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A HISTÓRIA DA CROMATOGRAFIA NO BRASIL: Percursos Possíveis em Museus de Ciência
VALÉRIA LEITE DE FREITAS∗∗∗∗
MÁRCIO FERREIRA RANGEL∗∗∗∗∗∗∗∗
INTRODUÇÂO:
A chegada de um objeto de C&T1 ao museu, certamente é algo que deve ser
comemorado. Diferentemente do que possa ocorrer com um objeto de arte, os objetos de
ciência e tecnologia têm uma existência muito efêmera, afinal tendem a ser substituídos por
outros mais modernos, mais sofisticados. A idéia de progresso que sempre esteve associada à
idéia de evolução da ciência e tecnologia, resulta na maioria das vezes, no descarte dos
instrumentos utilizados nas pesquisas e no ensino por parte das instituições. Resta aos
museus, na maioria das vezes, “recolher” o que restou deste descarte. O que sobrevive é sem
dúvida parte do esforço de preservação – em grande parte, solitário e nem sempre fácil - de
algumas pessoas que mantém com estes objetos alguma relação de afetividade.
Na sociedade contemporânea convivemos com múltiplos e diferentes elementos que
são resultado da ação humana sobre a natureza e o indivíduo, e se constituem objetos
passíveis de musealização. De acordo com Waldisa Rússio (1984), o processo de
musealização ocorre quando um “objeto é recolhido como testemunha”. Este objeto passa
assumir o valor de documento e ganha status de fidelidade, pois é a evidência da relação do
homem com a realidade e também com o meio e o tempo. E neste sentido podem e devem ser
pesquisados (RÚSSIO, 1984:61). Deste modo, todo objeto seria portador de uma mensagem
em sua exterioridade que iria além da sua materialidade (MOLES, 1972:11). Esta mensagem
pode nos informar algumas características como a noção do portador (a forma); a relação ente
o objeto e o homem (cultura); o contato do homem com si mesmo; a relação do objeto com o
homem e a relação do objeto com a coleção. (MOLES, 1972: 12-13). Assim, um objeto criado
pelo homem poderia adquirir um passado, um presente e um futuro. Cada objeto poderia ter a
sua própria história.
∗ Bacharel em História (UFRJ), Especialista em Preservação de Acervos de Ciência e Tecnologia (MAST), Mestranda pelo Programa de pós-graduação em Museologia e Patrimônio (PPG-PMUS-UNIRIO/MAST) e Bolsista de DTI-D, CNPq/MAST. ∗∗Bacharel em Museologia (UNIRIO), Mestre em Memória Social (UNIRIO), Doutor em História da Ciência pela Casa de Osvaldo Cruz (COC), Pesquisador do Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST) e Professor.do Programa de pós-graduação em Museologia e Patrimônio (PPG-PMUS-UNIRIO/MAST). 1 Neste trabalho utilizaremos a nomenclatura “objetos de ciência e tecnologia” – C&T como sinônimo de instrumentos científicos, embora conceitualmente não o seja. O conceito de “objetos de C&T” é muito mais abrangente, pois pode englobar objetos de demonstração, objetos de referência, máquinas, utensílios e instrumentos científicos.
2
Tendo em mente essas especificidades, qualquer objeto também pode se tornar um
documento, isto é suporte de informação. Se propusermos questões sobre seus atributos, esses
podem nos informar algo relativo “à sua matéria-prima e respectivo processamento, à
tecnologia e condições sociais de fabricação, forma, função, significação, etc.” (MENESES,
1998:9). Caberia então, ao historiador ou ao museólogo não fazer o documento falar - já que
ele propriamente não diz nada - mas falar por ele, deixando claro os critérios e procedimentos
para definir o lugar e o alcance da sua fala.
Nos museus a relação entre os objetos e o tempo é completamente modificada pelos
sentidos e significados que são conferidos aos mesmos, e isto acaba lhes conferindo o sentido
de “patrimônio”. Analisando essa questão de como os objetos se tornam patrimônio, Waldisa
Rússio (1984) afirma que patrimônio “é um conjunto de bens culturais, à medida que as
pessoas lhe atribuem significado” (RÚSSIO, 1984: 61). Nenhum vestígio pode ser
considerado “patrimônio” se o homem não lhe atribuir valor. Logo, os objetos que estão em
museus são investidos de função e significado, e como tais são suscetíveis de geração,
aquisição e transmissão.
Analisando a questão da valorização dos bens culturais e de com um bem se torna
patrimônio, Maria Cecília L. Fonseca (2009) observa que um bem pode ser tratado pelo seu
valor econômico e/ou pelo seu valor cultural. Esta última categoria implica que os valores
estão “inscritos na própria coisa, em função do seu agenciamento físico-material, e só podem
ser captados através de seus atributos” (FONSECA, 2009:40). Para esta autora o valor que se
atribuí a esses bens, “enquanto meio para se referir ao passado, proporciona prazer aos
sentidos, produz e veicula conhecimento e nas sociedades ocidentais estão sempre vinculados
as categorias de espaço e tempo. (Idem: 51). No entanto, quando um objeto de C&T chega ao
museu, ele acaba perdendo o seu referencial, pois foi retirado do seu contexto original. Sendo
assim, quando um objeto de C&T sofre o processo de musealização, ele acaba adquirindo o
“valor” que lhe é atribuído pelos profissionais de museus.
De acordo com Paolo Brenni (2007) até os anos de 1970, a maioria dos historiadores
da ciência que estudavam instrumentos científicos, o fazia por causa da insuficiência de fontes
primárias escritas, ou utilizavam os instrumentos para ilustrar a trajetória dos grandes
cientistas. A grande mudança da visão sobre os instrumentos científicos, que ocorreu na
década de 1970, deve-se à introdução de novos estudos baseados no na produção de Peter
Galison entre outros. Segundo Brenni (2007) esta teoria conferia um novo status ás práticas
científicas, bem como ás relações entre produção, uso e difusão dos instrumentos científicos e
o contexto social e econômico. Para este grupo de historiadores havia uma ligação entre a
3
prática e a experimentação “condicionada por práticas técnicas e sociais”.
De acordo Marta Lourenço (2000: 49) as coleções científicas desempenham um papel
importantíssimo no entendimento da ciência, embora muitas vezes seja difícil estabelecer a
ligação entre as coleções e os objetos científicos. Segundo, Pomian (1984: 53) a coleção é:
“qualquer conjunto de objetos materiais ou artificiais, mantidos temporariamente ou
definitivamente fora do circuito de atividades econômicas, sujeitos a uma proteção especial e
local fechado, preparado para este fim e exposto ao olhar público”.
Em nosso trabalho selecionaremos alguns objetos de C&T da “Coleção IEN” que foi
doada ao Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST) em 2004 pelo Instituto de
Engenharia Nuclear (IEN). Entre estes objetos utilizaremos o cromatógrafo a gás para discutir
a relação entre o desenvolvimento da Cromatografia no America Latina e a ampliação da
indústria petroquímica nacional.
A Coleção IEN – aspectos gerais
Até o ano de 2000, o acervo do Museu e Astronomia e Ciências Afins (MAST)2 se restringia
apenas aos objetos herdados do antigo Observatório Nacional. Em 2003, o Ministério da Ciência e
Tecnologia (MCT)3 elaborou uma Política Nacional de Memória da Ciência e da Tecnologia, que foi o
resultado da comissão especial criada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (CNPq). Esta foi a “primeira iniciativa formal do Estado brasileiro no sentido de
formalizar uma política de preservação de vestígios da memória da ciência e tecnologia brasileira”
(GRANATO & CÂMARA, 2008: 179). A partir deste período inicia-se a discussão sobre a ampliação
e diversificação do acervo MAST que até este momento estava restrito a coleção proveniente do
Observatório. Um grupo apontava para a necessidade da ampliação deste acervo e da própria função
do Museu.
Por ser uma instituição, ligada ao Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), o Museu de
Astronomia e Ciências Afins procurou atender algumas demandas do governo federal, bem como
buscar um novo papel dentro do Ministério. Entre as iniciativas, ressaltamos o projeto “Panorama
Histórico da Energia Nuclear no Brasil: 1950-1980”, implementado através da Coordenação de
Museologia (CMU). Este projeto teve como um dos seus desdobramentos a aquisição de objetos de
C&T de várias instituições de pesquisa do MCT, ligadas ou não a área de Energia Nuclear, entre elas o
2 O Museu de Astronomia e Ciências Afins é um instituto de pesquisa ligado ao atual Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. 3 O Ministério da Ciência e da Tecnologia (MCT) foi criado em 15 de março de 1985, pelo Decreto n. 91.146 como resposta a um antigo anseio da comunidade científica e tecnológica (GRANATO & CÂMARA, 2008, p. 179). Atualmente denominado MCT I- Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação
4
Centro de Tecnologia Mineral (CETEM) e o Instituto de Engenharia Nuclear (IEN)4. Essa busca por
novos acervos foi uma escolha política da Coordenação, que procurava dar conta de outras ciências
que não pareciam ser privilegiadas pelo acervo herdado do antigo Observatório Nacional e que
constituíam o núcleo central da coleção do MAST.
Algumas instituições do MCT identificaram nessa ação uma forma de destinação apropriada
para os equipamentos, que na maioria das vezes, não possuíam destino e se encontravam abandonados
em laboratórios e salas. Outros, contudo, enxergaram nessa atitude, uma forma de proteção da
“memória científica” de instituições ou pessoas. Um dos resultados mais importantes deste projeto foi
à ampliação das parcerias entre o MAST e outros institutos do MCT que mais tarde doariam
equipamentos em desuso (MAST, 2006, p. 3).
A parceria firmada em 2004 entre o MAST e o IEN resultou na doação de cerca de 300 objetos
de C&T utilizados em diversos departamentos: Química, Óptica, Mecânica entre outros. A coleção de
instrumentos doados pelo IEN ao MAST é composta de diferentes objetos como balanças, voltímetros,
lentes, pH-metros, procedentes de diferentes áreas tecnológicas. Estes objetos, em sua maioria, datam
da década de 1960, momento em que o Instituto foi criado. A tecnologia utilizada nos instrumentos
científicos refletia o que havia de mais avançado na época para a área de Energia Nuclear. Grande
parte dos objetos era de fabricação estrangeira, contudo alguns possuíam tecnologia nacional ou
componentes importados que receberam montagem e nome de uma empresa nacional, conforme nos
revelou Luiz Bravo, em entrevista5.
Nesta coleção, existia um cromatográfo a gás6 e dois instrumentos associados: um
programador linear de temperatura e um regulador de pressão, ambos fabricados, pela empresa
4O IEN foi criado em 1962 por um grupo de técnicos da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) como uma unidade de pesquisa desta Comissão que estava ligada a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). 5 Luiz Bravo é químico, com especialização em Análise Instrumental. Foi funcionário dos Instrumentos Científicos C. G. Ltda. nas décadas de 1980 e 1990 e prestou esclarecimentos em uma entrevista gravada em 16/11/2010. 6 O cromatógrafo a gás, de acordo com o catálogo do modelo, 37-S é “um instrumento de precisão destinado à pesquisa de processos analíticos, pesquisas químicas, análises industriais de rotina” amplamente utilizado na indústria química e petroquímica, indústrias de solventes, óleos essenciais e perfumes (Instrumentos Científicos C. G. Ltda, 1987:1), e pode ser utilizado com diferentes instrumentos associados, segundo o resultado que se deseja obter com a pesquisa. De uma forma geral, os cromatógrafos a gás se constituem das seguintes partes: a) fonte do gás de transporte, num cilindro de alta pressão, munidos de reguladores de pressão e fluxômetros; b) sistema de injeção de amostra; c) coluna de separação; d) detector; e) um eletrômetro e registrador de papel (associado ou não a um integrador) e f) compartimento independente para, termotatizado para acondicionamento da coluna e do detector e regulação da retrospectiva temperatura. (WILLARD & OUTROS, 1974:604). Conforme descrito por H. Willlard & Outros (1974) o método de cromatografia gasosa consiste na injeção da amostra com o soluto6 em um bloco de aquecimento, esta amostra depois de ser rapidamente vaporizada é arrastada pela corrente de um gás de transporte para a coluna cromatográfica que é o “cérebro” do cromatógrafo. Os solutos que são absorvidos pela “cabeça da coluna” na chamada fase estacionária e “depois dissolvidos por uma nova porção de gás de transporte”. Com a repetição do processo, a substância se desloca para a saída da coluna com velocidade própria, formando assim uma espécie de identificação de cada substância. Os solutos são diluídos um após outro por ordem crescente e penetram em um detector. Se o cromatógrafo possuir um aparelho registrador, os sinais emitidos por este processo aparecem no papel em forma de picos que identificam o composto, enquanto a medição da área destes picos determina a concentração do componente da mistura de substâncias.
5
“Instrumentos Científicos C.G. Ltda.”, criada e dirigida por Rêmolo Ciola e Ivo Gregori.
Fig 1 – cromatógrafo a gás com regulador Figura 2 – programador linear de temperatura
de pressão – Acervo MAST
Mas o que teria de tão especial nestes instrumentos, mais especificamente no cromatógrafo?
Quais os percursos que levariam a sua fabricação? Qual a importância deste instrumento para a
história e memória da ciência no Brasil? E que discursos surgiram em torno da sua utilização?
A história da Cromatografia no Brasil:
De acordo com Sônia Mendonça (1987) as rupturas ocorridas na década de 1930
produziram grandes avanços na acumulação de capitais. No Brasil ocorre a implantação de
um núcleo básico industrial de bem de produção, como também uma nova visão da
participação econômica do Estado, tendo em vista a necessidade de superar o atraso em
relação às grandes potências. Coube ao governo de Getúlio Vargas (1930-1944) implantar
uma série de medidas que proporcionasse a implantação de novas indústrias siderúrgica,
metalúrgica, petroquímica e de cimento como uma das formas de legitimação do Estado.
Sônia Mendonça (1987) nos lembra que a industrialização acelerada que foi observada
durante este período foi “fruto da ecassez de recursos disponíveis internacionalmente” após a
crise de 1929 (MENDONÇA, 1987: 40). Porém, o discurso do Estado era que o
desenvolvimento da industrialização seria responsável pela solução dos problemas sociais
estabelecendo, assim, uma identificação entre os diferentes grupos sociais e o Estado.
O período do pós Segunda Guerra Mundial demonstraria a fragilidade deste projeto
político e econômico iniciado nos anos 1930. É neste cenário que se estabelece no país, nos
anos 1950, a industria petroquímica, ou seja, a Petrobrás. Estabelecer-se-ia também no estado
de São Paulo, um pólo petroquímico, onde já existiam duas fábricas de poliestireno que
trabalhavam com matéria-prima importada (TORRES, 1997: 1).
Um dos primeiros passos para a expansão da indústria petroquímica foi à construção
da Refinaria de Presidente Bernardes, em Cubatão, sob a responsabilidade do Conselho
6
Nacional do Petróleo (CNP), que criaria a base material indispensável para a implantação de
uma série de outras indústrias petroquímicas de refino do subproduto do petróleo. A Refinaria
União, como ficaria conhecida, nasceu em 1954, fundada pelo empresário Alberto Soares
Sampaio como parte da primeira planta do Pólo Petroquímico do Grande ABC. Em 1966 a
planta recebeu uma ampliação com um centro de Matérias-Primas Petroquímicas
(Petroquímica União) em Capuava, São Paulo (TORRES, 1997:1-2), onde Ciola viria
trabalhar.
O discurso do governo sobre a “grandeza nacional” estava baseado na questão da
identidade nacional. Em termos gerais o nacionalismo que nasceria durante a “Era Vargas”
abrangeria aspectos políticos e culturais, associados ao êxito da estruturação do Estado e a
obediência as tendências culturais (OLIVEIRA, 1990: 29). A adoção desse novo modelo
político e econômico só foi possível porque, conforme nos explica Sônia Mendonça (1997),
havia uma concentração de renda resultante do modelo anterior, a qual incentivava a formação
interna de capitais, assim como a alteração do perfil da demanda nacional. Um segundo
motivo estava no aumento da população e do mercado consumidor interno aumentando a
demanda por produtos industrializados.
Este caráter nacionalista influenciou muito o desenvolvimento industrial e técnico
brasileiro nas décadas que se seguiram, e é neste contexto que podemos assistir ao nascimento
da indústria petroquímica nos anos 1950 e também da empresa Instrumentos Científicos C. G.
Ltda. Na América Latina, a Cromatografia tem início na década de 1950 com os trabalhos
pioneiros de Rêmolo Ciola que se desenvolveram em função da demanda de produtos para a
nova indústria petroquímica7. A Cromatografia Gasosa (CG) seria essencial para atender a
crescente demanda por analises destas substancias.
Nascido na província de Trento, na Itália em 17 de junho de 1923, Rêmolo Ciola veio
ainda jovem para o Brasil e mais tarde se naturalizou brasileiro. Formou-se em Química em
1948 pela antiga faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo.
Tornou-se Master of Science pela Universidade de Northwestern, EUA, orientado por Robert
L. Burwell em 1958. Foi professor assistente de Química nos anos de 1951 a1958 no Instituto
de Tecnologia de Aeronáutica (ITA) em São José dos Campos, tendo desenvolvido durante
esta época o primeiro protótipo de uma coluna cromatográfica (BRAVO & PISANI, 2010:2).
Devido ao know-how adquirido na produção de cromatógrafos com a própria tecnologia,
7 A Petroquímica é o ramo da indústria de Química Orgânica que utiliza como “matéria-prima o gás natural, gases liquefeitos de petróleo, gases residuais de refinaria, nafta, querosene, parafina, resíduos da refinação de petróleo e alguns tipos de petróleo cru” (TORRES, 199:1).
7
Ciola fundou juntamente com seu sobrinho, o engenheiro Ivo Gregori, em 1961, a empresa
Instrumentos Científicos C. G. Ltda. De acordo com Ivo Gregori, sobrinho e ex-sócio de
Ciola, na C. G. Ltda., naquela época “havia a necessidade de analisar um produto ou uma
mistura de substâncias com o emprego do sistema químico antigo do laboratório do ITA”, o
qual não possuía recursos para comprar os novíssimos instrumentos de análise
(cromatógrafos) importados dos Estados Unidos das marcas Perkin Elmer; Hewlet Packard
(HP) e Varian, já disponíveis no mercado. De acordo com Ivo Gregori, os instrumentos
existentes no laboratório do ITA “eram bastante morosos e extremamente sujeitos a erros
pessoais, bem como empregados muitas vezes em diversas operações trabalhosas e
complicadas”.
Ivo Gregori narra como teria acontecido a construção da primeira coluna
cromatógrafica do país: “com um fio de platina trefilado ao nível do diâmetro de um fio de
cabelo humano, devidamente enrolado e montado em um bloco de aço”.8 Pouco tempo
depois, Rêmulo Ciola desenvolveu o primeiro protótipo da coluna Cromatográfica do país no
ITA. O mesmo episódio é narrado pelo próprio Ciola em uma apresentação de slides em 2002
e transcrita por Luiz Bravo e Silvana Pisani (2010) em seu trabalho:
Como construir naquela época um cromatógrafo sem meios materiais e
consultores? Surgem perguntas esquisitas!!! Que coluna? O que é mesmo uma
coluna? A de destilação fracionada conhecemos e daí!!! Que fase estacionária? O
que é mesmo FE? Que será que ela faz? E a fase móvel, que gases temos?
Condutividade térmica dos gases. Isso existe? A lâmpada disse que sim!!! (Rêmolo
Ciola apud BRAVO & PISANI, 2010: 1).
A aventura que levou a construção da primeira coluna cromatográfica no país ainda
encontraria problemas “como controlar a pressão do gás de arraste”? A resposta seria “um
botijão de gás, coluna de mercúrio e válvula magnética”. (Rêmolo Ciola apud BRAVO &
PISANI, 2010, p. 1). A fabricação do detector teria um aspecto muito mais artesanal. A
“receita” mais conhecida seria feita com fio de platina de 0,05 mm de diâmetro. Mas não
havia no mercado brasileiro, um fio de tal espessura. A solução encontrada foi telefonar para
vários fornecedores até encontrar “Seu Manoel do 1º andar da Martinelli” que teria uma
“trefila que poderia chegar a este valor...” Como fazer uma trefila chegar a este valor sem
ajuda mecânica? A tentativa parecia impossível para o proprietário da trefila, mas depois de
algum tempo, dizia Ciola, “conseguimos 5 m de fio de 0,05 mm! Ele [o Sr. Manuel] se
divertiu por algumas horas, e não cobrou” (Rêmolo Ciola apud BRAVO & PISANI, 2010: 1).
8 Entrevista concedida por e-mail em 16/05/2010.
8
O primeiro cromatógrafo seria composto de um tubo de vidro de 5 cm de diâmetro,
inclinado em cerca de 45° e conectado a uma das extremidades do solvente em
ebulição e na outra a um condensador. Esta coluna era presa com rolha de cortiça.
A fase estacionária era uma silicoma sobre celite 545. O solvente era o acetato ou
outro. A temperatura da coluna era constante e as conexões de juntas esféricas. O
detector era 20 cm de fio reto dentro de um tubo de aço. A alimentação com bateria.
O ajuste de zero era feito com um potenciômetro do rádio de um avião velho com
vinte voltas e fio exposto (Rêmolo Ciola apud BRAVO & PISANI, 2010, p. 2).
Em 1958, trabalhando na Refinaria União, Rêmolo Ciola desenvolveu um projeto de
Cromatógrafo com detector de condutividade térmica (DCT) aquecido até 300° C. utilizando
o mesmo fio de platina de 0,05 mm que havia usado no experimento de 1954 (BRAVO &
PISANI, 2010:2). Pouco tempo depois, Rêmolo continuaria seus trabalhos com
“Cromatógrafos menores, com termostatos para colunas [empacotadas] de até 10 metros,
programação de temperatura com sistemas de canos de abertura variável e emprego de
Integrador de bola e disco” (Idem).
Durante o período que trabalhou para a Refinaria União, Ciola também desenvolveu
outros tipos de cromatógrafos que foram associados a outros instrumentos como, por
exemplo, o Cromatógrafo a Gás que ficava acoplado aos reatores catalíticos, nos laboratórios
da Refinaria e que foi utilizado por muito tempo no desenvolvimento de diferentes processos
petroquímicos. Neste caso podemos perceber claramente a valorização do técnico que havia
se tornado “um requisito nacional e científico do desenvolvimento econômico, como também
uma modalidade de legitimação do intervencionismo e do planejamento estatais”
(MENDONÇA, 1987: 55).
Na empresa criada em sociedade com seu sobrinho Ivo Gregori, a Instrumentos
Científicos C. G. Ltda. (“C” de Ciola e “G” de Gregori), Rêmulo Ciola era o químico/inventor
e Ivo Gregori fazia o papel de “eletrônico” e “mecânico”. Naqueles anos iniciais a
administração da empresa era compartilhada entre os sócios. Além disso, Ciola ministrava os
cursos de Cromatografia enquanto Gregori instalava os equipamentos nos laboratórios. De
acordo com Gregori, a empresa criada em 1961, tinha como objetivo construir Cromatógrafos
a Gás para as universidades e laboratórios químicos, “uma necessidade vital para qualquer
laboratório químico, reduzindo os tempos envolvidos nas análises químicas, fornecendo maior
precisão e confiabilidade, além de conforto nos resultados” (FREITAS & RANGEL, 2010: 6).
A primeira fase da empresa era bem “informal”, pois se localizava na garagem de Rêmolo
Ciola em São José dos Campos (SP). Para Gregori , um dos objetivos da empresa era
“basicamente dar um retorno ao nosso querido Brasil que forneceu ao Dr. Ciola e a
mim cursos universitários, mestrado, doutoramento no exterior, aperfeiçoamento, tudo pago e
9
financiado através da CAPES do Brasil”. No catálogo do fabricante C. G. – Série 30 o
fabricante deixa registrado em “caixa de texto” que
A C. G. Ltda., [é] uma organização totalmente brasileira, utilizando unicamente
conhecimento técnico brasileiro e desenvolvido pelos seus cientistas, engenheiros e
técnicos, apresentam seus novos modelos de cromatógrafos que se caracterizam por
serem: totalmente brasileiros; Robustos (...) (Instrumentos Científicos C. G. Ltda.,
Catálogo C.G – Série 30, p. 2)
O comentário feito por Gregori e a informação do catálogo deixam claro o aspecto
nacionalista que a empresa viria a ter bem como a questão da valorização do conhecimento
técnico para a “grandeza do país”. Durantes os anos de 1962-1963, as inovações na área de
cromatografia produzidas por Ciola, chamavam a atenção de muitos professores universitários
e chefes de laboratórios. Com o aumento da demanda desse instrumento, principalmente por
parte da Rhodia, da USP e da Petroquímica União e também dos laboratórios das
universidades, foi necessário mudar para um local que possibilitasse o aumento da produção.
Esta mudança ocorreu no ano de 1964 e acarretou a contratação de um mecânico.
Cada série de instrumentos fabricados pela C. G. Ltda recebia uma cor diferente. Para
diferenciar os produtos de seus concorrentes pintavam-se os instrumentos com cores fortes
tais como o cinza e o laranja. Esta última cor está presente nos instrumentos fabricados na
década de 1970. Já a coloração bege, tal como a do cromatógrafo que pertence à coleção do
MAST, é típica do início da década de 1980, quando ocorreu uma padronização dos
instrumentos.
Figura 4 – Cromatógrafo da C. G. Ltda, pintado de laranja e fabricado na década de 1970, e ainda utilizado no Departamento de Química Orgânica da Universidade Federal da Bahia (UFBA) para análises menos sofisticadas e chamadas carinhosamente por professores e alunos de “T-REX” devido ao tempo de fabricação.
No início, a empresa encontrou muitas dificuldades relacionadas a falta de peças
especiais para a fabricação de instrumentos: “tínhamos que desenvolver tudo na prática, tudo
era específico e utilizado para a fabricação do Cromatógrafo, das válvulas, detentores, colunas
10
cromatográficas, etc”9, revelou Ivo Gregori em sua entrevista. Outro problema encontrado foi
a concorrência com os produtos importados, que de inicio possuíam uma tecnologia
equivalente, mas que com o tempo foram ultrapassando os produtos nacionais e sendo
preferidos pelos pesquisadores. De acordo com Francisco Radler e Álvaro F. de Souza, os
cromatógrafos da C. G com o tempo não atendiam mais as demandas institucionais, pois
embora robustos, não faziam análises muito refinadas, e assim foram sendo pouco usados e
foram substituídos gradativamente por outros de marcas estrangeiras.
A solução encontrada para “driblar” a concorrência foi a montagem de produtos
importados por empresas brasileiras ou a adaptação de equipamentos importados a algum
instrumento de fabricação nacional. Segundo Luiz Bravo, a C. G. Ltda. montava no final dos
anos 1970 e durante os anos 1980, muitos cromatógrafos de outros fabricantes ou
incorporavam determinados equipamentos importados a seus modelos para lhe dar mais
agilidade e confiabilidade. Mesmo nesse caso, os equipamentos importados deveriam ser
avaliados por uma comissão técnica estatal que aprovava ou não a sua importação. Muitos
técnicos atribuem essa defasagem tecnológica ao “protecionismo industrial” que se instalou
no país durante a ditadura militar de 1964-1985.
Este processo culmina com a primeira “Política Nacional de Informática” (PNI), Lei
7.232, aprovada em 29 de Outubro de 1984 pelo Congresso Nacional, com prazo de vigência
previamente estabelecido de oito anos, tendo por objetivo estimular o desenvolvimento da
indústria de informática no Brasil através do estabelecimento de uma reserva de mercado para
as empresas de capital nacional. Nesta política, o governo e os setores privados investiriam na
formação e especialização de recursos humanos voltados à transferência e absorção de
tecnologia em montagem microeletrônica, construção de hardware, desenvolvimento de
software básico e de suporte, entre outros. Esta lei englobava também os instrumentos
científicos que possuissem alguns componetes eletrônicos, como o caso dos cromatógrafos e
os integradores/registradores.
A maioria dos técnicos parece concordar que embora o objetivo da lei fosse promover
o desenvolvimento de tecnologias nacionais, esta acabou por inviabilizar o desenvolvimento e
a troca de tecnologias, tão importantes na ciência, bem como a evasão de “cérebros” . Além
disso, estimulou diferentes a pirataria de produtos de informática. Sobre a Lei de Reserva de
Mercado para informátiva”, Francisco Radler revelou em entrevista10 que
9 Entrevista concedida por e-mail em 16/05/2010. 10 Entrevista concedida por e-mail em 25 de agosto de 2011.
11
A tentativa de reserva de mercado para equipamentos científicos e computadores no
meu entender foi equivocada atrasando o desenvolvimento da informática no país
essencial para o próprio desenvolvimento da CG, CL e EM. Os cromatógrafos feitos
sob a reserva de mercado não trouxeram contribuição efetiva a produção local e o
único fabricante à época, com enorme mérito de ter sido pioneiro no Brasil (Prof.
Remolo Ciola da USP e CG instrumentos Científicos) não conseguiu aproveitar o
período para se atualizar tecnologicamente. Assim, com a queda da reserva de
mercado acabou não resistindo e a fabricação brasileira foi encerrada.
Apesar disso, desde a década de 1970, a C. G. Ltda. tentava superar a crise fabricando
outros modelos de cromatógrafos e instrumentos associados, gerando assim, uma ampliação e
diversificação da sua linha de produtos. Neste período a empresa teria fabricado mais de 1000
cromatógrados a gás para as principais indústrias químicas, petroquímicas e farmacêuticas
brasileiras. Foi provavelmente nessa época que o IEN adquiriu o modelo que hoje faz parte do
acervo do MAST. Essa expansão das atividades empresariais teve seu clímax no início da
década de 1980, quando foi efetuada a segunda mudança para um local maior, dando a
empresa dimensão de grande porte com diversificação de sua linha de produtos e aumento da
produtividade.
Embora a C.G. tivesse alcançado seu clímax produtivo em 1982, os problemas com a
concorrência externa, divergência entre os sócios e as sucessivas crises econômicas que
ocorreram na década de 80, desestabilizaram a parceria entre Gregori e Ciola. Por fim, a
chegada de Fernando Collor de Mello ao poder (1990-1992), e a conseqüente implementação
do plano Collor e a abertura econômica para os produtos importados como parte da política
neoliberalista, aumentou enormemente a concorrência, resultando na dissolução da empresa
no inicio da décadas de 1990.
Nos anos que se seguiram, grupos de ex-funcionários fundariam a empresa Analítica,
também em São Paulo, que atualmente comercializa e presta assistência técnica na área de
análises Químicas e de Cromatografia. Já Rêmolo Ciola criaria mais tarde em 1999, a
empresa CROMACOM que ainda fabricaria cromatógrafos e prestaria assistência técnica até
o seu falecimento em 29 de julho de 2010. Ivo Gregori também possui atualmente uma
empresa de produtos químicos voltados para indústria farmacêutica, a empresa CGS
Instrumentação Analítica LTDA.
Ao analisarmos a história desse cientista, com um olhar mais crítico, podemos
perceber a grande preocupação nacionalista por trás dos seus inventos. É claro que ainda
faltam muitas peças para o nosso quebra-cabeça. Porém, essa tarefa nem sempre é fácil.
Existem muitas questões que não foram e talvez nem sejam respondidas a partir dos
depoimentos das pessoas que trabalharam na C. G. Ltda. Todo depoimento e a própria
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entrevista possuem limitações, pois sempre há um jogo de omissões e de escolhas entre o
pesquisador e seu interlocutor, de forma que um depoimento nunca é neutro e nem mesmo as
interpretações acerca dele são. Além disso, o pesquisador navega sempre entre uma memória
reconstruída por motivos pessoais, algo que é um limitante natural (FERREIRA & AMADO,
1998, p. 37). Com certeza, essas limitações podem ser superadas em parte com uma análise
feita através do arcabouço da História Oral. Não obstante não é nosso objetivo aprofundar este
assunto neste artigo.
CONCLUSÃO:
Nosso objetivo foi analisar a importância da pesquisa sobre objetos de C&T
musealizados, no nosso caso o cromatógrafo a gás, como fonte para o conhecimento das
práticas sociais que envolvem a ciência. Ao iniciar esta análise percebemos que os museus por
natureza são “lugares de memória” e como tal tem o papel de representar diversas identidades,
sendo assim importantes veículos de ensino e pesquisa.
Nos últimos anos o estudo de objetos de C&T tem se baseado no arcabouço teórico
oferecido pelos estudos de Cultura Material. Através desta abordagem, muitos pesquisadores
têm procurado investigar não só a trajetória dos instrumentos, mas também o contexto social
da ciência. Portanto, a importância de estudar coleções de instrumentos científicos esta
diretamente relacionada aos objetos que desempenham um importante papel no conhecimento
da ciência.
No Brasil, as políticas públicas só pautaram a importância da valorização e
preservação dos objetos de C&T a partir dos anos 2000. Uma série de diretrizes e editais
deram início a mobilização do meio científico para a preservação da memória científica
nacional. As diversas ações tomadas pelo Ministério da Ciência e Tecnologia e o CNPq
tornaram possível entre outras coisas, a confecção de projetos institucionais ligadas a temas
científicos de projeção nacional.
As políticas públicas iniciadas nos anos 30 tentariam superar o nosso atraso
tecnológico através do desenvolvimento da indústria de base, principalmente da petroquímica
e siderurgia e também no investimento na formação de técnicos no exterior. A justificativa
ideológica para o impulso na industrialização possuía um alto grau de nacionalismo, pois se
propunha a superar esse atraso social e técnico, exaltando “a grandeza da nação” através do
desenvolvimento tecnológico. As pesquisas desenvolvidas por Ciola na década de 50 e o
desenvolvimento da primeira coluna cromatográfica na América Latina viriam afirmar a
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necessidade de equipamentos com tecnologia avançada, algo que o país ainda não possuía
devido a grande defasagem tecnológica em relação aos países centrais.
A Cromatografia brasileira que nasceu do “improviso” rapidamente viria se associar
ao desenvolvimento da indústria petroquímica no Brasil. A invenção do primeiro
Cromatógrafo do país, por Rêmolo Ciola em 1954, nos laboratório do ITA e posteriormente a
fabricação para as Indústrias Rhodia em 1961, simbolizaria essa associação e mais tarde daria
impulso ao estabelecimento da primeira empresa de fabricação de Cromatógrafos do país, a
Instrumentos Científicos C. G. Ltda. em 1961.
A empresa criada no início dos anos 60 por Rêmolo Ciola e seu sobrinho Ivo Gregori
enfrentou muitos desafios, pois não possuía matéria prima para a fabricação dos instrumentos
e assim, tinha de se adaptar as circunstâncias. A empresa possuía um grande caráter
nacionalista, pois Rêmolo Ciola e Ivo Gregori desejavam, de acordo com o seu discurso,
retribuir o investimento do Estado na sua formação atendendo a demanda dos laboratórios de
químicos do país. Neste sentido, os trabalhos de Ciola foram pioneiros na divulgação da
Cromatografia no Brasil.
Mesmo sob o protecionismo do regime militar, a C. G Ltda. sofreu com a concorrência
dos produtos estrangeiros que gradativamente ganhavam mercado e substituíram o produto
nacional na preferência dos técnicos.
A empresa atingiu seu clímax no início da década de 1980. Todavia, a Política
Nacional de Informática (PNI), Lei 7.232, aprovada de 1984 pelo Congresso Nacional que foi
concebida para proteger e incentivar o desenvolvimento da área acabou por gerar problemas
para a empresa, pois a lei não favorecia de forma eficiente as trocas de tecnologia necessárias
ao desenvolvimento.
Paralelamente, ao desenvolvimento da C. G Ltda, muitos técnicos, incentivados pelo
Estado, receberiam treinamento nos EUA e na Europa trazendo novas tecnologias para o país.
A formação destes técnicos viria criar a partir da década de 1980, núcleos de pesquisa em
Cromatografia com orientações completamente diferentes e que até certo ponto se
contrapõem. Este aspecto de nosso estudo nos levou a muitas questões: até que ponto as
demandas e as disputas por mercado interferiram na formação dos técnicos e na escolha de
diferentes metodologias de análise? Como as escolhas metodológicas refletiram
positivamente ou negativamente no desnvolvimento da Cromatografia no Brasil? Até que
ponto o desenvolvimento da cromatografia foi influenciado pelo crescimento da indústria do
petróleo no país?
Essas questões ainda estão em aberto e não poderão ser desenvolvidas neste trabalho.
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Existem também muitas lacunas a serem preenchidas no que se refere a história da
cromatografia no Brasil , após o período de Rêmolo Ciola. Estes desafios não são fáceis de
serem resolvidos, pois estamos no território da história do tempo presente. Não obstante, o
que desejamos destacar, é a possibilidade de se narrar a trajetória de uma ciência a partir de
um objeto musealizado.
Esperamos que este trabalho, que tem como foco um objeto de C&T estimule a
reflexão dos profissionais de museus sobre a potencialidade de suas práticas. Desejamos ainda
evidenciar o valor da preservação e da pesquisa dos objetos de C&T como forma eficiente de
narrar os processos que envolvem a história da ciência em nosso país.
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