Upload
ngodung
View
213
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
UNIVERSIDADE DE COIMBRA
FACULDADE DE CIÊNCIAS DO DESPORTO E EDUCAÇÃO FÍSICA
A IMPORTÂNCIA DA RECUPERAÇÃO EM ESFORÇOS DE
CARACTERÍSTICAS LÁCTICAS
Estudo comparativo de diferentes métodos de recuperação em
especialistas de 400 metros planos de ambos os géneros
Mónica Isabel Pessoa Cortesão
Coimbra, 2005
UNIVERSIDADE DE COIMBRA
FACULDADE DE CIÊNCIAS DO DESPORTO E EDUCAÇÃO FÍSICA
A IMPORTÂNCIA DA RECUPERAÇÃO EM ESFORÇOS DE
CARACTERÍSTICAS LÁCTICAS
Estudo comparativo de diferentes métodos de recuperação em
especialistas de 400 metros planos de ambos os géneros
Monografia de Licenciatura realizada
no âmbito da Fisiologia do Exercício/
Vias Energéticas
Ano Lectivo 2004/2005
COORDENADOR Prof. Doutor Fontes Ribeiro
ORIENTADOR
Mestre Amândio Santos
AGRADECIMENTOS
A realização deste trabalho não teria sido possível sem a colaboração,
incentivo e amizade prestados por várias pessoas às quais gostaria de expressar o
meu sincero agradecimento.
Ao Prof. Doutor Fontes Ribeiro, por todo o conhecimento transmitido ao
longo do curso.
Ao Mestre Amândio Santos, pela orientação e ensinamentos prestados ao
longo deste seminário.
Aos atletas, pela disponibilidade prestada e pelo empenhamento na execução
dos testes, sem eles este trabalho não seria possível!
Aos treinadores que gentilmente autorizaram os seus atletas a participar neste
estudo. Espero que este trabalho vos seja útil!
À Dr. Fátima Rosado, pela disponibilidade demonstrada ao longo de toda a
recolha de dados.
Aos Professores Silvério e Sónia Fernandes, por toda a ajuda prestada bem
como pelo fornecimento bibliográfico.
Ao Fisioterapeuta João, por toda a disponibilidade e empenho prestados no
decurso do trabalho.
À Associação Distrital de Atletismo de Coimbra pelo fornecimento quer
bibliográfico quer material, necessário para a realização deste estudo.
A todos os amigos que me ajudaram na realização deste estudo, pela ajuda
prestada, por toda a força e apoio nas horas do desespero…
À minha família, pela compreensão e apoio dado ao longo do curso e
principalmente neste ano árduo.
MUITO OBRIGADO!
RESUMO
A recuperação é um processo de particular importância em eventos onde um
atleta tem que competir em mais do que uma ocasião, durante uma competição no
mesmo dia. Desta forma, apresenta também um papel fundamental na performance
posterior.
O principal objectivo deste estudo, foi comparar o efeito de três tipos de
recuperação: Recuperação Passiva, Recuperação Activa e Recuperação Activa mais
Massagem (Recuperação Combinada) na remoção do lactato sanguíneo após uma
prova de 300 metros, em atletas especialistas na corrida de 400 metros planos.
Treze atletas treinados e especialistas na corrida de 400 metros planos (8 do
género masculino e 5 do género feminino), submeteram-se à realização de três tipos
de testes diferentes, sendo cada uma composta por uma simulação de duas
competições de 300 metros com 90 minutos de recuperação entre cada uma. O
espaço que mediou, entre a primeira e a última sessão de testes, teve uma duração
máxima de quatro semanas.
Assim, os sujeitos realizaram recuperação passiva, recuperação activa e
recuperação combinada, no primeiro, segundo e terceiro dias de testes
respectivamente.
Na realização das três sessões de testes foi recolhida uma amostra de sangue a
cada atleta, após o primeiro aquecimento, aos três, vinte, quarenta e sessenta minutos
após a primeira prova, após o segundo aquecimento e três minutos após a segunda
prova, para determinar a concentração de lactato sanguíneo.
A análise estatística foi realizada através do teste T de Student e Coeficiente de
Correlacção Produto-Momento de Pearson, considerando um nível de significância
de 0,05 para ambos os testes.
Verificou-se que a Recuperação Activa e Combinada removem
significativamente mais ácido láctico sanguíneo do que a Recuperação Passiva até
aos 20 minutos e até aos 40 minutos após o esforço. Não se verificaram diferenças
estatisticamente significativas entre sujeitos masculinos e femininos quer na
produção quer na remoção do lactato sanguíneo. Não se verificaram diferenças
estatisticamente significativas entre os sujeitos de ambos os géneros, para os vários
métodos de recuperação. Não se constataram melhorias estatisticamente
significativas na performance em nenhum dos tipos de recuperação. A massagem
não trouxe quaisquer benefícios em termos de remoção do lactato sanguíneo
comparativamente com a Recuperação Activa.
Concluímos então que neste estudo a Recuperação Activa foi o método mais
eficaz em termos de remoção do ácido láctico sanguíneo.
Palavras-chave: ATLETISMO, 400 METROS PLANOS, RECUPERAÇÃO,
ÁCIDO-LÁCTICO
ABSTRACT
Recovery is a process of specific importance in events where an athlete has to
compete in more than one occasion, during a competition in the same day. This way,
it also plays a fundamental role in the subsequent performance.
The main aim of this study was to compare the role of three different types of
recovery: Passive Recovery, Active Recovery and Active Recovery plus Massage
(Combined Recovery) in the removal of blood lactate after a 300 meter run in
athletes specialized in 400 meter flat trial.
Thirteen trained athletes specialized in the 400 meter flat trial (8 male and 5
female) were submitted to three types of different tests, each one composed of a
simulation of two 300 meter competition runs with 90 minutes recovery time in
between each. The time gap between the first and the last test sessions had the
maximum length of four weeks.
Thus the subjects carried out passive recovery, active recovery and combined
recovery, respectively, at the first, second and third day of testing.
During the three test sessions a blood sample was taken from each athlete
after the first warm up and three, twenty and sixty minutes after the first run, as well
as after the second warm up and three minutes after the second run to determine the
concentration of blood lactate.
The statistical analysis was carried out by the T Student test and Pearson’s
Coeficient of Product-Moment Correlation, considering for both tests a level of
significance of 0,05.
It was verified that Active and Combined Recovery remove significantly
more lactate from the blood than Passive Recovery up to 20 and 40 minutes after the
effort. There were no statistically meaningful differences between male and female
subjects either in the production or the removal of blood lactate. There weren’t
statistically significant differences between the subjects of both genders for the
different methods of recovery either. There was no ascertainment of statistically
significant improvements in performance with any of the types of recovery. Massage
had no benefits in removing the blood lactate compared to Active Recovery.
We may conclude that in this study Active Recovery was the most effective
method to remove blood lactate.
Key words: ATHLETICS, 400 METERS FLAT, RECOVERY, LACTATE
Índice
i
ÍNDICE
INTRODUÇÃO 1
OBJECTIVO DO ESTUDO 2
PERTINÊNCIA DO ESTUDO 3
REVISÃO DA LITERATURA 5
1. VIAS ENERGÉTICAS 5
1.1 VIA ANAERÓBICA ALÁCTICA 6
1.2 VIA ANAERÓBIA LÁCTICA 7
1.3 VIA AERÓBIA 9
1.4 INTERACÇÃO E CONTRIBUIÇÃO DAS VIAS ENERGÉTICAS NAS DIFERENTES
ESPECIALIDADES DO ATLETISMO 9
2. FORNECIMENTO ANAERÓBIO DE ENERGIA, ÁCIDO LÁCTICO E EXERCÍCIO
FÍSICO 10
3. CONCEITO E CAUSAS DA FADIGA MUSCULAR 14
3.1. FADIGA DE ORIGEM PERIFÉRICA 15
3.2. FADIGA DE ORIGEM CENTRAL 17
3.3. O PROCESSO DA FADIGA E A CORRIDA DE 400 METROS PLANOS 18
4. CORRIDA DE 400 METROS PLANOS 20
4.1. CARACTERIZAÇÃO ESTRUTURAL DA CORRIDA DE 400 METROS PLANOS 20
4.2. CARACTERIZAÇÃO ENERGÉTICA DA CORRIDA DE 400METROS PLANOS 22
5. RECUPERAÇÃO 24
5.1. RECUPERAÇÃO PASSIVA 27
5.2. RECUPERAÇÃO ACTIVA 28
5.3 RECUPERAÇÃO ATRAVÉS DO PROCESSO DA MASSAGEM 29
METODOLOGIA 33
1. AMOSTRA 33
1.1. CRITÉRIOS DE SELECÇÃO DA AMOSTRA 33
1.2. CONSTITUIÇÃO E CARATERIZAÇÃO DA AMOSTRA 33
2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 35
Índice
ii
2.1. MEDIDAS ANTROPOMÉTRICAS 35
2.1.1 Massa Corporal 36
2.1.2. Estatura 36
2.1.3. Altura Sentado 36
2.1.4. Pregas de adiposidade cutânea 37
2.1.5. Percentagem de gordura 38
2.2. PROTOCOLOS DE AVALIAÇÃO DO MÉTODO DE RECUPERAÇÃO 38
2.2.1- Primeiro Teste- Recuperação Passiva 39
2.2.2. Segundo Teste- Recuperação Activa 40
2.2.3. Terceiro Teste- Recuperação Combinada 40
2.2.4. Equipamento necessário ao processo da massagem 41
2.2.5. Protocolo dos três métodos de recuperação e para os dois aquecimentos 41
2.2.6. Análise da concentração de lactato sanguíneo 42
3. PROCEDIMENTOS ESTATÍSTICOS 43
3.1. ESTATÍSTICA DESCRITIVA 43
3.2. ESTATÍSTICA INFERENCIAL 43
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 45
1. RESULTADOS OBTIDOS NOS TESTES 45
1.1. COMPARAÇÃO ENTRE OS RESULTADOS DAS DUAS PROVAS NOS TRÊS DIAS DE
TESTES 45
1.2. RELAÇÃO ENTRE OS DOIS AQUECIMENTOS E AS DUAS PROVAS NOS DIFERENTES
DIAS DE TESTES 50
1.3. CONCENTRAÇÃO DE LACTATO AO LONGO DE TODO O PROCESSO 52
1.4. COMPARAÇÃO DO EFEITO DOS TRÊS MÉTODOS DE RECUPERAÇÃO NA REMOÇÃO DE
LACTATO SANGUÍNEO DURANTE A FASE DE RECUPERAÇÃO 58
1.5. COMPARAÇÃO ENTRE A CONCENTRAÇÃO DE LACTATO E O EFEITO DOS TRÊS
MÉTODOS DE RECUPERAÇÃO NA REMOÇÃO DE LACTATO SANGUÍNEO DURANTE A FASE
DE RECUPERAÇÃO 63
CONCLUSÕES E SUGESTÕES 65
BIBLIOGRAFIA 67
Índice
iii
ANEXOS 76
Índice
iv
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1: Hidrólise da molécula de ATP (adaptado de McArdle. et al., 1998)
……………………………………………………………………….......... 5
Figura 2: Formação de ácido láctico et al., 1998) …………………...........................8
Figura 3: Representação esquemática de todos os procedimentos nos três dias de
testes………………………………………………………………………………... 39
Índice
v
ÍNDICE DE GRÁFICOS
Gráfico 1: Representação da relação entre os valores médios da concentração de
testes……………………………………………………………………. 52
Gráfico 2: Representação da relação entre os valores médios da concentração de
lactato (mmol/L) ao longo de todo o processo em sujeitos do género
masculino………………………………………………………………. 54
.
Índice
vi
ÍNDICE DE QUADROS
Quadro 1: Contribuição dos sistemas energéticos nas diferentes especialidades do
atletismo (Adaptado Carnes, 2000). …………………………………….10
Quadro 2: Concentrações máximas de lactato sanguíneo após uma prova ou teste de
400 metros, realizados a intensidades de esforço máximas. ……………… 13
Quadro 3: Tempos parciais de cada 200 metros na final de 400 metros masculinos
do campeonato do Mundo de Sevilha (Adaptado Abrantes, 2005). ...... 21
Quadro 4: Factores determinantes da RDC (adaptado de Miguel, 2001). ............... 23
Quadro 5: Valor percentual atribuído à contribuição do sistema anaeróbio na prova
de 400 metros segundo diversos autores (adaptado McArdle et al. 1998;
Janssen et al., 2001, e Barbosa, 2001). ................................................... 24
Quadro 6: Tempos de recuperação mínimos e máximos sugeridos após exercícios
exaustivos (Adaptado Horta, 1995) ……………………………………. 26
Quadro 7: Valores das variáveis antropometricas dos sujeitos da nossa amostra. ... 34
Quadro 8: Valores médios e desvios padrão da idade, tempo de prática da
modalidade, competições realizadas durante uma época, frequência
semanal de treino e duração das sessões de treino. .................................. 34
Quadro 9: Recorde Pessoal dos sujeitos na prova de 400 metros planos.
……………................................................................................................................ 35
Quadro 10: Protocolo para os diferentes tipos de recuperaçã. ........………………. 41
Quadro 11: Protocolos para o aquecimento para as provas 1 e 2. ............................ 42
Índice
vii
Quadro 12: Resultados obtidos pelos atletas do género masculino. ……………… 45
Quadro 13: Diferenças entre os resultados das provas 1 e 2 nos sujeitos masculinos
(n=8). Comparação através do teste T de Student para amostras
relacionadas. ………………………………………………………..... 46
Quadro 14: Resultados obtidos pelos atletas do género feminino. .......................... 47
Quadro 15: Diferenças entre os resultados da prova 1 e da prova 2. Comparação
através do teste T de Student para amostras relacionadas. …………... 48
Quadro 16: Comparação entre os resultados das provas (segundos) e as
concentrações de ácido láctica no sangue (mmol/l). ............................ 49
Quadro 17: Comparação entre os dois géneros em relação aos resultados finais das
duas provas. Teste T de Student para amostras independentes. ............ 49
Quadro 18: Comparação entre as concentrações médias de lactato sanguíneo
acumulado durante a fase de preparação para a prova, e tempo de
realização das provas 1 e 2 nos diferentes tipos de recuperação. ……. 50
Quadro 19: Relação entre a concentração de lactato sanguíneo (mmol/l) acumulado
no aquecimento 1 e 2. Comparação através do teste T de Student para
amostras relacionadas. ....................................................................... 51
Quadro 20: Média da concentração de lactato sanguíneo 3 minutos após as duas
provas, nos sujeitos femininos. Comparação através do teste T de
Student para amostras relacionadas. …………………………………. 53
Quadro 21: Média da concentração de lactato sanguíneo 3 minutos após as duas
provas, nos sujeitos masculinos. Comparação através do teste T de
Student para amostras relacionadas. ..................................................... 56
Índice
viii
Quadro 22: Média da concentração de lactato sanguíneo 3 minutos após as duas
provas, nos sujeitos masculinos. Comparação através do teste T de
Student para amostras relacionadas. ..................................................... 57
Quadro 23: Remoção de lactato sanguíneo durante os vários intervalos, ao longo de
todo o processo de recuperação. ........................................................... 58
Quadro 24: Comparação entre o efeito dos três métodos de recuperação na remoção
do lactato sanguíneo. Comparação através do teste T Student para
amostras relacionadas. .......................................................................... 60
Quadro 25: Correlação entre o efeito dos três métodos de recuperação na remoção
do lactato sanguíneo. ……………………………………………........ 61
Quadro 26: Comparação entre géneros na remoção do ácido láctico sanguíneo.
Comparação através do teste T Student para amostras independentes.
….......................................................................................................... 63
Quadro 27:Comparação entre os diferentes intervalos de recuperação do lactato
sanguíneo (mmol/l) nos três tipos de recuperação. Comparação através
do teste T Student para amostras relacionadas. .................................... 63
Índice
ix
ÍNDICE DE ANEXOS
Anexo 1: Carta a Solicitar a Participação dos Atletas no Estudo
Anexo 2: Termo de Consentimento
Anexo 3: Ficha de Identificação Biográfica
Anexo 4: Carta de Solicitação da Pista de Aveiro
LISTA DE ABREVIATURAS
(ATP) - Adenosina Trifosfato
(CP) - Fosfato de Creatina
(ADP) - Adenosina Difosfato
(Pi) – Ião Fosfato
(m) - Metros
(RP) - Recuperação Passiva
(RA) - Recuperação Activa
(RC) - Recuperação Combinada
(FC) - Frequência Cardíaca
(bpm) - Batimentos por minuto
(Σ) - Somatório
(IMC) - Índice de Massa Corporal
(n) - Número de Indivíduos
(sign.) - Significância
([Lactato]) - Concentração de Lactato Sanguíneo
(Aquec.) - Aquecimento
(VO2máx) - Consumo Máximo de Oxigénio
Introdução
1
CAPÍTULO I
INTRODUÇÃO
O atletismo é uma modalidade desportiva que pode ser caracterizada por dois
aspectos fundamentais, a forma decisiva como as capacidades físicas influenciam a
performance competitiva dos atletas e a objectividade e rigor dos resultados, que se
medem ao centímetro e ao centésimo de segundo (Abrantes, 2005a).
Nesta modalidade, os atletas competem principalmente contra si próprios,
numa tentativa de superarem os seus limites, e mais do que vencer os adversários, o
principal objectivo é a superação dos seus recordes pessoais. Daí a enorme
importância dada ao desenvolvimento das capacidades físicas, através da avaliação e
controlo rigoroso da evolução dessas capacidades ao longo de toda a época e carreira
dos atletas.
Sendo a prova de 400 metros uma corrida, na qual, o rendimento está muito
dependente da capacidade de cada atleta em produzir e remover o ácido láctico
(Costa, 1996; Colaço & Santos, 2002), na problemática desportiva actual, com um
aumento cada vez maior das cargas de treino, a recuperação ocupa um papel
fundamental, (Horta, 1995).
Tendo em atenção os mecanismos indutores da fadiga (Grenn, 1987), a
distância de 400 metros planos, é das provas mais exigentes. O aparecimento da
fadiga, nesta distância deve-se, preferencialmente, ao aumento da acidose muscular
(Colaço, 2001), limitando assim o metabolismo glicolítico, principal responsável
pelo fornecimento de energia nesta prova (Costill, 1992; Maglischo, 1993).
Muita atenção tem sido atribuída aos possíveis mecanismos que controlam a
produção e a remoção do lactato (Villar & Denadai, 1998). Geralmente é aceite que a
Recuperação Activa é mais eficiente que a Recuperação Passiva no processo da
recuperação (Monedero & Bonne, 2000), estando esta ideia baseada no facto da
Recuperação Activa ser mais eficaz na remoção do lactato sanguíneo acumulado
durante o exercício (Sayryo et al., 2003; Dupont et al., 2004; Spierer et al., 2004).
Um outro método actualmente, utilizado nas diferentes actividades
desportivas para facilitar o processo da recuperação, são as massagens desportivas
(Gupta et al. 1995; Monedero & Bonne, 2000). Contudo, os estudos científicos sobre
Introdução
2
os resultados positivos da massagem nas alterações fisiológicas provenientes do
processo da recuperação são limitados (Monedero & Bonne, 2000).
Objectivos do Estudo
Foram definidos os seguintes objectivos:
Comparar o efeito de três tipos de recuperação, Recuperação Passiva,
Recuperação Activa e Recuperação Activa mais Massagem (Recuperação
Combinada) na remoção do lactato sanguíneo após um esforço que envolva
uma grande acumulação de ácido láctico no sangue.
Analisar as diferenças existentes entre a Recuperação Activa e a Recuperação
Passiva na remoção do ácido láctico sanguíneo.
Efectuar uma comparação entre atletas femininos e atletas masculinos no
processo da recuperação.
Introdução
3
Pertinência do Estudo
Actualmente o Atletismo é uma modalidade implementada a nível mundial.
Os estudos realizados nesta área são inúmeros, tendo sempre em vista a evolução dos
métodos de ensino-aprendizagem e de treino. A prova de 400 metros planos, pelas
características que lhe são atribuídas, é frequentemente caracterizada como sendo a
prova mais exigente do Atletismo (Colaço, 2002).
Atendendo a que neste tipo de provas, os músculos utilizam principalmente
as reservas locais de energia (ATP e glicogéneo muscular), pode ser considerada
como uma especialidade onde em termos fisiológicos é fundamental a potência
láctica (Abrantes, 2005b).
Tendo em conta as exigências acima referidas, esta modalidade necessita de
estudos específicos para tentar compreender as suas repercussões a nível fisiológico e
biomecânico, entre outros, para assim, melhorar os métodos de treino, visando
sempre a evolução das performances. O processo da recuperação apresenta aqui um
papel fundamental.
Contudo, a nível do atletismo, é possível verificar que nem todos os atletas se
lembram da sua importância. Muitas vezes, os atletas, ou porque o treino se
prolongou ou por a desvalorizarem, abdicam da recuperação no final do treino, ou
mesmo da competição, sem pensar nas consequências que tal poderá vir a provocar.
Como é possível constatar nos mais diversos estudos, a recuperação tem sido
alvo de muitos estudiosos (Weltman et al., 1979; Choi et al., 1994; Falk et al., 1995;
Gupta et al., 1996; Ahmaidi et al., 1996; Monedero et al., 2000; Fairchil et al., 2002;
Fairchild et al., 2003; Sayryo et al., 2003; Dupont et al., 2004; Spierer et al., 2004; e,
Lattier et al., 2004). No entanto, a nível do atletismo, quanto nos foi possível
pesquisar, não existe nenhum trabalho direccionado para esta problemática da
recuperação no Atletismo, pelo que julgamos ser importante realizá-lo.
Deste modo, com este estudo pretender-se-à estudar a variação do ácido
láctico sanguíneo, ao longo de todo o processo de recuperação de uma prova de 300
metros.
Introdução
4
Revisão da Literatura
5
CAPÍTULO II
REVISÃO DA LITERATURA
1. Vias Energéticas
Todo o músculo necessita de energia para trabalhar, o que implica que
qualquer exercício requer o fornecimento de energia. O plano de um programa
óptimo de treino apenas é possível quando os princípios do fornecimento de energia
são bem entendidos (Janssen, 2001).
Esta energia encontra-se armazenada no músculo e em outros tecidos
orgânicos associada com algumas substâncias químicas: adenosina trifosfato (ATP),
fosfocreatina (CP), hidratos de carbono, gordura e proteínas (Costill, 1992;
Maglische, 1993, citado em Ferreira, 1995). No entanto, a única fonte de energia
química que o organismo consegue utilizar no processo de contracção muscular
provem do ATP, sendo as restantes fontes de energia utilizadas na sua síntese
(Ferreira, 1995). Assim, a energia para toda a actividade física, seja ela de natureza
aeróbia ou anaeróbia, provém da conversão de fosfatos de alta energia, adenosina
trifosfato (ATP), em fosfatos de menor energia, adenosina difosfato (ADP). Por sua
vez, tal como podemos observar na figura 1, o ADP é utilizado para fornecer energia
para a contracção muscular (Carnes, 2000).
Figura 1: Hidrólise da molécula de ATP (adaptado de McArdle et al., 1998)
Uma vez que durante a hidrólise do ATP é libertada uma considerável
quantidade de energia, este é considerado um fosfato de alta energia e, portanto, o
composto de energia mais importante.
ATPase
ATP + H2O ADP + Pi + 7,3 kcal.mol-1
Revisão da Literatura
6
A quantidade total de ATP no organismo é limitada a aproximadamente 80 a
100g, pelo que é necessário continuamente sintetizar o composto através de reacções
várias (McArdle et al., 1998). Segundo o mesmo autor, quando estas reacções
ocorrem sem oxigénio, designa-se de metabolismo anaeróbio, quando ocorrem na
presença de oxigénio, designa-se por metabolismo aeróbio.
Desde o início do exercício físico diversas enzimas começam a degradar cada
uma daquelas substâncias para que assim possam ser utilizadas na ressíntese do ATP.
Cada uma das fontes energéticas tem capacidade de reciclar ATP com uma
determinada velocidade, a qual dependerá do número de passos e processos que
antecedam a libertação de energia (Maglische, 1993, citado em Ferreira, 1995).
A intensidade e a duração do exercício determinam qual o sistema energético
utilizado (Janssen, 2001). Deste modo, e de acordo com Wilmore & Costill, 1994;
McArdle et al., 1998, podemos considerar que as células produzem ATP através de
três sistemas metabólicos:
1. Sistema do ATP-CP / Via Anaeróbia Aláctica;
2. Sistema Glicolítico/ Via Anaeróbia Láctica;
3. Sistema da Fosforilação Oxidativa/ Via Aeróbia.
1.1. Via Anaeróbia Aláctica
O Sistema ATP- CP também denominado de via anaeróbia aláctica ou via dos
fosfagénios constitui o sistema energético mais simples e imediato de ressíntese de
ATP, realizada através da energia fornecida pela fosfocreatina (CP) existente nos
músculos estriados e que pode durar até cerca de 13 segundos, sem se verificar
qualquer produção de ácido láctico (Powers & Howley, 1997).
Em situações de esforço máximo, a CP é a fonte de energia mais rápida para a
ressíntese do ATP muscular. Contudo, a quantidade de CP que pode ser armazenada
no músculo é muito pequena, assegurando a continuidade do processo de contracção
muscular apenas durante os primeiros momentos desde o início da actividade
(Costill, 1992; Madlischo, 1993, citado em Ferreira, 1995).
As provas de curta duração e alta intensidade, como a corrida de 100 metros
planos, os saltos e os lançamentos, no Atletismo, exigem um fornecimento imediato
Revisão da Literatura
7
e rápido de energia. Essa energia é proporcionada quase exclusivamente pelos
fosfatos de alta energia, ATP e CP, armazenados dentro dos músculos específicos,
que por sua vez são activados durante o exercício (McArdle et al., 1998).
A molécula de CP é semelhante à molécula de ATP pelo facto de uma grande
quantidade de energia livre ser liberada quando é desfeita a ligação entre as
moléculas de creatina e de fosfato. Levando-se em conta que a CP produz mais
energia livre durante a hidrólise do que o ATP, a hidrólise de CP acciona a
fosforilação do ADP. Se existir energia suficiente, a creatina (C) e o fosfato (P)
podem ser unidos para formar novamente CP. O mesmo acontece para o ATP
(Wilmore & Costill, 1994; McArdle et al., 1998; Janssen et al., 2001).
1.2. Via Anaeróbia Láctica
A segunda via metabólica capaz de produzir rapidamente ATP, na ausência
do oxigénio, é designada de via glicolítica. Neste processo, o glicogénio armazenado
no músculo é desdobrado em glicose, que será então utilizada sob a forma de energia
(Faustino, 2004).
A glicose (C6H12O6) provém da digestão dos hidratos de carbono e do
glicogénio armazenado no fígado e representa cerca de 99% do total de açúcares
presentes no sangue (Wilmore & Costill, 1994).
O glicogénio é sintetizado a partir da glicose, através de um processo
designado de glicogénese. Seguidamente, é armazenado no fígado ou nos músculos
até que seja novamente necessário. Sempre que necessário, este glicogénio pode
funcionar como fonte de glicose para a obtenção de energia a partir de um processo
designado por glicogenólise (Wilmore & Costill, 1994; Guyton et al., 1997; McArdle
et al., 1998).
A glicólise é um processo que envolve a desintegração rápida de uma
molécula de glicose ou de glicogénio, ao longo de 10 etapas (fermentação) em duas
moléculas de ácido pirúvico. Porque estas reacções ocorrem na ausência do oxigénio,
Revisão da Literatura
8
são denominadas de anaeróbias. A este conjunto de reacções químicas dá-se o nome
de glicólise (McArdle et al., 1998).
O ácido pirúvico resultante da glicólise, pode ter dois destinos, consoante a
presença ou não de oxigénio. Na ausência de oxigénio, o NAD+ é continuamente
libertado, à medida que os pares de hidrogénio excessivos se combinam com o
piruvato, numa reacção reversível catalizada pela enzima Desidrogenáse Láctica
(LDH), formando-se assim o ácido láctico (figura 2).
NADHH + ÁCIDO PIRÚVICO ÁCIDO LÁCTICO + NAD+
C3H4O3 LDH C3H6O3
Figura 2: Formação de ácido láctico
Segundo Guyton et al. (1997), a formação de ácido láctico durante a glicólise
anaeróbia, permite a libertação de energia anaeróbia adicional. De facto, após a
formação de ácido láctico, este difunde-se rapidamente no sangue, permitindo que a
glicólise prossiga por mais tempo do que seria possível se o ácido pirúvico e o
hidrogénio não fossem removidos do meio da reacção. Assim, na ausência de
oxigénio, a glicólise pode fornecer ao organismo quantidades consideráveis de ATP.
Quando a pessoa começa novamente a respirar oxigénio, os átomos de H+
ligados e que se acumulam são captados pelo NAD+ e acabam por ser oxidados
resultando numa diminuição das suas concentrações (McArdle et al., 1998).
Em consequência, a reacção química para a formação do ácido láctico sofre
reversão imediata e o ácido láctico é transformado em ácido pirúvico. Este, por sua
vez, é oxidado para fornecer mais energia às células (Guyton et al., 1998).
Revisão da Literatura
9
1.3. Via Aeróbia
A via oxidativa é descrita como sendo um processo mais complexo, mais
lento e de maior capacidade de formação de ATP das três vias energéticas,
envolvendo o oxigénio nas suas reacções metabólicas (Almeida, 2004). Porque o
oxigénio é usado, este é um processo aeróbio.
As reacções aeróbias proporcionam um importante estágio final para a
transferência de energia, particularmente se a duração do exercício vigoroso for
superior a alguns minutos (McArdle et al., 1998).
Em actividades com uma duração superior a dois minutos (na modalidade do
Atletismo, em provas com distâncias superiores a 800 metros), a via aeróbia é o
sistema predominante no fornecimento de energia (Carnes, 2000).
A produção oxidativa de ATP recorre à oxidação de nutrientes nas
mitocôndrias para fornecer energia, pelo que, substâncias derivadas dos hidratos de
carbono, lípidos e proteínas, terminam por se combinar com o oxigénio para libertar
grandes quantidades de energia, utilizada na produção de ATP (Guyton et al., 1998).
Tal como acontece com as gorduras, também as proteínas são capazes de
fornecer energia para a ressíntese de ATP durante a realização de actividade física
(Brooks, 1987). No entanto, à semelhança do que se verifica com o metabolismo das
gorduras, a libertação da energia a partir das proteínas é também muito lenta. Aliás, o
metabolismo das proteínas é o mais lento e menos económico de todos os métodos
de ressíntese do ATP (Maglischo, 1993, citado em Ferreira, 1995).
1.4. Interacção e Contribuição das Vias Energéticas nas Diferentes
Especialidades do Atletismo
O Atletismo é uma modalidade muito complexa composta por especialidades
completamente diferentes umas das outras. Assim, também as necessidades
energéticas que cada uma requer podem ser muito diferentes. No quadro 1 podemos
observar a contribuição energética para as diferentes especialidades.
Revisão da Literatura
10
Quadro1: Contribuição dos sistemas energéticos nas diferentes especialidades do Atletismo
(Adaptado Carnes, 2000).
Sistema Energético Fonte de Fadiga Especialidade
ATP- CP
(Anaeróbio Aláctico)
Depleção das fontes de ATP e
CP.
Provas de Curta duração:
Velocidade, lançamentos e
saltos.
Anaeróbio Láctico
(Glicólise Anaeróbia) Ácido Láctico
Provas com uma duração entre
30 segundos e 2 minutos:
400 e 800 metros
Aeróbio
(Metabolismo Oxidativo) Depleção do oxigénio
Corridas com uma duração
acima dos 2 minutos:
-Acima dos 800 metros
Em síntese, podemos referir que, no exercício exaustivo com uma duração até 2
minutos a energia anaeróbia é mais importante do que a aeróbia. Em exercícios que
ultrapassem esta duração, o sistema aeróbio torna-se, gradualmente, mais dominante
(Nummela & Rusko, 1995).
2. Fornecimento Anaeróbio, Ácido Láctico e Exercício Físico
O exercício muscular intenso resulta no aumento da produção de lactato pelos
músculos activos, resultando na acumulação de lactato no músculo e no sangue
(Karlsson, s.d., citado em Falk et al., 1995).
O lactato é um metabolito dinâmico que, quer em repouso quer em exercício
moderado, é produzido e removido em quantidades semelhantes, tornando a sua
concentração sanguínea estável nas referidas circunstâncias.
No entanto, quando a intensidade do exercício ultrapassa os 60 a 75% do
VO2máx deixa de haver um ritmo estável de metabolismo aeróbio, a formação de
ácido láctico no músculo ultrapassa a sua velocidade de remoção e acumula-se o
lactato no sangue. À medida que a intensidade do exercício aumenta, o nível de
lactato sobe bruscamente e a pessoa entra de imediato em exaustão (McArdle et al.,
1998). Este aumento pode contribuir para a diminuição da capacidade de suportar
uma determinada carga de exercício (Ascensão & Santos, 2000).
A acumulação do ácido láctico, em muitos casos, relaciona-se com a
diminuição da capacidade de gerar força e a diminuição do pH muscular é muitas
vezes considerada a principal causa da fadiga ao nível do músculo (Sahlin, 1992).
Revisão da Literatura
11
Os mecanismos precisos de fadiga durante o exercício anaeróbio são pouco
claros. Porém, o nível sanguíneo do lactato constitui uma indicação objectiva do
vigor relativo do exercício e pode reflectir também na adequação do processo da
recuperação (McArdle et al., 1998).
O valor máximo de lactato tem vindo a ser aceite como a medição da
quantidade de energia que é formada pelo sistema anaeróbio. Deste modo, a
utilização do lactato máximo obtido após esforços de intensidade máxima tem sido
uma das formas de obter dados referentes à capacidade anaeróbia máxima dos atletas
avaliados (Colaço, 2000).
Por outro lado, a remoção do lactato sanguíneo após o exercício é essencial
para o processo da recuperação e para o sucesso da performance num exercício
posterior, particularmente quando o exercício é repetido a elevada intensidade (Falk
et al., 1995; Ahmaidi et al., 1996).
A controvérsia sobre o caminho dominante da remoção do lactato desde o
músculo humano após o exercício intenso continua por esclarecer (Choi et al., 1994).
Uma vez que a performance pode ser influenciada negativamente pelas altas
concentrações de lactato, existe uma preocupação em entender os factores que
podem influenciar a velocidade de remoção deste metabolito, principalmente após a
realização de exercícios de alta intensidade (Villar & Denadai, 1998).
Segundo Brooks (1991), após o exercício intenso o lactato espalha-se
rapidamente pelos tecidos. Durante e a seguir ao exercício intenso, o lactato pode
servir como fonte de energia nas células imediatamente adjacentes. Também se pode
difundir dos músculos activos para a circulação sanguínea e, a partir desta, para
locais onde a sua concentração é mais baixa e onde é utilizado como fonte de energia
ou como substrato para síntese de glicogénio.
O mesmo autor refere ainda que os vários sítios envolvidos no metabolismo
do lactato durante o repouso e durante o exercício moderado a intenso são: o fígado,
o coração e os músculos esqueléticos.
Powers & Howley (1997), referem que grande parte do ácido láctico é
oxidado após o exercício ( cerca de 70%), sendo convertido em ácido pirúvico e,
posteriormente utilizado como substrato pelo coração e músculos esqueléticos. Os
restantes 30% de ácido láctico, são reconvertidos em glicose (20%) e em
aminoácidos (10%).
Revisão da Literatura
12
Para Hermansen et al. (1977), citados em Choi et al. (1994), havendo muitos
destinos possíveis para o lactato no período pós-exercício, os caminhos que têm sido
propostos com maior clareza são, desde o músculo:
1. oxidação para o dióxido de carbono e para a água;
2. despejado para a corrente sanguínea onde é levado para o fígado e
convertido em glicose;
3. reconversão em glicogénio.
Em consequência, alterações na actividade metabólica e na circulação
sanguínea em qualquer um destes locais pode influenciar a frequência de utilização
do lactato, afectando assim a remoção de lactato.
Segundo Wilmore & Costill (2001), o restabelecimento das concentrações
normais de repouso do lactato sanguíneo e muscular após um período de exercício
exaustivo é um processo relativamente lento, exigindo normalmente entre uma a
duas horas e, de preferência, exercício contínuo de baixa intensidade.
De acordo com Medbø et al. (1990), a prestação em diversas competições do
Atletismo só é conseguida através de uma grande contribuição do metabolismo
glicolítico, de forma a se poder recorrer a uma fonte energética de grande potência.
Deste modo, a capacidade de rendimento dos atletas não está apenas dependente de
reservas energéticas e mecanismos de compensação metabólica, mas também da
capacidade do atleta em produzir e tolerar grandes concentrações de lactato.
A disciplina de velocidade no Atletismo (com maior ênfase na distância de
400 metros planos) e as provas de meio fundo curto têm uma grande dependência do
sistema energético anaeróbio láctico, responsável por fornecer as quantidades
energéticas necessárias à obtenção de bons resultados nestas distâncias. Se por um
lado, o treino desta capacidade é difícil para o atleta devido à agressão provocada
pelos aumentos de acidez e o aparecimento de diversos metabolitos, a sua
planificação assume-se para o treinador como uma tarefa difícil (Colaço, 2001).
Numa prova de 400 metros planos, a relação entre a velocidade da corrida e
as concentrações máximas de lactato sanguíneo formadas no final da prova têm sido
alvo de interesse por parte de alguns autores (Barbosa, 2001).
Quando o trabalho em distâncias de velocidade aumenta, é activado o sistema
de lactato e a velocidade vai diminuindo. Os níveis de lactato mais elevados ocorrem
Revisão da Literatura
13
nas corridas de 400 metros e 800 metros, onde se verifica uma concentração máxima
de ácido láctico no sangue (Janssen, 2001).
A avaliação dos níveis de lactato sanguíneo permite-nos, deste modo, obter
alguns importantes indicadores de rendimento, bem como da capacidade de
recuperação de cada atleta. Assim, a utilização do lactato sanguíneo, além da enorme
aplicabilidade que tem tido como indicador da capacidade de prestação aeróbia, tem
vindo também a ser utilizado na avaliação anaeróbia láctica, dada a riqueza de
informações que permite obter sobre o trabalho muscular efectuado (Barbosa, 2001)
No estudo realizado pelo mesmo autor, para avaliação da prestação anaeróbia
em corredores de 400 metros, no qual 13 atletas especialistas em corridas de
velocidade do Atletismo (100, 200, 400 metros e 400 metros barreiras) realizaram
um teste de duas velocidades (duas provas de 300m, com 25 minutos de intervalo, a
primeira a 80% e a segunda à velocidade muito próxima da máxima, 95%) e uma
competição de 400 metros. No final de cada prova, os autores registaram uma
concentração de lactato média de 15,90 mmol-1
e de 16,79 mmol-1
, na prova de 300m
(à velocidade próxima da máxima) e na competição de 400 metros, respectivamente.
No quadro 2 podemos observar valores de concentração de lactato sanguíneo
encontrados por alguns autores nos seus estudos.
Quadro 2: Concentrações máximas de lactato sanguíneo após uma prova ou teste de 400 metros,
realizados a intensidades de esforço máximas.
Autor Lactato Máximo
(mmol/l)
n Amostra
Nummela & Rusko (1995)
Lacour et al. (1990), citado em
Bret et al (2003)
Barbosa et al. (2001)
Abrantes (2005)
16,6 ± 2.6
13.8 ± 2.1
20,1
16,79 ± 1,92
> 16
8
6
-
13
-
Corredores de 400 metros (49.5 ± 6.0)
Corredores de resistência (49.4 ± 5.3)
-
Velocistas ( 51.54 ± 1.43)
-
No entanto, de acordo com Miguel (2001), se considerarmos que as marcas
numa prova de 400 metros planos poderão oscilar entre os 44 segundos e os 65
segundos (elite mundial masculina e atletas femininos de nível regional), facilmente
se poderá deduzir que uma duração tão ampla poderá corresponder a solicitações
ligeiramente diferentes.
Revisão da Literatura
14
3. Conceito e Causas da Fadiga Muscular
De acordo com Raposo (2000) compreender a fadiga do atleta é o primeiro
passo para o treinador encontrar a melhor estratégia de recuperação.
Existem muitos factores que contribuem para o aparecimento da fadiga
muscular. Brooks & Fahey (1984) enumeram os factores que, no seu entender,
poderão condicionar o aparecimento da fadiga muscular. Neles incluíram a
temperatura, o grau de humidade e a pressão parcial de oxigénio atmosférico, o nível
de treino, o tipo de alimentação, a ingestão medicamentosa e a condição psíquica.
Contudo, parece que o factor mais importante será a intensidade com que se
realiza qualquer exercício físico (Vollestad & Sejersted, 1988). Quanto mais intenso
for o esforço, tanto mais rapidamente será a incapacidade de o manter (Duarte &
Soares, 1991).
Na literatura podemos encontrar diversas definições da fadiga muscular.
Segundo Lattier et al. (2003), a fadiga muscular pode ser caracterizada pela redução
da força muscular voluntária máxima. De acordo com Ascensão et al. (2003) a fadiga
surge como sendo a incapacidade do músculo esquelético em gerar elevados níveis
de força muscular ou manter esses níveis ao longo do tempo. Farinatti & Monteiro
(1992) definem a fadiga como sendo a incapacidade de se manter uma determinada
intensidade de exercício.
Neste contexto, a fadiga é um mecanismo de protecção contra possíveis
efeitos deletérios da integridade da fibra muscular, devido à diminuição da
disponibilidade de substratos energéticos ao músculo activo durante o exercício
físico. Por outro lado, as suas manifestações têm sido associadas ao declínio da força
muscular gerada durante e após exercícios máximos e sub máximos, à incapacidade
de manter uma determinada intensidade do exercício no tempo, à diminuição da
velocidade de contracção e ao aumento do tempo de relaxamento muscular
(Ascensão et al., 2003).
Normalmente, a fadiga surge após sessões de exercício intenso de treino ou
competição, que ultrapassam as capacidades de um atleta para suportar a carga desse
mesmo treino ou competição, podendo originar lesões musculares, nomeadamente
rupturas do tecido conjuntivo (Raposo, 2000). Estas lesões são muito frequentes no
atletismo, sobretudo, em atletas velocistas.
Revisão da Literatura
15
Neste sentido, a fadiga é uma manifestação aguda marcada por sinais bem
definidos relacionados com a diminuição da capacidade funcional para trabalho
físico. Não a devemos confundir com estados gerais de stress e cansaço que podem
ter causas tanto fisiológicas quanto neurológicas ou funcionais (Farinatti & Monteiro,
1992).
As causas sugeridas para a fadiga são múltiplas e podem ter origem em
diversos locais, sendo geralmente centrais (provenientes do sistema nervoso central)
e periféricas (inseridas nos nervos dos músculos). Assim, o fenómeno da fadiga,
pode surgir não só através de alterações periféricas ao nível do músculo, mas
também porque o sistema nervoso central falha na condução adequada dos
motoneurónios (Lattier et al., 2003).
3.1. Fadiga de Origem Periférica
A fadiga muscular pode resultar de alterações de homeostasia no próprio
músculo esquelético, ou seja, do decréscimo da força contráctil independentemente
da velocidade de condução do impulso neural, sendo habitualmente designada de
fadiga com origem predominantemente periférica (Ascensão et al., 2003).
Sob uma perspectiva periférica, os elementos da fadiga são aqueles ocorrentes
do momento em que o potencial de acção chega à placa motora. As causas centrais
incluem deficiências na condução do estímulo nervoso pela medula e o recrutamento
dos motoneurónios.
Segundo Ferreira (1995), as causas da fadiga a nível periférico devem-se às
alterações metabólicas e iónicas que ocorrem na fibra muscular durante a realização
de esforços físicos.
Sabemos que existem múltiplas causas de fadiga muscular dependendo do local
onde se originam (Green, 1987; Vollestad & Sejersted, 1988). Dentro das causas
periféricas da fadiga (Duarte & Soares, 1991), há a salientar a falência isolada das
várias ATPases ou de membrana (Kushmerick, 1983, citado por Ferreira, 1995), o
que pode ser consequência dos processos bioquímicos e dos diferentes tipos de
recrutamento das unidades motoras que ocorrem durante o processo de contracção
muscular. Uma das consequências a nível bioquímico é a diminuição intra-celular
por acumulação de metabolitos como por exemplo, o ácido láctico (Costill, 1992).
Revisão da Literatura
16
Baseando-nos em Ascensão et al. (2003), passamos a citar algumas das
causas sugeridas para a fadiga muscular:
As alterações do pH, da temperatura e do fluxo sanguíneo;
A acumulação de produtos do metabolismo celular, particularmente dos
resultados da hidrólise do ATP (ADP, AMP, IMP, Pi, amónia);
A perda da homeostasia do ião Ca2+
, o papel da cinética de alguns iões nos
meios intra e extra-celulares nomeadamente, o K+, Na
+, Cl
-, Mg
2+;
O stress oxidativo.
De acordo com Wilmore & Costill (2001), McArdle et al. (1998), a produção
de ácido láctico no músculo esquelético, medido na forma de concentração de ácido
láctico na corrente sanguínea é considerado um importante indutor da fadiga
muscular, possivelmente por contribuir com a produção de cerca de 85% do H+
muscular durante o exercício.
Durante o exercício de alta intensidade vários metabolismos, incluindo o H+ e
o Pi, são acumulados no músculo induzindo a fadiga muscular e, consequente
diminuição da performance (Lattier et al., 2004).
Tal como acontece com o lactato, também a concentração de amónia
sanguínea se relaciona com os níveis da fadiga muscular (Banister et al., 1985;
Banister & Cameron, 1990; Brouns et al., 1990; Hageloch et al., 1990;
Wagenmakers, 1992). Atendendo a que as concentrações de amónia no sangue
também podem ser identificadas com o recrutamento preferencial das unidades
motores tipo II, o conhecimento que retiramos do comportamento das concentrações
de amónia sanguínea ajudam-nos a completar a informação que nos advém do
conhecimento da lactatémia (Ferreira, 1995).
Assim, será de esperar que as concentrações de amónia se alterem com o
decorrer de uma prova de 400 metros. Provavelmente, observar-se-á um aumento
dessas concentrações que se correlacionará com a diminuição da velocidade da
corrida devido ao aparecimento da fadiga muscular e ao recrutamento preferencial de
determinado tipo de fibras musculares (Ferreira, 1995).
Geralmente, a fadiga muscular manifesta-se pelo declínio em parâmetros
relativos à actividade, tais como a diminuição da força máxima de um determinado
movimento, a redução dos valores máximos de força isométrica, o aparecimento de
Revisão da Literatura
17
tremor muscular e a diminuição dos níveis submáximos de força e/ou velocidade do
movimento (Farinatti & Monteiro, 1992). Neste sentido, as alterações metabólicas
que acompanham directamente a fadiga, afectam o mecanismo contráctil e activam
aferências que podem induzir a uma diminuição da força. Durante o exercício intenso
a concentração intracelular de iões potássio ([K+]) diminui, enquanto que a ([K
+])
extracelular aumenta. Estes grandes e rápidos fluxos de K+ podem contribuir para a
fadiga muscular (Lattier et al., 2003).
Adicionalmente, importa salientar que a fadiga muscular depende do tipo,
duração e intensidade do exercício, do nível de treino do sujeito, da forma como é
elicitada a contracção da tipologia das fibras musculares recrutadas, da capacidade
física do indivíduo e de outros factores como alimentação, sono, condições
ambientais e motivação (Farinatti & Monteiro, 1992).
3.2. Fadiga de Origem Central
A fadiga de origem central é o resultado de alterações do input neural que
chega ao músculo, traduzida por uma redução progressiva da velocidade e frequência
de condução do impulso voluntário aos motoneurónios durante o exercício e pode ser
traduzida numa falha voluntária ou involuntária na condução do impulso que
promove uma redução do número de unidades motoras activas e uma diminuição da
frequência de disparo dos motoneurónios (Ascensão et al., 2003).
O estudo das causas centrais da fadiga implica uma análise a nível da fibra
muscular, uma vez que os músculos são compostos por diferentes tipos de fibras
musculares, diferentes na sua estrutura ou no seu padrão de activação (Farinatti &
Monteiro, 1992).
De acordo com Raposo (2000), são locais de possível aparecimento de fadiga
central:
- As alterações das excitações neurais, provocando uma diminuição da
frequência de activação muscular, podendo ocorrer ao nível do neurónio ou
do moto-neurónio;
- Insuficiência na transmissão do potencial de acção na área pós-sináptica
envolvendo a produção, a libertação e a (re) captação do neurotransmissor;
Revisão da Literatura
18
- Factores psicológicos, com particular destaque para os que envolvem a
motivação para o cumprimento das tarefas de treino e de competição.
Apesar do interesse de mais de um século por parte dos investigadores, os
agentes definitivos indutores da fadiga encontram-se ainda por identificar. No
entanto, a fadiga não se deve a uma única causa. Está ligada a um espectro de
eventos que contribuem para o seu desenvolvimento com vários graus de influência,
dependendo da natureza da tarefa realizada (Ascensão et al., 2003).
A duração e a intensidade do trabalho, a forma em que é elicitada a contracção,
o tipo de fibra recrutada, a capacidade física do indivíduo e outros factores como
alimentação, condições ambientais e motivação combinam-se de forma a levar um ou
mais elementos envolvidos a um ponto em que acabam por limitar o desempenho
(Farinatti & Monteiro, 1992).
3.3. O Processo da Fadiga e a Corrida de 400 Metros Planos
De acordo com Férnandez- Castanyz (2003), citado em Faustino (2004), em
exercícios de intensidades acima dos 90% do VO2máx, a maior parte da energia
obtém-se predominantemente pela via aneróbia, com a consequente acumulação de
metabolitos (lactato, fósforo inorgânico, ADP, IMP, protões e amoníaco).
Assim, outro dos factores, habitualmente discutido como possível agente de
fadiga, é a acidose metabólica induzida pelo exercício, com especial destaque para a
resultante do exercício de curta duração e de alta intensidade, onde prevalece a
energia fornecida pela glicólise.
Neste sentido, a maioria dos efeitos do ácido láctico no desenvolvimento da
fadiga muscular, resultam no aumento da concentração de iões H+ e consequente
diminuição do pH, decorrente da rápida dissociação do ácido láctico (Farinatti &
Monteiro, 1992).
De acordo com Fairchild et al. (2002), tem sido argumentado que a rápida
remoção de lactato e H+ após exercício de alta intensidade é crucial para a
subsequente recuperação da capacidade de trabalho físico, particularmente sob
condições que envolvam sessões múltiplas consecutivas de actividade física de alta
intensidade.
Revisão da Literatura
19
Neste tipo de exercício, devido à influência que a diminuição do pH tem na
fadiga, existe uma quebra nos níveis de força após cerca de 30 segundos de máxima
actividade (Farinatti & Monteiro, 1992).
Sendo a corrida de 400 metros uma prova onde a prestação dos atletas só é
possível através de uma grande contribuição do metabolismo glicolítico (Colaço &
Santos, 2002), o aparecimento da fadiga nesta distância deve-se preferencialmente ao
aumento da acidose muscular, limitando assim o metabolismo energético (Costill,
1992).
Deste modo a capacidade do rendimento dos atletas não está apenas dependente
de reservas energéticas e mecanismos de compensações metabólicas, mas também da
capacidade de cada atleta em produzir e tolerar grandes concentrações de lactato
(Colaço & Santos, 2002). Este facto faz incidir sobre a fadiga, provocada pela
concentração de ácido láctico, os problemas relacionados com o rendimento nesta
corrida (Costa, 1996).
Ao mesmo tempo, esta capacidade de tolerância da acidose muscular permite
ao atleta retardar o processo da fadiga (Colaço & Santos, 2002).
Por outro lado, de acordo com Faustino (2004), o tipo de fibra predominante
constitui um factor limitativo do rendimento em determinados tipos de esforços. A
estrutura e composição de cada sujeito podem facilitar a manifestação antes e depois
dos agentes causadores da fadiga. Neste sentido, a produção de lactato será maior
num indivíduo com uma maior proporção de fibras rápidas em conjunto com uma
maior velocidade de depleção do glicogénio.
De facto, no músculo esquelético são identificados e classificados dois tipos
distintos de fibras, através das suas características contrácteis e metabólicas, as fibras
de contracção rápida ou fibras do tipo I e as fibras de contracção lenta, também
designadas por fibras do tipo II. As fibras de contracção rápida dependem
essencialmente do sistema glicolítico a curto prazo para fornecimento de energia. Por
outro lado, as fibras de contracção lenta geram energia para a ressíntese do ATP
predominantemente através do sistema aeróbio para fornecimento de energia
(McArdle et al., 1998).
Pavavolainen et al., (1995), citados em Barbosa (2001), suportados em vários
estudos, referem que os velocistas, em relação a atletas corredores de 800 e 1500
metros, apresentam maior percentagem de fibras rápidas. Logo, possuem um grande
Revisão da Literatura
20
potencial glicolítico, evidenciando maiores concentrações de lactato no final de
esforços máximos e estão mais susceptíveis à fadiga.
4. Corrida de 400 Metros Planos
4.1. Caracterização da Corrida de 400 Metros Planos
A prova de 400 metros planos está integrada dentro das corridas de
velocidade que compõem o programa Olímpico e é considerada como sendo a
corrida de velocidade mais longa do Atletismo (Miguel, 2001).
Nos dias de hoje, um atleta de classe mundial em 400 metros planos é um
sprinter de velocidade elevada, adicionada a uma boa capacidade de resistência
(Bowerman & Freeman, 1991).
Por se tratar de uma corrida executada a uma velocidade muito próxima da
máxima, um atleta com boas prestações nas corridas de 100m e 200m pode obter
bons níveis de prestação nesta distância (Barbosa, 2001).
Neste sentido, a velocidade apresenta-se como uma capacidade determinante
no resultado desta prova (a velocidade máxima de competição corresponde a 90% da
capacidade individual máxima locomotora). Logo, um atleta que não possua um
nível de velocidade máxima bastante elevado, por muito resistente que seja, o seu
resultado final estará sempre condicionado (Miguel, 2001).
Também não podemos deixar de ter em conta que o nível de velocidade
máxima, nesta competição, é muito determinado pela velocidade a que são realizados
os primeiros 200m (Barbosa, 2001). Por se tratar de um esforço intenso e de certa
forma prolongado, um bom atleta de 400 metros é aquele que, sendo rápido, melhor
consegue dosear o seu esforço ao longo de toda a prova, para que as suas perdas não
sejam demasiado acentuadas na parte final da corrida (Abrantes, 2005).
De facto, um quatrocentista de elevado nível tem a velocidade de um corredor
de elite em 200 metros, mas tem que ter força para continuar a corrida, combinada
com a habilidade para relaxar a uma velocidade próxima da máxima (Bowerman &
Revisão da Literatura
21
Freeman, 1991). Não é por acaso que o detentor do record mundial nos 400 metros é
também o recordista dos 200 metros (Michael Johnson).
Fazendo uma análise ao quadro 3, torna-se evidente os primeiros 200 metros
se realizam com maiores níveis de velocidade que os segundos.
Quadro 3: Tempos parciais de cada 200 metros na final de 400 metros masculinos do campeonato do
Mundo de Sevilha (Adaptado Abrantes, 2005).
Atleta 0-200metros 200-400metros Tempo Final Perdas nos 2º
200metros
Johnson 21,22 21,96 43,18 0,74
Parrela 21,13 23,16 44,29 2,03
Cardeans 21,19 23,12 44,31 1,93
Young 21,33 23,03 44,36 1,70
Pettigrew 21,19 23,35 44,54 2,16
Richardson 21,28 23,37 44,65 2,09
Haughton 21,22 23,85 45,07 2,63
Baulch 21,29 23,89 45,18 2,60
De acordo com Abrantes (2005), normalmente o atleta que ganha é o que
regista menos perdas no final da corrida. De facto, se verificarmos no quadro 3, a
prova de Michael Johnson (record mundial), verificamos que até aos 200 metros
nada o distingue dos seus adversários. A diferença encontra-se nos 200 metros finais,
onde Johnson perde apenas 0,74 segundo em relação à primeira parte da corrida
enquanto que a média dos seus adversários é de 2,16 segundos.
Miguel (2001) defende que apesar da velocidade ser determinante no
resultado final desta prova, esta tem pouco a ver com as provas de 100 e de 200
metros. Pela duração que encerra apresenta algumas características muito diferentes
destas duas provas, nomeadamente no que se refere à capacidade física de resistência
e às ligações que esta estabelece com as capacidades, força e velocidade.
Vittori (1991), citado em Miguel (2001) identifica como requisitos
fundamentais para a corrida de 400m:
- Velocidade: onde se distingue a fase de aceleração e a velocidade máxima;
- Força: qualidade necessária para adquirir e manter a velocidade. A força máxima
dinâmica e principalmente a força elástico-explosiva são as manifestações que
Revisão da Literatura
22
determinam a fase de aceleração. Por sua vez, as expressões de força que influenciam
a fase máxima velocidade de corrida são força elástico-explosiva e elástico-
explosiva-reflexa.
- Resistência: qualidade necessária para que se possa continuar o esforço apesar da
instalação da fadiga. Depende fundamentalmente do sistema energético anaeróbio
láctico, dada a intensidade e brevidade do esforço.
- Gestão do esforço: o atleta deverá seleccionar uma óptima combinação entre
frequência e amplitude de passada por forma a adquirir velocidade de um modo mais
económico possível que lhe possibilite manter o seu ritmo de corrida.
4.2. Caracterização Energética da Corrida de 400 Metros Planos
Sendo os 400m uma competição de esforço muito próximo do máximo e com
duma duração que pode ir de 43,18 segundos (record mundial masculino) até mais de
60 segundos (consoante o nível de atletas femininos), é um evento onde a energia
que é fornecida provém maioritariamente do sistema anaeróbio.
Como tal, o rendimento desportivo em corredores de 400 metros está
dependente, entre outros factores, dos seus níveis de prestação anaeróbia (Barbosa,
2001).
Atendendo às suas características de elevada dependência do metabolismo
glicolítico e um tempo de duração das competições que obriga os atletas a suportar
elevadas concentrações de ácido láctico, durante um elevado período de tempo, a
prova de 400m é frequentemente considerada como a mais exigente do Atletismo
(Colaço et al., 2002).
A energia necessária deriva maioritariamente da quebra de compostos de
fosfatos de alta energia fornecida pelos sistemas do ATP-CP e do ácido láctico
(Guthrie, 1995).
Segundo Barbosa (2001), o metabolismo anaeróbio láctico, em esforços
maximais, é estimulado, aproximadamente, aos 40 metros de corrida (5-6 segundos).
Neste sentido, ambos os sistemas energéticos (ATP-CP e ácido láctico) assumem
simultaneamente uma intervenção nesta fase, através de uma alteração progressiva
do sistema aláctico para láctico.
Revisão da Literatura
23
De acordo com o mesmo autor, a fase da diminuição da velocidade inicia-se
pouco depois de se alcançar a máxima velocidade possível de se atingir neste tipo de
prova. A partir dos 300m esta diminuição da velocidade de corrida é bem evidente,
em consequência, entre outros factores, da acidose muscular. Aqui o metabolismo
anaeróbio láctico torna-se preponderante, pois permite manter uma velocidade
elevada, se bem que inferior à inicial, durante um período de tempo relativamente
elevado.
Miguel (2001) resumiu como factores fisiológicos decisivos para a corrida de
400m a Capacidade Anaeróbia Aláctica, Potência Anaeróbia Láctica e a Capacidade
Anaeróbia Láctica. Esta última assume maior importância nas mulheres ou em atletas
de menor qualificação, uma vez que a maior duração da prova exige que, apesar da
contínua produção de lactato se consiga atrasar a hiperacidez.
Nos 400m o desenvolvimento da resistência anaeróbia láctica acentua-se,
relativamente aos 100 e 200metros, mas não podemos esquecer que tratando-se de
uma corrida de velocidade, a marca final estará sempre condicionada pelos níveis de
velocidade a que o atleta é capaz de percorrer cada 200 metros (Barbosa, 2001).
De acordo com Miguel (2001) e Abrantes (2005), a corrida de 400 metros
planos, atendendo às suas características já referenciadas anteriormente, pode ser
considerada como sendo de Resistência de Curta Duração (RCD). Segundo o autor,
as provas de RCD têm uma duração entre os 30 segundos e os 2 minutos, a uma
intensidade de carga máxima, e têm como via energética predominante a via
anaeróbia. No quadro 4 podemos observar os factores determinantes da especialidade
de RCD.
Quadro 4: Factores determinantes da RDC (adaptado de Miguel, 2001).
Sistema Energético Factores
Anaeróbio
Capacidade de dispor de muita energia/unidade de tempo (dependente dos
depósitos de fosfatos e da actividade das enzimas glicólise anaeróbia.
Capacidade de produzir lactato (Potência Láctica)
Capacidade de tamponamento (atrasar a hiperacidez)
Melhoria de tolerância à acidez.
Aeróbio Capacidade aeróbia (Regulação da produção/ eliminação de lactato;
melhoria da eliminação de substratos e resíduos metabólicos)
Não nos podemos esquecer que o sistema aeróbio tem alguma influência na
capacidade de economizar reservas energéticas ao longo da competição de 400
metros, permitindo aos atletas uma melhor economia do seu esforço (Barbosa, 2001).
Revisão da Literatura
24
Atletas que corram 400m necessitam não só de uma elevada capacidade
anaeróbia, como também de uma elevada capacidade aeróbia. Eles têm que treinar a
capacidade de tolerância à grande acidez que se instala nos seus músculos ao longo
da corrida, com um acompanhamento da fadiga (Janssen, 2001).
De acordo com Spencer & Gastin (2001), em provas de 400 metros, a
transição do fornecimento de energia predominantemente anaeróbio, para
predominantemente aeróbio ocorre entre os 15 e os 30 segundos.
Por outro lado, Hirvonen et al. (1987), citados em Nummela & Rusko (1995),
sugerem que no final de uma corrida de 400 metros, o trabalho da glicólise é
retardado devido à diminuição da acumulação de sangue e lactato muscular. Os
mesmos autores mostraram ainda que as fontes de ATP e de CP diminuem mais no
final de uma prova de 400 metros do que a meio da corrida.
No quadro 5 podemos observar a contribuição do sistema energético durante
uma prova de 400 metros planos.
Quadro 5: Valor percentual atribuído à contribuição do sistema anaeróbio na prova de 400 metros
segundo diversos autores (adaptado McArdle et al., 1998, Janssen et al., 2001, e Barbosa,
2001).
Autores Via Anaeróbia Via Aeróbia n Amostra
Lacour et al. (1990) 36% 64% 4 Especialistas de 400
metros
Weyand et al. (1993) 63% 37% 9 Velocistas
Gastin et al. (1996) 54% 46% 4 Corredores de Sub-elite
Spencer et al. (1996) 72% 28% - Velocistas
Foss & Keteyian (1998) 82% 18% - -
McArdle et al. (1998) 75% 85% -
Hill (1999) 68% 32% 6 Especialistas
Universitários de 400
metros
Spencer & Gastin (2001) 57% 43% Corredores de 400 metros
5. Recuperação
Na problemática desportiva actual, com um aumento cada vez maior das
cargas de treino, a recuperação ocupa um papel fundamental, tendo que ser
cuidadosamente planeada e facilitada pelos mais diversos meios (Horta, 1995).
Revisão da Literatura
25
A recuperação de um atleta após um exercício máximo de competição, ou
mesmo de treino, tem vindo cada vez mais a ser estudada. Muitos atletas e
treinadores têm vindo a interessar-se cada vez mais sobre o melhor caminho para
uma recuperação rápida e eficaz, após o exercício de alta intensidade.
De facto, após o exercício físico, os processos corporais não retomam
imediatamente os níveis de repouso. Depois de um exercício relativamente leve de
curta duração, a recuperação é rápida e costuma passar despercebida. Por outro lado,
se a actividade for particularmente stressante, como por exemplo, uma competição
de 400 metros, ou se a duração da prova é prolongada durante um exercício aeróbio
de elevada intensidade, poderá ser necessário um período de tempo considerável para
o metabolismo retornar ao nível de repouso (McArdle et al., 1998).
De acordo com os mesmos autores, a variação na recuperação após um
exercício leve, moderado ou extenuante, é determinada por possíveis processos
metabólicos e fisiológicos que resultam de cada nível de esforço.
Segundo Manso (1999), citado em Luís (2003), a recuperação consiste num
processo básico de regeneração celular que tem lugar após as modificações sofridas
pela prática da actividade física intensa.
O primeiro passo para uma boa recuperação é saber quais as causas e quais os
mecanismos que originaram a fadiga e só depois poderemos verificar quais os meios
reabilitadores que poderemos utilizar para o tipo de fadiga em causa (Horta, 1995).
O processo de recuperação é de particular importância em eventos onde um
atleta possa ter que competir em mais do que uma ocasião, durante uma competição
num mesmo dia (Monedero et al., 2000), situação essa que ocorre muito
frequentemente no Atletismo, quer a nível nacional, quer mundial.
Geralmente, em competições que impliquem grandes concentrações de ácido
láctico, como é o caso da competição de 400 metros planos, é aceite que a remoção
de ácido láctico dos músculos e do sangue é fundamental para a recuperação e para a
continuação bem sucedida de exercício subsequente. O processo de recuperação é
visto como sendo de particular importância em eventos de Atletismo, Natação,
Ciclismo e outros eventos onde os atletas têm de competir em mais do que uma
ocasião num mesmo dia (Lattier et al., 2003).
Segundo Luís (2003), o processo da recuperação possui uma série de funções
entre as quais se destacam:
Normalização das funções;
Revisão da Literatura
26
Restauração dos níveis energéticos com um período de supercompensação
dos mesmos;
Normalização do equilíbrio homeostáctico;
Funções de reconstrução, particularmente das estruturas do sistema
enzimático.
As diversas medidas para recuperação podem ser classificadas em activas e
passivas (Weineck, 1999). Nas últimas décadas, os investigadores têm estudado o
fenómeno da recuperação, nomeadamente, fazendo comparações entre a RA, o
descanso e outros fenómenos de RP; efeito da RA na performance; influência da
recuperação em algumas variáveis fisiológicas como o lactato e a FC; efeitos da
recuperação de substratos energéticos; duração e intensidade da recuperação (Luís,
2003).
Como podemos verificar no quadro 5, durante a recuperação de um exercício
exaustivo, a remoção de ácido láctico pode durar entre 30 minutos a 1 hora, se a
recuperação for acompanhada de exercício ligeiro. Por outro lado, se apenas se
efectuar repouso, a remoção do ácido láctico pode durar o dobro do tempo, ou seja,
entre 1 hora a 2 horas. Por outro lado, Manso et al. (1996) referem que a remoção do
ácido láctico pode levar entre 30 minutos a 90 minutos, até que este atinja os seus
níveis normais
Quadro 6: Tempos de recuperação mínimos e máximos sugeridos após exercícios exaustivos
(Adaptado Horta, 1995).
Processo de Recuperação Tempo de Recuperação Sugerido
mínimo máximo
Restauração das reservas de ATP e FC
Pagamento do componente aláctico do débito de
O2
Ressíntese do glicogénio muscular
Reposição do glicogénio hepático
Remoção do ácido láctico do sangue e dos
músculos
Pagamento do componente láctico do débito de
O2
Restauração das reservas de O2
2 min
3 min
10 h (1)
5 h (2)
?
30 min (3)
1 h (4)
30 min
10-15 seg
5 min
5 min
46 h
24 h
12-24 h
1 h
2 h
1 h
1 min (1)
Após exercício contínuo (2)
Após exercício intermitente (3)
Recuperação com exercício (4)
Recuperação com repouso
Revisão da Literatura
27
5.1. Recuperação Passiva
A quase totalidade dos meios da RP é caracterizada pelo carácter individual
de cada atleta, sendo a sua opção e terapia da responsabilidade da equipa
multidisciplinar de apoio ao treinador e em particular ao médico da equipa (Raposo,
2000).
De acordo com o mesmo autor, são meios conhecidos para a RP:
- uma adequada nutrição;
- a massagem, hidromassagem e automassagem;
- os banhos especiais;
- a farmacologia;
- o sono;
- a psicoterapia;
- a hidroterapia;
- a sauna;
Os aspectos relacionados com a dieta alimentar têm um papel fundamental na
recuperação dos esforços realizados, quer em treinos quer nas competições,
sobretudo quando o tempo de recuperação entre dois esforços intensos é curto (Luís,
2003).
Segundo Horta (1995), a incorporação de glicose nas reservas de glicogénio
muscular é mais rápida e intensa entre a primeira e segunda horas após o exercício
intenso, pelo que, nos primeiros 30 e 40 minutos devemos beber água mineral
alcalina com glicose, frutose, sacarose, ou mel diluídos em concentrações baixas e,
depois, dentro da primeira e segunda hora após o treino, ingerir uma refeição rica em
glúcidos. Neste contexto, outro factor importante para a recuperação após a
realização de exercício intenso é a ressíntese do glicogénio muscular (Luís, 2003).
Choi et al. (1994) e Fairchild et al. (2003) realizaram estudos para comparar
os efeitos da RA e RP na ressíntese do glicogénio muscular após exercício de alta
intensidade no cicloergómetro, em indivíduos não treinados. Nos estudos efectuados,
foi demonstrado que a ressíntese do glicogénio muscular é maior durante a RP do
que na RA. No entanto, a concentração de lactato sanguíneo diminui mais
rapidamente com RA do que com a RP.
Revisão da Literatura
28
Segundo Fairchild et al. (2003) uma possível explicação para o maior
aumento do glicogénio durante a RP é que o lactato, com uma porção restante de
glicogénio muscular, foi oxidado para fornecer energia para a RA. Por outro lado,
como durante a RP, o lactato não foi preciso como energia, pode por isso contribuir
para a ressíntese de glicogénio.
5.2. Recuperação Activa
A RA tem sido considerada como sendo uma maneira eficiente na promoção
da recuperação da fadiga muscular (Saiyro et al., 2003).
De acordo com Fairchild et al. (2002) uma maneira para acelerar a remoção
de lactato e H+ consiste na exercitação a intensidade moderada durante a recuperação
do exercício de alta intensidade- recuperação activa. Tem sido documentado que o
lactato e o H+ regressam mais rapidamente aos níveis basais quando exercitados a
intensidade moderada durante o processo de recuperação do exercício intenso. Esta
rápida remoção de lactato é, em parte, explicada na base de que a recuperação activa
facilita o aumento da oxidação do lactato através da exercitação muscular.
Após uma competição ou um treino intenso, o esforço físico deverá terminar
de forma gradual com um trabalho muscular activo durante cerca de 10 minutos. São
os 10 minutos de corrida lenta que são utilizados após uma corrida de Atletismo,
quer se trate de um prova de velocidade ou de fundo (Horta, 1995).
Vários autores (Weltman et al., 1979; Choi et al., 1994; Falk et al., 1995;
Gupta et al., 1996; Ahmaidi et al., 1996; Monedero et al., 2000; Fairchil et al., 2002;
Fairchild et al., 2003; Sayryo et al., 2003; Dupont et al., 2004; Spierer et al., 2004; e,
Lattier et al., 2004) realizaram estudos sobre o processo da recuperação tendo eles
chegado à conclusão de que a concentração de lactato sanguíneo diminui mais
rapidamente com RA do que com RP. Assim:
- a maior diminuição de lactato resulta na produção de uma maior potência durante o
protocolo de RA (Ahmaidi et al., 1996);
- com a RP, o tempo até à exaustão é mais longo do que com a RA, no entanto, a
desoxigenação é mais lenta com uma RP do que com RA (Dupont et al., 2004);
- o maior tempo de exaustão obtido no exercício intermitente com RP quando
comparado com o exercício intermitente com RA, pode ser provocado por um
Revisão da Literatura
29
requerimento de energia mais baixo e por uma reposição mais rápida de oxigénio
durante os intervalos de RP (idem);
- a RA produz uma melhor performance no exercício (Weltman et al.,1979);
- uma possível explicação para a grande concentração de ácido láctico, após
exercício intenso, na RA é que durante esta, grande parte do sangue muscular circula
aumentando a translocação do ácido láctico do músculo para o sangue (Spierer et al.,
2004);
- a RA também afecta o padrão de mudança do pH no sangue, com diminuição do pH
sanguíneo após exercício intenso, sendo seguido por um regresso rápido aos níveis
pré-exercício, em resposta à RA (Sairyo et al., 2003);
- a RA surge associada a uma frequência metabólica elevada, a uma maior produção
cardíaca e a um aumento da circulação sanguínea, consequente aumento da
frequência de transporte e utilização do lactato, particularmente, pelo coração e pelos
músculos esqueléticos (Fairchil et al., 2002).
- a temperatura ambiente não afecta directamente a concentração de lactato no
sangue, durante RA ou RP (Falk et al.,1995).
No entanto, num estudo realizado por Lattier et al. (2004), os autores
constataram que a RA apenas pode ser benéfica se o exercício posterior for realizado
a uma intensidade supra-máxima. Caso contrário, se for realizado à mesma ou a uma
intensidade menor relativamente ao anterior, não se observaram quaisquer benefícios
neste tipo de recuperação.
5.3. Recuperação Através do Processo da Massagem
Um outro meio de recuperação, geralmente utilizado em várias modalidades
desportivas, é o processo das massagens desportivas. No entanto, estudos sobre a
utilização da massagem para obter mudanças fisiológicas positivas, sob o ponto de
vista da recuperação, ainda são muito limitados (Monedero & Donne, 2000).
A massagem está baseada na existência de relações reflexas entre os órgãos
internos e determinadas secções da pele, dos músculos, do tecido conjuntivo, etc.. É
definida como sendo uma manipulação dos tecidos moles com finalidades
terapêuticas, higiénicas e desportivas e, quando aplicada durante um tempo
Revisão da Literatura
30
prolongado, melhora a circulação sanguínea, relaxa o músculo, estimula os processos
de reabilitação e aumenta a capacidade de trabalho (Manso et al. 1996)
As respostas fisiológicas que Wakim (1960), citado em Gupta et al. (1996),
tem atribuído à massagem têm sido o aumento da circulação central, o aumento da
permeabilidade celular e o efeito de alívio que tem a nível dos nervos periféricos e
centrais. A massagem de recuperação tem como principais finalidades, a eliminação
das substâncias do metabolismo que sobraram e a diminuição do tónus muscular e
vegetativo.
Por outro lado, Grosser et al. (1989) defendem que a massagem de
recuperação após exercício intenso tem como principais finalidades a eliminação de
substâncias que sobraram do metabolismo, a diminuição do tónus muscular e do
câmbio vegetativo.
A massagem exerce não só acção directa, de efeitos locais, como também
acção indirecta, ou fisológica, sobre todo o organismo (Nogueira, s/d).
Para Horta (1995) é evidente que a massagem tem um papel muito importante
na recuperação de um exercício intenso, desde que prescrita com rigor científico e
executada por técnicos qualificados. Contudo, não é igual para todas as situações,
tem diversas técnicas de execução conforme o objectivo a atingir e tem mesmo,
algumas contra- indicações.
De acordo com o mesmo autor, após o final de uma competição, o atleta
deverá fazer um ligeiro trabalho muscular activo (corrida) e, logo de seguida, terá
indicação a realização de massagens das massas musculares mais solicitadas.
Nogueira (s/d) e Manso et al. (1996) apresentam como manobras de
massagem os deslizamentos superficiais e profundos, amassamentos, a percussão e
as vibrações.
Por outro lado, Horta (1995) refere que na massagem de recuperação
desportiva podem ser utilizadas deslizamentos superficiais e profundos executados
de uma forma lenta e suave, pois só assim terão um efeito miorelaxante, os
deslizamentos superficiais centríptos, as “petrissages” lentas e suaves, a “foulage” “
e as técnicas de drenagem. Estas técnicas facilitam igualmente a drenagem linfática e
venosa e, assim, a eliminação de determinados metabolitos energéticos como o ácido
láctico.
Revisão da Literatura
31
No nosso estudo utilizaremos as manobras do deslizamento, amassamento e
da vibração. De acordo com Nogueira (s/d) e Manso et al. (1996) passamos a
explicar como de desenrola o processo de cada uma destas manobras:
Afloramento ou deslizamento serve de início e de terminus a todas as
sessões de massagem. O deslizamento age sobre a pele e visa,
principalmente, a circulação: com a palma da mão descrevem-se círculos
sobre a região visada; os movimentos devem diminuir de intensidade do
centro para as bordas da referida região; continua-se em cada segmento
durante dois ou três minutos e, caso o paciente não experimente dor ou
cansaço, poder-se-à prolongar o tempo de aplicação nas outras vezes em que
ele se submeter a esta manobra.
Amassamento é a manobra que actua sobre os músculos: toma-se certa
porção do tecido entre os polegares apertando-o, como se estivesse a beliscar,
vai-se repetindo essa manobra nas diferentes partes da região visada até que
se atinja o centro. É necessário que nessa operação não se tenha as mãos em
contracção tensa para que não cause dor no paciente. Neste caso, deve o
massagista saber quais são os grupos musculares que devem ser tratados a
fim de que não faça aplicações sobre outros cuja excitação será prejudicial.
Vibração é a manobra que actua sobre as terminações nervosas, diminuindo
a hiperexcitabilidade das mesmas: consiste em praticar com a extremidade
dos dedos pequenos movimentos de tremor ou vibração no ponto de
emergência do nervo visado (dores nevrálgicas). Pode ser realizada com os
dedos das mãos do terapeuta ou ser auxiliada por aparelhagem, o que evita a
fadiga do terapeuta especialmente em movimentos vivos. Em todos os
membros e partes do corpo que estão situados sob o nível do coração, a
massagem será efectuada em direcção ascendente, ou seja, para cima, de
forma a seguir a direcção da corrente sanguínea.
Gupta et al. (1996) realizaram um estudo onde compararam a influência da
RP, da RA e da massagem na eliminação de lactato, e no qual concluíram que a
massagem não traz nenhuma vantagem extra no ganho da remoção de lactato, nas
Revisão da Literatura
32
diferentes partes do corpo, durante os primeiros cinco minutos, pois a remoção de
lactato após o exercício foi mais rápida na RA. Por outro lado, não se verificaram
diferenças significativas na remoção do Lactato quando comparando a RP com a
Recuperação através de massagem durante 40 minutos.
Monedero et al. (2000) estudaram o efeito de quatro tipos de intervenção para
a recuperação (RP, RA; Recuperação através de massagem; Recuperação
Combinada- RA acompanhada de massagem), após exercício máximo, na remoção
de lactato e subsequente performance. Com este estudo, os autores provaram que a
intervenção mais eficiente para manter uma boa performance num exercício de
máxima intensidade não era nem a recuperação activa nem a massagem, mas a
combinação destes dois métodos. Estes autores explicaram as suas conclusões
através da remoção de lactato sanguíneo durante a recuperação activa associada a
uma expectativa de uma maior restauração de glicogénio intra-muscular durante a
parte da massagem.
Metodologia
33
CAPÍTULO III
METODOLOGIA
1. Amostra
1.1. Critérios de Selecção da Amostra
Tendo presente o objectivo do estudo, a amostra é constituída por atletas
especialistas 400 metros planos, de nível regional e nacional sendo que todos os
sujeitos estão filiados na Federação Portuguesa de Atletismo e todos eles participam
em campeonatos nacionais.
Ainda dentro do objectivo do estudo, a amostra é constituída por atletas de
ambos os géneros.
1.2. Constituição e Caracterização da Amostra
A amostra é composta por 13 sujeitos (5 do género feminino e 8 do género
masculino).
No quadro 7, estão representados os valores correspondentes às
características antropométricas dos sujeitos da amostra.
Metodologia
34
Quadro 7: Valores das variáveis antropometricas dos sujeitos da nossa amostra.
Característica Média Desvio Padrão
Sujeitos do Género Masculino (n= 8)
Idade (anos) 20,71 3,10
Massa Corporal (Kg) 66,89 4,74
IMC 21,43 0,91
Estatura (cm) 176,83 5,89
Altura sentado (cm) 87,34 6,81
Comprimento dos membros inferiores (cm) 89,49 5,88
Σ Pregas de gordura (mm)
Tricipital
Sub-escapular
Abdominal
Suprailíaca
Crural
Geminal
39,83
6,20
6,97
5,65
6,49
8,69
5,84
10,18
2,67
0,90
1,30
2,26
3,27
2,23
% Gordura Corporal 5,04 1,90
Sujeitos do Género Feminino (n=5)
Idade (anos) 20,33 3,42
Massa Corporal (kg) 59,78 4,96
IMC 21,63 1,61
Estatura (cm) 166,16 4,97
Altura sentado (cm) 87,14 4,60
Comprimento dos membros inferiores (cm) 79,02 6,07
Σ Pregas de gordura (mm)
- Tricipital
- Sub-escapular
- Abdominal
- Suprailíaca
- Crural
- Geminal
58,82
10,52
7,64
6,72
9,26
15,68
9,00
10,55
3,73
2,14
1,33
1,61
1,98
2,06
% Gordura Corporal 10,94 1,23
O quadro 8 apresenta a caracterização biográfica dos atletas da nossa amostra:
Quadro 8: Valores médios e desvios padrões dos anos de modalidade, competições realizadas durante
uma época, frequência semanal de treino e duração das sessões de treino.
Variáveis Género Masculino
(n=8)
Género Feminino
(n=5)
Anos de prática da modalidade 7,63±3,38 7,80±2,17
N.º de competições ao longo de uma época 27,50±13,03 22,00±2,70
Frequência semanal de treino (dias) 6,25±2,31 5,40±0,89
Duração das sessões de treino (min) 103,75±15,06 100,80±17,70
No quadro 9, podemos observar os recordes pessoais de cada um dos atletas
da amostra, na competição de 400 metros planos.
Metodologia
35
Quadro 9: Recorde Pessoal dos sujeitos na prova de 400
metros planos.
Atletas Recorde Pessoal
Sujeitos do Género Masculino (n=8)
A 50”28
B 51”76
C 52”30
D 50”61
E 50”70
F 50”98
G 53”69
H 51”98
Média 51,54
Desvio Padrão 1,06
Sujeitos do Género Feminino (n=5)
I 60”13
J 57”88
K 58”63
L 62”52
M 60”41
Média 59,91
Desvio Padrão 1,79
2. Procedimentos Metodológicos
A recolha de dados decorreu entre os meses de Março e Abril. Todos os testes
foram realizados numa pista de atletismo de 400 metros com piso sintético.
2.1. Medidas Antropométricas
As medidas antropométricas dos indivíduos da nossa amostra foram
realizadas pelo mesmo examinador, com o mesmo material e segundo as prescrições
técnicas descritas por Sobral & Silva (2001). No sentido de precaver incidências de
variação diurna, tentou-se que todos os sujeitos fossem avaliados às mesmas horas.
Porém, em alguns casos, por condicionalismo de horário e recursos, a avaliação teve
lugar em horas diferentes, pelo que se admite interferências de erro de medida.
Metodologia
36
2.1.1. Massa corporal
Na medição desta variável foi utilizada uma balança digital portátil SECA,
modelo 770. Os valores foram utilizados em quilogramas (kg), com aproximação às
décimas.
Objectivo: determinar a massa corporal do sujeito.
Procedimentos: o atleta subirá para a balança, descalço e em calções, mantendo-se
totalmente imóvel sobre a balança até que o valor estabilize. Registar-se-á então o
peso do atleta.
2.1.2. Estatura
A estatura foi medida com um estadiómetro portátil SECA, modelo 208.
Objectivo: determinar a estatura corporal.
Procedimentos: o atleta deve estar descalço, colocar-se junto à parede e em posição
estática tendo como referência o plano de Frankfurt, segundo a técnica descrita por
Ross & Marfell-Jones, (1991), citado em Sobral & Silva (2001).
2.1.3. Altura sentado
A altura sentado foi medida com um estadiómetro portátil SECA, modelo
208. É medida entre o vértex e o plano de referência do solo. Esta medida é expressa
em centímetros (cm) com aproximação ao milímetro.
A combinação da medida da estatura e altura sentados permite calcular
indirectamente o comprimento dos membros inferiores.
Objectivo: determinar a distância vértico-esquiática, também designada por
cumprimento do busto.
Procedimentos: o atleta encontra-se encostado à parede, sentado, e em
posição estática.
Metodologia
37
2.1.4. Pregas de adiposidade cutânea
Segundo Sobral & Silva (2001) as pregas de gordura cutânea são medidas dos
valores locais dos depósitos de gordura subcutânea, sendo geralmente utilizadas em
formas de estimação antropométrica da composição corporal. É vulgar designá-las
abreviadamente por “pregas” ou pelo termo inglês skinfolds.
Para a medição das pregas de gordura cutânea foi utilizado um adipómetro
SlimGuide com uma escala de medição milimétrica. Os sujeitos foram medidos de
pé, sem vestuário a cobrir o tronco, de acordo com a técnica de Ross & Marfell-Jones
(1991), citado em Sobral & Silva (2001). O antropometrista, usando o polegar e o
indicador em forma de pinça, destaca com firmeza a pele e a gordura subcutânea dos
tecidos subjacentes. Colocam-se as pontas do adipómetro 2 cm ao lado dos dedos, e
uma profundidade de 1 cm.
Prega tricipital
Prega vertical, medida na face posterior do braço direito, a meia distância
entre os pontos acromiale e radiale.
Prega subscapular
Prega oblíqua dirigida para baixo e para dentro. Medida imediatamente
abaixo do vértice inferior da omoplata direita.
Prega suprailíaca
Prega ligeiramente oblíqua, dirigida para baixo e para dentro. Medida acima
da crista ilíaca sobre a linha midaxilar.
Prega abdominal
Prega vertical. Medida 5 cm para a esquerda do omphalion.
Prega crural
Prega vertical. Medida sobre a linha média da face anterior da coxa direita, a
meia distância entre os pontos tibiale e ilospinale. O sujeito encontra-se sentado e
com o joelho flectido a 90º.
Metodologia
38
Prega geminal
Prega vertical obtida com o sujeito sentado e o joelho flectido a 90º. Medida
ao nível da maior circunferência da perna direita, na face interna.
2.1.5. Percentagem de gordura
A percentagem de gordura foi medida através da fórmula das 4 pregas
(abdominal, supra-ilíaca, trícipital, crural) de Araújo (2000):
Rapazes:
Percentagem de gordura corporal = 0,29288 (soma das quatro pregas
cutâneas) – 0,0005 (soma das quatro pregas cutâneas)2 + 0,15845 (idade) –
5,76377.
Raparigas:
Percentagem de gordura corporal = 0,29669 (soma das quatro pregas
cutâneas) – 0,00043 (soma das quatro pregas cutâneas)2 + 0,02963 (idade) –
1,4072.
2.2. Protocolos de Avaliação do Método de Recuperação
Foram realizados três testes de campo. Em cada um dos testes os atletas
realizaram duas provas de 300 metros planos com um intervalo de 90 minutos.
A escolha da prova de 300 metros para realizar o nosso estudo deveu-se ao
facto de na nossa amostra alguns atletas jovens, embora especialistas em 400 metros
planos, o seu treino encontra-se mais direccionado para a primeira parte da corrida
(primeiros 200 metros), enquanto que atletas mais velhos treinam mais a segunda
parte da corrida. Sendo a corrida de 300 metros uma distância média, consegue
adaptar-se melhor aos dois tipos de treino.
Por outro lado, vários estudos (Weyand et al., 1994; Barbosa, 2001) suportam
a ideia de que a corrida de 300 metros é um bom teste da capacidade anaeróbia em
corredores de 400 metros planos, logo uma prova onde também existe uma elevada
acumulação de ácido láctico no sangue.
Metodologia
39
Em todas as provas foi simulada a competição sendo que:
- Foi realizada partida de blocos;
- Os sujeitos efectuaram sempre as provas em séries de 2 ou 3 atletas (para elevar os
níveis competitivos dos atletas);
- Foram utilizadas as vozes regulamentares de partida;
- Todos os atletas utilizaram sapatilhas específicas de competição.
A figura seguinte corresponde a uma representação esquemática de todo o
processo, ao longo dos três dias de testes:
Medição do La no sangue
Aquec
1
Recuperação Passiva
Recuperação Activa
Recuperação Combinada
Aquec
2
RA
Prova 1 Massagem Prova 2
0 20 40 60 100 120 140
Tempo (minutos)
Figura 4: Representação esquemática de todos os procedimentos nos três dias de testes.
2.2.1. Primeiro Teste- Recuperação Passiva (RP)
Neste primeiro teste os sujeitos realizaram o seguinte procedimento:
- 45 minutos de aquecimento;
- Realização da primeira prova de 300 metros planos;
- Uma hora e trinta minutos de recuperação;
- 30 Minutos de aquecimento para a segunda prova, dentro da qual, os
primeiros 5 minutos são utilizados para proceder à medição do lactato
(quadro 10);
- Realização da segunda prova de 300 metros planos;
Metodologia
40
A concentração de ácido láctico, foi medida após o primeiro aquecimento, aos
3 minutos , 20 minutos, 40 minutos e 60 minutos, após a primeira prova, após o
segundo aquecimento e, 3 minutos após a segunda prova.
2.2.2. Segundo Teste- Recuperação Activa (RA)
Cinco minutos após a prova, iniciou-se o processo de recuperação activa.
- 45 Minutos de aquecimento;
- Realização da primeira prova de 300 metros planos;
- Uma hora e trinta minutos de recuperação, dentro da qual, os primeiros 5
minutos são utilizados para proceder à medição do lactato e os 15 minutos
seguintes são utilizados para a Recuperação Activa que engloba 10 minutos
de corrida mais 5 minutos de alongamentos (quadro 10);
- 30 Minutos de aquecimento para a segunda prova;
- Realização da segunda prova de 300 metros planos;
A concentração de ácido láctico, foi medida após o primeiro aquecimento, aos
3 minutos, 20 minutos, 40 minutos e 60 minutos, após a primeira prova, após o
segundo aquecimento e, 3 minutos após a segunda prova.
2.2.3. Terceiro Teste- Recuperação Combinada
O processo foi igual aos dias anteriores. No entanto, após a recuperação
activa, entre os 20 minutos e os 40 minutos, os indivíduos foram sujeitos a uma
sessão de massagem realizada por um fisioterapeuta especializado.
- 45 Minutos de aquecimento;
- Realização da primeira prova de 300 metros planos;
- Uma hora e trinta minutos de recuperação, dentro da qual, os primeiros 5
minutos são utilizados para proceder à medição do lactato, os 15 minutos
seguintes são utilizados para a Recuperação Activa e ainda, são utilizados 10
minutos (no intervalo de tempo entre os 20 e os 40 minutos) para a realização
da massagem (quadro 23);
- 30 minutos de aquecimento para a segunda prova;
- Realização da segunda prova de 300 metros planos;
Metodologia
41
2.2.4. Equipamento necessário ao processo da massagem:
- Uma Marquesa Portátil;
- Um Vibrador Modelo VITA- MED;
- Óleo de massagem neutro;
2.2.5. Protocolos para os Métodos de Recuperação e para os Aquecimentos
E quadro seguinte refere-se aos protocolos dos três tipos de recuperação:
Quadro 10: Protocolo para os diferentes tipos de recuperação
RECUPERAÇÃO PASSIVA
- Repouso absoluto. Os atletas permanecem sentados ou deitados até ao aquecimento
para a segunda prova.
RECUPERAÇÃO ACTIVA
- 10 Minutos de corrida ligeira a uma velocidade de 5 km/min;
- 5 Minutos de alongamentos específicos dos músculos solicitados.
RECUPERAÇÃO COMBINADA
- 10 Minutos de corrida ligeira a uma velocidade de 5 km/min;
- 5 Minutos de alongamentos específicos dos músculos solicitados;
- 10 Minutos de massagem efectuada aos músculos dos membros inferiores com
principal incidência nos glúteos, recto anterior, recto interno, vasto interno e externo,
adutores, gastrocnémio e solear. A massagem foi efectuada de acordo com Nogueira
(s/d) e Manso et al. (1996), recorrendo às seguintes manobras:
Afloramento ou Deslizamento: serve de início e de terminus a todas as
sessões de massagem. A mão desliza sobre a pele superficialmente sem
perder o contacto, quase sem pressão. A direcção do movimento é centrípta
para ajudar na circulação de retorno.
Amassamento: realizada consoante a dimensão da região em que se é
aplicada, utilizando as falanges distais do polegar e do indicador ou com os
restantes dedos e região tenar ou hipotenar. Consiste em espremer e torcer
uma região após o levantar e comprimir repetidamente, sem magoar,
alternando com relaxamento. O movimento não deve ser lento para não
provocar um efeito sedativo. Não deve ser demasiado vivo para não provocar
um efeito excitante.
Vibração: consiste numa série de movimentos vibratórios transmitidos aos
tecidos com frequência e amplitudes variáveis. Pode ser realizada com os
dedos e mãos do terapeuta ou ser auxiliada por aparelhagem, o que evita a
fadiga do terapeuta, especialmente em movimentos vivos.
O processo da massagem inicia-se com 3 minutos de afloramento ou
deslizamento, é procedido por 4 minutos de amassamento, 2 minutos de vibração e
termina com 1 minuto de afloramento ou deslizamento.
Metodologia
42
No quadro 11 podemos observar os protocolos dos dois aquecimentos para as
duas provas.
Quadro 11: Protocolos para o aquecimento para as provas 1 e 2.
AQUECIMENTO PARA A PRIMEIRA PROVA
- 12 minutos de corrida ligeira entre 130 e 140 bpm;
- 5 minutos de alongamentos dos músculos solicitados;
- 25 minutos de técnica de corrida:
Num espaço de 60m, realizar até meio os seguintes exercícios entrando
posteriormente em corrida. A recuperação é realizada a passo;
2x Skinpping Médio;
2x Skipping Alto;
2x Skipping Atrás;
2x Tic Tac;
2x Passo Pélvico;
Num espaço de 80 m, realizar 4 progressões. A recuperação é realizada a
passo;
Realizar duas partidas de blocos.
AQUECIMENTO PARA A SEGUNDA PROVA
- 6 minutos de corrida ligeira entre 130 e 140 bpm;
- 5 minutos de alongamentos dos músculos solicitados;
- 15 minutos de técnica de corrida:
Num espaço de 60m, realizar até meio os seguintes exercícios entrando
posteriormente em corrida. A recuperação é realizada a passo;
2x Skipping Médio;
2x Skipping Atrás;
2x Tic Tac;
2x Passo Pélvico;
Num espaço de 80 m, realizar 2 progressões. A recuperação é realizada a
passo;
Realizar uma partida de blocos.
2.2.6. Análise da Concentração de Lactato Sanguíneo
Equipamento
- Lactate ProTM
;
- Tiras Medição do Lactate Pró;
- Tira de calibração;
- Lancetas Unistik® 2 Extra;
- Álcool;
- Algodão;
Metodologia
43
- Luvas;
Preparação do equipamento
- Calibragem do aparelho- deve-se realizar antes do teste, utilizando a tira de
calibragem, por forma a sabermos se o aparelho está a funcionar correctamente.
Procedimentos para a recolha e análise das amostras de sangue:
- Abre-se, cuidadosamente, o pacote da tira de teste e coloca-se dentro do Lactate
Pró;
- Segura-se na mão do atleta e desinfecta-se com álcool a extremidade do dedo
polegar, secando-o de seguida com papel de modo a não existir suor aquando da
picada;
- Imediatamente após a picada, pressiona-se o dedo até formar uma gota capaz de
perfazer a quantidade suficiente para preencher o reservatório da tira;
- Em 60 segundos a concentração de lactato é avaliada e aperece no monitor do
aparelho.
3. Procedimentos Estatísticos
3.1- Estatística Descritiva
Para a caracterização da amostra e das variáveis quantitativas estudadas
através das provas de 300 metros planos, recorreu-se à análise estatística descritiva:
média, como medida de tendência central; desvio-padrão, como medida de dispersão.
3.2- Estatística Inferencial
Quanto à estatística inferencial, para a comparação entre as variáveis dos
três testes, recorremos à estatística paramétrica, através da realização do teste T
de Student para amostras relacionadas.
Metodologia
44
Para verificar as correlações entre as variáveis em estudo, utilizou-se o
coeficiente de correlação produto -momento de Pearson.
Para os cálculos estatísticos utilizou-se o programa “SPSS 12.0- Statistic
Program for Social Sciences”, e o Microsoft Excel 2000.
Apresentação e Discussão dos Resultados
45
CAPÍTULO IV
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
1. Resultados Obtidos nos Testes
1.1. Comparação Entre os Resultados das Duas Provas nos Três Dias de Testes
Os resultados máximos obtidos pelos atletas, durante os três processos de
recuperação podem ser observados nos quadros 12 e 13, atletas do género masculino
e feminino respectivamente.
Quadro 12: Resultados obtidos pelos atletas do género masculino.
Atletas
(n=8)
RP RA RC Prova 1 Prova 2 Prova 1 Prova 2 Prova 1 Prova 2
A 37”0 37”2 37”6 37”4 37”1
37”8
44”2
37”2
37”2
38”8
37”6
39”7
37”2
39”2
44”3
37”2
37”9
38”8
38”8
37”3
B 37”8 38”1 38”4 37”7
C 44”4 43”3 41”9 42”8
D 37”7 38”3 37”2 37”1
E 37”7 37”7 37”5 37”4
F 38”3 38”5 39”8 37”1
G 38”1 39”4 38”7 39”7
H 41”6 39”6 39”7 39”8
Méd.
Dp
39,08
2,56
39,01
1,91
38,85
1,57
38,59
2,05
38,70
2,40
38,84
2,35
De acordo com os resultados do quadro 12, podemos constatar que o melhor
resultado foi alcançado pelo atleta A na primeira prova de 300 metros do primeiro
dia de teste.
Comparando os resultados obtidos pela nossa amostra com o estudo de
Barbosa (2001), verificamos que os nossos atletas apresentam uma média de
resultados inferior à média de 37”60 alcançada pelos sujeitos da amostra do referido
autor.
Apresentação e Discussão dos Resultados
46
Em relação às médias atingidas pela totalidade dos atletas, a melhor média foi
de 38,59 segundos, alcançada no dia da RA, na segunda prova. Por outro lado,
quando comparamos as diferenças entre as duas provas nas três formas de
recuperação, não se verificam diferenças estatisticamente significativas entre a
primeira e a segunda prova nos três dias de testes (quadro 13).
Quadro 13: Diferenças entre os resultados das provas 1 e 2 nos sujeitos masculinos (n=8).
Comparação através do teste T de Student para amostras relacionadas.
Tipo de
Recuperação
Prova1 Prova2 Significância
RP 39,08±2,56 39,01±1,91 0,868 (n.s.)
RA 38,85±1,57 38,59±2,05 0,569 (n.s.)
RC 38,70±2,40 38,84±2,35 0,749 (n.s.)
(n.s)- não existem diferenças estatisticamente significativas.
A justificação encontrada para este resultado pode ter a ver com o facto do
espaço que mediou as várias realizações de testes ter sido muito longo (4 semanas), o
que pode ter sido provocado pela alteração na carga de treino de cada atleta ao longo
de todo o processo.
Por outro lado, os testes aplicados a uma grande parte da amostra foram
realizados, numa fase de transição, ou seja, na passagem da época de Inverno para a
época de Verão. Assim, se por um lado, no teste de RP, alguns atletas poderiam estar
mais próximos do seu pico de forma, por se encontrarem perto do Período
Competitivo da época de Inverno, por outro lado, com o passar do tempo os atletas
foram-se afastando desse estado e, deste modo, foram perdendo a capacidade de
remover e produzir ácido láctico no sangue.
No estudo de Monedero & Donne (2000), os autores investigaram os efeitos
de diferentes intervenções de recuperação (RP, RA, recuperação através da
massagem e RC), tendo chegado à conclusão que a RC é significativamente melhor
que as intervenções de RP, RA ou massagem em termos de manutenção da
performance no exercício subsequente. No nosso estudo não verificámos quaisquer
melhorias com a RC.
Estes resultados sugerem-nos que, provavelmente, a concentração de lactato
sanguíneo não será um factor muito determinante para a performance na segunda
Apresentação e Discussão dos Resultados
47
prova, tendo em consideração o tempo que medeia entre as duas realizações. De
acordo com Horta (1995) e Manso et al. (1996) a remoção do lactato sanguíneo pode
levar entre 30 a 90 minutos. Atendendo ao intervalo que medeia as duas provas (os
sujeitos tiveram 90 minutos de recuperação), facto este que possibilita que os atletas
removam (em qualquer dos casos) lactato suficiente que lhes permita manter a
performance.
Quadro 14: Resultados obtidos pelos atletas do género feminino.
Atletas
(n=5)
RP RA RC Prova 1 Prova 2 Prova 1 Prova 2 Prova 1 Prova 2
I 44”4 43”5 45”0 44”7 44”7
43”2
42”4
45”8
46”8
44”8
44”3
42”1
45”7
46”5
J 43”6 42”6 42”9 43”6
K 42”5 42”6 43”5 43”2
L 45”6 46”6 47”7 48”7
M 47”3 45”6 46”7 46”0
Méd.
Dp
44,68
1,85
44,18
1,83
45,16
2,04
45,24
2,22
44,58
1,81
44,68
1,67
Em relação aos sujeitos do género feminino, o melhor tempo foi conseguido
pela atleta K (42,1 segundos) na segunda prova do terceiro dia de testes. Por outro
lado, o tempo médio mais baixo ocorreu, igualmente, no terceiro dia de testes,
durante a primeira prova.
Relativamente às diferenças de resultados entre a primeira e a segunda prova
nos três dias de testes, tal como se averiguou nos indivíduos do género masculino,
não foram verificadas diferenças estatisticamente significativas (quadro 15).
Atendendo a que elevadas concentrações de lactato sanguíneo têm influência de
ruptura na performance (MacArdle et al., 1998, Ascensão & Santos, 2000, Falk et
al., 1995, Ahmaidi et al., 1996), os resultados mais uma vez apontam no sentido de o
intervalo que medeia as duas provas ser suficiente para remover o lactato sanguíneo,
sem ser necessário recorrer à RA ou à RC.
Apresentação e Discussão dos Resultados
48
Quadro 15: Diferenças entre os resultados das provas 1 e 2 nos sujeitos femininos (n=5).
Comparação através do teste T de Student para amostras relacionadas.
Tipo de
Recuperação
Prova1 Prova2 Sign.
RP 44,68±1,85 44,18±1,83 0,349 (n.s.)
RA 45,16±2,04 45,24±2,22 0,818 (n.s.)
RC 44,58±1,81 44,68±1,67 0,721 (n.s.)
(n.s)- não existem diferenças estatisticamente significativas.
Por outro lado, quando comparamos as concentrações máximas de lactato
com o resultado obtido na corrida, verificamos que nem sempre os atletas com
melhores resultados, apresentam níveis de lactato mais elevado. Estes resultados
estão de acordo com os estudos de Hill et al. (1999), Housh et al. (1992), Ohkuwa et
al. (1986) e Shaefer (1989), que demonstram uma fraca correlação entre as
concentrações máximas de lactato sanguíneo e os resultados obtidos em esforços de
grande intensidade, contudo não sabemos o tipo de exercício que os sujeitos das
amostras dos referidos autores realizaram, pois um esforço de 100 metros é
naturalmente diferente de um esforço de 400 metros, nem o tipo de amostra utilizada
pelos autores, o que não está plenamente de acordo com o estudo de Jacobs et al.
(1987), no qual os autores verificaram que com o treino anaeróbio característico
deste tipo de atletas, estes adquirem uma maior capacidade de produzir ácido láctico
no sangue.
No nosso estudo, como podemos verificar no quadro 16, de facto a melhor
marca masculina corresponde à concentração de ácido láctico no sangue mais
elevada, o que vai de acordo com Jacobs et al. (1987), contudo nas raparigas o
mesmo já não se verifica.
O quadro 16 apresenta os resultados das provas e as respectivas
concentrações de ácido láctico dos três melhores atletas de cada um dos géneros.
Atletas do Género Masculino Atletas do Género Feminino
Apresentação e Discussão dos Resultados
49
Quadro 16: Comparação entre os resultados das provas (segundos) e as concentrações de ácido
láctica no sangue (mmol/l).
O quadro seguinte apresenta a comparação entre os resultados obtidos pelos
sujeitos femininos com os alcançados pelos sujeitos masculinos.
Quadro17: Comparação entre os dois géneros em relação aos resultados finais
das duas provas. Teste T de Student para amostras independentes.
Tipo
Recuperação
Género
Masculino
(n=8)
Género
Feminino
(n=5)
Sign.
RP
Prova 1 39,08±2,56 44,68±1,85 0,001 (**)
Prova 2 39,01±1,91 44,18±1,83 0,001 (**)
PA
Prova1 38,85±1,57 45,16±2,04 0,000 (**)
Prova2 38,59±2,05 45,24±2,22 0,000 (**)
PC
Prova1 38,70±2,40 44,58±1,81 0,001 (**)
Prova2 38,84±2,35 44,68±1,67 0,001 (**)
(**)- Existem diferenças estatisticamente significativas para p<0,01.
Fazendo uma análise ao quadro 17, como era de esperar, em relação aos
resultados obtidos, existem diferenças estatisticamente significativas entre os sujeitos
do género masculino e as atletas do género feminino. Deste modo, atendendo ao
facto de que as atletas femininas permanecem em exercício significativamente
durante mais tempo que os atletas masculinos, as diferentes durações poderão,
segundo Miguel (2001), corresponder a solicitações energéticas, ligeiramente
diferentes.
Atleta A Atleta E Atleta F Atleta I Atleta J Atleta K R
P
P1 (seg.) 37”0 37”7 38”3 44”4 43”6 42”5
[AL] (mmol/l) 18,6 17,0 14,4 12,7 13,7 15,6
P2 (seg.) 37”2 37”7 38”5 43”5 42”6 42”6
[AL] (mmol/l) 16,8 15,0 15,5 12,9 13,2 14,3
RA
P1 (seg.) 37”6 37”5 39”8 45”0 42”9 43”5
[AL] (mmol/l) 14,9 14,8 13,6 14,3 14,2 13,4
P2 (seg.) 37”4 37”4 37”1 44”7 43”6 43”2
[AL] (mmol/l) 16,1 15,3 14,6 17,3 14,4 14,8
RC
P1 (seg.) 37”1 37”2 38”8 44”7 43”2 42”4
[AL] (mmol/l) 16,2 15,6 13,8 14,6 14,6 15,6
P2 (seg.) 37”2 37”9 38”8 44”8 44”3 42”1
[AL] (mmol/l) 16,8 15,7 13,7 13,9 14,6 13,8
Apresentação e Discussão dos Resultados
50
1.2. Relação Entre os Dois Aquecimentos e as Duas Provas nos Diferentes Dias
de Testes
Uma vez que a concentração de lactato sanguíneo com que os atletas iniciam
as competições parece ter influência na performance (Falk et al., 1995; Ahmaidi et
al., 1996; Colaço, 2000) é importante analisar a quantidade de lactato com que os
atletas partiram para cada prova, e se a mesma, efectivamente, provoca influências
no resultado final.
Os valores da concentração de lactato após o aquecimento e o tempo médio
de prova que os sujeitos realizaram durante os três testes, podem ser observados no
quadro 18:
Quadro 18: Comparação entre as concentrações médias de lactato sanguíneo acumulado durante o
aquecimento para cada prova, e tempo de realização das provas 1 e 2 nos diferentes tipos
de recuperação.
Como podemos observar, a concentração de lactato sanguíneo máxima atingida
pelos atletas masculinos foi de 4,19 (±1,03) mmol/l e, ocorreu durante o teste da RA,
após o primeiro aquecimento. Por outro lado, estes mesmos indivíduos atingiram a
menor concentração de lactato 3,21 (±0,95) mmol/l), durante o teste de RC, após o
segundo aquecimento.
Já os sujeitos femininos acumularam um máximo de 4,90 (±2,12) mmol/l
após o segundo aquecimento, durante o teste da RP e, um mínimo de 2,82 (±1,08)
mmol/l durante o teste da RA, também após o segundo aquecimento.
Comparando as concentrações de lactato sanguíneo após o primeiro e
segundo aquecimento, apenas em alguns casos se verifica um aumento de
concentração láctica no sangue após o segundo aquecimento. Constatamos assim, um
Género n Tipo
Rec. Aquec. 1
[Lactato] (mmol/l) Tempo Prova 1
(seg.) Aqueci. 2
[Lactato] (mmol/l) Tempo Prova 2
(seg.)
Masc. 8
RP
RA
RC
4,19±1,03
3,23±1,45
3,43±1,55
39,08
38,85
38,70
3,89±1,21
3,63±1,29
3,21±0,95
39,01
38,59
38,84
Fem. 5
RP
RA
RC
3,68±1,12
3,80±1,19
3,34±0,93
44,68
45,16
44,58
4,90±2,12
2,82±1,08
3,56±1,58
44,18
45,24
44,68
Apresentação e Discussão dos Resultados
51
aumento no teste com RA para os sujeitos masculinos, e, durante os testes de RA e
RC para os indivíduos do género feminino.
Por outro lado, apesar de algumas diferenças, não se verificaram diferenças
estatisticamente significativas, nos sujeitos do género masculino entre as
concentrações de lactato sanguíneo (quadro 19) acumuladas após o aquecimento 1 e
o aquecimento 2.
Quadro 19: Relação entre a concentração de lactato sanguíneo (mmol/l) acumulado no
aquecimento 1 e 2. Comparação através do teste T de Student para amostras
relacionadas.
Tipo de
Recuperação
Sujeitos do Género Masculino Sujeitos do Género Feminino
Aquec. 1 Aqueci. 2 Sign. Aquec. 1 Aqueci. 2 Sign.
RP 4,19±1,03 3,89±1,21 0,551 (n.s.) 3,68±1,12 4,90±2,12 0,113 (n.s.)
RA 3,23±1,45 3,63±1,29 0,678 (n.s.) 3,80±1,19 2,82±1,08 0,022*
RC 3,43±1,55 3,21±0,95 0,660 (n.s.) 3,34±0,93 3,56±1,58 0,771 (n.s.)
n.s.- não existem diferenças estatisticamente significativas
(*) p<0,05- existem diferenças estatisticamente significativas
Neste sentido, se analisarmos os resultados das provas, verificamos que no
único momento em que a concentração de lactato teve aumento (após a segunda
prova, durante o teste da RA), o resultado da segunda prova foi melhor que o da
primeira, o que nos leva a supor que eventualmente os atletas não atingiram um nível
de predisposição fisiológica suficientemente elevada para poder responder com a
máxima eficácia ao esforço pedido durante as outras realizações.
Por outro lado, na segunda prova os atletas provavelmente, estariam melhor
preparados, mais estimulados e com maior motivação, conseguindo deste modo obter
melhores resultados. Esta melhor predisposição pode ser devida ao facto de os atletas
já terem realizado a primeira prova. Apesar do intervalo que medeia as duas provas
ser suficiente para poder baixar a concentração de lactato sanguíneo, Horta (1995) e
Manso et al. (1996), este pode não ser suficiente para baixar a estimulação dos
atletas. De facto, estes podem ter ficado mais motivados com a primeira prova.
Nos indivíduos do género feminino apenas foram encontradas diferenças
altamente significativas entre as concentrações de lactato dos dois aquecimentos, no
teste de recuperação activa (quadro 19). Porém, apesar de no segundo aquecimento a
concentração de lactato ser estatisticamente mais baixa que no primeiro aquecimento,
Apresentação e Discussão dos Resultados
52
e mesmo a concentração mais baixa encontrada em todos os dias de testes, foi onde
os sujeitos obtiveram pior resultado no final da prova.
Deste modo, parece existir alguma ligação entre a concentração de lactato
sanguíneo com que cada atleta parte para a prova, e os resultados obtidos nessa
mesma prova. Contudo, outros factores, tais como, a especificidade com que se
preparam para a competição, a predisposição em termos fisiológicos e psicológicos
entre outros, poderão ter uma influência marcante no resultado final.
1.3- Concentração de lactato ao longo de todo o processo
No gráfico 1, apresentamos as três curvas de lactato (mmol/l), obtidas pelos
sujeitos do género feminino, correspondentes à RP, à RA e à RC. Os valores da
concentração de lactato sanguíneo (mmol/l) correspondem às medições após o
aquecimento para a prova 1, aos 3 minutos, aos 20 minutos, 40 minutos e 60 minutos
após a primeira prova, após a preparação para a prova 2 e, 3 minutos após a segunda
prova.
3,3
13,9
10,8
8,0
3,6
13,7
4,95,0
5,8
13,6
14,8
2,82,6
3,3
7,0
3,8
14,9
14,6
3,34,2
3,3
0,0
2,0
4,0
6,0
8,0
10,0
12,0
14,0
16,0
P.Aquec.1 3' 20' 40' 60' P. Aquec.2 3'
Tempo de Recuperação (min)
[La
](m
mo
l/l)
RP RA RC
Gráfico 1: Representação da relação entre os valores médios da concentração de lactato (mmol/l) ao
longo de todo o processo em sujeitos do género feminino.
Gupta et al. (1996), estudaram os efeitos de três tipos de recuperação (RP,
RA, e recuperação com massagem), e, tal como verificámos no nosso estudo,
também os autores constataram que, o valor mais elevado da concentração de lactato
Apresentação e Discussão dos Resultados
53
no sangue, foi encontrado ao terceiro minuto, após o final do exercício, em todos os
modos de recuperação.
Aos 20 minutos após a primeira prova, tanto no dia da RA como no dia da
RC, os sujeitos apenas efectuaram RA (no dia da RC, os sujeitos foram submetidos à
massagem, apenas depois da recuperação activa, entre os 20 minutos e 40 minutos).
No entanto, como podemos observar no gráfico 1, a média das concentrações de
lactato sanguíneo obtida no dia onde foi realizada RA (8,0 mmol/l) é diferente da
média da concentração de lactato sanguíneo alcançada no dia da RC (7,0 mmol/l).
Esta diferença poderá significar que, como os testes foram realizados em
diferentes dias, com o passar do tempo os atletas, provavelmente, foram adquirindo
uma melhor capacidade de remover ácido láctico do sangue.
Por outro lado, comparando os valores da concentração de lactato aos 3
minutos após a primeira e a segunda prova (quadro 20), verificamos que esta apenas
aumentou durante o teste da RA (1,2 mmol/l), sendo que tanto no dia de RA como da
RC, as atletas diminuíram ligeiramente a concentração de lactato sanguíneo aos 3
minutos após a segunda prova, relativamente à primeira prova.
Quadro 20: Média da concentração de lactato sanguíneo 3 minutos após
as duas provas, nos sujeitos femininos. Comparação através
do teste T de Student para amostras relacionadas.
Recuperação
Concentração de lactato
sanguíneo (mmol/l) Sign.
3 min após P1 3 min após P2
RP 13,92±2,24 13,68±0,63 0,790 (ns)
RA 13,56±0,99 14,80±1,47 0,534 (ns)
RC 14,86±0,47 14,56±0,53 0,380 (ns)
( n.s.)- não existem diferenças estatisticamente significativas.
Como se verifica no quadro 20, as atletas da nossa amostra conseguiram
aumentar a concentração de lactato do primeiro dia de testes (RP) para o último dia
de testes (RC), estando de acordo com Jacobs et al. (1987). Como já foi referido
anteriormente, os autores concluíram que com o treino anaeróbio característico deste
tipo de atletas, estes adquirem uma maior capacidade de produzir ácido láctico no
sangue. Provavelmente terá acontecido o mesmo com os nossos atletas.
De facto, uma vez que os testes com os diferentes métodos de recuperação
foram realizados com um espaçamento de semanas, desde o teste da RP até ao teste
Apresentação e Discussão dos Resultados
54
da RC. Sendo este um espaço de tempo muito grande, os atletas podem ter adquirido
uma maior capacidade para acumular lactato no sangue, o que mais uma vez está de
acordo com Jacobs et al. (1987).
Os resultados obtidos pelos indivíduos do género masculino, podem ser
observados no gráfico 2:
14,2
11,2
8,0
3,6
4,7
13,8
5,26,3
3,3
13,6
7,0
3,32,6
14,8
3,8
2,8
4,23,3
14,914,6
3,3
0,0
2,0
4,0
6,0
8,0
10,0
12,0
14,0
16,0
P.Aquec.1 3' 20' 40' 60' P. Aquec.2 3'
Tempo de Recuperação (min)
[La
](m
mo
l/l)
RP RA RC
Gráfico 2: Representação da relação entre os valores médios da concentração de lactato (mmol/L) ao
longo de todo o processo em sujeitos do género masculino.
Tal como verificámos nos sujeitos do género feminino, os atletas masculinos
também apresentam uma maior concentração de lactato sanguíneo, aos 3 minutos
após cada prova.
Por outro lado, como podemos observar no gráfico 2, é notória a semelhança
entre a RA a RC. Tal como no estudo de Gupta et al. (1996), no nosso trabalho a
remoção de lactato após a primeira prova parece ser mais rápida durante a RA. Tanto
o método de RA como de RC parecem ser mais eficientes que a RP, na remoção de
lactato sanguíneo após exercício físico.
À semelhança do estudo de Monedero & Bonne (2000), durante a RC, a
massagem foi precedida pela RA, e tal como podemos observar no quadro 21, a
Apresentação e Discussão dos Resultados
55
maior remoção de lactato sanguíneo ocorreu durante a fase da RA, o que nos leva a
concluir que provavelmente não há grandes vantagens em realizar RC.
No nosso estudo, ao fim de 60 minutos de recuperação, a RA foi a mais eficaz
na remoção do lactato sanguíneo, resultado que está de acordo com Choi et al.
(1994).
Comparando as curvas dos sujeitos dos dois géneros, existe uma maior
semelhança entre as curvas da concentração de lactato sanguíneo obtidas nos dias da
RA e RC, nos indivíduos do género masculino, sendo que em algumas vezes, as
curvas se sobrepõem uma à outra. Provavelmente, esta diferença de resultados
poderá ser devida ao facto da amostra dos sujeitos masculinos ser maior que a
amostra feminina.
Por outro lado, ao contrário dos indivíduos do género feminino, os sujeitos
masculinos conseguiram aumentar, em todos os dias de testes, a concentração de
lactato sanguíneo após a segunda prova, quando comparamos com os resultados
obtidos após a primeira prova. Provavelmente esta diferença poderá ser devida às
diferenças de treino existentes entre os dois géneros, maior experiência e maior nível
competitivo por parte dos atletas masculinos.
Comparando os valores de lactato atingidos no nosso estudo com outros
estudos, os valores máximos de lactato sanguíneo alcançados pelos sujeitos da nossa
amostra estudo são mais baixos que os referidos por outros autores para corredores
de 400 metros. Ibanez et al. (1995), realizaram um estudo com 6 corredores
especialistas de 400 metros planos, tendo encontrado numa repetição máxima de 300
metros uma média de concentrações máximas de 18,8 mmol/l (± 1,8). Também
Barbosa (2001), num estudo com corredores especialistas em corrida de velocidade
do atletismo (100, 200, 400 metros e 400 metros barreiras), encontrou uma média de
concentrações máximas de lactato, 15,90 mmol-1 (± 1,77) superior ao valor médio de
14,7 mmol-1 (±2,02) encontrado na nossa amostra.
Estes resultados podem significar que, provavelmente, a qualidade dos nossos
atletas seja inferior ao das amostras dos autores referidos.
Quadro 21: Média da concentração de lactato sanguíneo 3 minutos após
as duas provas, nos sujeitos masculinos. Comparação através
do teste T de Student para amostras relacionadas.
Tipo de
Recuperação
Concentração de lactato
sanguíneo (mmol/l) Sign.
3 min após P1 3 min após P2
Apresentação e Discussão dos Resultados
56
RP 14,73±2,02 15,00±1,05 0,675 (n.s)
RA 14,10±0,77 14,5±1,02 0,256 (n.s)
RC 14,44±1,74 14,71±1,56 0,927 (n.s)
( n.s).- não existem diferenças estatisticamente significativas
O quadro seguinte refere-se à comparação entre as médias femininas e
masculinas de concentração de ácido láctico acumulado no sangue ao longo de todo
o processo.
Quadro 22: Média da concentração de lactato sanguíneo 3 minutos após as duas
provas, nos sujeitos masculinos. Comparação através do teste T de
Student para amostras relacionadas.
Tipo Género Género Sign.
Apresentação e Discussão dos Resultados
57
Recuperação Masculino
(n=8)
Feminino
(n=5)
RP
Paq1 4,19±1,03 3,68±1,12 0,421 (n.s)
3’ 14,73±2,02 13,92±2,24 0,516 (n.s)
20’ 12,23±3,23 10,82±2,28 0,404 (n.s)
40’ 6,64±2,71 5,80±2,35 0,743 (n.s)
60’ 5,69±2,38 5,00±2,12 0,756 (n.s)
Paq2 3,89±1,21 4,90±2,12 0,298 (n.s)
3’ 15,00±1,05 13,68±0,63 0,028 (*)
RA
Paq1 3,23±1,45 3,80±1,19 0,475 (n.s)
3’ 14,10±0,77 13,56±0,99 0,294 (n.s)
20’ 7,50±3,19 7,02±2,32 0,464 (n.s)
40’ 4,29±1,83 3,30±1,71 0,864 (n.s)
60’ 3,05±1,03 2,58±1,17 0,794 (n.s)
Paq2 3,63±1,29 1,82±1,08 0,500 (n.s)
3’ 14,50±1,02
14,80±1,47 0,307 (n.s)
RC
Paq1 3,43±1,55 3,34±0,93 0,916 (n.s)
3’ 14,44±1,74 14,86±0,47 0,612 (n.s)
20’ 7,89±2,70 7,96±1,97 0,952 (n.s)
40’ 3,71±1,81 4,24±1,24 0,515 (n.s)
60’ 3,09±1,69 3,32±1,04
0,419 (n.s)
Paq2 2,21±0,95 3,56±1,58 0,882 (n.s)
3’ 14,71±1,56 14,56±0,63 0,958 (n.s)
( n.s).- não existem diferenças estatisticamente significativas
(*) p<0,05- existem diferenças estatisticamente significativas
Como podemos observar, apenas se verificaram diferenças estatisticamente
significativas entre os dois géneros, 3 minutos após a segunda prova, no teste da RP,
sendo que em todos os outros momentos não se verificaram quaisquer diferenças
estatisticamente significativas.
De acordo com Miguel (2001), se considerarmos que os melhores
especialistas mundiais apresentam tempos inferiores aos das mulheres, parece lógico
esperar que para estas a capacidade de resistência se apresente com um nível de
exigência relativa, ligeiramente superior, ao contrário dos homens para quem esta
Apresentação e Discussão dos Resultados
58
menor solicitação é compensada com um direccionamento para as capacidades de
força e velocidade.
Como tal, atendendo a que os sujeitos masculinos recorrem mais à potência
anaeróbia láctica (devido ao facto de terem maior número de fibras musculares do
tipo II e, portanto, maiores reservas energéticas) e os indivíduos femininos à
capacidade anaeróbia láctica, seria de esperar que os atletas masculinos acumulassem
uma maior concentração de ácido láctico sanguíneo. Contudo, no nosso estudo tal
não se verificou.
1.4. Comparação do Efeito dos Três Métodos de Recuperação na Remoção de
Lactato Sanguíneo Durante a Fase de Recuperação
Sendo o lactato, um importante indutor da fadiga (McArdle et al., 1998,
Barbosa, 2001) e a sua remoção essencial para o processo da recuperação após um
esforço intenso (Falk et al., 1995, Ahmaidi et al., 1996, Colaço, 2000) é importante
analisarmos a sua remoção ao longo dos três processos de recuperação.
Quadro 23: Remoção de lactato sanguíneo durante os vários intervalos, ao longo de todo o processo
de recuperação.
Tempo de
Recuperação
(min)
Género n Rec. Passiva
[Lactato] removido
(mmol/l)
Rec. Activa
[Lactato] removido
(mmol/l)
Rec. Combinada
[Lactato] removido
(mmol/l)
3-20 Masc 8 2,50 ±4,35 6,60 ±2,95 6,65 ±2,02
Fem 5 3,10 ±1,93 6,54 ±2,43 6,90 ±2,44
20-40 Masc 8 5,59± 3,37 3,21 ± 1,66 4,18 ± 1,16
Fem 5 5,02± 0,71 3,72 ± 1,06 3,72 ± 0,93
40-60 Masc 8 0,95± 1,78 1,24 ± 1,16 0,63 ± 0,41
Fem. 5 0,80 ± 1,50 0,72 ± 0,80 0,92 ± 0,61
3-40 Masc 8 8,09± 3,27 9,81± 1,90 10,73±1,89
Fem 5 8,12±1,87 10,26±1,60 10,62±1,48
3-60 Masc 8 9,00±2,74 11,05±1,32 11,35±1,72
Fem 5 8,92±1,91 10,98±1,19 11,54±1,55
Como podemos observar no quadro 23, ao fim dos 20 minutos, tanto em
sujeitos do género masculino, como feminino, a RP foi o método de recuperação
menos eficiente, havendo apenas uma remoção média de 2,50 (±4,35) mmol/l, nos
atletas masculinos, e de 3,10 (±1,93) mmol/l nos sujeitos femininos. Já durante os
métodos da RA e RC houve uma remoção de aproximadamente 7 mmol/l.
Apresentação e Discussão dos Resultados
59
Por outro lado, até este momento a RC foi igual à RA, as ligeiras diferenças
podem ser devido apenas por os testes terem sido realizados em dois dias diferentes,
o que de certo modo pode ter afectado os resultados, pelas razões já referidas
anteriormente.
Entre os 20 e os 40 minutos, verificou-se uma maior remoção de lactato
durante a RP em comparação com os primeiros 20 minutos (5,59± 3,37 mmol/l) nos
sujeitos masculinos e (5,02± 0,71 mmol/l) nas atletas femininas. No entanto, ao
contrário da RP, na RA e RC verificou-se uma diminuição da remoção de lactato
sanguíneo em ambos os géneros. Provavelmente, estes resultados devem-se ao facto
de até aos 20 minutos, ao contrário da RA e da RC, no teste da RP os atletas
conseguiram remover muito pouco lactato sanguíneo, pelo que a circulação
sanguínea tinha uma elevada concentração de lactato pronto a ser removido.
Provavelmente o que aconteceu foi que a RA e a RC como já tinham removido
grande parte do lactato até aos 20 minutos, aos 40 minutos já não havia tanto lactato
no sangue para remover.
É importante referir que no teste da RC, entre os 20 e os 40 minutos, foi
aplicada a massagem e, não foram observadas diferenças estaticamente significativas
entre a RA e a RC (quadro 24), mas sim, uma elevada correlação entre os dois tipos
de recuperação (quadro 25). Neste sentido, se por um lado a remoção permanece
muito semelhante à da RA nos sujeitos do género masculino, nos quais se verificou
um aumento não significativo de 0,97 mmol/l da RA para a RC, por outro, nos
indivíduos femininos a remoção foi exactamente igual nos dois métodos de
recuperação (3,72 mmol/l). Deste modo, não foram encontradas diferenças
estatisticamente significativas (quadro 24), pelo que não constatámos quaisquer
benefícios da massagem, na remoção do lactato.
Entre os 40 e os 60 minutos, a remoção de lactato foi muito pequena nos três
métodos de recuperação, quer para indivíduos do género masculino, quer para os
sujeitos femininos, porque provavelmente, a maior concentração de lactato sanguíneo
já foi removida.
De facto, à semelhança dos estudos consultados (Weltman et al., 1979; Choi
et al., 1994; Falk et al., 1995; Gupta et al., 1996; Ahmaidi et al., 1996; Monedero et
al., 2000; Fairchil et al., 2002; Fairchild et al., 2003; Sayryo et al., 2003; Dupont et
al., 2004; Spierer et al., 2004; e, Lattier et al., 2004), no nosso estudo, a RA parece
ser o método de recuperação mais eficaz na remoção de lactato sanguíneo.
Apresentação e Discussão dos Resultados
60
Tal como podemos verificar no quadro 23, tanto no teste de RA como no teste
da RC, a maior remoção de lactato ocorreu durante os primeiros 20 minutos. Este
facto pode ser uma ajuda importante em termos de organização metodológica de
treino.
Quadro 24: Comparação entre o efeito dos três métodos de recuperação na remoção do lactato
sanguíneo. Comparação através do teste T Student para amostras relacionadas.
Intervalo de
Recuperação (min)
Tipo de
Rec.
Género Masculino
(n= 8)
Género Feminino
(n=5)
3-20
RP-RA
RP-RC
RA-RC
0,046 (*)
0,014 (*)
0,954 (n.s.)
0,018 (*)
0,010 (**)
0,738 (n.s.)
3-40
RP-RA
RP-RC
RA-RC
0,031 (*)
0,015 (*)
0,281 (n.s.)
0,033 (*)
0,003 (**)
0,699 (n.s.)
3-60
RP-RA
RP-RC
RA-RC
0,017 (*)
0,009 (**)
0,202 (n.s.)
0,018 (*)
0,033 (*)
0,600 (n.s.)
20-40
RP-RA
RP-RC
RA-RC
0,025 (*)
0,049 (*)
0,035 (*)
0,042 (*)
0,062 (n.s.)
0,275 (n.s.)
40-60
RP-RA
RP-RC
RA-RC
0,631 (n.s.)
0,605 (n.s.)
0,274 (n.s.)
0,944 (n.s.)
0,906 (n.s.)
0,339 (n.s.)
(n.s).- não existem diferenças estatisticamente significativas
(*)- p<0,05- existem diferenças estatisticamente significativas
(*)- p<0,01- existem diferenças estatisticamente altamente significativas
No quadro 24, como podemos verificar é notório que a RP, até aos 40
minutos, apresenta em quase todos os casos diferenças estatisticamente significativas
em relação quer à RA quer à RC.
Por outro lado, entre os 40 e os 60 minutos não foram observadas quaisquer
diferenças estatisticamente significativas, o que mais uma vez aponta no sentido de
que provavelmente, nesta altura, a maioria do lactato sanguíneo já foi removida.
Apresentação e Discussão dos Resultados
61
Quadro 25: Correlação entre o efeito dos três métodos de recuperação na
remoção do lactato sanguíneo.
Intervalo de
Recuperação (min)
Tipo de
Rec.
Género Masculino
(n=8)
Género Feminino
(n=5)
3-20
RP-RA
RP-RC
RA-RC
0,061
0,596
0,812 (*)
0,526
0,017
0,769 (*)
3-40
RP-RA
RP-RC
RA-RC
0,577
0,597
0,784 (*)
0,034
-0,674
0,633
3-60
RP-RA
RP-RC
RA-RC
0,817(*)
0,751(*)
0,954(**)
0,338
-0,303
0,633
20-40
RP-RA
RP-RC
RA-RC
-0,608
-0,473
0,939(**)
0,302
0,145
0,950(**)
40-60
RP-RA
RP-RC
RA-RC
0,476
0,321
-0,418
-0,865
-0,674
0,865 (*)
(**)- Correlação é significativa para um nível 0,01.
(*)-Correlação é significativa para um nível 0,05.
Gupta et al. (1996) e Monnedero & Bonne (2000), também verificaram que a
RA foi o processo mais eficaz na remoção do lactato sanguíneo, não havendo
diferenças significativas entre a RP e a massagem. Durante os elementos da
massagem, a remoção do lactato sanguíneo foi mais baixa e, durante a intervenção da
massagem a frequência de remoção do lactato foi similar com a RP e
significativamente mais baixa do que a RA e a RC. Por outro lado, tal como no nosso
estudo, a maior remoção de lactato sanguíneo ocorreu durante a fase activa, pelo que
os autores concluíram que efectivamente, a RA seria a mais eficaz na remoção do
lactato sanguíneo.
No nosso estudo, apesar de durante a RC haver uma remoção de lactato
sanguíneo ligeiramente maior que durante a RA, esta diferença não é estatisticamente
significativa verificando-se quase sempre correlação estatisticamente significativa
entre os dois tipos de recuperação. Tal como já foi referido anteriormente, durante a
RA e a RC, a maior concentração de lactato sanguíneo ocorreu nos primeiros 20
minutos e, uma vez que até esta altura, no teste da RC os sujeitos apenas realizaram
RA (o processo da massagem apenas foi aplicado entre os 20 e os 40 minutos),
Apresentação e Discussão dos Resultados
62
também na RC a maior concentração de ácido láctico ocorreu durante a fase de RA,
não se verificando quaisquer efeitos por parte da massagem. Assim, a RA parece ter
sido a mais eficaz na remoção do lactato sanguíneo.
Atendendo a que o nosso estudo engloba a massagem com a RA, e não se
verificaram diferenças significativas entre a RA e a RC, provavelmente quererá dizer
que a massagem é um meio pouco eficaz em termos de remoção do lactato, indo ao
encontro com os resultados constatados por Gupta et al. (1996) e Monnedero &
Bonne (2000).
Estes resultados levam-nos a concluir que, em dias onde os atletas realizem
duas competições com intervalos de hora e meia entre cada competição, não se
verificam grandes diferenças quer seja realizada a RP, a RA ou a RC em termos da
diminuição da concentração do lactato sanguíneo.
Contudo, como podemos observar no quadro 26, apenas no intervalo de
tempo entre os 40 e os 60 minutos não se verificaram diferenças estatisticamente
significativas, o que provavelmente quererá dizer que só em competições ou treinos
com um intervalo até 40 minutos a recuperação, em termos de ácido láctico
sanguíneo, é importante. Caso contrário o tipo de recuperação não terá grandes
influências.
Neste sentido, também podemos observar que o tipo de recuperação que o
atleta faz tem, sobretudo, efeito significativo em termos de treino e, não tanto em
termos de competição, já que dificilmente existem competições com intervalos tão
curtos.
Quadro 26: Comparação entre géneros na remoção do ácido láctico sanguíneo. Comparação através
do teste T Student para amostras independentes.
Apresentação e Discussão dos Resultados
63
Tempo de
Recuperação
(min)
n RP
[Lactato] removido
(mmol/l)
Sign. RA
[Lactato] removido
(mmol/l)
Sign. RC
[Lactato] removido
(mmol/l)
Sign.
3-20
8 2,50 ±4,35 0,778
(n.s)
6,60 ±2,95 0,970
(n.s)
6,65 ±2,02 0,784
(n.s) 5 3,10 ±1,93
6,54 ±2,43
6,90 ±2,44
20-40 8 5,59± 3,37 0,722
(n.s)
3,21 ± 1,66 0,752
(n.s)
4,18 ± 1,16 0,921
(n.s) 5 5,02± 0,71 3,72 ± 1,06 3,72 ± 0,93
40-60 8 0,95± 1,78 0,883
(n.s)
1,24 ± 1,16 0,925
(n.s)
0,63 ± 0,41 0,840
(n.s) 5 0,80 ± 1,50 0,72 ± 0,80 0,92 ± 0,61
3-40 8 8,09± 3,27 0,984
(n.s)
9,81± 1,90 0,722
(n.s)
10,73±1,89 0,478
(n.s) 5 8,12±1,87 10,26±1,60 10,62±1,48
3-60 8 9,00±2,74 0,935
(n.s)
11,05±1,32 0,428
(n.s)
11,35±1,72 0,314
(n.s) 5 8,92±1,91 10,98±1,19 11,54±1,55
(n.s).- não existem diferenças estatisticamente significativas
1.5. Comparação entre a concentração de lactato e o efeito dos três métodos de
recuperação na remoção de lactato sanguíneo durante a fase de recuperação
Quadro 27: Comparação entre os diferentes intervalos de recuperação do lactato sanguíneo (mmol/l)
nos três tipos de recuperação. Comparação através do teste T Student para amostras
relacionadas.
Tempo de
Recuperação
(minutos)
Género Masculino (n=8) Género Feminino (n=5)
[Lactato] Removido
(mmol/l) Sign.
[Lactato] Removido
(mmol/l) Sign.
RP
3-20
20-40
2,50 ±4,35
5,59± 3,37
0,253
(n.s)
3,10 ±1,93
5,02± 0,71 0,133 (n.s)
3-20 e
40-60 2,50 ±4,35
0,95± 1,78
0,413
(n.s)
3,10 ±1,93
0,80 ± 1,50
0,156 (n.s)
20-40 e
40-60
5,59± 3,37
0,95± 1,78 0,016 (*)
5,02± 0,71
0,80 ± 1,50 0,009 (**)
RA
3-20 e
20-40
6,60 ±2,95
3,21 ± 1,66
0,065
(n.s)
6,54 ±2,43
3,72 ± 1,06 0,114 (n.s)
3-20 e
40-60
6,60 ±2,95
1,24 ± 1,16
0,007
(**)
6,54 ±2,43
0,72 ± 0,80 0,013 (*)
20-40 e
40-60
3,21 ± 1,66
1,24 ± 1,16
0,003
(**)
6,54 ±2,43
0,72 ± 0,80 0,001 (**)
RC
3-20 e
20-40
6,65 ±2,02
4,18 ± 1,16 0,042 (*)
6,90 ±2,44
3,72 ± 0,93 0,097 (n.s)
3-20 e
40-60
6,65 ±2,02
0,63 ± 0,41
0,000
(**)
6,90 ±2,44
0,92 ± 0,61 0,010 (**)
20-40 e
40-60
4,18 ± 1,16
0,63 ± 0,41
0,000
(**)
3,72 ± 0,93
0,92 ± 0,61 0,000 (**)
(n.s).- não existem diferenças estatisticamente significativas
(*)- p<0,05- existem diferenças estatisticamente significativas
(**)- p<0,01- existem diferenças estatisticamente altamente significativas
Apresentação e Discussão dos Resultados
64
Tal como podemos constatar no quadro 27, no dia da RP quer nos indivíduos
femininos quer nos sujeitos masculinos, apenas verificámos diferenças
estatisticamente significativas entre os intervalos 20-40 minutos e 40-60 minutos, os
intervalos de tempos onde os atletas conseguiram remover a maior e a menor
concentração de lactato sanguíneo, respectivamente.
Por outro lado, no dia da RA averiguámos em ambos os géneros, diferenças
estatisticamente significativas entre os intervalos 3-20 minutos e 40-60 minutos, e os
intervalos 20-40 minutos e 40-60 minutos.
Conclusões e Sugestões
65
CAPÍTULO V
CONCLUSÕES E SUGESTÕES
1.1. Conclusões
A abrangência de um trabalho com estas características encaminha-nos para
um conjunto de conclusões que podem ser alvo para novas reflexões e pesquisas. A
possibilidade de se darem mais alguns passos no sentido de um melhor entendimento
das questões relacionadas com a recuperação no Atletismo.
Deste estudo surgiram as seguintes conclusões:
- A Recuperação Activa é o método mais rápida em termos de remoção do ácido
láctico sanguíneo.
- Não se verificaram diferenças estatisticamente significativas entre os sujeitos de
ambos os géneros, em todos os métodos de recuperação estudados.
- Não se verificaram melhorias estatisticamente significativas na performance em
nenhum dos tipos de recuperação.
- A massagem não trouxe nenhum benefício na remoção do lactato sanguíneo.
1.2. Sugestões
Para futuras investigações nesta área sugere-se:
- Realizar um estudo com uma amostra maior.
- Realizar um estudo onde os testes sejam efectuados numa outra fase da época, (por
exemplo: durante a fase da época de Verão);
Conclusões e Sugestões
66
- Realizar um estudo em que o tempo de recuperação que medeie as duas provas, seja
inferior, para que se verifiquem diferentes concentrações de lactato no início da
segunda prova.
Bibliografia
67
CAPÍTULO VII
BIBLIOGRAFIA
Abrantes, João (2005)a. Controlo do treino em atletismo- construção de uma
tabela de testes para predição dos resultados competitivos nas provas de salto em
comprimento e 100 metros, para atletas portugueses de ambos os sexos. Revista
Atletismo, 38- 41.
Abrantes, João (2005)b. 400 Metros planos- estudo sobre os 8 finalistas do
campeonato do Mundo de Sevilha na prova de 400 metros (a melhor prova de
sempre nesta distância). Revista Atletismo, 279: 28- 31.
Ahmaidi, Said, Granier, Pascale, Taoutaou, Marcier, Jacques, Dubouchaud,
Hervé & Prefaut, Christian (1996). Effects of active recovery on plasma lactate
and anaerobic power following repeated intensive exercise. Medicin & Science in
Sport & Exercise, 28: 450-456.
Almeida, Marta (2004). Influência da Fadiga Muscular na Eficácia de
Lançamento em Jogadores Profissionais de Basquetebol. Monografia de
Licenciatura. Coimbra: FCDEF-UC.
Araújo, C. G. (2000). Teste de Esforço e Prescrição do Exercício. Manual do
ACSM para Teste de Esforço e Prescrição do Exercício (5ª Ed). Rio de Janeiro:
Revinter.
Ascensão, A. & Santos, P. (2000). Determinação do estado de equilíbrio máximo
de lactato sanguíneo em jovens corredores do sexo masculino. Revista
Portuguesa de Medicina Desportiva, 18: 59-66.
Ascensão, A., Magalhães, J., Oliveira, J., Duarte, J. & Soares, J. (2003).
Fisiologia da fadiga muscular. Delimitação conceptual, modelos de estudo e
Bibliografia
68
mecanismos da fadiga de origem central e periférica. Revista Portuguesa de
Ciências do Desporto, 3 (1), 108-123.
Banister, E. W. & Cameron, B. J. C. (1990). Exercise-induced hyperammonemia:
peripheral and central effects. International Journal of Sports Medicine (Suppl
2), 11: S19 – S142.
Banister, E. W. & Rajendra, W., (1985). Ammonia as an indicator of exercise
stress implications of recent findings to sport medicine. Sports Medicine, 2: 34 -
46.
Banister, E. W., Allen, M. E., Mekjavic, I. B., Singh, A. K., Legge, B. & Mutch,
J. C. (1983). The time course of ammonia and lactate accumulation in blood
during bicycle exercise. European Journal of Applied Physiology, 51: 195 - 202.
Barbosa M., Colaço P., Rodrigues dos Santos, J.A. (2001). Avaliação da
prestação anaeróbia em corredores de 400m. Treino Total, 4: 13-18.
Barbosa, Mário (2001). Avaliação da Prestação Anaeróbia em Corredores de 400
m. Monografia de Licenciatura. Porto: FEDEF-UP.
Bowerman, William, J. & Freeman, William, H. (1991). High-Performance
Training for Track and Field (2nd
ed). Illinois: Leisure Press.
Brooks, G. A. (1987). Aminoacid and protein metabolism during exercise and
recovery. Medicine & Science in Sport & Exercise, 19: S150-S156.
Brooks, G. A. (1991). Current concepts in lactate exchange. Medicine & Science
in Sport & Exercise, 23: 895- 906.
Brouns, F., Beckers, E., Wagemmakers, A. J.M. & Saris, W. H. M. (1990).
Ammonia accumulation during highly intensive long-lasting cycling: individual
observations. International Journal of Sports Medicine, 11: S78 – S84.
Bibliografia
69
Carnes, Jimmy (2000). Training the Energy Systems. Track and Field Coaches
Review, 73: 18-20.
Choi, Daihuyuk, Cole, Kevin, J., Goodpaster, Bret, H., Fink, William, J. &
Costill, David, L. (1994). Effect of passive and active recovery on the resynthesis
of muscle glycogen. American College of Sports Medicin, 26: 992- 996.
Colaço, P. (2001). Métodos de avaliação da prestação anaeróbia. Treino Total, 1:
22-26.
Colaço, P., Santos, P. & Rodrigues dos Santos, J. A. (2002). A utilização do teste
de duas velocidades para avaliação da prestação anaeróbia em corredores de
400m e 800m. II Simpósio Internacional em Treinamento Desportivo.
Universidade Federal da Paraíba.
Costill, D. L. (1992). Lactate metabolism for swimming. In: D. Maclaren, T.
Reilly e A. Lees (Eds). Biomechanics and Medicine in Swimming, Swimming
Science VI. University Park Press, Cambridge, pp. 3-11.
Duarte, J. A., Soares, J. M. C. (1991). Etiologia da fadiga muscular. Revista
Portuguesa de Medicina Desportiva (Separata), 9: 165- 174.
Dupont, Grégory, Moalla, Wassim, Guinhouya, Comlavi, Ahmaidi, Said &
Berthoin, Serge (2004). Passive versus Active Recovery during High- Intensity
Intermittent Exercises. Medicin & Science in Sports & Exercise, 36 (2), 302-307.
Fairchild, Timothy, J., Armstrong, Alex, A., Rao, Arjun, Liu, Hawk, Lawrence,
Steve & Fournier, Paul, A. (2002). Glycogen synthesis in muscle fibers during
active recovery from intense exercise. Medicine & Science in Sport & Exercise.
595- 601.
Bibliografia
70
Falk, B., Einbinder, M., Weinstein, Y., Epstein, S., Karni, Y., Yarom, Y. &
Rotstein, A. (1995). Blood lactate concentration following exercise: effects of
heat exposure and of active recovery in heat-acclimatized subjects. International
Journal of Sports Medicine, 16: 7-12.
Farinatti, Paulo. V. & Monteiro, Walace, D. (1992). Fisiologia e Avaliação
Funcional. Rio de Janeiro: Sprint.
Faustino, Sara (2004). Avaliação da Performance Anaeróbia e Estado de Fadiga
em Exercício de Curta Duração. Monografia de Licenciatura. Coimbra: FCDEF-
UC.
Ferreira, M. (1995). A Prova de 200 m Mariposa. Dissertação de Mestrado.
Universidade do Porto.
Gaesser, G. A. & Brooks, G. A. (1984). Metabolic Basis of Excess Post Exercise
Oxygen Consumption. Medicine & Science in Sports & Exercise, 16: 29- 43.*
Green, H. J. (1987). Neuromuscular aspects of fatigue. Canadian Journal of
Sports Science, 12 (suppl.1): 7s – 19s.
Grosser, Bruggemann & Zintl (1989). Alto Rendimento Deportivo. Planificación
y Desarrollo. Barcelona: Ediciones Martinez Roca S. A..
Gupta, S., Goswami, A., Sadhukhan, A. K. & Mathur, D. N. (1996). Comparative
study of lactate removal in short term massage of extremities, active recovery and
passive recovery period after supramaximal exercise sessions. International
Journal of Sports Medicin, 17 (2): 106-110.
Guthrie, Mark (1995). Training 400 meters runners. Track and Field Coaches
Review, 95 (1): 24-27.
Guyton, A. C. & Hall, J. E. (1998). Fisiologia Humana e Mecanismos das
Doenças (6ª ed). Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan.
Bibliografia
71
Hageloch, W., Schneider, S., Weicker, H. (1990). Blood ammonia determination
in a specific filed test as a method supporting talent selection in runners.
International Journal of Sports Medicine. (Suppl 2), 11: S56 - S61.
Horta, Luís (1995). Prevenção de Lesões no Desporto. Lisboa: Editorial
Caminho.
Ibanez J., Pullinen T., Gorostiaga E., Mero A. (1995). Blood lactate and
ammonia in short-term anaerobic work following induced alkalosis. Med. J.
Sports Med. Phys. Fitness, 35:187-193.
Jacobs I., Esbjorsson M., Sylven C., Holm I. & Jansson E. (1987). Sprint training
effects on muscle myoglobin, enzymes, fiber types, and blood lactate. Medicin &
Science in Sports & Exercise. 19 (4):368-374.
Janssen, Peter, M. D. (2001). Lactate Threshold Training- Running, Cycling,
Multisport, Rowing, X-Country Skiing. USA: Human Kinetics.
Karlsson, J. (s.d.). Lactate and phosphagen concentrations in working muscle of
man. Acta Physiol Scand Suppl, 358: 1970-1971.*
Karp, Jason, R. (2000). Training the energy systems. Track and Field Coaches
Review, 73: 18-20.
Lattier, G., Millet, G.Y., Martin, A., Martin, V. (2003). Fatigue and recovery
after hight-intensity- part II: recovery interventions. International Journal of
Sports Medicine, 25: 509-515.
Lattier, G., Millet, G.Y., Martin, A., Martin, V. (2003). Fatigue and recovery
after hight-intensity- part I: neuromuscular fatigue. International Journal of
Sports Medicine, 25: 450-456.
Bibliografia
72
Luís, Luís António Martins (2003). Recuperação Após a Competição: o
Exercício de Baixa Intensidade como Meio de Recuperação da Resistência em
Futebolistas. Dissertação de Mestrado. Universidade do Porto.
Maglischo, E. W. (1993). Swimming Even Master. Mayfield Publishing
Company. Califórnia.*
Manso, J. M. (1999). Alto Rendimiento- La Adaptación y la Excelencia
Deportiva. Madrid: Gymnos Editorial Deportiva.*
McArdle, W., Katch, F. & Katch, V. (1998). Fisiologia do Exercício, Energia,
Nutrição e Desempenho Humano. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan.
Medbø, J. & Burgers, S. (1990). Effect of training on the anaerobic capacity.
Medicin & Sciense in Sport & Exercise, 22: 501-507.
Mercier, J., Mercier, B. & Prefaut, C. (1991). Blood lactate increase during the
force-velocity exercise test. International Journal of Sports Medicin, 12: 17-20.
Miguel, Paulo Paixão (2001). Planeamento do treino para corredores de 400m (1ª
parte). Treino Total, 4: 19-24.
Monedero J, Donne, B. (2000). Effect of recovery interventions on lactate
removal and subsquente performance. International Journal of Sports Medicin,
21: 593-597.
Nazário, Bruno (2003). Caracterização da Resposta Fisiológica de uma Prova
de Orientação de Distância Média em Atletas de Elite Nacional. Monografia de
Licenciatura. Coimbra: FCDEF-UC.
Nogueira, Paulo (s/d). Massagem e Pronto Socorro nos Esportes. São Paulo: CIA
Brasil Editora.
Bibliografia
73
Nummela, A. & Rusko, H. (1995). Time course of anaerobic and aerobic energy
expenditure during short-term exhaustive running in athletes. International
Journal of Sports Medicin, 16: 522-527.
Ohkuwa, T., Miyamura, M., Andou, Y., Utsuno, T. (1988). Sex differences in
lacatate and glycerol levels during maximal aerobic and anaerobic running. Eur.
J. Appl. Physiol. Occup. Physiol. 57(6): 119-126.
Powers, S. & Howley, E. (1997). Exercise Physiology, Theory and Aplication to
Fitness and Performance (3rd
ed). Madison: Brown & Benchmark Publishers.*
Raposo, A. Vasconcelos (2000). A Carga no Treino Desportivo. Lisboa: Editorial
Caminho.
Rockwell, Michelle, S., Rankin, Janet, W. & Dixon, Helen (2003). Effects of
muscle glycogen on performance of repeated sprints and mechanisms of fatigue.
International Journal of Sport Nutrition and Exercise Metabolism, 13: 1-14.
Sahlin, K. (1992). Metabolic aspects of fatigue in humam skeletal muscle. In: P.
Marconnet, P. V. Komi, B. Saltin, O.M. Sejersted (Eds). Muscle Fatigue
Mechanisms in Exercise and Training. Med Sport Sci. Basel, Karger, 27: 120-139
Sairyo, K., Iwanaga, K., Yoshida, N., Mishiro, T., Terai, T., Sasa, T. & Ikata, T.
(2003). Effects of active recovery under a decreasing work load following intense
muscular exercise on intramuscular energy metabolism. International Journal of
Sports Medicine, 24: 179-182.
Santos, Paulo, J. M. & Santos, José, A. R. (2002). Investigação Aplicada em
Atletismo. Um contributo da FCDEF-UP para o Desenvolvimento do Meio-
Fundo e Fundo. Porto. FCDEF-UP.
Schafer (1989). Los elementos estructurales de la competición de 400 m y su
compleja realización de entrenamiento. La preparación de Thomas Schoenlebe.
Bibliografia
74
Cuadernos de Atletismo Velocidade Alto Nível. Congresso E.A.C.A. Bad
Blankenburg, 24: 81-94.
Schafer (1998). Los elementos estructurales de la competición de 400 m y su
compleja realización de entrenamiento. La preparación de Thomas Schoenlebe.
Cuadernos de Atletismo Velocidade alto nível. Congresso E.A.C.A.Bad
Blankenburg, 24: 81-94.
Sobral, F. & Silva, M. (2001). Cineantropometria- Curso Básico. Textos de
apoio- FCDEF-UC.
Spencer, M. & Gastin, P. (2001). Energy system contribution during 200- to
1500-m running in highly trained athletes. Medicin & Science in Sports &
Exercise, 33 (1): 157-162.
Spierer, D. K., Goldsmith, R., Baran, D. A., Hryniewicz, Katz, S. D. (2004).
Effects of active vs. passive recovery on work performed during serial
supramaximal exercíse tests. International Journal of Sports Medicin, 25: 109-
114.
Villar, Rodrigo & Denadai, Benedito, S. (1998). Efeitos da corrida em pista ou
do DEEP Water Running na taxa de remoção do lactato sanguíneo durante a
recuperação activa após exercícios de alta intensidade. Motriz, 4 (2): 98-103.
Vittori, C. (1991). The development and training of 400 meters runners. New
studies in Athletics, 6 (1): 35-46.*
Vollestad, N. K.. Sejersted, O. M. (1988). Biochemical correlates of fatigue.
European Journal of Applied Physiology, 57: 336-347.
Wagenmakers, A. J. M. (1992). Role of amino-acid and ammonia in mechanisms
in exercise and training. In: P. Marconnet, P. V. Komi, B. Saltin & O. M.
Bibliografia
75
Sejersted (Eds). Muscle fatigue mechanisms in exercise and training. Medicine
and Sport Science, Basel, Karger, 34: 69- 86.
Wakim K. G. (1983). Effect of hidromassage on changes in blood electrolytes
and lactic acid levels and hematocrit value after maximal effort. Acta Physiol
Prolonica, 34: 257-261.*
Weineck, Jürgen (1999). Treinamento Ideal. Instruções Técnicas Sobre o
Desempenho Fisiológico, Incluindo Considerações Específicas de Treinamento
Infantil e Juvenil (9ª edição). S. Paulo: Editora Manole.
Wilmore, J. & Costill, D. (2000). Fisiologia del Esfuerzo y del Deporte. 3th
Edition. Barcelona: Editorial Paidotribo.
* Consultado indirectamente
Bibliografia
76
Anexos
77
ANEXOS
Anexos
Anexo 1:
Carta a Solicitar a Participação dos Atletas no Estudo
Anexos
Estimado atleta,
O laboratório de Biocinética da Faculdade de Ciências do Desporto e
Educação Física da Universidade de Coimbra tem vindo a realizar vários trabalhos
no âmbito das vias energéticas, para os quais tem desenvolvido projectos de
investigação com diferentes modalidades.
Vimos por este meio convidá-lo a integrar o referido projecto na modalidade
de Atletismo, especialidade de 400 metros planos. Os dados recolhidos permitirão a
optimização do processo de recuperação dos atletas portugueses aquando da
realização de duas provas num mesmo dia.
Para a recolha dos dados foram solicitados atletas especialistas em
competições de 400 metros planos- do sexo feminino e masculino. A referida recolha
de dados será efectuada no Estádio Cidade de Coimbra e decorrerá em três fases:
Fase 1- duas provas de 300 metros planos, com 2 horas de intervalo entre
cada uma, sem qualquer tipo de recuperação;
Fase 2- será realizada uma recuperação activa após a primeira prova;
Fase 3- será realizada uma recuperação activa acompanhada por massagem,
para o processo de recuperação para a segunda prova.
A equipa de investigação é acompanhada pelo Prof. Doutor Carlos Alberto
Fontes Ribeiro das Faculdades de Medicina e Ciências do Desporto e Educação
Física da Universidade de Coimbra (coordenador), pelo Mestre Amândio Manuel
Cupido dos Santos (orientador), e pela discente, Mónica Isabel Pessoa Cortesão no
último ano da Licenciatura em Ciências do Desporto e Educação Física.
Esperamos pela tua colaboração,
Sinceros cumprimentos.
Coimbra, 22 de Dezembro de 2004
O Orientador da Investigação,
Amândio Manuel Cupido dos Santos
Para mais informações contactar:
Mónica Cortesão (964245966)
Anexos
Anexo 2: Termo de Consentimento
Anexos
Termo de Consentimento
O Laboratório de Biocinética da Faculdade de Ciências do Desporto e
Educação Física da Universidade de Coimbra, tem vindo a realizar vários trabalhos
no âmbito das vias energéticas, para o qual tem desenvolvido projectos de
investigação com diferentes modalidades.
O projecto a desenvolver relaciona-se com a recuperação após uma prova de
400 metros planos em atletismo, desenvolver-se-á na pista sintética de atletismo da
Universidade de Aveiro (Testes de Campo).
A investigação tem como finalidade a optimização do processo de
recuperação dos atletas portugueses aquando da realização de duas provas num
mesmo dia.
Tive oportunidade de discutir os procedimentos com a equipa de investigação
e percebo que me irá ser analisada a durante uma prova de 300 metros planos,
através de métodos que não causam quaisquer danos físicos, bem como os níveis de
lactato no sangue após o esforço, através de uma gota de sangue recolhida através de
uma simples picada no dedo e com todos os cuidados que actualmente se
aconselham.
Eu, __________________________________________________________,
Concordo em participar nas sessões descritas, cuja natureza me foi explicada
de forma clara.
Percebo a natureza do meu envolvimento nas sessões e serei livre de desistir
do projecto a qualquer momento.
Coimbra, ____ de _____________________ de 2005
_________________________________________________
Assinatura do Atleta
Anexos
Anexo 3: Ficha de Identificação Biográfica
Anexos
Ficha de Identificação Biográfica
Há quantos anos pratica atletismo? ______________________________
Com que idade iniciou a prática da modalidade? ___________________
Que tipo de provas realiza? ____________________________________
Qual o seu recorde pessoal na prova de 400 m planos? ______________
Semanalmente, quantas vezes treina? E qual a duração desses treinos?
__________________________________________________________
__________________________________________________________
Aproximadamente, por época, qual o número de competições que
realiza? E esta época, quantas provas realizou? ____________________
__________________________________________________________
Nota Prévia:
Os dados do inquérito são para uso exclusivo desta investigação.
Nome: _________________________________________________ Idade: _______
Escalão: ______________ Clube: ________________________________________
Anexos
Normalmente, na noite anterior ao dia da competição, quantas horas
dorme? _________
Antes de uma competição, o que costuma fazer para o aquecimento? Isto
é, quanto tempo dura o seu aquecimento, que exercícios realiza (quanto
tempo de corrida, técnica, alongamentos,…)
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
E nos dias em que tem duas provas? Qual o aquecimento da primeira
prova é igual ao da segunda prova? Se não, qual a diferença?
__________________________________________________________
__________________________________________________________
Após uma prova, o que faz para recuperar do esforço realizado? Ou seja,
se efectua corrida ligeira, acompanhada ou não por alongamentos, se
apenas efectua repouso…
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
Costuma ter um cuidado especial com a alimentação antes de uma
competição? __________
Que tipo de alimentação costuma realizar?
Anexos
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
E depois da competição?
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
OBRIGADA PELA SUA COLABORAÇÃO!
Anexos
Anexos
Anexo 4: Carta de Solicitação da Pista de Aveiro
Anexos
Exmo. Sr. Dr.
Hélder Castanheira,
O Laboratório de Biocinética da Faculdade de Ciências do Desporto e
Educação Física da Universidade de Coimbra tem vindo a realizar vários trabalhos
no âmbito das vias energéticas, para os quais tem desenvolvido projectos de
investigação com diferentes modalidades.
O referido projecto na modalidade de Atletismo, tem por objectivo a
optimização do processo de recuperação dos atletas portugueses aquando da
realização de duas provas num mesmo dia.
A equipa de investigação é acompanhada pelo Prof. Doutor Carlos Alberto
Fontes Ribeiro das Faculdades de Medicina e Ciências do Desporto e Educação
Física da Universidade de Coimbra (coordeador), pelo Mestre Amândio Manuel
Cupido dos Santos (orientador), e pela discente Mónica Isabel Pessoa Cortesão no
último ano da Licenciatura em Ciências do Desporto e Educação Física.
Para a concretização deste projecto, vimos por este meio, solicitar a utilização
da pista sintética de atletismo da Universidade de Aveiro nos dias 12 e 19 de Março
e, 2 de Abril do ano de 2005, entre as 14h e as 19h, e, nos dias 13 e 27 de Março e 3
de Abril entre as 9h e as 12h.
Não querendo abusar da vossa boa vontade, agradecia que me concedesse
autorização para poder utilizar o Gabinete médico, para a realização de massagem
aos atletas.
Juntamente com esta carta irá a lista de atletas que irão participar neste
estudo.
Sinceros Cumprimentos,
Coimbra, 05 de Março de 2005.
O Orientador da Investigação,
Amândio Manuel Cupido dos Santos