uma redução no numero de indivíduos dispersores de sementes e
consequentemente o repovoamento das espécies madeireiras extraídas, tal fato ainda é
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afetado devido ao falta de procedimentos que visam à sustentabilidade, ou seja, a
exploração dos recursos até seu esgotamento. Todos estes fatores associados causam uma
nítida redução da qualidade ambiental da área e dificulta a recuperação da floresta. Apesar
destas observações é preciso através de pesquisas especificas mensurar os impactos
causados a biodiversidade e o reflexo disto sobre a comunidade indígena
5. AGRADECIMENTOS
À Fundação Nacional do Índio – Funai – Administração Executiva Regional de
Cacoal/RO.
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