Upload
joquebede-azeredo-jacobsen
View
227
Download
0
Embed Size (px)
DESCRIPTION
Artigo científico sobre o tema gestão do conhecimento
Citation preview
ARTIGO
A GESTO DO CONHECIMENTO E A INOVAO TECNOLGICA1CarlosDemantovaNET02RoseMaryJulianoLONG03
"Nosecompraatecnologiamaisbarataouamaismoderna,massimaquemaisconvmpararesolveroproblemadequemcompra"Sbato(1972).
RESUMO
Nessaquarta "Onda", a do Conhecimento,sabemosqueentreosgrandesdesafiosquedevemosenfrentarpara a construodeumasociedademaismoderna,ricaejusta,esto,comoressaltao Relatriopara o DesenvolvimentoMundial "Conhecimentopara oDesenvolvimento - 1998/1999" 4,preparado pelo Banco Mundial, os da diminuio das"lacunasdeconhecimento"eodaeliminaodosproblemasdefluxo edeacessosinfor-maes."Emborasejaimpossveleliminarpor completoasdeficinciasdeinformao,reconhec-Iaseenfrent-Iascrucialparaobtermercadoseficientese,emconseqncia,fundamentalpara umcrescimentorpdo,eqitativoesustentado".5Seoproblemadas"lacunasdeconhecimento"temconexoestreitacomasdeficinciasdeinformao,en-to,nadamaisnaturalque,aobuscarequacionarquelas,procuremossoluesparacor-rigir estas.Eliminar as "lacunasde conhecimento",talvezseja uma tarefa quaseimpossvelpara ospasesemdesenvolvimento.Minimiz-las,noentanto,umapossibili-dadeconcreta.Comfoco nesseobjetivo,aquestocentralparaa qualprocuraremosumarespostaaolongodestetrabalhoser:Comoutilizardemaneiramaiseficiente,ecomre-sultadosmaiseficazes,o estoquedeconhecimentotecnolgicodisponvelnumpas? Naprocuradeumarepostapara essaquesto,analisaremos,demaneirasucinta,algunsde-talhesquetipificamoambienteondeseprocessaagerao,a comercializao,atransfe-rnciaea transformaodoconhecimentoeminovao,quando,ento,elesetransformaemriquezaeproduzbem-estar.Conhecidasasparticularidadeseaspeculiaridadesdessetipodemercado,conhecidasascaractersticasdosagentesqueatuamnesseprocesso,en-tendemosqueserpossvel,pelaanlisedosdadosedasinformaesdisponveisepelamelhorcompreensodosproblemashojeexistentes,sugerircaminhoscapazesdeacelerarepotencializarosbeneficioseconmicosesociaisadvindosdatransformaodoconheci-mentoeminovao.
I. Estetrabalho,emsuaessncia,foi apresentado,peloautorCarlosDemantovaNeto(emnomeda ANATEL), emset/2000,como
umapropostabrasileiraparaincentivaro comrcioea transfernciadetecnologia,nombitodaUIT-D, emGenebra,sobo titulo
"ComrcioeTransfernciadeTecnologianoSculoXXI- Umacontribuioaodesenvolvimentoeconmicoesocial".Tambm
foi apresentado,numaconceporesumida,ComissoJulgadoradoPremioTELEXPO 2000,sendoescolhidocomoprimeiroco-
locado,nacategoriadetrabalhosno-tcnicos,recebendooPremioMinistroSergioMottadeTelecomunicaes,emmarode2000.2. GerentedaGernciadoConhecimentodo CPqD.
3. ProfessoraTitulardaPs-GraduaoemBiblioteconomiae CinciadaInformaodaPUC-Campinas.
4. "Knowledgefor Development1998/1999".World DevelopmentReport.OxfordUniversityPress,set./1998.EsseRelatrio
enfocademaneiramuitoapropriadaaimportnciadoconhecimentoedesuadisseminaonocontextodospasesemdesenvolvi-mento.Serreferenciadovriasvezesnestetrabalho.
5."Conhecimentopara o Desenvolvimento- 1998/1999",RevistadeIntelignciaEmpresarialI (I), p.20,out.1999.
Transinformao,v. 13,n2,p. 93-110,julho/dezembro,2001
94 C. D. NETO e R. M. J. LONGO
Assim,o objetivofinal destetrabalhoapresentarumapropostaque,aolanarmodosavanosdaTecnologiadaInformaoedasfacilidadesoferecidaspelasRedesdeTelecomunicaes(comseuscustosdecrescentesecapilaridademundial),possibilite,pelareduodosproblemasdeinformao.diminuiras "lacunasdeconhecimento"e,comisso,maximizarosganhosdasociedade.pelarevela-oepelaapropriaomaiseficientedoconhecimentoj existente,edisponvelpara intercambio,comrcioetransferncia.
Palavraschave:gestodoconhecimento;inovaotecnolgica;transfernciadetecnologia.
ABSTRACT
In thisfourth "wave",theoneofknowledge,it isknownthat,amongthegreatchallengesweshallfacefor theconstructionofamoremodern,wealthy,andfairsociety,arethoseofdiminishingthe"gapsofknowledge"andthatofeliminatingproblemswiththejlow andtheaccesstoinformation,asit isemp-hasizedin theReportfor WorldDevelopment"KnowledgeforDevelopment-199811999".preparedbytheWorldBank.Iftheproblemofthe "gapsofknoledge"isstronglyconnectedtothedeficienciesofinformaion,thenit is naturalthatin tryingtosolvethose,weshouldlookfor solutionsin ordertocorrecthtese.Toeliminatethe"gapsofknowledge"mayben almostimpossibletaskfordevelopingcountries.Todiminishthesegapsispossible.Foccusingthispurpose,thecentralquestiontowhichwewilllookfor ananswer,in thispaper,will be:How touse,ina mostefficientway,andwithpositiveresults.thestockoftechnologicalknowledgeavailableina country?Searchingforananswertothisquestionwewill analyse,briejly,someaspectsof thetypicalenvironmentwhereit isprocessedthegeneration,thecommecialization,thetransferandthetransformationofknowledgeintoinnovation.Whem.then,it is transformedintorichnessanditproduceswellbeing.Whenweknowthepeculiari-tiesof thistypeofmarket,andthecharacteristicsoftheagentsthatactinthisprocessoweunderstandthatit will bepossible(havingdataand theavailableinformationanalysedand havinga betterunderstandingoftheexistingproblemsof thepresenttimes)tosuggestwayscapableofacceleratingeconomicandsocialbenefitsderivedfromthetransformationofknowledgeintoinnovation.Thus,thefinal aimofthispaperistopresentaproposalthatenableustoshortenthe"gapsofknowledge"and,thus,reduceinformationproblemsandmaximizingsocietygains,byrevealingand,efficiently,appro-priatingtheexistingknowledgeandmakingitavailablefor interchange,commerceandtransference.
Key words:knowledgemanagement;technologyinnovation;technologytransfer.
INTRODUO
Como objetivodetraarmosumquadroque
nosforneaumavisopanormicadoambientepara
o qualenderearemosanossaproposta,iniciaremosestetrabalhodiscorrendo,muitobrevemente,sobre
algumascaractersticasquetipificamos processos
decomercializao,transfernciaeinovaoligadas
tecnologia.Antes,porm,paraummelhorentendi-
mentodavisoqueadianteserdelineada,apresen-
taremosquatroconceitosbsicosrecorrentessdis-
cussesemtomodoconhecimentotecnolgico.
Todos sabemosquedefiniese conceitos,
por seremrepresentaeselaboradaspor pessoas,
refletemseuspensamentos,julgamentos,opiniesouavaliaes.Emassimsendo,muitonaturalquetenhamosdisposiovriasediferentesdefiniesparaumamesmaidentidade.Provavelmentenohaverumamelhoroumaiscertadoqueaoutra.Oquerealmenteimportaaclarezadoentendimentoea sustentao argumentaoquea definionosforneanocontextoemquevieraserempregada.
Nessesentido,eparaosfinsdestetrabalho,vamosadotarosconceitosaseguirrelacionadosquenosparecemsuficientementeabrangentese obje-tivosparaospropsitosdessadiscussoqueinicia-remosnocaptuloseguinte.
Transinformao,v. 13,nO2, p. 93-110,julho/dezembro,2001
A GESTO DO CONHECIMENTO E A INOVAO TECNOLGlCA
Tecnologia:
SegundoSbato,
"tecnologia um conjuntoorganizadode
conhecimentos,utilizado na produo ecomercializaode bense servios,e que
constitudonosomentepor conhecimentos
cientficos,mastambmpor conhecimentos,. ,,6
empmcos.
Transfernciade tecnologia:
SegundoBarbieri,aTransfernciadeTecno-
logia
"pode ser entendida como o processo pelo
qual umaempresapassa a dominar o conjun-
to de conhecimentosqueconstitui umatecno-
logia queela noproduziu. Para issoneces-
. srio queessatecnologiaseja completamente
assimiladapela empresareceptora,,7.
Capacitaotecnolgica:
Deummodogeral,pode-sedizerquecapaci-taotecnolgica umaqualidade,desenvolvidaatravsdeconhecimentose habilidades,queumainstituioouempresapossuiparagerarouaplicarumatecnologia.
Inovaotecnolgica:
Emprimeirolugar, precisonoconfundirinovaocominveno.Enquantoesta"umaidiaoumodeloquerepresentaoudescreveumprodutoouprocessonovooudiferentedosquejexistem,,8,aquelarepresentaaintroduodainvenonoSiste-maprodutivo.
95
Assim,todaa invenointroduzidanoSiste-
maprodutivogeraumainovao,masnemtodaa
inovao resultantedeumainveno.Rick Browncaracterizaa inovaocomo:
"um novoproduto, processoou Sistemaquetempotencialparacriarummercadointeira-mentenovo,oumudarummercadoexistente,detal maneiraa criar padres decompetitivi-
dadeoudecomportamentodo consumidor".9
Comosev,a inovaoumfatoeconmico
e,aomesmotempo,tcnico.
Gesto do conhecimento:
A gestodoconhecimentoimplicanaadoo
deprticasgerenciaiscompatveiscomosprocessosdecriaoedoaprendizadoindividualquefacilitamosmodosdeconversodoconhecimentotcitoem
conhecimentoexplcito,conformepropostoporNo-
nakaeTakeuchi10.Estasprticaspodemserdividasemsetedimenses:
1.o papeldaaltaadministraonadefinio
doscamposdoconhecimento;2. o desenvolvimentodeumaculturaorgani-
zacionalvoltada inovao,experimenta-
oeaoaprendizadocontnuo;
3.novasestruturasorganizacionaiseprticas
deorganizaodotrabalho;
4.prticasepolticasdeadministraodere-
cursoshumanosassociadas aquisiodeconhecimentosexternose internos em-
presa;5.avanosnainformtica,nastecnologiasde
comunicaoe nos sistemasde informa-
o;
6.esforosrecentesnamensuraoderesulta-
dos;e
6. SBATO,JorgeA. "EI ComrciodeTecnoIogia".Washington:SecretariaGeraldaOEA,marode1972.p.V.7. BARBIERl,JosCarlos."ProduoeTransfernciadeTecnoIogia".I. ed.SoPaulo:Editoratica,1990,p.42.8. BARBIERI, JosCarlos.op.cit.,p. 131.9. BROWN,Rick."ManagingTechnologicaIInnovation",TechnologyStrategies,abr.lI993.p.1310.NONAKA, I & TAKEUCHI, H.Criaodeconhecimentonaempresa.5.ed.RiodeJaneiro:Campus,1997.
Transinformao,v. 13,nO2,p. 93-110,julho/dezembro,200I
96 C. D. NETO e R. M. J. LONGO
7)acrescentenecessidadedeasempresasen-
gajarem-seemprocessosde aprendizadocomo ambientee atravsdealianascom
1ioutrasempresas.
COMRCIO EA TRANSFERNCIA
DA TECNOLOGIA PARA A INOVAO
Comosesabe,o comrcio,atransfernciade
tecnologiae a inovaotecnolgicaso,porsuaspeculiaridadesprprias,etapasdistintasde ummesmoprocesso,maisabrangentee complexo,quese iniciapelafasedepesquisabsica/aplicadaeconclui-sequandoa inovao realizada.Porisso,podemosdizerqueessasetapasrepresentamfatoseconmicosdistintos,inter-relacionados,masquenoseconfundem.Assim,tantopodemostercomr-ciodeTecnologiasemtransferncia,comotransfe-rnciadeTecnologiasemcomrcio.
OprimeirocasoocorrequandoovendedordaTecnologia,emtrocadeumadeterminadaremu-nerao,repassaaocompradorapenasinstruesescritas(umareceita),notransferindoo conheci-mentoutilizadoparadesenvolv-Ias,ounecessrioparaampli-Ias.O receptor,nessecaso,apenasmanipulainstruessemsabercomoforamobtidas.ComodestacaLongo,essasinstrues
"soexpressesmateriaise incompletasda
tecnologiae,portanto,noseconfundemcom
aprpria tecnologia,pois o domniodesta
que permite a elaboraode tais instru-
es".12
Seo receptornoabsorvero conhecimento-
somenteaprendera usaras instruesrecebidas-
pode-sedizerqueocorreuapenasumadifusoenoumatransferncia.
O segundocaso,a transfernciasemcomr-
cio,ocorrequandoatransfernciafeita,masnoh
uma comercializaoexplcitaou umamoedade
troca, pelo menosaparente.Quase sempre,elaocorre reveliado detentordo conhecimento,e
resultadaanlisededocumentao,cpia,contra-
taodetcnicos,contrataodeconsultoria,espio-
nagem,etc.
Almdisso,paraquehajaumaefetivatransfe-
rnciadetecnologiaprecisoque,pelomenos,duas
condiesbsicassejamsatisfeitas:
a)queovendedortenhainteresseemtransfe-rir oconhecimentoe
b)queocompradortenhacondiesdeabsor-ver o conhecimentotransferido(estruturaorganizacionalecapacitao).
Por isso,paraqueumaempresapossaabsor-
verumadadatecnologianecessrioqueelapossua
uma certacapacitaotecnolgica.Os conheci-
mentose habilidadesnecessriosparaabsorvere
inovartecnologicamentevariamemfunodotipo
deinovaoaserrealizada.S d F 13h, ~. b'. degun o reeman a trestipos aSlCOSe
inovao:
a)Revolucionrias- sointensivasemcinciaetmamploimpactosobreoSistemaprodu-tivo,podendotomarobsoleta,totalouparci-almente,abasetecnolgicaexistente;
b)Radicais- tmimpactosobrecertosmerca-dos,podendomodificarradicalmenteadi-nmicadecompetioe,
c) Incrementais- soresultadosdeesforoscotidianosparaaperfeioarprodutosepro-cessosexistentes,visandoobtermaiorqua-lidadeemaiorprodutividade.
E o quehdecomumnosdiferentestiposde
inovao?Qualquerquesejaotipodeinovaoprodu-
zida,semprevamosencontrarportrsdelasoconheci-
li. GESTO Estratgicadoconhecimento.MariaTerezaLemeFleuryeMoacir deMirandaOliveiraJr. (Org.)SoPaulo:Atlas,2000.
12. LONGO, WaldimirPirr e."TecnologiaeTransfernciadeTecnologia".SoPaulo:EscolaPolitcnicadaUniversidadedeSo
Paulo,CursoAvanadodeAprimoramentoEmpresarial,USPIFDTE, 1989.
13. FREEMAN, Cristopher."La Teoria EconmicadeIa InnovacinIndustrial". Madri: AlianzaUniversidad,1975.
Transinformao,v. 13,nO2, p.93-110,julho/dezembro,2001
A GESTO DO CONHECIMENTO E A INOVAO TECNOLGICA
mentotecnolgico- a tecnologia.Sbatonosensina
queaTecnologia
" umadasprincipaismanifestaesdacapacidadecriadorado homem.Porm,comotambmalgoqueseproduzedistribui,
secomprae vende,se importae exporta,noSistemaeconmico a Tecnologia uma
mercadoria,uma autntica"commodityof,,14commerce
AcontecequeaTecnologianoumamerca-
doriaqualquer.Comoelapodeserusadacomoumfator de dominaodo mercado,sua comerciali-
zaoreveste-sedecaractersticasmuitopeculiares.
Abaixo,relacionamosalgumasdascaractersticasda
tecnologiaedeseucomrcio,comodestacadasnos
trabalhosdeLongol5eBarbieril6:
Comporta-secomoumamercadoria,por-tanto,tempreoepropriedade;
Temvalordeusoevalordetroca; Por serconhecimento, intangvel; Seuvalor,e seupreo,porserumbem
nicoeintangvel,difcildecalcular;
Comoumprodutocomercializvel,suasinformaestmcirculaorestrita;
No exaurvelpelouso; Exigeaplicaorpidae intensa; Torna-seobsoletacomotempo; Podeserimplcita(incorporadaembense
servios) ou explcita (acumuladaempessoasoudocumentos);
um comrciomonopolista.Num pri-meiroinstante,quemdesenvolveuatecno-logiaseunicodetentor;
O SistemadePatentesconfereaoprodutorumaexclusividadesobreoprivilgio;
14. Sbato,JorgeA. op.cit.,p.1
15. LONGO, WaldimirPirr e.op.cit.
16. BARBIERl, Jos CarIos.op.cit.
97
Paraovendedorocustomarginaldatecno-logiapodeserbaixssimo;
Paraocomprador,aopopelodesenvol-vimentoprprioapresentariscoecustoele-vado;
O compradorcompraoquenoconhece; O comprador,pornodispordetodasas
informaes,tembaixacapacidadedenegociaoftenteaovendedor;
O comprador,paraminimizaro risco,preferecomprar"pacotesfechados";
Os contratospodemapresentarclusulasrestritivas;
O fornecedorpodemantero compradordependente,sejadatecnologiaoudaassis-tnciatcnica;
Pelaanlisedessascaractersticas,possvel
perceberqueomercadodetecnologiaummercado
imperfeito.Deumladotemosumvendedoragressi-vo, cominformaesquaseperfeitas,bemtreinado,
com altacapacidadede negociaoe queprefere
vender"pacotesfechados",objetivandomantero
compradordependentedesuatecnologiaou desuaassistnciatcnica.Quasenuncaestinteressado,
verdadeiramente,em transferira tecnologiaque
detm.Preferevenderinstrues.Seupropsito
obtero maiorganhopossvel,no menorespaode
tempo,tirandodeseu"produtoexclusivo"(oconhe-
cimento),o maiorrendimentoquepuder.Portanto,
noumapreciadordaexclusividade.Suaposio
negocials no absolutaporque obrigadoa
convivercom pelo menostrs fatoresde insegu-
rana,osqualssejam:
a)necessidadederevelarpartedeseuconhe-cimentosigilosoparapodernegociar(odi-lemada"caixapreta");
b)incertezaquantoaorecebimentointegraldovalor acordadopelo fornecimentode seuconhecimentoe,
Transinformao,v. 13,nO2, p. 93-110,julho/dezembro,2001
98 C. D. NETO e R. M. J. LONGO
c)pressodotempoquecorrecontraseusinte-resses(Oconhecimentotecnolgicosetor-naobsoletoaolongodotempo).
J dooutrolado,encontramosumcompradorque,freqentemente,negociaemposiofrgil.Suasinformaessoincompletase imprecisas.Temdificuldadeemavaliarovalordoqueestcom-prando,poiscompraoquenoconhece(seno,nocompraria).Suasalternativasnolhesofavorveis:ou notemtempo,ou recursos,parabuscarumdesenvolvimentoautnomo,oudesconheceoutrasfontesparao fornecimentodoconhecimentoquenecessita,ou,seasconhece,a elaspodenoteracesso.Almdisso,nogostadeconcorrnciae,paraseprotegerdessapossibilidade,buscagarantirexclusividade,sujeitando-se,assim,a condiescontratuaisrestritivas.Porfim,comonoconheceperfeitamenteosdetalhesdoqueestcomprandoe,portanto,dascompetnciasnecessriasadequadaimplementaodatecnologiaemaquisio,prefere,porinsegurana,comprar"pacotesfechados",oqueagravasuadependnciadofornecedor.
Comosev,arelaoentrefornecedorecom-pradordetecnologia,parasedizeromnimo,umarelaodelicada.E tomaisdelicadasetornaquantomaioresforemos interessescomerciais,muitasvezesocultos,envolvidosnanegociao.
Finalmente,comos secompratecnologiaporquesepretendeinovar,resta-nosainda,paracompletaressequadropanormicosobreo meioondeseprocessao ComrcioeaTransfernciadeTecnologia,examinaralgumasquestesrelacio-nadasaoprocessodainovaotecnolgica.
De acordocomo conceitoaquiadotado,ainovaosomenteocorreemnvel da empresaprodutoradebenseservios,eresultadeconheci-
mentosdesenvolvidosinternamenteouadquiridosde entidadesexternas.Alm dasconsideraeseconmicas,vriossoosmotivosquelevamumaempresaacomprartecnologias.Umdosprincipais,paraficarmosapenasno maiscomum, aqueleemquea compra feitapara"eliminaretapasdoprocessoinovativoe evitaraperdadetempoe derecursosparagerareorganizarconhecimentosquej. d. .' " 17estanamlSpOnIVels.
interessantenotar,contudo,queasempresas
nosoinovadorasporvocao."Inovarnoum
objetivo,mastosomenteum meioutilizadopela
empresaparaalcanarseusobjetivos".18Ora, se
inovarnoumobjetvo,podemos,ento,dizerque
seriaumaestratgiada empresa.Nessecaso,sob
essepontodevista,a inovaoprecisariaserexami-
nadasobo enfoqueorganizacional.Fleuryfaz-nosnotarque
"nonveldasempresas,existerelaoentre
estratgiae organizao.Esse argumento,
quesenotabilizounoclssicolivrodeChand-
ler. implicaquese umaempresadpriori-
dade tecnologiaemsuaestratgiadedesen-
volvimento,deverestruturarumconjuntode
funesorganizacionaisespecificaspara. b'l ' .I ,,19Via I lza- as .
Defato,Freeman20,estudandodiversasino-vaesimportantes,concluiuqueasempresasqueobtiveramsucessonessasinovaesapresentavam,entreoutras,asseguintescaractersticas:
UmaintensaP&D profissionaldentrodaempresa;
Realizaodepesquisabsicaouestreitaconexocomquemasrealiza;
17. Ibid.,p. 132
18. SOARES, Maria L R. T. "Poltica Cientficae TecnolgicanoContextodeumaComunidadeEconmicaEuropia".Revistada
Administrao,SoPaulo25(3):61-68,jul./set.1990.
19.FLEURY, Afonso."CapacitaoTecnolgicaeProcessodeTrabalho".RevistadeAdministraodeEmpresas30(4):23-30,p.24,out./dez1990.
20.FREEMAN, Cristopher."La Teoria EconmicadeIa InnovacinIndustrial". Madri: AlianzaUniversidad,1975,pp. 173-4(cita-
do porBARBIERl, Jos Carlos.op.cit.,p. 72).
Transinformao, v. 13,nO2, p. 93-110, julho/dezembro, 2001
A GESTO DO CONHECIMENTO E A INOVAO TECNOLGICA
USOdepatentesparaassegurarproteoepoderdebarganhacom asempresascon-correntes;
Tamanhosuficientementegrandeparafi-nanciargastosbastantegrandesemP&D,durantelongosperodos;
Prazosdedecisesmaiscurtosqueosdosconcorrentes;
Inclinaoparaassumirriscos; Rpidae imaginativaidentificaodeum
mercadopotencial;
Cuidadosaatenoaomercadopotencialeesforosconsiderveisparacaptar,educareajudarosusurios;
Esforoempresarialcomsuficienteefic-ciaparacoordenarP&D, aproduoeaco-mercializao;
Boascomunicaescomomundoecomosclientes(pp.173-4).
As constataesqueemergemdessapesquisa
nodeixamdvidassobreaimportnciaeopapelda
estruturaorganizacionaldasempresasno processo
de inovao.Mas, apesardeestarclaroquea ino-vaoresultadeumaaoplanejadaedesenvolvida
inteiramenteno mbitoda empresa, importante
destacarquea inovaotecnolgicanopodeeno
deveserolhadaapenascomoumdosfatoresdeter-
minantesdoxitodeumaempresa(visomicroeco-
nmica)e, portanto,deseuexclusivointeresse.Ovalorestratgicodainovao,comovetordodesen-
volvimentosocioeconmico(viso macroecon-
mica),extrapolaoslimitesdosinteressesimediatosdos empresriospara ocuparespaonas preocu-
paesenasaesdelongoprazodoEstado.
Mas,afinal,quemso,ecomoseposicionam
nomercado,osagenteseconmicosenvolvidoscom
aquestodainovao?
Paracompletaro desenhodo cenriocomo
qualnosocupamos,necessrioquetenhamosuma
visodascaractersticasdostiposdeorganizaes
quepraticamoComrciodeTecnologiaobjetivando
ainovao,sejaestaresultadodeumaaodiretaouindireta.
99
Nessalinha,podemosidentificar,pelomenos,
cincotiposbsicosdeorganizaes,osquaissejam:
Organizaestipicamenteconsumidoras:normalmente,sopequenase mdiasem-presas.S compramtecnologia- quasesempreasmaisbaratas,j obsoletasouemincio de obsolescncia- de acordocom
suasnecessidadesimediatas.No sepreo-cupam,necessariamente,comatransfern-ciadosconhecimentosqueasgerou.Com-pramumalistadeinstrues,umafrmula,umareceitaparaproduzirumdadoprodutoouprocessoinerentesualinhadenegci-os.Nopossuemequipeprpriaecapacita-daparaabsorverastecnologiasadquiridas,ou produzir novas tecnologias.Quandomuito,realizampequenasinovaesincre-mentais.Normalmentenorevendematec-
nologiacomprada,sejaporquenohmaismercadoparaela,sejaporqueo seuvalorresidual muitobaixoou, ainda,porquenotmestruturacomercialparaessetipodenegcio;
Organizaesinovadoras:so, normal-mente,empresasdemdioougrandeporte.Possuem,quasesempre,um ncleo depessoalcapacitadoaodesenvolvimentodastecnologiasutilizadasno seusegmentodenegcios.Compramtecnologiasqueaindanodominamcomo objetivodeaceleraroseu processode inovao.ApresentamestruturadeP&D prpria,comcapacitaoparaabsorvere alavancaro conhecimentoutilizadonageraodatecnologiaadqui-rida.Eventualmenterevendemtecnologiasque dominame que se tenhamtomadoultrapassadasparasualinhadeprodutos,masnoparaomercado.Soprotagonistasdeinovaesincrementaise/ouradicais;
Organizaesinovadorasdominantes:empresasdemdioegrandeporte.Atuamemmercadosmuitoespecializados.Possuemncleosde P&D altamentecapacitadoseespecializadoscapazesdeatuarno"estadoda arte".Utilizam a tecnologiaendgenaparadominarossegmentosdemercadoemqueatuam.Dificilmenteadquiremtecnolo-gias de terceiros.Quandoo fazem,so
Transinformao,v. 13,nO2,p. 93-110,julho/dezembro,2001
100 C. D. NETO e R. M. 1.LONGO
movidaspor interessesque objetivamodomnioou a manutenoestratgicademercados. Freqentemente,preferemnegociaro estabelecimentodealianasouparceriasestratgicasou,ainda,o licencia-mentocruzado.Eventualmente,se issonorepresentarriscosaosseusnegcios,comercializam suas tecnologias maisantigas.Socapazesderealizarinovaesincrementais,radicaiserevolucionrias;
Organizaesgeradorascasuais:nessaca-tegoriavamosencontrar,emmaiorescala,as entidadeseducacionaisde nvel supe-rior, ou profissionalizantes,queno tmcomo objetivo principal desenvolvertecnologias,masque,comoresultadodeseustrabalhoscom pesquisabsicae/ouaplicada,acabam,por vezes,por gerarnovastecnologiaspassveisdecomerciali-zao.Encontramosaqui,tambm,asUni-versidadese/ou InstituiesAcadmicas,comseupoderdegerar,produziredifundiro conhecimento.Outrasvezes,emfunodareconhecidacompetnciaemdetermi-nadoscamposcientficos,podemsercon-tratadasparaconduzirpesquisasaplicadascomo objetivodesubsidiaro desenvolvi-mentodeumanovatecnologia.Pelanatu-rezade suasatividades,apresentamumacertafacilidadeparacriarnovastecnolo-gias,masacabam,quasesempre,encon-trandoalgumadificuldadeparadesenvol-v-Iasatopontodademonstraodavia-bilidadetcnica/comercial.Noproduzem,diretamente,inovaes;
Organizaotipicamentegeradora:nessegrupo,podemosenquadraros CentroseInstitutosdeP&D. Desenvolvendopesqui-saaplicadaemvrioscamposdoconheci-mento,tmcomoobjetivoprincipaldesen-volvernovastecnologias.Quasequecomoregra,nodispemdeestruturafabrilcapazdetransformaremprodutosastecnologiasquedesenvolvem.Dessamaneira,seuprin-cipalnegciocomercializaretransferiraterceirosas tecnologiasdesenvolvidas,sejamestasfrutodesuainiciativaoudesen-volvidas sob encomenda.Como conse-
qnciadesuaaltacapacitaotecnolgica
edesuainfra-estruturainstalada,sofortesprestadoresde serviostecnolgicose deconsultorias, exceo dos softwaresdesenvolvidos,quej so,porsi s,inova-es,raramenteproduzemoutrostiposdeinovao,no contextoda definioqueaquiadotamos.
De umamaneirageral,semmaiorespreocu-
paescomodetalhamentoexaustivodasespecifici-
dadesdessestiposdeorganizaes,podemosdizer
queassimsecaracterizamasentidadesprodutorase
consumidorasdoconhecimentotecnolgico.
Comosepodeobservar,pelaleituradasparti-
cularidadesacimalistadas,cadatipodeorganizao
tem, suamaneira,umarelaobemdistintacom
os processosdeproduo,comercializao,distri-
buioeconsumodetecnologia.
Porm,diferenasparte,tantoquemcompra,
comoquemvende,tmque,necessariamente,viven-
ciarasquestesinerentesaosprocessosdeComer-
cializaoedeTransfernciadeTecnologia,mesmo
queestasseapresentemdemaneiracondicionadas
circunstnciasespeculiaridadesdecadaumdesses
tipos de organizao.Nesse detalheparticular,encontramosum denominadorcomumentretodos
osdiferentestiposdeorganizaes.E essedenomi-nadorcomumserumdosfatoresviabilizadoresda
propostaqueapresentaremosaofinaldestetrabalho.
Traado,finalmente,opanodefundodocen-rio ondesedesenrolao comrcioe a transferncia
detecnologia,eondeseproduza inovao,cumpre
reconhecer,agora,que h outrosproblemasque
entravama apropriaoadequadados conheci-
mentostecnolgicosdisponveis,queno aqueles
diretamenterelacionadosa essesprocessosem si.
Nessembito,podemosidentificar,entreoutros,a
existnciadesrios"problemasdeinformao",no
quedizrespeitodivulgaodoestoquenacionalde
conhecimentostecnolgicos.Problemasqueafetam
nosovendedorouocompradordoconhecimento
tecnolgico,masque acabampor prejudicar,em
ltimaanlise,osinteressesmaioresdopas.
Transinformao,v. 13,nO2, p. 93-110,julho/dezembro,2001
A GESTO DO CONHECIMENTO E A INOVAO TECNOLGICA
Vriossoosmotivosparaqueumacomuni-
caodeficienteocorranesseambiente.No entanto,
independentedequaissejamasrazesparaaexis-
tnciadesseproblema,o queresultaevidenteque,
porcontadessadeficincia,todasaspartesinteressa-
dasacabamporserprejudicadas.De um modo muito sinttico,poderamos
apontar,paracadauma daspartesenvolvidas,os
seguintesprejuzos:
Para o vendedordoconhecimento:
prejudicaoretomodosinvestimentosreali-zados;
opotencialeconmicodatecnologiasub-tilizado;
limitaaexpansodosnegcios; dificultaaatraodenovosclientes; afetaa capacidadede competirglobal-
mente;
dificultaarealizaodenovosinvestimen-tosemP&D;
reduzasinergiacriativadasequipesespe-cializadas;
comprometea manutenode quadrosespecializados.
Para o compradordoconhecimento:
diminuiasopesdeescolhadatecnologiamaisapropriada;
elevao custoda aquisiodatecnologia,porfaltadeopes;
limitaaexpansodosnegcios;
afetaaprodutividade; dificultaaaberturadenovosmercados; inibe o desenvolvimentoda capacitao
tecnolgicaprpria;
reduzaspossibilidadesdegerarinovaes; prejudicaosganhosdeescala; enfraquecea capacidadecompetitivano
mercado;
dificultaa inseropositivano mercadoglobal.
101
Para opas:
aumentaa dependnciadatecnologiaex-terna;
afetaainserodopasnocontextodasna-esdesenvolvidas;
geraumdispndioadicionaledesnecess-rio dedivisas;
comprometeo desenvolvimentodetecno-logiasendgenas;
subordinao avanotecnolgicodomerca-donacionaladecisesexternas;
exportaempregosdealtaqualificao; favorecea"fuga"deespecialistas; prejudicao desenvolvimentoeconmicoe
social.
CONTEXTO ATUAL
o conhecimento o fatordeproduomaisimportantena economiada informaoe resideessencialmentenasmentesdostrabalhadores.Esta
umamudanadramticana formadepensardamaioriadosmodeloseconmicos.
Oconhecimentoemergiucomoelementofun-damentaldediferenciaodasorganizaesnestesltimosanos.Nasdcadasanteriores,asempresasapostavamnaseconomiasdeescala,proficinciaemvendasemarketingounosmovimentosda"quali-dade"e"foconocliente"paraaumentarsuacompe-titividade.Como adventodatecnologiaeo acessoemnveismaissofisticadosdeinformaoestrat-gica,aqualidadedeixadeserumfatordediferen-ciaoesetomaumacondiosine-qua-nonparaasobrevivnciadasorganizaesemtodososramosdeatividade.
A ltimafronteiraparaadiferenciaocom-petitivaainovao.Defato,anicaformadeestarsempre frente inovarantesdoscompetidores.Assimasempresasdesenvolvemumsensosobresimesmas,suascompetnciase seusativosintelec-tuaisqueasdestacamdasdemais.Estasempresastma capacidadede"conhecer"quandoe como
Transinformao,v. 13,n2,p. 93-110,julho/dezembro,2001
102 C. D. NETO e R. M. J. LONGO
devemfazerrapidamenteasmudanasnecessriasemmercadosdinmicos.Sabemtambmcomose
manteremvigilantesparaaprendernovasformasdeenfrentaraconcorrncia,comumfluxoconstantede
21novosprodutos .
O gerenciamentodo conhecimento umaquestodebomsenso.Numapocaemqueainfor-maodigitalestcadavezmaisamplamentedispo-nvel,eaomesmotempopersonalizadaeporttil,oconhecimentorepresentaumrecursoquepodeserumimportanteativoouseumaiordesafio.Coma
inovaotomando-seo nicofatorcapazdeatuarcomoverdadeirodiferencialcompetitivotomou-sepraticamenteimpossvelprotegero patrimniodeumaorganizaosemgerenciartambmo seuconhecimento.A informao,dentrodasempresas,passaaserconsideradacomoempreendimentoqueagregavaloreriqueza.
Sabemosqueaglobalizaodosmercados,oavanoaceleradodatecnologiaeosfluxosdinmi-cosdo intercmbiointernacionalestomudando
antigose introduzindonovosparadigmasparaodesenvolvimentodasnaes.A tecnologia,dehmuito, umadasprincipaisvariveisnadivisointernacionaldotrabalho,eumdosprincipaisfatoresdeorganizaodaproduo.A necessidadedainte-graocompetitivadopasnaeconomiainternacio-nal,nessecenrio,exigirdasempresasnacionaisgrandesesforosna reada inovao.Sobtaiscircunstncias,acapacidadedeproduzirinovaesradicaise/ourevolucionriasserumdosfatores
determinantesparao sucessodasempresas,e dopas,nummercadoglobalizadoe extremamentecompetitivo.
Atondenosdadoconhecer,novisvel,hoje,nomercado,a existnciadequalquermeca-nismoquerenaemsi,demaneiraabrangenteeinte-grada,adisponibilidadenacionaldeconhecimentostecnolgicos(tecnologiaseserviosrelacionados)eoconjuntodeinstrumentos,recursoseinformaesnormalmenteassociadosa essetipodecomrcioespecializado.
O quesepodeobservar,deumlado,soalgu-
mas aes isoladas,patrocinadaspor agnciasgovernamentaisourgosdeclasse,queprocuramdisponibilizarinformaesrelacionadasaoComr-
cioeaTransfernciadeTecnologia,masquefocali-zamapenasdeterminadositensdoamplolequedein-
formaesnecessriasconduodessesprocessos,
taiscomo,por exemplo:financiamentopesquisa,
informaessobrepatentese marcas,informaes
mercadolgicas,serviosespecializados,jornal deofertas,etc.
Por outrolado,na reaacadmica,tambm
nosevem,dopontodevistadacomunicaocom
omercado,aesexpressivasvoltadasaessetipodecomrcio- alias,sonotriaseconhecidasasdificul-
dadesenfrentadaspelaacademiaparatirarmelhorproveitocomercialdas tecnologiasque eventual-
menteproduzem,vistonoseresteseuobjetivoprin-cipal. Tampoucoos Centrose Institutosde P&D
apresentaminterfacescomerciaspblicas,desenvol-
vidasdemodoa favorecere facilitarastransaes
emtomodeumdeseusprincipaisprodutos:oconhe-cimentotecnolgico.
No setorprivado,as coisasno so muito
diferentes.As informaesdisponibilizadaspara.o conhecimentopblico,quandoo so,focalizam
apenascertasespecificaestcnicase/ouoperacio-
naisdosprodutos vendae,namaioriadasvezes,
nadamaisoferecemaosseuspotenciaisclientes,a
ttulodeinformaescomplementares,anoserum
endereoeletrnicoparacontato.
Pelaanlisedocenrioatual,podemosconsta-tarqueamaioriadasaese iniciativasconhecidas
nareadacomercializaodoconhecimentotecno-
lgicoapresentaalcancelimitadoouusorestritoj
que,portrataremapenasdequestespontuaisoude
interessesisolados,no oferecemaos potenciaisclientesumpacotecompletocontendotodasasinfor-
maesnecessriaseessenciaisconduodeneg-ciosdessanatureza.
21.KOULOPOULOS,T.Aspeasdoquebra-cabeasdogerenciamentodoconhecimento.ln:SeminrioInternacionaldoGerencia-mentodoConhecimento.SoPaulo:CENADEM,1998.
Transinformao,v. 13,n2, p. 93-110,julho/dezembro,2001
-
A GESTO DO CONHECIMENTO E A INOVAO TECNOLGlCA
Da ausnciademecanismosespecializadosqueseocupem,especificamente,dadisseminaodoconhecimentotecnolgiconacional,resulta,almdo aumento,efetivoou virtual,das"lacunasdeconhecimento",umareduoconsiderveldasoportunidadesdearticulaoentreosprodutoreseosconsumidoresdetecnologia.E quantomenor,oumaisineficiente,foressaarticulao,menorserasinergianecessriaaoaprimoramentoaceleradodoconhecimentoexistente.
preciso,portanto,ofereceraosagentesdoprocessodeinovaoaoportunidadeeasferramen-tasadequadasparaqueoconhecimentotecnolgicodisponvele dispersoentreasinmerasentidadesprodutorassejafacilmenteidentificadoecolocadosuadisposio.Sdessamaneirao conhecimentopodercumprirplenamenteseupapelmacroemicroeconmico.
Assim,o desafioquesecolocaaumasocie-dadeemdesenvolvimento,paraalavancaroseucres-cimentoeconmicoeo seubem-estarsocial,eparaobterumamelhorinseronaeconomiaglobal,nosodebuscarreduziras"lacunasdeconhecimento",
pelo desenvolvimentoendgenoou pelaaquisio
externa,mastambmo deprocurarusardemaneira
maiseficienteoconhecimentoquej temdisponvel.Procedendodessamaneira,nosersurpresadesco-
brirquemuitasdas"lacunasdeconhecimento"per-
cebidassoapenasaparentes,Na realidadeoconhe-
cimentoexistee dominado,Apenasnosesabia
ondeeleestavaequemo detinha.Ora,senosdadoconhecerascaractersticas
epeculiaridadesdosprocessosdedesenvolvimento,
comercializaoe inovaotecnolgica,se conse-
guimosentenderquequantomaisgilecompletofor
o fluxo das informaessobre o conhecimento
tecnolgicodisponvel,maioresseroaschancesdo
estabelecimentode um relacionamentoprofcuo
entreosagenteseconmicosenvolvidoscomopro-
cessodeinovao,esecompreendemos,ainda,que
quantomaisnegciosseconcretizarementreesses
agentesmaiorsera sinergiado conhecimentoemaioresseroos benefcioseconmicose sociais
103
paraopas,snosresta,ento,desenvolveridiasepropormeiose mecanismosquecontribuamparaequacionarosproblemasqueimpedem,oudificul-tam,adifusoeaapropriaoadequadadacapaci-taotecnolgicanacional.
luz detodasessasconsideraes,pare-ce-nospatenteanecessidadedesebuscarresolvercomurgncia,semprejuzoaosesforosparalelospelodesenvolvimentodenovosconhecimentos,os"problemasde informao"quedificultamummelhoraproveitamentodo conhecimentoquejtemosdisponvel.
Comessesentimento,ecomointuitodecon-tribuirparaa reduodos"problemade infor-mao",nareadoconhecimentotecnolgico,apre-sentamosapropostaaseguir.
A PROPOSTA
Numa pocaondeotemposeaceleraeoespao
serelativiza,ondecompetitividadee inovaoso,
maisdoquenunca,palavrasdeordemdanovaeco-nomia,ondeas "lacunasde conhecimento"e os
"problemasdeinformao"tornam-sefatorescrti-
cos para o desenvolvimentosocioeconmicodos
pasesemergentes,oportuno,senoimprescind-
vel,queseapresentemequesediscutamabordagens
inovadorase racionaisparatratarosproblemasqueprejudicamo fluxonormaldasinformaesentreos
produtoreseosconsumidoresdoconhecimento.
Osdesequilbrioseasineficinciasdomerca-
do,queresultam,emgrandeparte,dasdeficincias
deinformao,comobemressaltaoBancoMundial
em seuj citadoRelatrio,precisamseratacados
comprestezaedeterminao,sobpenadevermoso
desenvolvimentosocial do pas condenadoa um
crescimentoaqumdesuaspossibilidadesenecessi-dades.
"A histriadarevoluoverdemostra
como acriao, disseminaoeusodo conhe-
cimentopode reduzir os desequilbrios.
Tambmmostraqueo know-how apenas
umapartedaquiloquedeterminaobem-estar
Transinformao,v. 13,nO2,p. 93-110,julho/dezembro,2001
---
104 C. D. NETO e R. M. J. LONGO
social.Problemasdeinformaolevamapro-
blemasnomercadoe impedema eficinciaeo crescimento.O desenvolvimento.portanto,
exigeumatransformaoinstitucionalque
melhorea informaoeestimuleo esforo,a
inovao,a poupanae o investimento;e
aindafacilite progressivamenteas trocas
complexasque se realizamno tempoe no..22
espao.
Sabemosqueos fluxosde infonnaeseconhecimentostornaram-semaisamplos,maissofisticadosemaiscomplexos,equeastecnologiasde infonnaomudamconstantemente maneirapelaqualoconhecimentodistribudo,processadoeutilizado.
Sabemostambm,comoadverteo BancoMundial,"queas"lacunasdeconhecimento"e osproblemasde infonnaosotemasinterligados,quenopodemsertratadosisoladamente,,23.Portan-to,sedesejamosajudara resolvero problemadas"lacunasdeconhecimento"existentesnomercado,deumafonnarpidaeeficaz,precisamosprocurararespostaparaumaquestoprimordial:comofazercomqueo conhecimentotecnolgicodisponvelsereveledemaneiraampla,ecirculedemaneirafcilentreosqueoproduzemeosqueoconsomem,paraqueelepossacumprirplenamenteo seupapeleconmico?
A soluoparaessainterrogaonosim-ples,maspassa,semdvida,peloequacionamentodosproblemasdeinfonnaohojeexistentes.A difi-culdadeque,nocaminhodessasoluo,humcon-juntodedesafioscrticosaseremvencidos.E essesdesafiosnosopoucos.A tecnologiarepresentaumpapelimportantenesseprocesso.Contudo, peri-gosoacharquea questodagestodosproblemasdas"lacunasdoconhecimento"edosproblemasdeinfonnao,ou seja,a gestodo conhecimento,
propriamentedito,solucionadasomentepormeio
datecnologia.O ladohumanodaequao funda-
mentalparasoluesde longoprazo,e pelo valor
agregadoquerepresentaparaasempresas.A tecno-logia da infonnao apenasumapeado que-
bra-cabea,pois fornecea estruturaporm noforneceoconted024.
precisosabercomoeondelocalizarasinfor-
maescertas,comoannazen-Ias,trat-Ias,organi-
z-Ias,disponibiliz-Iase faz-Iasfluir demaneira
eficienteentreosagentesdoprocessodeinovao.
precisooferecersuporteeferramentasqueajudemaagregarvalorinfonnaocoletada,facilitandosua
transfonnaoem conhecimentoe favorecendoa
realizaodenegcios. precisoconciliarofertas,
demandas,custos,preoseprazos. precisoreduzirasdvidas,diminuirosreceios,eliminarasdescon-
fianaseminimizarasdivergnciasdeinteresses.
precisovalorizarosobjetivoscomuns,sublinharos
pontosconvergentese destacaros beneficiosm- 'tuos. precisofazercrescernasempresasprivadasa
percepodaimportnciadesuaatualizaotecno-
lgicae dovalordo conhecimentocomoelemento
essencial criaoe sustentaodacompetitivi-
dadeempresarial.precisofazercomqueoconheci-
mentocheguelinhadeproduo,ondeainovao
geradaeariquezaproduzida.
Comosepodeperceber,apropostaqueviera
serfonnuladapararesolveraquestocolocadapar-
grafosacima,nopoderdeixardelevaremcontaanecessidadede se equacionarsatisfatoriamente
todosessesetantosoutroscomplexosdesafiosaquinorelacionados.
Apesardoportedaempreitada,e dasdificul-
dadesiniciaisj previsveis,quernosparecerque
sejaesteumbommomentoparasedarincioauma
aoamplae consistente,de carternacional,que
objetive facilitar a circulaodo conhecimento
tecnolgicoentretodosos agenteseconmicosda
22. Ibid.pp.13-14.23. ConhecimentoparaoDesenvolvimento- 1998/1999,op.cit.,p.8.24. GESTOdoconhecimento,umnovocaminho.HSM Management,22(4):51-64,set./out.2000.
Transinformao,v. 13,nO2, p. 93-110,julho/dezembro,2001
A GESTO DO CONHECIMENTO E A INOVAO TECNOLGICA
sociedade,detal sorteque,comodecorrnciadaapropriaoadequadadesseconhecimento,sepossaalavancaro desenvolvimentosocioeconmicodo
pas.Comfoconesseobjetivo,chegamosconclu-
sodequeodesenvolvimentodeumSistemainfor-matizado,comafunobsicadeajudaramelhoraro fluxoe adisseminaodasinformaesrelacio-nadasaoconhecimentotecnolgiconacional,seriaumaresposta,parcialmente,adequadaparao pro-blemaquetemosemtela.Estamos,no entanto,conscientesdequeesta, apenas,umapartedaquestomaior.Se observarmoscom ateno,veremosquemuitasempresasquefracassamemsuasiniciativasde gestodo conhecimentonoreconhecemadiferenaentreinformaoeconheci-mento.A gestodoconhecimentocuidadeagregarvalorsinformaes,atravsdesuasprticas.Pormaprincipaldiferenaentreoconhecimentoeainfor-maooaspectohumano.Certamenteatecnologiadainformaoumfacilitador,masporsi snoconsegueextrairasinformaesdacabeadeumindivduo.
A propsitodosfluxosdeinformao,comen-tamosredatoresdoRelatriodoBancoMundial:
"A crescentecapacidadetecnolgica,aliadaaoscustosdecrescentesdaindstriade
telecomunicaes,aumentadramaticamente
opotencialpara a aquisioeaabsorodo
conhecimento,criandonovasoportunidades
para osfluxosde informaoemmodupla.Estratgiasdegovernoparareduziras "lacu-nasde conhecimento"somaiseficientesquandopropiciamo mximodesinergias.Masemsuaformulaoeimplementaoosgovernostambmprecisamcontemplaras..J,r, .- . ..J' ,.{; - ,,25uejlClenClaSue lnjormaao.Assimque,comaexpectativadecontribuir
paraareduodas"lacunasdeconhecimento",pela
25.Conhecimentoparaodesenvolvimento-1998/1999,op.Cit.,p.8
105
minimizaodosproblemasdeinformao,estamos
propondoo desenvolvimentode um Sistemaque,utilizando-seda Tecnologiada Informaoe das
redesdecomunicao,nospossibilitecoordenare
articulardemaneiraintegrada,abrangente,uniforme
eestruturada,asinformaessobreadisponibilidade
nacionaldeconhecimentostecnolgicos,compreen-dendo:
a)Tecnologias;
b) ServiosTecnolgicos(certificao,testeseensaioslaboratoriais,etc.);
c) Consultoria(avaliaes,anlises,parece-res,etc.);
d)Treinamento(In loco,baseadoemcompu-tadorouOnline);etc.
EsseSistemadeverserprojetadoedesenvol-
vidoparafuncionarcomobasedeumgrandePortal
do ConhecimentoTecnolgico(ecientfico?).Esse
Portal, por suavez,deverreuniremsi, almdos
conhecimentoseinformaestcnicas,comerciaise
legaisconsideradasessenciaisaodesenvolvimentoe
sustentaodasdiversasetapasdosprocessosde
negociao,comercializaoetransfernciadetec-
nologiase/oudeprestaodeserviostecnolgicos,
outrasinformaesacessriasquepossamemprestar
maioreficinciaetomarmaiseficazesasaesque
sedesenvolvemnocontextodessesprocessos.
AtravsdessePortal, seriadisponibilizado
quelesquetrabalhamcomo conhecimentotecno-
lgico (desenvolvendo,vendendo,comprandoou
pesquisando)umlequedeinformaespertinentesaessetema,oriundasdediferentesreas,taiscomo:
a)propriedadeIntelectual;
b) tcnicasdeNegociao;
c) incentivosfiscais;
d)modelosdeContratoseAcordos;
e)buscae recuperaodeinformaestcni-casecomerciais;
f) notciasrelacionadas;
Transinformao,v. 13,nO2,p. 93-110,julho/dezembro,2001
106 C. D. NETO e R. M. J. LONGO
g)repositriodeArtigosCientficoseTcni-cos;
seriaconstitudoporumconjuntodedife-rentesbasesdedados,localizadasemml-tiplosservidorescentralizadosnoorganis-moGestor,oudistribudosemdiferenteslocalidadesgeogrficas,nasentidadespar-ticipantesou,ainda,ummistodisso;
haveria,entreoutras,basesdedadoscon-tendoinformaessobre:modelosdecon-tratos/acordos,fontesde financiamentosgovernamentaiseprivadas(VentureCapi-tal),estatsticas,propriedadeintelectual,correspondnciaeletrnica,especialistasnacionais/internacionais,questesfre-qentementeperguntadas(FAQs), infor-maesmercadolgicas,tecnologias,ser-vios tecnolgicos,consultoria,treina-mentoon-line,ensinoadistncia,etc.;
h) oportunidades& Negcios;
i) normas& Regulamentos;
j) frumdeDebates;
k) conferncias& Eventos;
1)fontesdeFinanciamento(governamentaisederisco);
m) listaNacionaldeEspecialistas;
n) linksrelacionados(HotLinks);etc.
As informaese recursosoferecidospelo
Sistemapoderoser acessadospor intermdiodecomputadoresconectadosInternet,atravsdeuma
interfaceWebpadro,conformeesquematizadonafigura.
Os principaisusuriosdesseSistemasero
todosaquelesorganismosou indivduosenvolvidos
comaquestodainovaotecnolgica,taiscomo:CentroseInstitutosdeP&D; Indstrias;Universida-
des;IncubadorasdeTecnologia;ParquesTecnolgi-
cos; Pesquisadoresacadmicosou independentes;AssociaesdeClasse;rgosdoGoverno,etc.
Abaixo,algumaspossveiscaractersticasdo
Sistemaproposto:
paraos ofertantes(vendedores)doconhe-cimentotecnolgico,oSistemafuncionariaporadeso.Essaadesopoderiaserespon-tneaouoGestoridentificariaecontataria,gradativamente,todosospotenciaisvende-,doresconhecidos(CentrosdeP&D, Insti-tutosdeP&D, Universidadese empresasreconhecidascomoatuantesno comrcio
de tecnologia)convidando-osa aderiremaoSistemaatravsdeumTermoGeralde
Adeso,porelepreparado;
Acesso Contribuio
t
t tF==4
.
.
... R
.
...L...) ~
Transinformao,v. 13,n2, p. 93-110,julho/dezembro,200I
A GESTO DO CONHECIMENTO E A INOVAO TECNOLGlCA
aadesoeousodoSistemaseriagratuito; certosserviosespecializados,oferecidos
peloSistemacomosuporteadicionalsuautilizao,poderiamsercobradosdequemosrequisitassem;
asentidadesprodutoras/vendedorasdetec-nologia,umavezassociadasaoSistema,poderiamofertarsuatecnologiae/ouseusserviostecnolgicos,segundoumforma-to padrodedivulgaodeinformaes,definidopeloGestor;
asinformaesconsolidadasdecadainsti-tuioassociadapoderiamsercarregadasdiretamentenasbasesdoSistema,utilizan-do-sesenhasdeacesso,pelosresponsveisemcadainstituio,ouo prprioSistemapoderiafazerumavarreduraperidicanasbasesdosassociados,capturandoasinfor-maesdisponibilizadas;
o Gestoridentificariae estabeleceriacon-vnioscompossveisfontesdefinancia-mento,governamentaisouprivadas,parainvestimentoemtecnologia,eorientariaosinteressadossobrecomoacessareutilizarosrecursosdisponibilizados;
o Gestoridentificariae divulgariainfor-maessobremecanismosgovernamentaisemvigorvoltadosaoincentivopesquisaeaodesenvolvimentotecnolgico,epresta-ria a orientaonecessriaaosinteressa-dos;
o Gestoridentificariae firmariacon-tratos/convnioscomBancosde Dados,nacionaise estrangeiros,e comentidadesestataiseprivadas(INPI, Itamarati,MCT,CNPq,CNI, FIESP, etc.)paraacessarerecuperarinformaesdeinteressedeseususuriossobre,porexemplo,propriedadeintelectual,demandasmercadolgicasna-cionaiseinternacionais,matriastcnicas,cientficas,comerciais,regulatrias,etc.;
parafinsdepesquisae/oudeplanejamentooSistemaconteriaosrecursosnecessriosgeraoderelatrioscomdadoseinfor-maesestatsticassobreseucontedo,usoebeneficiosporeleproduzido;
107
o Sistemadeveriaserintegradoa outrosSistemasdeinformaocientficosetecno-lgicos;
o Sistemaincorporariaos mecanismosnecessriosparaqueo Gestorpudesseacompanharosprocessosiniciadosporseuintermdioafimdeavaliar/aprimorarasuaeficcia;
oGestorseriaresponsvelpelaelaboraodemodelosreferenciais,entreoutros,dosseguintescontratos/acordos:LicenadeExploraodePatentes;LicenadeUsodeMarca, Fornecimentode TecnologiaIndustrial(know-how);prestaodeServi-osTecnolgicos(consultoriae servioslaboratoriais);TreinamentoeRevelaodeInformaesConfidenciais.Taismodelos,nosseusitensbsicos,seriamajustadoseacatadosportodososusuriosdoSistema;
umavezdisponibilizadoo Sistema,qual-querinteressadona aquisiodetecnolo-gias,treinamentoseserviostecnolgicospoderiaacessaroPortal,fazerasconsultasquedesejassee,encontrandoo queprocu-rasse,estabeleceriaumcontatodiretocoma(s)entidade(s)queoferecesse(m)oprodu-todeseuinteresse,semnenhumainterfe-rnciadoGestor,anoserquehajaumarequisioespecficaparaisso;
a gestodoSistemaseriaconfiadaa umaequipe,constitudaportcnicoseadminis-tradores,capazde,autonomamente,man-t-Io,dopontodevistatcnicoefilosfico,edeconduzirtodasasarticulaespolti-cas,tcnicase comerciaisnecessriasaoadequadofuncionamentodoSistema.
CONCLUSES
o ambientepolticoe econmico,a globali-zaodocomrcioe dosfluxosdeinformaes,acriaodeblocoscomerciaiseosavanosdasTec-nologiasdaInformao,caracterizamummomentopropcioaodesenvolvimentoe implementaodemecanismose de Sistemasautomatizadosque,beneficiando-sedacapilaridadeedosbaixoscustosdasredesdecomunicaes,possamcontribuirde
Transinformao,v. 13,nO2, p. 93-110,julho/dezembro,2001
108 C. D. NETO e R. M. J. LONGO
maneiramaisefetivaparaaminimizaodosproble-masdeinformaonomercadodetecnologia.
Hoje,umaparcelasignificativadasorgani-zaesenvolvidascomageraodetecnologia,criaemantmseusconhecimentostecnolgicosemSis-temasque.comfreqncia,nosoadequadamentedivulgadosoudisponibilizadosparaconsulta.Poressarazo,paraosquenosabemdetaisSistemas,ounoospodemacessar,osconhecimentosaliman-tidossovirtualmenteinvisveise,portanto,inaces-sveis.As informaestecnolgicasestodispersasemSistemasisolados.Poucossabemoqueexisteou,sesabem,ondeseencontra.A opoparaquemprecisadessesconhecimentos consumirtempo,edesperdiardinheiro,procurando-os,tentandorecri-Iosoufazendoseutrabalhosemeles.
Essa"invisibilidade"concorre,tambm,paraaconsolidaodeumaoutracaractersticanegativadomodeloatualdegeraodetecnologia:areduzidaarticulaoentreosagentesdasociedadeenvolvidoscoma inovao.Emboranosepossacaracterizarcomprecisoaextensodesseproblema,porinsufi-cinciadedadosestatsticosconfiveis,possvelperceberqueasarticulaeseparcerias,entreospro-dutorese consumidoresdoconhecimentotecnol-
gico,ficammuitoaqumdoqueseriadesejvel.Comoresultadodessabaixainterao,a sinergianecessriaaodesenvolvimentomaisaceleradodo
conhecimentotecnolgiconacionalfica prejudi-cada,comprometendoseriamenteosesforosparaopreenchimentodas"lacunasdo conhecimento",einibindoosurgimentodainovao.Enfim,desdehmuito,o atualmodelonoatendeplenamenteasexpectativasdasociedadequantoaosbeneficiosqueeledeveriaproduzirparaopas.
OSistema,cujaidiadedesenvolvimento,emlinhasgerais,orapropomos,porsuaformulaoepeloseualcanceecapacidadedepenetraojuntoaomercado,ajudar,certamente,a reduzirpartedosproblemasdeinformaoapontados,o queircon-tribuirparaa reduodas"lacunasde conheci-mento".
Suadisponibilizaoeusofacilitaroaimple-mentaodeestratgiasdeocupaodeespaoseco-nmicos,contribuirparadiminuiro descompassoentreaproduodoconhecimentoeaproduodebense serviose,principalmente,permitir,pelomelhoraproveitamentodoestoquedeconhecimen-to,maximizara sinergiae o inter-relacionamentovitalentrecrescimentoedesenvolvimentosocial.Os
seususuriospoderomaximizarseusganhos,aumentarsuaprodutividade,reduzirseuscustos,agilizaremelhorarsuasdecisese fazerusomaiseficazdeseusrecursosedeseutempo.Easociedade,comoumtodo,poderseapropriarintegralmentedessesbeneficios.
Alm dascaractersticasacimaapontadas,tambmpossvelesperarquehaja,peloaumentodasrelaesentreasinstituiesparticipantesepeloincrementodosnegciosrealizadosnessecontexto,o surgimentodenovasemelhorescondiesparaa .formaodecapitalhumanomaisqualificado.
Emresumo,nosascondiespolticasetecnolgicastomamo momentopropcioformu-laoeimplementaodeumSistemadeAdminis-traoIntegradade ConhecimentoTecnolgico,comooprprioprocessodeglobalizaodosmerca-dosedosfluxosdeinformaotomaprementeumatomadadeposionessesentido,sobpenadevermosampliadasas"lacunasdeconhecimento"entreospasesemdesenvolvimento,comoo nosso,e ospasesindustrializados,comobemargumentaoBancoMundial:
"Para ospasesemdesenvolvimento,
portanto,a explosoglobaldoconhecimento
contmtantoameaasquantooportunidades.Seas 'lacunasdeconhecimento'se amplia-rem,o mundovai sedividiraindamais,no
apenaspelasdisparidadesdecapitaleoutros
recursos,maspela disparidadedo conheci-
mento.Cadavezmaisocapitaleoutrosrecur-
sosjluiroparaospasescombasesdeconhe-
cimentomais slidas, aprofundando-seas
desigualdades.H tambmo perigo de
Transinformao,v. 13,nO2, p.93-110,julho/dezembro,2001
A GESTO DO CONHECIMENTO E A INOVAO TECNOLGlCA
aumentarosdesequilbriosdentrodospases,
particularmentenaquelesemdesenvolvimen-
to,ondealgunspoucosafortunadosnavegamnaInternetenquantooutroscontinuamanal-
fabetos.Mas ameaae oportunidadesoos
ladosopostosdamesmamoeda.Sepudermosreduzir as "lacunas de conhecimento"e
enfrentarosproblemasdeinformao,talvez
aplicandoassugestesdesteRelatrio,pode
ser quesejapossvelmelhorara rendae o
padrodevidanumritmomuitomaisvelozdo. . d 26 "queo Imagznao .
No seimaginequeesteSistemaserapenas
maisuma"vitrina"detecnologia.O Sistema,como
proposto,foi idealizadoparaserumapoderosaferra-mentadefomentoaodesenvolvimentodoconheci-
mentotecnolgiconacionale desuporteaosneg-
ciosqueserealizamnessarea.Osbeneficiosqueele
trarparaasociedade,emmdioprazo,conformese
podeantever,seroaltamentesignificativos.Porseu
intermdiopoderoserconduzidasaesemsinto-
niacomo quesepassaatualmentenosfluxosdin-micosdocomrciomundial.
Espera-se,tambm,queaofacilitaraidentifi-
caoe a disseminaodo estoquenacionalde
conhecimentojunto sociedade,comoumtodo,e
entreos elementosenvolvidoscoma inovao,em
particular,elesejacapazdeatuarcomoagentecatali-
sadore multiplicadordos interessesem tomo do
conhecimento,favorecendo,assim,o surgimentoda
sinergianecessriaao seuaprimoramento.Afinal,
comosesabe,conhecimento fluxo,noestoque.
Comosev,pelaleituradestetrabalho,aidia
aquiapresentadaconstituiapenasumasntesegen-
ricadoquepoderiaserfeitoparaajudarareduziros
problemasdeinformaoqueafetamociclo:desen-
vo1vimento-comercializao-transferncia- ino-
vaotecnolgica.A anlisedessaproposta,suaexplorao,detalhamentoe adequaodever
26.Ibid.,p. 26.
109IIII
I
envolveroconjuntodosatorespotencialmenteinte-ressadosnesseprocesso,taiscomo:organismoseinstituiesgovernamentais,entidadesrepresenta-tivasdeclasses,entidadesdeensino,instituiesecentrosdeP&D,universidades,etc.
Porltimo,masnomenosimportante,gosta-ramosderessaltarqueoSistemaapenasumaparte,talvezamaisvisvel,deumapropostamaisamplae complexaqueenvolvea gerao,o desenvolvi-mento,a difusoe a aplicaodoconhecimento.Tambm precisotersempreemmentequeasTecnologiasdeInformaonocriamsabernempromovemo conhecimento.Elas simplesmenteorganizamefacilitamasuatroca.Porisso,fazparteintegrantedenossapropostaa especialatenocoma dimensohumana.Paraconstruirligaese conexesentreindivduose instituies,para
fomentarepromovero conhecimento,sonecess-riaspessoas.A elas,emltimaanlise,caberaresponsabilidadepor tomarestapropostatil eproveitosaparaasociedade.
Sabemosque,quantoapropostaaquiformu-lada,muitasquestesnecessitamsermelhordiscu-tidas,equeoutrostantospontosprecisamsermaisbemdefinidos,mastambmsabemosqueaidiaoraapresentadanoencontra,deumlado,restriesnemimpedimentosdeordemtcnicaparao seudesenvolvimentoeimplementaoe,deoutro,queaindanoexistenenhummecanismosimilarno
mercado- pelomenosnenhumdenaturezaneutra,querenaemumnicoespaotodososelementosnecessriosaoprocessodedivulgao,negociaoetransfernciadetecnologia,equeintegre,indistin-tamente,todososatores,pblicoseprivados,produ-toreseconsumidoresdoconhecimentoedetecnolo-
gia.Assim,quernosparecerqueomaiordesafioquesepodeesperarparaodesenvolvimentoeoperacio-nalizaodeumSistemacomoestequeestamos
propondo,serapenasdeordempoltica.
Transinformao,v. 13,nO2,p. 93-110,julho/dezembro,2001
110 C. D. NETO e R. M. J. LONGO
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
BARBIERI,JosCarlos."ProduoeTransfernciadeTecnologia".SoPaulo:Editoratica,1990.
CONHECIMENTO para o Desenvolvimento-1998/1999",RevistadeIntelignciaEmpresarial1(1):20,out.1999.
BROWN,Rick."ManagingTechnologicalInnovation",TechnologyStrategies,abr./1993.FLEURY, Afonso."CapacitaoTecnolgicaeProcessodeTrabalho".Re-vistade Administraode Empresas30(4):23-30,out./dez1990.
FREEMAN, Cristopher."La TeoriaEconmicadeIaInnovacinIndustrial".Madri:AlianzaUniversidad,1975.
GESTO do conhecimento,umnovocaminho.HSMManagement,22(4):51-64,set./out.2000.
GESTO Estratgicado conhecimento.MariaTerezaLemeFleuryeMoacirdeMirandaOliveiraJr. (Org.)SoPaulo:Atlas,2000.
KNOWLEDGEforDevelopment1998/1999.WorldDe-velopmentReport.Oxford:UniversityPress,set./1998.
KOULOPOULOS,T.Aspeasdoquebra-cabeasdoge-renciamentodoconhecimento.In:SeminrioInternaci-onaldoGerenciamentodoConhecimento.SoPaulo:CENADEM,1998.
LONGO,WaldimirPirre."Tecno10giaeTransfern-cia deTecnologia".SoPaulo,EscolaPolitcnicadaUniversidadedeSoPaulo,CursoAvanadodeAprimo-ramentoEmpresarial,USP/FDTE,1989.
NONAKA, I & TAKEUCHI, H. Criaodeconheci-mentonaempresa.5.ed.RiodeJaneiro:Campus,1997.
SBATO,JorgeA. "El ComrciodeTecnologia".Was-hington:SecretariaGeraldaOEA,marode1972.
SOARES,Maria1.R.T."PolticaCientficaeTecnolgi-canoContextodeumaComunidadeEconmicaEuro-
pia". Revista da Administrao, So Paulo25(3):61-68,jul./set.1990.
Transinformao,v. 13,n2,p. 93-110,julho/dezembro,2001
---