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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO
CURSO DE PEDAGOGIA
TATHIANA PRECIOSA DIAS BARBALHO
A importância da Educação em Valores Humanos
para a formação do ser integral
NATAL- RN
2017
2
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO
CURSO DE PEDAGOGIA
TATHIANA PRECIOSA DIAS BARBALHO
A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO EM VALORES
HUMANOS PARA A FORMAÇÃO DO SER INTEGRAL
Trabalho de Conclusão de Curso,
modalidade Relatório de Práticas Educativas, apresentado ao Curso de Pedagogia, Presencial Natal, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para
obtenção do grau de Licenciatura
Plena.
Orientador: Prof. Dr. João Maria Valença de Andrade
NATAL- RN
2017
3
TATHIANA PRECIOSA DIAS BARBALHO
A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO EM VALORES HUMANOS
PARA A FORMAÇÃO DO SER INTEGRAL
Trabalho de Conclusão de Curso, modalidade
Relatório de Práticas Educativas, apresentado ao
Curso de Pedagogia, Presencial Natal, da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte,
como requisito parcial para obtenção do grau de
licenciatura plena em Pedagogia.
BANCA EXAMINADORA
_______________________________________________________________
Profa. Dra. Erika dos Reis Gusmão Andrade Departamento de Práticas Educacionais e Currículo - UFRN
_______________________________________________________________
Profa. Dra. Luciane Terra dos Santos Garcia
Departamento de Fundamentos e Políticas da Educação - UFRN
_______________________________________________________________
Prof. Dr. João Maria Valença de Andrade Departamento de Práticas Educacionais e Currículo – UFRN
(Orientador)
Aprovado em Natal, RN, em 28 de junho de 2017.
4
RESUMO
O presente trabalho foi desenvolvido a partir da minha experiência como
professora na escola Centro Infantil a Arte de Nascer (CIAN), Parnamirim/RN,
cujo objetivo é discutir a importância da Educação em Valores Humanos para a
formação do ser integral. A instituição busca promover um sistema de
competência educacional de formação a partir de um conjunto de valores,
comportamentos e princípios que possibilitem uma educação para o conviver
harmonioso entre os seres humanos e destes consigo mesmos, com o meio e
com a natureza. A sistematização da experiência propõe a reconstituição
reflexiva de procedimentos, resultados e percepções que busquem encontrar em
cada situação particular o qualitativo da realidade a partir de uma interpretação
crítica da experiência com o intuito de compreender seu real sentido. A execução
do projeto Páscoa Solidária aconteceu em uma turma de Educação Infantil do
nível 4 (crianças com 4 e 5 anos). Teve como objetivo contribuir com a reflexão
de atitudes de cuidado e proteção dos animais do nosso entorno, possibilitando
às crianças condições objetivas para avaliar e compreender as situações em que
vivem e instrumentá-las para fazer boas escolhas. A metodologia utilizada
ancora-se nas cinco técnicas básicas, a partir do programa de educação em
valores humanos, desenvolvido pelo educador indiano Sathya Sai Baba, na
Pedagogia sistêmica, idealizada pelo professor alemão Bert Hellinger, na teoria
sócio interacionista de Lev Vygotsky e na aprendizagem significativa e dialógica
proposta por Paulo Freire. Os resultados obtidos revelam os avanços no
desenvolvimento de novas experiências e habilidades, mostrando a utilidade
prática do conhecimento, ampliando nas crianças o espectro da sua consciência,
fortalecendo as bases da linguagem e da compreensão sob o ponto de vista dos
diversos níveis e dimensões do fenômeno educacional que compõe a formação
do ser holístico e integral.
Palavras- chave: Valores Humanos. Ser integral. Educação Infantil.
5
ABSTRACT
The present work was developed from my experience as a teacher at Parnamirim
/ RN, whose aim is to discuss the importance of Education in Human Values for
the formation of the integral being. The institution seeks to promote a system of
educational competence based on a set of values, behaviors and principles that
enable an education for harmonious coexistence between human beings and
those with themselves, the environment and nature. The systematization of
experience proposes a reflexive reconstitution of procedures, results and
perceptions that seek to find in each particular situation the qualitative of reality
from a critical interpretation of the experience in order to understand its real
meaning. The implementation of the Easter Solidarity project took place in a level
4 kindergarten class (children aged 4 and 5). It aimed to contribute to the
reflection of attitudes of care and protection of the animals of our surroundings,
allowing children objective conditions to evaluate and understand the situations
in which they live and implement them to make good choices. The methodology
used is anchored in the five basic techniques, based on the education program
in human values, developed by the Indian educator Sathya Sai Baba, in the
Systemic Pedagogy, idealized by the German professor Bert Hellinger, in the
socio-interactionist theory of Lev Vygotsky and in the learning Significant and
dialogical approach proposed by Paulo Freire. The results show the advances in
the development of new experiences and abilities, showing the practical
usefulness of knowledge, expanding in children the spectrum of their
consciousness, strengthening the bases of language and understanding from the
point of view of the different levels and dimensions of the phenomenon Education
that makes up the formation of the holistic and integral being.
Keywords: Human Values. Be integral. Child education.
6
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .............................................................................................................................. 7
SEÇÃO 1– UM OLHAR PARA ALÉM DOS LIMITES DA ESCOLA .............. 10
SEÇÃO 2–DE UM PENSAMENTO UTÓPICO A UMA PRÁTICA
POSSÍVEL ........................................................................................................................ 23
NOTAS CONCLUSIVAS ....................................................................................................... 41
REFERÊNCIAS ......................................................................................................................... 43
ANEXOS........................................................................................................................................ 44
7
INTRODUÇÃO
No cenário da nossa educação atual, boa parte do foco pedagógico se dá
ao desenvolvimento lógico-cognitivo do ser humano, sendo a escola organizada
de forma utilitarista e materialista, voltada para o desenvolvimento racional do
aluno com vistas ao mercado de trabalho. A busca por uma formação do ser
integral torna imprescindível o desenvolvimento de uma visão pedagógica, cujas
bases ensejem a possibilidade da identificação do fenômeno educacional
voltado para o despertar dos diversos níveis da consciência humana, valorizando
não só o contexto cognitivo, mas, também, o pessoal, social, cultural, e espiritual.
Segundo o educador e mestre indiano Sathya Sai Baba (1926-2011), a
verdadeira educação deve conduzir à construção do caráter do educando,
entendendo-se caráter como a unidade entre pensamento, palavra e ação. Para
ele, o fim do processo educativo é a “integração” do humano, compreendendo
que “o propósito da educação é fazer aflorar as qualidades natas do ser, e é essa
harmonia com a natureza humana que o fará feliz. ” (MESQUITA, 2003, p.).
Desse modo, é desejável de que toda a vida das crianças, tanto em casa
como na escola, seja baseada nos valores, na formação e na valorização do
sujeito como um todo indissociável. Sai Baba diz que a educação é uma relação
trilateral, na qual os pais, o professor e o estudante têm papéis valiosos a
desempenhar, sendo necessário promover o intercâmbio e interação de todos
esses sistemas, o escolar, o familiar e o social, para que o processo de
aprendizado ocorra em todas as direções, dimensões e contextos. “É no lar que
se determina a felicidade ou o desajuste da criança, e é na infância que se
formam os valores que direcionarão a vida de cada ser.” (MESQUITA, 2003, p.)
Incentivar um processo educativo que tem uma concepção da criança
como cidadã, capaz de investir na construção de valores e atitudes como
solidariedade, cooperação, autonomia e respeito ao bem comum contribui para
a consolidação de uma pedagogia preocupada com as circunstâncias e
situações do cotidiano, e com as relações em que estão envolvidos educadores,
crianças e famílias.
8
Nesse sentido, este trabalho, na forma de relato de práticas educativas,
tem como objetivo discutir a importância da Educação em Valores Humanos para
a formação do ser integral, a partir da minha experiência como professora no
Centro Infantil a Arte de Nascer (CIAN). Esta escola ancora sua filosofia e
identidade pedagógica nesse no modelo educacional da formação holística e
integral. Tal proposta exige do professor mais do que conhecimentos específicos
da área; exige, sobretudo, o reconhecimento de Si mesmo. Pois, é preciso Ser,
para poder Fazer, comunicando não só o intelecto do aluno, mas, também, a sua
alma e todas as dimensões que compõem o ser integral.
Contudo, “Para fazer frente à atual crise de valores, teremos que
abandonar a atitude de impotência e trilhar um novo caminho originado do nosso
interior” (MESQUITA, 2003, p.). Cada escolha que fazemos não é um ato isolado,
gera consequências na vida das pessoas. Por isso, devemos ensinar fazendo o
que estamos ensinando. É colaborando com pequenas atitudes que, quando
somadas às de outros entes, podem viabilizar a construção de um mundo mais
solidário e humano.
Nessa perspectiva, a metodologia de sistematização de experiências
(HOLLIDAY, 1995) propõe a reconstituição reflexiva de procedimentos,
resultados e percepções, de modo contextualizado. Contribui, assim, para o
despertar de uma visão educacional multidimensional do educando e do
processo de ensino e aprendizagem.
Para este fim se fez necessário uma sistematização que busca encontrar
em cada situação particular o qualitativo da realidade a partir de uma
interpretação crítica da experiência, com o fim de compreender seu real sentido
ordenando e reconstruindo previamente os processos vividos na experiência
descobrindo a lógica e a relação entre eles. Segundo Holliday,
A sistematização, ao reconstruir o processo da prática,
identificar seus elementos, classificá-los e reordená-los, faz-
nos objetivar o vivido, ‘fazer uma parada tomar distância’ do
que experimentamos vivencialmente converter assim a
própria experiência em objeto de estudo e interpretação
9
teórica e, ao mesmo tempo, em objeto de transformação. ”
(HOLLIDAY, 1995 p. 29)
Nesse sentido, a sistematização busca ordenar os conhecimentos e
percepções dispersas, auxiliando a recuperar aspectos da experiência,
desenvolvendo a capacidade de análise e síntese “para ir além de mera
descrição do acontecido” (HOLLIDAY, 1995 p. 74).
Assim, para decompor a complexidade dos fatos em diferentes aspectos,
trabalhando as diferentes características, penetrando em suas particularidades,
desenvolvendo a habilidade de relacionar uns aspectos com outros numa mesma ou
várias experiências que Holliday (1995) elege cinco tempos que auxiliam no processo
de sistematização. Sendo elas: o ponto de partida; as perguntas iniciais; a recuperação
do processo vivido; a reflexão de fundo: Por que aconteceu o que aconteceu? e os
pontos de chegada.
Nesse mesmo raciocínio é imprescindível participar da experiência
partindo da própria prática, definir o objetivo dessa sistematização, reconstruir a
história, analisar, sintetizar e interpretar criticamente o processo para assim
formular conclusões e comunicar a aprendizagem.
As experiências são processos sociais dinâmicos e complexos
carregadas de muitos elementos que se inter-relacionam em permanente
movimento e transformação. Por isso, torna-se fundamental a “tarefa de
compreendê-las, extrair seus ensinamentos e comunicá-los”. (HOLLIDAY, 1995
p. 25)
Pensando nisso, este relato está organizado em quatro partes: a presente
Introdução, a primeira sessão, um olhar para além dos limites da escola, a
segunda, de um pensamento utópico a uma prática possível e as Notas
Conclusivas.
10
SEÇÃO 1– UM OLHAR PARA ALÉM DOS LIMITES DA ESCOLA
A escola Centro Infantil a Arte de Nascer (CIAN), localizada na rua Luis
Xavier dos Santos, nº 100, Praia de Cotovelo (Distrito Litoral) - Parnamirim-RN.
Sua entidade mantenedora é a Associação A Arte de Nascer e não tem fins
lucrativos. Tem como missão oferecer uma educação integral buscando,
sobretudo, o desenvolvimento das qualidades humanas, assistindo as crianças
no que tange o despertar das relações de amor, paz interior e ação correta (PPP
da escola).
A escola Centro Infantil busca promover um sistema de competência
educacional de formação a partir de um conjunto de valores, comportamentos e
princípios que possibilitem uma educação para o conviver harmonioso entre os
seres humanos e destes consigo mesmos, com o meio e com a natureza,
auxiliando não só as crianças, mas também suas famílias a se moverem
positivamente como seres divinos (PPP da escola). Desse modo, o maior desafio
é possibilitar aos educandos condições objetivas para avaliar e compreender as
situações em que vivem e instrumentá-los para fazer boas escolhas e
perceberem-se como parte da sua família e da sociedade.
A escola oferece as etapas de Ensino Creche, Educação Infantil (Pré-
escola) e Ensino Fundamental (Anos Iniciais). É gerenciada pelo Projeto Político
Pedagógico, o Regimento Escolar e as Diretrizes curriculares oficiais. Possui
atualmente um quadro de 12 funcionários. Participam das atividades
educacionais cerca de 50 crianças, na faixa etária entre 02 a 09 anos de idade
em período parcial.
Os espaços de sala de aula são arejados e limpos, com um visual
diferenciado numa área verde e ventilada, oferecendo aconchegantes ambientes
de aprendizagem. A escola apresenta uma horta em formato de tartaruga, onde
as crianças cuidam, plantam, regam, conhecem as ervas e suas funções
terapêuticas. O jardim é, também, de suas responsabilidades e cuidados. Há o
parquinho e a praça da escola, um espaço voltado para o brincar livre e a tenda,
onde são realizados os eventos da escola e onde as crianças e professores se
11
reúnem todas as manhãs para o momento da harmonização. Tal momento
oportuniza o contato com a paz interior e o respeito à diversidade religiosa,
estimulando interações para uma vivência mais harmoniosa e saudável.
A sala do Grupo 3/Nível 4 (crianças de quatro a cinco anos), é o lócus da
experiência aqui relatada. Apresenta aspecto agradável e cores suaves. Há um
varal na parede onde ficam expostas as atividades das crianças, um pequeno
quadro branco, letras do alfabeto coladas na parede com as fotos das crianças
correspondentes a letra inicial de cada nome. Há, também, imagens de seus pais
representadas por desenhos feitos por elas mesmas e um painel em forma de
coração confeccionado pelas crianças, no qual estão coladas algumas palavras
de valores universais para lembrá-las da importância de preservar os bons
sentimentos nas atitudes e relações diárias. Na parede oposta à do painel há
uma mandala contendo o símbolo dos signos astrológicos com o nome de cada
criança, aonde elas podem reconhecer aspectos da sua personalidade,
valorizando e respeitando as diferenças.
A mobília da sala é adaptada as crianças, apresentando o tamanho ideal
para o seu conforto, sendo constituída por duas mesas: uma grande e outra
pequena, retangulares e sem pontas, uma caixa de brinquedos e um armário
contendo o material e suporte pedagógico. Há, também, um banheiro que atende
às condições de segurança e autonomia das crianças em suas necessidades
fisiológicas e de higiene.
Integram a turma seis meninas e nove meninos. As crianças, em sua
maioria, moram próximas da escola. São oriundas de famílias com renda baixa,
média e alta. Algumas são vegetarianas e lancham a comida oferecida pela
escola nesse mesmo ideal, apresentam hábitos de vida mais natural, e se afinam
com a proposta pedagógica da escola. A escola fundamenta seus princípios teórico-metodológicos, principalmente, nas
cinco técnicas básicas desenvolvidas a partir do programa de Educação em Valores
Humanos do educador indiano Sathya Sai Baba (VER QUADRO 1, p. 20). Apoia-se,
também, na Pedagogia Sistêmica idealizada por Bert Hellinger, nas teorias sócio
12
interacionistas de Lev Vygotsky (1896-1934) e na aprendizagem significativa e dialógica
de Paulo Freire(1921-1997). O Programa Sathya Sai de Educação em Valores humanos (PSSEVH) foi
elaborado na década de 1960 por um grupo de educadores composto por
psicólogos, pedagogos e professores que conheciam os ensinamentos de ordem
espiritual e educacional de Sathya Sai Baba. Todo o trabalho foi feito sob a
orientação e coordenação do próprio Sathya Sai Baba, Reitor da Universidade
Sathya Sai e considerado o maior educador da Índia moderna” (Fundação
Bhagavan Sri Sathya Sai Baba do Brasil 1ª Edição – 2016 p. 15). Seu conteúdo
é universal e por isso apresenta um caráter complementar aos programas de
ensino existentes, isto é, sua implementação não requer nenhuma mudança no
currículo principal. Na verdade, não demanda tempo extra e auxilia ao professor
a lidar com o programa curricular de uma maneira muito mais eficiente, uma vez
que o método não precisa ser realizado de modo direto.
A implementação do programa nas escolas ocorre a nível de sala de aula e
da escola como um todo. Há, portanto, dois enfoques: a abordagem direta e
indireta ou integrada. A primeira lida com a aplicação prática dos valores
humanos através dos cinco componentes básicos do programa: contar histórias,
citações, canto em grupo e sentar-se em silêncio. (Ver quadro na pág. 20), a
segunda, lida com a integração do valor e da forma como ele pode ser
desenvolvido na personalidade das crianças através do programa escolar
existente.
É fato que as escolas tendem a priorizar seus saberes tendo em vista a
formação técnica ou intelectual dos alunos, pois muito o homem se concentrou no
desenvolvimento da ciência e da tecnologia a fim de melhorar as condições
materiais de sua vida, deixando em segundo plano o interior, esquecendo de si
mesmo. Mas, se a escola pretende educar verdadeiramente, precisa ir para além
das funções cognitivas de escolarização, organizando a cultura escolar de forma
integrada, pois essa fragmentação reflete a triste realidade de violência social que
atinge a todos indiscriminadamente. Estamos numa crise de valores e a educação
vive uma situação dramática. Assim, para uma ação integral e um fazer integral,
torna-se imprescindível uma abordagem de educação holística e pluridimensional.
13
Se pensarmos por base etimológica, a origem da palavra Educar deriva
do latim educare, que significa “revelar o que está dentro” ou “conduzir para fora”,
isto é, deixar florescer as habilidades e potencialidades, tornando explícitos os
poderes inatos do homem, preparando-o para o mundo, para viver em
sociedade, para viver fora de si mesmo, mostrando as diferenças que existem
no mundo.
Nesse sentido, compreendendo que os diplomas, por si mesmos, não
significam educação, que não basta a transmissão somente de conhecimentos
científicos para alicerçar as bases de um verdadeiro fazer educacional, que “a
proposta de Sathya Sai Baba, em seu sentido mais central, é que o processo de
educação, além de oferecer excelência na formação acadêmica, visa
proporcionar às crianças e aos jovens as condições para a tomada de
consciência de sua verdadeira natureza, para viver sua vida exercendo toda sua
potencialidade, bem como manifestar sua essência de maneira natural, contínua
e permanente em seus pensamentos, palavras e ações.”(Fundação Bhagavan
Sri Sathya Sai Baba do Brasil 1ª Edição – 2016 p. 16-17)
Assim, o Centro Infantil a Arte de Nascer (CIAN) pretende desenvolver nos
alunos do programa de Educação em Valores Humanos o princípio da formação
baseada nos Valores Humanos Universais inerentes ao homem: VERDADE,
RETIDÃO, PAZ, AMOR e NÃO-VIOLÊNCIA, como ferramenta fundamental para um
fazer pedagógico multidimensional integrando todas as dimensões do humano e do
fenômeno educacional. Segundo Martinelli,
“A vivencia dos valores alicerça o caráter e reflete-se na conduta com
uma conquista espiritual da personalidade. No dinamismo histórico,
os valores permaneceram inalteráveis como herança divina em cada
um de nós, apontando, sempre, na direção de evolução pelo
autoconhecimento. Nesse grandioso drama humano, criado por
nossos erros e acertos, os valores abrem espaço e trazem inovações
essenciais para a sobrevivência da espécie e o cumprimento do
papel do ser humano na criação. ” (MARTINELLI, 1996, p.15)
14
Dessa forma, para esta autora, não é possível encontrar o propósito da
vida sem viver intensamente esses valores que estão registrados no âmago do
ser humano, ainda que adormecidos na mente.
Para isso, são trabalhados todos os aspectos da personalidade da
criança, tornando-a apta a viver sua vida com plenitude, desenvolvendo seu
potencial
“e sua pluridimensionalidade: A consciência do eu em decorrência
do autoconhecimento. A consciência do outro por meio do
conhecimento de que ninguém está só. A consciência de nós
mediante a percepção de que todos os seres vivos estão
integrados. A consciência universal por meio da compreensão da
vida, de que fazemos parte de tudo que existe no universo.”
(MESQUITA, 2013, p.43)
É essencial nesse contexto que a família volte a ocupar o lugar de educar
os filhos, e a escola perceba a criança não como indivíduos separados, mas
sempre como parte de um contexto de relacionamentos. A criança que chega na
escola não está desconectada do seu sistema familiar, ela expressa em seu
comportamento, na sua aprendizagem e relações com o outro todas as alegrias
e dificuldades vividas no seu núcleo. Pois, como diz a Professora alemã Mariane
Franke- Gricksch:
“As crianças conseguem suportar mais facilmente a insegurança que
advém desse novo campo, escola, assim como através do
aprendizado em si, quando são reconhecidas por tudo que trazem
consigo. Então a escola não é uma melhor alternativa do que a vida
em casa, mas um enriquecimento do que já existe. ” (FRANKE-
GRICKSCH, 2005 p.15)
Nesse sentido, o maior presente que o professor pode dar a uma criança
é o reconhecimento de seu destino, desenvolvendo o respeito a sua família de
origem fomentando dessa forma o bom desenvolvimento da criança e a sua
disposição para aprender.
Assim, o CIAN aproveita da pedagogia sistêmica, idealizada pelo
professor alemão Bert Helling, aspectos que possibilitam a identificação de
conflitos de relacionamentos para uma tomada de consciência nas resoluções
15
dos problemas existentes a partir de seus estudos acerca da natureza da
consciência pessoal e certas leis do inconsciente que ditam o comportamento
humano em grupos familiares e sociais as quais denominou “as ordens do amor”.
“A pedagogia sistêmica nos revela que muitas das intervenções
desenhadas para solucionar problemas na relação escola-aluno-família,
falham devido ao desconhecimento das leis que governam o grupo
familiar. Mostra ainda como é possível, através do conhecimento dessas
leis, atuar de forma simples e marcante, atingindo os objetivos
propostos. Nesse sentido, a abordagem não exclui nenhuma
metodologia já existente e aproveita todas as formações e
conhecimentos dos envolvidos na escola. A pedagogia sistêmica
promove a aprendizagem dos alunos mediante o trabalho conjunto com
a família e a escola e a tomada de consciência dessas leis”.(Pedagogia
Sistêmica - http://www.pedagogiasistemica.com.br/).
Segundo, Franke- Gricksch:
“Cada pessoa está numa relação recíproca de modos múltiplos com seu meio - ambiente. O que um de nós faz atua sobre os outros membros de nossa família ou grupo, atua no todo e atua de volta em nós mesmos... Cada mudança em algum lugar dá origem a uma mudança no todo ” (FRANKE- GRICKSCH, 2005, p.55-56)
É fato que não podemos distinguir completamente onde o “sistema
família” termina e o “sistema escola” começa e o “sistema social” interfere nesse
processo. Mas, sabemos que nenhum sistema pode ser mantido completamente
independente de outro sistema. Todos eles estão conectados entre si e
dependem um do outro para promover o desenvolvimento harmônico do Ser
Integral.
A abordagem sociointeracionista de Vygotsky afirma que o funcionamento
do psicológico humano vai se constituindo a partir das suas relações sociais.
Desde cedo a criança está em constante interação com os adultos que
compartilham com ela seu modo de viver e significar o mundo. Sendo assim, as
atividades realizadas pela criança e interpretadas pelo adulto adquirem
significado no sistema de comportamento social do grupo a que pertence. Como
diz Roseli Fontana:
“É na sua relação com o outro que a criança vai se
apropriando das significações socialmente construídas.
16
Desse modo, é o grupo social que, por meio da linguagem
e das significações, possibilita o acesso a formas culturais
de perceber e estruturar a realidade. ” (FONTANA, 1997
p.61)
Nessa perspectiva, o desenvolvimento humano se dá nas relações e nas
trocas entre parceiros sociais, através de processos de interação e mediação
desde o nascimento da criança.
É preciso entender que o desenvolvimento não é um processo previsível,
universal ou linear, pois ele é construído no contexto, na interação com a
aprendizagem a qual atua sobre a zona de desenvolvimento proximal
transformando o desenvolvimento potencial em desenvolvimento real. Para
Vygotsky,
“Segundo sua análise, o aprendizado (a atividade
interpessoal) precede e impulsiona o desenvolvimento,
criando zonas de desenvolvimento proximal, ou seja,
processos de elaboração compartilhada.
Observar a atividade compartilhada da criança possibilita
olhar para o seu futuro, pois “ O que é o desenvolvimento
proximal hoje será o nível de desenvolvimento real
amanhã – ou seja, aquilo que a criança é capaz de fazer
com assistência hoje ela será capaz de fazer sozinha
amanhã.” (Vygotsky, 1985). ” (FONTANA 1997 p.64).
Assim, tendo em vista que a sala de aula é composta por indivíduos em
diferentes níveis de conhecimento, tanto real quanto potencial, é preciso
possibilitar em situações de interações significativas que cada um seja agente
de aprendizagem do outro. Se em um momento o aluno aprende em outro ele
ensina, uma vez que o desenvolvimento é dinâmico e sofre modificações
qualitativas.
No caso da escola, o professor é o principal mediador, devendo estar
atento, de modo a que todos se apropriem do conhecimento e,
consequentemente, alcancem as funções superiores da consciência, pois é a
17
aprendizagem que vai determinar o desenvolvimento. Nesse sentido Vygotsky
destaca que,
“A educação escolarizada e o professor tem um papel singular no
desenvolvimento dos indivíduos. Fazendo junto, demonstrando,
fornecendo pistas, instruindo, dando assistência, o professor
interfere no desenvolvimento proximal de seus alunos
contribuindo para a emergência de processos de elaboração e de
desenvolvimento que não ocorreria espontaneamente. A escola,
possibilitando o contato sistemático e intenso dos indivíduos com
os sistemas organizados de conhecimento e fornecendo a eles
instrumentos para elaborá-los, mediatiza seu processo de
desenvolvimento. (FONTANA, 1997 p. 66).
É então na roda de conversa, a partir das concepções de Paulo Freire,
que se desenvolve o processo de conscientização sustentado por uma
dialogicidade em que é instituído o diálogo crítico e libertador o qual permite aos
educandos que pronunciem o mundo mediatizados por este mesmo mundo,
entendendo-o, decodificando-o, e quando necessário intervindo sobre ele para
transformá-lo. Freire diz que:
“O diálogo é uma exigência existencial. E se ele é o encontro em
que se solidarizam o refletir e o agir de seus sujeitos
endereçados ao mundo a ser transformado e humanizado, não
pode reduzir-se a um ato de depositar ideias de um sujeito no
outro, nem tampouco tornar-se simples troca de ideias a
serem consumidas pelos permutantes. ” (FREIRE, 2012
p.86)
Nesse sentido, segundo Freire, para que o diálogo se estabeleça ele deve
estar fundamentado no amor, na humildade e na fé.
“Ao fundar-se no amor, na humildade e na fé nos homens, o
diálogo se faz uma relação horizontal, em que a confiança de
um pólo no outro é consequência óbvia. Seria uma
contradição se, amoroso, humilde e cheio de fé, o diálogo não
provocasse este clima de confiança entre os seus sujeitos. ”
(FREIRE, 2012 p.88)
Desse modo, para ser dialógico é necessário que a palavra seja
verdadeira, pois se não houver um diálogo verdadeiro não há nos sujeitos um
pensar verdadeiro, um pensar crítico.
18
A roda de conversa se apresenta então como o momento pelo qual
educadores e educandos possibilitam se redefinirem no seu papel de ensinantes
e aprendentes como sendo uma via de mão dupla, uma vez que, “ensinando uns
e aprendendo outros, todos aprendem e ensinam, sem que isso signifique serem
iguais, ou que quem ensina não aprende e quem aprende não ensina”. (FREIRE,
2001 p. 141).
A roda funciona como um dispositivo que aciona a possibilidade das
crianças e dos adultos poderem compreender as questões que geram no grupo
situações diversas, como mal-estar, desconforto, percepções do mundo e da
realidade, emitindo dessa forma ideias, sentimentos e desejos que vão ajudando
o grupo a melhor compreender, perceber e modificar o contexto em que vivem,
suas relações, resolvendo através do diálogo crítico e libertador as questões e
conflitos expostos.
O CIAN entende que as aprendizagens adquiridas ao longo da vida de
cada ser humano acontecem quando os conteúdos têm significado para o
educando, ou seja, quando ele interage com sua realidade indagando-a,
conhecendo-a e transformando-a. o aluno é então convidado a perceber,
questionar e aperfeiçoar a realidade sócio/ambiental em que vive, devendo ser
respeitado em sua condição humana de vida, em suas características
individuais, convocando-o também ao respeito próprio e mútuo, a interação com
o outro e com a comunidade.
A metodologia praticada no CIAN parte do entendimento que valores como
respeito, compreensão e amor não podem ser considerados obsoletos e nem
dispensáveis, pelo contrário, são essenciais para o convívio social; sem estes
não há bons relacionamentos, não há diálogo ou entendimento. A perda de
valores humanos ocorre muitas vezes através dos maus exemplos, da ação
errônea do outro. Partindo do princípio de que os exemplos educam, o programa
de Educação em Valores Humanos no qual o CIAN se baseia orienta a utilização
de cinco técnicas básicas que, aliadas aos conteúdos curriculares, possam ser
inseridas nos processos educativos, permitindo trabalhar o ser humano de forma
plena e assim contribuir para o despertar dos cinco níveis de consciência:
19
1. Consciência emocional
O nível mental ou emocional está relacionado com a utilização apropriada
dos órgãos dos sentidos. As respostas emocionais à informação captada do
mundo através dos sentidos devem estar sob o controle da mente consciente,
de maneira que possam tornar-se instrumento do bem-estar individual e social.
Quando se experimenta o equilíbrio emocional, experimenta-se a Paz Interior.
2. Consciência intelectual
O nível intelectual é o que capacita o indivíduo para discernir entre o correto
e o incorreto, o duradouro e o efêmero, o importante e o supérfluo, o real e o
irreal, etc. Nesse nível, são trabalhados os aspectos ligados ao desenvolvimento
da capacidade da memória e ao aumento da intuição. Através desses
instrumentos, pode-se compreender o valor Verdade.
3. Consciência psíquica “Psíquico” está utilizado em seu sentido grego original (psiché), significando
alma. Esse nível relaciona-se com o aspecto da personalidade humana mais
difícil de descrever, por ser a qualidade em cada um de nós que culmina na fonte
do amor. O Amor, como foi comentado, não é uma emoção, um simples
sentimento, ou forma de relacionamento, mas a energia que flui em cada ser.
Essa energia pode ser direcionada a outro ser ou a outros seres, pode ser
recíproca ou unidirecional; expressa-se em todas as formas de relação. O fluir
mais intenso do Amor requer o desenvolvimento do “aparelho psíquico”, isto é,
da alma e dos instrumentos de que ela se vale para manifestar-se. A mente
(fonte geradora de pensamentos e sentimentos) deve submeter-se ao intelecto
(fonte de discernimento), aconselhado pela consciência. Da harmonia entre ele
experimenta-se essa energia suprema que a tudo envolve e que a tudo abarca,
o Amor.
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4. Consciência física O nível físico está relacionado com a ação. Envolve o esforço dedicado à
execução de tarefas necessárias para uma vida útil à sociedade e o
desenvolvimento de bons hábitos, com a disciplina necessária para cumprir as
metas propostas para a vida. Esse nível está associado ao valor da Retidão. A
atuação íntegra desenvolve a autoconfiança, a coragem de empreender, a ética,
a dignidade, a honra, a confiabilidade etc. Esse nível está associado ao valor da
Retidão
5. Consciência espiritual O nível espiritual é aquele em que se experimenta a unidade na diversidade.
Nessa condição, é natural o estado de Não Violência, o que se aplica a todos os
seres vivos, à Mãe Terra e ao Cosmos inteiro.
FONTE: Fundação Bhagavan Sri Sathya Sai Baba do Brasil 1ª Edição – 2016 (p.25 e 26)
As cinco técnicas se desenvolvem da seguinte forma:
1. Harmonização:
Esta técnica consiste em encorajar os alunos a permanecerem sentados em
silêncio por uns poucos minutos, todos os dias através da meditação, visualizações
criativas, pois, permite que o indivíduo se comunique com seu próprio ser interno
abrindo espaços para o autoconhecimento, a transformação e a criatividade. Seu
resultado é ajudar a criança a discernir, discriminar e a usar eficazmente a
faculdade da intuição auxiliando o indivíduo a estar em sintonia com a voz da
consciência dentro de si. Quando se experimenta o equilíbrio emocional,
experimenta-se a Paz Interior.
2. Citação:
A técnica das citações pelo seu autopoder de síntese auxilia as crianças a
refletirem sobre as experiências dos grandes homens da humanidade,
estimulando o pensamento analítico capacitando os indivíduos a se
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relacionarem melhor entre si pela capacidade de ouvir e refletir sobre a posição
dos outros. Estando relacionada com a verdade.
3. Histórias:
Desenvolvida através de histórias, narrativa de contos, mitos, fábulas e
parábolas. Essa técnica é muito eficiente no processo de interiorização dos
valores humanos. Uma história gera interesse, captura a atenção e deixa lições
para reflexão e para conformar as ações. Elas têm impacto direto na conduta
das crianças e são, por isso, extremamente úteis no cultivo da Ação Correta.
Quando os professores transmitem ensinamentos através de contos ou
parábolas, as lições penetram no nosso ser profundo e a linguagem simbólica e
alegórica fala aos níveis mais sutis da consciência. A identificação com heróis,
santos, líderes espirituais e mestres de todas as culturas acontece pelo
sentimento mais do que pelo raciocínio, e os valores são corporificados pelos
personagens e mais facilmente reconhecidos pelos alunos em si mesmos.
4. Canto em grupo:
É uma importante técnica na experiência da harmonia e ritmo interno.
Quando as crianças cantam juntas, elas compreendem o valor da cooperação,
pois mesmo se apenas uma delas cantar diferentemente, a canção inteira será
perturbada. Cantar melhora a memória, promove a autoestima, a autoconfiança,
carrega o ambiente de vibrações rítmicas e, acima de tudo, envolve o indivíduo
em um sentimento de alegria.
5. Atividade em grupo:
Desenvolvida através da técnica dos trabalhos em grupo. As crianças são
por natureza dinâmicas, e as atividades em grupo ajudam o professor a promover
a canalização da energia das crianças em atividades sadias, o senso de
disciplina e o sentimento de cooperação, desenvolvendo ,ainda, a capacidade
de aprender com os demais tomando a consciência da existência da
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diversidade(opiniões, aptidões, atuações), trabalhando o valor da não violência
auxilia na expansão criativa da inteligência e amplifica a sensibilidade.
Para facilitar a compreensão global da proposta, incluímos o seguinte
quadro.
QUADRO DOS VALORES, TÉCNICAS E NÍVEIS DE
CONSCIÊNCIA BASEADOS NO EDUCARE
VALORES TÉCNICAS NÍVEIS DE
CONCIÊNCIA ATUAÇÃO
PAZ Harmonização Mental/emocional Pensamentos e
Sentimentos
Verdade Citações e Provérbios
Intelectual
Discernimento
e Intuição
Retidão Histórias ou
Contos Físico Palavra e ação
Amor Canto em grupo Psíquico Fluição do
amor
Não Violência Atividades em
Grupo Espiritual
Ser e Compreender
FONTE: Fundação Bhagavan Sri Sathya Sai Baba do Brasil 1ª Edição – 2016 (p. 39)
As escolas precisam proteger as crianças de ações e atitudes de
discriminação, sendo necessário buscar compreendê-las observando suas
aptidões, temperamento, tendências, dificuldades, considerar seus contextos,
despertando-as para os seus potenciais sem enquadrá-las em certas categorias
e rótulos. O acompanhamento de cada criança exige paciência e uma
compreensão clara do propósito de educação. Tudo isso requer do professor
uma mente flexível e desprovida de preconceitos. Exige habilidade, interesse
verdadeiro e, sobretudo, um sentimento de afeição. E assim, despertar o Ser
integral que está latente no interior de todos, garantindo uma vivência na escola
pautada no amor e no respeito mútuo.
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SEÇÃO 2 – DE UM PENSAMENTO UTÓPICO A UMA PRÁTICA POSSÍVEL
É a partir do projeto Páscoa Solidária desenvolvido na escola Centro
Infantil a Arte de Nascer (CIAN), que me proponho a relatar a minha experiência
em sala de aula e as intervenções feitas com as 15 crianças do grupo 3,
interpretando e refletindo criticamente a experiência real numa proposta
pedagógica que permite ao sujeito questionar a realidade formulando problemas
a fim de resolve-los, utilizar o pensamento lógico, o diálogo, a criatividade, a
intuição, a capacidade de análise crítica, os valores da retidão, do amor e não
violência, selecionando procedimentos com base nas qualidades humanas.
Dentro da temática da páscoa que inspira renovação, vida,
transformação... rompendo com a cultura do consumo que envolve esta data e
observando tantos animais abandonados nos arredores da escola que foi
pensado no projeto Páscoa Solidária – por amor aos animais, a fim de contribuir
com uma ação que pudesse auxiliar as crianças a compreenderem os animais
como seres com vida, que necessitam de cuidados básicos, desde o afeto, a
alimentação, condição para uma sobrevivência digna, como também identificar
as causas de abandono dos animais e conscientizar toda a comunidade a
assumir o seu papel de corresponsabilidade pelos animais.
A experiência se deu dentro de uma realidade favorável ao
desenvolvimento e execução do projeto, onde toda a escola participou
ativamente e cada educador pode vivenciar experiências de acordo com a
capacidade de compreensão de cada educando, no sentido de ser solidário em
um contexto mais abrangente, renovador, belo e transformador, possibilitando o
despertar de uma consciência mais amorosa e empática em torno dos animais.
Para este fim, usei de recursos pedagógicos diversos, como atividades
desenvolvidas a partir de diálogos e problematizações sobre a cultura do
abandono dos animais de estimação, os cuidados que se deve ter com o animal,
o preconceito e misticismo e crendices em torno da figura do gato preto,
realizando atividades que em seu conjunto promoviam, também, a
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formação do letramento, atividades artísticas, dança, corpo e movimento,
contação de histórias e brincadeiras ao ar livre.
A abordagem utilizada na prática dos cinco componentes básicos do
programa de Educação em Valores Humanos foi a abordagem indireta, que lida com
a integração do valor através do programa curricular já existente.
Para isso, o projeto Páscoa Solidária definiu os seguintes objetivos, com
base no Projeto Geral da escola:
Objetivos específicos:
- Contribuir com a reflexão de atitudes de cuidado e proteção dos animais do nosso entorno;
- Participar de ações sociais que resgatem valores humanos como respeito pela
vida e responsabilidade com os problemas da comunidade.
- Pronunciar as palavras de acordo com sua faixa etária;
- Expressar oralmente sentimentos, desejos e vontades;
- Ouvir e esperar a sua vez de falar;
- Narrar histórias conhecidas e fatos ocorridos;
- Leitura de imagens em contextos diversos (Gravuras, fotografias...);
- Formular perguntas;
- Conhecer alguns animais e suas características;
- Observar e descrever animais identificando semelhanças e diferenças entre eles;
- Desenvolver hábitos e atitudes de cuidado, preservação e valorização do meio
ambiente.;
- Movimentar-se ao ritmo de músicas explorando as possibilidades de gestos, posturas e ritmos musicais;
- Concentrar-se nas atividades propostas;
- Apresentar curiosidade no conteúdo trabalhado;
- Expressar-se oralmente quando convidado a falar de suas experiências
pessoais na roda;
- Participar das atividades com atitude de cooperação;
- Respeitar as suas produções e as produções dos colegas
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- Demonstrar tolerância, compreensão e respeito as diferenças individuais;
- Participar dos trabalhos em equipe respeitando o outro;
- Ajudar a organizar o espaço após a realização das atividades;
- Demonstrar confiança em si mesmo;
- Utilizar o controle emocional para harmonizar suas energias buscando a paz em seu interior.
O projeto definiu, também, as seguintes problematizações:
- Quais os animais de estimação que temos em casa?
- Como são criados os animais de estimação em nossa casa?
- Quais os cuidados que devemos ter com esses animais?
- Existem maus tratos e abandono dos animais de estimação?
PRÁTICA
A harmonização é realizada diariamente no primeiro momento da manhã
na tenda da escola. As crianças sentam em círculo e fazem um minuto de
silêncio acalmado a mente e o corpo, abrindo espaço para o olhar interno, para
o autoconhecimento. Em seguida fazemos o canto grupal colocando as crianças
em harmonia trabalhando o ritmo externo para manter o ritmo interno e o canto
devocional em respeito a toda diversidade religiosa.
Desse ponto em diante, apresento as descrições das atividades
vivenciadas no Projeto e busco refletir sobre elas com base nos princípios
teóricos do CIAN:
Aula 1ª. Data: 31/03/20017
Levantamento dos conhecimentos prévios e quem tem animal de estimação em
casa.
Nessa primeira prática propus as crianças para que sentássemos em
círculo, num tapete no canto da sala, a fim de levantar com eles os
conhecimentos prévios, observando o contexto como mediadora atenta,
transformando em aspecto processual, o desenvolvimento potencial em
desenvolvimento real assim como preconiza Vygotsky.
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Perguntei: vocês têm animal de estimação? A esse questionamento
todos responderam de modo afirmativo demonstrando que sabem em certa
instancia o que é um animal de estimação, então avancei perguntando: Quais
são esses animais? A maioria falou gato e cachorro, um outro citou sua galinha
da angola.
Nesse instante as crianças citaram os animais com os quais apresentam
vínculo em seu lar acessando sua memória afetiva. Com a intenção de
aprofundar ainda mais esse olhar pedi na dinâmica do “bastão que fala” para que
falem do seu animal de estimação e o que mais gostam nele.
Essa dinâmica, do bastão que fala, é uma técnica usada pelas tribos
nativas norte americanas como forma de desenvolver em suas reuniões a escuta
respeitosa dando a todas as pessoas o direito de dizer. Somente quem está
segurando o bastão tem o direito de falar naquele momento, e assim sem
julgamento, os outros mesmo não concordando são obrigados por sua honra
pessoal a permitir que cada um expresse seu sagrado ponto de vista.
Respeitando e colocando-se no lugar do outro. Podendo, desse modo, encontrar
meios comuns para melhor resolver os conflitos e desordens existentes.
Para que todos tenham direito a voz, inclusive os tímidos, uso desse meio
com o objetivo de ajudá-los a saber esperar a sua vez de se expressar
desenvolvendo a paciência, o respeito pelo direito de dizer do outro e despertar
uma escuta amorosa e ativa.
Nesse diálogo aberto, segurando o bastão cada criança pôde revelar o
que sentia em relação aos seus animais de estimação, muitos depoimentos das
suas vivências surgiram: como quando uma das crianças revela que seu
cachorrinho adora comer a roupa do varal quando a mamãe estende, ou quando
eles destroem os sapatos, ou quando fazem xixi onde não devem, quando a
criança observa que o ovo da galinha d’angola é azul e não branco, ”Eu amo a
menina, minha cachorrinha...” disse uma delas, “ sinto falta da Girica que já
morreu ” disse outra, e uma criança revelou que seu gatinho fugiu e nunca mais
apareceu, e que ela sente muita saudades.
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Nesse ínterim, percebemos que todas as crianças da turma têm ou já
tiveram animal de estimação. E pelo contexto emocional do diálogo e
depoimentos foi percebido o quanto os animais de estimação são importantes
para todos em suas vidas.
Depois dessa primeira conversa, pedi para que levantássemos e
fossemos para a mesinha fazer atividade. Na mesma havia uma casa com
alguns animais dentro e uma frase: “Na minha casa os animais são amados e
respeitados”. Eles deveriam então pintar essa casa e registrar numa caixa de
texto abaixo o nome do seu animal.
Nesse processo escrevi no quadro branco o nome do animal de cada
criança, elas identificavam e copiavam na caixa de texto. Alguns conseguiram
desenvolver com mais facilidade, pois são silábicos com valor sonoro, já
reconhecem o sistema alfabético e entendem que a escrita representa a fala,
associando o som das palavras as letras, outros por serem pré-silábicos
precisaram de ajuda e escreveram da forma como sabiam, usaram do sistema
alfabético e de símbolos que para eles representavam letras. Apenas um usou
de garatujas.
Encaminhei para casa, uma atividade para que junto ao adulto pudessem
escrever a história do animal que foi adotado por elas e/ou pela família.
Aprofundando ainda mais esse olhar amoroso para o seu animal de estimação
e sua história com ele.
Os valores trabalhados com as crianças, atenta para a necessidade de
fortalecer o vínculo amoroso com o seu animal de estimação e o olhar empático
para esses animais, foi possível trabalhar também a paciência para consigo
mesmo, tolerância e respeito para com o outro em sua forma de pensar e se
expressar, o compartilhamento verdadeiro das trocas de experiências, a
consideração estando atento aos depoimentos, a cooperação e a harmonia
fomentando por meio das atividades aspectos complementares a uma reflexão
e atuação digna no propósito estudado.
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Aula 2. Data: 03/03/2017
Os cuidados que devemos ter com os animais de estimação
No segundo momento adentramos nas questões acerca dos cuidados que
os animais de estimação precisam. Como são criados os animais de estimação
em nossa casa? Como podemos cuidar deles para que possam ter uma
existência digna?
Esse diálogo aconteceu numa roda de conversa, de maneira mais livre.
Cada criança em seu tempo, falaram do banho, de comida, água... falaram
também de carinho e afeto. Perguntei: E quando eles adoecem, precisam ser
cuidados? Que tipos de cuidados? Elas pensaram e uma respondeu: tem que
levar no médico de animais, outra disse: tem que dar remédio. Então, a fim de
problematizar um pouco mais, trazendo percepções e aspectos que envolvem o
abandono de animais, perguntei: É justo abandonar os nossos animais quando
doentes? Eles prontamente responderam um sonoro NÃO, que tem que cuidar
e levar no médico para ficarem bom!
Disse a eles que algumas pessoas faziam isso e por esse motivo
percebíamos muitos animais maltratados na rua sem um lar para morar.
Perguntei se eles já haviam cuidado de algum animal que viram na rua. Uma
aluna respondeu que sim, disse que junto a mamãe encontrou uma cachorrinha
atropelada e as duas a levaram ao veterinário para se tratar. Outra disse que
sempre ajuda seu bichinho quando ele precisa.
Esse diálogo permitiu que desenvolvêssemos, a partir da perspectiva
Freiriana, um processo de conscientização, desafiando os alunos em suas
percepções, possibilitando a todos, professora e alunos, a compreender e
encontrar nessa troca de ideias, soluções que possam resolver as questões
dialogadas intervindo sobre a realidade para transformar o seu contexto.
Esse diálogo permanente me trouxe subsídios para seguir com a
atividade de pintura fortalecendo a temática trabalhada no dia, onde a medida
que coloriam podiam revelar os cuidados que já tiveram com algum animal.
Estimulando a criatividade e reflexão continua.
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Para casa encaminhei uma atividade onde eles pintariam uma casinha
para um cãozinho e nela havia dizeres que lembravam as crianças da
necessidade de cuidar do seu animal. Para assim refletirem junto com a família
sobre os aspectos de responsabilidade para com o animal de estimação
trabalhando o valor da ação correta.
Aula 3. Data: 04/04/2017
Simulação de abandono de um animal e de um “Hospital Veterinário”.
Trazendo um pouco de pratica e vivência, diante de tudo o que
conversamos nos momentos anteriores, simulei para eles o abandono de um
animal, sendo este de pelúcia, dentro de uma caixa de papelão, com um pano
velho em cima, escondido em algum lugar da escola.
Ao sentar com eles na roda de conversa como de práxis, falei que quando
cheguei na escola havia escutado o choro de um animal, mas não sabia onde
ele estava, falei que parecia estar doente e achava que foi abandonado. Disse
que ele precisava de cuidados e que para ajudar o animal precisávamos achá-
lo.
Antes que pudesse dizer mais alguma coisa já estavam todos de pé
ansiosos por encontrar o bichinho. Pedi calma e silêncio, então disse a eles que
o animal parecia estar com medo e que fossem com calma e sem fazer barulho
para não o assustar. É claro que foi uma calma apressada!!!
Nos deslocamos para parte externa da sala, e quase correndo
rapidamente encontraram a caixa e a levaram para sala. A colocamos no centro
do nosso tapete. Perguntei que animal eles achavam que eram? Pelo tamanho,
eles pensaram ser um gato, pedi então para um dos alunos abrir a caixa e puxar
o paninho. Descobriram que era um cachorrinho. Uma das crianças disse: Tia
Tathi, é de pelúcia, não é de verdade!!! Disse que era para usarmos da
imaginação, fazer de conta que era um cachorrinho real e que assim
dedicássemos os mesmos cuidados e atenção.
Pedi para que observassem o animal e dissessem o que viam nele. De
imediato perceberam que ele estava cheio de bichinhos esquisitos espalhados
no corpo, que ele estava mesmo doente e que necessitava de cuidados.
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Perguntei que bichinhos eram aqueles, e o que eles faziam ali? Uma das
crianças respondeu que eram carrapatos. Disse que havia outro bichinho, que
pulava muito, logo identificaram ser a pulga. Disseram que eles bebiam o sangue
do animal.
Os carrapatos foram representados por impressão feita e recortada do
desenho do animal, e as pulgas por bolinhas de papel crepom preto.
Perguntei quais cuidados deveríamos ter com um animal nessa situação,
e como poderíamos retirar as pulgas e os carrapatos sem machucá-lo, e um dos
alunos, o mais tímido nas relações de fala e envolvimento coletivo, disse para
minha surpresa, ser com uma pinça.
Fui orientando eles com os cuidados necessários. Primeiro acolhemos o
cachorro com cuidado para que não se assustasse e nos mordesse, todo
primeiro contato deve inspirar confiança, não podemos pegar o animal que não
conhecemos sem a sua permissão. Deixamos então ele sentir nosso cheiro e
mais calmo o pegamos.
Apresentei para eles um frasquinho contendo um líquido dentro, disse-
lhes que antes de tirarmos os carrapatos e pulgas deveríamos colocar o remédio
no dorso para que quando os parasitas fossem sugar o sangue do animal se
embebedem do remédio e morram. Fiz essa etapa, orientando que apenas os
adultos podem manipular remédio!!!
Após essa fase, pegamos um potinho e uma pinça e cada criança tirou
uma determinada quantidade de pulgas e carrapatos, colocando-os dentro do
pote, pois não poderia ser no chão, de modo que todas pudessem contribuir para
a melhora do cachorrinho. Após termos cuidado dele, vimos que precisava
também de alimento e água, banho e muito carinho para reestabelecer sua
saúde.
Quando todos estavam satisfeitos com os resultados e contribuições que
deram, perguntei o que deveríamos fazer com o cachorro, se o devolveríamos
para a rua.
- Não, disseram todos.
-Tive uma ideia disse, por que não o adotamos? Disse uma das crianças.
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Todos concordaram com a ideia, mas como vamos chama-lo, perguntei.
Vários nomes surgiram ao mesmo tempo. Para que não nos perdêssemos em
meio a tantas sugestões escrevi os nomes no quadro e percebi que a maioria
escolheu o mesmo nome de seus animais de estimação: Xanana, Toquinho,
Menina, Girica, Marraraj...
Fomos para votação, e apenas por dois votos Xanana foi o nome
escolhido. Algumas crianças tiveram mais frustração que outras por seu nome
não ter sido escolhido. Ficaram um pouco tristes e emburradas. Mas, no final
compreenderam que na coletividade a nossa individualidade dá lugar a união, e
que o mais importante era cuidar da Xanana, nossa cachorrinha.
Tendo em vista que Xanana era da nossa responsabilidade, decidimos
que íamos cuidar dela e que cada criança da turma poderia levá-la para sua casa
e trazer no dia seguinte. Assim iniciamos o rodízio com a turma.
Essa vivência permitiu trabalhar com eles em equipe no socorro e
cuidados com o animal abandonado. Reforçando tudo o que foi aprendido e
discutido sobre o animal de estimação até o momento, permitindo o intercâmbio
e a interação de modo que o processo de aprendizagem ocorresse em todas as
direções.
Os trabalhos em equipe propiciam a consciência de grupo, de unidade,
de cooperação entre os alunos. Nelas, não há competição. Apenas há sucesso
no trabalho quando todos têm sucesso individualmente. Como há um único
projeto sendo executado, “meu” sucesso depende do sucesso do outro e eu torço
por ele. Desse modo, buscou-se desenvolver e cultivar o sentimento de
cooperação, capacidade de aprender com os demais e a capacidade de
enfrentar os desafios.
Enviei nesse dia uma atividade de casa cujo propósito era eles
entenderem que todos somos responsáveis em proteger e cuidar dos animais e
assim escrever um recadinho para conscientizar as pessoas a não maltratarem
os animais.
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Aula 4. Data: 05/04/2017
Leitura interativa do animal, os cuidados sobre ele e acolhimento, a perda de um animal de estimação.
Algo inesperado aconteceu. Ao coletar as atividades de casa das
crianças, numa delas havia a seguinte observação:
Nota da mamãe:
“Menina foi a cachorra mais meiga, grata e companheira que tivemos. Ela foi
para o céu dos cachorros no dia em que a Analu fez essa atividade!!! “
A partir desse fato mudei o meu planejamento do dia, trazendo novos
elementos. Precisava acolher a Analu e a morte da Menina, sua cachorrinha. Era
preciso ressignificar a perda de um bichinho e aliviar o coração angustiado de
uma criança fazendo com que o luto fosse mais leve, melhor compreendido
entendendo que as relações quando são estabelecidas com o coração e amor
verdadeiro jamais se rompem.
Assim, mais atenta a Analu, percebi de fato uma tristeza em seu olhar,
ela estava de braços cruzados encostada na parede no canto da sala e
emburrada. Me aproximei, me ajoelhei para ficar da sua altura e perguntei o que
tinha acontecido para ela estar daquele jeitinho, ela me olhou e ficou em silêncio,
a sua amiguinha que estava por perto logo me respondeu, tia Tathi, a Menina
morreu!!!
Eu simplesmente abracei a Analu, olhei em seus olhos e disse algumas
frases que são usadas na pedagogia sistêmica:
- Eu vejo você, olho em sua mesma direção e sinto o que sente!!! Há um
lugar nessa escola e em meu coração que pertence a Analu e aceita ela do jeito
que é!!!
Tal atitude traz a finalidade de poder me conectar com o que de fato ela estava
sentindo, acolhendo-a em todo o seu contexto, em reverência pelo que
é inevitável e as vezes incompreensível para assim ajudá-la a sair do lugar onde
estava, pois, “uma mudança em situações difíceis acontece quando a própria
criança consegue respeitar o seu destino” (FRANKE-GRICKSCH, 2005 p.15).
33
Disse que naquele dia iríamos homenagear a Menina e que o dia será todo
para ela. Analu, sentindo-se acolhida, abriu um largo sorriso e disse: “É mesmo tia
Tathi, o que vamos fazer?” “Você vai ver”, eu respondi.
Já mais animadinha, sentamos na roda de conversa e mostrei para ele as
atividades do registro dos animais de estimação, fui falando do animal de cada
um quando cheguei na atividade da Analu falamos sobre o que tinha acontecido
com a Menina. A Julia logo lembrou da morte de Girica e tentou consolar Analu,
naturalmente começamos a discutir brevemente sobre a morte.
A Julia falou que quando morremos viramos espírito, porque espírito são
pessoas mortas. As crianças ficaram olhando e então eu disse que acreditava
que espírito é uma energia que dá vida ao nosso corpo, e que quando morremos
essa energia permanece e podemos em outro momento dar vida a um novo
corpo voltando a viver junto daqueles que amamos. Pensando assim, a Menina
também poderá voltar em um outro corpo. As crianças ficaram felizes em ouvir
aquilo, e pensamos então o que a Menina gostaria de ser numa nova vida, uma
disse que ela voltaria como outro cachorro, outra disse que viria como um gato,
outra disse como a Moana do filme, todos riram. Eu disse sim, por que não uma
menina? A Analu disse lindamente que ela poderia vim como a Mãe terra, para
cuidar de todos.
Ainda nesse diálogo, refletimos sobre a importância de cuidar dos
animais, pois eles são muito dependentes da gente. Que deveríamos sempre ter
atenção em dar comida, água, brincar, fazer carinho, etc... para que possam ter
vida longa.
No final dessa etapa, percebi em Analu o luto resgatado e acolhido, o que
lhe proporcionou um novo sentimento de segurança e respeito pelo destino da
Menina, acolhendo o carinho e as ideias dos colegas.
Em seguida nos levantamos e sentamos na mesa, era o momento da
contação de história a partir do livro a “A pulga e a Daninha” de Pedro Mourão.
Cuja história fala de uma pulga que mora nos pelos de um cão e reflete de certa
maneira os cuidados que se deve ter com o animal.
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Falei para eles o nome do autor e quem fez a ilustração. Eles acharam
muito engraçado esse momento, pois muitos autores são estrangeiros e os
nomes causam estranheza. Todos ficaram muito atentos com a história por que
os coloquei naquele dia como personagens. Sendo a Analu e a Menina os
personagens principais.
Primeiro chamamos a história a partir de uma música que aprendi com
uma contadora de histórias, mãe de um dos alunos da turma. Então peguei o
meu tambor e eles com as palmas, cantamos:
“Conta uma história pra mim (2x)
Uma história que tenha começo, meio e fim.
Lê uma história pra mim (2x)
Uma história que tenha começo, meio e fim.” Contei a história adaptando os personagens e fizemos o trabalho da
Leitura Interativa, em que exige deles uma participação mais ativa em que
refletem se gostaram ou não da história, pintando um rostinho alegre ou triste e
fazem um desenho representando a parte que mais lhe interessou.
Eles apresentam muito interesse em desenhar bem, então quando não o
sabiam fazer solicitaram minha ajuda para dar forma ao desenho de maneira
satisfatória. Faço isso desenhando passo a passo no quadro e eles vão dando
forma do jeito que conseguem.
Nesse contexto, trabalhei com eles a história a fim de desenvolver a
imaginação e a criatividade, como também incitar uma conduta adequada, pois
quando encontramos semelhança e identidade entre a história e nosso cotidiano
ou nossa própria experiência, o processo de assimilação da mensagem
abordada se completa de maneira natural, uma vez que ela se dá mais pelo
sentimento do que pelo raciocínio.
Nesse contexto, no decorrer do dia a Analu ficou todo o tempo abraçada
na Xanana, que nesse dia decidimos ser a Menina, e tomou para si a
responsabilidade de cuidar dela. Então tudo ela fez com a Menina, lanchou,
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brincou no parquinho, fez atividade, lhe deu carinho e afeto e no final dia pôde
levar a Menina (Xanana) para cuidar em casa e dormir com ela.
Mandei para casa a atividade cães, para que pudessem melhor observar
esses animais e falar um pouco do que sabem sobre eles.
Alguns dias depois percebi a Analu, feliz por ter cuidado da Menina
(Xanana), e sua mãe conversou comigo demonstrando emoção sobre o
acontecido na sala e disse que percebeu de fato Analu melhor, sem mais pesar
com a morte da Menina.
Aula 5. Data: 06/04/2017
Rompendo os preconceitos e crendices que envolvem o gato preto
Mais uma vez usei da roda de conversa para refletirmos um pouco sobre
a condição de vida dos gatos pretos, levei para este momento algumas placas
coloridas com fotos do gato preto contendo algumas frases de solidariedade,
reflexão e respeito.
Em nossa roda, perguntei que animal era aquele e qual a sua cor? Elas
disseram ser um gato preto. Perguntei por que algumas pessoas tinham tanto
medo de gato preto? Uma das crianças respondeu que era por que gatos
arranhavam, outras disseram que eles poderiam morder, mas nenhuma
identificou o misticismo e preconceito em torno desse animal.
Contei para elas que algumas pessoas tinham medo do gato preto, por
que acreditavam que eles davam azar.
Perguntei se sabiam o que era azar, a maioria disse não saber, e outras
tentaram inventar algo. Ao perceber que não sabiam, de fato lhes expliquei que
azar é má sorte. Ainda assim continuaram sem entender. Então disse através de
exemplos:
- É quando estamos comendo um picolé e de repente ele cai no chão,
(todos riram) ou quando vestimos uma roupa legal e ela se rasga, ou quando
não vemos a poça de lama e pisamos nela com nosso sapato novo (riram
novamente e pediram mais exemplos) então em meio a diversão, disse-lhes que
azar é acreditar que algo de ruim irá nos acontecer. E algumas pessoas
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acreditam que ter ou ver um gato preto é achar que algo ruim vai lhes acontecer.
Muitas crianças acharam estranho esse comportamento das pessoas, e
disseram que era apenas um gatinho fofinho, que na escola sempre havia um
gatinho preto andando no muro e nos telhados. Uma delas disse que era o gato
Shanti, do Alvamar, professor de musicalização.
Percebemos que gato é sempre gato independentemente da cor do seu
pelo, e que merecem os mesmos cuidados, atenção e amor.
Então fomos fazendo a leitura das placas refletindo sobre elas e no final
repetimos todos juntos uma das frases das placas que dizia assim: “Gato preto
não dá azar, gato preto dá amor”.
Nessa conversa pude ampliar ainda mais as percepções das crianças em
torno da realidade dos gatos pretos, e junto com elas pudemos pensar e
encontrar soluções para transformar a realidade de preconceitos que envolve
esse animal a partir de um diálogo verdadeiro e crítico.
Apresentei para eles a música, vira-vira da palavra cantada, e cantamos
juntos, pois a maioria já conhecia, e com a professora de dança fizemos uma
coreografia.
Nessa atividade trabalhei o canto em grupo, encorajando-os a cantarem
juntos, trabalhando sua autoconfiança, colocando seu sistema interno em
harmonia e ritmo, carregando o ambiente de vibrações rítmicas, prática esta que
ajuda também a melhorar a memória.
Para casa foi uma atividade para colorir o gato do artista Romero de Brito
e colocar o nome dos amigos que criam gato em casa.
Aula 6. Data: 07/04/2017
Dança do vira- vira (Palavra cantada), o gato preto.
Demos continuidade com o ensaio do gato preto, pois iríamos nos
apresentar na escola no dia da páscoa. Aprendemos mais sobre a música, a
coreografia, a nossa responsabilidade e comprometimento.
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As crianças nesse processo apresentaram facilidade e agilidade em
desenvolver os movimentos estimulados, movimentando-se ao ritmo da música
explorando as posturas e ritmos corporais sugeridos. Decidimos, a professora
de dança e eu, permitir que eles se conduzissem sozinhos na dança, sem o
adulto dançando junto, a fim de fortalecer a confiança, auto estima e autonomia
das crianças. Para isso elegemos a aluna que melhor se desenvolveu no
processo para ser a monitora auxiliando os colegas na execução da coreografia.
Ela se tornou o espelho para os outros e tudo aconteceu de maneira satisfatória.
Pedi para os pais mandarem para a escola fotos das crianças com seus
bichinhos para colocar no mural da escola no dia da apresentação, bem como
roupas pretas.
Encaminhei para casa uma atividade para colorir o cachorro do artista
Romero Brito e escreverem o nome das crianças que tem cachorro na sala.
Aula 7. Data: 10/04/2017
Conhecendo o espaço da apresentação e confecção das orelhas do gato
preto
Fizemos mais um ensaio, na tenda da escola, local onde ocorrerá todas
as apresentações, a fim de que as crianças utilizem pontos de referência para
situar-se e deslocarem-se no espaço se movimentando com confiança,
utilizando os conceitos básicos de posição (frente/atrás, embaixo/em cima, ao
lado/ entre). Mesmo os mais tímidos dançaram com desenvoltura e os menos
confiantes nos movimentos corporais se arriscaram mais.
Uma das crianças estava agitada no dia, correndo para todos os lados. A
professora de dança lhe trouxe então a lembrança do pai acrobata, das coisas
lindas que ele já havia aprendido com o papai e como seria interessante trazer
esse movimento para o momento da dança mostrando para as outras crianças
como se faz. Ancorando desse modo a energia da figura masculina que traz
consigo, segundo Berth Hellinger (FRANKE-GRICKSCH, 2005), a energia da
força e movimento na realização e concretização das nossas ações no mundo.
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De imediato a criança parou de correr e logo se agrupou mostrando com
orgulho como era um bom dançarino igual ao papai se tornando um bom monitor
para o grupo. As crianças mais uma vez nos surpreenderam pelo envolvimento.
As ideias fundamentais de Berth Hellinger (FRANKE-GRICKSCH, 2005),
estão inseridas no contexto familiar. Tanto na escola quanto na sala de aula a
família deve ser uma presença invisível permanente, pois há nos alunos uma
lealdade inconsciente as suas famílias. Ao professor incluir e respeitar a família
de origem do aluno ele consegue desobstruir e amplia a capacidade de
desenvolvimento e a disposição para aprender da criança.
Em sala procurando nos acalmar da agitação externa, em um momento
de harmonização, relaxamento e meditação. Fiz o desafio do silêncio, contei até
três e nada falamos por um minuto. Em seguida respiramos fundo três vezes,
unimos nossas mãos no centro do peito, fechamos nossos olhos, e cantamos o
mantra da paz: OM, Shanti (3x), que significa paz para mente, paz para o corpo
e paz para o espírito.
A harmonização foi realizada nesse momento a fim de promover a
quietude da mente e do corpo, buscando concentração para uma melhor
receptividade da atividade seguinte, refinando nas crianças seu poder de
percepção.
Quando todas já estavam presentes na sala, iniciamos a confecção das
orelhas do gato preto que iriamos usar no dia da apresentação. Nesse momento
pude observar a coordenação das crianças, o aperfeiçoamento das capacidades
motoras, concentração e a paciência de fazer a tarefa até o final enquanto elas
se divertiam pintando. Os trabalhos de pintura das crianças foram valorizados tal
qual fizeram sem que sofresse nenhum ajuste depois.
Aula 8. Data:11/04/2017
Ensaio geral com toda a comunidade escolar
O oitavo encontro foi um dia dedicado ao ensaio geral com toda a escola. Nesse
momento todas as crianças permaneceram na tenda após a harmonização matinal e
puderam assistir umas às outras concentrando-se na
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atividade proposta com atitudes de cooperação, demonstrando compreensão e respeito
com as diferenças, experimentando o silêncio como linguagem musical.
Em sala, na roda de conversa, entendemos melhor o que iria acontecer no
dia, o verdadeiro sentido da páscoa solidária, da oportunidade de participar de uma
ação social em prol dos animais abandonados, saber dos convidados
homenageados como: os papais, professores, pessoas da comunidade, instituições
de adoção de animais, etc, e como deveríamos estar vestidos e como poderíamos
nos comportar para que tudo acontecesse com harmonia, e nesse aspecto todos
deram sugestões.
Fizemos em sala uma atividade para falarmos sobre o que mais gostamos
de estudar dos animais de estimação e escrever o nome do animal adotado pela
turma.
Aula 9. Data: 12/04/2017
Dia do evento Páscoa Solidária e apresentação
O último momento culminou com o fechamento de apresentação da Páscoa
Solidária com toda a comunidade escolar, onde além das homenagens, houve conversa
sobre a importância da castração, da vacina, conscientização da comunidade em sua
corresponsabilidade para com esses animais, muita dança, poesia e é claro os lindos e
felizes gatos pretos fazendo a festa.
As crianças dançaram lindamente e sozinhas como planejado, elas tinham
segurança e autonomia no que estavam fazendo, e sabiam exatamente qual seria o
próximo passo a seguir; comunicaram-se por meio de gestos simbólicos, explorando as
posturas e os movimentos corporais no ritmo estabelecido. Suas expressões eram de
pura felicidade por terem atingindo o objetivo com excelência. A Analu conduziu todo o
grupo como ótima monitora. Os pais estavam radiantes e orgulhosos. Apenas duas
crianças desistiram de dançar, mas a maioria, mesmos os mais tímidos, deram um
show.
Nessa atividade pudemos oportunizar as crianças a participar de ações
sociais que resgatando os valores humanos como respeito pela vida e
responsabilidade com os problemas da comunidade, direcionando todo o ensino
e aprendizagem a uma pratica real trazendo o valor útil do
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conhecimento trabalhado, a cidadania em ação de integração e transformação
social.
Recebi durante a semana muitos retornos positivos dos pais, áudios
amorosos das crianças e nos aproximamos ainda mais como turma, como
escola, como pais, como família.
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NOTAS CONCLUSIVAS
O projeto Páscoa Solidária trouxe em minha prática uma atuação sensível
e flexível, levando em consideração a criança como um todo, considerando a
sua natureza única e peculiar que as caracteriza como seres que sentem e
pensam o mundo de um jeito muito próprio. Respeitando desse modo suas
individualidades e os aspectos que compõem suas personalidades, como
ferramentas fundamentais para lhes impulsionar ao desenvolvimento mais amplo
e concreto das suas funções psíquicas, sociais, culturais, cognitivas e espirituais.
Realizei um roteiro simples e prático, a fim de proporcionar uma atuação
mais rica, acolhendo todas as crianças em suas individualidades e diferenças
sendo elas o sujeito da aprendizagem, cabendo-me facilitar e mediar tal
processo.
O conteúdo trabalhado tinha por objetivo despertar o interesse do aluno
promovendo desafios que permitiam se relacionar e refletir a realidade sobre
aspectos que vão para além da escola, despertando nas crianças curiosidade e
envolvimento, possibilitando diferentes interpretações, percepções e
ressignificação da sua realidade, promovendo ações significativas de mudança
e transformação do contexto ao qual estão inseridas.
Foi possível perceber nas crianças, durante o processo de execução do
projeto Páscoa Solidária, envolvimento, entusiasmo, satisfação e avanços no
que concerne o desenvolvimento de novas experiências, habilidades e
conhecimentos sob o ponto de vista dos diversos níveis e dimensões do
fenômeno educacional que compõem a formação do ser holístico e integral.
Muitas das intervenções desenhadas tinham o reconhecimento desses
valores que fomentaram tamanho desfio de poder ser e desenvolver
primeiramente em mim tudo aquilo que estava comunicando e buscando
despertar nas crianças.
Segundo Sathya Sai Baba, “somente se o professor colocar em prática o
que ele ensina terá o respeito dos estudantes. Primeiro SEJA, a seguir FAÇA,
terceiro DIGA!”
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Assim, ainda no pensamento de Sai, compreendi que o sistema
educacional deve de fato reconhecer a “centelha interior” como fundamento de
todo o conhecimento, habilidades, experiência, para realizar um homem
integrado. Uma vez que se entende que a educação é para a vida e não somente
para ganhar a vida.
Nesse sentido, respeitando e buscando seguir todo esse fundamento
filosófico, tentei ao máximo conduzir-me por esse caminho, percebendo que a
educação é de fato essa via de mão dupla. Parafraseando Paulo Freire, “Quem
ensina, aprende ao ensinar, e quem aprende, ensina ao aprender...”
Poder mediar essas relações, conhecimentos, ensino/aprendizado dentro
de um contexto amoroso e afetivo, ampliando nas crianças o espectro da sua
consciência, mostrando a utilidade prática do assunto estudado, fortalecendo as
bases da linguagem e da compreensão, investindo na construção de valores e
atitudes como solidariedade, cooperação, autonomia e respeito ao bem comum,
contribui de fato para a consolidação de uma pedagogia comprometida com a
educação do ser integral de modo a proporcionar ao aprendiz o contato com sua
luz interior tomando conhecimento de si mesmo e da sua totalidade.
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REFERÊNCIAS:
FONTANA, Roseli; CRUZ, Nazaré. Psicologia e Trabalho Pedagógico. São
Paulo: Atual Editora, 1997.
FRANKE-GRICKSCH, Marianne. Você é um de nós: percepções e soluções
sistêmicas para professores, pais e alunos. Tradução de Décio Fábio de Oliveira
Júnior, Tsuyuko Jinno- Spelter. Patos de Minas: Atman, 2005.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes Necessários a Prática
Educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2012.
FUNDAÇÃO BHAGAVAN SRI SATHYA SAI BABA DO BRASIL. Coração ensinando coração: manual de práticas de educação em valores humanos. vol I. 1ª ed. Rio de Janeiro : Fundação Sai, 2016. Disponível em: http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:E0rxgdxI-zcJ:institutosathyasai.org.br/wp-
content/uploads/2016/04/Coracao_Vol_1.pdf+&cd=3&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br&client=firefox-b-ab
HOLLIDAY, Oscar Jara. Para sistematizar experiências. João Pessoa: Editora
Universitária / UFPB, 1995.
IDESV. INSTITUTO DESENVOLVIMENTO SISTÊMICO PARA A VIDA.
http://www.pedagogiasistemica.com.br
MARTINELLI, Marillu. Aulas de transformação. Aulas de transformação: O
Programa de Educação em Valores Humanos. 5. Ed. São Paulo: Peirópolis,
1996.
MESQUITA, Mari Fernanda Nogueira. Valores Humanos na Educação: uma
nova prática em sala de aula. São Paulo: Editora Gente, 2003.
O INSTITUTO SRI SATHYA SAI DE EDUCAÇÃO DO BRASIL
http://institutosathyasai.org.br/
BRASIL. MEC/SEF. Referencial curricular nacional para a educação infantil.
Brasília: MEC/SEF, 1998.
SAMPAIO, Dulce Moreira. A pedagogia do ser: educação dos sentimentos e
dos valores humanos. Petrópolis: Vozes, 2004.
SOUZA, Denizard de. Em busca do ser integral. Brasília: LGE Editora, 2009.
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ANEXOS
I – ATIVIDADES
1ª atividade - Aula 1. Data: 31.03.2017. Atividade de casa
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3ª atividade - Aula 3. Data: 04.04.2017. Atividade de casa
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4ª atividade - Aula 4. Data: 05.04.2017. Atividade de sala (Leitura Interativa)
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7ª atividade – Aula 8. Data: 11.04.2017. Atividade de sala
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ANEXOS II – FOTOGRAFIAS
SIMULAÇÃO PRÁTICA DE SOCORRO A UM ANIMAL ABANDONADO
Data: 03/04/2017
Figura 1. Crianças na atividade no espaço externo da sala FONTE: Acervo da escola
Figura 2. Crianças na atividade no espaço interno da sala FONTE: Acervo da escola
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Figura 3. Crianças cuidando do animal abandonado FONTE: Acervo da escola
Figura 4. Crianças na finalização da atividade da prática de socorro a um animal abandonado FONTE: Acervo da escola
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PÁSCOA SOLIDÁRIA (EVENTO)
Data:12.04.2017
Figura 5. Crianças na tenda da escola representando o animal de estimação abandonado FONTE: Acervo da escola
Figura 6. Crianças e pais na tenda da escola aguardando o início do evento FONTE: Acervo da escola
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Figura 7. Crianças do Grupo 3 iniciando a apresentação da música vira-vira (Palavra cantada). FONTE: Acervo da escola
Figura 8. Crianças do Grupo 3 no momento da dança. FONTE: Acervo da escola
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Figura 9. Crianças homenageando as representantes da casa de adoção ao animal abandonado. FONTE: Acervo da escola
Figura 10. Crianças homenageando mãe e professorado CIAN pela adoção do animal de estimação. FONTE: Acervo da escola
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Figura 11. Mural com as fotos das crianças e seus animais de estimação FONTE: Acervo da escola
Figura 12. Mural de desmistificação do gato preto FONTE: Acervo daescola
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Figura 13. Mural de adoção ao animal abandonado FONTE: Acervo da escola