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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
A IMPORTÂNCIA DA AFETIVIDADE NA RELAÇÃO
PROFESSOR E ALUNO
Por: Patrícia Chagas da Costa
Orientador
Prof.ª Solange Monteiro
Rio de Janeiro
2012
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
A IMPORTÂNCIA DA AFETIVIDADE NA RELAÇÃO
PROFESSOR E ALUNO
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau de especialista em Psicopedagogia Institucional
Por: Patrícia Chagas da Costa
AGRADECIMENTOS
A Deus, primeiramente, pela força, saúde, sabedoria e coragem para atingir os meus objetivos. A minha família, que sempre me encorajou acreditando em mim, mesmo quando pensei em desistir, e a quem retribuo tanto amor e afeto recebido. A minha orientadora Prof.ª Solange Monteiro, com sua sabedoria e competência transformou esses momentos em grandiosos saberes.
DEDICATÓRIA
Dedico aos meus pais Edilena e Jorge,
que sempre acreditaram no meu
sucesso, me apoiando para que eu
pudesse concretizar mais uma etapa da
minha vida.
Amo vocês.
RESUMO
Este trabalho monográfico teve como objetivo identificar a importância
da afetividade nas relações desenvolvidas entre professor e aluno, ressaltando
a importância de como a afetividade pode contribuir para a melhoria no ensino-
aprendizagem. Desta maneira, a afetividade é identificada como o melhor
caminho para essas trocas entre as partes na sala de aula, sem que o
professor precise fazer o uso excessivo da autoridade como meio de formar
indivíduos. Concluindo este trabalho, irei abordar o trabalho do Psicopedagogo
na instituição escolar que tem como caráter preventivo no sentido de procurar
criar competências e habilidades para solução dos problemas. Com esta
finalidade e em decorrência do grande número de crianças com dificuldades de
aprendizagem e de outros desafios que englobam a família e a escola, a
intervenção psicopedagógica ganha, atualmente, espaço nas instituições de
ensino.
Dessa forma a afetividade influencia de maneira significativa pelos quais
os seres humanos resolvem seus conflitos, essa organização da maneira de
pensar influencia o sentimento, e tendo sentimento fica mais fácil de agir e
pensar, o afeto faz parte do funcionamento psíquico de todo ser humano ele
assume papel fundamental em todas as relações.
METODOLOGIA
Para realizar este trabalho monográfico foi utilizada uma pesquisa de
cunho bibliográfico com estudo aprofundado com leitura de livros. Alguns
teóricos contribuíram para este trabalho como Freire, Vygostky, Wallon, Piaget,
esses teóricos nos apresentam conceitos sobre afetividade, e todos nos
ensinam que para o educador desempenhar bem o seu papel é preciso se
relacionar afetivamente com o aluno. Em relação à Psicopedagogia
institucional, teóricos como Nádia Bossa, Alícia Fernandez, Maria Lúcia Lemme
Weiss, contribuíram para reflexão que o psicopedagogo estimula o
desenvolvimento de relações, o vinculo afetivo entre todos da escola, a
utilização de técnicas de ensino e aprendizagem que é relacionada com as
mais recentes concepções a respeito desse processo. Ou seja, é criado
estratégias para envolver a equipe escolar, ajudando-a a aumentar o olhar em
torno do aluno, ajudando o aluno a superar as suas dificuldades que se
interpõem ao pleno domínio das ferramentas necessárias a leitura do mundo.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I - Definindo a afetividade 13
CAPÍTULO II - Afetividade: Relação Professor e Aluno 25
CAPÍTULO III – O Psicopedagogo na Instituição Escolar 43 CONCLUSÃO 50
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 52
INDICE 55
FOLHA DE AVALIAÇÃO 56
8
INTRODUÇÃO
O presente trabalho monográfico tem como abordagem a afetividade.
Este tema tem por objetivo discutir a importância da relação afetiva entre
professor e aluno levando a perceber como tal relação interfere no processo de
ensino-aprendizagem podendo trazer resultados positivos ou negativos para o
trabalho que o professor realiza e que a escola oferece.
Segundo Tassoni:
O processo de aprendizagem ocorre em decorrência de interações sucessivas entre as pessoas a partir de uma relação vincular, portanto, é através do outro que o indivíduo adquire novas formas de pensar e agir e apropria-se ou constrói relações sociais que influenciam na relação do individuo com os objetos, lugares e situações. (TASSONI, 2000, p.265).
A afetividade é essencial na vida de todo ser humano, por isso ela é
importante na construção da felicidade, na formação de pessoas estáveis,
capazes de conviver, saber ouvir e valorizar o outro. Por isso, as relações
afetivas na escola são importantes, pois não há transmissão de conhecimento
sem interação entre as pessoas, assim como, a aprendizagem do aluno vai
depender muito desse afeto em sala de aula que são estabelecidas entre
professor e aluno.
Frequentemente, em sala de aula surgem situações de dificuldades
existentes na relação entre professor e aluno, e grande parte dessas
dificuldades se reflete nos resultados da aprendizagem, por isso este trabalho
tem como proposta revelar a importância do afeto na relação professor e aluno.
Um alto percentual do padrão emocional é formado nos primeiros anos
de vida. Muitos desconhecem as consequências deixadas em uma criança
quando para a emoção não é atribuído um valor significativo, é nesse ponto
que afetividade tem um papel imprescindível no processo de desenvolvimento
da personalidade da criança, que se manifesta primeiramente no
comportamento.
9
Segundo Almeida (1999, p. 50) “As relações familiares e o carinho dos
pais exercem grande influência sobre a evolução dos filhos, em que a
inteligência não se desenvolve sem a afetividade”. Apesar dos sentimentos de
amor e afeto, em especial nos primeiros anos de vida parecerem insignificantes
para grande maioria dos pais, são sentimentos importantes que vão influenciar
no sucesso escolar da criança. São os pais, os maiores responsáveis pela
preparação emocional de seus filhos. Atualmente a agitação da vida moderna
os pais acabam deixando essa necessidade de lado, com isso grandes
prejuízos podem ser causados na inteligência emocional da criança que ao
chegar na idade de freqüentar a escola sentirá grave reflexos na aprendizagem
e o desenvolvimento psíquico da criança dá-se através do meio social que ela
convive.
Almeida (1999) ao mencionar Wallon (1989) observa que “são as
emoções que unem a criança ao meio social: são elas que antecipam à
intenção e o raciocínio”.
Expressar apoio afetivo é de uma importância extraordinária dentro da
estrutura familiar, um olhar carinhoso, um toque, ouvir e dar atenção aos
sentimentos de um filho bombeia-lhe energia e o motiva a retomar o ponto de
onde parou. Essas demonstrações de afeto devem começar muito cedo, ainda
no ventre materno, dessa forma quando a criança iniciar sua vida escolar ela
irá desenvolver sua autonomia e terá progresso significativo na aprendizagem.
A escola é um espaço de troca, onde diferentes valores, concepções,
culturas, crenças e relações sociais se misturam e fazem do cotidiano escolar
uma rica e complexa estrutura de conhecimentos e de sujeitos. Falar de
afetividade e aprendizagem é falar do ser humano, que por sua natureza social,
se constrói na relação do sujeito com os outros sujeitos, num contexto de inter-
relações. Uma pessoa não deixa de aprender quando exerce a função de
professor, por isso o processo de ensino-aprendizagem pode ser beneficiado
quando professor e aluno buscam conhecimentos mútuo de suas
necessidades, tendo consciência de sua forma de relacionar-se, respeitando as
diferenças.
10
Segundo Freire:
No fundo, o essencial nas relações entre educador e educando, entre autoridade e liberdades, entre pais, mães, filhos e filhas, é a reinvenção do ser humano no aprendizado de sua autonomia. Me movo com educador porque primeiro, me movo como gente.(FREIRE,1996,P.94).
Assim, o professor em sala de aula deverá contribuir para desenvolver
em seus alunos a auto-estima, a estabilidade, tranqüilidade, capacidade de
contemplação, de perdoar, de fazer amigos e de socializar-se. Grande parte
das dificuldades que surgem no processo de aprendizagem, alunos distraídos,
rebeldes, que não conseguem aprender, resulta na falta de liberdade.
Professor e aluno são autênticos quando se apresentam como realmente são,
sem disfarces, sem máscaras. O professor contribuirá muito para a
aprendizagem se, se envolver pessoalmente com os alunos, quando o
educador é autêntico em relação aos seus alunos, manifesta seus sentimentos,
e mostra-se aberto ao diálogo e sugestões chega mais facilmente a seus
objetivos: o afeto e aprendizagem caminhando lado a lado.
De acordo com Rodrigues:
As situações de ensino agradáveis suscitam no aluno um desejo de repetir e renovar a aprendizagem. Quando, por infelicidade, o contrário acontece, o aluno tende a rejeitar não só a disciplina que não consegue aprender, mas também tudo quanto a ela se refira, inclusive o mestre e até a própria escola. Se a situação de aprendizagem é gratificante e agradável o aprendizado tende a se dinamizar, a extrapolar-se para situações novas e similares e, por fim, a inspirar novas aprendizagens. (RODRIGUES, 1976, p.179).
O trabalho do professor torna-se mais fácil na medida em que ele pode
obter dos alunos informações sobre seus problemas e temas favoritos. Se os
alunos puderem falar e discutir, o que lhes interessa virá à tona e, a partir
desses dados, o professor poderá desenvolver as atividades escolares. Nas
discussões atuais acerca da educação a autoridade docente aparece como
uma das principais questões que influenciam a questão disciplinar na sala de
aula.
11
Segundo Freire:
Segura de si, a autoridade não necessita de, a cada instante, fazer o discurso sobre sua existência, sobre si mesma. Não precisa perguntar a ninguém, certa de sua legitimidade, se “sabe com que está falando?”. Segura de si, ela é porque tem autoridade, porque a exerce com indiscutível sabedoria. (FREIRE, 1996, p.91).
De acordo com o autor é importante notar que, para que a autoridade
tenha uma função vital na relação professor e aluno na sala de aula, é
necessário que os indivíduos que interagem em sala tentem construir um
conceito de disciplina que não seja imposto por leis arbitrárias, mas sim que
seja construído através da negociação de regra justas que levem os alunos a
desenvolverem autonomia e percepção crítica.
Este trabalho monográfico se justifica com a pretensão de discutir de
que forma a relação afetiva entre professor e aluno pode ajudar a buscar um
bom desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem.
Ao falar nos problemas educacionais nos dias de hoje, os especialistas
em educação afirmam que grande parte dos problemas em sala de aula está
na falta de afetividade na relação entre professor e aluno, e os estudos avaliam
que esse é um dos pontos de partida para resolução de problemas na escola.
A afetividade pode ser definida, segundo Almeida como o:
Conjunto de fenômenos psíquicos que se manifestam sob forma de emoções, sentimentos e paixões, acompanhados sempre da impressão de dor ou prazer, de satisfação ou insatisfação, de agrado ou desagrado, de alegria ou tristeza. (ALMEIDA, 1999, P.11).
Assim podemos dizer que a família é quem desempenha esse papel
fundamental na formação do afeto na vida criança e isso reflete demais no
ambiente escolar, seja do lado positivo ou negativo, a afetividade é o fator
fundamental na relação com as pessoas que estão envolvidas nesse
desenvolvimento integral da criança, ou seja, a família.
Como futura educadora acredito que na escola e, principalmente, na
sala de aula, há muita escassez de afeto, porém, essa relação afetiva é
importante, pois não há transmissão de conhecimento sem interação entre
12
pessoas, e essa relação de troca é responsável pela criação de ambientes
sociais saudáveis. O conversar, o ensinar e o aprender ganham um contorno
novo e os afetos contribuem para isto porque a afetividade é integrante da
educação, e é ela que se dispõe a construir o homem por inteiro.
Sendo assim, a escolha deste tema visa refletir o trabalho e a postura do
professor perante as dificuldades em sala de aula e seu relacionamento com os
alunos, além de, também, contribuir para uma discussão interessante de como
é importante à afetividade e como ela interfere no aprendizado que se torna
mais interessante quando o aluno se sente competente pelas atitudes e
métodos de motivação em sala de aula. O prazer pelo aprender não é uma
tarefa fácil, e por isso os professores devem despertar a curiosidade dos
alunos no desenrolar das atividades em sala de aula.
Assim, o presente trabalho monográfico terá como objetivos, discutir
sobre a importância da afetividade nas relações vividas entre professor e aluno,
bem como as mesmas podem contribuir para o processo ensino-aprendizagem,
através de fatores relevantes que possam estimular uma convivência afetiva no
processo educativo. Também procurou discutir a questão da autoridade do
professor em sala de aula.
Para tanto, ele será organizado em 3 capítulos. No primeiro
capítulo definirá a afetividade e sua contribuição na educação, no segundo
capítulo apresentamos uma reflexão sobre o afeto na relação professor e aluno
como caminho para um melhor ensino-aprendizagem, tratando também da
questão da autoridade do professor na sala de aula. E no terceiro capítulo
abordaremos a psicopedagogia institucional, discutindo a atuação do
Psicopedagogo na escola.
13
CAPÍTULO I
DEFININDO AFETIVIDADE
No Minidicionário Aurélio (2005, p. 99), o verbete afetividade está
definido da seguinte forma: “Qualidade ou caráter de afetivo”. Pode-se dizer
que a afetividade exerce papel fundamental nas correlações psicossomáticas
básicas, ela influencia a percepção, a memória, o pensamento, à vontade e as
ações, e ser, assim, um componente essencial do equilíbrio da personalidade
humana. Já a palavra afeto vem do latim affectur (afetar, tocar) e constitui o
elemento básico da afetividade. O afeto, do latim affectus, corresponde no
português a “sentimento de amizade”, “afeiçoado a”, “carinho”, “afabilidade”.
Ferreira (1999) nos mostra que, quando se pensa em “afeição”, vem
naturalmente à mente imagens relacionadas a cuidado, acolhimento, aceitação,
afago. Para ser afeto, é preciso afetar, tocar, aquele que estava “sujeito a”,
produzindo uma mudança de estado.
O afeto na vida do ser humano é tudo aquilo que está interligado com a
nossa parte sensível. É tudo que nos afeta como pessoa: sentimentos, afetos,
emoções, paixões, atenção, personalidade, temperamento e outros mais.
Definir afetividade não é fácil mais sem ela não poderíamos dizer que somos
realmente humanos.
Gudín neste sentido afirma que:
A natureza sensível do homem, isto é, tudo aquilo que sentimos e que nos afeta, forma parte de nossa condição volitivo-intelectual, do que queremos e pensamos. Ambas facetas humanas, a cognoscitiva-racional e a afetiva são totalmente inseparáveis: cada ação que realizamos tem uma conotação sentimental. (GUDÍN, 2001, p.17).
A autora comenta que o ser humano é uma realidade com várias
dimensões e que estas são inseparáveis no conceito de afetividade. O homem
e a afetividade têm uma conexão que não dá para separar, o afeto faz parte da
vida e é por isso que ela possui alguns fenômenos que apresentam oscilações
no ser humano como: Algo que mexe com nosso interior e modifica nossa
14
intimidade, podemos ficar tristes, alegres, emocionados, irados, indignados
com algum acontecimento. O fato é que a afetividade deixa rastro, deixa
vestígios em nossa vida, e isso depende muito da intensidade e duração do
que sentirmos.
Os estados afetivos são manifestações de nossas tendências e de
nossas inclinações. Eles representam à forma de como os acontecimentos
repercutem na vida do ser humano, tentando produzir um elenco de reações
matizadas que define seu modo de ser no mundo em que vivemos. Entende-se
que a afetividade é uma qualidade das relações humanas e das experiências
no decorrer de nossas vidas, são as relações sociais que marcam a vida
humana conferindo a realidade que faz parte do seu contexto um sentido
afetivo. Em seguida cito alguns estados afetivos que fazem parte do cotidiano
do ser humano.
De acordo com Wallon (apud Arantes 2003) a emoção, no sentido geral,
significa toda espécie de estado afetivo de certa intensidade. As emoções
podem ser divididas em emoções primárias, secundárias, as emoções
primárias são assim chamadas por serem inatas ligadas à vida instintiva e são
subdivididas em emoção de choque, emoção colérica e emoção afetuosas
sendo as duas primeiras originadas do instinto de conservação e a última do
instinto sexual.
Já as emoções secundárias são estados afetivos de estrutura e
conteúdos mais complexos que os anteriores e que se subdividem em: estados
afetivos sensoriais que partem da sensibilidade corporal com por exemplo o
prazer e a dor; e estados afetivos vitais são afetos corporais, atitudes internas
positivas ou negativas relacionadas à sensações vagas e difusas, não ligadas à
determinada parte do corpo.
Damásio (1996, p. 168) informa que: “a etimologia da palavra emoção
sugere corretamente uma direção externa a partir do corpo: emoção significa
literalmente movimento para fora”. O autor fala também que há uma
diferenciação entre emoção e sentimento que não podem ser utilizados como
15
sinônimos. Afirma o autor que: “todas as emoções originam sentimentos, se
estiver desperto e atento, mas nem todos os sentimentos provêm de emoções”.
De acordo com o ponto de vista do autor a emoção é a própria
expressão da afetividade onde acontece a manifestação de um estado
subjetivo, já o sentimento, é duradouro e psicológico, faz mais parte de uma
reação afetiva.
Os sentimentos são estados afetivos estáveis, que surgem e se
substituem, que acontecem integrados às vivências, sendo, portanto,
conscientes. São mais duráveis em sua intensidade vivencial do que as
emoções, não surgem bruscamente, mas, sempre num continuo, em fusão com
um sentimento anterior. O temperamento é uma disposição fundamental inata,
ligada à constituição orgânica, imutável. Não influenciada por questões
corporais e psíquicas. Determina o modo de ser de cada um. O humor é uma
disposição afetiva básica, dependente de condições corporais e psíquicas. Ele
se altera de acordo com as condições corporais e psíquicas O humor varia
muito em indivíduos não-padecentes de transtornos específicos: sensações de
alegria, de prazer, tristeza, indiferença, desinteresse, irritabilidade encontram
sua expressão afetiva correspondente devidamente controlada pelo indivíduo.
A paixão são inclinações levadas a um alto grau de força, extraordinariamente
intensa, estado afetivo absorvente, polariza a vida psíquica em direção ao
objeto, monopoliza as ações. Existem também os estados afetivos mais
complexos como: a tristeza, o Desespero, a Repugnância, o Ressentimento, a
Angustia, ansiedade, o Medo.
Segundo Piaget:
[...] a afetividade constitui a energética das condutas, cujo aspecto cognitivo se refere apenas às estruturas. Não existe, portanto, nenhuma conduta, por mais intelectual que seja que não comporte, na qualidade de móveis, fatores afetivos; mas, reciprocamente, não poderia haver estados afetivos sem a intervenção de percepções ou compreensão, que constituem a estrutura cognitiva. (PIAGET, 1980, p.103).
Portanto, a afetividade surge à medida que os seres humanos
estabelecem relações entre si e com a natureza, ocasião em que vivenciam
16
emoções e sentimentos, isto é, reagem afetivamente aos acontecimentos. O
desenvolvimento do ser humano, e a consciência de si vão sendo construídos
pelo sujeito nas suas relações com o outro. A dimensão afetiva no
desenvolvimento humano é, contudo, uma proposta que desafia todas as
velhas concepções que durante muito tempo desarticularam o homem de sua
própria essência.
De acordo com Gottmam (1997) na idade média, a família era
responsável pela transmissão da vida, dos bens e dos nomes, sem qualquer
tipo de função afetiva. A criança quando completava sete anos elas iam
participar dos jogos e atividades do dia-a-dia com adultos ou velhos, boa parte
dos casos as crianças eram enviadas para outras famílias para receber
educação. No século XVII, a família começa a manter a sociedade à distância,
e começa também a valorizar a intimidade da vida privada, e a ter necessidade
de uma identidade, passando a se unir também pelo sentimento. Assim a
família passou a ser responsabilizado pela transmissão de valores e
conhecimentos e pela socialização da criança, e isso se tornou fundamental
para que a criança desenvolvesse os laços afetivos para o processo de
subjetivação.
Segundo Sisto e Martinelli:
O desenvolvimento de uma criança é o resultado da interação de seu corpo com os objetos de seu meio, com as pessoas com quem convive e com o mundo onde estabelece ligações afetivas e emocionais. O desenvolvimento da criança está relacionado ao âmbito afetivo. (SISTO E MARTINELLI, 2006, p.47).
A presença dos pais ensinando os valores para criança pode ser muito
importante para a auto-imagem que a criança forma durante o período inicial da
autopercepção. Se as crianças se sentem amadas a auto-imagem delas tende
a ser positiva, e é provável, que elas sintam confiança nas capacidades que
estão emergindo. Por isso a família é muito importante para a formação do
afeto na vida da criança, um bom vínculo entre pais e filhos, uma relação de
confiança, espontaneidade e transparência só são possíveis se cada um dos
componentes dessa interação puder realizar uma aprendizagem emocional
satisfatória. Essa relação afetiva da criança com a família contribui
17
positivamente para a formação de sua personalidade, pois a criança necessita
de uma figura afetiva onde esta desempenha o papel de mediador na
construção de sua identidade.
Ter limites com a criança dentro da família é de extrema importância
para o seu desenvolvimento no processo afetivo, tendo em vista, o respeito às
regras para a convivência alocada no espaço com o outro. Assim, a mãe, no
começo é facilitadora, deve tornar-se progressivamente facilitadora e limitadora
obrigando-se a adotar uma atitude que nova na relação com a criança. Com
isso, esta se desenvolverá de forma satisfatória, refletindo nos relacionamentos
futuros dentro de ambientes coletivos. Tem a necessidade que a mãe coloque
situações de muita segurança para com a criança, no intuito de que esta
consiga renunciar à satisfação de um prazer imediato sem que isso repercuta
negativamente na área afetiva. Isso permite que a criança crie certa tolerância
à frustração, o que mais tarde permitirá, sem perturbar a personalidade,
suportar a decepção, o fracasso, a insatisfação.
Segundo Bee:
O apoio afetivo da mãe permitirá a criança suportar a frustração. O medo de perder o amor materno faz com que a criança obedeça às exigências da mãe, já que a criança cuida muito do amor materno, portador de sentimentos de segurança. (BEE, 1986, p.210).
A vida afetiva da criança e a intensidade e qualidade dessas ligações
dependem em parte do comportamento dos pais em relação à criança. Além
disso, os sentimentos de segurança produzidos pela ligação afetiva variarão de
acordo com a regularidade desse relacionamento e com o quanto ele é
satisfatório. Estar presente na vida dos filhos é muito importante: sentar com
eles, contar uma história, contar as vitórias e as derrotas da vida, deixar que
eles façam parte do seu mundo. É muito importante também que os pais
brinquem com seus filhos: role no tapete, jogue bola e participe do seu dia a
dia, pois essa afetividade pode trazer grandes benefícios para a aprendizagem
escolar da criança.
18
Falar de afetividade na vida do ser humano é ter em mente teóricos
como Wallon (1989), que atribui em sua teoria grande importância à emoção e
a afetividade, elaborando conceitos a partir do ato motor, da afetividade e da
inteligência. Para ele as interações são uma via para o desenvolvimento e para
as manifestações das emoções.
Para Wallon (apud Galvão, 2003), o movimento é à base do pensamento
e as emoções é que dão origem à afetividade. O autor dá o exemplo de um
bebê que ainda não desenvolveu a linguagem e que utiliza seu corpo por meio
de contorções, e outras manifestações emocionais para mobilizar os adultos à
sua volta pelo contágio afetivo.
De acordo com Galvão (2003, p. 74), “Pela capacidade de modelar o
próprio corpo, a emoção permite a organização de um primeiro modo de
consciência dos estados mentais e de uma primeira percepção das realidades
externas”.
Assim, é muito importante a subjetividade dos estados afetivos vividos
por quem experimenta uma determinada emoção. E uma vez que a vida
emocional se apresenta, na teoria de Wallon, como uma condição para a
existência de relações interpessoais, para este teórico, as emoções também
fazem parte da atividade representativa e, portanto, da vida intelectual. Isto
significa que Wallon não separa o aspecto cognitivo do afetivo. Sendo assim,
pode-se interpretar que o ato motor é à base do pensamento e a emoção
também é fonte de conhecimento.
Segundo Galvão:
Paralelamente ao impacto que as conquistas feitas no plano cognitivo têm sobre a vida afetiva, a dinâmica emocional terá sempre um impacto sobre a vida intelectual. [...] É graças à coesão social provocada pela emoção que a criança tem acesso à linguagem, instrumento fundamental da atividade intelectual. (GALVÃO, 2003, p.76).
Podemos perceber através das teorias de Wallon, que a cognitivação da
emoção não elimina as manifestações corporais, haja vista que, no plano da
inteligência, o pensamento se faz acompanhar por gestos em que se exerce
19
muito mais a expressão do indivíduo. Um conceito de sua teoria que tem
implicação na prática pedagógica é que a emoção estabelece uma relação
imediata dos indivíduos entre si, independente de toda relação intelectual.
Para Wallon:
A propagação ‘epidérmica’ das emoções, ao provocar um estado de comunhão e de uníssono, dilui as fronteiras entre os indivíduos, podendo levar a esforços e intenções em torno de um objetivo comum. Permitiria, assim, relações de solidariedade quando a cooperação não fosse possível por deficiência de meios intelectuais ou por falta de consenso conceitual, contribuindo, portanto, para a constituição de um grupo e para as realizações coletivas. (WALLON, 1989, p.162).
Assim, de acordo com o autor, a emoção e a inteligência são
indissociáveis e potencializadas pela socialização, priorizar a afetividade nas
interações ocorridas no ambiente escolar contribui para dinamizar o trabalho
educativo.
Já para Vygotsky (2003), só se pode compreender adequadamente o
pensamento humano quando se compreende a sua base afetiva. Muito próximo
das conclusões da teoria de Wallon, acredita que pensamento e afeto são
indissociáveis.
Segundo Vygotsky apud Arantes (2003):
Quem separa o pensamento do afeto nega de antemão a possibilidade de estudar a influência inversa do pensamento no plano afetivo. [...] A vida emocional está conectada a outros processos psicológicos e ao desenvolvimento da consciência de um modo geral. (VYGOTSKY apud ARANTES 2003, p.18-19).
O homem é produto do desenvolvimento de processos físicos e mentais,
cognitivos e afetivos, internos e externos. No que se refere às emoções,
conforme o homem aprimora o controle sobre si mesmo, mudanças qualitativas
ocorrem no campo emocional.
Rego (1997) afirma que “São os desejos, necessidades, emoções,
motivações, interesses, impulsos e inclinações do indivíduo que dão origem ao
pensamento e este, por sua vez, exerce influência sobre o aspecto afetivo-
20
volitivo”. Diante do ponto de vista do autor cognição e afeto não são
dissociados no ser humano: se inter-relacionam e exercem influências
recíprocas ao longo do seu desenvolvimento.
Diante da teoria de Vygotsky, podemos dizer que o ser humano, da
mesma forma que aprende a agir, a pensar e a falar, por meio do legado de
sua cultura e da interação com os outros, aprende a sentir. O longo
aprendizado sobre emoções e afetos se inicia nas primeiras horas de vida de
uma criança e se prolonga por toda sua existência.
Para Piaget (apud Saltini, 1999), o desenvolvimento afetivo está ligado
intrinsecamente e ocorre paralelo ao desenvolvimento moral: a criança vai
superando a fase do egocentrismo, se apercebe da importância das interações
com as outras pessoas e desenvolve a percepção do eu e do outro como
referência. Ainda no estágio sensório-motor, o sorriso infantil correspondido por
um sorriso adulto torna-se, para a criança, um instrumento de contágio e de
diferenciação entre pessoas e objetos. A afetividade ocorre quando a criança é
capaz de distinguir objetos e pessoas fora dela mesma, com a superação do
egocentrismo, momento em que desenvolve condições afetivas de amar as
pessoas e manifestar estima pelos objetos. O desenvolvimento cognitivo,
afetivo, e social se dá de forma interdependente, e qualquer desequilíbrio pode
comprometer o conjunto.
Assim para Piaget apud Inhelder:
A afetividade, a princípio centrada nos complexos familiais, amplia sua escala à proporção da multiplicação das relações sociais, e os sentimentos morais [...] evoluem no sentido de um respeito mútuo e de sua reciprocidade, cujos efeitos de descentração em nossa sociedade são mais profundos e duráveis. (PIAGET apud INHELDER, 1990, p.109).
De acordo com a teoria de Piaget (1975), podemos dizer que a formação
da consciência e dos sentimentos morais infantis é resultado da relação afetiva
da criança com os pais, o que chama à atenção para a qualidade das interações
afetivas no ambiente familiar. Isso porque é na família que a criança estabelece
os primeiros contatos e experimenta as primeiras vivências afetivas e
21
aprendizagens que vão lhe servindo de referência para orientar as relações com
as outras pessoas. A criança busca satisfação orgânica e psicológica por meio
das relações com as pessoas e com o meio, está se socializando pela afetividade,
também decisiva em cada etapa de desenvolvimento proposta por Piaget (1975).
O estágio sensório-motor do desenvolvimento cognitivo, a criança passa
por um momento de transição do eu para o social: na afetividade, a criança
passa do estado de não-diferenciação entre o eu e os construtos físicos e
humanos para um estágio de reconhecer que existem trocas entre ela (o eu
diferenciado) e o outro. Para Piaget (1975), nessa fase de desenvolvimento,
existe muito mais troca afetiva e contágios para a criança do que efetivamente
diferenciação das pessoas e coisas, o que torna ainda mais importante as
interações.
O estágio pré-operatório marca outra etapa da evolução afetivo-social da
criança: a mobilidade mental, o jogo simbólico e a linguagem favorecem novas
interações e afetos, valorização pessoal e independência em relação ao objeto
afetivo designado pela criança. Se nesse nível de evolução a condição é pré-
cooperativa por causa do egocentrismo, no estágio das operações concretas, a
criança passa a ter uma personalidade individualizada que constitui novas
relações interindividuais que promovem novas trocas afetivas e cognitivas
equilibradas.
No último estágio de desenvolvimento, do pensamento formal, que
corresponde à adolescência, o pensamento já está formado e se amplia com
as interações afetivas, a mudança social e a construção de novos valores,
entre outros.
Diante das definições sobre a afetividade, vale reconhecer que nós
seres humanos necessitamos da dimensão afetiva. Ao perceber a sociedade
nos dias de hoje percebemos escassez de afetividade. Nesse sentido
entendemos que o amor, juntamente com afeto pode ter mais eficácia do que a
ordem simplesmente dada. A afetividade será sempre vista em todos os
lugares como crescimento integral do ser humano e isso faz o interligamento
para as pessoas no desenvolvimento da socialização. A partir disso queremos
22
e precisamos de uma sociedade no qual todos possam sentir o sabor da
afetividade saudável, favorecendo a qualidade das relações. A família é muito
importante na formação da personalidade das crianças, os pais são os
alicerces para que os valores, a moral e a ética sejam fundamentais nessa
formação.
1.1 - Afetividade e educação
Segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN
9394/96, art. 2º, p. 5) nos diz que a educação tem como finalidade a
preparação do educando para o exercício da cidadania, só que a forma como
estão sendo conduzidas as relações interpessoais na educação tem produzido
sujeitos como auto-estima fragilizada, onde esses sujeitos não conseguem ter
consciência e nem a capacidade de suas habilidades, é diante disso que
precisamos que reconsiderem algumas posturas tomadas no sentido de
bloquear as relações afetivas em todas as áreas educativas. A educação é um
meio através do qual todos os educandos, educadores, gestores, pais, e outros
segmentos sociais acreditam em sua importância na construção, reconstrução
e acondicionamento de uma sociedade idealizada. Falar de afeto na educação
é de extrema importância para a qualidade das relações que se estabelecem
entre todos que rodeiam a âmbito educacional.
Segundo Vygotsky:
as reações emocionais exercem uma influência essencial e absoluta em todas as formas de nosso comportamento e em todos os momentos do processo educativo. Se quisermos que os alunos recordem melhor ou exercitem seu pensamento, devemos fazer com que essas atividades sejam emocionalmente estimuladas. A experiência e a pesquisa têm que um fato impregnado de emoção é recordado de forma mais sólida, firme e prolongada que um feito indiferente. (VYGOTSKY, 1984, p.121).
De acordo com Vygotsky (1984), é dever da escola e da atuação
profissional da educação oferecer, no contexto escolar, atividades de
interações entre os diferentes sujeitos com finalidade de social e educativa. Até
porque as características individuais e essencialmente humanas estão
relacionadas e dependem da interação do ser humano com meio físico e social
23
no qual pertence. As instituições escolares devem ter um espaço dinâmico, no
qual os sujeitos tenham desenvolvimento de suas capacidades e
potencialidades corporais, cognitivas, afetivas, emocionais, de relação
interpessoal e inserção social.
Chalita (2001, p. 230) afirma que “o grande pilar da educação é a
habilidade emocional”, por isso é importante entender que mesmo no cotidiano
escolar é possível desenvolver habilidades cognitivas e sociais, entende-se que
a alegria, a paixão e o amor pelo ato educativo têm a propiciar um ambiente de
melhores relações interpessoais, sabemos que os sentimentos pessoais e
interpessoais envolvendo afetividade e educação melhora de forma sistematiza
o nosso sistema educacional.
Segundo Freire:
Educar exige respeito aos saberes dos educandos. Respeito é uma dimensão do afeto. Em palavras mais simplificadas pensar certo exige respeito aos saberes com os quais os educandos chegam na escola e também discutir com eles a razão desses saberes em relação com o ensino de conteúdos. É valorizar e qualificar a experiência dos educandos e aproveitar para discutir os problemas sociais e ecológicos, a realidade concreta a que se deva associar a disciplina, estudar as implicações sociais nefastas do descaso dos mandantes, a ética de classe embutida nesse descaso. (FREIRE, 1996, p.33-34).
De acordo com Freire (1996), entende-se que ensinar faz parte da
humanização e isso está ligado diretamente à afetividade onde nós educadores
realizamos esse procedimento de estimular o sujeito através de suas próprias
capacidades criativas. Ter boas relações no âmbito escolar acontece de forma
que acabamos entrando em contato com a situação do outro, se colocando no
lugar do outro, tentando vivenciar a situação e finalmente ajuda-lo.
Segundo Luckesi:
O educando pressupõe o desenvolvimento das diversas facetas do ser humano: a cognição, a afetividade, a psicomotrocidade, e o modo de viver. Educação tem que ser não o que pensar mais sim como pensar. Para que isso ocorra com nossas crianças devemos propiciar um ambiente alegre, feliz e que possui um espaço para dialogar, discutir, questionar e compartilhar saberes. Onde há espaço para construção do conhecimento significativo. (LUCKESI, 1984, p.213).
24
No âmbito educacional devemos dar atenção e receber também
atenção. Por isso as relações afetivas na educação tentam resgatar autonomia
e recursos para que os profissionais trabalhem de forma adequada. Devem
constar no seu dia-a-dia, sentimentos de ternura, compreensão, doação, e
aceitação para que o ambiente torne-se mais afetivo contribuindo para uma
melhor educação para todos que os envolve.
A afetividade é um componente na educação atual para que se tenham
melhores relações interpessoais entre todos que estão em volta na área
educacional, contribuindo positivamente para o ensino-aprendizagem dos
educandos. O educando observando na escola a relação positiva entre
diretores, professores, alunos e pessoal administrativo, ele acaba se
interessando muito mais pelo conhecimento. É através do afeto que acontece
um desenvolvimento saudável dentro do ambiente escolar, e na vida social é
necessário melhores relações entre as partes para alcançar objetivos
educativos.
Diante disso é necessário que a educação se envolva mais nessas
questões no que se trata de relacionamento interpessoais na área educacional,
permitindo que o meio escolar seja mais humano, e que desenvolva a criação
do conhecimento e da cultura humana. Educadores, alunos, pais, professores,
precisam entender que a afetividade na escola tem o papel de alcançarem
objetivos: a formação dos seres humanos.
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CAPÍTULO II
AFETIVIDADE: RELAÇÃO PROFESSOR E ALUNO Segundo Almeida (1999, p.107) “As relações afetivas se evidenciam,
pois a transmissão do conhecimento implica, necessariamente, uma interação
entre pessoas. Portanto, na relação professor-aluno, uma relação de pessoa
para pessoa, o afeto está presente”. Assim o afeto deve existir em qualquer
tipo de relação, no caso da afetividade entre professor e aluno no ambiente
escolar é muito importante para o desempenho na construção do aprendizado,
pois é o docente que desenvolve as relações e os vínculos diante de seus
alunos, contribuindo de forma positiva ou negativa para esse processo. O aluno
precisa sentir-se respeitado, amado e valorizado, pois no decorrer desse
processo de ensino aparecem comportamentos no qual o aluno expressa seus
sentimentos e suas emoções.
O professor tem a responsabilidade de administrar os conflitos da
criança, pois de acordo com Almeida (1999) isso é necessário para a
delimitação do eu. A autora explica que o ambiente familiar vai se estendendo
para a escola, por isso, os alunos têm aquele costume de sempre chamar o
professor de tia, o aluno muitas vezes vê o professor como a figura da mãe, é
como se a relação entre professor e aluno fosse a mesma relação entre mãe e
filho. Por isso a afetividade tem seu papel fundamental no desenvolvimento da
inteligência do aluno, pois quanto mais afetividade nesta relação, maior a
qualidade do conhecimento do aluno.
Pulasky apud Piaget afirma que:
A ênfase educativa é centralizada não só no desenvolvimento cognitivo, mas também nos sentimentos. O relacionamento entre ambos orienta-se no sentido de compreensão e de respeito, durante o qual o professor não irá impor conhecimentos ao estudante, mas orientá-lo a refletir sobre suas necessidades, objetivos e atitudes [c] (PULASKY apud PIAGET, 1986, p.116).
Atualmente muitos educadores sabem que a criança não aprende
somente na ordem lógica, mas aprende de acordo com a ordem psicológica,
sendo que os conhecimentos nunca chegam de uma maneira uniforme para os
26
todos os alunos, levamos em conta que cada educando tem sua maneira de
assimilar e adquirir novos conhecimentos e hábitos, por isso o professor
precisa ser o mediador e respeitador para com seus alunos onde cada aluno
tem o seu momento de processar o conhecimento. É nesse sentido que o
professor também precisa se relacionar afetivamente com os alunos, pois esse
contato com as relações afetivas proporciona muitos pontos positivos para o
crescimento integral, no qual o professor veja seu aluno com indivíduo, pois
eles também tem algo para oferecer no que se trata de aprendizagem, e isso
se faz de acordo com as relações estabelecidas.
Segundo Chalita:
Que o aluno seja olhado de outra forma, que as relações sejam menos traumáticas [c] nascidas no respeito ao espaço e ao papel de cada um. Os alunos serão diferentes a cada ano, a cada dia, e o professor também será. Um mestre tem diante de si a responsabilidade e a missão de formar pessoas equilibradas e felizes, além de competentes. (CHALITA, 2001, p.64).
De acordo com autor, sabemos que atualmente na educação recebemos
muitos alunos na escola com grandes dificuldades na questão da
aprendizagem e isso é conseqüência da falta de relações afetivas, de fatores
emocionais, é nesse ponto que entra o professor no qual ele grande
importância e capacidade para resolver e amenizar esses grandes conflitos.
Para que o professor possa passar o afeto para seu aluno é necessário que ele
sinta de verdade e profundamente esse afeto, pois o aluno o tem como uma
referência, o docente é um facilitador da aprendizagem por isso ele é capaz
também de auxiliar seus alunos em seus projetos de vida, ou seja, tudo que faz
parte da vida do aluno deve ser interesse do professor.
Segundo Gottmam (1997, p. 54) o afeto reflete na vida escolar do aluno,
pois “Eles aprendem a confiar em seus sentimentos, regular as emoções e
resolver problemas. Tem auto-estima elevada, facilidade de aprender e de se
relacionar com os outros alunos”. Isso nos prova que o professor não se deve
prender somente em conteúdos curriculares mais sim viver experiências no
aspecto afetivo e emocional na sala de aula, sendo parceiro do aluno com o
objetivo de que o aluno resgate suas emoções positivas, de uma maneira que o
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professor possa ter meios para introduzir ou até mesmo relacionar questões
afetivas ao processo cognitivo da criança.
O professor precisa conquistar o aluno levando-o a confiar nele
mostrando-lhe que certos conteúdos vão ser importante para sua vida escolar e
até mesmo para o seu cotidiano, isso é seduzir o aluno, isso é ter afetividade.
De acordo com Freire (1996, p. 29) “não existe educação sem amor,
ama-se na medida em que se busca comunicação, integração a partir da
comunicação com os demais”. Lembramos que ter uma relação de afeto com
aluno não quer dizer que isso possa deixar interferir no seu dever de educador,
na relação entre as partes deve ter sim afeto, alegria, amor, o professor
trabalhando a afetividade na sala de aula contribui para a formação de sujeitos
capazes de lidar com seus sentimentos e também seu papel contribui para uma
sociedade menos agressiva. Piaget (1959) nos diz que a afetividade não
modifica a estrutura do funcionamento da inteligência, porém é a energia que
impulsiona a ação de aprender. Portanto podemos dizer que o afeto e a
inteligência não podem ser separados, pois não existe aprendizagem sem
esses dois aspectos interligados um ao outro.
Segundo Freire:
A responsabilidade amorosa do professor é sempre grande. A natureza de sua prática é formadora. A presença do professor é exemplar na sala de aula. E ninguém escapa ao juízo dos alunos. E o pior juízo é o que considera o professor uma ausência na sala de aula. (FREIRE, 1996, p.73).
Diante disso, para que se tenha uma afetividade na relação professor e
aluno é fundamental que o docente um grande equilíbrio emocional, pois
equilibrar suas emoções e as emoções de seus alunos precisa ter um domínio
de suas próprias reações emocionais. É necessário ter muita paciência para
quando alunos que não compreende alguma coisa ou tem atos de indisciplina o
professor possa ter controle de si próprio para pensar em que tipo de atitude
tomar. O professor introduzindo a afetividade no seu cotidiano escolar faz com
que os alunos se sintam amados, tenham participação e procura de alguma
forma entender o que está se passando ao seu redor no qual o aluno tem mais
condições de se comunicar no intuito de desenvolver um significativo processo
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construtivo no aspecto da aprendizagem. Diante disso o professor afetivo é
aquele que tenta desenvolver aspectos pedagógicos, dinâmicos, criativos,
demonstrando prazer em ensinar estimulando os alunos nas decisões, ele deve
está sempre atento no aluno entendendo suas principais necessidades no qual
eles sejam incluídos no ensino.
2.1 – Afeto e aprendizagem
É grande o interesse entre educadores de pesquisar e entender a
afetividade como influência positiva no processo de ensino-aprendizagem, pois
essa interação que tem como ingrediente a afetividade nos ajuda mais a
compreender e a modificar os indivíduos, do que ter um raciocínio magnífico de
forma que conteúdos foram passados mecanicamente. O afeto no âmbito
escolar enriqueceu muito mais quando passamos a introduzir atividades
dinâmicas no processo de ensino e aprendizagem, assim como o educando
precisa ter o aprendizado e desvendar esse prazer de aprender, nós docentes
devemos passar essa afetividade com o intuito que contagie nossos alunos.
As teorias de Vygotsky (1984) visam o aspecto social para o percurso no
processo de aprendizagem, ou seja, é através das relações sociais que a
criança introduz o conhecimento na perspectiva cultural. Ainda de acordo com
Vygotsky (1984, p.54), nos diz que “as relações sociais trás a idéia da
mediação como aspecto fundamental para a aprendizagem”. É a partir disso
que a criança vai evoluindo seu pensamento até chegar às formas abstratas, é
de extrema importância a interação com o outro com o objetivo de desenvolver
positivamente o processo de construção do conhecimento, no qual também
desenvolve a constituição do seu próprio sujeito.
Segundo Rodrigues:
As situações de ensino agradáveis suscitam no aluno um desejo de repetir e renovar a aprendizagem. Quando, por infelicidade, o contrário acontece, o aluno tende a rejeitar não só a disciplina que não consegue aprender, mas também tudo quanto a ela se refira inclusive o mestre e até a própria escola. Se a situação de aprendizagem é gratificante e agradável, aprendizado tende a se dinamizar, a extrapolar-se para situações novas e similares e, por fim, a inspirar novas aprendizagens. (RODRIGUES, 1976, p.179).
29
Entendemos que para aprender é preciso que o aluno tenha motivos que
sejam humanos que faça parte de seu interior para que desenvolva tais
aprendizagens. O professor precisa ter sensibilidade e ter conhecimento sobre
a criança para que o aluno tenha motivação, que seja estimulado para
aprender e tendo um conceito de si, sobre o ensino e o professor. Não
queremos um ensino mecânico, restrito, mas sim, um ensino-aprendizagem
com objetivos e bem dinâmicos onde afetividade esteja presente
constantemente.
Sobre as interações sociais no aspecto de ensino e aprendizagem
Oliveira (1999, p.11) baseado nas teorias de Vygotsky (1984) afirma que “o
indivíduo internaliza o conhecimento através da interação com outros
indivíduos e objetos existentes no seu ambiente sócio-histórico, a mediação é
fator essencial como condição necessária no processo de ensino e
aprendizagem”. A criança vai desenvolvendo habilidades para si próprio na
interação afetiva com outras pessoas, nos mostrando a importância da
afetividade na aprendizagem de forma geral. O professor precisa ter empatia
com seu aluno para realizar atividades de acordo com a realidade de cada
aluno, dessa forma a interação entre as partes necessita de momento e local
favoráveis no qual o assunto a ser abordado seja direcionado através do
aprendizado de cada aluno.
Segundo Vygotsky apud Rego:
As interações sociais (entre professores e alunos) no contexto escolar passam a ser entendidas como condição necessária para a produção de conhecimentos por partes dos alunos, particularmente aqueles que permitem o diálogo, a cooperação e troca de informações mútuas, o confronto de ponto de vista divergentes e que implicam na divisão de tarefas onde cada um tem uma responsabilidade que, somadas, resultarão no alcance de um objeto comum. Cabe, portanto, ao professor não somente permitir que elas ocorram como também promovê-las no cotidiano das salas de aula. (VYGOTSKY apud REGO, 1997, p.110).
Nesse sentido a escola tem papel fundamental no desenvolvimento do
intelectual e conceitual do indivíduo, é ela que estuda a experiência que está
acumulada na criança para então desenvolver novos conhecimentos, o âmbito
escolar deve partir do que a criança já tem como conhecimento para então
aumentar novos conhecimentos. O ensino e aprendizagem nos proporcionam
30
na sala de aula a trocar informações e falar sobre experiências pessoais entre
o aluno e o professor, nessa troca entre educador-educando a relação afetiva
será um grande facilitador no processo de ensino e aprendizagem, com essa
afetividade entre as partes o aluno não sente sozinho de forma a facilitar
melhor seu aprendizado.
A abordagem cognitivista diferencia a aprendizagem mecânica da
aprendizagem significativa, pois segundo Bock (1999, p. 117) a aprendizagem
mecânica refere-se à aprendizagem de novas informações com pouca ou
nenhuma associação com conceitos já existentes na estrutura cognitiva. Já a
aprendizagem significativa, segundo a autora, acontece quando um novo
conteúdo (idéias ou informações) relaciona-se com conceitos relevantes, claros
e disponíveis na estrutura cognitiva, sendo assim assimilado. Por isso é
necessário refletir que cada indivíduo apresenta um conjunto de estratégias
cognitivas que mobilizam o processo de aprendizagem, ou seja, cada pessoa
aprende a seu modo, estilo e ritmo.
De acordo com Piaget (1977, p. 16) o afeto desempenha um papel
essencial no funcionamento da inteligência. Ele fala que a afetividade não
possui interesse, necessidade e motivação pela aprendizagem, não há
questionamentos, e sem eles não tem como desenvolver a mentalidade da
criança. Afetividade e cognição se complementam e uma dá suporte ao
desenvolvimento da outra.
Para Seber (1997), a criança se interessa por algo é afirmar que ela está
de posse de certas estruturas para assimilar o que professor está propondo,
quando o professor está preocupado apenas com a transmissão do
conhecimento, e deixa de lado o interesse da criança, está provocando uma
aprendizagem desprovida de significado. Portanto é preciso refletir sobre os
esquemas de assimilação da criança que podem levar a superar os desafios
feitos pelo professor. O aumento do interesse da criança pelos conteúdos
acontece de acordo quando seus processos cognitivos avançam.
Piaget (1986, p. 22) diz que “afetividade e inteligência são assim,
indissociáveis e constituem os dois aspectos complementares de toda conduta
humana”. Diante dessa teoria piagetiana, entendemos que o educador ter
31
transparência da afetividade na interação com o aluno, na construção do
conhecimento, pois essa relação afeto e cognição podem favorecer o
desenvolvimento global da criança, tendo um grande equilíbrio na sua vida
social, afetiva e intelectual.
Segundo Dantas (1992 p. 79), é preciso haver empatia entre professor e
aluno, isso favorece o aparecimento de uma simpatia mútua entre ambos. O
professor deve ter claro que o processo de ensino aprendizagem é uma via de
mão dupla, um vai-e-vem dele para o aluno e do aluno para ele. Ele ensina,
porém seu aluno também possui saberes que o professor nem sempre possui.
Fica aqui caracterizado o movimento da troca.
Considerando a influência dos aspectos afetivos no processo de
aprendizagem no decorrer do desenvolvimento, os vínculos afetivos vão
ampliando-se, a figura do professor surge com grande importância na relação
de ensino e aprendizagem, na época escolar. Segundo Fernandez (1990, p.
52) “Não aprendemos de qualquer um, aprendemos daquele a quem
outorgamos confiança e direito de ensinar”. Fernandez (1990), também nos diz
que para aprender necessitam-se dois personagens (ensinante e aprendente) e
um vínculo que se estabelece entre ambos.
O fracasso no aprender escolar pode situar-se na estrutura vincular e,
em resposta a essa interrogação, Fernandez (1990) observa uma relação
particular entre organismo, corpo, inteligência e desejo, tanto de quem ensina
como de quem aprende. Nessa trama vincular a aprendizagem assume a
função de interrelacionar os níveis constitutivos (orgânico, corporal, intelectual
e semiótico ou desejante) do sujeito que aprende com o exterior em um
processo dialético.
Fernandez (1990, p.57) afirma que “em troca, o corpo poderia
assemelhar-se a um instrumento musical, no qual se dão coordenações entre
diversas pulsações, mas criando algo novo”. Do ponto de vista do
funcionamento, podemos tomar duas dimensões, a que pertence ao
organismo, que é um funcionamento já codificado, e a do outro corpo, que é
aprendida. O organismo necessita do corpo, como um gravador necessita de
um instrumento de música original que emita o som, para que ele possa gravar.
32
Quanto à relação inteligência e desejo, Fernandez observa:
a inteligência submetida ao desejo, não podendo desconhecer nem a um nem ao outro, facilitando-se-lhe a compreensão do tipo de relações que se estabelecem entre uma estrutura de caráter claramente genético que vai se autoconstruindo, e uma arquitetura desejante, que ainda que não seja genética, vai entrelaçando um ser humano que tem sua história.(FERNANDEZ,1990,p.67).
Fica claro que na relação professor-aluno há intercâmbios afetivos e
cognitivos que são imprescindíveis para que haja aprendizagem. Pensamento
e afeto não podem ser vistos separadamente, uma vez que são construídos
através de processos lógico-intelectual e simbólico-desejante.
Ainda com base em Fernandez (1990), o sujeito que aprende necessita
de um modelo que transmita sinais de conhecimento para que possa
transformá-lo e reproduzi-lo. O conhecimento não é transmitido diretamente em
bloco. O aprendente possui uma série de estruturas que lhe permitem
converter o que é ensinado, em um recorte de uma situação, em
conhecimento. Este, por sua vez, é construído pelo ensinante através dos
quatro níveis constitutivos do ser humano (organismo, corpo, inteligência e
desejo). Em suma, Fernandez apresenta como necessidade primordial a
inclusão da afetividade no processo de aprendizagem. Para ela, a escola não
pode valer-se apenas do cérebro.
Diante disso, penso que existe uma relação de troca no processo de
ensino-aprendizagem, sendo necessário em alguns momentos aluno e
professor trocar os papéis. O aprender é um processo de autoria individual de
cada um que aprende, e que está ensinando deve acreditar que aquele a quem
está ensinando, aprenda. E assim o professor mais do que ensinar deve incluir
o aluno como pessoa humana a sua função de ser educador.
Outra contribuição para o estudo de Afetividade e aprendizagem é a
Psicologia Social de Pichon Rivière (1995) que permite investigar a relação
professor-aluno em três dimensões: indivíduo, grupo e instituição. Para a
Psicologia Social o sujeito é essencialmente social porque se configura dentro
de uma trama de vínculos e relações sociais que se integram dialeticamente.
33
Dessa forma, potencializa-se o valor que tem a aprendizagem na constituição
subjetiva do sujeito.
Através da Teoria do Vínculo de Pichon Rivière (1995), percebe-se a
complexidade de ações e reações que podem acontecer numa sala de aula. Se
o professor não tiver conhecimento, para saber lidar com tais situações, poderá
contribuir, sem desejar, para a construção de vínculos negativos com ele e com
o objeto de conhecimento.
Pichon Rivière (1995) concebe o vínculo como uma estrutura dinâmica
em contínuo movimento, que engloba tanto o sujeito como o objeto e afirma
que esta estrutura dinâmica apresenta características consideradas normais e
alterações interpretadas como patológicas. Considera um vínculo normal
aquele que se estabelece entre o sujeito e um objeto quando ambos têm
possibilidades de fazer uma escolha livre de um objeto, como resultado de uma
boa diferenciação entre ambos.
Na Teoria do Vínculo, Pichon Rivière considera o indivíduo como uma
resultante dinâmica, não da ação dos instintos e objetos interiorizados, mas sim
do interjogo estabelecido entre sujeito e os objetos internos e externos por
meio de uma interação dialética, a qual pode ser observada através de certas
condutas.
A proposta de Pichon Rivière é olhar o indivíduo como ser social e
historicamente determinado. Para tanto, ele analisa a importância de se
trabalhar com um esquema psicanalítico que funciona como um todo
organizado, ou seja, um esquema referencial próprio que deve ser confrontado
no campo operacional. Assim, busca estabelecer a rede de afetos e
identificações inconscientes presentes numa rede social, no caso, a família.
Dessa forma, inclui o externo ao sujeito numa matriz teórica formalizada.
Essa matriz é uma estrutura interna determinada socialmente que inclui não só
os aspectos conceituais, mas também esquemas afetivos, emocionais e de
ação.
Pichon Rivière (1995) conceitua a aprendizagem como capacidade de
compreensão e ação transformadora sobre a realidade, constituindo-se na
forma privilegiada da relação do homem com o mundo. Nessa perspectiva
34
teórica, Pichon Rivière entende o sujeito como determinado a partir do interjogo
da relação do sujeito com o seu contexto. Para ele, o sujeito é o emergente, o
produtor e o produzido, determinado e ator, protagonista da rede vincular na
qual se desenvolve sua vida.
Diante disso, o professor deve descobrir estratégias, recurso para fazer
com que o aluno queira aprender, deve fornecer estímulos para que o aluno se
sinta motivado a aprender. Ao estimular o aluno, o educador desafia-o sempre,
para ele, aprendizagem é também motivação, onde os motivos provocam o
interesse para aquilo que vai ser aprendido. Por isso é fundamental que o
aluno queira dominar alguma competência. O desejo de realização é a própria
motivação, assim o professor deve fornecer sempre ao aluno o conhecimento
de seus avanços, captando a atenção do aluno.
2.1.1- A afetividade e aprendizagem segundo Henri Wallon.
A proposta sobre afetividade do teórico Henri Wallon (1968) tem por
objetivo a gênese dos processos psíquicos que constituem a pessoa. Baseia-
se numa visão não fragmentada do desenvolvimento humano, buscando
compreende-lo do ponto de vista do ato motor, da afetividade, da inteligência,
assim como no ponto de vista das relações que o indivíduo estabelece com o
meio.
Para Wallon (1968) a afetividade no processo de ensino e aprendizagem
decorre de várias razões. Sua teoria psicogenética dá uma importante
contribuição para a compreensão do processo de desenvolvimento e também
para o processo de ensino-aprendizagem. Apresenta ferramentas para
entender o aluno e o professor, a interação entre eles, e também enfatiza a
questão do desenvolvimento no contexto no qual está inserido, e a escola
como um dos meios fundamentais para o desenvolvimento do aluno e do
professor.
Na teoria de desenvolvimento de Wallon (1968) expressam instrumentos
que auxiliam na compreensão do processo de constituição da pessoa, nos
oferece elementos para uma reflexão de como o ensino pode criar
35
intencionalmente condições para favorecer esse processo, proporcionando a
aprendizagem de novos comportamentos, novas idéias e novos valores.
Assim, na teoria Psicogenética de Wallon, o principal aspecto no
processo de desenvolvimento é a interação, em dois sentidos:
- Integração organismo-meio: O desenvolvimento do sujeito se dá a partir da
interação do potencial genético e uma grande variedade de fatores ambientais.
- Integração afetiva-cognitiva-motora: As etapas que a criança percorre serão,
portanto, os da afetividade, do ato motor, do conhecimento e do sujeito.
Nesse sentindo, para Henri Wallon a afetividade deve ser distinguida de
suas manifestações, diferenciando-se do sentimento, da paixão, da emoção.
Em outras palavras, a afetividade é o termo utilizado para identificar um
domínio funcional abrangente.
Assim, podemos afirmar a existência de manifestações afetivas
anteriores ao aparecimento das emoções. As primeiras expressões de
sofrimento e de prazer que a criança experimenta com a fome ou a saciedade
são do nosso ponto de vista, manifestações com tonalidades afetivas
primitivas. Estas manifestações, ainda em estágio primitivo, têm por
fundamento o tônus, o qual mantém uma relação estreita com a afetividade
durante o processo de desenvolvimento humano, pois o tônus é a base de
onde sucedem as reações afetivas.
Para Wallon (1968) a dimensão corporal do desenvolvimento que vai do
nascimento até a morte está distribuída em estágios que expressam
características da espécie e cujo conteúdo será histórica e culturalmente.
Cada estágio, na teoria de desenvolvimento de Wallon (1968), é
considerado como um sistema completo em si, isto é, a sua configuração e o
seu funcionamento revelam a presença de todos os componentes que
constituem a pessoa.
Primeiro Estágio – Impulsivo-emocional - (0 a 1 ano) – O processo ensino-
aprendizagem exige respostas corporais, contatos epidérmicos. Através dessa
fusão, a criança participa intensamente do ambiente. Iniciando um processo de
diferenciação com a ajuda de um adulto.
36
Segundo Estágio – Sensório-motor e projetivo - (1 a 3 anos) – O processo
ensino-aprendizagem no lado afetivo se revela pela disposição do professor de
oferecer diversidade de situações, espaço, para que todos os alunos possam
participar igualmente e pela sua disposição de responder às constantes e
insistentes indagações na busca de conhecer o mundo exterior, e assim
facilitar para o aluno a sua diferenciação em relação aos objetos.
Terceiro Estágio – Personalismo - (3 a 6 anos) - Neste estágio o tipo de
afetividade que facilita a aprendizagem comporta oportunidades variadas de
convivência com outras crianças de idades diferentes e aceitação dos
comportamentos de negação, lembrando que são recursos de
desenvolvimento.
Quarto Estágio – Categorial – (6 a 11 anos) - a organização do mundo em
categorias bem definidas possibilita também uma compreensão mais nítida de
si mesma, neste sentido a aprendizagem se faz predominantemente pela
descoberta de diferenças e semelhanças entre objetos, imagens e idéias. O
predomínio é da razão.
Outro ponto importante é saber e aceitar que todo conhecimento novo, não
familiar implica, na sua aprendizagem, um período de imperícia, resultante do
sincretismo inicial. À medida que ele evolui, a imperícia é substituída pela
competência.
· Quinto Estágio – Puberdade e adolescência – (11 anos em diante) – O
processo ensino-aprendizagem facilitador do ponto de vista afetivo é aquele
que permite a expressão e discussão dessas diferenças e que elas sejam
levadas em consideração, desde que respeitados os limites que garantam
relações solidárias.
De acordo com a teoria de desenvolvimento de Wallon penso que em
todos os estágios a forma de a afetividade facilitadora se expressar no
processo ensino-aprendizagem exige a existência, a colocação de limites.
Limites que facilitam o processo ensino-aprendizagem, garantindo o bem estar
de todos os envolvidos, são também uma expressão de afetividade.
O professor ao identificar as características de cada estágio permitirá
planejar atividades que promovam um entrosamento mais produtivo,
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propiciando ao professor pontos de referência para orientar e desenvolver
atividades adequadas aos alunos concretos que tem em sua sala de aula.
2.2 - A relação professor-aluno na sala de aula.
Sabemos que é de extrema importância ter uma boa relação com os
alunos na sala de aula, ver a sala de aula como um espaço de relação amplia
as possíveis maneiras de o professor desenvolver positivamente suas
didáticas, o que talvez não esteja sendo bem utilizado de acordo com o
potencial do docente. O professor é a figura fundamental no aprendizado do
aluno, é ele que está se apresentando diante do aluno como educador, como
mediador e facilitador da aprendizagem, mas infelizmente a nossa sociedade,
ou melhor, o sistema educacional não dá condições que estão sendo
necessitadas para exercer seu papel na sala de aula, e ainda já não
bastassem, professores são apontados como responsáveis pelo ensino
fracassado.
Segundo Morales:
Toda a vida na classe é relação de um tipo ou de outro: o professor explica, pergunta, responde, informa; comunicar-se verbalmente e não verbalmente de muitas maneiras. Os alunos, por sua vez, escutam, perguntam, respondem e também se comunicam não verbalmente de muitas maneiras; dizer algo enquanto aguardam e também estão dizendo algo quando estão distraídos. (MORALES, 1999, p.10).
Essa relação entre as partes deve ser uma relação de troca, como
qualquer relação entre os seres humanos, dentro da sala de aula os discentes
não são robôs para que o professor possa está manipulando, ou até mesmo
movimenta-lo de um lado para o outro, são pessoas que tem sentimentos, que
tem problemas como todo ser humano. O aluno não é depósito de
conhecimentos no qual ele memoriza conteúdos, ele tem capacidades de
pensar, discutir, participar, tomar decisões, e o professor está envolvido em
todas essas fases na vida escolar do aluno, afinal ele também é gente.
Segundo Freire (1996, p. 38) “quem ensina aprende ao ensinar e quem
aprende ensina ao aprender”. Essa idéia de manter a troca na sala de aula é
38
essencial, pois contribui de forma positiva na aprendizagem de todos que estão
envolvidos no âmbito escolar, o professor está ensinando mais ele ao mesmo
tempo está aprendendo, e o aluno está aprendendo mais ao mesmo tempo
também está ensinando, o professor ouve e compreende o aluno através de
suas experiências e isso pode contribuir também para o aprendizado de seus
colegas de classe, dessa forma o professor deixa de ter aquela figura de ser
um instrutor e passa a ser um educador.
Ainda para o autor:
O bom professor é o que consegue, enquanto fala, trazer o aluno até a intimidade do movimento do seu pensamento. Sua aula é assim um desafio e não uma cantiga de ninar. Seus alunos cansam, não dormem. Cansam porque acompanham as idas e vindas de seu pensamento, surpreendem suas pausas, suas dúvidas, suas incertezas. (FREIRE, 1996, p.96).
Nesse sentido o processo de aprendizagem é sempre de forma
contínua, quando estamos abertos a ter novos conhecimentos isso amplia e
acrescenta muito na vida de todo ser humano, e na sala de aula não é diferente
o aluno que tem motivação, que tem diálogo, que acredita na sua capacidade
ele tende a se dedicar mais e assim alcançar seus objetivos. As dificuldades
que surgem durante a aprendizagem são explicadas nessa falta de diálogo e
troca, no qual aluno rebelde que não consegue desenvolver o aprendizado
imagina obrigar um aluno sendo obrigado a fazer uma tarefa que não desperta
seu interesse, a ler algo por obrigação, a ficar horas e horas fazendo trabalhos
no qual fica sentada sem se mexer, isso reflexo de coisas feitas com má
vontade, conseqüência disso uma aprendizagem baixa onde não produtividade
nenhuma. Essa maneira de impor tarefas que não tem interesse por parte do
aluno só pode levá-lo a revolta e até a frustração.
Segundo Chalita:
A interação profesor-aluno só é positiva quando a necessidade de ambos é atendida, quando há uma cumplicidade, quando os interlocutores são parceiros de um jogo; o jogo da linguagem, do diálogo, que é algo fundamental. É casar interação com conversação. (CHALITA, 2001, p.162).
Essa interação que Chalita nos diz é que o professor e aluno devem se
mostrar de forma sincera um com o outro, e isso contribui e muito para uma
39
aprendizagem significativa onde acontece juntamente o estabelecimento das
relações pessoais, isso abre um espaço onde professor pode dar palpites em
relação a algum tipo de comportamento do aluno, até mesmo se mostrar
satisfeitos ou não com certas atividades realizadas. O professor quando ele é
autêntico na relação com seus alunos surge consequentemente o diálogo
construtivo no qual aparecem sugestões com objetivos de ter uma
aprendizagem melhor e uma relação cordial para com seus alunos. Os alunos
diante dessa postura acabam cedendo e entendendo e valorizando o
trabalhado do professor na forma onde todos estejam colaborando para que
juntos alcancem certos objetivos.
De acordo com Freire:
O professor autoritário, o professor licencioso, o professor competente, sério, o professor incompetente, irresponsável, o professor amoroso da vida e das gentes, o professor mal-amado, sempre com raiva do mundo e das pessoas, frio, burocrático, racionalista, nenhum deles passa pelos alunos sem deixar sua marca. (FREIRE, 1996, p.73).
O fato é que o professor é visto como referência para o desenvolvimento
da formação do aluno, por isso é importante manter uma boa relação e ter
cuidado para a tomada de atitudes que não deixem marcas negativas pelo
resto da vida deste aluno.
Ainda de acordo com Freire (1996) o papel do professor é desafiar, no
sentido de tentar promover um espaço educacional exercendo a prática
libertadora, é ele que desenvolve no aluno essa capacidade crítica que ele
precisa ter ao despertar a curiosidade. Vale lembrar que a postura do professor
deve ser condizente com o que se fala e o que se pratica na sala de aula, pois
dessa forma o professor também aprende que devemos dar o exemplo,
passando para o aluno que o que falamos devem também agir.
Segundo Libâneo:
Aprender é um ato de conhecimento da realidade concreta, isto é, da situação real vivida pelo educando, e só tem sentido se resulta de uma aproximação crítica dessa realidade. Portanto o conhecimento que o educando transfere representa uma resposta à situação de opressão a que se chega pelo processo de compreensão, reflexão e crítica. (LIBÂNEO, 1991, p.54).
40
De acordo com autor não cabe somente ao educador essa
responsabilidade de desenvolver o interesse do aluno, é papel do aluno
também ter essa vontade de aprender, é importante que ele entenda o que o
professor está transmitindo de forma que essas atividades vão acrescentar
para o seu cotidiano, para o seu papel diante da sociedade. Entender que o
conhecimento adquirido na escola, na sala de aula, vai torná-lo um cidadão que
possa ter participação no que se trata de política, de economia no sentido de
conhecer seus direitos. Dessa forma o professor e aluno aprendem e ensinam
juntos onde é construída uma relação de respeito mútuo, uma relação de
disciplina, uma relação de diálogo onde a sala de aula é um espaço a se tornar
interessante com desafios no qual possui objetivos para uma aprendizagem
significativa.
2.3 - A questão da autoridade
Uma relação construída entre o professor e o aluno é dependente na
grande maioria de como o professor exerce sua autoridade dentro da sala de
aula. Para Freire (1996, p.99) “O autoritarismo é a ruptura em favor da
autoridade contra a liberdade e a licenciosidade, a ruptura em favor da
liberdade contra a autoridade". Isso pode está interligada uma composição de
regras não sendo entendidas como ação natural e sim como atitudes que o
professor obriga ao aluno a realizar atividades mesmo contra a vontade dele.
Observamos que na escola cada educador age de uma forma diferente
introduzindo um comportamento diferente em um ciclo onde existem regras, e o
aluno que não tem adaptação sobre essas regras acaba sendo visto com
indisciplinado por trazer conflitos para a escola.
Segundo Rego (1997, p. 85) “apresentar condutas indisciplinadas pode
ser entendido como uma virtude: desafiar os padrões vigentes, se opor a tirania
muitas vezes presente no cotidiano escolar”. Isso nos mostra que praticar o
autoritarismo de forma excessiva na sala de aula representa um modo de
tirania onde o projeto pedagógico fica de forma submetida ao aluno.
41
De acordo com La Taille:
(...) crianças sim precisam aderir às regras e estas somente podem vir de sues educadores, pais ou professores. Os ‘limites’ implicados por estas regras não devem ser apenas no sentido negativo o que não poderia ser feito ou ultrapassado. Devem também ser entendidos no seu sentido positivo: o limite se situa da consciência de posição ocupada dentro de algum espaço social a família, a escola, e a sociedade com um todo. (LA TAILLE, 1996, p.9).
Entendemos que em vários momentos na vida do ser humano ele é
cercado por cumprimentos de regras e isso faz com que o individuo se torne
capaz de se relacionar, de obter o diálogo, de faze essa troca com todos que
estão ao seu redor. Na educação não é diferente, precisamos também de
normas e regras pautas para seu funcionamento como meio de conviver com
vários elementos que estão nesse espaço. E dessa forma as regras deixam de
ter esse conceito de que é algo forçado passando a ser um aspecto necessário
no convívio perante a sociedade, onde o educador é aquele que oferece
parâmetros e estabelece limites.
Para Araújo (1999) a autoridade é exercida de duas formas: pelo
domínio ou pelo poder institucionalizado, como ocorre na instituição escolar, ou
pelo prestígio daquele que demonstra possuir competência em determinado
assunto (professor-autoridade). Por tal atitude, é que parte uma admiração
nutrida pelos seus subordinados a partir do prestigio e da capacidade.
Ainda acrescenta o autor que a autoridade autoritária se baseia no
respeito unilateral, onde aquele que respeita não se vê obrigado a também
respeitar o outro. Desta forma, o professor cobra respeito de seus alunos, mas
em muitos momentos não age da mesma forma com eles, pautando sua
relação na obediência e no medo, formando indivíduos submetidos à opressão
das tradições e das gerações anteriores, isto é, a moral da obediência cega.
Com esta atitude o professor está reforçando uma moral nas quais as regras
são externas ao aluno e na visão do mesmo são imutáveis e inquestionáveis.
Segundo Freire:
E o que dizer, mais, sobretudo que esperar de mim, se como professor, não me acho tomado por este outro saber, o que de preciso está aberto ao gosto de querer bem, às vezes, a coragem de querer bem aos educandos e a própria prática educativa de que participo. Esta abertura ao querer bem não significa, na verdade, que
42
porque professor me obrigo a querer bem a todos os alunos de maneira igual. Significa esta abertura ao querer bem a maneira que tenho autenticidade selar o meu compromisso com os educandos, numa prática específica do ser humano. (FREIRE, 1996, p.159).
Diante disso a autoridade que o professor exerce sobre seus alunos,
autoridade essa que deveria ser encarada pelos alunos como respeito ao
professor e que muitas vezes pode-se chamar medo, ou seja, o aluno obedece
por ter medo do professor e não respeito. Essa autoridade deve existir sim,
mas sabendo medir as atitudes e sabendo que os alunos também têm sua
autoridade e podem exercê-la, é como uma balança onde todas as atitudes
devem ser pesadas. Conclui-se que o professor que se utiliza de metodologias
interativas, que considera e valoriza a opinião do aluno, estimula o gosto de
aprender, investe na criatividade, transforma suas aulas numa atividade
extremamente significativa, compreende que aprender a pensar é mais
importante que acumular conceitos, este professor cria uma sintonia com suas
turmas e este envolvimento vale ouro. A postura do bom professor é saber usar
a autoridade, colocando limites, acompanhando, orientando e controlando, no
entanto predominando a sensibilidade, a afetividade, fortalecendo a relação
entre educador e educando.
43
CAPÍTULO III
O PSICOPEDAGOGO NA INSTITUIÇÃO ESCOLAR
3.1- Um breve histórico da Psicopedagogia.
A partir dos anos 90 o termo “Psicopedagogia” começou a ser
introduzida de forma constante nos debates sobre a educação. Mais a
Psicopedagogia nasceu na Europa no século XIX, momento esse que surgiu o
primeiro centro de Psicopedagogia do mundo, nomeado Psicopedagogia
clínica. Em contrapartida Bossa (2011) afirma que a Psicopedagogia surgiu no
ano de 1946, período esse que iniciou os primeiros centros psicopedagógicos
na Europa, em Paris, por Boutonier e George Mauco.
Entende-se que nesta época o termo “Psicopedagogia” substituía o
termo “ médico-pedagógico” pois de acordo com Bossa(2011) um dos
objetivos dos centros era tentar ajudar as crianças e adolescentes com
dificuldades de aprendizagem, especificamente dificuldades de comportamento
na escola e na família no qual era feito uma readaptação para o seu ambiente
através do acompanhamento psicopedagógico. A equipe era formada por
Psicólogos, Psicanalistas e Pedagogos, mais era o médico que exercia a
função de diagnosticar o sujeito através de investigações da vida familiar,
testes, métodos educacionais utilizados, com a finalização do processo o
mesmo orientava o tratamento adequado com o objetivo de corrigir a falta de
adaptação.
Ao final dos anos 60 na Argentina surgiram os primeiros cursos de
Psicopedagogia, a equipe era formada por Psicopedagogos que atuavam na
parte do diagnóstico e também no tratamento dos casos. Nesse sentido aos
poucos foi criado um próprio objeto de estudo: o sujeito em processo de
ensino-aprendizagem, originando na Psicopedagogia Argentina como um
conhecimento empírico, tendo a necessidade de atender crianças com
problemas de aprendizagem escolar.
44
Segundo Visca:
A psicopedagogia nasceu como uma ocupação empírica pela necessidade de atender as crianças com dificuldades na aprendizagem, cujas causas eram estudadas pela medicina e psicologia. Com o decorrer do tempo, perfilou-se como um conhecimento independente e complementar, possuidor de um objeto de estudo (o processo de aprendizagem) e de recursos diagnósticos, corretores e preventivos próprios. (VISCA, 1987, pág. 33).
De acordo com o autor, a Psicopedagogia surgiu na Argentina a partir
dos seus estudos da epistemologia da Psicopedagogia. Jorge Visca é
considerado como “Pai da Psicopedagogia”. Diante disso entendemos que a
Psicopedagogia é uma área de conhecimento que se dedica ao diagnóstico,
tratamento e prevenção das dificuldades de aprendizagem, possibilita a quem
ensina a oportunidade de lidar com os processos de aprendizagem como
aprendizes.
Na década de 60, surge a Psicopedagogia no Brasil junto com as
primeiras iniciativas de atuação psicopedagógica. Mais foi na década de 70 que
profissionais ficaram preocupados com os altos índices da evasão escolar,
introduzidos nos estudos dos problemas educacionais os teóricos da Argentina
foram trazidos para o Brasil através de profissionais com experiência
psicopedagógica voltada para educação. Segundo Bossa (2011) a literatura
francesa influenciou as idéias sobre Psicopedagogia na Argentina, a qual
influenciou a Psicopedagogia brasileira. Portanto, nasce um novo campo de
abrangência, que ao contrário do que se imaginava, a Psicopedagogia não se
restringe apenas ao estudo das dificuldades e distúrbios de aprendizagem, e
sim em todo o processo envolvido da aprendizagem.
Criada no ano de 1988, a Associação Brasileira de Psicopedagogia
(ABPp) vem possibilitando nesses vinte anos um espaço de reflexões sobre os
teóricos na área da Psicopedagogia através de trabalhos publicados. Além
disso, a ABPp aprovou em 1992 um código de ética (Código de Ética da
Associação Brasileira de Psicopedagogia) que pretendia apresentar os
objetivos da Psicopedagogia e do profissional Psicopedagogo no Brasil. O
código apresenta os procedimentos, técnicas, voltadas para compreender o ato
45
de aprender. Este trabalho seria de origem clínica e Institucional, de caráter
preventivo e ou remediativo, com objetivo a promoção da aprendizagem e a
realização de pesquisas na área da Psicopedagogia.
3.2- Campo de atuação da Psicopedagogia
A Psicopedagogia é um campo de conhecimento que se propõe a união,
de maneira coerente, conhecimentos e princípios das diferentes áreas
humanas com o objetivo de compreender os processos variados no que se
trata do aprendizado humano. Para que isso ocorra é necessário a contribuição
de vários campos do conhecimento, tais como, Pedagogia, Psicologia,
Psicanálise, Filosofia, Lingüística, a neurologia, entre outras áreas.
Cabe ao Psicopedagogo exercer seu papel fundamental de ser mediador
nos processos de transmissão e apropriação de conhecimentos. A
Psicopedagogia pode ser exercida em vários e diferentes espaços, mais a
maneira de refletir sobre quem está aprendendo, quem está ensinando, de
observar o processo da aprendizagem, é a mesma. A área de estudo é a
aprendizagem, e é por isso que não é necessário seguir modelos de
especialistas de outras áreas, somos profissionais e especialistas da
aprendizagem, e isso independe de onde ocorre essa aprendizagem.
Segundo Fernandez:
A intervenção psicopedagógica não se dirige ao sintoma, mas ao poder para mobilizar a modalidade de aprendizagem, o sintoma cristaliza a modalidade de aprendizagem em um determinado momento, e é a partir daí que vai transformando o processo ensino aprendizagem.(FERNANDEZ, 1990 pág. 117).
Para Fernandez (1990) é fundamental o psicopedagogo posicionar-se
em um lugar analítico e assumir uma atitude, no qual será necessário
incorporar conhecimentos, teoria e saber em torno do ensino-aprendizagem.
Portanto, podemos dizer que o campo de atuação da Psicopedagogia foi
ampliado, pois antigamente era apenas visto como clínico, hoje pode ser
trabalhado no âmbito escolar, hospitais, empresas.
46
Segundo Bossa (2011) as atividades do Psicopedagogo são:
organização da vida escolar da criança quando a mesma não sabe fazer de
forma espontânea, apropriação dos conteúdos escolares, desenvolvimento do
raciocínio, atendimento de crianças. No campo terapêutico, a função do
Psicopedagogo é diagnosticar, desenvolvendo técnicas remediativas, na
orientação de pais e educadores estabelecendo contato com outros
profissionais como psicólogos, fonoaudiólogos, entre outros, em prol da melhor
tratamento adequado ao individuo. Ao diagnosticar, o Psicopedagogo trabalha
com aspectos psicomotores, linguísticos e cognitivos do individuo, observando
as dificuldades de aprendizagem que são apresentadas, o diagnóstico e o
tratamento psicopedagógico envolve situações complexas que requer e é
necessário constantemente revisão teórica para exercer a prática. Os autores
Scoz, Alícia Fernandez, Jorge Vísca, Sara Paín, Muller, entre outros são
essenciais quanto à necessidade de conhecimento, pois devemos fundamentar
e constituir uma teoria psicopedagógica.
Sendo assim, o Psicopedagogo não é só preocupado somente com a
aprendizagem, envolve de uma maneira complexa, o ser humano em um todo,
pois o individuo quando apresenta dificuldades, ele vai pedir ajuda de alguma
maneira, e temos que está atentos para contribuir de forma positiva atuando
como mediadores nessas tais dificuldades.
3.3- O Psicopedagogo Institucional
Segundo Bossa (2011) afirma que o trabalho psicopedagógico no âmbito
escolar tem uma função social de socializar os conhecimentos que estão
disponíveis, ajuda a promoção do desenvolvimento cognitivo e também a
formação de como adquirir regras de conduta. A escola tem uma de suas
grandes responsabilidades que é desenvolver grande parte do aprendizado
humano. Penso que o psicopedagogo com sua qualificação, ele está apto a
exercer sua função nesse áreas fazendo a mediação dando assistência aos
professores, a equipe pedagógica, os alunos, os profissionais que estão
inseridos nesse espaço escolar com objetivo de melhorar as condições dos
47
processos de ensino-aprendizagem e também para prevenir esses tais
problemas.
Segundo Weiss (2011) afirma que por meio de técnicas e alguns
métodos, o Psicopedagogo institucional possibilita uma intervenção
psicopedagógica com o objetivo de solucionar as dificuldades de aprendizagem
existentes na instituição, esse processo é feito com todos que fazem parte da
instituição, a equipe da escola e todos tem que está mobilizado na construção
de um espaço adequado às condições de aprendizagem. A metodologia e as
técnicas e métodos de intervenção são as melhores ferramentas que facilita tal
processo.
Para Bossa (2011), a intervenção psicopedagógica na escola tem
caráter de prevenção, e é incluso nesse processo a ajuda aos professores na
elaboração de um plano de aula adequado para os alunos entenderem da
melhor maneira possível às aulas, elaborar juntamente com a escola o projeto
político-pedagógico, orientar educadores de como atuar na sala de aula de
acordo com que tipos de alunos temos existentes na turma, orientar também
alunos com dificuldades de aprendizagem, realizar diagnósticos institucionais
que busque os problemas pedagógicos que está prejudicando o
desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem, auxilia a direção da
instituição para os profissionais ter bom relacionamento entre si, ter vínculo
afetivo, trabalha com grupos escolares como unidade em funcionamento,
identificação de sintomas de dificuldades no processo de aprendizagem,
organização de projetos de prevenção, criação de estratégias para desenvolver
a autonomia, criação de espaços de escuta, levantamento de hipóteses,
observação de entrevistas e faz a devolução, estabelece um vínculo
psicopedagógico fazendo encaminhamentos e orientações.
Segundo Gonçalves:
Desde o nascimento, o indivíduo faz parte de uma instituição social organizada, a família e depois, ao longo da vida, integra-se a outras instituições. Nessa interação vão se construindo redes de saberes, onde todos os membros da sociedade são possíveis parceiros, cada um contribuindo com seus conhecimentos, práticas, valores e crenças. Estas contribuições não são estáticas, se encontram em permanente mudança. Portanto, o conceito de rede de saberes. Constrói-se a partir do princípio de movimento, de articulação e de corresponsabilidade. (GONÇALVES, 2010, pág.42).
48
Para Gonçalves (2010) o psicopedagogo institucional é o profissional
adequado para atender e esclarecer a escola a respeito dos aspectos relativos
ao processo de ensino-aprendizagem atuando com a prevenção. Na instituição
escolar, o psicopedagogo vai contribuir no esclarecimento de dificuldades de
aprendizagem que não tenha apenas como causalidade deficiências do aluno,
mas o que está levando a escola a ter esses problemas, tais como:
organização da instituição, métodos de ensino, relação professor/aluno,
linguagem do professor. Com uma atuação preventiva aos professores
explicitando habilidades, conceitos, e princípios que acompanham a
aprendizagem, trabalhando com a formação continuada desses, refletindo
currículos e projetos junto com a coordenação pedagógica.
Para Fernandez (1990) o olhar do psicopedagógico é voltado para fazer
levantamentos de questionamentos, propor estratégias, refletir e estabelecer
possibilidades de interlocução com diferentes campos do conhecimento. O
psicopedagogo institucional deve estar sempre atento às suas habilidades e
competências e deve desenvolver uma escuta, um olhar psicopedagógico
vinculado ao seu próprio processo de aprender, buscando sempre incorporar
conhecimentos, teoria e saber em torno do aprendizado.
Para obter um diagnóstico psicopedagógico de dificuldades de
aprendizagem na instituição escolar, Porto (2006, pág. 118) explica que o
psicopedagogo desenvolve “através de um olhar alimentado por esse campo
do conhecimento, é possível identificar as dificuldades, os obstáculos, relações
e possibilidades dos sujeitos envolvidos na instituição”. Esse diagnóstico é uma
maneira de investigar os aspectos que está relacionado a queixa da escola
com relação ao andamento do processo de ensino-aprendizagem, tentando
compreender tais processos.
De acordo com Porto (2006) para obter um diagnóstico da instituição
escolar, o psicopedagogo inicia a coleta de dados, entrevistas com os
discentes, com professores e funcionários da instituição incluindo a direção e
coordenação pedagógica, conhecer a família do aluno, observar o aluno de
como são as relações afetivas na escola, na sala de aula, relacionando tudo na
questão da aprendizagem.
49
Segundo Fagali:
O mundo, as pessoas, e qualquer fenômeno, devem ser considerados como totalidades integradas, sistemas, cujas propriedades não podem ser reduzidas a uma parte menor, que constitui esse sistema total. Quando o sistema total é dissecado em partes isoladas, as qualidades do sistema são destruídas. (FAGALI, 2001, p.36).
Diante disso, a psicopedagogia institucional nos propõe a refletir sobre a
aprendizagem, levando em conta esse diálogo entre conteúdos e a construção
pedagógica.
Sendo assim, a psicopedagogia institucional contribui para que seja
exercida a capacidade de rever uma prática que vem amenizando a idéia do
professor como o dominador do saber. O ensino-aprendizagem só acontece
quando há troca, quando tem diálogo. O professor consegue ensinar quando
se dispõe a aprender, e o aluno aprende quando pode também ensinar. A
relação professor-aluno, sob esse ponto de vista, confere um trânsito saudável
intermediado pela expressão bipolar de cada parte. Ou seja, o professor ensina
e aprende, enquanto o aluno aprende e ensina, compondo uma relação afetiva.
O psicopedagogo institucional apresenta ao professor o contato com um novo
olhar para a própria prática e, ao mesmo tempo, uma escuta diversificada e
voltada para o que não é revelado.
50
CONCLUSÃO
Após várias pesquisas bibliográficas, vimos que para ter uma educação
de melhor qualidade é preciso trabalhar os valores e afetos na escola, para que
o nosso cotidiano escolar faça diferença para os nossos alunos. Há uma
abordagem onde a afetividade na educação está interligada ao ensino-
aprendizagem, é ela que tem influência de forma positiva na vida de todo ser
humano para resolver seus conflitos do dia-a-dia, nesse sentido o afeto
caminha e se desenvolve no indivíduo através do funcionamento psíquico
tornando-o o pensamento de forma mais organizada onde esse indivíduo
pense nas suas ações e reações.
Destaco ainda que a escola e a família devem desenvolver um trabalho
juntas na educação da criança para que ela possa desenvolver capacidades
perante o grupo e também suas capacidades individuais, a família é muito
importante nesse processo educacional, pois antes de qualquer coisa eles
precisam ter amor e serem mais presentes a seus filhos, pois os pais têm o
dever de educá-los, de colocar limites, estabelecer proibições. O que se espera
de pais amigos de seus filhos, inclusive o que os próprios filhos precisam são
de pais e mães mais próximos, mais disponíveis, abertos a escutá-los, a
discutir e orientá-los naquilo que eles lhes solicitarem, ou naquilo que os pais
entenderem necessário fazê-lo. Mas, precisam igualmente de pais que saibam
dizer não, estabelecer o que é certo e o que é errado, e quais os limites que
precisam ser seriamente respeitados.
A sala de aula deve ser apresentada a eles de maneira mais amigável.
Quando a maioria das tarefas de sala de aula exige que a criança fique parada,
com uma atenção direcionada ao que é exposto pelo professor, muito
certamente este local não será um dos mais atraentes a ela, dentro dessas
observações o professor faz toda a diferença nesse processo, pois se ele
houver conhecimento de si próprio e do outro com objetivo de contribuir para a
personalidade aluno, é provável que ele saiba conduzir as relações e receberá
esses estímulos com mais calma, não tomando os mesmos como uma questão
pessoal. O educador precisa entender que o aluno faz parte do seu universo
sócio-cultural. Mas conhecer esse aluno e seu cotidiano não é uma tarefa fácil,
51
implica em uma pré-disposição de amá-lo. Cabe ao professor investigar mais
esse aluno e, ao longo de sua formação, não deixar que esse educando
acumule raivas ou questionamentos. Hoje muito se sabe que o lado intelectual
caminha de mãos dadas com o lado afetivo.
Outra questão apresentada e que nos faz refletir é que o psicopedagogo,
por sua vez, tem a função de observação e avaliação no qual a verdadeira
necessidade da instituição é fazer atendimento aos seus anseios, bem como
verificar, junto ao projeto político-pedagógico, como a escola está
desenvolvendo o processo de ensino e aprendizagem, como garante o sucesso
de seus alunos e como a família exerce o seu papel de parceira nesse
processo. O papel do psicopedagogo na instituição escolar acontece de
maneira preventiva no sentido de procurar criar estratégias e habilidades para
solução dos problemas.
Conclui-se que as relações desenvolvidas através do vínculo afetivo
contribuem para reparar possíveis fraturas no processo de aquisição do
conhecimento de cada um, e abre espaço para que se tenha um aprendizado
que transforma interiormente propondo ao aluno o saber fazer e ser atuante
com possibilidades de posicionar-se frente a uma sociedade exigente e em
constante movimento. Portanto afirmo que a afetividade faz toda diferença na
construção do sujeito, pois ela deixa marcas em suas conquistas.
52
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WEISS, Maria Lúcia Lemme. Vencendo as dificuldades de aprendizagem
escolar. 2 ed. – Rj Wak ed., 2011. 172p.
WALLON, H. As origens do pensamento na criança. São Paulo: Manole, 1989.
WALLON, H. A evolução psicológica da criança. Lisboa: Edições 70,1968.
55
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 02
AGRADECIMENTO 03
DEDICATÓRIA 04
RESUMO 05
METODOLOGIA 06
SUMÁRIO 07
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I
DEFININDO A AFETIVIDADE 13
1.1 - Afetividade e educação 22
CAPÍTULO II
AFETIVIDADE: RELAÇÃO PROFESSOR E ALUNO 25 2.1 - Afeto e aprendizagem 28
2.1.1 - Afetividade e aprendizagem segundo Henri Wallon 34
2.2 - A relação professor-aluno na sala de aula 37
2.3 - A questão da autoridade 40
CAPÍTULO III
O PSICOPEDAGOGO NA INSTITUIÇÃO ESCOLAR 43
3.1 – Um breve histórico da Psicopedagogia 43
3.2 – Campo de atuação da Psicopedagogia 45
3.3 – O psicopedagogo Institucional 46
CONCLUSÃO 50 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 52
INDICE 55
FOLHA DE AVALIAÇÃO 56
56
FOLHA DE AVALIAÇÃO Nome da Instituição: INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
Título da Monografia: A IMPORTÂNCIA DA AFETIVIDADE NA RELAÇÃO
PROFESSOR E ALUNO
Autor: PATRICIA CHAGAS DA COSTA
Nome do orientador: SOLANGE MONTEIRO
Data de entrega:
Avaliado por: Conceito: