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15 Introdução Meio século antes da guerra do Peloponeso, os gregos de diversas cidades, liderados por Esparta e Atenas, haviam rechaçado um ataque do poderoso império persa, mantendo sua independência, expulsando o exército e a marinha persa da Europa. Retomando as cidades gregas da costa da Ásia menor que estavam em poder do inimigo. Esta surpreendente vitória abriu uma era de crescimento, prosperidade e confiança na Grécia. Foi um período de extraordinárias conquistas culturais, em termos de originalidade e riqueza. Poetas dramáticos, como Ésquilo, Sófocles, Eurípedes e Aristófanes elevaram a tragédia e a comédia a níveis nunca antes vistos. Arquitetos e escultores criaram o Partenon e outras construções na Acrópole de Atenas, em Olímpia e em todo o mundo grego. Filósofos naturalistas, como Anaxágoras e Demócrito, valeram-se puramente da razão humana para buscar uma compreensão do mundo físico, pioneiros na filosofia política e moral como Pitágoras e Sócrates. Hipócrates e sua escola desenvolveram as ciências médicas; Heródoto inventou a historiografia como a conhecemos hoje. A guerra do Peloponeso causou enormes destruições de vidas e propriedades, desestabilizando os estados gregos. Atenas era poderosa e bem sucedida, suas estruturas democráticas exerciam uma espécie de magnetismo sobre os outros estados. A sua derrota foi decisiva politicamente para a Grécia, pois a lançou em direção à oligarquia. Cidades inteiras foram destruídas, seus mortos, suas mulheres e crianças vendidas como escravos.

A Guerra do Peloponeso

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15Introdução

Meio século antes da guerra do Peloponeso, os gregos de diversas cidades, liderados por Esparta e Atenas, haviam rechaçado um ataque do poderoso império persa, mantendo sua independência, expulsando o exército e a marinha persa da Europa. Retomando as cidades gregas da costa da Ásia menor que estavam em poder do inimigo.

Esta surpreendente vitória abriu uma era de crescimento, prosperidade e confiança na Grécia. Foi um período de extraordinárias conquistas culturais, em termos de originalidade e riqueza.

Poetas dramáticos, como Ésquilo, Sófocles, Eurípedes e Aristófanes elevaram a tragédia e a comédia a níveis nunca antes vistos.

Arquitetos e escultores criaram o Partenon e outras construções na Acrópole de Atenas, em Olímpia e em todo o mundo grego.

Filósofos naturalistas, como Anaxágoras e Demócrito, valeram-se puramente da razão humana para buscar uma compreensão do mundo físico, pioneiros na filosofia política e moral como Pitágoras e Sócrates.

Hipócrates e sua escola desenvolveram as ciências médicas; Heródoto inventou a historiografia como a conhecemos hoje.

A guerra do Peloponeso causou enormes destruições de vidas e propriedades, desestabilizando os estados gregos.

Atenas era poderosa e bem sucedida, suas estruturas democráticas exerciam uma espécie de magnetismo sobre os outros estados. A sua derrota foi decisiva politicamente para a Grécia, pois a lançou em direção à oligarquia.

Cidades inteiras foram destruídas, seus mortos, suas mulheres e crianças vendidas como escravos.

Vários autores utilizaram-na para tentar entender a primeira guerra mundial, sobretudo as suas causas. Mas a sua maior influência como instrumento de análise aconteceu durante a guerra fria, que dominou a segunda metade do século XX e que a exemplo da guerra do Peloponeso, dividiu o mundo em dois blocos poderosos.

Generais, diplomatas, políticos e estudiosos comparam as condições que levaram à guerra na Grécia com as rivalidades entre a OTAN e o Pacto de Varsóvia.

Uma das fontes principais de tal batalha foi Tucídides, não é, entretanto, inteiramente satisfatório enquanto crônica de guerra e do que ela pode nos ensinar.

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15Seu defeito mais evidente é ser incompleto, tendo sido interrompido sete anos antes do fim da guerra.

Para obter um relato da parte final do conflito, precisamos recorrer a autores com muito menos talento e com pouco ou nenhum conhecimento direto dos acontecimentos.

Esparta e sua aliança – liga do Peloponeso

Os espartanos tinham a organização social mais antiga que datava do século VI a.c.no território da Lacônia, mantinham sob seu comando dois povos distintos: os Hilotas, que ficavam entre a servidão e a escravidão, aravam a terra e forneciam alimentos aos espartanos; e os Periecos, homens livres, mas submetidos ao controle dos espartanos.

Os espartanos não precisavam trabalhar e se dedicavam exclusivamente ao treinamento militar. Esta condição lhe permitiu desenvolver o melhor exercito do mundo grego.

No século VI a.c. os espartanos criaram uma rede de alianças permanentes para proteger sua peculiar estrutura social.

Os acadêmicos modernos costumam chamar a aliança espartana de liga do Peloponeso, mas ela era na verdade uma frágil organização formada por um lado, por Esparta e por outro, por um grupo de aliados a ela, ligados por acordos independentes.

Quando convocados, estes aliados atuavam como soldados sob o comando dos espartanos, cada um dos aliados jurava obedecer à política externa de Esparta em troca de proteção e reconhecimento de sua integridade e autonomia por parte dos espartanos.

Os teóricos analisam a ordem política espartana como sendo “uma constituição mista”, com elementos de monarquia, de oligarquia e de democracia.

A monarquia estava presente na forma de dois reis, cada um proveniente de uma família real diferente. A Gerúsia, conselho de vinte e oito homens com m ais de sessenta anos eleitas por um grupo de famílias privilegiadas, representava o princípio oligárquico. A assembléia, formada por todos os espartanos homens com mais de trinta anos, era o elemento democrático, bem como o eram os cinco Éforos, magistrados eleitos anualmente pelos cidadãos.

Os espartanos temiam os hilotas, temiam ir a guerra e os hilotas iniciarem uma revolução, segundo Tucídides, a maior parte das instituições espatranas eram voltadas para a segurança contra os hilotas.

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15Aristóteles afirma que os hilotas são como alguém à espera do desastre para atacar os espartanos.

A estrutura social de Esparta era perigosa, já que os hilotas estavam numa proporção de 7 por 1.

A liga do Peloponeso também ter por objetivo, manter a estrutura social de Esparta.dentre os estados aliados, Esparta tinha predileção por Argos, um estado grande a nordeste de Esparta, era um inimigo antigo e tradicional, mas não fazia parte da aliança espartana.

Os espartanos temiam que Argos se aliassem a inimigos seus, temiam que esta aliança hipotética juntassem forças com os hilotas o que colocava em risco a soberania espartana.

Atenas e seu império – a liga de Delos

O poder e a prosperidade da democracia ateniense do século V a.c. dependiam basicamente do comando de seu importante império marítimo baseado no mar Egeu e em suas ilhas e cidades costeiras.

O império nasceu como uma associação de “atenienses e seus aliados” chamada por estudiosos modernos de liga de Delos, uma aliança voluntária de estados gregos que convidaram Atenas a liderar a guerra de libertação e vingança contra a Pérsia.durante muitos anos, quase todos os seus integrantes abriram mão de ter frotas marítimas próprias e optavam por fazer pagamento em dinheiro a um tesouro comum.

Os atenienses usavam este dinheiro para aumentar a sua frota e para garantir que seus remadores ficassem a posto durante oito meses por ano, o que permitiu que mais tarde a força naval de Atenas dispusesse da melhor e maior esquadra da história grega.

As vésperas da guerra do Peloponeso, dos cento e cinqüenta integrantes da liga, apenas duas ilhas – Lesbos e Quios – tinham frotas própria e gozavam de uma relativa autonomia.

Mesmo assim nem elas eram capazes de desafiar as ordens de Atenas.

A marinha protegia os navios dos mercadores gregos que faziam um comércio bastante lucrativo em todo o mediterrâneo e em outras partes.

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15Também garantia o acesso de Atenas aos campos de trigo da Ucrânia e ao pescado do mar Negro, com o que os atenienses conseguiam suplementar a precária oferta interna de comida e até mesmo abandonar suas plantações em períodos de guerra.

Atenas x Esparta - primórdios do conflito

Nos primeiros anos da liga de Delos, os atenienses continuam em guerra contra os persas pela libertação de todos os gregos.

Enquanto os espartanos seguiam envolvidos em conflitos no próprio Peloponeso. A rivalidade entre as duas cidades nasceu nas décadas seguintes às guerras persas.Logo que a guerra acabou, uma facção espartana mostrou o quanto suspeitava e se ressentia dos atenienses quando opôs à construção dos muros de Atenas.

Numa postura claramente desafiadora, os atenienses não deram ouvidos a Esparta e construíram a muralha.

Os espartanos não protestavam formalmente, mas ficaram reservadamente amargurados. Em 475 a.c. os espartanos rejeitam, após intenso debate, uma proposta de guerra para destruir a nova aliança ateniense e obter o controle das passagens marítimas.

Em 465 a.c. os atenienses sitiaram a cidade de Tasos no norte do mar Egeu, onde enfrentaram forte resistência.Os espartanos haviam prometido que secretamente ajudaria os Tasos, invadindo a Ática.

Só não o fizeram porque um violento terremoto atingiu o Peloponeso e facilitou uma revolução dos hilotas – os espartanos se borravam de medo dos hilotas-.

Os atenienses, ainda formalmente ligados aos espartanos pela aliança grega contra a pérsia, saíram em socorro de Esparta.

Mas antes mesmo de entrar em ação, foram convidados a se retirar, sob a alegação de que não eram necessários.

Tucídides revela o verdadeiro motivo da desfeita, segundo ele Esparta temia o espírito audaz e revolucionário dos atenienses,achando que se eles permanecessem, podiam acabar convencidos a mudar de lado – pavor dos hilotas de novo, sabiam que numericamente os hilotas eram perigosos-.

A recusa hostil da ajuda militar ateniense por parte de Esparta derrubou o regime pró-espartano de Atenas.

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15O grupo anti-esparta, que se opusera ao envio de ajuda ao peloponeso, expulsou Címon, retirou-se da antiga aliança com Esparta e aliou-se a Argos, o mais implacável inimigo de Esparta.

Quando os hilótas sitiados deram sinais de que não podiam mais resistir, os espartanos permitiram que eles deixassem o Peloponeso mediante uma trégua, desde que nunca mais regressassem.

Os atenienses, então, os acolheram e acomodaram em um lugar estratégico na costa do golfo de corinto, na cidade de Naupacto, recém conquistada por Atenas.

Em seguida, dois aliados de Esparta – Corinto e Mégara – entraram em guerra de fronteira. Em 459 a.c. Mégara estava perdendo a guerra.Quando Esparta decidiu não se envolver no conflito.

Os megarenses saíram da aliança espartana e aliaram-se a Atenas em troca de ajuda contra Corinto.Assim a ruptura de relações entre Esparta e Atenas começou a criar uma nova instabilidade no mundo grego.

Nesta situação, cada uma das forças hegemônicas, sentia-se livre para se relacionar com seus próprios aliados como melhor lhes conviesse.

Seu porto ocidental, Pegae, dava para o golfo de Corinto, ao quais os atenienses só podiam ter acesso através de uma rota longa e perigosa rodeando todo o Peloponeso.Niséia, seu porto oriental, ficava no golfo Sarônico, de onde o inimigo podia lançar um ataque ao porto de Atenas.

E o mais importante:o controle de Atenas sobre os caminhos montanhosos de megaride, o que só era possível com a colaboração de Mégara, tornava difícil, se não impossível, a invasão da Ática por tropas do Peloponeso.

Uma aliança com Mégara prometia enormes vantagens para Atenas, mas também prometia levá-la à guerra contra Corinto e provavelmente também contra Esparta e toda a liga do Peloponeso.

Apesar disto os atenienses acolheram Mégara e foi principalmente por causa deste gesto que nasceu o intenso ódio de Corinto por Atenas.

Embora os espartanos tenham levado vários anos até que se envolvessem diretamente no conflito, este episódio significou o início do que historiadores modernos chamam de “Primeira Guerra do Peloponeso”.

O conflito durou mais de quinze anos, incluindo períodos de trégua e intervalos nos combates.

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15De tempos em tempos os atenienses envolviam-se em batalhas em outros lugares, do Egito à Sicília.

A guerra terminou quando Mégara se retirou da aliança com Atenas e regressou à Liga do Peloponeso. Possibilitando ao rei Pleistoanax, de Esparta, enviar uma força militar à Ática.

Um confronto decisivo era iminente, mas no último momento os soldados de Esparta recuaram. Historiadores antigos sustentam que Péricles subornou o rei e seu conselheiro para abortar o confronto. Uma explicação plausível para o recuo é a de que Péricles ofereceu ao rei e a seu conselheiro termos aceitáveis para um acordo de paz.

De fato, poucos meses depois os atenienses e espartanos formaram um acordo de paz.

A Guerra do Peloponeso (431 – 404 a.c.)

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15A Guerra do Peloponeso tinha como envolvidos Esparta e Atenas.

Esparta (potência militar) Atenas (potência comercial e marítima)

Logo após as guerras médicas, por interesses próprios, Atenas e Esparta formaram agrupamentos de colônias – denominadas de ligas - para tratarem de assuntos em comum, para os participantes da liga colhessem benefícios tanto comerciais como militares.

Esparta – Liga ou aliança do Peloponeso. Atenas – Liga de Delos ou Aliança Marítima de Delos.

A guerra do Peloponeso envolveu a grande maioria das cidades estados gregas. O conflito se estendeu por todo o mar Adriático,Mar Egeu e chegando até o mar Negro, foi da Sicília na Itália(como conhecemos hoje), passando por toda a Grécia até a Ásia menor na Turquia.

Atenas EspartaLiga de Delos Liga do PeloponesoPlatéia TebasEritréia CorintoÍtaca ÉlisCórcira Siracusa(Sicília)

No mapa acima é possível ter uma noção geral dos aliados tanto de Esparta quanto de Atenas.

A guerra do Peloponeso é dividida em três períodos:

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15 1º 431 a 421 a.c. – Esparta e seus aliados atacaram o bloco ateniense. 2º 416 a 431 a.c. – onde Atenas faz expedições militares a Siracusa, que era

aliada de Esparta. 3º 412 a 404 a.c. – A guerra chegaria até a Ásia menor, culminando com a

vitória espartana em Helesponto, decretando a derrota de Atenas e da liga de Delos, dando fim a guerra do Peloponeso, que teve a duração de 27 anos.

Em conseqüência dos longos anos de batalha, resultou se no enfraquecimento dos estados gregos e uma estagnação da economia, na política e na cultura grega. No fim das guerras médicas em 479 a.c., temos como conseqüência a criação da liga de Delos – tinha este nome porque a fortuna das cidades confederadas era a princípio guardado na ilha de Delos, no mar egeu, depois as riquezas foram removidas para Atenas.

O objetivo principal da liga de Delos, era que após a derrota Persa, Atenas cobrava anualmente pesados impostos das ilhas antes dominadas pelos persas, para manter as forças atenienses para que protegessem de novas investidas.

Através das contribuições dos membros da liga, pode-se construir os muros que eram fortificações erguidas em torno de Atenas, até o porto de Pireu.

Neste período houve também a produção de magníficas obras de arte, teatros e foi nessa época em que viveu em Atenas, Herótodo, Sófocles e o filósofo Sócrates.

Nesta época Atenas era detentora do comércio marítimo por todo o mar Egeu, até o mar negro. A liga de Delos tinha Atenas como líder, mas também era formado por colônias gregas ao longo da Ásia Menor, nos mar Egeu e no mar Iônico, dentre os estados aliados à Atenas destacam-se Pláteia, Eritréia, Ítaca e Córcira.

Em contrapartida, por causa da soberania comercial exercida por Atenas, Esparta criou a liga do Peloponeso, com os espartanos no comando.

Os membros da liga peloponesa, tinham aliados não apenas na Grécia, mas também na Sicília. A aliança contava com Esparta, como principal voz de decisão, e tinha como principais componentes Corinto, Élis, todas na Grécia e Siracusa na Sicília.

Esparta era um estado militarizado e contava com o melhor e mais bem preparado exército. Enquanto que Atenas era a capital cultural e contava com a melhor marinha.

Segundo Tucídides, o início da guerra ocorreu por motivo do crescimento do poder nas mãos de Atenas. Isto despertará temor em Esparta e a seus aliados.

A seguir detalharemos os três períodos da guerra em si:

Primeiro período (431 a 421 a.c.)

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A disputa por Epidamnos em 432 a.c. foi o estopim para a guerra.Some-se a isto a fundação da colônia de Thurioi na Itália meridional por Atenas, o que resultou na inquietação de Corinto que desempenhou um papel intermediário no mundo grego e na magna Grécia (sul da península itálica e a Sicília).

Atenas apoiando seus aliados da ilha de Córcira derrota a frota de Corinto, que era aliada de Esparta. Corinto pressiona Esparta a atacar Atenas por motivo de perda de sua colônia para um inimigo comum.

Tebas, aliada de Esparta invade Platéia, Esparta sob o comando do rei Arquidamo II, invade a ática em 431 a.C.

Atenas liderada por Péricles sabia da dificuldade de derrotar o exército espartano e seus aliados, que além de Esparta, contavam com Corinto e outras cidades do Peloponeso.

Péricles se refugia dentro dos muros de Atenas, Esparta e seus aliados a princípio desistem. Através desta fuga bem sucedida, Péricles exalta a vitória de Atenas.

Mas não demoraram muito, os espartanos votaram e sitiaram novamente Atenas em 430 a. c.

Contudo, nesta época o conflito não se dava apenas na Ática, investidas atenienses e seus aliados no Peloponeso em 431 a 425 a.c.,em Creta em 429 a.c. – até então neutra – no golfo Argólico em 430 a.c., onde as cidades aliadas de Esparta foram atacadas sendo elas:

Élis – no Peloponeso.

Argólia – no golfo Argólico.

Um dos grandes resultados das investidas atenienses no Peloponeso foi em 425 a.c.. Onde os atenienses obtém uma vitória importante no ataque a Pilos, e capturam cerca de 400 hoplitas espartanos – soldados da infantaria armados com lança e escudo - .

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Hoplita - combatente de infantaria dotado de escudo e lança.

Os prisioneiros serviriam de moeda de troca com a intenção de desmoralizar os espartanos.

Mas a vitória ateniense em Pilos não foi suficiente para tirar a atenção de Esparta de Tebas em Atenas.

Os tebanos derrotaram os atenienses em Délion, onde Alcebíades ferido é salvo por Sócrates – o filósofo – e os espartanos fecham o cerco no que resultou em uma epidemia conhecida como “Peste do Egito” – que viria a atacar novamente em 427 – 429 a. c. -.

Estimula-se que a referida epidemia matou 1/3 da população de Atenas – inclusive Péricles -, descobertas arqueológicas recentes dão fortes indícios que a epidemia seria a salmonella typhi -.

Após a batalha de Anfípolis em 421 a.c., onde os principais comandantes de ambos ao lados morrem pelo lado ateniense Cléon e o rei Brásidas pelo lado espartano.Através disto é firmado o tratado de Nícias, sendo que Nícias era o atual governante de Atenas após a morte de Péricles, este tratado deveria garantir uma paz de 50 anos.

Contudo esta paz durou pouco, já que Alcebíades, sobrinho de Péricles, este com discurso inteligente e insinuante, mobilizam Atenas a invadir o Peloponeso.

Segundo Período (417 a 413 a.c.)

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15Em aproximadamente 418 a.c., acontece a batalha da Mantinéia, onde os atenienses, sob a liderança de Alcebíades são derrotados pelos espartanos.No ano de 417 a.c., os atenienses atacam a ilha neutra de Melos, que se localizava ao sul de Atenas e a leste de Esparta.

Alcebíades usava como prerrogativa para a guerra que o sistema democrático de Atenas estava ameaçado, isso no ano de 415 a.c.

Este preparava uma esquadra visando investir contra a liga do Peloponeso no ocidente do mar mediterrâneo. A cidade de Siracusa que era comandada pelo tirano Dionysio, que tinha o apoio político e militar de Esparta e se situava na Sicília.

Siracusa e outras colônias gregas situadas na Sicília e sul da Itália eram de grande importância, pois eram regiões de onde proviam alimentos para Esparta e a liga do Peloponeso.

Atenas em 415 a.c., envia sua maior força até então: 134 trirremes – barcos de guerra com três níveis de reme, possuía uma vela de forma quadrada, tinha capacidade para se levar de 30 a 40 hoplitas – sendo assim cerca de 4000 hoplitas para tomar Siracusa.

Embarcação militar denominada de trirreme.

As cidades de Perinthus e a Selybria, também na Sicília, pagavam tributos ou se aliavam aos atenienses, diferentemente de Siracusa que resistiu às investidas dos hoplitas atenienses.

Os hoplitas de Atenas chegaram ao norte da Sicília e desceram ao sul para sitiar Siracusa, Siracusa envia um pedido de auxílio à Esparta.

Para impedir que os atenienses fizessem o cerco a sua cidade, os líderes de siracusa dão ordens para se construir um muro que cruzava na frente das forças atenienses. Isso impedia que os atenienses, que além de fazer ataques constantes a fim de impedir a construção do muro, começou-se a construir outro muro em torno do anterior.

Com a chegada dos hoplitas espartanos, comandados por Hermocrates, combinados com as forças de Siracusa, Atenas é derrotada.

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15Cerca de 40000 homens de ambos os lados são mortos em combate. A batalha de Siracusa foi fundamental para a virada da guerra do Peloponeso, pois grande parte da marinha e do exército ateniense havia sido comprometida.

Segundo alguns historiadores, uma das principais razões para o desastre ateniense em Siracusa era o declínio político e militar de Atenas após a morte de Péricles.

Durante o retorno para Atenas, Alcebíades, até então ainda líder do que restava da esquadra marítima ateniense, é acusado de sacrilégio por impedir a recolha de seus compatriotas mortos durante a batalha de Siracusa.Através disto é destituído do seu poder em alto mar e refugia-se em nada mais, nada menos que em sua antiga desavença, Esparta, e Alcebíades não hesitou em contar aos espartanos segredos militares, que fatalmente resultaria na derrota final de Atenas.

Terceiro período (412 a 404 a.c.)

Em 412 a.c. temos o início do terceiro e último período da guerra do Peloponeso, que se estenderia até 404 a.c.

As batalhas agora se localizam na Ática, no mar egeu, e nas colônias gregas na trácia e Ásia menor.

Esparta fortifica seus exércitos em Decélia – que tinha sido conquistada em 424 a.c. – localizada na ática, ficando cerca de 23 km distante de Atenas.

Além de ter hoplitas espartanos novamente próximos à Atenas, o domínio ateniense na Ásia menor estava sob ameaça de Esparta.

Esparta firmaria um acordo com os persas que financiariam uma esquadra suficiente para subjugar o que restava da marinha ateniense após a derrota de siracusa.Es troca os persas receberiam de volta as colônias gregas ao longo da Ásia menor.

As primeiras batalhas navais ao longo de Helesponto – rota comercial que ligava o mar Egeu ao mar Negro – vital para Atenas.

No comando da frota naval ateniense estava Thrasylus, as primeiras movimentações foram em 411 a.c. com a batalha de Cinossema, em Cícico ou Cízico em 410 a.c.em seguida a batalha de Bizâncio no ano 408 a.c., todos vencidos por Atenas.Além de contar com a liga do Peloponeso como inimigo e posteriormente a ajuda dos persas aos espartanos, Atenas viu a liga de Delos começar a se esfacelar.

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15No ano de 405 a.c. os espartanos comandados pelo general Lisandro, com uma marinha financiada pelos persas, travam perto de Helosponto, a batalha de Egos Potamos ou Aegopotami, contra o que restava da marinha ateniense.

Cerca de 160 Trirremes, segundo a narração do historiador grego Xenofonte.Os generais atenienses regressam sem recolher os corpos dos soldados mortos, para que fosse enterrados, fato que consistia em crime punível com a morte.Com isso os generais são levados a julgamento.

Sócrates – o filósofo – que participava da assembléia se opõe ao julgamento dos generais, por este motivo, quase se torna vítima da fúria do povo, que queria o julgamento dos generais.

Com a vitória em Lâmpsaco, depois de subjugar os atenienses pela fome em Egos Pótamos, o general Lisandro que já sitiava Atenas por terra, agora o faz também por mar em 405 a.c.

Pela segunda vez, Esparta subjugava Atenas que como na primeira vez foi contagiada pela “peste do Egito”, e nesta segunda situação é derrotada pela fome.

O pedido de rendição ateniense em abril de 404 a.c. trouxe graves conseqüências não só para Atenas, mas para toda civilização helênica.

As muralhas que cercavam Atenas foram derrubadas, com o apoio de Esparta.A democracia ateniense é derrubada, passando o poder aos espartanos do que restava da marinha ateniense – um total de doze embarcações -.

Na Ásia menor Atenas se encontrava de forma impotente o avanço dos persas em suas antigas colônias.

O fim do domínio de Atenas sobre as rotas comerciais marítimas. O fim da sua grande frota marítimo-militar de trirremes, seu domínio e influencia no mar Egeu.

Tratava-se do fim da democracia ateniense, que só retornaria em 403 a.c. com Trasíbulo.

O mundo Grego pós guerra do Peloponeso

Com o fim da hegemonia de Atenas no mundo grego, surge uma espécie de estagnação do mundo grego.A democracia ateniense é substituída de forma forçada pelos espartanos, que forjam um governo oligárquico.Esparta que tinha seu império terrestre, forma seu império marítimo com o que tinha recebido de apoio dos persas e o que herdaram da marinha ateniense.

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15Esparta envia um governador militar para grande parte dos estados gregos sob seu domínio. Muitas cidades antes dominadas pelos atenienses e agora pelos espartanos se encontram em situação bem pior do que antes.

No período de 404 a.c. a 371 a.c. tem-se a hegemonia espartana sobre a Grécia, esta se encontra em uma crise comercial.Os cartaginenses, etruscos e gregos da Ásia menor monopolizavam as rotas comerciais.

Os cidadãos da polis grega passam a ganhar sustento na forma mercenária, sendo contratados por príncipes e tiranos estrangeiros ou pela própria polis grega.

No ano 400 a.c. tem início o apogeu espartano, quando Esparta apóia Ciro, o jovem, na guerra contra seu irmão, o rei Araxerxes da pérsia, sendo que a morte de Ciro levou a derrota dos espartanos e simultaneamente Atenas que recebia o apoio persa, reconstruía sua marinha e atacava no ano 398 a.c. os espartanos.

Os estados gregos que haviam auxiliado os espartanos na vitória contra os atenienses, como Tebas que teve papel fundamental na guerra ao lado de Esparta, foi a que mais sofreu com o domínio espartano.

Um movimento de resistência em Tebas, liderado pelos tebanos Epaminondas e Pelópidas, criam a liga da Boécia e vencem os espartanos na batalha de Leutra em 371 a.c.

A partir desse momento temos a hegemonia tebana que vai até 362 a.c. na batalha de Mantinéia, Tebas é derrotada pelos espartanos com a ajuda de Atenas, sendo que Epaminondas morre durante a batalha.

A partir desse momento prevaleceu no mundo grego a desordem e a confusão, pois nenhuma cidade era suficientemente forte o bastante para subjugar a outra.

Além do fato de estarem desgastadas por mais de 30 anos de guerras. O fator manipulação dos persas foi importante para determinar os vencedores de tais batalhas.

A pérsia durante todo o tempo, após as guerras médicas, onde se teve o apogeu de Atenas, temos a ajuda dos persas aos espartanos, muito decisivo para o resultado da guerra.

Com o fim temos a ascensão espartana que além de vir ao desencontro dos interesses persas por apoiar Ciro – o jovem – os persas auxiliaram e financiaram Atenas ao combate contra Esparta.

O que se pode entender, é que para os persas era interessante é que nenhuma cidade grega tivesse hegemonia duradoura.

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15No norte da Grécia, em meados do sec. IV a.c. onde se habitava um povo com semelhança pela língua, costumes religiosos e militares e inspiradas nas táticas militares tebanas na batalha de Leutra, começava uma nova hegemonia na Grécia, a hegemonia macedônica.