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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO ADMINISTRAÇÃO E SUPREVISÃO ESCOLAR A IMPORTÂNCIA DO LÍDER NUMA GESTÃO ADMINISTRATIVA PARTICIPATIVA POR TATHIANA CHRISTI SILVA FERNANDES ORIENTADA POR MARY SUE PEREIRA RIO DE JANEIRO 2010

A IMPORTÂNCIA DO LÍDER NUMA GESTÃO ADMINISTRATIVA ... · 10 Capítulo 1 A Administração na Gestão Educacional No presente capítulo, ... Outro grande nome da história da administração

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO

ADMINISTRAÇÃO E SUPREVISÃO ESCOLAR

A IMPORTÂNCIA DO LÍDER NUMA GESTÃO

ADMINISTRATIVA PARTICIPATIVA

POR

TATHIANA CHRISTI SILVA FERNANDES

ORIENTADA POR

MARY SUE PEREIRA

RIO DE JANEIRO

2010

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO

ADMINISTRAÇÃO E SUPREVISÃO ESCOLAR

A IMPORTÂNCIA DO LÍDER NUMA GESTÃO

ADMINISTRATIVA PARTICIPATIVA

Monografia apresentada à Universidade Cândido Mendes

como requisito parcial a obtenção do título de Pós-Graduação

em Administração e Supervisão Escolar.

2010

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Dedicatória

Dedico este trabalho a todas as pessoas que estão

envolvidas em organizações, sejam elas escolares ou não, e que

não tiveram a oportunidade de construir sua história de forma

crítica e participativa. Espero que, com a conclusão do curso

seja possível tomar decisões que venham a contribuir para uma

construção de conhecimentos coletiva.

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Agradecimentos

Primeiramente, a Deus, criador da vida.

A minha família, pela compreensão e apoio dado durante

esse período acadêmico.

Aos meus amigos, que a todo o momento me incentivaram

a continuar e completar esse estudo.

A todos os profissionais da educação, que direta ou

indiretamente, contribuíram para a realização deste trabalho.

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Resumo

Devido as constantes transformações que vem ocorrendo no mundo atual e, a

partir de minhas experiências pessoais como estudante e profissional de uma

organização educacional, percebi a importância que todo ser humano consciente tem de

necessitar evoluir no seu conhecimento, buscando compreender e distinguir o seu papel

na sociedade na qual está inserido.

Foi por meio da leitura de autores como Paro, Martins, Libâneo entre outros

pesquisadores que, foi possível elevar meus conhecimentos sobre o processo de

formação do ser humano e de sua capacidade de participação eficiente na sociedade e

produtiva nas relações de trabalho, o que contribui para o processo de tomada de

decisões.

Diante disso, o presente estudo faz uma leitura da importância do papel do líder

numa gestão administrativa participativa. No capítulo 1, falo sobre o surgimento da

administração, a administração escolar, as diferenças entre administração e gestão e os

tipos de gestão. No capítulo 2, escrevo sobre o que é liderança, os diferentes tipos de

liderança e seus líderes e, no capítulo 3 escrevo sobre as competências necessárias ao

líder, as relações interpessoais e as tomadas de decisão.

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Metodologia

Atualmente, é extremamente relevante que seja feito um estudo mais sério sobre

os diferentes tipos de líderes que encontramos na sociedade, para que seja possível

analisar criticamente a importância que eles têm numa gestão administrativa

participativa. O presente trabalho será elaborado a partir de pesquisas teóricas sobre o

tema a ser estudado, tendo como base os estudos de autores como Paro, Martins, luck,

entre outros.

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Sumário

Introdução 10

Capítulo 1 – A administração na Gestão Educacional 12

Capítulo 2 – A Liderança e seus Líderes 27

Capítulo 3 – O Líder na Gestão Administrativa Participativa 37

Conclusão 47

Bibliografia 49

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Introdução

Desde sua criação como instituição educacional, a escola vem sendo

gerida de forma elitizada, em que a classe dominante é detentora e

centralizadora do poder. Esse tipo de liderança vem sendo perpassada ao

longo dos anos e, exercida de forma meramente administrativa, sem haver uma

preocupação com a parte pedagógica e com as relações humanas presentes

no ambiente escolar.

Atualmente, com as constantes transformações que vem acontecendo

no mundo, seja em âmbito econômico, social, político e cultural, se faz

necessário que a escola também passe por mudanças em sua organização e

gerenciamento.

Essas transformações presentes na sociedade vigente e os avanços nos

estudos sobre educação, trazem a necessidade de a escola ser gerida não só

de forma administrativa, mas também, de forma participativa, por meio de

líderes presentes, comprometidos com o trabalho educacional e promovedores

de uma integração na equipe de trabalho.

A partir desse contexto, surgiu a preocupação de ter como tema desse

estudo A Importância do Líder numa Gestão Administrativa Participativa, o qual

tratará de assuntos relacionados com a administração e gestão educacional, a

liderança e os diferentes líderes a fim de fornecer orientações teóricas para

uma forma de gestão administrativa participativa.

Assim, o presente trabalho será elaborado com o objetivo de levar a uma

reflexão sobre a importância da atuação do líder numa gestão administrativa

participativa, tendo como base os estudos de alguns autores, tais como: Paro,

Martins, Hora, entre outros.

No primeiro capítulo, escrevo sobre a administração, seu surgimento,

seus aspectos e elementos, assim como a gestão e seus diferentes tipos; no

segundo capítulo falo sobre liderança, os diversos tipos de liderança e de

líderes e os estilos comportamentais desses; e, no terceiro capítulo abordo o

líder na gestão administrativa participativa, suas competências, o trabalho em

equipe e sua tomada de decisões.

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Por fim, relato as considerações finais sobre o tema estudado e as

referências bibliográficas que serviram de base para o presente trabalho.

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Capítulo 1

A Administração na Gestão Educacional

No presente capítulo, escrevo sobre o conceito de administração; seu

contexto histórico, abordando a administração científica, a teoria clássica, a

teoria das relações humanas; a administração escolar; o que é gestão; e, os

tipos de gestão educacional, democrática, participativa e administrativa,

procurando comentar sobre esses tópicos de forma clara e objetiva. Abordo

autores como: Paro, Luck, Libâneo, Teixeira.

1.1 – O Surgimento da Administração

A administração surgiu nas sociedades mais primitivas em razão da

necessidade de se resolver problemas de interesse comum e, com o passar

dos anos e o desenvolvimento da sociedade humana, foram surgindo novas

propostas de administração.

“A administração como é entendida e realizada hoje é

produto de longa evolução histórica e traz a marca das

contradições sociais e dos interesses políticos em jogo

na sociedade”. (Paro, 2008, p.18)

A passagem para o século XX determinou o início de um grande avanço

para a administração, o qual foi impulsionado pelo crescimento da revolução

industrial na América e, contou com a participação de várias pessoas. Uma das

mais importantes foi Frederick Wislow Taylor, criador e participante de maior

destaque da administração científica.

De suas observações e experiências, Taylor começou a desenvolver seu

sistema de administração de tarefas, procurando resolver os problemas

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relativos aos salários, ao aprimoramento dos métodos de trabalho e aos

objetivos da administração científica.

Segundo ele, a administração, primeiramente, deveria procurar descobrir

quanto tempo seria necessário para que um homem, dando seu melhor,

completasse uma tarefa, e, assim, seria possível estabelecer um pagamento

por peça de forma que o trabalhador se visse compelido a trabalhar o suficiente

para assegurar remuneração razoável.

Era uma busca pela eliminação do desperdício, da ociosidade operária e

da redução dos custos de produção, em que se via como única forma de se

obter a colaboração dos operários, o apelo aos planos de incentivos salariais e

de prêmios de produção, baseados no tempo padrão e na convicção de que o

salário constitui a única fonte de motivação para o trabalhador.

Os mecanismos ou técnicas usados nessa teoria seriam os estudos de

tempo e movimento, a padronização de ferramentas e instrumentos,

padronização de movimentos, conveniência de uma área de planejamento,

cartões de instruções, sistema de pagamento de acordo com o desempenho,

cálculo de custos. Taylor entendia esses dispositivos da eficiência como

auxiliadores ou maneiras de colocar em prática os princípios da administração

científica.

Com isso, pode-se dizer que uma das idéias fundamentais da

administração científica é que a produtividade resulta da eficiência do trabalho

e não da valorização do esforço, ou seja, o importante não é trabalhar muito,

depressa e com garra, mas sim, trabalhar de forma inteligente.

Outro grande nome da história da administração é Henry Fayol, pioneiro

da teoria clássica e, defensor de que a administração é uma atividade comum a

todos os empreendimentos humanos. Isto é, ela não se restringe somente às

empresas, mas também, à família, ao governo e, portanto, deveria ser

estudada por toda a sociedade.

Para ele, a administração era função distinta que compreendia cinco

funções elementares: planejar, organizar, comandar, coordenar e controlar.

Assim, nessa perspectiva era preciso examinar o futuro e traçar um plano de

ação, montar uma estrutura humana e material para realizar o

12

empreendimento, manter o pessoal ativo em toda a empresa, reunir, unificar e

harmonizar toda a atividade e esforço e, cuidar para que tudo se realizasse de

acordo com os planos e as ordens.

Com a teoria clássica do processo administrativo há uma divisão entre

administradores e executores e, Fayol contribuiu enormemente para isso ao

perceber a necessidade de organizar os funcionários das empresas, facilitando

a gerência dos diversos tipos de organizações por meio de agentes

possuidores de capacidade, qualidade e conhecimentos especiais. Portanto,

nessa teoria administrar é sinônimo de dirigir.

O processo de trabalho criado por Henry Ford, visando obter maior

intensidade, retoma e desenvolve o taylorismo. Ele desenvolveu a produção

em grande escala e, por meio do mesmo, surgiu o fordismo, que primeiramente

indicava o modo de desenvolvimento – articulação entre um regime de

acumulação intensiva e um modo de regulação e, que também era entendido

como um princípio geral da organização da produção.

No fordismo, a segmentação dos gestos do taylorismo torna-se a

segmentação das tarefas e o número dos postos de trabalho é multiplicado,

cada um recobrindo o menor número de atividades possíveis. O sistema

fordista percebe as organizações como máquinas e administrá-las significa

fixar metas e estabelecer formas de atingi-las, organizando tudo de forma

racional, clara e eficiente, detalhando todas as tarefas, principalmente as de

controle. E, as características marcantes das relações de trabalho são o amplo

reconhecimento das organizações sindicais para conseguir os direitos e

generalização dos procedimentos de negociação coletiva.

Max Weber também contribuiu para o desenvolvimento da

administração, sendo defensor de uma cultura e estrutura corporativa rígida.

Em sua proposta, argumentava que a forma de dominação mais eficiente de

organização se caracterizava por regras, controles e hierarquias rígidas,

impulsionada pela burocracia. Afirmava que a organização burocrática

possibilitava o exercício da autoridade e a obtenção da obediência com

precisão, continuidade, disciplina, rigor e confiança.

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Weber introduziu o conceito de carisma nas organizações para dar

ênfase a tese de que a racionalidade moderna nos estava conduzindo a uma

sociedade burocrática. Ele considerou que o carisma era uma qualidade

extraordinária que levava a pessoa a exercer uma atração sobre as outras de

forma a ser obedecida, acreditada e adorada como um Deus.

Buscando humanizar e democratizar a administração, surge a teoria das

relações humanas e, junto com ela, a escola das relações humanas, que

revelavam uma nova maneira de enxergar as pessoas nas organizações,

passando a considerá-las em sua totalidade.

Através dessa teoria, fala-se em motivação, liderança, comunicação,

organização informal, dinâmica de grupo e, surge também, a concepção sobre

natureza do homem, o homem social, em que os trabalhadores são criaturas

sociais complexas, com sentimentos, desejos, etc; as pessoas são motivadas

por certas necessidades e alcançam suas primárias por meio dos grupos com

as quais interagem; o comportamento do grupo pode ser manipulado por meio

de um estilo de supervisão e liderança adequado.

Nessa teoria a motivação é um processo fundamental do

comportamento, que afeta o desempenho das pessoas e das organizações e,

segundo Elton Mayo, criador da escola das relações, o homem é motivado, não

por estímulos salariais e econômicos, mas por recompensas sociais, simbólicas

e não materiais.

Assim, a teoria das relações humanas foi essencial para o surgimento da

abordagem humanística, que se preocupa com as pessoas que compõem

organizações e não com as tarefas e a estrutura organizacional. As pessoas

são tratadas como a principal parte de uma organização, na qual as satisfações

de suas necessidades são cruciais para a disposição de trabalhar, gerando

com isso, o bem-estar em toda uma organização.

“(...) a atividade administrativa, enquanto utilização

racional de recursos para realização de fins, é condição

necessária da vida humana, estando presente em todos

os tipos de organização social (...) não obstante estar

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sujeita às múltiplas determinações sociais que a colocam

a serviço das forças e grupos dominantes na sociedade,

a administração se constitui num instrumento que como

tal, pode articular-se tanto com a conservação de status

quo quanto com a transformação social, dependendo dos

objetivos aos quais ela é posta a servir”. (Paro, 2008,

p.123)

1.2 – A Administração Escolar

Historicamente, a administração da educação no Brasil, em nome da

racionalização, tem oscilado entre a ênfase na burocratização, na tecnocracia,

na estrutura escolar e na gerência de verbas, com maior ou menor

centralização e com todas as variações do uso das leis, das máquinas e dos

modelos.

Hoje, mais do que nunca, reivindicam-se e esperam-se melhorias

também na qualidade de serviços educacionais de modo geral e da formação

básica de modo particular, apostando e considerando a capacidade de cada

pessoa para a construção do conhecimento, na condição de agente e de

sujeito que pensa, age, faz e reflete.

O mundo da educação diz respeito às pessoas e ao seu contexto sócio-

cultural, aos sujeitos, aos acontecimentos, aos conflitos de liberdade e de

decisão e às condições de vida, tanto em plano individual como coletivo.

Assim, é importante saber que a escola não é só o local onde a sociedade se

reproduz com suas vitórias e fracassos, é também uma reprodução das

estruturas existentes, na medida em que a educação é dialética e assume

forma de regulação ou libertação.

“A Administração Escolar não se faz no vazio, realizando-

se, em vez disso, no seio de uma formação econômico-

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social, e sendo, portanto, determinada pelas forças

sociais aí presentes”. (Paro, 2008, p.123)

Como parte da administração pública, a administração escolar como é

concebida hoje traz a marca das contradições e dos interesses políticos de

uma sociedade especificamente capitalista e sua articulação com os interesses

dominantes. É o estudo da organização e do funcionamento de uma escola ou

sistema escolar, com a finalidade de satisfazer as exigências da política da

educação e dos requisitos da pedagogia moderna. É uma administração

especializada, que se refere também a empreendimentos particulares, visto

que várias instituições mantêm estabelecimentos de diferentes graus de ensino

com os mesmos princípios administrativos.

A administração escolar pressupõe uma filosofia e uma política que a

norteiam, seguindo prioridade estabelecida para a educação resultante de uma

reflexão profunda, sistemática e contextual dos problemas educacionais da

realidade.

“A educação escolar não se faz separada dos interesses

e forças sociais presentes numa determinada situação

histórica. A administração escolar está, assim,

organicamente ligada à totalidade social, onde ela se

realiza e exerce sua ação”. (Paro, 2008, p.13)

No Brasil do século XX, a política percorre dois momentos distintos e

marcantes: o primeiro período correspondente à ditadura de Getúlio Vargas e

ao populismo nacionalista, e o segundo caracterizado pela instauração da

ditadura militar em 1964 até a conclusão dos trabalhos da Constituição de

1988.

O governo militar iniciado em 1964 caracterizava-se por empreender a

perseguição a professores, muitos deles presos e submetidos a torturas, e a

desmantelar os centros de representação estudantil. Entre 1968 e 1971, o

governo da ditadura realizou de modo autoritário as reformas do ensino

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universitário e médio, alterando a LDB de 1961, nesse período o ensino médio

transformou-se em profissionalizante, pois era desejado que se acreditasse

que assim seria possível conquistar uma escola unitária, que oferecesse a

todos o mesmo tipo de ensino: voltado para o trabalho.

Durante o momento mais cruel da ditadura militar, onde qualquer

expressão popular contrária aos interesses do governo era abafada, foi

instituída a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1971, que

regulamentava a formação educacional com cunho profissionalizante. Essa

política provocou graves efeitos na qualidade do ensino e a década foi marcada

por uma significativa ampliação da rede privada de ensino, tanto no seguimento

em nível superior quanto pelas escolas de nível médio.

Nos anos 70, o ensino passou a ser censurado e controlado pelas

autoridades que estavam no poder, porque os conteúdos das disciplinas

poderiam abordar aspectos sociais, políticos, econômicos e ideológicos da

sociedade brasileira, que não eram “interessantes” para a formação dos

alunos. O resultado de toda essa situação política e educacional foi a formação

de uma geração de cidadãos diluída, acrítica e desarticulada e, um dos

maiores prejuízos que essa geração suportou foi o desestímulo à participação

nas decisões.

A administração escolar, nesse contexto, contribuiu para que tal fato

ocorresse. Com a adoção da teoria geral da administração, o taylorismo em

particular, coloca-se a tarefa de administrar pessoas como se elas fossem

instrumentos, coisas ou recursos destituídos de vontade própria. A

administração da maioria das escolas tinha como objetivo disciplinar o

professor, destituir-lhe a autonomia e a iniciativa crítica, exercendo controles

inúmeros para realizar este intento, por meio da domesticação do

comportamento.

O poder centralizava-se no diretor que controlava diretamente a

realização de procedimentos técnicos buscando o alcance da produtividade, o

comportamento formal de funcionários e a elaboração de programas e normas

reguladoras de conduta profissional. O que se aplicava era um modelo de

gestão que almejava mais do que adaptar e moldar sujeitos, desejava

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assegurar o cumprimento do objetivo primário de cada organização e ao

mesmo tempo, desestimular professores e funcionários a ampliar sua

capacidade de reflexão.

Durante os anos 70 e início dos anos 80, a orientação dos programas

oficiais para a educação, nos aspectos relativos à administração escolar,

centra-se nos princípios do taylorismo e fayolismo e, dentro dessa concepção

aparecem os especialistas na organização do trabalho na escola, produto da

diversificação da divisão do trabalho.

O administrador escolar aparece neste contexto como o especialista em

administrar, o gerente que coordena e controla o trabalho alheio, recolhendo o

saber de todos em suas mãos. Esse papel atribuído ao diretor da escola, que

assume posição de especialista, contém em sua essência os princípios

tayloristas da gerência, como aquele que organiza, controla e administra.

A luta pelas liberdades democráticas, os primeiros grandes movimentos

grevistas, o movimento das diretas já pelo retorno das eleições para

governantes, a conquista da liberdade de organização partidária, entre tantas

outras no campo trabalhista, político e social, configuraram um clima por maior

participação e democratização das várias esferas da sociedade brasileira.

A escola, ainda hoje, está buscando as mudanças necessárias para que

haja espaço para a valorização dos professores, oportunidade de atualização

constante, condições adequadas para o exercício da profissão, plano de

carreira e salários mais justos e, também, uma administração que não seja

centralizadora, que respeite e pratique princípios democráticos.

Na administração a finalidade é conseguir economia de tempo, enquanto

que na administração escolar o objetivo é educar crianças, jovens e adultos. É

tarefa diferente de qualquer outra administração, muito mais complexa, que

envolve não somente as crianças, pais, mestres e funcionários, mas também,

toda a coletividade e os próprios interesses nacionais.

A educação é um trabalho não material em que o produto não se separa

do processo de produção, na escola não se tem setores de produção como

compra, venda, distribuição, mercado, onde o lucro pesa sobre os objetivos. A

escola deve ter objetivos muito mais elevados, deve formar cidadãos íntegros,

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que sejam úteis à comunidade e capazes de dirigir os destinos da pátria, ou

seja, trabalhar com pessoas e suas diferenças individuais.

Assim, ao examinar a importância da administração na escola e suas

peculiaridades, deve-se considerar a influência e a relação da escola no seu

contexto social e político, especialmente, a subjetividade na construção do

conhecimento, os valores e a hierarquia desses valores que presidem o

estabelecimento de metas e prioridades.

Na administração escolar deve-se levar em consideração o

conhecimento da realidade onde o processo educativo se desenvolverá, por

meio de uma coleta de dados sobre os aspectos significativos dessa realidade,

para que então seja estruturado um planejamento capaz de considerar os

múltiplos aspectos que deverão ser abrangidos pela ação administrativa.

Durante muito tempo, a administração da educação constituiu uma

tarefa bastante rudimentar e, as transformações que surgiram, tanto no interior

do sistema de ensino quanto no meio social, provocaram mudanças na

concepção da educação, do papel da escola na sociedade bem como dos seus

gestores.

1.3 – A Gestão e a Gestão da Escola

“Gestão é (...) caracterizada pelo reconhecimento da

importância da participação consciente e esclarecida das

pessoas nas decisões sobre a orientação e planejamento

de seu trabalho”. (Luck, 2006)

O conceito de gestão está associado ao fortalecimento da

democratização do processo pedagógico e à participação responsável de todos

nas decisões necessárias e na sua efetivação mediante a um compromisso

coletivo com resultados educacionais cada vez mais significativos. Gestão é

uma expressão que ganhou destaque no contexto educacional, acompanhando

uma mudança de paradigmas no caminho das questões desta área.

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A gestão não vem eliminar a administração, mas sim dar a ela um novo

significado, mais abrangente e transformador. Assim, a gestão educacional

desenvolve-se associada a outras idéias dinâmicas em educação como:

dimensão política e social, participação e vários outros fatores desenvolvidos

num contexto globalizado. Segundo Heloísa Luck (2006) a gestão educacional

surge em substituição à administração educacional, para representar não

apenas novas idéias, mas sim um novo paradigma, que busca estabelecer na

instituição uma orientação transformadora, a partir da dinamização da rede de

relações que ocorrem, dialeticamente, no seu contexto interno e externo.

Essa mudança deve ser considerada por todos os componentes da

organização escolar para que dessa forma, possam ser participantes ativos

que contribuem para o desenvolvimento total dessa organização, obtendo uma

visão totalizante e agindo efetivamente dentro desse contexto. É a

representação de uma mudança radical de postura, um novo enfoque de

organização, um novo paradigma das questões escolares, baseados nos

princípios de participação, autonomia, autocontrole e responsabilidade.

Há pouco tempo, dirigir uma escola era considerada uma tarefa de

rotina, o diretor zelava pelo bom funcionamento da escola, centralizando todas

as decisões em si mesmo e administrando os eventuais imprevistos. Porém,

com as constantes transformações na sociedade vigente, essa situação

mudou, exigindo um novo modelo de escola e, consequentemente, um novo

perfil de dirigente, com formação adequada e conhecimentos específicos para

o cargo de diretor – gestor, o qual procura despertar o potencial de cada

participante da instituição escolar, transformando a escola em um local de

trabalho onde todos cooperem, aprendam e ensinem todo o tempo.

“A organização escolar não é um espaço neutro a ser

observado, mas algo construído pela comunidade

educativa, envolvendo os professores, os alunos, os

pais”. (Libâneo, 2004, p.120)

20

Em uma gestão é preciso superar limitações e permitir que todos os

componentes da escola partilhem de idéias, sugestões, planos e realizações

em prol do desenvolvimento educacional, ou seja, o diretor – gestor não é a

única razão de existência da escola, ela é estruturada por meio de uma

construção coletiva. Compete à gestão escolar estabelecer o direcionamento e

a mobilização capazes de sustentar e dinamizar a cultura das escolas, de

modo que sejam orientadas para resultados, em um ser e fazer caracterizados

por ações conjuntas, associadas e articuladas.

Administrar a escola numa sociedade em constante transformação,

requer um administrador que perceba as mudanças que estão ocorrendo,

prepare-se, torne-se competente para implementar o que o novo exige,

questione essas mudanças e retenha o que é bom e construtivo. Isto é, alguém

que seja capaz de acompanhar as mudanças não apenas em sua área de

conhecimento e ambiente de trabalho, mas também em outras áreas do saber

e na sociedade como um todo, percebendo que a escola não está isolada, e

por isso deve-se ter uma prática adequada, baseada em pressupostos

coerentes.

“Não há mais lugar para uma visão parcial da unidade

escolar com a divisão rígida em seu interior. (...) a

perspectiva burocrática de organização escolar deve dar

lugar a uma abordagem que considere as relações

processadas em seu interior”. (Teixeira, 1999, p.114)

O gestor de uma escola que caminhe com seu tempo necessita

perceber-se como um condutor do processo ensino – aprendizagem e não

somente como um gestor burocrático. A ele, cabe ser um educador que

entenda o social e o burocrático, desenvolvendo competências e habilidades

que favoreçam o trabalho coletivo, a liderança de grupos, a tomada de

decisões, o encaminhamento de soluções de problemas educacionais e a

construção de uma proposta pedagógica no âmbito da educação escolar, em

uma perspectiva de atuação profissional ética e com responsabilidade social.

21

Em uma gestão da escola, deve-se saber olhar para o futuro e perceber

as tendências de mudança, aprendendo a investigar, analisar e interpretar os

novos desafios que surgem, enfrentando o novo com segurança. Nesse

contexto, revela-se a necessidade de um gestor que atue com clareza e

objetividade, e que tenha uma boa comunicação com a comunidade escolar.

1.4 – Os Tipos de Gestão Educacional

As instituições educacionais, por estarem inseridas em um contexto

social, devem ser entendidas como organismos vivos e dinâmicos, que se

caracterizam por uma rede de relações entre os elementos que nela interferem

direta ou indiretamente, e, isso exige um novo tipo de organização. Devido a

essa exigência, encontramos diferentes formas de gestão educacional.

1.4.1 – Gestão Democrática

A cultura política autoritária predominou durante muitos anos em nossa

sociedade e, consequentemente, em nossos estabelecimentos de ensino. A

educação no Brasil se desenvolvia por dois caminhos distintos: o primeiro

pregava a democratização sem se preocupar com a qualidade e o segundo

pregava a elitização de ensino em troca de qualidade. Pensando em um ensino

de qualidade acessível a todos, foi implantada a nova Lei de Diretrizes e Bases

da Educação Nacional 9394/96, que estabeleceu a democratização da gestão

nas escolas, uma gestão que busca a apropriação coletiva das salas de aula

pelos pais, professores, funcionários e alunos, os quais possuem liberdade no

processo de tomada de decisão para promover melhorias na qualidade de

ensino.

Ao realizar uma gestão democrática a escola acredita que todos juntos

têm mais chance de encontrar caminhos para atender às suas necessidades e

expectativas, ou seja, a educação é tarefa da família, governo e sociedade, e

para tanto, é necessário que todos participem do processo educacional de

22

forma coletiva e organizada. Esse tipo de gestão deve ser vivenciada no dia-a-

dia das escolas, incorporada ao cotidiano de modo que se torne tão essencial à

vida escolar quanto à presença de professores e alunos.

Todas as pessoas ligadas à escola podem fazer-se representar e decidir

sobre os aspectos administrativos, financeiros e pedagógicos e, uma

democratização da gestão escolar, que leve em consideração condições legais,

políticas e estruturais e o apoio das secretarias de educação, é de grande

importância no início de uma jornada transformadora para a melhoria do

ensino.

O processo de gestão democrática constitui-se em uma ação, uma

prática da escola, que para acontecer deve estar associada à elaboração do

projeto político – pedagógico e à implantação do conselho escolar. É chegada

a hora do aprendizado conjunto, do compartilhar dessa nova escola que surge,

do fazer e responsabilizar-se pela construção da nova educação, onde todos

fazem parte do processo de gestão democrática.

1.4.2 – Gestão Participativa

A escola tem a finalidade de educar as pessoas para viverem em um

ambiente democrático e, o grande desafio da gestão educacional é a

complexidade do processo de ensino, o qual depende para seu

desenvolvimento e aperfeiçoamento da ação coletiva e espírito de equipe.

A tarefa educativa é extremamente complexa. O ato de ensinar requer a

existência de condições adequadas para que o educador possa conceber e

desenvolver o seu trabalho pedagógico. Nesse sentido a gestão participativa,

na medida em que se propicia o aperfeiçoamento da ação coletiva no interior

da escola, se apresenta como a alternativa mais adequada para criar as

condições favoráveis à melhoria da qualidade de ensino.

A gestão participativa possibilita a concepção de um projeto de escola

pensado pelo conjunto dos profissionais que, tendo o conhecimento da

realidade dos seus alunos, buscam soluções mais adequadas as suas

necessidades. O caminho para edificar novos padrões de qualidade nas

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escolas deve, necessariamente, abandonar as práticas individualistas tão

arraigadas no cotidiano escolar para construir alternativas pensadas a partir do

coletivo.

Para acontecer uma gestão participativa na escola é preciso que o

diretor, professores, alunos e pais se proponham a isso, e o êxito dessa

experiência dependerá da efetiva participação de todos os componentes desse

processo, o qual pode ser estimulado ou travado pelo diretor da instituição. E,

para que aconteça essa participação é necessário que o gestor se proponha,

conscientemente, a impor o menos possível, a aceitar o processo participativo,

a superar o medo de ser julgado e de perder alguns privilégios, a conviver com

idéias diferentes e contraditórias as suas, e a conter sua tendência

centralizadora e individualista ao tomar decisões.

A participação é uma conquista diária e conseqüência do fortalecimento

do sentido de responsabilidade dos indivíduos.

1.4.3 – Gestão Administrativa

A gestão administrativa deve preocupar-se com as dimensões internas e

externas da escola, fazendo uma análise de sua realidade, seus recursos

disponíveis, sua dimensão humana, político – social para que então possa

traçar um planejamento adequado.

Esse tipo de gestão deve cuidar para que haja um relacionamento

dinâmico e proveitoso entre a escola e as famílias, as instituições da

comunidade, os órgãos financiadores e de supervisão entre outros, assim

como também precisa estabelecer um equilíbrio entre os diversos setores da

organização escolar, promovendo um bom relacionamento entre as pessoas e

um balanceamento nas atividades e recursos.

Nessa gestão cuida-se da parte física (o prédio, os equipamentos que a

escola possui), pois em um ambiente agradável a aprendizagem torna-se

eficaz, contribuindo para que o aluno não tendencie a evasão; e da parte

institucional (a legislação escolar, direitos e deveres, atividades de secretaria) e

suas especificidades estão enunciadas no plano escolar e regimento escolar.

24

A elaboração do regimento escolar deve ser realizada sob a liderança do

gestor, considerando o fato de que é um documento que constitui a base legal

da escola e sintetiza os procedimentos que regulam as relações institucionais

referentes aos aspectos administrativos e pedagógicos. Esse gestor também

deve participar da elaboração da proposta pedagógica, que sintetiza as

reflexões e as decisões assumidas pela equipe escolar, traduzindo os

princípios, objetivos e diretrizes que serão consolidados no regimento.

A gestão administrativa não pode deixar de considerar o plano de

gestão, o qual apresenta o processo ensino – aprendizagem detalhadamente,

tendo sido realizado a partir do estudo da realidade, estabelecendo metas e

apresentando os conteúdos de modo organizado e baseado em conceitos

fundamentais que devem ser compreendidos pelos educandos no decorrer do

ano letivo.

“A educação escolar tem a tarefa de promover a

apropriação de saberes, procedimentos, atitudes e

valores por parte dos alunos, pela ação mediadora dos

professores e pela organização e gestão da escola”.

(Libâneo, 2008, p.137)

Cabe à escola assegurar o desenvolvimento das capacidades

cognitivas, sociais e emocionais, criando oportunidades para que seus alunos

se desenvolvam, construam e reconstruam o saber, por meio de um

pensamento crítico e participativo na formação da cidadania.

25

Capítulo 2

A Liderança e seus Líderes

Neste capítulo descrevo o que vem a ser liderança; os tipos de liderança

(autocrática, democrática, laissez – faire, participativa, visionária, motivacional,

colaborativa); os diferentes tipos de líderes (carismático, executivo, coercitivo,

distributivo, educativo, inspirador); e o estilo comportamental do líder,

abordando autores como: Martins, Nóvoa, Chiavenato, Fontana, Oliveira, Luck.

2.1 – O que é Liderança.

Normalmente, a liderança é entendida como uma forma de dominação

ou controle, baseada no prestígio do líder sobre seus liderados. Mas, com a

evolução das teorias que estudam a liderança, considerando-se as situações, a

figura do líder, as relações entre líderes e liderados, este conceito vem

mudando e a liderança tem deixado de ser apenas dominação e controle, e tem

tido seu papel assumido, conscientemente ou não, pelo líder.

A liderança pode funcionar por meio de uma autoridade delegada,

quando o líder é aquele que possui um cargo de liderança, mas, não

necessariamente lidera ou influencia sua equipe; ou pode ser uma autoridade

natural, quando o líder é aquele que consegue influenciar ou direcionar a

equipe sem, necessariamente, possuir um cargo de liderança.

Alguns autores consideram que a teoria da liderança é resultado de

grandes homens que são produtos de seu tempo e espaço, ou seja, de

condições e tendências culturais que eles vivenciaram. Mas, à medida que a

importância do fator humano fez-se sentir, as técnicas de liderança começaram

a passar por revisões e, devido a isso, deu-se início a vários estudos sobre as

reações dos indivíduos por meio de observações e registros com relação aos

vários tipos de liderança.

26

Esses estudos revelam que o líder deve valorizar o trabalho dos

indivíduos e das equipes, ressaltando os aspectos positivos do que foi

realizado e influindo na construção de um ambiente estimulante para a

realização das atividades. Portanto, os resultados obtidos não dependem

apenas da qualidade da matéria-prima e da perfeição do funcionamento das

máquinas modernas, mas sim, a produtividade de um determinado grupo tem

grande relação com determinados tipos de liderança.

“Em uma organização, é fundamental que seus dirigentes

pratiquem a liderança de forma democrática, isto é,

sendo aceitos naturalmente pelos seus comandados, que

reconhecem e admiram a competência dos comandantes

e, ao mesmo tempo, utilizam métodos administrativos

que propiciem a participação ativa dos comandados, quer

apresentando propostas, quer participando das

decisões”. (Martins, 2007, p.195)

Atualmente, a liderança é encarada não mais como uma característica

apenas, mas também, como um comportamento e, como tal, é algo que pode e

deve ser aprendido. Não se pode mais focar apenas o líder, o subordinado e

sua relação com aquele, ou mesmo, apenas as situações em que a liderança

se insere, mas, todos estes fatores conjuntamente.

2.2 – Os Tipos de Liderança.

De acordo com os estudos sobre liderança, foram traçados alguns

diferentes tipos.

2.2.1 – Liderança Autocrática

27

É o tipo de liderança ditatorial. O ato de liderar está centralizado

exclusivamente no líder e, o cuidado e as considerações para com seus

subordinados não existem. Esse tipo de liderança é resumido quase

unicamente pelo ato de dar ordens, de dizer o que as pessoas devem ou não

fazer, de fiscalizar e controlar a produção de cada indivíduo isoladamente.

Dentro de um ambiente rígido exercido por esse tipo de liderança, as

pessoas não têm oportunidades para desenvolverem um espírito de iniciativa e,

não se sentem estimuladas a desenvolverem suas próprias qualidades de

liderança. Assim, o líder oficial é quem distribui as tarefas, exigindo o

cumprimento das mesmas, sem revelar os objetivos e os próximos passos a

serem seguidos. A avaliação feita por ele é subjetiva e seu ambiente de

trabalho é de comando sobre seus comandados.

Segundo estudos realizados por Ronald Lippit e Ralph K. White, foram

feitas observações que revelaram que as reações de um grupo que foi

submetido a esse tipo de liderança eram de grande dependência em relação ao

líder, ausência de iniciativa própria das pessoas, sentimentos de depressão e

frustração e, certo teor de irritabilidade e agressividade. Quanto ao trabalho a

ser exercido efetivamente, viu-se que durante a ausência do líder, o grupo não

tomava a iniciativa de iniciar um trabalho novo nem de terminar os que estavam

incompletos.

2.2.2 – Liderança Democrática

Liderança, democraticamente falando, deve ser um elo que faz com que

um grupo de trabalho não seja apenas um amontoado de pessoas. O objetivo

maior deve ser planejar, orientar, coordenar e controlar os esforços de todos os

integrantes do grupo, a fim de que em conjunto eles possam alcançar seus

objetivos mais eficientes.

Nesse tipo de liderança, o líder procura sempre que possível, promover

a participação dos membros do grupo na formulação dos programas de ação,

estimulando e orientando discussões e decisões, oferecendo a todos os

participantes ampla perspectiva da razão e da continuidade do trabalho. Os

28

integrantes do grupo conhecem os padrões que foram estabelecidos para a

avaliação de seu produto e compreendem as razões para se alcançarem esses

padrões.

As principais características dessa liderança são representadas por um

equilíbrio entre direitos e responsabilidades. O líder não procura educar e

instruir cada funcionário isoladamente, seu desejo é favorecer situações para

que cada indivíduo possa realizar-se plenamente, sentindo-se, cada vez mais,

membro importante do grupo, galgando ao alcance de sucesso, satisfação e

realização profissional.

O líder democrático busca a objetividade em sua crítica e na sua

maneira de avaliar a produção de todos. Ele se identifica com o grupo,

fazendo-se um participante e colaborador.

Em suas pesquisas, Lippit e White observaram que um grupo de

trabalho sob orientação democrática produzia um bom trabalho quando

acompanhado pelo líder. Essa observação revelou que a atuação do líder era

estimulante, tanto para a produção quanto para as relações interpessoais.

Segundo Chiavenato (2000) os líderes são os responsáveis pela

sobrevivência e pelo sucesso de suas organizações. Chamamos de liderança a

dedicação, a visão, os valores e a integridade que inspira os outros a

trabalharem conjuntamente para atingirem metas coletivas. A liderança eficaz é

identificada como a capacidade de influenciar positivamente os grupos e de

inspirá-los a se unirem em ações comuns coordenadas. Os líderes reduzem as

nossas incertezas e nos ajudam a cooperar e trabalhar em conjunto para

tomarmos decisões acertadas.

Dentro dessa perspectiva, em uma liderança democrática o líder

compartilha sua responsabilidade com o grupo, mostrando que seu modo de

agir fala mais alto do que demoradas explicações.

2.2.3 – Liderança Laissez – Faire

É o tipo de liderança que se caracteriza pela atitude passiva do líder, o

qual se revela como uma pessoa amistosa, que não expressa críticas e confia

29

as decisões a serem tomadas a cada funcionário individualmente, abstendo-se

de dar sugestões.

A liderança laissez – faire normalmente é confundia com liderança

democrática, pois, a partir do momento em que o líder permite que todos façam

o que querem, ele pensa estar agindo como um líder democrático. Lippit e

White, em sua pesquisas constataram que a produção de um grupo submetido

a esse tipo de liderança é baixa e que a intensidade das atividades não são

influenciadas pela presença do líder.

Essa liderança costuma levar o grupo de trabalho ao descontentamento

para com sua própria produção e eficiência. Um grupo de trabalho precisa ver

em seu líder, firmeza e clareza de propósitos assim, atitudes de incerteza e

confusão criam o descontentamento entre o grupo.

2.2.4 – Liderança Participativa

É um tipo de liderança em que as estratégias empregadas visam ao

aperfeiçoamento da qualidade do trabalho. Baseada no bom senso, a

delegação de autoridades às pessoas que compõem o grupo de trabalho, é

construída a partir de modelos de liderança compartilhada, que são os padrões

de funcionamento das organizações mundiais, com alto grau de desempenho.

Em uma liderança participativa, o líder é um facilitador e estimulador da

participação de todos os envolvidos no trabalho, na tomada de decisão e

implementação de ações; promotor da comunicação aberta; construtor de

equipes participativas; motivador de energia, dinamismo, entusiasmo,

confiança e receptividade; incentivador da capacitação e desenvolvimento de

todos.

Essa liderança deve contribuir para que a equipe de trabalho se sinta

valiosa e importante, dando ênfase no objetivo a ser alcançado; estimulando o

entusiasmo em realizar o trabalho e produzir resultados; facilitando o trabalho

ao remover os obstáculos e desvios, permitindo que os funcionários realizem

suas atividades; promovendo a interação entre o grupo.

30

Outro aspecto a ser abordado é a confiança, fundamental e importante

para manter uma organização unida, podendo facilitar a boa comunicação

assim como, corrigir ações ocorridas em momentos inoportunos, possibilitando

o entendimento de objetivos e criando condições para o sucesso

organizacional.

Segundo Culbert e McDonough, sem confiança os desentendimentos

rotineiros são interpretados como traições; ordens simples se tornam

expressões ríspidas; os planos mais bem concebidos fracassam; os indivíduos

tomam como pessoais as críticas e escondem os pontos fracos em seu

desempenho; a comunicação se torna pouco objetiva, vaga e defensiva; e

assumir riscos, buscar inovações e ter criatividade tornam-se ações sufocadas.

O relacionamento entre líderes e seus liderados é complexo e recíproco,

bons líderes são formados a partir dos impulsos positivos de seus liderados,

assim, esse líder tem que ser confiável e justo na sua relação com o grupo.

Essa confiança pode ser construída caso seja delegado poderes aos liderados,

fortalecendo o seu pessoal e a instituição por meio de um estilo eficaz de

relacionamento.

À medida que o grupo busca novas oportunidades, compartilhando seus

conhecimentos, isso aumentará as chances das tarefas serem realizadas com

qualidade, e ao se sentirem comprometidos em levar as decisões adiante, isso

criará situações de motivação em altos níveis.

2.3 – Os Diferentes Tipos de Líderes.

Líder significa guia, ou seja, é aquele que conduz e para isso tem a

visão do caminho certo a ser seguido, descortinando os novos cenários e o que

precisa ser feito para atender às novas realidades. O bom líder é o precursor a

partir de sua visão de longo alcance. Não é líder quem se impõe pela força e

poder, mas quem usa o poder da liderança, isto é, o poder da persuasão e a

capacidade de influenciar, sabendo mostrar, como um guia, o caminho que ele

vê e conhece melhor.

31

Cabe ao líder permitir aos seus colaboradores que se transformem em

um novo tipo de ser, migrando do individual para o coletivo, de um ser isolado

para um ser conectado. O líder é aquele capaz de conduzir as pessoas juntas e

em direção a uma mesma visão, levando-as até onde não iriam se estivessem

sozinhas.

O líder precisa valorizar o talento humano, criar condições para que as

pessoas tenham liberdade de ser criativas, e de sentirem que aquilo que fazem

é importante. Precisa desenvolver novos processos baseados na capacidade

intelectual do trabalhador, utilizando-se do conhecimento como forma

competitiva.

Atualmente, liderança é uma capacidade inerente ao indivíduo,

independente do cargo ou status que ele ocupe ou expresse. Muitos líderes se

apresentam de forma hierarquizada, autoritária e poderosa, outros

conscientizam a todos sobre a importância que cada um possui no processo de

trabalho. Ao longo dos anos surgiram alguns tipos de líderes como veremos a

seguir.

2.3.1 – Líder Carismático

Carisma é uma palavra grega que significa “dom de inspiração divina”,

então, o líder carismático é aquele que inspira em seus liderados, a confiança,

aceitação incondicional, obediência espontânea e envolvimento emocional. O

líder carismático é visto por seus liderados como alguém que possui qualidades

excepcionais. Ele tem a certeza de que os outros vão desempenhar seus

papéis, cumprindo suas tarefas e compromissos.

2.3.2 – Líder Executivo

É aquele que surgiu devido à busca das organizações pela obtenção da

ordem. Ele costuma possuir muitas habilidades técnicas e competências.

2.3.3 – Líder Coercitivo

32

Exerce a liderança através da coerção e violência, que podem ser verbal

ou física. Ele pensa que controla as situações e obtém a adesão e o

comprometimento dos que lhe são subordinados, pois ele é o chefe, mas, na

verdade, tudo o que consegue é a submissão aparente. A relação entre o líder

coercitivo e seus liderados é instável, e os baixos resultados, a falta de

qualidade e de criatividade são as piores conseqüências deste uso de poder.

2.3.4 – Líder Distributivo

É o líder que apenas delega tarefas, sempre controlando,

acompanhando de perto e cobrando resultados. É o tipo de líder que não

constrói nem destrói e que mantém sempre as posições e os papéis de cada

indivíduo em seus devidos lugares.

2.3.5 – Líder Educativo

É aquele que costuma dar o exemplo, seus liderados têm uma relação

de responsabilidade com o trabalho. Isso permite a existência de uma abertura

para a troca de conhecimentos, não apenas técnicos, mas também, humanos.

2.3.6 – Líder Inspirador

O líder inspirador raramente precisa dar ordens aos seus liderados, eles

se sentem atraídos pela figura do líder e estão dispostos a fazer o que é

necessário.

2.4 – Estilo Comportamental do Líder.

Teorias administrativas escolares identificam quatro estilos de

comportamento de líder, que variam de acordo com as necessidades

33

individuais ou grupais de direcionamento e apoio. São eles: diretivo, de

instrução, auxiliador e delegador.

2.4.1 – Liderança Diretiva

É aquela em que o líder tende a funcionar de maneira autônoma,

tomando decisões sozinho e, dando instruções específicas sobre o que fazer e

como executar determinadas tarefas. Ele define objetivos, resolve problemas e,

normalmente, prefere que os subordinados sigam regras e regulamentos

específicos, baseando-se fortemente em recompensas, punições e fonte

legítima de poder para motivar os funcionários.

Há determinados momentos em que o estilo de liderança diretiva se faz

necessária para se atingir um objetivo desejado e, é particularmente apropriado

em situações emergenciais. Contudo, líderes que são exclusivamente diretivos

tendem a ser consumidos pelo excesso de trabalho e estresse, ao mesmo

tempo em que limitam a responsabilidade de seus funcionários, contribuindo

para que o desempenho deles fique muito abaixo de sua capacidade normal.

2.4.2 – Liderança de Instrução

Esse estilo de liderança permite uma participação limitada e evita os

excessos da liderança diretiva. Ao invés de proporcionar um alto grau de

dimensão, a liderança de instrução combina alguns direcionamentos com

encorajamento pessoal para desenvolver a confiança dos subordinados. O líder

decide após considerar os objetivos então, explica os motivos de sua decisão e

tenta persuadir a todos para levá-la adiante.

2.4.3 – Liderança de Auxílio

O líder auxiliador se baseia em objetivos desafiadores para motivar os

liderados. Os integrantes da equipe são convidados a influenciar no processo

de tomada de decisão, onde é apresentado o problema, as informações

34

históricas relevantes sobre o mesmo e pede que o grupo sugira alternativas

para sua superação. O líder então, seleciona as soluções desejadas, é um

estilo de liderança apropriado para profissionais gerenciais.

2.4.4 – Liderança Delegada

O líder que delega, envolve, como um companheiro de trabalho, todos

os funcionários no processo de tomada de decisões, criando assim, seu

comprometimento com as decisões tomadas. Trata-se de uma ação criadora

de elevada sinergia, ou seja, de força conjunta dinamizadora de ações

coletivas.

Ao participar do processo decisório, o líder concorda em mudar de

opinião de acordo com a decisão do grupo, além disso, líderes hábeis em

delegar são capazes de maiores conquistas, pois sua delegação de autoridade

desenvolve habilidades e o comprometimento dos integrantes da equipe.

Em diferentes momentos e circunstâncias, o líder eficaz pode estar

agindo adequadamente, ao fazer uso de qualquer estilo de liderança citado

anteriormente. O que deve ser evidente é que a seleção do estilo adequado

depende da natureza do problema, da situação, assim como, dos indivíduos e

da natureza de seus relacionamentos.

É importante reconhecer que, dada a dinâmica social, essas condições

não são fixas num mesmo grupo, portanto, cabe ao líder fazer uma análise da

situação vivenciada e, assim, adequar-se ao estilo de liderança que julgar ser o

mais correto.

35

Capítulo 3

O Líder na Gestão Administrativa Participativa

Neste capítulo escrevo sobre o papel do líder na gestão administrativa

participativa, as competências necessárias que ele deve ter para exercer essa

liderança, o que vem a ser o trabalho em equipe e a importância da tomada de

decisões. Assuntos estes que são pensados a partir de autores como: Paro,

Gardner, Hora, Luck, Kazmier.

3.1 – As Competências Necessárias para essa Liderança.

A principal preocupação do administrador é, sem dúvida, fazer com que

todo o sistema flua beneficamente, de forma uniforme e equilibrada, sem

gastos desnecessários e sem falta de recursos. Um bom administrador deve

estar atento ao número adequado de funcionários, produtivos em suas funções,

sem dispêndido nem falta de pessoal.

Os administradores são aqueles profissionais a quem cabe o

planejamento, organização, gestão, a orientação dos recursos tecnológicos,

físicos, humanos e financeiros, a fim de encontrar soluções para toda espécie

de problemas administrativos. Assim sendo, é ele quem planeja atividades, cria

métodos, organiza o correto funcionamento dos diversos setores de uma

empresa, garante a circulação de informações e, calculam despesas referentes

a diversos processos.

Dentre as desejáveis características, o administrador deve ter senso de

oportunidade e responsabilidade, objetividade, iniciativa, prioridades,

empreendedorismo, capacidade de intermediar possíveis conflitos, habilidade

para trabalhar em equipe e liderá-las, pensar e agir calmamente,

autoconfiança, capacidade de planejamento, decisão, negociação, organização

e dinamismo.

36

Em termos de processo educacional, pode-se dizer que os dirigentes

das instituições escolares descobriram que os modelos convencionais não são

mais adequados para a nossa realidade, pois atualmente, as instituições de

ensino necessitam não somente de administradores, mas também, de líderes

capazes de trabalhar e facilitar a resolução dos problemas em grupo, ajudando-

os a identificar suas necessidades de capacitação e de adquirir habilidades

necessárias, delegando autoridades e descentralizando o poder.

Segundo Luck (2000), as décadas finais do século XX marcaram o

surgimento de uma revolução no pensamento administrativo. Atualmente, o

nosso mundo é marcado pela emergência de novas estruturas organizacionais

que são significativamente mais democráticas, criativas e, potencialmente mais

produtivas do que foram em qualquer estágio anterior da história. Níveis

maiores de educação, o crescimento do espírito democrático e o crescente

reconhecimento da interdependência do local de trabalho, como também do

ambiente global, tem levado à percepção de que a chave para um ambiente de

trabalho está em alcançar uma cooperação mais eficaz de gestão, que supera

o modelo centralizado, autocrático, controlador, cuja ênfase situa-se em regras

de trabalho e na obediência.

Nos dias de hoje, os líderes eficazes concentram seus esforços em

liberar a energia escondida das escolas e das outras organizações, pela

construção de equipes participativas. Ainda segundo Heloisa Luck, a mudança

vem de baixo para cima, porém, tem que haver um clima de liderança para que

as pessoas do grupo expressem os problemas, confiando uns nos outros e

resolvendo esses problemas juntos, o que contribui para atitudes capazes de

gerar sentimentos de capacidade e liberdade para fazer as coisas.

Tradicionalmente havia uma postura vertical na gestão das tarefas a

serem executadas, o que gerava funcionários que trabalhavam como uma

grande máquina, obedecendo de cima para baixo as tarefas fixas que deveriam

executar. Neste paradigma de verticalidade organizacional, a liderança

funcionava para ditar o que deveria ser feito e como deveria ser executado,

restringindo a iniciativa de novas idéias e atitudes.

37

Atualmente, essa verticalidade tem dado lugar a uma flexibilidade em

que os funcionários assumem diversos papéis para manter os objetivos gerais

a serem alcançados, e, aos organogramas horizontais que incentivam a

intercomunicação entre os diversos setores de trabalho.

Na verticalização, cada indivíduo e setor de trabalho, era visto como um

componente isolado dirigido por seu chefe; nos dias atuais, é necessário que o

profissional sinta-se parte de uma equipe com visões múltiplas e capacidade de

atitudes comuns pelos mesmos objetivos. O líder do século XXI não é mais

centralizador, ele interage com todos os setores e respectivos funcionários,

sabendo falar e ouvir sobre determinadas situações e desafios.

A principal postura do gestor de uma instituição é a de mediador das

situações educativas e funcionais; articulador da proposta pedagógica;

definidor e identificador de problemas e soluções junto à unidade escolar,

compartilhando fatos, informes e tomadas de decisões com o grupo;

coordenador e administrador da parte financeira; proporcionar oportunidades

de crescimento pessoal e profissional de seus funcionários por meio de cursos,

dinâmicas, palestras e reconhecimento dos funcionários de maneira a valorizar

a auto-estima dos mesmos.

“É necessário que o administrador escolar compreenda a

dimensão política de sua ação administrativa, tornando

essa ação participativa, o que se traduz no compromisso

com uma ação educativa revolucionária que, quer pela

transmissão de um saber objetivo, quer pela promoção

de uma consciência crítica da realidade social, visa

precisamente servir de instrumento de superação da

dominação e da exploração vigentes na sociedade”.

(Paro, 2008, p.150 – 151)

O novo gestor e líder estuda para atualizar-se e conhecer mais

profundamente os novos enfoques e contribuições de educadores sobre os

processos de lideranças. Ele está atento às novas conjunturas que se impõe e

38

procura adequar a elas o seu estilo de liderança, os seus liderados e os

objetivos a serem alcançados. Segundo Heloisa Luck, assim como a essência

da gestão é fazer a instituição operar com eficiência, a eficácia da gestão

depende, em grande parte, do exercício efetivo da liderança.

Uma característica fundamental de um bom líder é que ele trabalha

efetivamente em equipe. Ele não é mais e nem pode ser uma estrela que brilha

solitária, faz parte da equipe, é próximo e acessível. Não faz, faz fazer. Delega,

dá autonomia, possibilitando o maior crescimento e comprometimento dos

liderados e atuação mais ágil e criativa. Mais que tudo isso, baseado na

sinergia do trabalho em equipe, evita as situações isoladas e individualistas,

conduzindo e estimulando todos a atuar em um time unido que joga em

conjunto, em estreita colaboração.

O trabalho em equipe é cada vez mais um diferencial competitivo. Se

sozinho é possível alcançar elevados índices de produtividade, em equipe os

resultados se multiplicam. Uma equipe é constituída de pessoas que tem

objetivos em comum, trabalham para o mesmo propósito e por isso não

competem entre si, mas cooperam.

Quando se trabalha em equipe a diversidade é importante para o

resultado positivo. Visões diferentes podem auxiliar na tomada de decisões que

sozinho talvez, fosse mais demorado para encontrar. O líder que atua em

equipe procura desenvolver os seus liderados, utilizando e valorizando os

treinamentos comportamentais como instrumento valiosíssimo do

desenvolvimento pessoal, grupal e organizacional.

O verdadeiro líder tem segurança psicológica. Não se sente ameaçado

por compartilhar as decisões com os liderados e ser receptivo às suas idéias e

iniciativas, nem teme um clima saudável de transparência. Pelo contrário, ele é

o primeiro a ouvir o que os liderados têm a lhe dizer para dar o exemplo. A sua

principal preocupação não é se destacar, mas que os resultados se destaquem

a partir de uma equipe unida, comprometida, criativa, onde todos dão o melhor

de si em mútua colaboração. Ou seja, a verdadeira liderança aparece,

sobretudo, através dos resultados e do crescimento dos liderados.

39

3.2 – As Relações Interpessoais na Liderança.

Do momento em que nasce em diante, o ser humano vive de acordo

com o modo de se relacionar com o mundo ou com a realidade. Nossa situação

existencial, física ou psíquica, depende de como nos relacionamos com o

mundo, depende da qualidade com que nosso ser reage à realidade.

Boa parte da vida do ser humano está em contato com outro ser

humano. Mesmo sem se dar conta, conceitos são formados, formas de agir e

de pensar são transformadas, tudo de forma tão sutil que não se percebe. As

pessoas só se dão conta das transformações, quando olham para trás e vêem

como eram e como são no momento.

Como já foi dito anteriormente, a escola, como os demais seguimentos

empresariais e sociais, vem sofrendo transformações profundas em níveis

organizacionais. Nesses espaços de trocas de informações e conhecimentos,

as novas exigências do mundo globalizado também exigem uma dinâmica

diferente nas relações.

Cada indivíduo é único em personalidade e no âmbito profissional essa

exclusividade pode ser positiva ou negativa. As relações humanas entre

indivíduos têm vida própria e peculiar, que ultrapassa as características de

seus componentes e se manifesta não só na relação de um grupo com outro,

mas também, e principalmente, nas relações que os membros de um grupo

mantêm entre si.

Há hoje a compreensão de que o emocional exerce grande influência na

produção e relação do trabalho humano. Defender a necessidade de se

trabalhar a questão da afetividade, é entender o quanto o ser humano precisa

estar bem para poder lidar com os problemas das pessoas que fazem parte de

seu ambiente. Essa reflexão mostra que os maiores problemas no

relacionamento humano são causados pela falta de controle emocional.

Cabe ao líder o entendimento de que as pessoas são dotadas de

sentimentos e que o profissionalismo não as tornam uma máquina insensível,

ao contrário, no desempenho de suas funções elas ficam com a sensibilidade

mais apurada. Nesse sentido deve-se pensar em propiciar aos funcionários, um

40

ambiente agradável e livre de tensões, criando espaços para a descontração,

discussão, para que todos possam extravasar seus sentimentos, falar de seus

medos e de suas incertezas.

Estar preparado para as novidades requer uma disposição para

relacionar-se, um estar receptivo ao outro. Nas relações interpessoais, sejam

elas estabelecidas dentro de uma organização ou não, faz-se necessário a

existência de um contato entre aqueles que nela atuam, uma percepção entre e

sobre os indivíduos. A partir do momento em que percebemos o outro, não

apenas em suas características físicas, mas também em seus processos mais

íntimos, passamos a nos relacionar com ele de forma positiva ou negativa,

baseados em preceitos éticos ou não. Portanto, o estabelecimento de um

contato com o outro indivíduo torna-se então, uma questão de fundamental

importância no âmbito das relações interpessoais.

Numa organização, as relações estabelecidas entre os funcionários

devem ser mediadas da melhor forma possível. Boas relações trazem à tona,

maior motivação, melhor produtividade e, consequentemente, um ambiente de

trabalho favorável. O relacionamento interpessoal pode tornar-se e manter-se

harmonioso e prazeroso, permitindo o trabalho cooperativo, em equipe, com

integração de esforços, conjugando as energias, conhecimentos e experiências

para um produto maior do que as somas das partes.

Segundo Gardner (1999), através da comunicação, verbal ou não, é

possível identificar as alterações de humor e de temperamento, os desejos e as

intenções do outro e, essa forma de inteligência é imprescindível nos gestores

e líderes.

A arte do relacionamento é, em grande parte, a habilidade de gerenciar

sentimentos em outros, e isso é a base de sustentação de popularidade,

liderança e eficiência interpessoal. Pessoas com essa habilidade são mais

eficazes em tudo que é baseado na interação entre pessoas. Para o líder, essa

competência é de fundamental importância, pois ele precisa ser possuidor

dessa habilidade em trabalhar com pessoas de personalidades diferentes

dentro e fora do seu ambiente de trabalho. A maneira de lidar com as

41

diferenças individuais tem forte influência na vida do grupo, principalmente nos

processos de comunicação e no comportamento organizacional.

“A grande riqueza da participação de todos está na

medida em que cada grupo ou cada pessoa traz para o

grupo as suas percepções sobre a realidade que o cerca,

quando os objetivos definidos e os planos de ação estão

impregnados dessas diferentes percepções”. (Hora,

2002, p.51)

Atualmente há uma necessidade de um líder transformado, em que sua

autoridade decorre não do cargo que ocupa, mas sim de sua postura pessoal.

Esse líder comunica-se com sua equipe, garante um ambiente de trabalho

adequado e faz entender que a cooperação está na essência do trabalho,

valorizando sempre as relações interpessoais.

3.3 – A Tomada de Decisões

É comum acreditar que tomar decisão parece ser simples para aqueles

que as tomam de forma intuitiva ou então através das experiências

acumuladas, ou baseadas em temas já comprovados. Mas, o que se observa é

que o processo de tomada de decisão recruta conhecimentos teóricos

profundos, por se tratar de assunto complexo e digno de investigação.

Considera-se que o processo de tomada de decisão ocorre quando

surge uma situação problema que precisa ser referência ou investigada, assim,

o líder no seu papel de chefe, deve recorrer a princípios teóricos e práticos que

oriente sua caminhada para a solução.

O processo de tomada de decisão exerce o topo da pirâmide da

interação, pois controla o grupo, coordena as decisões, aproximando as

normas concretas e abstratas, desenvolvendo resultados e promovendo o

equilíbrio com sua liderança. Pode-se dizer que esse processo é um ato que

42

exige firmeza ou coragem na resolução do problema, objetivando conquistar

resultados positivos.

Segundo Kazmier L. J. (1975), a habilidade em tomar decisões é a

chave para o planejamento bem sucedido em todos os níveis de gestão. Isso

envolve mais do que uma simples seleção de planos de ação que assume pelo

menos três fases: diagnóstico, descobertas de alternativas e análises.

O diagnóstico é a primeira fase do processo de tomada de decisão que

tem como função identificar e aclarar o problema. As descobertas de

alternativas e criatividades do líder são muito importantes e, a análise inclui a

comparação dos possíveis cursos de ação e a escolha de uma das

alternativas. Dessa forma, os processos de tomada de decisão vão se

arrolando nos campos da liderança.

O processo de tomada de decisão em uma organização não é um

assunto pessoal, e sua eficácia não é produto da qualidade das decisões de

apenas uma pessoa, é sim, um assunto da organização. A priori, para decidir

deve-se fazer uma apreciação sobre uma linha de conduta a ser adotada em

todas as atividades de planejamento, direção e controle.

Muitos administradores acham difícil encarar esse processo como um

trabalho consciente, sujeito a princípios e regras. O administrador profissional

sabe que uma decisão lógica resulta da aplicação sistemática de esforço

mental, reconhecendo que a tomada de decisão é uma habilidade composta de

diferentes elementos que podem ser aprendidos como qualquer outra

habilidade.

As tomadas de decisão podem ser muito importantes, quando o impacto

é muito significativo; importante, quando o impacto é significativo; sem

importância, quando o impacto é insignificante; e, algumas decisões são

incrivelmente complexas. Esse processo está centrado nos moldes de

liderança, pois em qualquer organização a tarefa de tomar decisões é a mais

árdua, mais séria e varia conforme a decisão do chefe.

O modelo em que o chefe planeja, organiza, resolve e ordena o que vai

ser executado pelos funcionários é aplicado em lideranças com moldes

totalitários, autocráticos, em que a tomada de decisão é tarefa de solucionar, é

43

o triunfo ou o fracasso do chefe. Já o modelo em que todos pensam em

soluções para os problemas, tem moldes democráticos, ou seja, o problema é

centrado no grupo, para que seja alicerçado na responsabilidade conjugada do

mesmo.

Um líder sabe que uma decisão lógica resulta da aplicação sistemática

de esforços mentais. Por isso, em um processo de tomada de decisão, deve-se

considerar o número de pessoas no grupo, já que grupos muito numerosos

costumam funcionar com dificuldades enquanto os que têm poucos

componentes tem pouca eficiência; preservar a integridade dos indivíduos que

compõem o grupo, dando oportunidade deles aplicarem seu poder de produzir

e participar; colocar o problema no centro do grupo, desafiando as energias de

todos e estimulando a liberação de todo o poder do individuo.

No processo de tomada de decisão é preciso identificar, definir e

estabelecer os limites do problema, analisar e avaliar o mesmo. O líder precisa

decidir se deve ou não tentar resolver o problema, pois é necessário saber

quando deve e quando não deve tomar uma decisão, além disso, precisa

considerar a maneira como ele percebe a situação, quer como indivíduo, quer

como membro de uma organização, e também, a natureza do conjunto de

valores dessa organização.

Toda administração é orientada no sentido de alcançar certos objetivos e

só será possível saber se a solução encontrada foi satisfatória, a partir do

momento que se estabeleçam critérios para os julgamentos das soluções, pois

só assim pode-se ver se os objetivos dos indivíduos ou das organizações foram

alcançados.

A decisão, em uma organização, não é um assunto pessoal, e a eficácia

dela não resulta da qualidade das decisões de uma única pessoa. Ao contrário,

o processo de decisão é um assunto de toda a organização e o critério pelo

qual essa organização pode ser avaliada não é por meio da qualidade das

decisões tomadas por ela, e sim, pela eficácia com que ela executa as

decisões.

Todas as decisões se resumem em um sim ou não e, o líder precisa

aproveitar o processo de tomada de decisão para valorizar as pessoas a sua

44

volta, como seres humanos que cuidam e colaboram com esse processo, o

qual poderá culminar em êxito, contribuindo para a organização agora e no

futuro.

45

Conclusão

O líder em uma gestão administrativa participativa precisa estar ciente

de que cabe a ele, incentivar e oportunizar a participação de todos os

funcionários na tomada de decisão, visando alcançar os objetivos propostos

com êxito e produtividade.

No presente estudo, pode-se observar que o líder, por si só, não é a

razão da existência de qualquer organização e nem garantia de sucesso da

mesma. Por isso, caminhar em direção a uma democracia exige uma

organização que envolva a participação de todos os seus membros e, é preciso

coragem e firmeza nas tomadas de decisões, para romper com as estruturas

fragmentadas, afastando assim, o individualismo para se poder chegar ao

diálogo e a uma consciência crítica.

Devido às constantes transformações na sociedade atual, caracterizada,

principalmente, pela pluralidade de interesses que envolvem essa dinâmica, é

necessário que a liderança esteja voltada para uma participação coletiva, o que

torna o processo de tomada de decisão mais abrangente e conduz a gestão

democrática ou participativa para uma busca da democratização das

organizações existentes no mundo contemporâneo.

O significado da administração perpassa na idéia de líderes com

exigências burocráticas, nomenclaturas, normas estabelecidas em legislação,

na qual mudam-se os termos, as responsabilidades, mas, o administrador

enquanto líder, busca discutir a relação do trabalho através do diálogo,

reunindo as ações, buscando métodos e processos na tomada de decisões

consciente e efetiva para sua liderança.

Considerando que esse processo é de grande importância no início de

uma jornada transformadora, é preciso que essa mudança ocorra em um

ambiente favorável, com pessoas motivadas e capacitadas a buscar a

apropriação coletiva, por meio de uma liberdade de trabalho.

Assim, a participação não é o resultado de um processo automático e

espontâneo, mas sim, uma conquista diária e conseqüência do fortalecimento

do sentido de responsabilidade dos indivíduos. Portanto, deve-se lembrar que

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democracia se aprende em varias instâncias sociais e que o líder é um

empreendedor, um aglutinador, um coordenador de equipes, ou seja, é aquele

que chama para si, assume de maneira estável, ancora e profissionaliza a

difícil tarefa de pensar pessoas, pensar interações e não só pensar produtos ou

processos.

47

Bibliografia

Brasil. Lei n. 9394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as Diretrizes e

Bases da Educação Nacional. Diário Oficial da União. Brasília, 1996.

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ed. Goiânia: MF Livros, 2008.

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Janeiro: Vozes, 2000.

MARTINS, José do Prado. Gestão educacional: uma abordagem crítica do

processo administrativo em educação. 3. ed. Rio de Janeiro: Wak Editora,

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PARO, Vitor Henrique. Administração escolar: introdução crítica. 15. ed. São

Paulo: Cortez, 2008.

48

TEIXEIRA, Maria Cecília Sanches e PORTO, Maria do Rosário Silveira. Gestão

da escola: novas perspectivas. São Paulo: Apostila, 1999.

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Índice

Folha de Rosto 2

Introdução 10

Capítulo 1 – A administração na Gestão Educacional 12

1.1 – O Surgimento da Administração 12

1.2 – A Administração Escolar 16

1.3 – A Gestão e a Gestão da Escola 20

1.4 – Os Tipos de Gestão Educacional 23

1.4.1 – Gestão Democrática 23

1.4.2 – Gestão Participativa 24

1.4.3 – Gestão Administrativa 25

Capítulo 2 – A Liderança e seus Líderes 27

2.1 – O que é Liderança 27

2.2 – Os Tipos de Liderança 28

2.2.1 – Liderança Autocrática 29

2.2.2 – Liderança Democrática 29

2.2.3 – Liderança Laissez – Faire 30

2.2.4 – Liderança Participativa 31

2.3 – Os Diferentes Tipos de Líderes 32

2.3.1 – Líder Carismático 33

2.3.2 – Líder Executivo 33

2.3.3 – Líder Coercitivo 34

2.3.4 – Líder Distributivo 34

2.3.5 – Líder Educativo 34

2.3.6 – Líder Inspirador 34

2.4 – Estilo Comportamental do Líder 34

2.4.1 – Liderança Diretiva 35

2.4.2 – Liderança de Instrução 35

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2.4.3 – Liderança de Auxílio 35

2.4.4 – Liderança Delegada 36

Capítulo 3 – O Líder na Gestão Administrativa Participativa 37

3.1 – As Competências necessárias para essa Liderança 37

3.2 – As Relações Interpessoais na Liderança 41

3.3 – A Tomada de Decisões 43

Conclusão 47

Bibliografia 49