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Fotografar fugindo do convencional, explorando a criatividade com várias técnicas, inclusive a interferência digital em computador. A fotografia artística é a arte de fotografar de maneira não convencional, em que não existe uma preocupação única de retratar a realidade. Vai além disso. O fotógrafo registra o tema de uma forma que transcende o ordinário. Coloca a sua emoção, sua expressão e a sua perspectiva do mundo na imagem que produz. Da mesma forma que um pintor, um escultor ou qualquer outro artista o faz. Para que o fotógrafo possa pensar em imagens artísticas precisa, em primeiro lugar, se libertar da idéia de produzir fotografias em que a luz, distância focal, foco e velocidade estejam em perfeita harmonia. Logicamente, é necessário ter domínio da técnica e conhecer o convencional para ousar. A idéia é usar todos os recursos de uma forma diferente da habitual. Além da câmera e da lente, de técnicas de revelação e ampliação, o fotógrafo de hoje conta com inúmeros recursos digitais, o que favorece a criatividade. E qualquer fotógrafo pode experimentar o lado artístico da fotografia, arriscar novos caminhos. E aí vai um conselho: não se deixe levar pelo desânimo. Esforce-se ao máximo para levar uma idéia à frente. A frustração faz parte do processo criativo. Polêmica Debate-se muito, desde o século 19, a questão de considerar ou não a fotografia como arte. Aqueles que são contra, argumentam que a câmera não é nada mais do que um instrumento para gravar em vez de interpretar a realidade. Já os que são a favor defendem que a câmera pode ser manipulada pelo fotógrafo a fim de produzir imagens que não são meras documentações, e que poderiam, inclusive, assemelhar-se a pinturas. Polêmica à parte, a fotografia já é integrante da história da arte contemporânea, uma vez que muitos trabalhos foram e são reconhecidos como forma de representar uma visão artística. Por isso, um dos pré-requisitos básicos para se tornar um bom fotógrafo é o desenvolvimento de uma percepção do mundo ao redor que fuja da ordinária, ou seja, ter um olhar mais artístico. Confira aqui 10 idéias de como fazer fotos artísticas usando os recursos de forma convencional e não convencional. São apenas sugestões, já que cada fotógrafo deve tentar desenvolver as suas próprias criações. 1. As cores desfocadas do amanhecer A cor é um tema muito usado em fotos artísticas. Aproveitando a luz do sol do amanhecer, foram fotografadas quatro paisagens, totalmente desfocadas, em que o reconhecimento dos objetos seria muito difícil ou impossível de identificar. A idéia é o uso da força das cores e a composição entre elas. Para conseguir uma melhor saturação e total aproveitamento das qualidades da luz do sol, as fotos foram feitas nas primeiras horas do dia, com filme negativo. Sugere-se a superexposição em 1 ponto. Foi usada a câmera médio formato Mamiya 645 com lente 80 mm e a moldura, feita em computador.

A fotografia artística

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Fotografar fugindo do convencional, explorando a criatividade com várias técnicas, inclusive a interferência digital em computador.

A fotografia artística é a arte de fotografar de maneira não convencional, em que não existe uma preocupação única de retratar a realidade. Vai além disso. O fotógrafo registra o tema de uma forma que transcende o ordinário. Coloca a sua emoção, sua expressão e a sua perspectiva do mundo na imagem que produz. Da mesma forma que um pintor, um escultor ou qualquer outro artista o faz. Para que o fotógrafo possa pensar em imagens artísticas precisa, em primeiro lugar, se libertar da idéia de produzir fotografias em que a luz, distância focal, foco e velocidade estejam em perfeita harmonia. Logicamente, é necessário ter domínio da técnica e conhecer o convencional para ousar. A idéia é usar todos os recursos de uma forma diferente da habitual. Além da câmera e da lente, de técnicas de revelação e ampliação, o fotógrafo de hoje conta com inúmeros recursos digitais, o que favorece a criatividade. E qualquer fotógrafo pode experimentar o lado artístico da fotografia, arriscar novos caminhos. E aí vai um conselho: não se deixe levar pelo desânimo. Esforce-se ao máximo para levar uma idéia à frente. A frustração faz parte do processo criativo. Polêmica Debate-se muito, desde o século 19, a questão de considerar ou não a fotografia como arte. Aqueles que são contra, argumentam que a câmera não é nada mais do que um instrumento para gravar em vez de interpretar a realidade. Já os que são a favor defendem que a câmera pode ser manipulada pelo fotógrafo a fim de produzir imagens que não são meras documentações, e que poderiam, inclusive, assemelhar-se a pinturas. Polêmica à parte, a fotografia já é integrante da história da arte contemporânea, uma vez que muitos trabalhos foram e são reconhecidos como forma de representar uma visão artística. Por isso, um dos pré-requisitos básicos para se tornar um bom fotógrafo é o desenvolvimento de uma percepção do mundo ao redor que fuja da ordinária, ou seja, ter um olhar mais artístico. Confira aqui 10 idéias de como fazer fotos artísticas usando os recursos de forma convencional e não convencional. São apenas sugestões, já que cada fotógrafo deve tentar desenvolver as suas próprias criações.

1. As cores desfocadas do amanhecer A cor é um tema muito usado em fotos artísticas. Aproveitando a luz do sol do amanhecer, foram fotografadas quatro paisagens, totalmente desfocadas, em que o reconhecimento dos objetos seria muito difícil ou impossível de identificar. A idéia é o uso da força das cores e a composição entre elas. Para conseguir uma melhor saturação e total aproveitamento das qualidades da luz do sol, as fotos foram feitas nas primeiras horas do dia, com filme negativo. Sugere-se a superexposição em 1 ponto. Foi usada a câmera médio formato Mamiya 645 com lente 80 mm e a moldura, feita em computador.

2. Dupla exposição

Muitos fotógrafos utilizam a técnica da dupla exposição. Esta pode ser totalmente controlada ou não. No segundo caso, usa-se o elemento surpresa como parte do processo criativo. Neste exemplo, há uma combinação de controle e surpresa. Durante as exposições, cobre-se a parte que não se quer expor para que não haja nenhum registro no filme e a seguir, tenta-se expor apenas a parte que não foi exposta na primeira etapa, virando a câmera de cabeça para baixo. O filme p&b permitiu um resultado mais gráfico que o colorido nesta foto, em que a junção das duas metades da pessoa

fotografada ficou perfeita, sem qualquer recurso de manipulação digital, apenas controle absoluto da dupla exposição e da luz. Tudo com uma antiga câmera 35 mm Nikon FE mecânica, que tem uma trava para dupla exposição. 3. Sanduíche de negativos

Mais uma vez trabalhando um conceito. Desta vez a idéia era mostrar as similaridades que herdamos dos pais, de uma forma não totalmente linear, e que criasse uma certa tensão no espectador. A solução foi fazer duas fotos, uma do pai e a outra do filho, sendo que foi feita uma marcação na tela de focalização da grande formato Sinar 4 x 5 polegadas para que as bocas coincidissem em tamanho. O fato de haver dois pares de olhos, que num retrato é normalmente o ponto focal, exige um esforço para a compreensão da imagem. A iluminação foi idêntica, para evitar sombras, nas duas exposições. Uma vez tendo as duas chapas 4 x 5, foi usada a técnica do sanduíche (coloca-se dois negativos, um sobre o outro, sob a luz do ampliador), sobrepondo as duas bocas. O processo de ampliação foi normal.

4. O convencional e o digital

O uso de um conceito muitas vezes é a mola propulsora da idealização da imagem. Neste caso particular, a idéia era a de se discutir sexo na Internet. Com uma câmera médio formato Mamiya 645 e uma lente 150 mm, utilizou-se duas tochas como fonte de luz. A primeira fechada no rosto do internauta, a segunda no contra-luz para iluminar o monitor, com um filtro roxo para criar o clima e transmitir a sensação de solidão. Numa segunda etapa, adicionou-se a imagem da modelo digitalmente na tela do computador.

5. O processo cruzado Uma outra forma de se conseguir uma textura diferenciada e um desvio dos padrões normais de cor é o chamado processo cruzado. Fotografa-se com um filme negativo (processo C-41) e revela-se como slide (processo E-6) ou vice-versa. Nesse procedimento, não existem regras, nem certos ou errados. Deve-se tentar diferentes filmes com exposições diversas e revelações que podem ser normais ou "puxadas" até conseguir-se o efeito que agrade. Neste caso, foi filme negativo revelado como slide. 6. A sombra que altera a realidade

Nesta foto coloca-se a questão da androginia. Ele ou ela? Como o modelo tinha gestos muito delicados, foi criada uma sombra que sugere ser a de uma forma feminina. Porém, o modelo no primeiro plano cortado ao meio (para enfatizar a idéia de "metade"), revela um ser masculino. Feito com uma Nikon F90X e lente com zoom 35-70mm. Após escaneada, a figura masculina do primeiro plano foi selecionada e "desaturada" com auxílio do Photoshop.

7. Aproveitando o momento Nesta foto, o que chama a atenção é o momento, a situação. O enquadramento utilizado seguiu a conhecida regra dos terços, o que torna a composição harmoniosa. Porém a posição da cabeça da criança e o fato dela estar quase que de costas para o espectador, cria uma certa tensão emocional que quebra a sensação de harmonia. Foi usada uma câmera Nikon FE com lente fixa Nikkor 105mm e filme negativo colorido.

8. O reflexo como alternativa Muitas vezes um visual diferente pode ser conseguido ao se fotografar o reflexo do tema em questão. Para tanto, vale usar qualquer superfície reflexiva, como vidro, água, espelho, partes cromadas de carros ou motos, superfícies metálicas ... No exemplo ao lado, foi feito o registro do reflexo da modelo em um pequeno lago. A superfície da água, aliada ao sol de fim de tarde, foram determinantes para se conseguir um clima onírico, que complementa a pose da modelo. Foi usada uma Nikon F90X com lente zoom 80-200 mm e cromo Fuji Provia 100.

9. Caleidoscópio Neste nu figurativo, o efeito caleidoscópio foi a inspiração para criar a imagem com interferência digital. Ao trabalhar a manipulação no computador, o fotógrafo percebe durante o processo criativo o que melhor se adapta àquela determinada situação. No caso, a modelo foi fotografada de costas, se agarrando as barras de ferro, com a luz ao fundo - uma idéia da "busca da inocência". O efeito caleidoscópio foi utilizado para acrescentar a idéia da viagem espiritual, realizado no programa Adobe Photoshop a partir da primeira imagem, que foi copiada, reduzida, colada e rodada múltiplas vezes. Teve-se o cuidado de usar a opção "blur” para tirar a dureza das emendas na colagem digital. 10. Book com manipulação digital

Uma típica foto de book, porém com a utilização de recursos digitais do programa Adobe Photoshop, para acrescentar um diferencial artístico. Uma vez a foto escaneada, foi usada a ferramenta da seleção para criar o quadrado. No menu "edit", utilizou-se a opção "stroke" para marcar a seleção. Em seguida, invertendo a seleção, no menu de ajustes (submenu "hue/saturation"), a iluminação da imagem selecionada foi alterada.