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A Geração de 70, João Abel Manta. A GERAÇÃO DE 70 Questão Coimbrã Conferências do Casino

A GERAÇÃO DE 70

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Questão Coimbrã Conferências do Casino

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A Geração de 70, João Abel Manta.

A GERAÇÃO DE 70Questão Coimbrã

Conferências do Casino

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Antero Tarquínio de Quental nasce em Ponta Delgada, a 18 de Abril de 1842, e morre a 11 de Setembro de 1891. Foi um escritor, político e poeta português. Foi conferencista no Casino Lisbonense, nas chamadas de Conferências do Casino, com a palestra Causas da Decadência dos Povos Peninsulares. Pertenceu ao grupo da chamada geração de 70 juntamente com Oliveira Martins, Guerra Junqueiro e Eça de Queirós.

HINO À RAZÃORazão, irmã do Amor e da Justiça,Mais uma vez escuta a minha prece,É a voz dum coração que te apetece,Duma alma livre, só a ti submissa.

Por ti é que a poeira movediçaDe astros e sóis e mundos permanece;E é por ti que a virtude prevalece,E a flor do heroísmo medra e viça.

Por ti, na arena trágica, as naçõesBuscam a liberdade, entre clarões,E os que olham o futuro e cismam, mudos,

Por ti, podem sofrer e não se abatem,Mãe de filhos robustos, que combatemTendo o teu nome escrito em seus escudos

Antero de Quental

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Esta geração era constituída por um grupo de jovens intelectuais do final do século XIX liderado ideologicamente por Antero de Quental e José Fontana e do qual fizeram parte alguns dos maiores escritores da História da Literatura portuguesa, como Eça de Queiroz, Ramalho Ortigão, Teófilo Braga, Oliveira Martins e Guerra Junqueiro. Iluminados por ideias inovadoras que beberam da cultura europeia, sobretudo da francesa, irão opor-se a um governo monárquico cada vez mais contestado nos finais da centúria. Racionalistas, herdeiros do positivismo de Comte, do idealismo de Hegel e do socialismo utópico de Proudhon e Saint-Simon, protagonizaram uma autêntica revolução cultural no nosso país, agitando consciências e poderes estabelecidos. São disso exemplo a Questão Coimbrã e as Conferências do Casino. Esta revolução cultural acabou por desembocar numa revolução política: a instauração da República, a 5 de Outubro de 1910.

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A Questão CoimbrãPolémica do Bom Senso e do Bom Gosto

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Esta célebre Questão Coimbrã originou uma autêntica guerra literária no seio da comunidade estudantil nos anos sessenta do século XIX. Opunham-se, de um lado, uma facção conservadora, acomodada, ultra-romântica representada por António Feliciano de Castilho e do outro, os estudantes liderados por Antero de Quental que recusavam a Sebenta e defendiam a Ideia Nova. Esta nova ideologia, dos movimentos estéticos do Realismo e do Naturalismo, fazia-se sentir um pouco por toda a Europa, sobretudo em França, e chegava a Coimbra, directamente de Paris, através das modernas linhas de caminho-de-ferro criadas pela Regeneração.

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Ultra-Romantismo

Feliciano de CastilhoPinheiro ChagasMendes LealTomás RibeiroSoares de Passos

Ideia Nova, Realismo

Antero de QuentalEça de QueirozTeófilo BragaOliveira MartinsGuerra Junqueiro

Ramalho OrtigãoCamilo Castelo-Branco

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As duas facções são totalmente opostas e a atmosfera em Coimbra vai-se adensando. Castilho, em carta a um editor, ataca a escola de Coimbra, nomeadamente Teófilo Braga e Antero de Quental, apelidando-os de espíritos nóveis e boçais. É então que Antero responde, publicando no Jornal do Comércio, o artigo Bom Senso e Bom Gosto, que acabarápor dar nome à questão, que se vai, cada vez mais, intensificando e alargando com a participação de múltiplas publicações de vários críticos e escritores que descem à liça a marcar a sua posição na contenda. Também Ramalho Ortigão participou com um dos artigos mais equilibrados da polémica, Literatura de Hoje, no qual critica as posições literárias de Castilho, mas não se inibe de duramente criticar os ataques de Antero, acusando-o de cobardia, por ter invocado, como argumentos, a velhice e a cegueira do poeta Castilho.

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São estes os acontecimentos que vão estar na origem do famoso duelo entre Antero e Ramalho na manhã de 6 de Fevereiro 1866 no Largo da Arca d’Água, no Porto. Foi coisa rápida. Antero fere Ramalho num braço logo no primeiro assalto. A luta termina, as honras ficam lavadas e os dois escritores reconciliam-se.

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Duelo entre Antero e Ramalho

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Um relato de Camilo Castelo-Branco

Em 1866 na belicosa cidade do Porto, defrontaram-se de espada nua dois escritores portugueses de muitas excelências literárias e grande pundonor. Correu algum sangue. Deu-se por entretida a curiosidade pública e satisfeita a honra convencional dos combatentes. Alguns dias volvidos ia eu de passeio na estrada de Braga e levava comigo a honrosa companhia de um cavalheiro que lustra entre os mais grados das províncias do Norte. No sítio da Mãe-de-Água apontei a direcção de um plano encoberto pelos pinhais e disse ao meu companheiro: Foi ali que há dias a «Crítica Portuguesa» esgrimiu com o «Ideal Alemão»!Camilo Castelo-Branco, A Doida do Candal

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Um relato de Antero de Quental

Ramalho Ortigão escreveu insolências bastante indignas a meu respeito num folheto a propósito da sempiterna questão Castilho. Eu vim ao Porto para lhe dar porrada. Encontrei, porém, o Camilo o qual me disse que adivinhava o motivo da viagem e que antes das vias de facto, ele iria falar com o homem para eledar satisfação. Aceitei. A explicação, porém, do dito homem pareceu-me insuficiente e dispunha-me a correr as eventualidades da bofetada quando me veio dizer o Camilo que o homem se louvava em C.J.Vieira e Antero Albano com plenos poderes de decidir a coisa e que fizesse eu o mesmo em dois amigos meus; na certeza de que uns e outros seriam considerados padrinhos de um duelo (!) no caso de se não entenderem a bem... Que can-can!

Ramalho Ortigão, Carta a António de Azevedo Castelo-Branco, Janeiro de 1866

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Casino Lisbonense situado no Largo da Abegoaria ( presentemente de Rafael Bordalo Pinheiro)

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As Conferências do Casino Lisbonense1870

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Rafael Bordalo Pinheiro

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As Conferências Democráticas do Casino podem considerar-se um manifesto de geração. Denominam-se assim por terem tido lugar numa sala alugada do Casino Lisbonense situado no Largo da Abegoaria ( presentemente de Rafael Bordalo Pinheiro) e foram uma série de cinco palestras realizadas em Lisboa no ano de 1871 pelo grupo do Cenáculo formado, aproximadamente pelo mesmo grupo da Geração de 70: um grupo de jovens escritores e intelectuais, reunidos em Lisboa após acabarem os seus estudos em Coimbra. Antero aparece como grande impulsionador. A ideia destas palestras surgiu na casa da Rua dos Prazeres, onde na época reunia o Cenáculo. A 18 de Maio foi divulgado o manifesto, já anteriormente distribuído em prospectos, e que foi assinado pelos organizadoras destas Conferências Democráticas.

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Programa da Conferências do Casino

Ninguém desconhece que se está dando em volta de nós uma transformação política, e todos pressentem que se agita, mais forte do que nunca, a questão de saber como deve regenerar-se a organização social. Sob cada um dos partidos que lutam na Europa, como em cada um dos grupos que constituem a sociedade de hoje, há uma ideia e um interesse que são a causa e o porquê dos movimentos. Pareceu que cumpria, enquanto os povos lutam nas revoluções, e antes que nós mesmos tomemos nelas o nosso lugar, estudar serenamente a significação dessas ideias e a legitimidade desses interesses; investigar como a sociedade é, e como ela deve ser; como as Nações têm sido, e como as pode fazer hoje a liberdade; e, por serem elas as formadoras do homem, estudar todas as ideias e todas as correntes do século. Não pode viver e desenvolver-se um povo isolado das grandes preocupações intelectuais do seu tempo; o que todos os dias a humanidade vai trabalhando, deve também ser o assunto das nossas constantes meditações.

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- Abrir uma tribuna, onde tenham voz as ideias e os trabalhos que caracterizam este momento do século, preocupando-nos sobretudo a transformação social, moral e política dos povos; - Ligar Portugal com o movimento moderno, fazendo-o assim nutrir-se dos elementos vitais de que vive a humanidade civilizada; - Procurar adquirir a consciência dos factos que nos rodeiam, na Europa; - Agitar na opinião pública as grandes questões da Filosofia e da Ciência Moderna; - Estudar as condições da transformação política, económica e religiosa da sociedade portuguesa;Tal é o fim das Conferências Democráticas.

Lisboa, 16 de de Maio de 1871 - Adolfo Coelho, Antero de Quental, Augusto Soromenho, Augusto Fuschini, Eça de Queirós, Germano Vieira de Meireles, Guilherme de Azevedo, Jaime Batalha Reis, Oliveira Martins, Manuel de Arriaga, Salomão Saragga, Teófilo Braga.

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1ª Conferência 22 de Maio de 1871

Antero de Quental, O Espírito das ConferênciasConferência proferida por Antero de Quental, de certa forma introdutória

daquelas que se seguiram. De acordo com os relatos dos jornais da época, único testemunho que resta, esta palestra consistiu num desenvolvimento do programa que tinha sido previamente apresentado.

Antero começou por se referir à ignorância e indiferença que caracterizava a sociedade portuguesa, falando da repulsa do povo português pelas ideias novas e na missão de que eram incumbidos os "grandes espíritos" e que consistia na preparação das consciências e inteligências para o progresso das sociedades e resultados da ciência. Referiu o exemplo que constitui a Europa e a excepção formada por Portugal em face deste exemplo. Para Antero o ponto fulcral que iria ser focado nas futuras Conferências seria a Revolução, o seu conceito, que Antero define como um conceito nobre e elevado. A conclusão da palestra termina com o apelo que Antero faz às "almas de boa vontade" para meditarem nos problemas que iriam ser apresentados e para as possíveis soluções, embora estas últimas se constituíssem como opostas aos princípios defendidos pelos conferencistas.

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Esta Conferência foi também proferida por Antero de Quental. Na introdução Antero pressupõe três atitudes ou pontos de partida. Em primeiro lugar "O Peninsular", falar da Península como um todo; em seguida uma aceitação – os Povos obedecem a um estatuto anímico colectivo, estrutural – é a crença no génio de um Povo; e, por fim, uma atitude judicatória – Antero julga a História, como uma entidade, o juízo moral, social e político.

Em seguida enumera e discute as causas da decadência. A primeira causa apontada por Antero foi o Catolicismo transformado pelo Concílio de Trento (1545-1563), com a Contra-Reforma e a Inquisição, que desvirtuara a essência do Cristianismo, conduzindo a uma atrofia da consciência individual; de seguida, aponta o Absolutismo, a Monarquia Absoluta que constituía a "ruína das liberdades sociais", o centralismo imperialista viera coarctar as liberdades nacionais, levando a "raça" ibérica a uma cega submissão; por fim, a última causa é o desenvolvimento das

2ª Conferência 27 de Maio de 1871

Antero de Quental, Causas da Decadência dos Povos Peninsulares nos últimos três séculos

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conquistas longínquas, as conquistas ultramarinas, que exauriram as energias do país, levando à criação de hábitos prejudiciais de grandeza e ociosidade e que conduziram ao esvaziamento de população de uma nação pequena, substituindo o trabalho agrícola pela procura incerta de riqueza, a disciplina pelo risco, o trabalho pela aventura. Para Antero a solução destes problemas é a seguinte:"Oponhamos ao catolicismo (...) a ardente afirmação da alma nova, a consciência livre, a contemplação directa do divino pelo humano (...), a filosofia, a ciência, e a crença no progresso, na renovação incessante da humanidade pelos recursos inesgotáveis do seu pensamento, sempre inspirado. Oponhamos à monarquia centralizada (...) a federação republicana de todos os grupos autonómicos, de todas as vontades soberanas, alargando e renovando a vida municipal (...). Finalmente, à inércia industrial oponhamos a iniciativa do trabalho livre, a indústria do povo, pelo povo, e para o povo, não dirigida e protegida pelo Estado, mas espontânea (...), organizada de uma maneira solidária e equitativa..."A conclusão insere uma dimensão progressista, a instauração de uma revolução, a acção pacífica, a crença no progresso inspirado numa moralização social (Proudhon), sendo proferida num tom idealista e retórico.

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Conferência proferida por Augusto Soromenho, professor do Curso Superior de Letras. Nesta palestra faz uma crítica aos valores da literatura nacional, concluindo que ela não tem revelado originalidade. Há uma negação sistemática dos valores literários nacionais, exceptuando escritores como Luís de Camões, Gil Vicente e poucos mais, atacando os poetas, dramaturgos, romancistas e jornalistas seus contemporâneos. Transmite uma visão decadentista, ao negar originalidade e peculiaridade à literatura nacional. Tem a sua vertente revolucionária ao inculcar a ideia de que a literatura portuguesa deverá sofrer um processo de reconstrução que deverá partir de uma sociedade revitalizada. Uma literatura com carácter nacional mas que se paute por valores universais. O modelo e guia desta renovação salvadora da literatura nacional seria Chateaubriand, com o conceito de Belo absoluto como ideal da literatura, constituindo esta um retrato da Humanidade na sua totalidade.

3ª Conferência 5 de Junho de 1871

Augusto Soromenho, A Literatura Portuguesa

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Conferência dada por Eça de Queirós e que encontra a sua inspiração em Proudhon e, no aspecto programático, no espírito revolucionário destas Conferências referido por Antero nas palestras que proferiu. Eça salientou a necessidade de operar uma revolução na literatura, semelhante àquela que estava a ter lugar na política, na ciência e na vida social. A revolução é um facto permanente, porque manifestação concreta da lei natural de transformação constante, e uma teoria jurídica, pois obedece a um ideal, a uma ideia. Éuma influência proudhoniana. O espírito revolucionário tem tendência a invadir todas as sociedades modernas, afirmando-se nas áreas científica, política e social. A revolução constitui uma forma, um mecanismo, um sistema, que também se preocupa com o princípio estético. O espírito da revolução procura o verdadeiro na ciência, o justo na consciência e o belo na arte. A arte, nas sociedades, encontra-se ligada à seu progresso e decadência, sendo condicionada por causas permanentes, como o solo, o clima e a raça e causas acidentais – ideias que formam os períodos históricos e determinam os costumes, também denominadas históricas.

4ª Conferência 12 de Junho de 1871

Eça de Queiroz, A Literatura Nova ou o Realismo como Nova Expressão de Arte

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O artista encontra-se sob a influência do meio, dos costumes do tempo, do estado dos espíritos, do movimento geral, em conclusão às causas acidentais ou históricas. A arte obedece, então, às ideias directrizes da sociedade, ao seu ideal, à sua ideia-mãe, conduzindo esta situação à harmonização entre a arte e o ideal social. Esta teoria indicia a conciliação da teoria determinista de Taine, com a influência do meio e do momento histórica na criação artística, e o princípio moral de Proudhon, que refere o papel social do artista e a utilidade da arte.A revolução, que inspirara tantos escritores, como Rabelais e Beaumarchais, érenegada e esquecida pela arte contra-revolucionária. Faz uma crítica cerrada ao Romantismo, a Chateaubriand, refere a separação entre o artista e a sociedade que conduz à arte pela arte e, por fim, anuncia o princípio da reacção salutar que começava a acontecer contra a impostura oficializada – o Realismo, que coincide com o despertar do espírito público.

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Que é, pois, o realismo? É uma base filosófica para todas as concepções do espírito – uma lei, uma carta de guia, um roteiro do pensamento humano, na eterna região do belo, do bom e do justo. Assim considerado, o realismo deixa de ser, como alguns podiam falsamente supor, um simples modo de expor –minudente, trivial, fotográfico. Isso não é realismo: é o seu falseamento. É o dar-nos a forma pela essência, o processo pela doutrina. O realismo é bem outra coisa: é a negação da arte pela arte; é a proscrição do convencional, do enfático e do piegas. É a abolição da retórica considerada como arte de promover a comoção usando da inchação do período, da epilepsia da palavra, da congestão dos tropos. É a análise com o fito na verdade absoluta. Por outro lado, o realismo éuma reacção contra o romantismo: o romantismo era a apoteose do sentimento; o realismo é a anatomia do carácter. É a crítica do homem. É a arte que nos pinta a nossos próprios olhos – para nos conhecermos, para que saibamos se somos verdadeiros ou falsos, para condenar o que houver de mau na nossa sociedade. Caricatura de Rafael Bordalo Pinheiro

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Dando uma noção mais concreta, Eça sistematiza:1º - O Realismo deve ser perfeitamente do seu tempo, tomar a sua matéria na vida contemporânea...;2º - O Realismo deve proceder pela experiência, pela fisiologia, ciência dos temperamentos e dos caracteres;3º - O Realismo deve ter o ideal moderno que rege a sociedade – isto é: a justiça e a verdade.Foca aqui as relações da literatura, da moral e da sociedade. A arte deve visar um fim moral, auxiliando o desenvolvimento da ideia de justiça nas sociedades. Fazendo a crítica dos temperamentos e dos costumes, a arte auxilia a ciência e a consciência. O Realismo conduzirá à regeneração dos costumes. Concluindo:A arte presente atraiçoa a revolução, corrompe os costumes. De tal forma, ou se há-de tornar realista ou irá até à extinção completa pela reacção das consciências. – O modo de a salvar é fundar o realismo, que expõe o verdadeiro elevado às condições do belo e aspirando ao bem, - pela condenação do vício e pelo engrandecimento do trabalho e o da virtude.

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Palestra proferida por Adolfo Coelho que se inicia com uma posição de ataque às coisas portuguesas. Traça o quadro desolador do ensino em Portugal, mesmo o superior, através da História.A solução proposta passa pela separação completa da Igreja e do Estado e por uma mais ampla liberdade de consciência, solução que, no entanto, era restrita a uma zona da vida nacional.Para Adolfo Coelho a Igreja deprime o povo e do Estado nada havia a esperar. Tomando isto em consideração, o remédio seria apelar para a iniciativa privada, para que esta difundisse o verdadeiro espírito científico, o único que beneficiaria o ensino.

5ª Conferência 19 de Junho de 1871

Adolfo Coelho, A Questão do Ensino

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Quando Salomão Saragga se preparava para realizar a sua Conferência História Crítica de Jesus, o Governo, por portaria, mandou encerrar a sala do Casino Lisbonense e proibir as Conferências.

No mesmo dia Antero redige um protesto no café Central, hoje Livraria Sá da Costa.

Último dia das conferências 26 de Junho de 1871

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Vencidos da Vida é o nome porque ficou conhecido um grupo informal formado por algumas das personalidades intelectuais de maior relevo da vida cultural portuguesa das últimas três décadas do século XIX, com fortes ligações à chamada Geração de 70. O nome do grupo, ao que parece, foi adoptado por sugestão de Joaquim Pedro de Oliveira Martins. A denominação decorre claramente da renúncia dos membros do grupo às suas aspirações de juventude. O grupo reunia-se para jantares e convívios semanais no Café Tavares, no Hotel Bragança ou nas casas dos seus membros, tendo-se mantido activo no período que mediou entre 1887 e 1894.

Os Vencidos da Vida

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Os Vencidos da Vida foram definidos por um dos seus membros, embora tardio, o escritor Eça de Queirós, como um grupo jantante. O grupo assumia o carácter de uma sociedade exclusivista, congregando vultos da literatura, da política e da alta sociedade, com relevo para alguns dos vultos mais ilustres das rodas mundanas e aristocráticas.

O grupo incluía, entre outros, José Duarte Ramalho Ortigão, Joaquim Pedro de Oliveira Martins, António Cândido Ribeiro da Costa, Guerra Junqueiro, Luís Soveral, Francisco Manuel de Melo Breyner (3.° conde de Ficalho), Carlos de Lima Mayer, Carlos Lobo de Ávila e António Maria Vasco de Mello Silva César e Menezes (9.º conde de Sabugosa). Eça de Queirós integrou o grupo a partir de 1889.

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Bibliografia

Maria do Carmo Castelo-Branco, Maria de Lourdes Alarcão, Do Tibur ao Cenáculo, Porto Editorawww.vidaslusofonas.pt

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Professora Arminda Gonçalves2010