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A GRAMÁTICA E A PRÁTICA DOCENTE NO ENSINO FUNDAMENTAL

DOMBOROWSKI, Kélli Cristina Lustosa. SEED – PR1

TEIXEIRA, Níncia Borges - UNICENTRO - PR2

RESUMO

O presente artigo enfatiza questões reflexivas e práticas com relação ao ensino de gramática

na escola, principalmente no Ensino Fundamental. Sabe-se que é urgente aperfeiçoar a

capacidade de se estudar a gramática reflexiva. Justifica-se, assim, esta proposta de

intervenção por deixar emergir as dificuldades e trabalhar a partir delas, incitando os alunos à

reflexão. Para isso, é necessário “uma abertura de espaços para uma atividade criadora”, no

que se refere ao tratamento das questões gramaticais dentro da própria prática na sala de aula,

visando a uma autonomia do sujeito leitor e produtor de textos. Propõe-se, então, como ponto

básico deste estudo, a análise do processo gramatical da língua, desenvolvendo a mediação

teórico-reflexiva com a prática em sala de aula, envolvendo também atividades lúdicas que

despertam maior interesse do aluno e auxiliam a reflexão acerca da língua que fala, escreve e

lê, encarando-a como instrumento de prática social. Portanto, são possibilidades de práticas

que auxiliam o professor de Língua Portuguesa a realizar um trabalho mais enriquecedor e

satisfatório com relação à gramática; assim, é imprescindível perceber que ensinar a língua

pátria não passa de uma brincadeira inteligente.

PALAVRAS-CHAVE: Ensino de Língua Portuguesa. Formação de professores. Gramática

reflexiva.

1 INTRODUÇÃO

O ser humano é um aprendiz da língua desde o seu nascimento. Esta língua que se

manifesta como interação verbal e social dos falantes, constituindo-se como sua identidade

linguística.

Ao longo de sua vida, o ser humano recebe conhecimentos que indicarão como

aprendeu, compreendeu, interpretou e modificou-se enquanto sujeito da história e da cultura,

porém este só poderá realmente fazer história através de sua língua, de seu idioma.

1 Professora de Língua Portuguesa - SEED - PR. Mestra em Educação e Linguagem. - UNICS - PR.

2Pós-doutora em Ciência da Literatura (UFRJ), Doutora em Letras (UNESP). Professora Adjunta da

Universidade Estadual dp Centro-Oeste-UNICENTRO, Departamento de Letras.

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Dessa forma, o ensino de Língua Portuguesa precisa encaminhar o aluno a

desenvolver a habilidade de compreender discursos, refletir a cerca deles e também ter a

vontade de produzir e difundir ideias.

Disso decorre a fundamental importância de se comentar em sala de aula os diferentes

tipos de gêneros discursivos existentes na sociedade, trazendo para o estudo da língua a

realidade atual. Assim, o conhecimento será facilmente contextualizado à participação social,

de acesso à informação e de expressão.

Cabe ao professor, nesse processo, orientar e estimular atividades que possibilitem ao

aluno o enriquecimento do conhecimento linguístico.

Ao longo dos tempos, o trabalho com a língua vem mudando significativamente. No

início do século XX, o ensino era muito prescritivo e retórico, imperando a ideia de que um

bom detentor de sua língua era aquele que dominava a gramática. Com os estudos

linguísticos, ao final deste mesmo século, o ensino de Língua Portuguesa passou a ser

discursivo e reflexivo, entendendo que a escrita, a oralidade e a leitura completam-se. Por

isso, ao solicitarmos que os alunos escrevam, estamos envolvendo-os numa investigação do

mundo, de si mesmos e de seus conhecimentos. É claro, então, que esse ato da escrita envolve

a oralidade, a leitura e a própria gramática da língua.

Porém, é esse registro escrito, esse registrar a fala que tem preocupado tanto a escola e

que faz com que muitos professores trabalhem tantas regras e metalinguagens para melhorar a

escrita dos alunos.

Celso Pedro Luft afirma:

Melhorar, primeiro, a expressão oral. (...) depois, paralelamente,

introduzir e aperfeiçoar a expressão escrita.(...) Não falo em formar

escritores, que escritor não se faz na escola: falo de todo indivíduo

normal, escolarizado, que deve ser capaz de usar a língua escrita na

vida profissional, com desembaraço e segurança (LUFT, 1985, p.43).

O aluno deve ter oportunidade de crescer linguisticamente pela prática da prática,

tendo prazer em participar das aulas de Língua Portuguesa. Para isso, faz-se necessário

aprender e aplicar práticas educacionais diferentes e atraentes, proporcionando ao aluno a

interação linguística, com construções textuais, literárias, leituras em geral, de maneira a

favorecer situações da língua em uso, bem como aperfeiçoando-as à forma culta da língua.

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Com essa concepção, entende-se que a gramática não deve ser vista como base para o

ensino da língua, como vem ocorrendo na maioria da prática escolar, mas como apoio no

processo do conhecimento da língua.

Para que ocorra um ensino de qualidade, não se pode ignorar que o aluno já chega à

escola com um bom acervo linguístico, como destaca Luft:

Importante é ter bem claro que o aluno não precisa “aprender” a

língua; precisamos sim, reforçar sua gramática implícita,

internalizada na primeira e segunda infância, ampliá-la com os

elementos próprios do modelo culto, padrão (LUFT, 1999, p. 39).

Irandé Antunes em seu livro “Aula de Português - encontro e interação” (2009)

comenta que o ensino de Língua Portuguesa passa por reformulações há anos, todavia o que

ainda persiste é o insucesso escolar, verificado de diferentes maneiras. Os alunos acham que a

Língua Portuguesa é muito difícil ou falam que nada sabem de “Português”. Como ela

enfatiza, sabemos que esforços governamentais, principalmente com relação à formação

continuada dos professores, estão acontecendo para que tenhamos um ensino de qualidade. O

que acontece então?

Pensando nesse aspecto, um real aprimoramento da Língua Portuguesa, com relação

ao ensino da gramática, só ocorrerá quando os professores revelarem a utilidade prática da

gramática, sem oprimir o aluno ou deixar transparecer a imagem do difícil, de que os alunos

não sabem falar ou escrever corretamente. Ao contrário, é através da prática do ler, falar e

escrever que será possível possibilitar a liberdade de expressão e criação ao aluno. Isso não

quer dizer que os professores não trabalhem o leque de possibilidades interpretativas que a

língua oferece, o que ocorre, em muitos casos, é que estes priorizam o trabalho com a

gramática normativa sem refletir a língua e sua aplicabilidade funcional.

A esse respeito, Maria Helena de Moura Neves, relata:

Ora, obviamente não se pode entender que o falante estará exercendo

plenamente suas “capacidades” de usuário da língua e que estará

fechando com sucesso o complicado ciclo da sua interação verbal

com a simples atitude de obedientemente engessar suas construções

nos moldes que, sem mais, lhe tenham sido entregues, no seu trato

com as lições de gramática, como garantidores de bom uso, moldes

“legitimados” apenas pelos nomes daqueles doutos que um dia os

usaram ou daqueles fornecedores de lições que todo dia entregam por

aí pratos feitos de “bom uso” da nossa língua (NEVES, 2009, p. 38).

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De acordo com a autora, é preciso que rompamos com aqueles “pré-conceitos” de que

somente a gramática, enquanto regras e nomenclaturas, é que fornece os mecanismos mais

eficazes para o uso da língua. O que é necessário é uma interação linguística consciente e

reflexiva. O aluno precisa entender o que escreveu e fazer-se entender pelos demais. É

importante que consiga ler e compreender o que leu. Ter conhecimento de mundo suficiente

para contextualizar e interpretar. Esse é o sentido da língua. E é isso que as constantes

propostas desde o século passado vêm tentando aflorar.

Dessa forma, estudar e ensinar gramática não é privilegiar regras estruturais como se

fossem o único método de se explicar a língua. É muito importante que todo o professor de

Língua Portuguesa esteja atento às diferenças entre norma e regra, prescrição e uso, tradição e

criatividade, pois o trabalho docente com a gramática requer uma visão mais estratégica que

possibilite uma relação mutuamente enriquecedora entre o estudo gramatical e a competência.

A partir dessa premissa, é que o artigo em questão irá abordar como trabalhar a

gramática da Língua Portuguesa de uma maneira mais coerente e reflexiva, mais prática e

funcional, até mesmo aproveitando a ludicidade como complemento das atividades de sala de

aula, deixando claro que não há língua sem gramática, mas que o ensino desta, nas escolas,

precisa ser bem conduzido para que cumpra seu papel linguístico do falar e escrever.

No decorrer do artigo, serão apresentadas sugestões de como se trabalhar aspectos

gramaticais de maneira reflexiva e lúdica em sala de aula.

2 A LINGUAGEM E O ENSINO DE LÍNGUA MATERNA NA ESCOLA

Para o sujeito falante, que utiliza sua língua como um meio de comunicação com uma

comunidade viva, a língua reencontra a sua unidade; já não é o resultado de um passado

caótico de fatos linguísticos independentes, e sim um sistema cujos elementos concorrem

todos para um esforço de expressão único voltado para o presente ou para o futuro, e assim

governado por uma lógica atual.

Para tanto, devem-se analisar duas perspectivas:

Tem-se que encontrar um sentido no devir da linguagem, concebê-la como um

equilíbrio em movimento. É assim que se forma na língua um novo meio de

expressão, que a lógica vence os efeitos de desgaste e a própria volubilidade da

língua.

O sistema que é realizado, nunca é inteiramente acabado, comporta sempre

mudanças latentes, nunca é feito de significações absolutas unívocas que se

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possam explicitar integralmente. Trata-se de um sistema de formas de

significação claramente articuladas umas com as outras, não de idéias que

seguem um plano rigoroso, mas de um conjunto de gestos linguísticos

convergentes, definido mais por um valor de emprego que por uma

significação.

Assim, a potência falante que a criança assimila ao aprender sua língua não é a soma

das significações morfológicas, sintáticas e lexicais. Tais conhecimentos não são necessários

nem suficientes para adquirir uma língua. As palavras, os meios para conduzir a intenção

significativa à expressão, são conduzidas por meio da forma de falar interior, ou seja, a

linguagem realiza a mediação entre a intenção e as palavras de tal modo que as próprias

palavras nos surpreendem e ensinam ao nosso pensamento. Chomsky (1971) ressalta que a

linguagem humana tem como prioridade geral o caráter aberto e a criatividade, ou seja, a

capacidade de todo “locutor outóctone” produzir e compreender um número indefinidamente

grande de frases, jamais pronunciadas. Esse emprego criador da língua materna é

normalmente inconsciente e espontâneo no locutor.

De acordo Santos (1996, p. 10), na pedagogia Freinet, a linguagem ocupa um lugar de

destaque no currículo escolar, sendo o primeiro considerado como expressão da criança e

equivalente à escrita, enquanto que a aquisição natural da língua ocorre sem a aplicação de

um processo metodológico. Segundo a autora, o ensino de língua não é bem sucedido na

escola, porque a mesma substituiu a experiência pela lei, pela regra. É o sentido que é preciso

reencontrar e imprimir no comportamento dos alunos.

Em síntese, pela linguagem se expressam ideias, pensamentos e

intenções, se estabelecem relações interpessoais anteriormente

inexistentes e se influencia o outro, alterando suas representações da

realidade e da sociedade e o rumo de suas (re) ações (PCNs, 2001, p.

20).

Assim, o ensino de Língua materna, é altamente facilitado por meio da linguagem que

acaba sendo, não apenas meio de comunicação, mas o instrumento que o estudante pode usar

para ordenar o meio-ambiente. A natureza da língua e suas funções devem fazer parte de

qualquer teoria do desenvolvimento cognitivo humano. O certo é que quanto mais

conhecemos sobre as propriedades e poderes da linguagem, mais devemos saber sobre como

usá-la para ajudar o raciocínio.

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3 CONCEPÇÃO DE LÍNGUA

Tradicionalmente tem-se considerado o aluno que entra na vida escolar como alguém

que não domina sua própria língua. Tendo assim, a escola, a função de fornecer a esse aluno

uma língua, supondo-se que ele não tem.

Essa língua que será transmitida é tratada como algo estável e abstrato, pois é reduzida

à gramática e essa reduzida à norma padrão. As manifestações linguísticas que não se

enquadram nessas normas são rotuladas como erros, e, consequentemente, junto a essas

formas linguísticas estigmatizadas e condenadas acrescentam-se as pessoas que se servem

delas. Sem dúvida, essa concepção de língua, é uma concepção tradicional, que remonta à

época do surgimento da disciplina gramatical, no século III a.C.

No entanto, ao considerarmos a língua como dinâmica e como uma atividade social,

estaremos frente a uma língua concreta, pois são os seres humanos que falam as línguas. A

língua se encontra, então, dentro de uma realidade histórica, cultural e social.

Nessa perspectiva, língua é um sistema de signos específico, histórico

e social, que possibilita a homens e mulheres significar o mundo e a

sociedade. Aprende-la é aprender não somente palavras e saber

combiná-las em expressões complexas, mas apreender

pragmaticamente seus significados culturais e, com eles, os modos

pelos quais as pessoas entendem e interpretam a realidade e a si

mesmas (PCNs, 2001, p. 20).

Na mudança de caracterização da língua de abstrata para concreta, permeia-se a

formulação de uma concepção de língua admissível, tal qual se encontra em, por exemplo,

MARCUSCHI (2000), as línguas naturais são dificilmente formalizáveis, pois a língua

apresenta sistematicidade e variação a um só tempo e promove a interação social em situações

concretas.

Portanto, as concepções de língua e linguagem, que consideram a língua como norma,

não dão conta da complexidade que governa as relações dos seres humanos entre si e consigo

mesmo por meio da linguagem.

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4 CONCEPÇÕES DE GRAMÁTICA

Atualmente, há muitas concepções de gramáticas. Neste estudo, serão abordadas as

seguintes: a) gramática de uso; b) gramática reflexiva; c) gramática teórica; d) gramática

normativa.

A gramática de uso é não-consciente, implícita e liga-se à gramática internalizada do

falante. No ensino, ela se estrutura em atividades que buscam desenvolver automatismos de

usos das unidades, regras e princípios da língua, bem como os princípios de uso dos recursos

das diferentes variedades da língua. São especiais para a finalidade de alcançar a

internalização de unidades linguísticas, construções, regras e princípios de uso da língua, para

que estejam à mão do usuário, quando deles necessitar para estabelecer a interação

comunicativa em situações específicas. Nas atividades de gramática de uso não se explicitam

os elementos de descrição da língua e seu funcionamento para o aluno, o professor é que tem

de saber muito sobre a língua para selecionar, ordenar conteúdos e montar exercícios mais

adequados ao ensino da habilidade que pretende que seja adquirida.

A gramática de uso pode e deve ser trabalhada a partir das produções orais e ou

escritas de alunos e de outros produtores de textos de todos os tipos.

Por exemplo, para levar o aluno a perceber o paradigma dos adjetivos, ou seja, a

existência de uma classe de palavras, bem como de outras formas de apresentar atributos e/ou

características de entidades, o professor poderá trabalhar com alguns exercícios como por

exemplo: exercícios de repetição. O exercício é usado para apresentar ao aluno:

a) três tipos de adjetivo (recursos com a função de apresentar atributos: características de

seres, coisas, ações, ou seja, de entidades): o adjetivo, a locução adjetiva (ou sintagma

preposicional) e o particípio valendo por um adjetivo. Neste último caso, o aluno já está

também familiarizado com o papel adjetivo do particípio do verbo:

b) dois modos de ligar, relacionar, o atributo/característica à entidade: o adjunto adnominal e

o predicativo e a concordância nominal (entre adjetivo e substantivo).

Nesse exercício, trabalha-se a concordância dos adjetivos, em função do predicativo, e

que se flexionam em gênero pela troca do o por — e, em número pelo acréscimo de s.

A gramática reflexiva não é só um trabalho de reflexão sobre o que o aluno já

domina, mas, sobre recursos lingüísticos que ele ainda não domina, levando-o a adquirir

novas habilidades linguísticas; tem-se assim um ensino produtivo e não apenas uma

descrição.

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O papel do professor de português é fazer com que os alunos ampliem o conhecimento

da língua por meio de textos em diferentes situações de interação comunicativa e, por meio de

atividades que levem o aluno a explicitar fatos da estrutura e funcionamento da língua, bem

como:

a) A existência de diferentes classes de palavras pela observação e distinção de classes que o

professor julgue pertinente distinguir, bem como certas características destas.

b) Existência de categorias como: tempo, modalidade, voz, gênero, número, pessoa e

aspectos.

c) Os vários tipos de constituintes da estrutura frasal e a função de cada um.

d) As diversas regras de construção de unidades da língua tais como as palavras ou as orações

e períodos.

Ao invés de se dar a teoria gramatical pronta, constróem-se atividades que levem o

aluno a redescobrir fatos já estabelecidos, ensinando através de uma metodologia

diversificada, os mesmos conteúdos.

As atividades de Gramática Reflexiva têm como objetivo ensinar como é a língua,

conhecer a instituição social a que a língua pertence e ensinar a pensar. Procura-se ter uma

reflexão da língua mais voltada à semântica e à pragmática, questionando o que significa, em

que situação pode e/ou deve ser usada e com que fim.

É uma atividade de ensino de gramática que se preocupa mais com a forma de atuar

usando a língua, do que com uma classificação dos elementos linguísticos e o ensino da

nomenclatura que consubstancia essa classificação. As atividades podem assumir as formas

que a capacidade de criação do professor encontrar, contudo, devem sempre fazer o aluno

pensar na razão de se usar determinado recurso em determinada situação para produzir

determinado efeito de sentido.

A gramática teórica é uma gramática explícita, é a sistematização teórica a respeito

da língua, utilizando-se de uma metalinguagem segundo as teorias e modelos da ciência

lingüística para esse fim. No ensino/aprendizagem, as atividades de gramática teórica, valem-

se dos elementos das diferentes gramáticas descritivas e da parte de descrição que aparece nas

gramáticas normativas. Porém, é importante não confundir a gramática teórica com gramática

normativa.

A utilidade de se estudar gramática estaria no campo da informação cultural, que não

admite que um indivíduo civilizado não detenha o campo do desenvolvimento das habilidades

de observação e de argumentação acerca da linguagem. Para Perini (1985), o ensino de

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gramática teórica serve basicamente para conhecer algo que caracteriza a nacionalidade da

língua.

É importante lembrar ainda que ao trabalharmos com teoria gramatical nas aulas de

Português como língua materna, é preciso espírito crítico para não passar para o aluno teoria

de má qualidade ou com problemas.

Há dois pontos considerados fundamentais no ensino de gramática teórica: o primeiro

diz respeito ao nível de detalhamento com que se abordam as diferentes áreas do

conhecimento linguístico e o segundo é atinente à ordem de abordagem e de trabalho com os

conceitos gramaticais.

A gramática teórica deve, pois, ser utilizada como mais um recurso para ajudar a

atingir o objetivo de desenvolver a competência comunicativa. O professor deve ter uma visão

crítica da teoria gramatical com que está trabalhando, considerando que os estudos

linguísticos têm ainda uma descrição muito incompleta e deve estar disposto a aceitar as

novas descobertas da ciência lingüística.

Quanto à gramática normativa, ela detém normas de bom uso da língua, para falar e

escrever bem, ou seja, utilizar a língua apenas em sua variedade culta; quando na verdade, os

critérios de bom uso deveriam ser considerados à situação de interação comunicativa.

Os critérios de qualidade de que se vale a gramática normativa são problemáticos e

com frequência nada têm a ver com a realidade da língua em si, em sua variação. A variedade

que é considerada culta é normalmente a das classes sociais de prestígio econômico, político e

cultural; não considerando a capacidade de qualquer variedade de língua de cumprir uma

função comunicacional.

No entanto, precisa-se ensinar gramática normativa de forma coerente e consciente. Se

bem ensinada, desenvolve a competência comunicativa do aluno de forma que ele seja capaz

de utilizar adequadamente também a variedade padrão culta da língua, sendo que ela

representa o veículo, no modo escrito, de toda a produção culta.

O trabalho do professor deve centrar-se na consideração da realidade da língua,

buscando o desenvolvimento da competência comunicativa dos alunos, fazendo uso da

gramática atendendo ao ensino das normas sociais de uso das variedades da língua nas

diferentes situações.

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5 ENSINAR LÍNGUA OU ENSINAR GRAMÁTICA

A gramática, ao que parece, é a ação conjunta de uma estrutura sistematizada com a

interação social, ou seja, trata-se de uma estrutura internalizada que se relaciona intimamente

com o pensamento e a inter-relação social. Por isso, o trabalho docente com a gramática

requer uma visão estratégica que possibilite uma relação mutuamente enriquecedora entre o

estudo gramatical e competência linguística.

O objetivo do ensino de língua deve calcar-se, então, sob o conhecimento linguístico e

discursivo que o sujeito opera ao participar das práticas sociais mediadas pela linguagem. Só

existe sentido em estudar gramática, se os conteúdos estiverem claramente articulados com o

domínio das atividades da fala e da escrita, isto é, se eles tiverem efetiva relevância funcional.

É importante que, nós professores, consigamos mudar de atitude quanto ao ensino da

gramática, pensarmos em mudar de atitude e passar a fazer um ensino diferente.

Assim é importante o conhecimento do professor em relação a alguns conceitos de

“gramática”. Eis o primeiro passo para uma prática reflexiva no ensino língua e de uma

gramática viva em sala de aula.

6 O ENSINO DE GRAMÁTICA NA ESCOLA REFLEXÕES E SUGESTÕES

O ensino de gramática tem sido muito questionado há mais de duas décadas. É grande

o número de estudos sobre como melhorar a aprendizagem desta nas escolas.

É importante entender que, nesta unidade, o foco é o tratamento que se dá à gramática

na perspectiva de sala de aula, ou seja, algumas sugestões de que gramática oferecer ao aluno,

para que este possa fazer bom uso da língua em diferentes situações comunicativas.

Neves (2009, p. 18) enfatiza que:

[...] a escola, é reconhecidamente, o espaço institucionalmente

mantido para orientação do “bom uso” linguístico, e que, portanto, a

ela cabe ativar uma constante reflexão sobre a língua materna,

contemplando as relações entre uso e linguagem e atividades de

análise linguística e de explicitação da gramática.

Neves (2009) também destaca que, quando se trata da gramática enquanto disciplina

escolar, são necessárias algumas tensões, como por exemplo, uso e norma-padrão, fala e

escrita, descrição e prescrição, sendo estes elementos obrigatórios para o bom ensino da

gramática na escola, pois são a base das línguas naturais.

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Para tanto, o que aqui se defende, é que a língua não existe sem interação, por isso a

grande atenção quando se trabalha com a língua materna é compreender que esta é mutável e

depende do uso e dos usuários. Por isso, num ensino eficiente, não cabem moldes de certo e

errado, nem de desempenho quanto às normas, pois é importante o cuidado na sala de aula

para que, quando trabalharmos com a gramática da língua, não geremos preconceito

linguístico, mas o entendimento de que a partir do uso e dos usuários é que o professor pode

refletir e orientar o aluno para o bom uso linguístico.

Diante dessa consideração, sabemos que língua e gramática não se equivalem e que só

a gramática não é suficiente para que se tenha propriedade quanto à língua, ou seja, numa

atividade sociointerativa só saber gramática não basta. A gramática precisa ser trabalhada sim,

mas com coerência, com racionalidade. Infelizmente, por anos e anos, o ensino gramatical

restringiu-se apenas às normas, como se estas bastassem para que o aluno pudesse falar e

escrever com sucesso. A partir da década de 80, essa ideia vem mudando, porém no início das

críticas e considerações sobre o ensino gramatical nas escolas, houve um equivoco muito

sério, pois ocorreu o entendimento de que a se a gramática não era suficiente para o ensino de

língua, então deveria ser abolida dos currículos escolares.

Esse equívoco não ocorreu, na época, somente com professores, mas com toda a

comunidade escolar. Porém ainda hoje, quase trinta anos depois, ainda há certo desconforto

quanto ao ensino gramatical; há ainda em algumas escolas um ensino muito tradicional, em

outras um descaso e por parte até dos pais há, como relata Antunes (2007, p. 53):

Mais do que o apego a esse tipo de ensino, constata-se até mesmo certa

impaciência para que, desde cedo, ele seja devidamente iniciado. Se isso

acontece, acalmam-se os ânimos: o sucesso, julgam, está garantido.

Considero que, na Educação Básica, o ensino gramatical precisa ser muito mais lúdico

do que teórico. Ainda não é o momento dos alunos terem contato com definições e

classificações; eles precisam refletir a linguagem, ter interesse pela leitura, pela escrita e pela

fala.

O ensino de Língua Portuguesa nas séries iniciais deve ser mágico, pois através de

histórias, relatos, poesias, histórias em quadrinhos e outros textos que os remeta a admiração,

sobretudo da leitura e escrita. Aos poucos, enquanto os alunos tomam contato com a língua

culta, vão descobrindo novas palavras, ortografia correta, sanando problemas fonológicos e

assim aprendem que a língua que falam tem regras que precisam ser usadas tanto na escrita,

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quanto na fala, mas isso tudo, com liberdade, com ludicidade, sem desmerecer a gramática

internalizada de cada um.

Ainda nas séries iniciais do Ensino Fundamental (6o

e 7o

ano) essa ludicidade e

reflexão devem estar presentes, pois é angustiante, para os alunos, o aprendizado somente de

normas sem que para eles faça sentido. É comum as perguntas “Para que serve isso?” Não

quer dizer, é claro, como citado anteriormente, que as regras devem ser abolidas ou

modificadas de acordo com a escolha de seus usuários, a questão é saber como ensiná-las;

pois segundo orienta Antunes (2007, p. 72): “Elas têm que ser funcionais, no sentido de que

assumem variações, por conta do que pretendem aqueles que as usam.”

Vemos, então, que a gramática é sim, parte de um ensino satisfatório, mas que

infelizmente, ainda não está sendo conduzida de acordo.

Para que realmente o ensino de gramática nas escolas possa ter sentido e colaborar

para um melhor uso da língua materna, é necessário que pensemos em alguns aspectos que

precisam ser considerados, como:

- não há texto sem gramática e nem gramática sem texto;

- as atividades gramaticais devem considerar o que é fundamental na linguagem, que é a

interação;

- o aluno precisa relacionar teoria e uso de forma significativa;

- as atividades, necessariamente, devem conduzir o aluno à reflexão sobre os fatos

linguísticos;

- é imprescindível que o professor selecione nos livros didáticos atividades práticas que vão

ao encontro da língua enquanto comunicação e reflexão;

- compreender que existe uma gramática para cada situação;

- saber diferenciar regras e nomenclaturas gramaticais;

- enfim, a gramática é apenas o apoio para que o leque de informações sobre a língua possa

ser apreendido.

Dessa forma, as atividades gramaticais têm que possibilitar ao aluno a análise

reflexiva a cerca da língua que falam e escrevem. Exercícios como geralmente temos visto em

livros didáticos de, por exemplo, “pedir para que leiam uma poesia e retirem desta os

pronomes pessoais, os artigos, os verbos e outros não constituem aprendizagem gramatical e

muito menos compreensão do texto. A poesia que é um texto rico, enquanto arte, perde todo o

encantamento por conta dessas comuns atividades gramaticais totalmente

descontextualizadas.

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Outros exemplos de exercícios que parecem mecânicos e são usados frequentemente

são: “defina o que é um sujeito, preencha as lacunas com pronomes, complete com os verbos

indicados entre parênteses, assinale a alternativa em que os ditongos são abertos; substitua os

nomes próprios sublinhados no texto pelos pronomes pessoais (ele-ela, eles-elas) do quadro”.

Nesses exercícios, a reflexão sobre a situação comunicativa não ocorre, pois no exercício das

lacunas, a língua tem lacunas? Quando completamos apenas com os verbos indicados entre

parênteses, deixamos de considerar as diferentes situações de uso e passamos a considerar que

existe somente uma alternativa correta e outra errada. Assinalar a alternativa em que os

ditongos são abertos há que se entender a situação propriamente da fala, da pronúncia, pois é

um recurso que passa primeiro pelo aspecto oral para depois escrito. E no exercício dos

pronomes se o aluno seguir exatamente o que se pede, substituindo todos os nomes próprios

pelos pronomes pessoais (ele-ela, eles, elas) como saber quem está falando no texto, quem fez

determinada ação? Ensinar gramática assim, não leva o aluno a pensar, leva a simples

decoreba e sistematização de ações enunciativas.

Então, é esse o perigo de se ensinar gramática sem a contextualização, adaptação às

situações sociocomunicativas a que a língua está sujeita, daí a importância dos textos para o

ensino gramatical, como a leitura de textos de jornais, revistas, contos, lendas, histórias, gibis

e outros, devem fazer parte da vivência dos alunos. É essa a liberdade de que tanto se fala

quanto ao ensino de língua, o aluno precisa escolher, participar do processo de ensino-

aprendizagem, sentir-se parte dele e com isso ser capaz de compreender as situações

linguísticas, pois segundo Neves (2011, p. 26):

Uma gramática funcional faz, acima de tudo, a interpretação dos

textos, que são considerados as unidades de uso – portanto,

discursivo-interativas -, embora obviamente, se vá à interpretação dos

elementos que compõe as estruturas da língua (tendo em vista suas

funções dentro de todo o sistema linguístico) e à interpretação do

sistema (tendo em vista os componentes funcionais).

Portanto, o professor precisa ter claro esses problemas para poder melhorar o ensino

gramatical nas escolas.

7 A EDUCAÇÃO LÚDICA E O PAPEL DO PROFESSOR

Os primeiros estudos sobre a importância dos jogos educativos remontam da

Antiguidade Clássica, exemplificando com o pensamento do filósofo Aristóteles (apud

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KISHIMOTO, 1998, p. 15): “... para a educação de crianças pequenas, o uso de jogos que

imitem atividades sérias, de ocupações adultas, é uma forma de preparo para a vida futura”.

Durante muito tempo, os jogos foram vistos por diversos povos como uma forma de

exercitar a força física e o espírito de competição. Demorou séculos para que os jogos

pudessem ser abordados como elementos educativos. O interesse em unir o lúdico (jogos,

brincadeiras) ao ensino, como um reforço atrativo e facilitador da aprendizagem, só ocorreu

durante o Renascimento. A partir de então, estudiosos começaram a criar jogos e brincadeiras

com diferentes finalidades para o desenvolvimento escolar dos alunos. No entanto, só no

século XIX que surgiram técnicas lúdicas inovadoras com abordagens direcionadas às várias

disciplinas escolares, principalmente brincadeiras para ampliar o vocabulário.

O que a escola precisa realmente é ver nas atividades lúdicas, ligadas a cada disciplina,

um instrumento valioso para as aulas, pois as torna atrativas, chamativas e incentiva os alunos

a buscarem conhecimentos novos, ampliando o campo de interesse pelas disciplinas.

O jogo estimula o aluno, desafia-o, convida-o a investigar, pensar e refletir. Diante

disso, é proporcionado um ambiente com liberdade de ação; o aluno pode errar sem a

preocupação de estar sendo avaliado pelos erros cometidos, sem constrangimentos; à medida

que brinca, aprende com facilidade.

Machado (1998), afirma que nem sempre jogo significa atividade lúdica. Para ser

lúdico, o jogo deve propiciar um conflito positivo, o qual não constrange o aluno e favorece o

seu aprendizado, ou seja, tem de levar à dinamização e não à frustração.

É importante considerar que o jogo auxilia no processo escolar, uma vez que ajuda a

criança a se integrar no meio em que vive, conhecendo as regras e costumes de seu grupo

social, tornando-a participativa perante a comunidade. Kishimoto (1998, p. 22), caracteriza a

criança da seguinte forma: “[...] a criança que brinca livremente, passa por um processo

educativo espontâneo e aprende sem constrangimento de adultos, em interação com seu

ambiente”.

Infelizmente, há certa barreira quanto à inclusão do lúdico nas escolas, por parte de

alguns professores, os quais reclamam que essas atividades causam indisciplina, instigam a

competição e não levam a nada. Com certeza, se não há conhecimento dos meios e nem

esforço em adaptar o lúdico às disciplinas, é melhor não usá-lo, pois os jogos e brincadeiras

devem ser usados para melhor compreensão dos conteúdos e não para disputas entre alunos na

sala de aula, pois ao invés de ajudar no crescimento dos mesmos, pode servir como

humilhação para àqueles que têm mais dificuldades. Se o professor conscientizar a turma

15

sobre a real importância dessas atividades lúdicas, levando-os a gostar do que estão fazendo e

aprendendo com isso, aí sim elas terão valor.

Para o professor de Língua Portuguesa, por exemplo, poderão ser aplicados joguinhos

como cruzadinhas, caça palavras, quebra-cabeça, bingo de palavras, dinâmicas e outras

brincadeiras adaptadas a cada conteúdo estudado, que podem provocar no aluno o desejo de

buscar conhecimentos e desenvolver o raciocínio lógico de maneira divertida e prazerosa,

porém desde que a disciplina na sala seja mantida. Segundo Snyders (apud ALMEIDA, 2000,

p. 60):

[...] não quer dizer que deve haver rigidez absoluta, insistência no

pavor, no medo, no sacrifício, muito menos no livresco, no gratuito

desprovido de qualquer significação, mas no equilíbrio entre o

esforço, a busca, a disciplina com prazer e satisfação.

Esses dados fizeram com que na década de noventa, todas as escolas no Brasil

discutissem o assunto. O importante não foram os posicionamentos tomados, mas a

possibilidade de debates, o desencadear de um “repensar pedagógico”. Nessa esteira dos

debates, a atividade lúdica obteve grande importância como estratégia para a construção do

conhecimento, considerando que hoje, o homem da ciência e da técnica perdeu a felicidade e

a alegria de viver, perdeu a capacidade de brincar e as imaginações guiadas pelo impulso

lúdico.

De acordo com Luckesi (2000, p. 96), o que caracteriza o jogo “... é a experiência de

plenitude que ele possibilita a quem o vivencia em seus atos”. Por isso, é necessário, sempre

que possível, inserir o lúdico nas atividades do cotidiano das salas de aula, conferindo aos

poucos e em momentos oportunos um senso crítico às atividades e conteúdos, principalmente

no campo da gramática, que se encontra diretamente ligada à socialização do aluno.

Desse modo, a atividade lúdica proporcionada pelos jogos, deve ser o desencadeador

de todo o processo de aprendizagem. O jogo desenvolve a imaginação e exige a tomada de

iniciativas, desafiando a inteligência do aluno para que ele encontre soluções para os

problemas, construindo assim o conhecimento de forma descontraída e criativa.

Considerando assim, a importância do lúdico na aprendizagem, é relevante destacar o

papel do professor, que deve intervir de forma adequada, deixando que o aluno adquira

conhecimentos e habilidades; sendo que qualquer atividade realizada por ele, na escola, visa

sempre a um resultado, e uma ação dirigida e orientada para a busca de finalidades

pedagógicas. É ele que deverá criar espaços, disponibilizar materiais diferentes, participar

16

conjuntamente das atividades realizadas com seus alunos, mostrando assim que não é o dono

do saber, mas alguém que incentiva a construção do ensino-aprendizagem e utiliza

procedimentos democráticos que geram a inclusão do saber com satisfação. Assim, um

professor preparado, não se opõe à liberdade do seu aluno, mas reforça a confiança do mesmo

e incentiva a autonomia, fazendo-o buscar conhecimentos por si mesmo, desenvolvendo, as

habilidades desejadas.

Negrine (1994, p. 20) afirma em estudos realizados sobre aprendizagem infantil, que

“... quando a criança chega à escola, traz consigo toda uma pré-história, construída a partir de

suas vivências, grande parte dela através da atividade lúdica”. Porém, essas atividades lúdicas

na escola só terão valor, quando o professor entendê-las como educação e contemplá-las

como princípio norteador das atividades didático- pedagógicas, possibilitando as

manifestações apresentadas pelos alunos para que encontrem significado nas relações que ele

mantém com o mundo.

Infelizmente, para muitos professores, as atividades lúdicas são disfarce, apenas

passatempo. Considerando essa posição, cabe ainda ressaltar, que o grande desafio de vários

autores e pedagogos que defendem essas atividades é grande, há que se mudar a cabeça de

autoridades, pais e professores de forma a perceberem que a escola deve ter um projeto

educativo que assuma a ludoeducação como atividade educativa, utilizada para o

enriquecimento da aprendizagem de conceitos. Está aí então, a importância de se ter alunos

ativos, que cedo aprendam a descobrir, adotando uma atitude mais de iniciativa do que de

expectativa.

O jogo e a brincadeira estão presentes em todas as fases da vida dos seres humanos.

De alguma forma o lúdico acrescenta um ingrediente indispensável entre as pessoas,

possibilitando que a criatividade aflore. Brincar é algo séria, sendo fundamental aliado no

processo de construção de conhecimentos e relação professor-aluno; mas isso só acontecerá se

o professor estiver consciente do seu papel como intermediador desse processo, pois como

afirma Luckesi (1994, p. 115):

O lúdico significa a construção criativa da vida enquanto ela é vivida.

É um fazer o caminho enquanto se caminha; nem se espera que ele

esteja pronto, nem se considera que ele ficou pronto; neste caminho

criativo foi feito (está sendo feito) com a vida no seu ir e vir, no seu

avançar e recuar. O lúdico é a vida se construindo no seu movimento.

17

Portanto, as aulas de Língua Portuguesa poderão se tornar uma brincadeira inteligente,

desde que a própria língua viva seja problematizada em sala, aproveitando também a

ludicidade dos alunos com jogos gramaticais, cruzadinhas, caça-palavras, adivinhas, não

esquecendo a teoria que embasa o ensino, mas que nunca deve ter um fim em si mesma,

precisa ser reflexiva, pois para os alunos compreenderem o que foi conceituado, nada melhor

do que exercícios contextualizados e práticos.

8 TRABALHANDO COM A GRAMÁTICA EM SALA DE AULA

O trabalho em sala de aula foi desenvolvido com alunos do sétimo ano do Ensino

Fundamental da Escola Est. Jupira G. Bondervalle, escola rural, localizada na Rua Principal –

s/n, no Distrito de Coronel Firmino Martins, pertencente ao município de Clevelândia -

Estado do Paraná, tendo como clientela alunos oriundos de diferentes localidades agrícolas e

de várias descendências como afro, italiana e alemã.

A heterogeneidade de raças ao mesmo tempo em que possibilita uma riqueza cultural,

faz com que os alunos tenham dificuldades em dominar a norma culta da língua portuguesa,

pois muitos deles convivem em casa com dialetos ou com uma língua coloquial, e alguns avós

ainda falam na sua língua de origem como italiano e alemão. Dessa forma, como os pais,

alguns até analfabetos, têm poucas condições de auxiliar os alunos em suas tarefas, a

responsabilidade maior com relação ao conhecimento é da escola e por isso as aulas precisam

ser atrativas para despertar o interesse dos alunos.

Com relação ao conteúdo, foi elaborado um caderno pedagógico com sete unidades e

posteriormente aplicado aos alunos, o qual abordou o estudo da gramática reflexiva através

das atividades elaboradas durante o PDE.

Durante o trabalho de aplicação em sala de aula, foram selecionadas três unidades do

caderno devido ao tempo de aplicação que ocorreu entre os meses de setembro a outubro de

2012. Foram aplicadas as seguintes unidades: segunda unidade que teve como tema as “lendas

folclóricas”, sendo abordados textos, músicas, atividades de leitura e escrita, bem como

sugestões de exercícios gramaticais reflexivos; a quarta unidade, a qual enfatizou sugestões de

atividades lúdicas no que se refere à pontuação, sempre embasadas em leitura e produção, de

maneira a favorecer a reflexão sobre língua e linguagem, tornando a aula de Língua

Portuguesa mais prazerosa e a sétima unidade, composta de exercícios lúdicos como

cruzadinhas, caça-palavras, sugestão de jogos, dominós... que auxiliaram o trabalho com a

gramática, deixando-a mais leve e divertida para ser ensinada e aprendida. Porém, com

18

certeza, esses exercícios, não dispensam a explicação e o auxílio do professor, o que eles

sugerem é que não haja necessidade de tantas regras decoradas sem fazer sentido, pois

brincando também se aprende!

As atividades de gramática reflexiva tiveram como base o livro “Gramática e

interação” de Luiz Carlos Travaglia, o qual é uma das poucas bibliografias que aborda o tema

sobre gramática reflexiva, pois é um aspecto pouco comentado no ensino da gramática.

Também o artigo... traz sugestões de atividades reflexivas. Há em vários livros didáticos

atividades muito boas de gramática reflexiva, porém estas misturadas com atividades pouco

aproveitadas de gramática normativa. Falta um material que aborde atividades propriamente

de gramática reflexiva, por isso as atividades para o caderno pedagógico foram elaboradas por

mim com base nas leituras feitas sobre gramática reflexiva. Por exemplo, observe a oitava

questão do exercício de reflexão da segunda unidade.

8- Explique qual a diferença de sentido das frases a e b e em que situações poderiam ser

usadas?

a) Vou premiá-lo pela generosidade de sua acolhida, tornando imortal, sua bela e inocente

filha, a quem você quer tanto.

b) Irei premiá-lo pela generosidade de sua acolhida, tornando imortal, sua bela e inocente

filha, a quem você quer tanto.

Analisando a questão, o professor estará trabalhando os tempos verbais sem a

nomenclatura, pois quando o aluno comentar a diferença de sentido entre as frases, terá

basicamente de enfocar a diferença do tempo de realização das ações, pois a primeira está no

tempo presente e as segunda no tempo futuro, além de poder trabalhar a locução verbal e

ainda o uso do pronome oblíquo como partícula verbal, questionando a quem a forma

pronominal “ló” está se referindo no texto e o porquê esta faz parte do verbo premiar. Isso é

trabalhar refletindo a cerca da língua, pois de nada adianta fazer o aluno conjugar inúmeras

vezes um verbo sem que saiba usá-lo no momento da fala ou da escrita.

João Wanderley Geraldi em seu livro “Linguagem e ensino - exercício de militância e

divulgação” (1999, p. 133,134) enfatiza exatamente o comentário acima quando escreve:

Registro aqui uma experiência de discussão com minha filha, quando aluna

de 5a série. Em aula, a professora havia dado uma definição tradicional e

escolar de verbo (palavra que exprime ação, estado ou fenômeno da

natureza). A lição de casa, é claro, foi identificar os verbos de um texto (um

uso comum e pobre de textos na escola). Diante da tarefa a realizar e com

base na “definição” estudada, o texto ficou bordado de “sublinhados”,

traços que ela fez em diferentes cores (encontrando ao menos alguma coisa

19

de lúdico na tarefa). Mas desconfiou: eram muitos verbos! (...) O resultado

de todo o trabalho foi que ela achou muito difícil identificar verbos e não

sabe como fazê-lo; eu fiquei com uma questão a resolver. Nos novos

exercícios, ela foi “quebrando o galho”, acertando aqui, errando acolá.

Infelizmente, até hoje não entendeu para que classificar as palavras (e nem

eu entendo para que ela deve fazer isso... ).

Fiz questão de citar esse trecho do livro para exemplificar o que ocorre em nossas

salas de aula. Com certeza, eu já cometi esse pecado linguístico para com os alunos e

certamente a maioria dos professores de Língua Portuguesa também já o fez. O que não deve

é continuar acontecendo isso, o aluno precisa ter significação em aprender um conteúdo.

Como por exemplo o estudo com verbos em questão, só terá sentido se for para compreender

o seu uso como parte do texto. Classificar por classificar não leva à nada.

Quanto às atividades lúdicas, estas foram abordadas como forma de contribuição ao

ensino de gramática reflexiva. Foram realizadas atividades textuais e de gramática reflexiva

que me auxiliaram a realizar um trabalho mais enriquecedor e satisfatório em relação à

gramática.

Uma vez que o aluno traz de casa o domínio da língua usual, ou coloquial e deve

aperfeiçoá-la na escola por meio de práticas textuais e gramaticais; ele precisa ter noções

textuais da língua padrão e isso só é possível certo conhecimento gramatical. Não significa,

no entanto, que o aluno deva ser capaz de saber “de cor” todas as regras gramaticais

ensinadas, e sim saber usá-las na prática textual.·.

Considerando que ser um usuário competente da língua é uma das condições para uma

efetiva participação social, a finalidade do ensino da Língua Portuguesa deve visar o

desenvolvimento da capacidade de produzir e interpretar textos orais ou escritos. Para isso, é

necessário que sejam oferecidas ao aluno muitas e diferentes oportunidades de desenvolver as

quatro habilidades linguísticas básicas – falar e ouvir, ler e escrever – em um contexto de

reflexões e de análise da língua.

Partindo, então, desses princípios, foram selecionados temas próximos à realidade dos

alunos, presentes em diferentes tipos de linguagem e de gêneros; atividades que favorecem a

reflexão e análise.

As aulas de Língua Portuguesa e o material didático utilizado possibilitaram que a

própria língua viva fosse problematizada em sala de aula por meio de oficinas, relatos, contos,

vídeos, músicas, textos em geral; aproveitando também a ludicidade dos alunos com jogos

gramaticais, cruzadinhas, caça-palavras, adivinhas, não esquecendo da teoria que embasa o

20

ensino, mas que nunca deve ter um fim em si mesma, pois para os alunos compreenderem o

que foi conceituado, nada melhor do que exercícios práticos e reflexivos.

Portanto, é imprescindível perceber que ensinar a língua pátria a falantes nativos não é

algo “grave”, pelo contrário, não passa de uma brincadeira inteligente, de que os alunos têm

prazer em participar quando percebem o quanto isso é de vital importância para a sua auto-

expressão, para a compreensão do mundo e para a sua participação pessoal dentro da

sociedade.

9 GTR - CONTRIBUIÇÃO DOS PROFESSORES

Durante os meses da aplicação do material, também coordenamos o GTR - Grupo de

Trabalho em Rede, proposto pela Secretaria da Educação. Em meu grupo estiveram presentes

13 professoras, as quais tiveram à disposição o projeto desenvolvido no início do PDE e o

Caderno Pedagógico com as atividades preparadas para serem aplicadas aos alunos.

Foi um trabalho satisfatório, pois as professores (de diferentes cidades do Paraná)

participaram com comentários, análises e sugestões, como algumas que relatarei a seguir:

“A gramática ensinada na escola, é descontextualizada do texto, solta, com exercícios

repetidos. Quando colocamos ela dentro do texto o aluno não consegue pensar e responder o

que foi pedido. Sua leitura é ruim por isso mal entendem o que lhe é proposto. Prova disso é

a prova Brasil, quando surge no texto a gramática eles não conseguem relacionar ao

contexto. Para isso precisamos "inovar" como você (Kelli) disse em seu trabalho, mas não é

fácil, é difícil e exige tempo para essa mudança e para fazermos o que é necessário nas

atividades propostas para esse fim. Muitas vezes quando faço mudanças, tenho dúvidas,

incertezas, se está certo ou não, se está beneficiando meu aluno ou prejudicando-o. Ao longo

da minha jornada como professora, sei que eles não aprendem a gramática

descontextualizada, porque depois eles não sabem usá-la adequadamente onde é solicitado.”

Prof. 1

“Sim, dominar a gramática, isso é fator primordial, porém o saber transmitir ao aluno de

maneira suave, prazerosa e não somente obrigatória é o nosso objetivo, pois sabemos que

somos professores conscientes do nosso trabalho. É importante ressaltar, que o ensino da

gramática, não deve ocorrer apenas para proteger ou conservar a composição da língua,

mas para auxiliar o usuário e falante no conhecimento de sua própria língua materna.

Portanto consideramos que a compreensão dos fatos gramaticais só é possível quando eles

são observados dentro de um contexto.” Prof. 2

“Cara Tutora e Colegas! Acredito que houve avanços no ensino da Língua nos últimos

tempos, mas ainda estamos presos em normas e regras desvinculadas do contexto da

aplicabilidade, o que torna o ensino abstrato e sem sentido para o aluno. Considerando que o

aluno é um falante da Língua, à escola cabe aprimorar os conhecimentos já adquiridos e

21

adequá-los às diversas situações de uso. Neste sentido, temos ainda um longo caminho a

percorrer e muito estudo pela frente.” Prof. 3

“Gostaria de responder sua pergunta dizendo que todos nós professores estamos usando a

gramática reflexiva, mas não é o que se vê. Eu trabalho também no SAREH (Serviço de

Atendimento à Rede de Escolarização Hospitalar) e muitas vezes, ao recebermos uma

criança no hospital telefonamos para a escola pedindo atividades para aquele aluno. Como

tenho ficado decepcionada quando recebo aquelas atividades de gramática, pela gramática,

sem nenhum outro objetivo e penso:Até quando vamos entender o ensino de língua dessa

maneira?” Prof. 4

“Ao ler o texto, mesmo antes de ver a atividade fiquei pensando e refletindo na afirmativa de

que a gramática serve antes ao professor que ao aluno e isso foi dito em 77, no século

passado! Mas que mudanças existem entre as aulas de língua materna do século passado e de

hoje? Pouca ou nenhuma... infelizmente. Quando tempos atrás li Gramática reflexiva do

Travaglia, eu mesma me enxerguei como um perpetuadora de um ensino de gramática por

ela mesma. Com certeza precisamos quebrar paradigmas e vencer o comodismo para

aprender a ensinar no século 21.” Prof. 5

“O projeto desenvolvido pela professora Kelli, vem ao encontro às necessidades da maioria

dos professores de língua portuguesa, em se tratando do ensino da gramática reflexiva, tendo

em vista a grande dificuldade que temos para lidar com situações relacionadas ao ensino da

gramática de forma contextualizada. Certamente, a partir da realização deste estudo,

teremos melhores condições de proporcionar o uso, a reflexão de elementos linguísticos com

maior eficácia aos nossos educandos.” Prof. 6

Observando estes e outros depoimentos, percebo que o caminho para um melhor

ensino da Língua Portuguesa em nossas salas de aula é estudar, ler muito, conhecer novos

autores, suas críticas e contribuições para podermos enriquecer nossas práticas.

Concordo com a professora 5, a qual diz que a afirmação “de que a gramática serve

antes ao professor do que ao aluno” foi escrita em 1977, no século passado e que de lá para

cá poucas mudanças ocorreram. Sei que existem excelentes professores, preocupados com a

aprendizagem de seus alunos e que muitas das atividades que propus em meu caderno já vem

sendo trabalhadas por eles e por mim em minhas aulas, inclusive sempre faço gincana com

conteúdos gramaticais. O que aqui critico e questiono são aulas maçantes, nomenclaturas e

classificações desvinculadas do texto ou o uso do texto como pretexto para se ensinar

gramática e não é isso que deve acontecer.

Fico triste quando lembro que estou trabalhando com esses estudos sobre como

melhorar o ensino de gramática desde 2002 quando iniciei meu Mestrado, quando na época

trabalhei com minhas alunas universitárias e elas trabalharam com um grupo de estudos com

professores em suas cidades. Dez anos se passaram e ainda continuamos questionando o

mesmo assunto, como destaca a professora 4 quando diz “Como tenho ficado decepcionada

22

quando recebo aquelas atividades de gramática, pela gramática, sem nenhum outro objetivo

e penso: Até quando vamos entender o ensino de língua dessa maneira?”

Como disse a professora 1, referindo-se à minha fala no projeto, precisamos “inovar”

e quando digo “inovar” quero deixar claro que não estou falando em atividades “inéditas”, é

preciso que os professores tenham claro o verdadeiro significado dessa palavra: Inovar vem

do Latim „innovare” que significa tornar novo, renovar. Etimologicamente: do Latim

INNOVARE, “renovar, mudar”, de IN-, “em”, mais NOVUS, “novo, recente”. Ou seja,

quando cito “inovar” não quero dizer: “Vamos acabar com o que existe e fazer tudo

novamente”. Isso é ilegal, irracional; então, na palavra “inovar” quero dizer “mudar”,

“melhorar”, fazer atividades que chamem a atenção dos nossos alunos para gostar da Língua

Portuguesa, para entendê-la melhor, reunindo o que há de melhor nas literaturas já estudadas,

até mesmo nos livros didáticos, os quais têm atividades ótimas, só é preciso que nós

professores saibamos escolhê-las, para não ficarmos somente com as atividades de gramática

normativa. Ainda, se formos pensar no material e nas teorias estudadas, o novo está em unir a

gramática textual com o lúdico à luz da Línguistica Aplicada, a qual ainda é pouco usada para

a Língua Portuguesa, sendo muito usada até então para as considerações em Língua Inglesa.

Sei que os professores de Língua Portuguesa conhecem bem o significado dessa palavra e

pelo que comentamos no GTR sabem a importância de inovarmos (renovarmos) nossas aulas.

Deixo um pouco mais clara essa explicação para “professores de outras áreas” que venham a

ler este artigo, sabendo também que todas as áreas precisam inovar constantemente.

Portanto, o GTR foi satisfatório pela colaboração das professoras, pela aceitação,

comentários, críticas, enfim, quanto mais estudarmos juntos, mais poderemos colaborar para

melhorarmos nossas aulas.

10 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O professor deve acompanhar as mudanças que ocorrem na Língua Portuguesa,

refletindo com os alunos os diferentes recursos da língua oral e escrita, motivando-os para

leitura, interpretação e produção textual.

O ensino de Língua Portuguesa em sala de aula é imprescindível para a formação de

cidadãos críticos e aptos a enfrentar uma sociedade tecnológica em constante transformação.

Trabalhar com a língua é importante, pois ela testemunha a nós e aos outros a nossa

existência. Por isso, o professor precisa fazer aulas atrativas para seus alunos, em que o lúdico

deve estar presente, pois, não basta saber falar e escrever, é necessário aperfeiçoar a língua

23

para participar da vida do bairro, da cidade e do país. Pelo bom uso desta, escolhendo as

palavras certas para cada tipo de discurso, as pessoas comunicam, protestam e fazem cultura.

As atividades orais devem explorar diferentes formas de registro da linguagem oral,

em simulação de situações de uso, como dramatizações, debates, reprodução de histórias,

declamação de poemas, jogral, simulação de um júri, troca de ideias, entrevistas, jornal

falado, envio de cartas, murais, correspondência interescolar, concursos de poemas, crônicas,

contos e outras atividades que desenvolvam a criatividade e a língua em uso.

Uma aula mais dinâmica e lúdica deve ser utilizada, bem como, recursos estilísticos

nos textos, para desenvolver a capacidade de expressão dos alunos, a escolha dos textos deve

levar em consideração a riqueza literária, a função social, a capacidade dos alunos para

compreendê-los e os interesses das respectivas faixas etárias, diversificando-os em relação ao

gênero, temática e autoria.

De acordo com as Diretrizes Curriculares da Educação Básica de Língua Portuguesa

(2008, p. 61):

Assim, o trabalho com a gramática deixa de ser visto a partir de exercícios

tradicionais, e passa a implicar que o aluno compreenda o que seja um bom

texto, como é organizado, como os elementos gramaticais ligam palavras,

frases, parágrafos, retomando ou avançando ideias defendidas pelo autor,

além disso, o aluno refletirá e analisará a adequação do discurso

considerando o destinatário, o contexto de produção e os efeitos de sentidos

provocados pelos recursos linguísticos utilizados no texto.

Portanto, deixar o aluno construir seus conhecimentos é necessário como atividade

própria dele. Ensiná-lo, ajudá-lo a progredir é também fundamental como atividade do

professor e como objetivo que dá razão de ser a uma escola. Ensinar é compartilhar as

dificuldades do aprendiz, analisá-las, entendê-las e propor soluções.

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