A influência do cronotipo e da qualidade do sono na frequência de treinamento na academia

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  • 7/24/2019 A influncia do cronotipo e da qualidade do sono na frequncia de treinamento na academia

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    Artigo original

    RBAFS

    Revista Brasileira deAtividade Fsica & Sade

    SOCIEDADE BRASILEIRA DE ATIVIDADE FSICA E SADE

    Brazilian Journal ofPhysical Activity and Health

    Rev Bras Ativ Fs Sade p. 262-269DOIhttp://dx.doi.org/10.12820/rbafs.v.20n3p262

    1 Universidade Estadual de Campinas, Faculdade

    de Cincias Aplicadas, Limeira, So Paulo, Brazil

    A influncia do cronotipo e daqualidade do sono na frequncia detreinamento na academia

    The influence of chronotype and sleep qualityin the frequency of training in the gymRodrigo B Siviero1

    Gabriela F Braga1

    Andrea M Esteves1

    RESUMOA partir do aumento do nmero de indivduos frequentadores de academia nos ltimosanos, o aprimoramento entre os horrios para a realizao de exerccios fsicos juntamentecom o cronotipo pode ser fundamental para o aumento da motivao diria e melhoradas respostas fisiolgicas do corpo. Assim, o objetivo do estudo foi analisar a relao entre

    cronotipo, sonolncia e qualidade do sono com horrios e frequncia de treinamento fsicoem uma academia da cidade de Limeira. Para isso, 100 frequentadores de uma academiada cidade de Limeira entre 14 e 65 anos, de ambos os sexos, foram avaliados utilizandoquestionrios para determinar o cronotipo, sonolncia diurna excessiva e a qualidade dosono. Para controlar a frequncia de alunos na academia foi utilizado o banco de dados doSistema Integrado de Informao da academia (horrios de acesso dos alunos). Os resulta-dos demonstraram uma associao significativa entre o cronotipo vespertino e o horrio detreinamento em seu perodo correspondente (noite) ( (1) = 12,84,p= 0,001), ao passo queos indivduos matutinos no apresentaram um padro de horrio para o seu treinamento.No houve relao entre a frequncia semanal na academia e o cronotipo (p = 0.489). Aqualidade do sono e a sonolncia ( (1) = 2,31 ,p= 0,195) no demonstraram associaocom o treinamento em perodo correspondente ao cronotipo. Dessa forma, os resultadossugerem quea qualidade do sono no influenciou na frequncia da prtica do exerccio fsi-co na academia, no entanto, os indivduos que apresentaram cronotipo vespertino tiveram

    maior adeso em realizar seu treinamento no perodo correspondente ao seu cronotipo.PALAVRASCHAVEExerccio fsico; Sonolncia; Ritmo Circadiano; Adeso.

    ABSTRACTCurrently, the growth in the number of individuals in the gym is increasing. The schedules optimi-

    zation for performing physical exercises along with chronotype can increase the daily motivation andenhance the physiological responses of the body. Thus, the objective of this study was analyzing therelationship between chronotype, sleepiness, and sleep quality with schedule and frequency of physicaltraining in a gym. One hundred participants between 14 and 65 years, both genders, were assessedusing questionnaires to determine chronotype, excessive daytime sleepiness and sleep quality. To con-trol the students frequency was used the integrated information system databases from the gym (ac-

    cess schedules of the students). Data analysis was based on the evaluation of the results obtained fromthe questionnaires, the weekly average frequency and the most common training schedule duringthe monitoring period. The results showed a significant association between chronotype and eveninghours of training in its corresponding period (night) ( (1) = 12,84, p = 0,001), while the morning

    subjects did not present a pattern of time for your training. There was no relationship between theweekly frequency in gym and the chronotype (p = 0.489). The quality of sleep and sleepiness ( (1) =2,31 , p = 0,195) showed no association with the training period corresponding to chronotype. Thus,the results suggest that sleep quality did not influence the frequency of physical exercise in the gym;however, individuals who exhibited greater adherence evening chronotype had to hold his trainingin the period corresponding to their chronotype.

    KEYWORDSPhysical Exercise; Sleepiness; Circadian Rhythm; Adhesion.

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    INTRODUO

    Os benefcios dos hbitos regulares da prtica do exerccio fsico e do sonosaudvel tm sido documentados na literatura cientfica1-4. Esses benefcios seestendem para alm dos parmetros fsicos, promovendo alteraes fisiolgi-cas e psicolgicas positivas, melhorando a sade, conservando funes do cor-

    po e prolongando a vida5,6. Apesar disso, na sociedade atual, o que se evidencia a diminuio progressiva na mdia da durao do sono7e na frequncia daprtica de exerccios fsicos da populao em decorrncia da falta de tempo8,9,culminando em indivduos sedentrios.

    No entendimento dessa reduo da durao do sono, de suma importn-cia a avaliao do comportamento dos indivduos ao longo das horas de viglia,

    verificando o desempenho nas atividades dirias (fsicas e mentais) em funoda atuao do relgio biolgico, para que estas sejam mais produtivas, ga-rantindo uma noite de sono de boa qualidade10,11.

    A prtica de exerccios fsicos no horrio mais adequado pode significar apermanncia do praticante dentro do programa de treinamento. Infelizmente,

    h uma crescente desistncia por parte desses praticantes principalmente nosprimeiros seis meses a partir do momento em que se inicia a atividade12-14.

    Para o profissional que trabalha em academias, um dos maiores desafios nareteno de alunos ao treinamento, segundo Liz e colaboradores9 motivaro praticante para que ele venha at a academia e promover resultados a partirde curtas sesses de treino (curtas porque devem se encaixar e respeitar a ro-tina diria de trabalho, dividindo espao com outras atividades dirias). Assim,levando esses aspectos em considerao, seria de suma importncia encontraruma forma de conciliar a motivao, o empenho e o tempo disponvel de cadaindivduo para prtica de exerccios fsicos, norteando suas necessidades fisio-lgicas para que estes aderissem melhor ao treinamento fsico.

    A literatura j vem demonstrando a relao do sono e do cronotipo (matuti-no, vespertino e indiferente) influenciando em um melhor rendimento na pr-tica de exerccios fsicos, assim como nas suas variveis15,16, porm so escassosos estudos relacionados a horrios adequados de treinamento para praticantesde exerccio fsico (ou dos novos praticantes) em academias de ginstica.

    Nesse sentido, o objetivo do presente estudo foi analisar a relao entrecronotipo, sonolncia, e qualidade do sono com o horrio e a frequncia detreinos fsicos realizados em uma academia.

    MTODOS

    SujeitosParticiparam deste estudo 100 voluntrios (50 homens e 50 mulheres), comidades entre 14 e 65 anos (32,7 11,0 anos), praticantes de atividade fsi-ca em uma academia de classe mdia alta da cidade de LimeiraSP, Brasil.

    A populao avaliada representou aproximadamente 15% dos alunos matri-culados na academia. Os voluntrios foram acompanhados durante 5 mesesnos trs perodos de funcionamento do estabelecimento, sendo 30 voluntrios(38,4 anos 13,0 anos) no perodo da manh (06-11horas), 17 voluntrios(29,9 anos 13,0 anos) tarde (12-17horas), e 53 voluntrios (30,4 anos 7,6 anos) no perodo da noite (18-22 horas), aleatoriamente. Foram includos

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    no estudo os alunos matriculados no mnimo h um ms na academia, nosendo considerado como critrio de excluso caractersticas individuais dos

    voluntrios. Todos os voluntrios foram informados sobre os procedimentosdo experimento e suas implicaes, assinando um Termo de ConsentimentoLivre e Esclarecido para participao deste estudo. O protocolo do estudo foiaprovado pelo Comit de tica em Pesquisa da Faculdade Integradas Einstein

    de Limeira (n 231.712).

    Desenho experimentalCom a prvia autorizao concedida pelo proprietrio-gerente da academia,foi iniciada a seleo de voluntrios de forma aleatria, visto que estes foramabordados pelo pesquisador perguntando do interesse em participar do es-tudo. Os questionrios foram respondidos pelos voluntrios em um mesmolocal disponibilizado pela academia, sob orientao individual.

    As coletas de dados foram realizadas apenas por um pesquisador, que ficouresponsvel pela aplicao dos questionrios. No primeiro encontro foramaplicados os questionrios de cronotipo, sonolncia e qualidade do sono. Os

    questionrios foram entregues aos voluntrios e todos receberam a mesmaorientao verbal, e as dvidas foram esclarecidas pelo responsvel pela apli-cao destes instrumentos. No houve limite de tempo para preench-los.Foi coletada a informao no banco de dados referente ao acesso na academiasomente dos voluntrios que permaneceram matriculados por 5 meses apsresponder aos questionrios.

    Procedimento Experimental Questionrio de Cronotipo (Morningnesseveningness Questionnaire-MEQ)

    O questionrio de cronotipo17validado para a populao brasileira18foi utili-zado para caracterizar a preferncia dos sujeitos por serem mais matutinos ou

    vespertinos. A soma das questes gera uma pontuao que varia 16-86 pontos,com valores mais baixos correspondendo a cronotipo vespertino18.

    Questionrio de Qualidade do Sono (Pittsburgh Sleep Quality Index PSQI)O ndice de qualidade do sono foi obtido por meio do PSQI de Buysse ecolaboradores19, j validado e traduzido para a lngua portuguesa (PSQI-BR)por Bertolazi20, que consiste em 21 itens que avaliam a qualidade do sono eseus distrbios atravs do registro do ltimo ms nos componentes: latnciado sono, durao do sono, eficincia do sono, distrbios do sono, uso de me-dicamentos e disfunes durante o dia. O critrio de classificao se baseia napontuao total obtida, agrupando segundo o sono dos participantes, como

    bom (abaixo de 4 pontos) ou ruim (igual 5 ou superior).

    Questionrio de Sonolncia (Epworth Sleepiness Scale-ESS)O questionrio de sonolncia se caracteriza por uma avaliao capaz de dife-renciar as pessoas com e sem sonolncia daquelas com sonolncia excessiva. composto por 8 (oito) questes que descrevem situaes cotidianas que po-dem induzir sonolncia20,21.

    Bio System 2.0Os registros de acesso dos alunos no perodo da anlise foram obtidos atravs

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    do sistema integrado da base dados pela internet (Bio System 2.0), acessvelsomente com a senha dos colaboradores da academia. Esse sistema registra,no exato momento, os acessos atravs do reconhecimento biomtrico do alunodesde a sua matrcula na academia, tornando-o intransfervel. A partir da quan-tidade de acessos totais, divididos pela quantidade de dias teis dentro do planode contrato ativo no perodo da anlise, obteve-se a mdia de acessos semanais.

    Anlise estatsticaOs resultados foram descritos por mdia desvio padro para os dados quan-titativos e frequncia absoluta e relativa para os dados categricos. O testede Kolmogorov-Smirnov foi utilizado para avaliar a distribuio dos dados,sendo realizados os testes no paramtricos Mann-Whitney (duas amostras) eKruskal-Wallis (mltiplas amostras). O teste qui-quadrado foi utilizado para

    verificar as associaes entre as variveis categricas. O nvel de significnciaconsiderado foi dep< 0,05.

    RESULTADOS

    A distribuio da populao avaliada segundo o cronotipo de MEQ foi de 38matutinos, 9 vespertinos e 53 indiferentes, conforme demonstrado na figura 1.

    FIGURA 1 Frequncia da distribuio dos voluntrios de acordo com o questionrio de cronotipo(MEQ). Classificao: vespertino 59 e indiferente >42 < 58.

    Houve uma associao significativa entre o cronotipo e treino no horriodo cronotipo ( (1) = 12,84,p= 0,001). Todos os vespertinos treinaram no ho-

    rrio correspondente ao seu cronotipo e a maioria dos indiferentes apresentoupreferncia pelo perodo da tarde/noite. (Tabela 1)

    TABELA 1 Associao entre o cronotipo e perodo de treino.

    Cronotipo

    Perodo de treino Indiferente Matutino Vespertino

    Manh 11 (20,8%) 19 (50%) 0 (0%)

    Tarde/Noite 42 (79,3%)* 19 (50%) 9 (100%)*

    *Exato de Fisher (amostras independentes), p < 0,01.

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    No foi demonstrada diferena estatstica nos resultados relacionados sonolncia, cronotipo e horrio de treinamento, no entanto 33% do total daamostra apresentou indicativo de sonolncia excessiva diurna (SED).

    Na distribuio da qualidade de sono feita a partir da Escala de Pittsburghverificou-se que os componentes dividem-se em dois grupos similares (51%tem uma qualidade de sono ruim, 49% tem uma qualidade de sono boa). Essa

    distribuio ao longo dos 3 perodos (manh, tarde e noite) demonstrou queno perodo da tarde foi encontrado a maior porcentagem de indivduos comqualidade de sono ruim (71%). No foi encontrado correlao entre os esco-res obtidos pelas escalas de Epworth e Pittsburgh (r = 0.020; p = 0.846).

    No houve associao entre sonolncia e treino no horrio do cronotipo( (1) = 2,31 ,p= 0,195). (Tabela 2)

    A tabela 3 mostra nos trs cronotipos, qual a frequncia mdia semanal deacessos na academia. Foi observado que no houve diferena da frequnciasemanal entre os cronotipos (p = 0.489).

    TABELA 2 Associao entre sonolncia e treino no horrio do cronotipo.

    Sonolncia

    Treina no horrio? Normal Sonolncia diurna

    Sim 22 (66,7%) 6 (42,9%)

    No 11 (33,3%) 8 (57,1%)

    TABELA 3 Relao do cronotipo com a frequncia semanal na academia (dias por semana).

    Cronotipo Frequncia Semanal

    Indiferente (n=53) 2,66 0,18

    matutino (n=38) 2,87 0,19

    vespertino (n=9) 3,22 0,55

    total (n=100) 3,07 0,34

    Nota: Os dados esto apresentados em mdia erro padro - Teste Kruskal-Wallis.

    Na tabela 4 est apresentado o comparativo da frequncia de acessos sema-nais dos voluntrios que treinam dentro do horrio relacionado ao cronotipoe os que treinam em outro perodo fora do indicado. No houve diferena nafrequncia semanal entre os indivduos que treinam no horrio do cronotipoe os que no treinam para o grupo matutino. Para o grupo vespertino houvediferena na frequncia semanal entre os indivduos que treinam no horrio docronotipo e os que no treinam (p = 0.02), uma vez que todos os indivduos clas-sificados como vespertinos treinavam no horrio de seu respectivo cronotipo.

    TABELA 4 Relao da frequncia semanal na academia do voluntrio que treina no horrio res-pectivo ao cronotipo com o que no treina no horrio.

    Frequncia Semanal

    Cronotipo TREINA no horriocorrespondente ao cronotipo

    NO TREINA no horriocorrespondente ao cronotipo

    Matutino (n=38) 3,10 0,29 2,63 0,24

    Vespertino (n=9) 3,22 0,55 0*

    Nota: Os dados esto apresentados em mdia erro padro. Mann-Whitney (U=85,50; Z=2,31; p=0,02).

    DISCUSSO

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    Este estudo avaliou a relao entre o cronotipo, hbitos de sono, o horrio ea frequncia de treinos fsicos em academia. O principal achado desse estudofoi que os voluntrios do cronotipo matutino so mais flexveis a se adaptar aoutro horrio de treinamento, ao passo que os vespertinos apresentam maiorrigor em treinar no horrio de preferncia referente ao seu cronotipo (noite).

    Na atualidade, as pessoas que iniciam o treinamento fsico geralmente pos-

    suem um tempo restrito para a prtica, por isso, procuram adequar o horrio parafrequentar a academia em funo dos afazeres que possuem, e acabam desistindoquando esses horrios no atendem de forma adequada as suas necessidades12,15.

    O ritmo circadiano se comporta de forma diferenciada para cada indivduoao longo do dia, sendo importante saber em qual momento ocorre o pico dedisposio ou cansao, para que se possa direcionar e obter o melhor retornopossvel de cada sesso de atividade fsica. As diferenas principais entre ma-tutinos, vespertinos e indiferentes so a preferncia de acordar e dormir, asquais tm influencia no desempenho de suas atividades dirias18.

    Os indivduos matutinos so considerados mais rgidos quanto ao seuhorrio de dormir e acordar cedo, o que, no presente estudo, resultou em

    maiores possibilidades de horrios de treinamento (manh, tarde e noite), di-ferentemente do grupo vespertino que dormem e acordam mais tarde e assimseguem o padro de horrio referente ao seu cronotipo quando avaliados pelohorrio que treinam, pois ficam restritos apenas ao perodo da tarde e noitepara a prtica de atividade fsica.

    Em nosso estudo a SED foi observada em 33% do total de participantes,valor superior ao encontrado por Souza e colaboradores22(18.921.5%) queavaliaram a sonolncia diurna na populao de Campo Grande - Mato Grossodo Sul e Ribeiro do Largo - Bahia. Alm disso, 51% da populao avaliadaapresentou indcios de qualidade de sono ruim, entretanto, esses valores noapresentaram associao com o treinar no horrio do seu cronotipo. Alguns

    estudos sugerem que fatores que a m higiene do sono, de hbitos sociais ede trabalho podem levar h uma restrio do sono e, consequentemente, aSED, que vem associada a vrios distrbios, incluindo a insnia, a depresso, asndrome da apneia obstrutiva do sono e a narcolepsia23. Sem rotinas regula-res, ocorre uma desorganizao do padro de sono, afetando-o em quantidadee qualidade, e para os indivduos, a SED pode significar, dentre outros fatores,prejuzos no desempenho de suas atividades profissionais, sociais e familiares23.

    Os resultados do presente estudo demonstraram que a qualidade do sonotambm no influenciou na frequncia da prtica do exerccio fsico na aca-demia, apesar dos indivduos vespertinos apresentarem uma maior adeso emrealizar seu treinamento no perodo correspondente ao seu cronotipo (100%).

    Pessoas fisicamente ativas tm benefcios quanto eficincia, ao padro desono e reduo na frequncia de queixas referentes ao sono, enquanto que pes-soas inativas queixam-se de sono ruim, baixa eficincia e so mais estressadas24,25. Entretanto, a prtica deve ser contnua para garantir a manuteno desse es-tado. Hague e colaboradores25demonstraram em estudo que quando indivduostreinados sedentarizam-se, mesmo que por um dia, o padro de ondas e duraodos estgios do sono se redistribui, aumentando a latncia do sono de ondaslentas e aumentando o tempo do REM, sem aumentar o tempo total de sono.

    O nmero variado de voluntrios nos grupos e a larga faixa etria estudadafoi uma limitao para o nosso estudo, visto que o padro e qualidade do sono

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    sofrem alteraes com o envelhecimento. Neste contexto, no foi possvel ve-rificar se o fator idade estaria influenciando na frequncia na academia e nopadro de sono. Entretanto, foi possvel sugerir, atravs de procedimentosestatsticos, as alteraes demonstradas na populao estudada. Outra possvellimitao foi impossibilidade de utilizar um mtodo padro-ouro (polisso-nografia e/ou actigrafia) para a avaliao do padro e da qualidade do sono.

    Entretanto a utilizao de questionrios validados acaba sendo um importanteinstrumento na pesquisa em diferentes populaes, por ser um mtodo maisacessvel e menos oneroso. Por fim, os dados analisados foram coletados emapenas uma academia da cidade de Limeira, assim, importante cautela aoextrapolar os resultados obtidos no presente estudo, visto que fatores cultu-rais, econmicos e sociais tambm apresentam grande influncia no padro desono e no perfil dos alunos matriculado em academias.

    As orientaes e intervenes de exerccios fsicos devem ser empreendi-das como uma interveno no farmacolgica que apresenta efeitos positi-

    vos sobre o ciclo sono-viglia. No entanto estes benefcios ainda so poucosdifundidos entre profissionais da rea da sade por ainda no considerarem

    importante este fator como parte do treinamento fsico. Dessa forma se tornaimportante para o profissional de Educao Fsica ter conhecimento sobre ocronotipo e a sua influncia na melhora do desempenho em diversas ativida-des, pois com uma otimizao das preferncias individuais com os horrios dodia-a-dia, este profissional ganha um grande aliado no aumento da motivaoe melhora do rendimento do seu aluno.

    Conflito de interesseOs autores declaram no haver qualquer potencial conflito de interesse.

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    ENDEREO PARACORRESPONDNCIAANDREA MACULANO ESTEVESFaculdade de Cincias Aplicadas -Universidade Estadual de Campinas,Rua Pedro Zaccaria n. 1300, CEP: 13484-350 - Limeira, SP/Brazil.E-mail: [email protected]

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