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Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Ano 8 • nº1519 Novembro/2014 Na comunidade Baixa da Jurema, que fica localizada a 19 Km da cidade de Tremedal, na região sudoeste da Bahia, mora a família de Dona Elizabete Maria Campos Lima e Nobelino Batista Lima com suas filhas Camila Campos Lima e Bruna Campos Lima. O outro filho Valdemir Campos Lima mora em São Paulo. Eles conquistaram a primeira água e agora com a cisterna de produção, que é a Calçadão. Nesta comunidade moram em torno de umas 20 famílias. Dona Elizabete conta que já passaram por dificuldades, antes usavam a água do tanque, pois era a mais utilizada entre as pessoas de sua comunidade. “Sempre vivi com dor de barriga, pois a água do tanque não era saudável. Eu plantava muito capim, mandioca, para ajudar meus pais e hoje também continuo trabalhando na roça para ajudar a minha família”, diz Dona Bete. Na época em que trabalhava com seus pais, era em outro município chamado Campo Formoso, com o passar dos anos veio para Tremedal, morar na comunidade Baixa da Jurema, na qual mora a 27 anos desde que se casou. E desde então trabalha com seu esposo Nobelino nos afazeres de casa e da lavoura. Seu Nobelino já tinha o costume de trabalhar nas roças de mandioca assim como ela, então depois que foram morar juntos foi muito mais fácil o convívio no labutar da roça, e desenvolver em sua propriedade a farinha de goma, trabalho este em que ela vem praticando a muitos anos. Dona Bete mencionou também que para tirar a goma ela usava o motor, mas ele acabou quebrando, porém ela nunca perdeu a força de vontade em relação ao trabalho, sempre teve motivação e novas ideias, devido a isso ela continuou trabalhando com a farinha de goma, mais agora com utilização da puba, ou seja, colocando a mandioca para pubar. É muito interessante esse processo que Dona Bete faz com a mandioca, varia de 3 a 4 dias para a puba ser feita, pois a mandioca fica de molho na água em um recipiente, aí depois que ela amolece, ela descasca, lava, coloca na prensa para escorrer a água, em seguida coloca em uma lona para secar, aí por fim, depois de seca, o seu esposo coloca na máquina para moer. A renda da família é feita dessa comercialização da puba, ou seja, feita da própria mandioca. A venda é feita no saco ou na medida com o retalho, as pessoas vem em sua casa à procura e compram, e também é feita por encomenda. Elizabete tem também uma barraca na feira, onde é vendida comida caseira. No mês de junho que é a época dos festejos juninos, muitas pessoas fazem encomendas de bolo pra ela, é quando sua renda aumenta um pouco mais. Tremedal A felicidade da família de Dona Bete Dona Bete no processo para construção da puba

A Força e a Vontade de Dona Elizabete vem Fortalecendo o Semiárido

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A dedicação e a força de vontade de Dona Bete e sua família, na comunidade Baixa da Jurema, que fica localizada no municipio de Tremedal-Bahia. A coragem de trabalhar, sempre tendo novas idéias e em relação a trabalho, nunca desistiu de lutar para manter a renda de sua família, tanto ela quanto seu esposo. É um exemplo para muitos o belíssimo trabalho que eles fazem.

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Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Ano 8 • nº1519

Novembro/2014

Na comunidade Baixa da Jurema, que fica localizada a 19 Km da cidade de Tremedal, na região sudoeste da Bahia, mora a família de Dona

Elizabete Maria Campos Lima e Nobelino Batista Lima com suas filhas Camila Campos Lima e Bruna Campos Lima. O outro filho Valdemir Campos Lima mora em São Paulo. Eles conquistaram a primeira água e agora com a cisterna de produção, que é a Calçadão. Nesta comunidade moram em torno de umas 20 famílias. Dona Elizabete conta que já passaram por dificuldades, antes usavam a água do tanque, pois era a mais utilizada entre as pessoas de sua comunidade. “Sempre vivi

com dor de barriga, pois a água do tanque não era saudável. Eu plantava muito capim, mandioca, para ajudar meus pais e hoje

também continuo trabalhando na roça para ajudar a minha família”, diz Dona Bete.

Na época em que trabalhava com seus pais, era em outro município chamado Campo Formoso, com o passar dos anos veio para Tremedal, morar na comunidade Baixa da Jurema, na qual mora a 27 anos desde que se casou. E desde então trabalha com seu esposo Nobelino nos afazeres de casa e da lavoura. Seu Nobelino já tinha o costume de trabalhar nas roças de mandioca assim como ela, então depois que foram morar juntos foi muito mais fácil o convívio no labutar da roça, e desenvolver em sua propriedade a farinha de goma, trabalho este em que ela vem praticando a muitos anos. Dona Bete mencionou também que para tirar a goma ela usava o motor, mas ele acabou quebrando, porém ela nunca perdeu a força de vontade em relação ao trabalho, sempre teve motivação e novas ideias, devido a isso ela continuou trabalhando com a farinha de goma, mais agora com utilização da puba, ou seja, colocando a mandioca para pubar.

É muito interessante esse processo que Dona Bete faz com a mandioca, varia de 3 a 4 dias para a puba ser feita, pois a mandioca fica de molho na água em um recipiente, aí depois que ela amolece, ela descasca, lava, coloca na prensa para escorrer a água, em seguida coloca em uma lona para secar, aí por fim, depois de seca, o seu esposo coloca na máquina para moer. A renda da família é feita dessa comercialização da puba, ou seja, feita da própria mandioca. A venda é feita no saco ou na medida com o retalho, as pessoas vem em sua casa à procura e compram, e também é feita por encomenda. Elizabete tem também uma barraca na feira, onde é vendida comida caseira. No mês de junho que é a época dos festejos juninos, muitas pessoas fazem encomendas de bolo pra ela, é quando sua renda aumenta um pouco mais.

Tremedal

A felicidade da famíliade Dona Bete

Dona Bete no processo para construção da puba

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Articulação Semiárido Brasileiro – Bahia

Há 22 anos, a agricultora e seu esposo foram para São Paulo, para tentar melhorar de vida, só que eles acabaram voltando para a Bahia, porque

viram que lá não era o seu lugar. Ela não teve oportunidade de estudar, tem pouco conhecimento sobre leitura, pois desde cedo não tinha tempo, porque estava na roça ajudando seus pais com a lavoura e as condições não eram favoráveis. Seu esposo a mesma coisa, não teve estudo, mas seus três filhos sim, uma já concluiu o ensino médio, a outra está no 8º ano do ensino fundamental e o que mora em São Paulo só estudou até a 5º série.

As plantações que tem em sua propriedade são alguns pés de manga, palma, mandioca, laranja e limão, que são molhados pela

manhã e a tarde com água que já começou a juntar da cisterna-calçadão e também do pequeno tanque. Não é usado nenhum tipo de

agrotóxico, e em relação a adubação, é utilizado o esterco de gado que serve como fertilizante e composto orgânico.

A qualidade de vida da família de Dona Elizabete melhorou bastante, principalmente com a vinda dos projetos da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA). Agora a família já está montando os canteiros para plantar e posteriormente vender suas hortaliças, que servirão também para a renda da casa. É uma felicidade imensa na família de Dona Bete, "espero que melhore cada vez mais, porque o que eu comprava antes, eu não vou comprar mais, com fé em Deus vou ter a minha horta completa", diz Dona Bete. Os cursos de capacitações oferecidos pela ASA foram de muita importância e aprendizado para todos que participaram, como os cursos de capacitação de famílias em Gestão de Água para Produção de Alimentos (GAPA) e a capacitação de Sistema Simplificado de Manejo de Água (SISMA), que vão ensinar a cuidar da cisterna e como trabalhar com os canteiros, entre outras coisas que também são explicadas.

Com os benefícios ganhos, Seu Nobelino guarda as sementes de feijão e milho, para que depois possa plantar, e que também servem de alimentos para os animais que eles criam, que são os porcos e as galinhas. Dona Bete está sempre alegre, e com uma vontade enorme de sempre criar novas oportunidades para a renda de sua família, "desejo aumentar mais o espaço de trabalhar com a farinha, pois meu esposo sempre está aumentando a roça, então é preciso pensar também no espaço para poder trabalhar", diz Dona Bete. A perseverança desta família é enorme, e serve como exemplo para muitas outras fazerem o mesmo para que assim possa haver uma socialização positiva relacionada a melhoria de vida.

Realização Apoio

Centro Comunitárioda Paróquia São Pedro

Aracatu-BAConvivendo com o Semiárido