Upload
vuhuong
View
215
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
Centro de Convenções Ulysses Guimarães Brasília/DF – 16, 17 e 18 de abril de 2013
A IMPORTÂNCIA DOS CURSOS RELACIONADOS À SUSTENTABILIDADE NA CONSOLIDAÇÃO DA AGENDA AMBIENTAL
BRASILEIRA NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA (A3P)
Heloisa Candia Hollnagel Francisca Candida Candeias de Moraes
2
Painel 38/143 Novos aportes na capacitação de servidores – II
A IMPORTÂNCIA DOS CURSOS RELACIONADOS À
SUSTENTABILIDADE NA CONSOLIDAÇÃO DA AGENDA AMBIENTAL BRASILEIRA NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA (A3P)
Heloisa Candia Hollnagel
Francisca Candida Candeias de Moraes
RESUMO A discussão de propostas para conciliar o desenvolvimento sócio econômico e a conservação e proteção dos ecossistemas em escala global, elaborada na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CNUMAD) - Eco-92, resultou da “Agenda 21”, instrumento de planejamento para a construção de sociedades sustentáveis fundamentadas na proteção ambiental, justiça social e eficiência econômica. A partir das recomendações do Capítulo IV da Agenda 21, foi delineada a Agenda Ambiental na Administração Pública (A3P), visando implementar a gestão socioambiental sustentável pelos órgãos governamentais, de adoção voluntária e dependente da decisão dos gestores. No processo de tomada de decisão, ao inserir os critérios ambientais nas ações estatais, devem ser avaliados os investimentos, compras e contratação de serviços, com a gestão adequada dos resíduos gerados e minimização dos recursos naturais. Este artigo apresenta os resultados do estudo da efetividade de implantação das ações de sensibilização dos gestores na implantação de propostas de responsabilidade socioambiental nas instituições públicas nacionais, considerando que toda mudança só pode ocorrer se os atores envolvidos estiverem mobilizados. Para identificação desta evolução foi realizada uma pesquisa bibliográfica e telematizada buscando identificar a evolução das ações de capacitação para sensibilização dos gestores oferecida por órgãos governamentais, a partir dos dados disponibilizados pelos entes públicos. Observou-se que ainda é necessário criar mecanismos mais efetivos de sensibilização e informação, não apenas dos servidores, mas também dos cidadãos, para que possam cobrar posturas mais sustentáveis dos órgãos públicos.
3
INTRODUÇÃO
O relatório Brundtland da Comissão Mundial Sobre o Meio Ambiente e
Desenvolvimento publicado em 1987, fonte do conceito de “desenvolvimento
sustentável” (BRUNDTLAND, 1987) descreveu a natureza e a escala dos
problemas ambientais, sociais e econômicos a serem enfrentados e propõe o
modelo como estratégia para reverter o quadro mundial de pobreza, desmatamento
e desigualdade social. Esse debate iniciado nos círculos mais restritos da
academia e dos ambientalistas ganhou espaço da formulação e indução de
políticas públicas e privadas.
Em 1989, a Assembleia das Nações Unidas aprovou a convocação da
Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento
(Cnumad) para 1992, conhecida como Rio-92, com o objetivo de propor soluções
conjuntas capazes de alterar o cenário existente. O mérito de seus resultados foi a
ampla participação, contando com delegações de 175 países, entre chefes de
estado e ministros, que se reuniram para definir medidas para enfrentar os
problemas crescentes no planeta. Representantes de movimentos sociais,
instituições da sociedade civil e iniciativa privada também compareceram em peso,
com o objetivo de propor um novo modelo de desenvolvimento econômico que se
alinhasse à proteção da biodiversidade e ao uso sustentável dos recursos naturais.
Os efeitos mais visíveis do evento foram: a criação da Convenção da Biodiversidade
e das Mudanças Climáticas – que resultou no Protocolo de Kyoto –, a Declaração do
Rio e a Agenda 21.
De acordo com a proposta, a Agenda 21 é o instrumento de planejamento
a ser utilizado para a construção de sociedades sustentáveis, considerando
diferentes bases geográficas e conciliando métodos de proteção ambiental, justiça
social e eficiência econômica adequados a cada localidade. A Comissão de Políticas
de Desenvolvimento Sustentável e Agenda 21 (CPDS); paritária, reunindo diversos
ministérios e a sociedade civil organizada finalizou a Agenda 21 Brasileira em 2002.
O Programa Agenda Ambiental na Administração Pública - A3P
(oficializada pela Portaria Nº 510/2002), é uma iniciativa do Ministério do Meio
Ambiente – MMA, fundamentada na Agenda 21, com o objetivo de promover a
internalização dos princípios de sustentabilidade socioambiental nos órgãos e
4
entidades públicos, em todos os níveis da administração pública, nas esferas
municipal, estadual e federal e em todo o território nacional e apresenta os seguintes
eixos temáticos e objetivos:
Uso racional dos recursos naturais e bens públicos: diminuir o
desperdício de recursos energéticos e naturais. Procurar alternativas e
oportunidades.
Gestão adequada dos resíduos gerados adoção da política dos 5R´s:
Reduzir, Repensar, Reaproveitar, Reciclar e Recusar consumir
produtos com impactos socioambientais negativos significativos. A
sequência lógica das ações propõe, primeiramente, pensar em reduzir
o consumo e combater o desperdício para só então destinar o resíduo
gerado corretamente, que resultou, no setor público, na implementação
do Decreto nº 5940, de 25/10/06, que enfoca a Coleta Seletiva
Solidária1.
A qualidade de vida no ambiente de trabalho - facilitar e satisfazer as
necessidades do trabalhador ao desenvolver suas atividades na
organização através de ações para o desenvolvimento pessoal e
profissional no âmbito da administração pública.
Sensibilização e Capacitação: criar e consolidar a consciência cidadã
da responsabilidade socioambiental nos servidores, contribuindo para o
desenvolvimento de competências institucionais e individuais por meio
de atitudes que colaborem para um melhor desempenho das atividades
laborais.
Licitações Sustentáveis: promover a responsabilidade socioambiental
na tomada de decisão que levem à aquisição de produtos e serviços,
apresentando uma melhor relação custo/benefício no médio ou longo
prazo quando comparadas considerando o critério de menor preço.
Alavancada pelas discussões mundiais de promoção da sustentabilidade,
tentativas voltadas à modernização do Estado, fundamentadas na adoção de
modelos de gestão pública que visam enfatizar a noção de resultado, assim como de
instrumentos gerenciais típicos de gerenciamento, liderança outros advindos do
1 Separação dos resíduos recicláveis descartados pelos órgãos e entidades da administração pública
federal direta e indireta, na fonte geradora, e a sua destinação às associações e cooperativas dos catadores de materiais recicláveis
5
mundo corporativo têm aumentado nos últimos anos. O trabalho de Oliveira e
colaboradores (2010) discute a necessidade de gestores públicos adotarem
estratégias usuais da iniciativa privada para melhor desempenho de suas funções,
como indicado no Plano Diretor da Reforma do Estado (Brasil, 1995), como
elemento inspirador para a nova gestão pública.
Nesse sentido, as organizações públicas se veem pressionadas a
reverem suas estruturas e dinâmicas de funcionamento, a fim de otimizarem seus
processos e rotinas, assegurando melhor desempenho e resultados mais efetivos
(BARATA et al., 2007; PABLO et al., 2007).
O uso do treinamento é uma importante alternativa para a mudança de
atitudes, conhecimentos ou habilidades necessárias ao desempenho adequado do
capital humano na empresa (LACERDA & ABBAD, 2003). Para Wexley (1984)
treinamento é visto como um esforço planejado de uma organização para facilitar a
aprendizagem de comportamentos exigidos pelo trabalho.
De acordo com Pires e Macêdo (2006, p. 87), que analisaram aspectos da
cultura organizacional em organizações públicas no Brasil, as organizações
dependem das pessoas para atingir seus objetivos e por meio da interação entre as
pessoas que se definem os propósitos das organizações. Por outro lado, Garvin
(1998) afirma que as organizações devem ser capazes de aprender, desenvolver
novos conhecimentos e, principalmente, adotá-los na prática de modo a transformar
sua(s) realidade/experiências, o que exige a adoção de programas de formação
institucionais que possam efetivamente criar competências e habilidades e modificar
atitudes que não sejam compatíveis com os objetivos da sustentabilidade.
Tanaka e colaboradores (1999) descrevem uma experiência bem
sucedida de capacitação por meio da organização de um seminário com 21 gestores
locais (SP), que permitiu a aquisição de maior conhecimento das estratégias
potencialmente implementáveis, identificando alternativas concretas de intervenção
para as suas realidades.
De acordo com as informações disponíveis no site do Ministério do Meio
Ambiente, os cinco passos para implementar a A3P são: a) criar uma comissão
gestora, b) realizar o diagnóstico da instituição, c) implantar um Plano de Gestão
Socioambiental, d) promover a sensibilização e a capacitação dos servidores e e)
avaliar e monitorar as ações.
6
METODOLOGIA
O objetivo deste trabalho foi realizar um mapeamento nacional das
oportunidades de capacitação de servidores da administração pública para a
implementação da A3P e identificar quais as organizações deste setor que mais
investem nesse tipo de ação.
O presente estudo consiste em uma pesquisa exploratória (GIL, 2008;
SILVA & MENEZES, 2001), baseada em levantamento bibliográfico e informações
disponíveis na internet, principalmente em sites do Ministério do Meio Ambiente com
relação às ações promovidas para a consolidação dos princípios da A3P e na
análise crítica dos dados.
Optou-se pela coleta de dados utilizando a Internet, considerando que a
divulgação das informações é uma das premissas da Agenda 21, além de exigência
legal básica da atuação pública. Salienta-se, ainda, que além dos princípios de
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência estabelecidos no
artigo 37 da Constituição Federal (Brasil, 1988) e da constatação de que os sítios
ecológicos estão incluídos no patrimônio cultural brasileiro (Art. 216, ibidem), a Lei
Nº 12.527/2011, aplicável à União, Estados, Distrito Federal e Municípios (art. 1º.),
estabelece o direito fundamental de acesso à informação (art. 3º.), sendo dever do
Estado garanti-lo.
De acordo com a mesma lei, a informação deverá ser franqueada
mediante procedimentos objetivos e ágeis, de forma transparente, clara e em
linguagem de fácil compreensão (art. 5º.), cabendo aos órgãos e entidades
assegurar sua gestão transparente, propiciando amplo acesso a ela e sua
divulgação (art. 6º.), incluindo aquelas relacionadas à implementação,
acompanhamento e resultados dos programas, projetos e ações dos órgãos e
entidades públicas, bem como metas e indicadores propostos (art. 7º.).
7
RESULTADOS E DISCUSSÂO
Adesões ao programa
A Agenda Ambiental na Administração Pública – A3Ptem foco nas três
esferas de governo, no âmbito dos três poderes, comandada pelo Departamento de
Cidadania e Responsabilidade Socioambiental - DCRS, da Secretaria de Articulação
Institucional e Cidadania Ambiental – SAIC do Ministério do Meio Ambiente. De
acordo com o sítio do ministério, trata-se de “uma das principais ações para
proposição e estabelecimento de um novo compromisso governamental ante as
atividades da gestão pública, englobando critérios ambientais, sociais e econômicos
a tais atividades”, sendo o principal desafio atual “promover a Responsabilidade
Socioambiental como política governamental, auxiliando na integração da agenda de
crescimento econômico concomitantemente ao desenvolvimento sustentável”i.
Incluída inicialmente no Plano Plurianual - PPA 2004/2007 como uma das
ações do programa de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e
continuada no triênio 2008/2011, para o período posterior (2012/2015) o Plano
Plurianual enfoca várias ações relacionadas à sustentabilidade em seus aspectos
econômicos, sociais e ambientais. Na LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) do
Governo Federal para 2013, encontra-se a prioridade de investimentos das agências
oficiais de fomento para fatores relacionados à sustentabilidade (redução de
desigualdades, criação de empregos, economia solidária, cooperativas de
trabalhadores, fomento de micro e pequenas empresas, atividades ecoeficientes e
de baixo impacto ambiental e reciclagem, dentre outros), impedindo a contratação
ou renovação de empréstimos ou financiamentos para “instituições cujos dirigentes
sejam condenados por assédio moral ou sexual, racismo, trabalho infantil, trabalho
escravo ou crime contra o meio ambiente” (Brasil, 2012).
A mesma legislação estabelece o auxílio financeiro a entidades privadas
sem fins lucrativos registradas no CNEA e “qualificadas para desenvolver atividades
de conservação, preservação ambiental”. No entanto, o quadro 6 do Anexo II, Inciso
VI da Lei Orçamentária Anual para o mesmo período estabelece apenas 0,53% do
orçamento nacional para a função “Gestão Ambiental” (Brasil, 2012a).
8
Conforme o sítio do MMAii, são ações efetivas resultantes da A3P:
Decreto nº 5.940/2006 – separação dos resíduos recicláveis
descartados pelos órgãos e entidades da administração pública federal
direta e indireta e destinação às associações e cooperativas dos
catadores de materiais recicláveis;
Lei nº 12.349/2010 – altera o Art. 3º Lei nº 8.666/1993, incluindo a
Promoção do Desenvolvimento Nacional Sustentável como objetivo
das licitações;
Lei 12.187/2009 – Política Nacional de Mudanças Climáticas;
Lei 12.305/2010 – Política Nacional de Resíduos Sólidos;
Instrução Normativa nº 1/2010 do Ministério do Planejamento,
Orçamento e Gestão - MPOG – estabelece critérios de sustentabilidade
ambiental na aquisição de bens, contratação de serviços ou obras na
Administração Pública Federal;
ISO da série 14.000 – Diretrizes sobre a Gestão Ambiental
ISO 26.000 – Diretrizes sobre Responsabilidade Ssocial.
Lei 12.462/2011 – Regime Diferenciado de Contratações Públicas;
Recomendação CONAMA Nº 12/2011 – indica aos órgãos e entidades
do Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA) a adoção de
normas e padrões de sustentabilidade;
Projeto Esplanada Sustentável em 2012 – composto pela A3P do
MMA, PEG/MPOG, do PROCEL/MME e da Coleta Seletiva Solidária da
Secretaria Geral da Presidência da República, propõe metas de
redução nos gastos e consumos pela administração pública federal;
Decreto nº 7.746/2012 – determina a adoção de iniciativas – incluindo a
A3P - referentes à sustentabilidade pelos órgãos e entidades federais e
suas vinculadas;
Instrução Normativa Nº 10/2012: MPOG – estabelece as regras para
elaboração dos Planos de Gestão de Logística Sustentável pela
administração pública federal e suas vinculadas.
9
É premissa básica da Agenda 21 a adesão voluntária e na A3P a
assinatura do termo de Adesão firma o compromisso da instituição pública com a
agenda socioambiental e a gestão transparente, integrando esforços para
desenvolver projetos destinados à sua implementação. De acordo com o sítio do
MMA, apenas 133 órgãos federais (centrais, regionais e locais), estaduais e
municipais assinaram o citado termoiii, o que indica um baixo nível de adesão ao
programa, considerando a existência de 26 ministérios, 9 Secretarias da Presidência
e 6 órgãos centraisiv, 27 estados e 5.561 municípios (IBGE) no país. Se considerado
apenas esse último nível de governo, que necessariamente precisa contar com um
órgão/unidade responsável pelas políticas ambientais municipais, a quantidade atual
de adesões representa apenas 2,39% de representatividade.
Uma análise das organizações com ou sem termo de adesão indica a
existência de 416 organizações públicas e privadas citadas como parceiras v
demonstra que a quantidade de organizações de âmbito estadual representa quase
metade do universo integrante do programa, conforme demonstrado na figura 1.
Figura 1 – Percentual de adesão à A3P por âmbito de atuação da organização. Fonte: elaborado
pelas autoras.
10
Na análise da distribuição geográfica das organizações parceiras,
percebe-se a concentração no Distrito Federal (possivelmente decorrente da
concentração de órgãos públicos nessa localidade e por trata-se de um programa
federal), seguido pelos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Pernambuco.
Surpreendentemente, existe o mesmo número de organizações que
aderiram a A3P no Tocantins (2,6%) que no Paraná, estado que tem como diretriz
“implantar a política ambiental dentro de todo o governo, nas diversas secretarias”vi.
Figura 2 – Percentual de adesão à A3P por localização geográfica da organização. Fonte: elaborado
pelas autoras.
No entanto, quando analisada a relação entre o percentual de entidades
participantes e a população da região, observa-se que as maiores adesões são da
região Centro-Oeste onde ocorrem 25% das adesões (com destaque para o DF,
conforme mostrado na figura anterior) frente a uma população de 7% e a região
Norte, que apresenta maior percentual de órgãos participando da A3P que a Sul e a
Sudeste, conforme gráfico a seguir (Figura 2):
11
Figura 3 – Relação entre o % adesão à A3P e a população da região. Fonte: elaborado pelas autoras.
De acordo com o tipo de organização governamental federalvii , assim
como as entidades que não compõem o escopo governamental federal, as 416
parceiras apresentam o seguinte perfil:
Nota-se, pelo gráfico, que entidades constituintes do Poder Executivo
Federal dos três níveis de governo integram o maior contingente de entidades do
programa, seguido pelas autarquias federais e poder judiciário, destacando-se a
participação da sociedade civil.
12
Ações de mobilização e capacitação
Esta investigação mostrou que diferentes estratégias têm sido utilizadas
desde a implantação da A3P em 2002, e que nos últimos três anos (2010, 2011 e
2012) as ações foram intensificadas em todos os estados da União.
No cenário atual, é também um dever do Estado planejar e adotar
políticas públicas que contribuam para o desenvolvimento sustentável, pois, além de
sua função regulatória em relação às práticas de produção e consumo, assume
também o papel de indutor, influenciando o mercado e a sociedade, pelo seu grande
poder de compra (TRIANOSKI & MUNIZ, 2012).
No Brasil, foi estimado que as compras governamentais, nas três esferas
de governo, representem cerca de 10% do PIB do país, o que evidencia o
importante papel que o Poder Público tem no estímulo da adoção de processos
produtivos ambientalmente “mais amigáveis” (BIDERMAN et al., s/d, p. 23), um dos
objetivos da A3P identificado como Licitações Sustentáveis.
A obrigatoriedade de inclusão de critérios de sustentabilidade nas
licitações públicas se consolidou com a edição da Instrução Normativa 01/2010 da
Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do Planejamento,
Orçamento e Gestão – MP.
Em seguida, foi acrescido ao artigo 3º da Lei de Licitações e Contratos o
desenvolvimento nacional sustentável como um dos objetivos a serem alcançados
pela licitação. Em 2012, foi aprovado o Decreto N° 7.746, de 2012, que
regulamentou o art. 3° da Lei N° 8.666 de 21 de junho de 1993, para estabelecer
critérios, práticas e diretrizes gerais para a promoção do desenvolvimento nacional
sustentável por meio das contratações realizadas pela administração pública federal
direta, autárquica e fundacional e pelas empresas estatais dependentes, e institui a
Comissão Interministerial de Sustentabilidade na Administração Pública – CISAP, da
qual a CGU (Controladoria Geral da União) faz parte.
Foi observado nesta análise, que este tema da A3P “Licitações
Sustentáveis” foi abordado em várias situações de capacitação de servidores
públicos em diferentes contextos. Seguem abaixo alguns exemplos:
13
1) Tribunal de Contas da União – TCU: informações sobre “Licitação
Pública Sustentável”, durante a primeira edição do Fórum Nacional da
A3P em 2005,
2) Secretaria de Administração do Estado da Bahia: realizou o seminário
“O Poder de Compra do Estado em Prol da Sustentabilidade” em 14 de
dezembro de 2010, na cidade de Salvador (Bahia),
3) Consultoria Jurídica da União no Estado de São Paulo: Oficina de
Contratações Públicas Sustentáveis na Prática, durante a sexta edição
do Fórum Nacional da A3P em 2011.
4) Conselho Superior da Justiça do Trabalho: o Curso de Contratações
Públicas Sustentáveis foi ministrado em Brasília e transmitido via web
cast para o Tribunal Regional do Trabalho - 9ª Região (PR), nos dias
26/11, 28/11, 30/11, 03/12 e 05/12/12, duas horas por dia,
5) Oficinas específicas nos Fóruns Regionais- que ocorreram pela
primeira vez em 2012: Licitações Sustentáveis, oferecida em 11/10/12
no Nordeste (20 participantes) e 16/10/12 no Sul (80 participantes).
6) Jardim Botânico do Rio de janeiro: 27/06/2012, capacitação em
Compras Sustentáveis Compartilhadas (30 pessoas),
7) Advocacia-Geral da União- AGU- SP: em dois momentos: 01/09/2011 e
06/12/2012- Capacitação em “Contratações Públicas Sustentáveis”
8) Comissão Permanente da Gestão Ambiental (Copegam) do Tribunal de
Justiça do Rio Grande do Norte (TJRN): debates do chamado Eixo
A3p, que trata de compras públicas sustentáveis em 29/08/2012.
Fóruns como forma de promover a A3P e fomentar a troca de experiências
Fórum Nacional
1) O I Fórum Governamental de Gestão Ambiental na Administração
Pública aconteceu no dia 23/06/2005 (180 pessoas), organizado pelo
Ministério do Meio Ambiente, por meio da Secretaria de Políticas para o
Desenvolvimento Sustentável - SDS e da Comissão Gestora da
Agenda Ambiental na Administração Pública - A3P, em parceria com o
Tribunal de Contas da União (TCU), o Ministério Público do Distrito
14
Federal e Territórios (MPDFT), a Procuradoria Geral da República
(PGR), o Superior Tribunal de Justiça (STJ) e a Câmara dos
Deputados.
2) O II Fórum Governamental de Gestão Ambiental na Administração
Pública ocorreu no dia 4 de setembro (250 pessoas) por meio de uma
parceria entre a Comissão Gestora da A3P do Ministério do Meio
Ambiente, a Ecocâmara e a Rede A3P. O estimulou o debate sobre a
viabilização de Políticas Públicas de Gestão Ambiental para a
Administração Pública, discutiu estratégias para a capacitação de
servidores públicos, e apresentou indicadores de desempenho para os
órgãos que já implementam ações ligadas à Gestão Ambiental.
3) A III edição do Fórum Governamental de Gestão Ambiental na
Administração Pública foi realizada em 28/08/2008 e teve enfoque no
debate na sustentabilidade das edificações públicas e eficiência
energética. Este foi organizado pelos seguintes: Caixa Econômica
Federal, Correios, EcoCâmara, INSS, TEM, TRT 10 e TST Ambiental.
4) IV edição do Fórum Governamental de Gestão Ambiental na
Administração Pública foi realizada em 01/12/2009 (260 pessoas) e
teve como tema principal "Produção e Consumo Sustentável"; pela
primeira vez foram premiadas as Boas Práticas. O evento contou com
as seguintes apresentações e respectivos palestrantes:
Painel 1: Processo de Marrakesh – Plano de Ação para Produção e
Consumo Sustentável, Samyra Crespo – Ministério do meio
Ambiente
Painel 2: Mudanças Climáticas Globais – Possibilidades de
Mitigação e Adaptação no Brasil, Marcos Aurélio Vasconcelos de
Freitas – Instituto Virtual Internacional de Mudanças Globais
Painel 3: Compromisso Brasileiro – Empregos Verdes, Paulo Sérgio
Mouçaçah – Organização Internacional do Trabalho
Painel 4: Sustentabilidade do Setor Público, Eliomar Wesley Rios –
Ministério Planejamento, Orçamento e Gestão
Painel 5: Práticas de Sustentabilidade Socioambiental,
a. Jean Benevides e Sérgio Link – Caixa Econômica Federal;
15
b. Thais Horta – Prefeitura Municipal de São Paulo;
c. Conselho Nacional de Justiça.
5) V Fórum Governamental de Gestão Ambiental na Administração
Pública, ocorreu em 03/12/2010 tendo como objetivo promover o
intercâmbio de conhecimentos e informações relativos ao tema
Resíduos Eletroeletrônicos, a partir das experiências e das dimensões
mais relevantes para empreender a busca de soluções para a gestão
adequada dessa categoria de resíduos, tendo como apresentações e
palestrantes:
Política Nacional dos Resíduos Sólidos - Silvano Silvério
Impactos Socioambientais do Resíduo Eletroeletrônico - Júlio Carlos
ISO 26000 - Andrea Santini
Compras Públicas Sustentáveis e TI Verde - Ana Maria
PPCS - Samyra Crespo
CEDIR - Tereza Carvalho
CRC´s - Cristina Kiomi
Ciclo Sustentável Phillips - Márcio Quintino
HP Eco Solutions - Jameson Souto
Sustentabilidade Aqui e Agora
6) O VI Fórum Governamental de Gestão Ambiental na Administração
Pública, cujo tema foi Contratações Públicas e Construções
Sustentavéis, aconteceu nos dias 09 e 10 de novembro de 2011, com
entrega do 3º Prêmio Melhores Práticas da A3P reconhecendo o mérito
das iniciativas dos órgãos e instituições do setor público na promoção e
na prática de A3P. O 6o Fórum Governamental de Gestão Ambiental
Pública tem por objetivo promover o intercâmbio de informações e
debater sobre Contratações Públicas: licitações e construções
sustentáveis. O 6o Fórum da A3P debateu a realização de obras pelo
Serviço Público com a inserção de critérios de sustentabilidade, sendo
os palestrantes:
Elaine Dantas - Painel 1 - Palestra 2
Laura Valente - Painel 1 - Palestra 3
Teresa Barki – Oficina: Contratações Públicas Sustentáveis na Prática
16
Marcos Casado - Painel 2 - Palestra 1
Martiniano Ribeiro - Relato I
Marco Aurélio - Relato II - parte 1
Marco Aurélio - Relato II - parte 2
João Luiz Valim Batelli - Relato III
7) VII Fórum Governamental de Gestão Ambiental na Administração Pública
aconteceu entre os dias 21 e 22 de novembro de 2012. O tema em discussão
em 2012 foi o Consumo sustentável na Administração Pública e Desafios
Socioambientais para a Gestão de Resíduos Sólidos, apresentado pelos
seguintes órgãos:
ABIRP - Associação Brasileira das Indústrias Recicladoras de Papel
CIISC - Secretaria Geral da Presidência da República
Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer
FNDE - Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação
MDS - Programa de Aquisição de Alimentos
Além do Fórum Nacional, pela primeira vez em 2012 foram realizados
fóruns regionais com o intuito de facilitar a participação dos órgãos e entidades
parceiros da A3P em todo o país. Assim, ocorreram quatro fóruns regionais:
Nordeste, Sul, Sudeste e Norte.
i. O 1º Fórum do Norte (31/10/2012) contou com 180 participantes, com
representantes do poder executivo e judiciário das três esferas de
governo, professores e estudantes, dentre outros. A discussão sobre
os dois temas propostos foi intensa e bastante proveitosa, contribuindo
para o compartilhamento de experiências exitosas e principais desafios
para a inserção dos conceitos de sustentabilidade na administração
pública. O evento contou com os seguintes palestrantes e temas:
Fórum do Norte
Programa Cidades Sustentáveis
Licitações Sustentáveis - Erika Bechara
Selo Amazônico - Certificação de Produtos
MMA - O Cosumo e seus Impactos
MMA - Política Nacional de Resíduos Sólidos
UFPA - Experiência da Coleta Seletiva no Estado do Pará
17
ii. O 1º Fórum do Sul contou com uma média 80 participantes em cada
dia de evento, com representantes do poder executivo e judiciário das
três esferas de governo, professores e estudantes, dentre outros. No
primeiro dia (15/10), criou-se um ambiente extremamente profícuo para
a discussão da gestão dos resíduos sólidos e, no segundo dia (16/10),
os participantes puderam ver, na prática, como elaborar um edital de
licitações que inclua critérios de sustentabilidade, tendo como órgãos
apresentantes:
CIISC - Secretaria Geral da Presidência da República
AGU - Advocacia-Geral da União
MMA - O Consumo e seus Impactos
iii. O 1º Fórum do Nordeste contou com a presença de 120 participantes,
com representantes do poder executivo e judiciário das três esferas de
governo, associações comunitárias, professores e estudantes, dentre
outros. No primeiro dia (10/10), criou-se um ambiente extremamente
profícuo para a discussão da gestão dos resíduos sólidos. No segundo
dia (11/10), os participantes puderam ver, na prática, como elaborar um
edital de licitações que inclua critérios de sustentabilidade,
representado pelos órgãos palestrantes:
MPPE - Ministério Público de Pernambuco
Conpam - Conselho de Políticas e Gestão do Meio Ambiente/CE
Copegam - Comissão Permanente de Gestão Ambiental
Banco do Nordeste do Brasil
MMA - Ministério do Meio Ambiente
iv. 1º Fórum da Região Sudeste contou com a presença de 40
participantes (24/10/2012), com representantes do poder executivo e
judiciário das três esferas de governo. O fórum possibilitou a discussão
e troca de experiências sobre a gestão dos resíduos sólidos, tendo a
apresentação da Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Itu.
18
Exemplos de Cursos de capacitação sobre A3P ofertados
1) Conselho de Políticas e Gestão do Meio Ambiente — CONPAM- CE:
realizou o I Seminário do Programa A3P, no dia 17/12/2009;
2) Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Saneamento – SEMASA, e a
Secretaria de Administração Municipal de Arapiraca- AL: 1° Seminário
Agenda Ambiental na Administração Pública – A3P, em 25/08/2010.
3) Ministério Público de Goiás: promoveu o III Fórum Governamental de
Gestão Ambiental na Administração Pública, tratando da A3P, em 28
de agosto de 2008 e oficinas de capacitação em Gestão Ambiental
incluindo A3P em outubro de 2009.
4) Ministério Público- PR, Programa de Gestão Socioambiental,
oferecido em maio de 2011 em Londrina;
5) Superintendência Estadual de Saúde- MA promoveu a oficina de
implantação da A3P em 29/08/2011;
6) Polícia Militar do Estado da Bahia: o Seminário de Implementação da
Agenda Ambiental na Administração Pública (A3P), da Companhia
Independente de Policiamento de Proteção Ambiental, em 07/12/2011
no município baiano de Lençóis,
7) Secretaria da Fazenda de Pernambuco, em 08/06/2012, A3P
Conhecendo e Praticando (90 pessoas capacitadas)
8) Exército Brasileiro- até 2013 implementar a A3P em 1.228 unidades
em todo o país. Cursos (EAD) e estágios: 1300 vagas- Práticas de
Sustentabilidade e Gerenciamento de Resíduos Sólidos Urbanos.
9) Secretaria de Estado de Educação e Qualidade do Ensino –
Amazonas - SEDUC/AM- início em 2009, realização de oficinas de
sensibilização com os funcionários da Sede e ações com diretores das
escolas.
10) Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos- SEMAR
– PI, promoveu capacitação sobre A3P, de servidores de diversos
órgãos, ISEAF, POLÍCIA AMBIENTAL, SEDUC, AGESPISA,
SEINFRA, SEID, BOMBEIROS, CEPRO, DEFESA CIVIL, POLÍCIA
MILITAR, IMEP, COJUV, CEAPI, IAPEP, SDR, DETRAN, SEJUS,
SEGOV, EMGERPI, UESPI, ADAPI, SASC, DER, CCOM,
SEC.SEG.PÚBLICA, SEPLAN, SESAPI, PGE, EMATER, SEDET,
SEMAR, em 16/03/2012.
19
Exemplos de Eventos de Sensibilização de Servidores sobre A3P realizadas
1) Palestra sobre a Agenda Ambiental na Administração Pública (A3P)
organizada pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema) em
23/10/2012, Porto Alegre - RS;
2) Terceiro Cinema Ambiental “Ilha das Flores”, em 26/08/2009-
Controladoria Geral do Estado - SE , através da Agenda Ambiental na
Administração Pública (A3P), calendário ecológico, estímulo à redução
de resíduos e destinação para reciclagem.
3) Seminário de Avaliação da Agenda Ambiental na Administração
Pública (A3P) do município de Caucaia-CE em 12/08/2010.
4) I Seminário de implantação da A3P, promovido pela Secretaria de
Educação/ 3ª CREDE/Acaraú- CE em 04/03/2011.
5) Capacitação da Comissão Interna da Agenda Ambiental da
Administração Pública (A3P) de Fortim- CE para instalação da referida
agenda pelo Conpam - Conselho de Políticas e Gestão do Meio
Ambiente em 22/09/2011;
Uma contribuição interessante para a efetividade prática da implantação
da agenda foi desenvolvida na Bahia (Secretaria Estadual da Administração –
Saeb), que elaborou uma “Guia de Boas Práticas do Gestor” baseada nos princípios
da A3Pviii.
Destaca-se que o Estado de Pernambuco possui uma A3P própria, que
além de induzir os órgãos estaduais à implementação da agenda, traz exemplos
práticos e propostas metodológicas de implantação, adequadas à realidade regional.
Importância dos fóruns, sensibilização e apresentação de boas práticas
Um dos eixos do Programa A3P consiste em conscientizar os gestores e
servidores públicos quanto à responsabilidade socioambiental. Para que isso
aconteça, podem ser realizadas campanhas e eventos como palestras, cursos e
fóruns que busquem chamar a atenção para temas socioambientais relevantes.
A diretriz primordial da A3P é sensibilizar todos os colaboradores do
serviço público, em todas as esferas administrativas ao desenvolvimento de ações e
procedimentos atitudinais dentro de um novo modelo de gestão pública, com a
inserção dos critérios socioambientais.
20
É sabido que a aprendizagem organizacional no setor público necessita
superar a resistência às mudanças, característica das rotinas profissionais que
permanecem inalteradas durante anos, o que leva a um distanciamento entre a
prática prevista e a prática real (SOUZA, 2002; NICOLINI, 2007).
Argyris (1982) estrutura a teoria da ação a partir da premissa de que o
produto da reflexão só pode ser traduzido em aprendizado organizacional quando há
evidências de mudanças nas práticas desenvolvidas na organização, seja na forma
dos comportamentos observados, seja nas imagens que cada sujeito produz da
organização.
Essa teoria pode ser exposta em termos de ação específica da seguinte
forma: numa situação S, se se deseja alcançar a consequência C, então deve ser
feito A. A teoria pautada na ação se apresenta de duas formas:
a) teoria proclamada (espoused theory): é a teoria formal, explícita,
adotada conscientemente, e que contém as explicações ou
justificativas para um dado padrão de comportamento ou atividade; e
b) teoria aplicada (theory-in-use): é a teoria observada na prática,
encontra-se implícita nas estratégias de ação, objetivos, normas,
rotinas, padrões de comportamentos ou atividades (ARGYRIS;
SCHÖN, 1974).
A participação de servidores públicos em Fóruns de discussão possibilita
a implementação dos princípios da A3P na administração pública, pois neste
momento, os participantes seriam expostos tanto à teoria proclamada quanto à
aplicada (Prêmios de Boas Práticas), mas considerando o número de participantes
nos eventos informados pelo MMA, a representatividade dos órgãos ainda é pouco
significativa para a consolidação da Agenda por estes multiplicadores.
O estudo recente de Rêgo, Pimenta e Saraiva (2011) apontava que em
um município no Rio Grande do Norte, somente a Secretaria de Saúde apresentava
um Programa de Capacitação de Servidores com relação à sensibilização para
implementação da A3P. Nesta análise, não foram identificados Programas
institucionais amplamente divulgados na mídia.
21
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Tendo como objetivo central investigar o status quo da implantação da
A3P, o estudo demonstrou que, embora haja uma séria intenção da Administração
Pública em modificar o comportamento das organizações governamentais em
relação à sustentabilidade, nos aspectos econômicos, sociais e ambientais, tal
preocupação de forma efetivamente prática ainda parece incipiente.
Os dados relativos à participação no Programa A3P indicam que, embora
sejam feitos esforços no sentido de implementar o programa em âmbito nacional,
ainda prevalece o interesse dos órgãos públicos federais de caráter executivo, em
especial localizados nas unidades da federação com maior concentração física dos
mesmos (Distrito Federal, São Paulo e Rio de Janeiro), embora se destaque
Pernambuco, podendo presumir-se que tal adesão maior decorre da maior
preocupação do Estado em fornecer instrumentais de caráter prático aos seus
servidores.
Tradicionalmente, o gestor público concentra sua atenção nas ações que
possuem normativos legais que obriguem à adoção de determinados procedimentos.
A adesão voluntária, embora citada como condição precípua à adoção da Agenda
21 talvez seja incoerente com a cultura nacional, de priorizar exigências legais que
impliquem em penalidades por descumprimento.
Embora a orientação seja para a inclusão da sustentabilidade de forma
prioritária nas ações públicas, percebe-se que essa postura ainda não está
consolidada na administração governamental, como se observa no exemplo da
“Agenda Comum de Gestão Pública – União e Estados” (Gespublica, 2012), que
visa estabelecer prioridades e diretrizes de investimento para fortalecimento da
gestão pública nos dois níveis de governo; embora cite como objetivos melhorar a
eficiência e qualidade do gasto público, em nenhuma parte de seu conteúdo cita a
sustentabilidade ou o meio ambiente, mesmo de forma indireta.
A oferta de momentos de formação para gestores da administração
pública pelo Estado ainda é reduzida, além de haver pouca adesão dos órgãos às
propostas, sejam de participação nos fóruns ou nas oportunidades de formação
oferecidas, talvez decorrente de falta de priorização pelos respectivos órgãos ou,
ainda de uma oportunidade de melhoria das estratégias de comunicação, essencial
à proposta de adesão voluntária.
22
Por outro lado, se tornou claro que a indiferença à promoção da
sustentabilidade só pode ser superada se utilizadas ferramentas gerenciais capazes
de direcionar o servidor público em direção a ações que estejam relacionadas a
metas objetivas atreladas a planos governamentais oficiais e, eventualmente,
condicionar sua permanência e crescimento na função ao atingimento das mesmas.
O resultado da pesquisa demonstrou que é preciso construir um novo
paradigma formal e cultural com arcabouço legal específico para o uso dos bens
públicos - evitar o desperdício, implantar efetivamente as licitações sustentáveis,
assim como penalizações expressas por descumprimento. Outro fator importante é o
envolvimento e sensibilização da sociedade civil organizada e do cidadão comum
para que conheçam e cobrem dos órgãos públicos a atuação mais consciente em
relação aos mesmos, quebrando a visão tradicional de que o que é de todos, não é
de ninguém.
REFERÊNCIAS
AGENDA 21 - Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. 2ª ed. Brasília: Senado Federal/Subsecretaria de Edições Técnicas, 1997.
ARGYRIS, Chris. Reasoning: learning and action. San Francisco: Jossey-Bass, 1982.
ARGYRIS, Chris; SCHON, Donald. Theory in Practice: increasing professional effectiveness. San Francisco, CA: Jossey-Bass, 1974.
BARATA, Martha Macedo de Lima; KLIGERMAN, Débora Cynamon; MINAYO-GOMEZ, Carlos. A gestão ambiental no setor público: uma questão de relevância social e econômica. Ciênc. saúde coletiva [online]. 2007, vol.12, n.1, pp. 165-170.
BIDERMAN, Rachel et al. Guia de compras públicas sustentáveis: uso do poder de compra do governo para a promoção do desenvolvimento sustentável. Disponível em: <http://www.cqgp.sp.gov.br/gt_licitacoes/publicacoes/Guia-de-compras-publicas-sustent%C3%A1veis.pdf>. Acesso em: 20 jan. 2013.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado Federal, 1988.
23
BRASIL. Decreto nº 7.746, de 5 de junho de 2012. Regulamenta o art. 3o da Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993, para estabelecer critérios, práticas e diretrizes para a promoção do desenvolvimento nacional sustentável nas contratações realizadas pela administração pública federal, e institui a Comissão Interministerial de Sustentabilidade na Administração Pública – CISAP. Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Decreto/D7746.htm>. Acesso em: 20 mar. 2013.
BRASIL. Lei Nº 12.527, de 18 de novembro de 2011. Regula o acesso a informações previsto no inciso XXXIII do art. 5º, no inciso II do § 3º do art. 37 e no § 2º do art. 216 da Constituição Federal; e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/l12527.htm. Acesso em: 19 mar. 2013.
BRASIL. Lei Nº 12.593,de 18 de janeiro de 2012. Institui o Plano Plurianual da União para o período de 2012 a 2015. Brasília: Senado Federal. Disponível em http://www.planejamento.gov.br/secretarias/upload/Arquivos/spi/PPA/2012/120118_lei_12593.pdf. Acesso em 15 Mar.2013
BRASIL. Lei No. 12.708, de 17 de agosto de 2012. Dispõe sobre as diretrizes para a elaboração e execução da Lei Orçamentária de 2013 e dá outras providências. Brasília: Senado Federal, 2012. Disponível em http://www.camara.gov.br/internet/comissao/index/mista/orca/ldo/LDO2013/Lei_12708/Texto_Lei.pdf. Acesso em 19 Mar.2013
BRASIL. Ministério da Administração Federal e Reforma do Estado. Plano Diretor da Reforma do Estado. Brasília: Ministério da Administração Federal e Reforma do Estado, Presidência da República, Imprensa Nacional, 1995.
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente – MMA. Agenda Ambiental da Administração pública. 4ª ed. Brasília, DF, 2007. 99 p. Disponível em: < http://www.coletaseletivasolidaria.com.br/wpcontent/uploads/2010/06/manual_a3p_4ed_rdz.pdf>. Acesso em: 22 set. 2012.
BRUNDTLAND, G. H. (Org.) Nosso futuro comum. Rio de Janeiro: FGV, 1987.
GARVIN, David et al. Aprender a aprender. HSM Management, São Paulo, n.9, p.58-64, Jul./Ago. 1998.
GIL, A.C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6ª Ed. São Paulo: Atlas, 2008. 200p.
LACERDA, Érika Rodrigues Magalhães; ABBAD, Gardênia. Impacto do treinamento no trabalho: investigando variáveis motivacionais e organizacionais como suas preditoras. Rev. adm. contemp. [online]. 2003, vol.7, n.4, pp. 77-96.
24
MINISTÉRIO DO ORÇAMENTO, PLANEJAMENTO E GESTÃO - MOPG. “Agenda Comum de Gestão Pública – União e Estados”. Brasília: Programa Ges Publica, 2012. Disponível em http://www.gespublica.gov.br/projetos-acoes/pasta.2013-03-15.2353210920/Agenda%20Comum%20de%20Gestao%20Publica.pdf. Acesso em 19 Mar.2013
NICOLINI, A. M. Aprender a Governar: a aprendizagem de funcionários públicos para as carreiras de Estado. (Doutorado em Administração) – Escola de Administração, Universidade Federal da Bahia, 2007.
OLIVEIRA, Fátima Bayma de; SANT'ANNA, Anderson de Souza and VAZ, Samir Lofti. Liderança no contexto da nova administração pública: uma análise sob a perspectiva de gestores públicos de Minas Gerais e Rio de Janeiro. Rev. Adm. Pública [online]. 2010, vol.44, n.6, pp. 1453-1475. I
PABLO, A.L. et al. Identifying, enabling and managing dynamic capabilities in the public sector. Journal of Management Studies, v. 44, n. 5, p. 687-708, 2007.
PIRES, José Calixto de Souza; MACÊDO, Kátia Barbosa. Cultura organizacional em organizações públicas no Brasil. RAP Rio de Janeiro, vol. 40, n. 1. pp. 81-105, Jan./Fev. 2006.
RÊGO, G.S.; PIMENTA, H.C.D.; SARAIVA; V.M. Agenda Ambiental na Administração Pública - A3P: Um Estudo Sobre a Potencialidade de Aplicação no Município de São Gonçalo do Amarante/RN. Holos, vol. 4, n. 27, pp. 29- 50. 2011.
SILVA, E.L; MENEZES, E.M. Metodologia da Pesquisa e Elaboração de Dissertação. 2ª Ed. Florianópolis: Laboratório de Ensino à Distância da UFSC, 2001. 120p.
SOUZA, Eda Castro Lucas de Souza. A capacitação administrativa e a formação de gestores governamentais. RAP Rio de Janeiro, vol. 36, n.1. pp. 73-88, jan./fev. 2002.
TANAKA, Oswaldo Y.; NEMES, Maria I. B.; NOVAES, H. Maria D.; BASTOS, Magnólia G.; CÉSAR, Chester L. G.; RIEDEL, Lúcia F. (in memoriam); ROSALE, Juliana. Formação de gestores locais de saúde: processos para identificar estratégias de atuação. Rev. Saúde Pública [online]. 1999, vol.33, n.3, pp. 219-229.
TRIANOSKI, J. ; MUNIZ, S. T. G. Compras Públicas Sustentáveis: a adoção de critérios sustentáveis nas compras e contratações públicas federais como ferramenta para redução dos impactos e promoção do desenvolvimento sustentável. IN: Congresso Internacional de Administração, 2012, Ponta Grossa - PR. Anais do Congresso Internacional de Administração, 2012.
WEXLEY, K. N. Personnel training. Annual Review of Psychology, vol. 35, pp. 519-551, 1984.
25
i Fonte: http://www.mma.gov.br/responsabilidade-socioambiental/a3p/item/8852 ii Fonte: http://www.mma.gov.br/responsabilidade-socioambiental/a3p/item/8852
iii Fonte: http://www.mma.gov.br/responsabilidade-socioambiental/a3p/ades%C3%A3o-%C3%A0-
a3p/item/8879 iv Fonte: http://www.brasil.gov.br/sobre/o-brasil/estrutura/organizacao-do-governo
v Fonte: http://www.mma.gov.br/responsabilidade-socioambiental/a3p/ades%C3%A3o-%C3%A0-
a3p/item/8911 vi Fonte: http://www.meioambiente.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=6. Acesso
em 18 mar 2013 vii
Fonte: http://www.brasil.gov.br/sobre/o-brasil/estrutura/organizacao-do-governo viii
Fonte: http://www.saeb.ba.gov.br/compromisso/downloads/Cartilha%20Gestor%20SAEB%20-%20final%20para%20web.pdf
___________________________________________________________________
AUTORIA
Heloisa Candia Hollnagel – Faculdade Mario Schenberg.
Endereço eletrônico: [email protected] Francisca Candida Candeias de Moraes – FGV Management e Faculdade Sumaré.
Endereço eletrônico: [email protected]