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A formação de professores no Brasil no
contexto da Resolução 02/15 do CNE
Mozart Neves Ramos
1988 Constituição Federal Brasileira
Artigo nº 205
A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
COMPROMISSO COM A EDUCAÇÃO INTEGRAL
1. De qual cenário estamos falando?
2. De qual educação vamos precisar?
3. Estão os professores preparados para os
padrões atuais e futuros?
4. A atual Resolução 02/15 responde a
essas questões?
Do cenário....
Um estudo sobre o futuro do trabalho da consultoria global McKinsey & Company revela que:
6 em cada 10 trabalhos podem ter mais
de 30% de suas atividades automatizadas.
No cenário mais modesto, isso poderá
impactar, até 2030, a atividade laboral de
400 milhões de pessoas em todo o
mundo. No Brasil, a estimativa é que o
efeito da automação atinja cerca de 16
milhões de brasileiros!
Habilidades com expectativa de crescimento em importância nos próximos 5 anos (percentual de respondentes)
Fonte: Barrington, L., Wright, M. e Casner-Lotto, J. Are they really ready to work?. 2006.
Habilidades/ conhecimentos
básicos
Habilidades aplicadas
O QUE VAI SER ESPERADO DOS JOVENS NOS EMPREGOS
DO SÉCULO XXI?
A educação do futuro (e o futuro é agora)
vai exigir um aumento de qualidades
humanas. Por isso, a oferta de uma
educação com significado, que seja capaz
de desenvolver o potencial pleno das
pessoas, torna-se condição imperativa
para o acesso aos postos de trabalho do
futuro.
Da Educação....
Uma Educação que desenvolva plenamente as pessoas.....
Isso se faz por meio do desenvolvimento de
competências que combinem aspectos
cognitivos e socioemocionais, possibilitando aos
estudantes capacitarem-se para o
autoconhecimento, a colaboração, a
criatividade, a resolução de problemas, o
pensamento crítico e a abertura para o novo na
perspectiva da realização do seu PROJETO DE
VIDA.
① Valer-se do conhecimento para transformar a si e ao mundo
② Ser curioso e criativo para resolver problemas reais
③ Ser sensível para apreciar e produzir arte e cultura
④ Comunicar-se para interagir em diferentes contextos
⑤ Ser digital para conviver e produzir
⑥ Compreender o mundo do trabalho para projetar seu futuro
⑦ Pensar criticamente para se posicionar no mundo
⑧ Conhecer-se e cuidar de si para preparar-se para a vida
⑨ Colaborar e comprometer-se com o coletivo para conviver
⑩ Ser protagonista e responsável para agir e tomar decisões
10 Competências gerais da BNCC
Inteligência Artificial na Educação
Plataformas adaptativas
trilhas de aprendizado
individualizadas
integradas à sala de aula
Relatórios aos
professores
o quanto os estudantes
estão próximos ou
não dos objetivos de
aprendizagem
Estamos preparados?
Educadores empoderados
Características da Formação de Professores para uma aprendizagem plena:
1. Uma visão do ensino centrado no aluno, guiando um conjunto
coerente de cursos e trabalhos clínicos;
2. Oportunidades para os professores aprenderem profundamente como:
Ensinar conteúdos que promovam a pesquisa;
Criar comunidades de aprendizagem em sala de aula que apoiem a
aprendizagem social e emocional, bem como acadêmica;
3. Um currículo focado na aprendizagem e no desenvolvimento das
crianças e jovens em diversos contextos sociais e familiares;
4. Escolas de práticas profissionais (Residência docente);
Proposta para BNC da Formação de Professores da
Educação Básica
Competências geraisCompetências específicas
Conhecimento profissional
Prática profissional Engajamento profissional
1.1. Dominar os conteúdos e saber como ensiná-los
2.1. Planejar ações de ensino que resultem em efetivas aprendizagens
3.1. Comprometer-se com o próprio desenvolvimento profissional
1.2. Demonstrar conhecimento sobre os estudantes e como eles aprendem
2.2. Criar e saber gerir ambientes de aprendizagem
3.2. Estar comprometido com a aprendizagem dos estudantes e disposto a colocar em prática o princípio de que todos são capazes de aprender
1.3. Reconhecer os contextos 2.3. Avaliar a aprendizagem e o ensino
3.3. Participar do Projeto Pedagógico da escola e da construção de valores democráticos
1.4. Conhecer a estrutura e a governança dos sistemas educacionais
2.4. Conduzir as práticas pedagógicas dos objetos de conhecimento,competências e habilidades
3.4. Engajar-se com os colegas, com as famílias e com a comunidade
Competências Específicas
1. Conhecimento profissional1.1. Dominar os conteúdos e saber como ensiná-los
1.1.1. Demonstrar conhecimento dos conceitos, princípios e estruturas do conteúdo da área da docência..........
2. Prática Profissional
2.1. Planejar ações de ensino que resultem em efetivas aprendizagens
2.1.1. Elaborar o planejamento da disciplina/componente curricular com o objetivo de desenvolver as habilidades e competências previstas na etapa.........
3. Engajamento Profissional3.1. Comprometer-se com o próprio desenvolvimento profissional
3.1.1. Construir um planejamento profissional no qual se identificam os potenciais, os interesses, as estratégias, as metas para alcançar seus próprios objetivos e atingir sua realização..........
A Resolução 02/15 responde a esses novos
padrões?
① Estrutura e análise da Resolução 02/15
13 CONSIDERANDOS, 8 CAPÍTULOS e 25 ARTIGOS
① CAPÍTULO 1 (Das Disposições Gerais): 4 Artigos
- Art. 2º: (o que é a docência, as dimensões da formação docente,...)
- Art. 3º: (Princípios da formação docente, o que deve contemplar o projeto de formação...)
- Art. 4º: (o que deve contemplar a formação continuada)
② CAPÍTULO 2 (BCN): 2 Artigos
- Art. 5º: (o que deve ser assegurado ao egresso dos cursos de formação)
- Art. 6º: (BCN: conhecimentos específicos, interdisciplinares, os fundamentos da
educação e os conhecimentos gerais da área de educação, a didática e as práticas de ensino)
③ CAPÍTULO 3 (Do egresso da FI e FC): 2 Artigos
- Art. 7º: (das habilidades desenvolvidas pelo egresso)
- Art. 8º: (sobre a aptidão do egresso da formação inicial: I – XIII (estar apto a...)
④ CAPÍTULO 4 (Da formação inicial: relativo aos cursos): 4 Artigos
- Art. 9º:
- Cursos de graduação de licenciatura- Cursos de formação pedagógica para graduados não licenciados- Cursos de segunda licenciatura
- Art. 11º: (o que deve garantir a formação inicial)
- Art. 12º: (Os núcleos que compõem os cursos de formação inicial(
- Núcleo I: Formação Geral
- Núcleo II: De aprofundamento e diversificação de estudos
- Núcleo III: Estudos Integradores
⑤ CAPÍTULO 5 (Estrutura e currículo da formação inicial): 3 Artigos
- Art. 13º:
(CH dos cursos 3.200h: 8 semestres/4 anos)
I: 400h de prática: como componente curricular,
ao longo do processo formativo;
II: 400h – pelo menos (para o estágio supervisionado)
III: 2.200h de atividades formativas nos Núcleos
I e II do Art. 12º)
IV: 200h no Núcleo III – seminários, PIBIC, PIBID,...
- Art. 14º: (Formação pedagógica para graduados NÃO LICENCIADOS)
- 1.000h a 1.400h a depender da equivalência do curso de origem
- 1.000h: mesma área do curso de origem
- 1.400h: área diferente do curso de origem
- Art. 15º: (2ª Licenciatura: CH variando de 800 a 1.200h a depender da
equivalência entre a formação inicial e a nova licenciatura)
I: 800h mesma área
II: 1.200h área diferente
III: 300h de estágio supervisionado
⑥ CAPÍTULO 6 (Da formação continuada): 2 Artigos
- Art. 16º: o que deve levar em conta a FC
- Art. 17º: A IES precisa estar articulada com o Fórum Estadual Permanente
de Apoio à Formação Docente, além dos Sistemas e Redes de Ensino
⑦ CAPÍTULO 7 (Dos profissionais do magistério e sua valorização): 4 Artigos
- Art. 18º: a quem compete garantir as políticas de valorização dos profissionais
- Art. 19º: fala de acesso, plano de carreira, revisão salarial,...
- Art. 20º: fala dos critérios de remuneração – PISO e FUNDEB...PNE....fontes de
recursos – Art. 212 da CF – 25%...Salário Educação....
⑧ CAPÍTULO 8 (Das Disposições transitórias): 4 Artigos
- Art. 22º: fala do tempo de adequação – 02 anos...
Mas, precisamos melhorar e atualizar a
02/15!
Por que?
1. Porque agora o país tem uma BNCC que deve alinhar, entre outros: materiais e outros
recursos didáticos; padrões e modelos de gestão; formação inicial e continuada de
professores. Daqui em diante, aquilo que a Resolução 02/2015 chama de
“conhecimentos específicos” pode ser com maior clareza designados como os
conteúdos, competências e habilidades previstos na BNCC.
2. Porque ao longo desse período, entre 2013 e 2018, ocorreram estudos, movimentos e
iniciativas que produziram dados e subsídios para repensar a formação de professores.
Entre os mais importantes: Profissão Professor, iniciativa do Todos pela Educação, que
realizou inúmeros estudos e debates, consultou e ouviu professores, gestores e outros
interessados, produzindo vários subsídios; A publicação de Estudos da OCDE com dados
de diversos países sobre políticas associadas a melhores desempenhos de seus sistemas
de ensino;
3. Porque a Resolução 02/2015 é detalhada e bastante explicativa quanto aos seus
princípios e fundamentos que são expostos nos muitos CONSIDERANDOS e depois
repetidos em vários artigos. Mas a função específica do professor do que deve fazer é
sempre mencionada brevemente e muitas vezes diluída em meio a muitas outras funções
dos profissionais do magistério. Isso em parte se deve à sobreposição existente ao longo
de toda a Resolução, dos termos “profissionais do magistério” e “docentes” ou
“professores”.
4. Porque a Resolução insiste em dois conceitos que precisam ser explicados, esclarecendo
se possível os indicadores que evidenciam que esses conceitos estão sendo adotados e
praticados. Não é suficiente trabalhar esses conceitos no Parecer porque o que vai contar
ao final é a Resolução. São os seguintes conceitos:
Padrão de qualidade dos cursos
Especificidade do trabalho docente
5. Porque a palavra aprendizagem aparece inúmeras vezes no texto, mas em nenhum
momento ela está associada a compromisso. O compromisso repetidamente citado, tanto
do professor, como do curso, ou dos profissionais do magistério é sempre numa
perspectiva social ou política, mas não numa perspectiva propriamente pedagógica. Por
essa razão não faz parte da concepção da função do educador a aprendizagem dos alunos,
mandamento que está muito claro na LDB quando, em seu Artigo 13, Inciso III afirma que o
professor deve zelar pela aprendizagem dos alunos.
Uma nova proposta de estrutura da Resolução 02/15
I. Introdução e Disposições gerais
(a) Breve caracterização do momento em que vive a educação no país; uma educação para o século XXI;
(b) A concepção de educação que fundamenta a BNCC: desenvolvimento de competências e educação integral;
(c) Uma concepção da função do professor inspirada no Inciso III do Artigo 13 da LDB. Aqui segue uma sugestão para ser aperfeiçoada: Compreende-se a docência na educação básica como processo educativo, intencional e metódico, comprometido com o desenvolvimento e a aprendizagem dos educandos da educação básica, que articula e coloca em ação conhecimentos dos objetos de ensino e suas relações interdisciplinares; conhecimentos educacionais e pedagógicos; conhecimentos e padrões de conduta constituídos a partir da experiência; investigação sobre o ensino e a prática docente tendo em vista aperfeiçoá-la.
II. Princípios norteadores
(a) Compromisso com a educação integral dos professores em formação, visando à constituição de conhecimentos e dos valores e formas de conduta que respeitam e valorizam a diversidade, os direitos humanos e a democracia.
(b) Recuperação de conhecimentos da educação básica de acordo com a etapa e área de conhecimento na qual o futuro professor vai atuar, tendo como referência o que a BNCC prevê que os alunos da educação básica devem aprender.
(c) Aproveitamento da formação e experiências anteriores, em instituições de ensino ou em outras atividades.
(d)Domínio pedagógico dos conteúdos das áreas, dos componentes e dos objetos de conhecimento previstos na BNCC, de acordo com a especialidade e a etapa de atuação do futuro professor.
(e) Compromisso com metodologias ativas e projetos interdisciplinares em todos os conteúdos e desde o início do curso de modo a adotar para a formação dos futuros professores, abordagem metodológica alinhada com a concepção de ensino e de aprendizagem presente na BNCC.
(f) Apropriação da Prática como Componente Curricular de modo transversal em todos os conteúdos curriculares da formação docente como um dos recursos auxiliares para a articulação entre teoria e prática tanto nos conteúdos relativos aos objetos de conhecimento a serem ensinados como nos conteúdos de fundamentos pedagógicos, políticos e científicos da educação escolar.
(g) Compromisso com metodologias ativas e outras dinâmicas formativas que propiciem ao futuro professor aprendizagens significativas e contextualizadas numa abordagem didático metodológica alinhada com a BNCC, visando ao desenvolvimento da autonomia, da capacidade de resolução de problemas, do exercício do trabalho coletivo e interdisciplinar.
(h) Concepção da pesquisa, com foco no processo de ensino e de aprendizagem, uma vez que ensinar requer, tanto dispor de conhecimentos e mobilizá-los para a ação, como compreender o processo de construção do conhecimento.
(i) Emprego pedagógico das inovações e linguagens digitais como recurso auxiliar do desenvolvimento, pelos professores em formação, de competências sintonizadas com as competências gerais previstas na BNCC.
(j) Avaliação como parte integrante do processo de formação, que possibilita o diagnóstico de lacunas e a aferição dos resultados alcançados, consideradas as competências a serem constituídas e a identificação das mudanças de percurso eventualmente necessárias.
(l) Reconhecimento da escola de educação básica como lugar privilegiado da formação inicial e continuada do professor.
(m) Compromisso dos entes federados com a formação inicial e continuada de professores enquanto campo exemplar para fortalecer o regime de colaboração, aí incluindo, também, as IES e outras instituições que atuam na área (Fortalecimento do regime de colaboração)
(n) Criação dos institutos de formação de professores articulados com um instituto nacional de professores (a ser posteriormente regulamentado);
(o) 400h do curso de formação dadas por professores da rede de ensino mediante convênio de cooperação técnica entre as instituições formadoras e as redes de ensino e prévia certificação desse docente – “professor-ponte”
