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FACULDADE DE MEDICINA DENTÁRIA DA UNIVERSIDADE DO PORTO
A IMPORTÂNCIA DA AVALIAÇÃO
PSICOLÓGICA DO PACIENTE DESDENTADO
NA REALIZAÇÃO DE UMA PRÓTESE
DENTÁRIA
FERNANDO FILIPE DOS SANTOS DANTAS
Porto 2011
Dissertação submetida no âmbito da Unidade Curricular de
Monografia de Investigação/Relatório de Actividade Clínica
inserida no Mestrado Integrado em Medicina Dentária, da
Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto
De acordo com o Artigo 26º do Decreto-Lei nº 74/2006, de 24 de Março do
Regulamento Geral de Ciclos de Mestrado Integrado da Universidade do Porto
e do Regulamento do Ciclo de Mestrado Integrado da Faculdade de Medicina
Dentária da Universidade do Porto (FMDUP), este trabalho encontra-se
formatado de acordo com as normas da Revista Gerodontology, à qual
o autor pretende submeter esta investigação para publicação
Título: A importância da avaliação psicológica do paciente desdentado na
realização de uma prótese dentária
Autor: Fernando Filipe dos Santos Dantas; Aluno do 5º ano da FMDUP
Orientador: Prof. Doutor José Carlos Reis Campos, Professor Auxiliar com
Agregação da FMDUP
Co-Orientador: Prof. Doutor André Ricardo Maia Correia, Professor Auxiliar da
FMDUP
Índice
Resumo …………………………………………………………………….………. 1
Abstract …………………………………………………………………….……….. 2
1) Introdução ……………………………………………………………….…… 3
2) Materiais e Métodos ………………………………………………………… 5
Amostra ………………………………………………….……………. 5
Questionários ………………………………………………………… 5
Análise Estatística …………………………………………………… 6
Parecer da Comissão de Ética …………………………………….. 7
3) Resultados …………………………..…………………………………….….…….. 7
4) Discussão ………………………………………………………………..…..……. 12
5) Conclusões ……………………………………………………………….……….. 14
6) Referências Bibliográficas ……………………………………………………... 15
7) Agradecimentos ………………………………………………………...……..…. 18
Anexos …………………..………..…………………………………...….…….……...…. 19
Título: A importância da avaliação psicológica do paciente desdentado na
realização de uma prótese dentária
Autor:
Fernando Filipe dos Santos Dantas
Aluno do 5º ano da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto.
Rua Dr. Manuel Pereira da Silva, 4200-393, Porto, Portugal.
E-mail: [email protected]
Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto
Porto 2011 1
RESUMO Introdução: O traço extroversão-introversão assume-se como uma dimensão central
da personalidade humana. Assim, alguns investigadores têm tentado investigar a
associação entre a personalidade e a satisfação, ou aceitação de próteses removíveis.
Objectivo: Avaliar em que medida um traço, ou dimensão da personalidade
influenciará a qualidade de vida dos pacientes reabilitados com prótese removível.
Materiais e Métodos: Para a realização desta investigação serão utilizados dois
índices:
OHIP-14: Oral Health Impact Profile – pretende verificar qual o grau de aceitação
das próteses removíveis por parte dos pacientes (medido através da qualidade de
vida na saúde oral);
EPI: Eysenck Personality Inventory – Forma B - Visa determinar uma
tendência/traço de Personalidade. Mede a Introversão, o Neuroticismo-
Estabilidade Emocional e a Extroversão. Considera-se que um introvertido é um
indivíduo voltado para o mundo interior e subjectivo, enquanto o extrovertido se
encontra atento ao mundo exterior/objectivo e o neurótico é um indivíduo ansioso.
Resultados: Não foi encontrada nenhuma associação significativa entre o traço de
personalidade extroversão-introversão & neuroticismo e a qualidade de vida dos
pacientes reabilitados com prótese removível.
Conclusões: Os traços de personalidade extroversão-introversão & neuroticismo não
influenciam a satisfação e qualidade de vida dos pacientes reabilitados com prótese
removível.
PALAVRAS-CHAVE: Determinação da Personalidade; Inventário de Personalidade;
Qualidade de Vida; Saúde Bucal; Arcada Edentada; Prótese Dentária
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ABSTRACT
Introduction: The trait extraversion-introversion is a central dimension of human
personality. Thus, a number of attempts have been made to investigate links between
patients´ personality and satisfaction with removable dentures.
Purpose: To assess the extent to which a trace, or dimension of personality, will
influence the quality of life of patients rehabilitated with removable dentures.
Materials and Methods: In his research the author used two indexes:
OHIP-14: Oral Health Impact Profile – Assess patients acceptance of removable
dentures (measured through oral health lifestyle);
EPI: Eysenck Personality Inventory - Form B. Aims to determine a trend/personality
trait. Measures Introversion, Neuroticism-Emotional Stability and Extraversion. An
individual is considered introverted if he is dominated by his inner/subjective world,
while the extraverted individual is responsive to the outside world and objective
soroundings. Neurotic people are more anxious.
Results: No significant associations between extraversion-introversion & neuroticism
and patients’ satisfaction with their removable dentures were discovered.
Conclusion: Personality trait extraversion-introversion & neuroticism did not influence
patients’ satisfaction with their removable dentures.
KEY-WORDS: Personality Assessment; Personality Inventory; Quality of Life; Oral
Health; Edentulous Mouth; Dental Prosthesis
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Porto 2011 3
1) Introdução
Em psicologia, a teoria dos traços de personalidade (do inglês “trait”) é uma
das principais abordagens para o estudo da personalidade humana. Os
investigadores desta teoria pretendem medir traços, que podem ser definidos
como padrões habituais de comportamento, pensamento e emoção[1]. Segundo
esta perspectiva, as características da personalidade são relativamente
estáveis ao longo do tempo, diferindo entre os indivíduos e influenciando o seu
comportamento[2]. Os seus principais defensores são Allport[3]; Catell[4] e
Eysenck.[5] De acordo com Allport,[6, 7] a unidade básica da personalidade é
denominada por “traço”. A enumeração dos inúmeros traços de um indivíduo
fornece uma descrição pormenorizada da sua personalidade. Estes evoluem ao
longo do tempo (experiência) e podem mudar à medida que o indivíduo
aprende e apreende novas maneiras de se adaptar ao mundo.
Diversos investigadores[8] de escolas distintas estudaram alguns aspectos da
personalidade culminando na convergência de ideias. Enquanto a terminologia
pode variar entre autores, existem cinco factores ou traços de personalidade
que têm surgido de uma forma bastante coerente e consistente em todos os
estudos, também denominados como “Big Five personality traits” que incluem:
Abertura à Experiência, Consciência, Extroversão-Introversão, Afabilidade e
Neuroticismo. A maioria dos autores[9] defende que estes cinco traços são parte
integrante do “Oceano da Personalidade Humana” considerando-os, inclusive,
os traços básicos que dominam sobre os outros aspectos da personalidade.
Assim sendo, o traço extroversão-introversão assume-se como uma dimensão
central da personalidade humana. Ambos são vistos como um continuum,
pertencendo a pólos opostos.[5]
Para a aplicação ao contexto da medicina dentária, alguns investigadores[10-14]
têm tentado investigar a associação entre a personalidade e a satisfação, ou
aceitação de próteses removíveis na cavidade oral dos pacientes.
Há sensivelmente 70 anos, M.M. House[15, 16] definiu uma classificação
psicológica dos pacientes desdentados que constava de quatro níveis, ou
“atitudes mentais”: philosophical, exacting, hysterical e indifferent minds; de
acordo com os quais o paciente deveria ser classificado antes da reabilitação
protética, no sentido de orientar o médico dentista no seu diagnóstico e plano
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Porto 2011 4
de tratamento. House[10, 17] elaborou a sua classificação com base no
comportamento dos pacientes face à previsão de desdentação completa e da
sua resposta adaptativa ao uso diário de uma prótese removível.
Sobolik & Larson,[18] em 1968, encontraram uma relação significativa entre
aspectos da personalidade de 123 pacientes e a resposta emocional a novas
próteses. No ano de 1969, Bolender et al.,[19] investigou possíveis efeitos da
personalidade na satisfação por próteses totais novas, em 402 pacientes,
encontrando uma associação significativa entre neuroticismo elevado e
insatisfação. Contudo, nenhuma associação foi encontrada entre neuroticismo
e consultas pós-inserção. Dois anos depois, Nairn e Brunello,[20] examinaram
72 pacientes com próteses novas, tendo concluído que pacientes com
neuroticismo elevado possuíam uma maior tendência para se queixar, mais do
que o justificado, face a erros nas próteses. Contudo, a associação não foi
muito forte e muitas próteses possuíam falhas.
Guckes et al.,[21] em 1978, encontrou uma associação negativa entre
neuroticismo e satisfação em 92 pacientes com próteses totais, tal como Al
Quran et al.,[22] em 100 pacientes desdentados, tendo concluído o mesmo.
Por seu turno, Smith[23] (1976) e Berg et al.[24] (1986), em estudos envolvendo
70 e 74 pacientes, respectivamente, foram incapazes de demonstrar uma
associação entre variáveis psicológicas e a satisfação/aceitação de próteses,
na linha de Smith & Hughes,[25] em 1988, que não verificaram nenhuma relação
entre estabilidade emocional e o sucesso das mesmas, em 45 pacientes,
concluindo que falhas na construção protésica parecem ter sido,
primariamente, responsáveis pelos problemas referidos.
Gamer et al.,[26] em 2003, vem trazer uma nova luz sobre esta temática,
incidindo o seu estudo na reavaliação da classificação criada por House, com
terminologia contemporânea, introduzindo conceitos novos, nomeadamente o
papel do paciente, do dentista e das suas expectativas face ao tratamento.
Finalmente, em 2005, Klages & Esch[27] estudaram 88 pacientes, concluindo
que a personalidade influencia em cerca de 38% a limitação funcional destes.
Um ano após, Ozdemir et al.,[28] em 239 pacientes, determinaram que
personalidades Tipo A eram significativamente menos satisfeitas com as suas
próteses removíveis.
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Porto 2011 5
Determinou-se, então, como objectivo desta investigação, avaliar a influência
da personalidade na satisfação e qualidade de vida dos pacientes da
Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto, após reabilitação
com prótese removível.
2) Materiais e Métodos
Amostra
A presente amostra foi constituída por indivíduos desdentados examinados na
área disciplinar da Unidade Clínica de Prótese Dentária e Oclusão, com
prótese removível executada há pelo menos um mês.
Foram recrutados 41 pacientes da Faculdade de Medicina Dentária da
Universidade do Porto, com idade igual ou superior a 30 anos, num total de 70
próteses removíveis.
A média de idade dos participantes ronda os 64.3 (dos 44 aos 86 anos), sendo
a amostra constituída por uma população masculina de 19 indivíduos (46%) e
uma população feminina de 22 indivíduos (54%).
Pacientes com deficiências motoras, deficiências graves ao nível dos órgãos
dos sentidos, analfabetos e/ou com deficiências mentais foram excluídos desta
investigação.
Factores relacionados com a qualidade das próteses removíveis, assim como
factores anatómicos (tais como rebordo alveolar, posição/tamanho da
mandíbula, etc.), não foram avaliados.
Questionários
Para a determinação da satisfação e qualidade de vida, procedeu-se à
administração do questionário Oral Health Impact Profile (OHIP-14) (ver
Anexos A), que pretende verificar qual o grau de aceitação das próteses
removíveis por parte dos pacientes (medido através da qualidade de vida na
saúde oral). É um instrumento preciso, de confiança e validado para a
população Americana, Espanhola e Brasileira através de vários estudos.[29-39] O
seu registo é efectuado sob a forma de Escala Likert.
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Porto 2011 6
Relativamente à avaliação dos traços de personalidade, vários questionários
têm sido desenvolvidos e validados. Dentre eles destaca-se o Eysenck
Personality Inventory (E.P.I.) (ver Anexos A), criado por H. J. Eysenck e Sybil
B. G. Eysenck[40, 41] com o objectivo de medir as dimensões da personalidade
Neuroticismo-Estabilidade Emocional e Extroversão-Introversão1. Admite-se,
no entanto, que o indivíduo se possa localizar num dado ponto dessa dimensão
e, consoante o lugar que ocupa, pode ser considerado um introvertido de
neuroticismo baixo ou elevado (tal como na extroversão), pois a personalidade
não é passível de ser medida directamente, tendo de ser decomposta nos seus
elementos básicos. O teste apresenta duas formas (A e B). Foi escolhida a
segunda forma pois é mais curta, com perguntas simples e acessíveis, a par de
ser mais adequada para indivíduos de idade avançada. É, por conseguinte, um
instrumento psicológico de confiança, consistente e com ambas as formas
validadas para a população portuguesa.[42-49]
Somente inquéritos completos na sua totalidade foram aceites para o estudo.
Nenhum inquérito respondido pelos pacientes da FMDUP foi considerado
inválido ou rejeitado.
Análise Estatística
Em todos os testes de hipóteses foi considerado um nível de significância de
0,05. A análise estatística foi efectuada utilizando o programa de análise
estatística SPSS® v.18.0 (Statistical Package for the Social Sciences), assim
como com o auxílio do Microsoft Office Excel 2010®.
Para descrever os participantes do estudo foram utilizadas estatísticas
descritivas apropriadas. As variáveis categóricas foram descritas através de
frequências absolutas e relativas (%), a idade (em anos) e variáveis contínuas
foram descritas utilizando medianas, percentil 25 (P25) e percentil 75 (P75).
Foram ainda realizadas comparações em função do género, idade (<65 anos,
65 anos), tipo de próteses e entre os resultados do OHIP-14, aplicando o teste
de Mann-Whitney, assim como comparações de proporções de ambos os
índices, aplicando o teste de Qui-quadrado.
1A fim de facilitar os aspectos descritivos do teste de personalidade, a dimensão Neuroticismo-Estabilidade Emocional é frequentemente designada apenas por Neuroticismo, enquanto a dimensão Extroversão-Introversão é exclusivamente denominada por Extroversão.
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Porto 2011 7
Parecer da Comissão de Ética
Esta investigação obteve o parecer favorável da Comissão de Ética da
FMDUP, nomeadamente no que diz respeito ao armazenamento e tratamento
dos dados, garantindo o total sigilo e confidencialidade de toda a informação
registada.
3) Resultados
Na categoria Constituição da Amostra (género), a amostra é homogénea
(Tabela I) tendo, por conseguinte, uma constituição semelhante, não se
verificando relação significativa com os diversos resultados obtidos no OHIP-
14, em média, para cada um dos géneros (Gráfico 1).
Sujeitos n=41 Idade (recodificada), n (%)
< 65 anos 20 (49%)
65 anos 21 (51%)
Tabela I: Constituição da Amostra. Caracterização da população estudada (n=41) e conversão
da Idade recodificada em percentagem. Os valores são apresentados como frequências
absolutas e relativas (%).
Gráfico 1: Constituição da Amostra: Verifica-se uma prevalência pouco significativa dos
resultados obtidos no OHIP-14, em média, pela população masculina, relativamente à
feminina (p>0,05). Quanto maior o resultado obtido no OHIP-14, menor é a satisfação e
qualidade de vida.
26,091 26,632
0,000
5,000
10,000
15,000
20,000
25,000
30,000
Feminino Masculino
Género Vs. x(OHIP-14)
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Na categoria Idade, a população estudada apresenta-se, do mesmo modo, com
uma distribuição homogénea, mas sem relação estatística significativa com o
OHIP-14 (Gráficos 2 e 3).
Gráfico 2: Idade da Amostra: População com distribuição homogénea, verificando-se casos de
pacientes com a mesma idade.
Gráfico 3: Relação entre Idade & OHIP-14 após método de regressão linear. Modelo de
regressão linear univariado para cada resultado, cuja variável independente é a idade (p>0,05).
1 1
2
3
1 1 1
2
3
1 1
2
1 1 1 1
2
1 1 1
4
1
2
3
1 1 1
0
1
2
3
4
5
44 48 49 51 52 53 54 55 56 57 60 61 62 65 66 67 68 69 70 72 73 76 78 79 80 83 86
Nº d
e pa
cien
tes
Idade
05
101520253035404550
40 50 60 70 80 90
OH
IP 1
4
Idade
OHIP-14
Linear (OHIP-14)
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Em relação ao índice de satisfação e qualidade de vida, em média, a pergunta
com maior concordância por parte dos pacientes (χ = 2,683) foi a número 4:
“Sentiu-se incomodado(a) ao comer algum alimento?” (ver Gráfico 4, que
sumariza o valor médio das respostas dadas a cada pergunta do OHIP-14).
Por seu turno, a de menor concordância (χ = 1,171) foi a número 14: “Não
conseguiu fazer nenhuma das suas tarefas diárias?” (ver Gráfico 4).
Gráfico 4: Média dos valores registados, por pergunta, no índice de satisfação e qualidade de
vida (OHIP-14). (1 - Discordo plenamente / 5 - Concordo plenamente)
Na categoria Tempo de uso das Próteses, nota-se grande prevalência da
utilização contínua da prótese, em detrimento do seu uso intermitente (ver
Gráfico 5).
1,902
1,707
2,659
2,683
2,341
2,268
2,585
1,902
1,293
1,512
1,659
1,195
1,293
1,171
1,000 2,000 3,000 4,000 5,000
1. Teve problemas a pronunciar alguma palavra?
2. Sentiu que o sabor dos alimentos piorou?
3. Sentiu dores na boca ou nos seus dentes?
4. Sentiu-se incomodado(a) ao comer algum…
5. Ficou preocupado(a)?
6. Sentiu-se nervoso(a)?
7. A sua alimentação ficou prejudicada?
8. Teve de parar de comer?
9. Teve dificuldade em descansar?
10. Ficou com vergonha?
11. Ficou aborrecido(a) com alguém?
12. Teve dificuldades em fazer as suas tarefas diárias?
13. Sentiu que a sua vida piorou?
14. Não conseguiu fazer nenhuma das suas tarefas…
OHIP-14
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Porto 2011 10
Gráfico 5: Tempo de uso das Próteses: Nota-se grande prevalência da utilização contínua da
prótese, em detrimento do seu uso intermitente.
Na categoria Tipo de Prótese, verificou-se uma prevalência significativa do uso
de próteses acrílicas em oposição às próteses esqueléticas, sem associação
estatística com o OHIP-14 (ver Gráfico 6).
Gráfico 6: Tipo de Prótese: Prevalência do uso de próteses acrílicas (totais e parciais) e
próteses parciais esqueléticas.
De modo a estudar as associações entre o E.P.I. e o OHIP-14, foram aplicados
o Teste do Qui-quadrado e o Teste Exacto de Fisher. Também foram
calculados os coeficientes de correlação de Spearman, por diagramas de
dispersão. Para estudar a sua relação foi ainda aplicado o método de
regressão linear (ver Gráfico 7).
32
9 0
5
10
15
20
25
30
35
Contínua Descontínua
Nº d
e pa
cien
tes
Tempo de uso das Próteses
8 8
18 17
11 8
Prótese EsqSuperior
Prótese EsqInferior
Prótese AcrSuperior
Prótese AcrInferior
Prótese TotalSuperior
Prótese TotalInferior
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Gráfico 7: Relação entre E.P.I. & OHIP-14 após método de regressão linear. Aplicação do Teste do Qui-quadrado e da Prova de Fisher. O valor crítico encontrado na tabela de distribuição do χ2 para 40 graus de liberdade e nível de significância de 0,05 é 55,758,
implicando a aceitação da hipótese nula e consequente ausência de relação estatística entre as variáveis em causa.
Não se determinaram diferenças estatisticamente significativas entre os
diversos resultados obtidos no E.P.I. para o Neuroticismo e a Extroversão,
comparativamente aos resultados obtidos no OHIP-14 (p = 0,332 e p = 0,104
respectivamente - ver Gráfico 8).
Gráfico 8: Relação entre E.P.I. & OHIP-14. Neuroticismo: χ2 = 43,301 com 40 graus de
liberdade e p = 0,332. Extroversão: χ2 = 51,557 com 40 graus de liberdade e p = 0,104 (quando
ambos deveriam ser <0,05).
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
0 10 20 30 40 50SUJEITOS DA AMOSTRA
EPI - Neuroticismo
EPI - Extroversão
OHIP-14
Linear (EPI -Neuroticismo)
Linear (EPI -Extroversão)
Linear (OHIP-14)
05
101520253035404550
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41SUJEITOS DA AMOSTRA
EPI - Neuroticismo EPI - Extroversão OHIP-14
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4) Discussão
A classificação elaborada por M.M. House[15, 16] poderá, à luz dos
conhecimentos actuais, ser alvo de múltiplas críticas uma vez que, sabendo
que a personalidade é uma característica mais duradoura e mais estável que
uma dada “atitude mental”, esta classificação estará ultrapassada, tal como
reitera Gamer et al.[26]
Relativamente ao índice de personalidade, na literatura, o introvertido é
descrito como um indivíduo retraído e sossegado, introspectivo, habitualmente
reservado e reticente, excepto com amigos íntimos. Estabelece
adiantadamente planos para o futuro e não confia no impulso do momento. Não
gosta de excitação, toma os acontecimentos da vida diária com a devida
seriedade e prefere levar uma forma ordenada de vida. Mantém os seus
sentimentos sob um controlo estrito, raramente se comporta de forma
agressiva e não perde o seu domínio com facilidade. É de confiança, um pouco
pessimista e dá grande valor aos padrões éticos.[40, 41, 50, 51]
Por seu turno, o extrovertido é reconhecido como uma pessoa sociável,
gostando de festas, com muitos amigos, necessitando de ter amigos com quem
falar e não gostando de ler ou estudar por si mesmo. Aprecia situações
excitantes, corre riscos, actua segundo o estímulo do momento e é, regra geral,
um indivíduo impulsivo. Gosta de anedotas “picantes”, tem sempre uma
resposta pronta e, geralmente, gosta de mudanças; é livre de cuidados,
despreocupado, optimista e gosta de “rir e ser feliz”. Prefere o movimento e as
realizações; tende a ser agressivo e perde facilmente o auto-domínio; os seus
sentimentos não estão sob um controlo rígido e nem sempre é uma pessoa de
confiança.[40, 41, 50, 51]
Por fim, um alto nível de Neuroticismo remete-nos para indivíduos propensos a
sofrimento psicológico, podendo apresentar altos níveis de ansiedade,
depressão, hostilidade, tensão, vulnerabilidade, baixa tolerância à frustração,
auto-crítica, impulsividade, baixa auto-estima, ideias irrealistas e estratégias de
“coping” não adaptativas.[50-52]
Apesar de existirem alguns estudos[37-39] que incidem sobre a temática da
aceitação de próteses removíveis na cavidade oral, são escassas as
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investigações que relacionem estas últimas com factores psicológicos ou
variáveis/traços da personalidade humana.
A avaliação psicológica do paciente desdentado é um parâmetro que deve ser
incluído na anamnese do paciente. Têm sido feitos alguns esforços no sentido
de investigar a associação entre a personalidade de pacientes (em contexto
dentário) e a sua satisfação, ou aceitação de próteses removíveis.[53] Contudo,
as investigações são contraditórias, na medida em que alguns autores[18-22, 28]
detectaram uma associação entre ambos, contrariamente a outros[19, 23-25] que
refutam tal relação.
Neste estudo, em relação à categoria Constituição da Amostra, verifica-se que
a qualidade de vida na saúde oral não é influenciada pelo género, sendo
praticamente idêntica na população masculina e feminina. Do mesmo modo, na
categoria Idade, esta não é influenciada pelo OHIP-14, uma vez que pacientes
com maior idade reagem de igual modo a uma prótese na sua cavidade oral, tal
como indivíduos mais novos.
Na categoria Tempo de uso das Próteses, a prevalência recai sobre a
utilização contínua. Alguns pacientes chegam a referir que nunca retiram as
próteses da cavidade oral, considerando-as parte integrante da sua boca.
Poderemos inferir que, nestes casos, a sua satisfação em termos de saúde oral
será superior à média, confirmando-se esta suposição pois estes obtiveram
resultados mais baixos no OHIP-14 (logo maior a satisfação), estando
perfeitamente adaptados e contentes com as suas próteses.
Na categoria Tipo de Prótese, após a realização do estudo, o autor constatou
uma prevalência aumentada de pacientes portadores de próteses acrílicas
comparativamente a próteses esqueléticas, o que é representativo de uma
população com elevado número de perdas dentárias e, possivelmente, com
menores condições socioeconómicas. Esta inferência foi confirmada com a
ajuda dos inquéritos preliminares realizados aos pacientes, revelando que as
suas habilitações literárias eram, maioritariamente, de indivíduos com baixo
nível de escolaridade.
O facto de não se ter observado associação entre traços de personalidade e o
uso de prótese removível sugere que a personalidade não tem influência no
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Porto 2011 14
sucesso funcional da mesma. Assim, nem o neuroticismo, nem a extroversão
estão associados à satisfação e qualidade de vida pós reabilitação com prótese
removível. Como o valor calculado do χ2 é menor que o tabelado, conclui-se
que as variáveis são independentes não se rejeitando, por conseguinte, a
hipótese nula.
É interessante notar que os estudos[18-22, 28] envolvendo amostras com maior
número de indivíduos culminaram numa associação negativa entre
neuroticismo e satisfação, ao passo que estudos[19, 23-25] envolvendo amostras
mais reduzidas não encontraram associações significativas entre ambos. A
amostra neste estudo é similar, em tamanho, à de Smith & Hughes,[25]
originando resultados comparáveis. Os resultados deste estudo também estão
em consonância com os de Smith[23] e Berg et al.[24] Do mesmo modo, Bolender
et al.[19] não encontrou nenhuma associação entre a personalidade e consultas
de controlo pós-inserção.
Contudo, alguns estudos referem que, três meses após a adaptação e ajuste
da prótese removível à cavidade oral, a personalidade torna-se o factor
dominante no sentimento de satisfação pessoal,[25] na linha do referido por
Klages & Esch.[27] Assim, a componente temporal aparenta ter alguma
importância na satisfação final com a prótese removível.
5) Conclusões
Dentro das limitações deste estudo, verificamos que não foram encontradas
associações significativas entre os traços de personalidade dos pacientes e a
sua satisfação em relação às próteses removíveis.
A extroversão-introversão e o neuroticismo não influenciam a satisfação e a
qualidade de vida dos pacientes reabilitados com prótese removível.
Os indivíduos tendem a ser genuínos no seu sentimento de insatisfação face a
uma prótese, não sendo possível prever a sua resposta adaptativa.
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6) Referências Bibliográficas
1. Ewen, R.B., An introduction to theories of personality. 7th ed. 2010, New York: Psychology Press. xviii, 451 p.
2. Eysenck, S.B., H.J. Eysenck, and G. Claridge, Dimensions of personality, psychiatric syndromes, and mathematical models. J Ment Sci, 1960. 106: p. 581-9.
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Porto 2011 18
7) Agradecimentos Prof. Doutor José Carlos Reis Campos (FMDUP) Prof. Doutor André Ricardo Maia Correia (FMDUP) Prof. Doutor Altamiro da Costa Pereira (FMUP) Doutora Orquídea Silva Ribeiro (FMUP) Eng.º Helder Fernando Santos Dantas (FEUP) Doutor Diogo Figueira (ISCS-N/ISMAI) Todos os intervenientes no projecto de investigação Um reconhecido obrigado aos meus pais pelo que sou e amigos
pelos ensinamentos e incentivo
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OHIP-14 - Oral Health Impact Profile questionnaire
Obrigado pela sua participação neste estudo. A sua colaboração é muito importante. Por favor responda às seguintes questões indicando o seu grau de concordância a cada pergunta colocada.
Responda com uma cruz se discorda plenamente (1); discorda (2); nem concorda nem discorda (3); concorda (4); ou concorda plenamente (5) com a seguinte frase:
Nos últimos seis meses, devido a problemas com os seus dentes, a sua boca ou a sua prótese dentária:
1 2
3 4 5
1. Teve problemas a pronunciar alguma palavra?
2. Sentiu que o sabor dos alimentos piorou?
3. Sentiu dores na boca ou nos seus dentes?
4. Sentiu-se incomodado(a) ao comer algum alimento?
5. Ficou preocupado(a)?
6. Sentiu-se nervoso(a)?
7. A sua alimentação ficou prejudicada?
8. Teve de parar de comer?
9. Teve dificuldade em descansar?
10. Ficou com vergonha?
11. Ficou aborrecido(a) com alguém?
12. Teve dificuldades em fazer as suas tarefas diárias?
13. Sentiu que a sua vida piorou?
14. Não conseguiu fazer nenhuma das suas tarefas diárias?
Discordo Plenamente Concordo Plenamente
Questionário
PROCESSO Nº: ____________ DATA DA PROVA: __/__/__
GÉNERO: M F DATA DE NASCIMENTO ___/___/______ ( ___ ANOS)
HABILITAÇÕES LITERÁRIAS: ___________________________________________________
PROFISSÃO: ___________________________________________________________________
HÁ QUANTO TEMPO USA A(S) PRÓTESE(S)?: _________________________
UTILIZAÇÃO: Contínua Descontínua : __________________________
TIPO DE PRÓTESE: Esquelética: PPR: ↑ com __ dentes ↓ com __ dentes
Acrílica: P. Total: ↑ ↓ PPR: ↑ com __ dentes ↓ com __ dentes
EPI – Forma B
INSTRUÇÕES:
Nas páginas seguintes vai encontrar algumas perguntas sobre a sua maneira de
proceder, sentir e agir. À frente de cada pergunta há um espaço para responder "SIM" ou
"NÃO".
Procure qual das respostas "SIM" ou "NÃO" representa a sua maneira habitual de
agir ou de sentir. Depois, faça uma cruz (X) no quadrado da coluna do "SIM" ou do
"NÃO". Trabalhe rapidamente e não gaste muito tempo em cada pergunta; queremos a sua
primeira reacção e não uma resposta demasiado reflectida. Não deverá levar mais que
alguns minutos a responder a todo o questionário.
Tenha cuidado para não se esquecer de nenhuma pergunta!
Trabalhe rapidamente e lembre-se de que deve responder a todas as perguntas. Não
há respostas boas nem más; não se trata de um teste de inteligência ou de aptidão, mas
simplesmente de uma descrição da sua maneira de ser. Agora volte a página e comece.
1
Sim
Não
1. Gosta de muita excitação e alvoroço à sua volta?
2. Fica muitas vezes com a impressão de que quer qualquer coisa que não sabe o que é?
3. Tem quase sempre resposta pronta quando falam consigo?
4. Sente-se umas vezes feliz, outras infeliz, sem haver razão aparente para isso?
5. Em festas e reuniões passa geralmente despercebido?
6. Em criança fazia sempre logo o que lhe diziam e sem refilar?
7. Às vezes amua?
8. Quando entra numa discussão, prefere explicar claramente as suas razões, em vez de ficar calado à espera que as coisas se resolvam?
9. É uma pessoa mal humorada?
10. Costa de conviver com as outras pessoas?
11. Perde muitas vezes o sono por causa das suas preocupações?
12. Às vezes zanga-se?
13. Considera-se uma pessoa despreocupada?
14. Muitas vezes toma decisões demasiado tarde?
15. Gosta de trabalhar sozinho?
16. Sente-se muitas vezes desatento e cansado sem haver razão para isso?
2
17. É uma pessoa "cheia de vida"?
18. Às vezes ri-se duma piada grosseira?
19. Sente-se muitas vezes "farto"?
20. Sente-se pouco à vontade quando se veste de modo diferente do habitual?
21. Tem muitas vezes dificuldades quando tenta concentrar a sua atenção?
22. É capaz de traduzir os seus pensamentos por palavras rapidamente?
23. Fica muitas vezes “perdido nos seus pensamentos”?
24. É uma pessoa sem preconceitos de qualquer espécie?
25. Gosta de pregar partidas?
26. Pensa muitas vezes no seu passado?
27. Aprecia muito a boa comida?
28. Quando tem aborrecimentos, sente necessidade de falar sobre isso com alguém que o compreenda?
29. Desagrada-lhe vender coisas ou pedir dinheiro às pessoas para uma causa justa?
Sim Não