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A INFLUÊNCIA DOS JOGOS DIDÁTICOS NO PROCESSO DE
ENSINO E APRENDIZAGEM DE QUÍMICA NAS ESCOLAS
ESTADUAIS DO CENTRO DE TERESINA
Iara Campos Dias – Email: [email protected]
Maria Onaira Gonçalves Ferreira - Email: [email protected]
Universidade Estadual do Piauí – UESPI, bolsista PIBIC/UESPI
Marly Lopes de Oliveira – Email: [email protected]
Professora Mestre da Universidade Estadual do Piauí – UESPI, orientadora PIBIC/UESPI
INTRODUÇÃO
As orientações e parâmetros curriculares para o ensino médio (OCEM e
PCNEM) buscam direcionar professores a procurar por respostas práticas que atendam os
pressupostos para a educação básica: interdisciplinaridade dos conceitos, reconhecimento
de que a aprendizagem mobiliza afetos, emoções e relações entre pares, além das
cognições e das habilidades intelectuais. Espera-se que contribuam para o “pensar” no
ensino médio como etapa final da educação básica, para o que se convencionou chamar os
quatro pilares da educação do século XXI.
[...] Aprender o conhecer, isto é, adquirir os instrumentos da compreensão; aprender a
fazer, para poder agir sobre o meio envolvente; aprender a viver juntos, a fim de
participar e cooperar com os outros em todas as atividades humanas, finalmente,
aprender a ser, via essencial que integra as três precedentes. (DELORS, 1998, p. 89-90
apud OCEM)
Nos últimos 25 anos, uma comunidade científica de educadores junto à
sociedade brasileira de química discutiu sobre o ensino da disciplina no Brasil e
concluíram que não está respondendo às tendências contidas nos PCNEM’s e nas
OCEM’s. Com tudo, nos programas escolares persiste a idéia de um número enorme de
conteúdos a desenvolver, com detalhamentos desnecessários e anacrônicos. Dessa forma,
os professores obrigam-se a “correrem com a matéria”, amontoando item após item na
cabeça do aluno, impedindo-o de participar na construção de um entendimento fecundo
sobre o mundo natural e cultural. Tal característica justifica o comportamento dos alunos
em relação à disciplina, que consideram chata de difícil compreensão e monótona em
2
conseqüência da forma que ela é apresentada ao aluno. O método tradicional, de
transmissão e recepção do conteúdo, a falta de contextualização e intenso uso da
memorização tornam-na cansativa e comumente deixa lacunas no processo. (OCEM, vol.2;
2008)
Visto esses resultados é necessária a busca de estratégias de ensino que possam
trazer uma motivação para que os alunos se interessem, sintam curiosidade em conhecer,
para poderem vivenciar estes conhecimentos e difundí-los. Um método que pode ser usado
nesse âmbito é a aplicação de jogos didáticos no processo de ensino e aprendizagem de
química, em vista a necessidade em desenvolver habilidades para tornar o trabalho do
professor mais dinâmico e eficiente. O jogo é uma atividade física ou mental organizada
por um sistema de regras, onde o aluno tem um espaço definido para desenvolver suas
idéias, mas é uma atividade lúdica, ou seja, uma atividade de descontração, divertimento
onde se joga pelo simples prazer de realizar essa atividade. Jogar é uma atividade natural
do homem que pode ensiná-lo a vivenciar situações reais (HAIDT, 2004).
Segundo BRAGA, A. J; ARAUJO, M. N; VARGAS, S. R. S; 2005 as
características fundamentais do jogo são:
“Sendo uma atividade livre, não ser “vida corrente” nem vida real, mas antes possibilita
uma evasão para uma esfera temporária de atividade com orientação própria, ser jogado
até o fim dentro de certos limites de tempo e espaço possuindo um caminha e um
sentido próprio, criar ordem e ser ordem, uma vez que quando há uma menor
desobediência a essa o jogo acaba. Todo jogador deve observar e respeitar as regras,
caso contrario ele é excluído do jogo; permitir quantas vezes for necessário, a análise de
resultados. ”(HUZINGA, apud MARATORI, 1971)
MARATORE (2003) apud BRAGA, ARAUJU, VARGAS, (2006) afirma que
o jogo a qualquer nível ou idade influencia na capacidade de raciocínio, no sentido de o
indivíduo ser capaz de identificar as situações divergentes presentes na brincadeira e só
saber diferenciá-las por causa da brincadeira. É necessário que a escola observe a
importância do imaginativo na construção do pensamento abstrato, pois este é fundamental
no desenvolvimento intelectual das crianças.
Com relação ao jogo TESSARO (2007) dá ênfase nas observações de Piaget
(1998) que acredita ser essencial na vida da criança, pois esta aprende inicialmente a criar
situações nas quais sente mais prazer em estar presente, o que é muito importante, pois
estimula o sujeito a definir os padrões aos quais deseja fazer parte. O que NEVES,
CAMPOS, SIMÕES (2008) complementa com a afirmação, também de Piaget (1982), de
que as crianças que aprendem o jogo de regras deixam de ser egocêntricas, tornando-se
cada vez mais indivíduos sociais, já que nessa condição lúdica há relação social, onde as
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regras são controladas pelo grupo e sua violação é considerada como falta. A criança
aprende assim a relacioná-lo com sua vida social, na qual deve obedecer a certas regras
para evitar punição ou até exclusão do grupo em que participa.
Segundo FARIA, REZENDE & PALAFOX (2001) existem duas
intencionalidades que permeiam a prática do jogo infantil, a primeira diz respeito ao jogo
como atividade humana que contribui para o desenvolvimento integral do sujeito
promovendo seu relacionamento com seu próximo. A segunda é encontrada quando se
verifica sua finalidade sendo direcionada a criar situações que promovam a reflexão sobre
as dificuldades encontradas na vida de grupo. O que para CARNEIRO (2005) é indicativo
de um processo dialético, como atividade contraditória, na qual coexistem características
aparentemente antagônicas, como liberdade, regra, imitação, fantasia entre outras.
Nessa abordagem, observa-se que o jogo é um recurso psicopedagógico de
grande importância na aprendizagem, cabendo ao professor criar situações e condições
favoráveis para que uma nova informação seja assimilada, transformando assim a
informação em conhecimento. Podendo também ainda trazer o aluno a uma realidade
educacional na qual ainda não tem o conhecimento, a de ser possível aprender conteúdos
disciplinares através de metodologias mais dinâmicas em sala de aula (CANDIDO,
FERREIRA; 2006).
A química é uma disciplina na qual há a necessidade do interesse do aluno, pois
exige concentração e disciplina para seu aprendizado, assim os jogos didáticos adaptados
ao ensino de química, podem ter grande influência na aprendizagem dos conteúdos
relacionados à disciplina, no sentido de incentivar e facilitar. Mostram uma maneira
prazerosa e prática de aprendizagem cabendo ao professor adaptar os diversos jogos ao
ensino de química utilizando-se da proposta de que há aprendizagem no jogo, ao mesmo
tempo conscientizando que a maior recompensa no fim do jogo é a de que houve
aprendizagem e compreensão do conteúdo.
Os aspectos lúdicos e cognitivos presentes nos jogos são importantes
estratégias para o ensino e aprendizagem de conceitos abstratos e complexos, que
requerem uma capacidade mais criativa dos alunos para poderem, por exemplo, imaginar
como é a estrutura de um átomo. Dessa forma o jogo desenvolve capacidade de
construções representativas de circunstâncias ou modelos, nos quais precisa ter o
conhecimento para o desenvolvimento de questões que necessitam, por exemplo, de um
4
raciocínio mais preciso quanto a condições como em físico-química, ou a simples
nomenclatura de compostos orgânicos (ZANON, OLIVEIR, GUERREIRO; 2001).
OBJETIVOS
Geral:
Identificar as influências, durante o processo de ensino aprendizagem de química
em séries do ensino médio de escolas públicas da rede estadual de ensino do centro de
Teresina, conseqüentes da aplicação de jogos didáticos.
Específicos:
Avaliar as influências de correntes da aplicação do método proposto.
Identificar em que aspectos a aplicação dos jogos didáticos contribui ou não no
ensino de química
Observar o comportamento dos professores e alunos durante a aplicação do da
metodologia questionada
METODOLOGIA
Este trabalho configura-se como uma pesquisa exploratória com delineamento
experimental, onde foi analisado de que modo a aplicação dos jogos didáticos influencia o
ensino e aprendizagem de química no ensino médio e como essa estratégia pode ser
utilizada para interferir na realidade vivenciada nas aulas de química nas escolas estaduais.
Para avaliação destes requisitos utilizou-se o método de abordagem, onde foi feito um
levantamento bibliográfico desta estratégia de ensino, o ponto de vista de alguns autores
sobre a utilização dos jogos em sala de aula e as concepções de métodos de ensino
alternativos presentes nos Parâmetros e Orientações Curriculares para o ensino da
disciplina no ensino médio. Serviu-se também do método de procedimento, onde foi
organizado todo o percurso da pesquisa que seguiu em varias etapas, as quais divididas em:
Elaboração dos Questionários, Seleção das escolas, turmas, conteúdos e aplicação dos
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questionários, Elaboração dos testes, Seleção e confecção dos jogos, aplicação da
metodologia e dos testes, análise dos resultados e elaboração do relatório final.
Primeiramente foram elaborados questionários que continham para os alunos
perguntas fechadas a respeito de suas opiniões em relação à disciplina e as metodologias
utilizadas pelos professores e para estes, foi elaborado um questionário com perguntas
fechadas sobre suas opiniões em relação às metodologias de ensino de química por eles
aplicadas e o método proposto. Neste mesmo período foram selecionadas três escolas do
centro de Teresina, descriminadas como Escola A, Escola B e Escola C. Na primeira visita
a estas foi feito a seleção de uma turma de cada série do ensina médio, tendo assim no
total, três 1ª séries com 84 alunos, três 2ª séries com 79 alunos e três 3ª séries com 62
alunos e aplicado o questionário a estes e para seus respectivos professores de química. A
pesquisa tem portanto, uma amostra de 258 alunos e 5 professores.
Para analise da influência que os jogos didáticos têm no ensino de química,
teve-se que saber o nível de conhecimento que os alunos apresentavam em um conteúdo
que o professor já tivesse trabalhado em sala de aula antes da aplicação da estratégia, para
compará-lo com o que os alunos apresentassem depois da aplicação. Para isso fez-se
necessário utilizar um teste no qual se pudesse observar este nível de conhecimentos, assim
os testes foram elaborados com base em um método utilizado em pesquisas de opiniões, A
Escala de Lickert, que apresenta uma série de cinco proposições, das quais o entrevistado
deve selecionar uma, podendo ser: concorda totalmente, concorda, sem opinião, discorda e
discorda totalmente. Assim o entrevistador pode analisar o quanto o entrevistado concorda
ou não com uma idéia.
Foram selecionados os conteúdos já trabalhados pelos professores: Tabela
Periódica, Termoquímica, Nomenclatura de compostos orgânicos para as turmas de 1ª, 2ª e
3ª séries respectivamente e elaborados também dois testes distintos abordando o mesmo
conteúdo, onde cada questão apresentava um objetivo especifico assim como mostra a
tabela 1.
SÉRIE QUESTÕES
1ª SÉRIE 1ª- Identificar o nome das famílias e os elementos que a elas pertencem
2ª- Observar que a massa atômica influencia as características dos
elementos
3ª- Observar as características comuns dos elementos de uma mesma
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família ou período
4ª- Classificar os elementos em metais, ametais, semi-metais e gases
nobres
5ª- Identificar o nome dos elementos
2ª SÉRIE 1ª- Conhecer o conceito de termoquímica e associar a absorção ou
liberação de energia envolvida nas reações químicas e no processo de
mudança de estado físico da matéria
2ª- Diferenciar reação exotérmica de endotérmica
3ª- Conhecer o princípio da termodinâmica (Lei da conservação de
energia)
4ª- Relacionar trabalho e energia interna
5ª- Conceituar entalpia
3ª SÉRIE 1ª- Reconhecer funções orgânicas
2ª- Nomear moléculas orgânicas
3ª- Identificar as características de cada função orgânica
4ª- Classificar os tipos de cadeias carbônicas
5ª- Reconhecer fórmulas moleculares e estruturais
Cada questão apresentava uma série de três alternativas, 1, 2 e 3. A primeira
apresenta contexto superficial, a segunda correto e a terceira incorreto conforme observado
nos questionários em anexo. Desta forma as perguntas continham duas respostas
adequadas, uma completa e a outra incompleta, e uma resposta totalmente sem contexto
com a pergunta. Esta foi a adaptação feita da escala de lickert acima citada.
Como o objetivo do teste é ter dados do nível de conhecimento que os alunos
apresentam dos conteúdos selecionados, fez-se necessário qualificá-lo em superficial,
correto ou incorreto. Assim foi possível observar o quanto os alunos compreendiam o
conteúdo e não simplesmente se tinham conhecimento ou não deste.
Os Jogos selecionados para análise foram: Batalha periódica de Cavalcanti, E. L.
D; Deus, T. C. e Soares, M. H. F. B; Ludo Químico de Zanon, A. V; Guerreiro, M. A. S. e
Oliveira, R. C; Ludo termoquímico de Soares, M. H.F. B; Cavalheiro, E. T. G. Estes
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trabalham o conteúdo selecionado, apresentam regras fáceis de se compreender e podem
ser aplicados dividindo as turmas em grupos de no máximo quatro alunos. Apresentam
praticidade e baixo custo de confecção.
Na segunda visita às escolas, foi observado o comportamento de alunos e
professores durante uma aula, para tomar nota das condições de aplicabilidade dos jogos,
tais como: quantidade de grupos e alunos por grupos a serem formados, o perfil destes em
sala de aula e a necessidade de auxilio de colaboradores.
Na terceira visita, para a coleta dos dados, foi aplicado o primeiro teste e logo em
seguida o jogo selecionado a sua respectiva série. Em uma terceira visita o segundo teste
foi aplicado. A análise dos dados foi feita de acordo com a bibliografia consultada e os
dados dos questionários de professores e alunos dispostos em tabelas e os dados dos dois
testes, dispostos em gráficos onde se pode fazer um comparativo. O que dá à pesquisa
delineamento estatístico comparativo e de observação, que se utiliza do método hipotético
dedutivo para análise dos dados.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os jogos didáticos podem influenciar efetivamente na aprendizagem de conteúdos
químicos de maneira lúdica e interativa, sem que o objetivo de interdisciplinarização
sugeridos pela OCEM’s e PCNEM’s seja abandonado. Isso se faz necessário visto que,
conforme a tabela 1, em uma amostra de 285 alunos, 219 dizem ter dificuldades em
aprender química por considerarem os conteúdos difíceis ou por simplesmente não
gostarem da disciplina.
Percebe-se com isso o anseio dos alunos por estratégias pedagógicas eficientes e
que desmistifiquem a idéia de que a Química é uma disciplina de difícil compreensão,
estes acreditam que através do jogo didático pode-se aprender esta disciplina, pois a
maneira como o professor a ensina não facilita a sua compreensão, dificultando a
identificação de fenômenos químicos em seu dia-a-dia. Essa realidade poderia ser mudada
se o professor adotasse posturas e estratégias de ensino que motivem e torne a aula mais
dinâmica e contextualizada, em acordo com isso, 198 alunos de uma amostra de 285 alunos
consideraram a química importante e presente no dia-a-dia e 249, desta mesma amostra,
acreditam que a utilização de jogos didáticos pode influenciar na sua aprendizagem.
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Tabela 2: Opinião dos alunos em relação à disciplina e à metodologia utilizada pelo professor
Esses resultados mostram a necessidade que os alunos sentem em conhecer os
conteúdos da disciplina, mas se sentem presos a metodologias de ensino que não
dinamizam as aulas para que estes possam tornar o conhecimento químico mais presente
em suas vidas. Cabe ao professor, portanto adotar uma metodologia mais interativa e
motivadora tal como o uso dos jogos didáticos e não se acomodar e observar as carências
apresentadas pelos alunos. No entanto, os professores, ao não admitirem que utilizam
metodologias de ensino monótonas não assumem posturas tais como as sugeridas pelas
OCEM’s e PCNEM’s.
Como pode ser observado na tabela 3, de 5 professores que responderam ao
questionário apenas 1 admite usar uma metodologia regular, ou seja, uma metodologia que
não o direciona a atingir os objetivos da disciplina, os demais professores ensinam e
acreditam que seu método de ensino é suficiente, mesmo diante do baixo aproveitamento e
aprendizado, testemunhados pelos próprios alunos. Quando perguntados sobre o que
acham da utilização de jogos didáticos no ensino de química, 2 responderam que depende
do conteúdo que se está trabalhando, porque há conteúdos que acham mais conveniente
utilizar a metodologia tradicional de ensino (Tabela 4).
Tabela 3: Metodologia utilizada pelo professor
Questões Não Sim
o Considera a química importante e presente no dia-a-dia 87 198
o Tem facilidade em aprender química 219 66
o O uso de jogos didáticos é uma maneira de aprender 25 260
o O jogo no ensino de química pode influenciar na
aprendizagem da disciplina
36 249
o A maneira que seu professor ensina a disciplina facilita sua
compreensão
211 74
o Consegue identificar fenômenos químicos no dia-a-dia 169 116
Questões Suficiente Regular Insuficiente
o Considera o conhecimento em química
de seus alunos
00 02 03
o Considera sua metodologia de ensino 04 01 00
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Tabela 4: Opinião sobre a utilização de jogos didáticos
Questões Depende Sim Não
o Acha possível utilizar jogos didáticos no
ensino de química
02 03 00
o Acha que o uso dos jogos didáticos,
desperta o interesse pela disciplina
01 04 00
È nesta abordagem que os alunos se distanciam e se perdem no processo, como não
conseguem mais adquirir conhecimento através dessas metodologias tradicionais, acabam
marginalizados. O uso de jogos no ensino de química traz uma nova aproximação entre o
par aluno e a aprendizagem, pois este com a simples apresentação desta metodologia
demonstrou bastante curiosidade e interesse em saber como era o jogo e como ele poderia
aprender o conteúdo da disciplina através dele.
Para aplicação do jogo foi necessário o auxílio de colaboradores, pois as turmas de
1ª e 2ª séries do ensino médio eram grandes e precisavam de mais de uma pessoa para
supervisionar os grupos de alunos, no sentido de não permitir que estes violassem qualquer
regra do jogo. Notou-se, contudo, que no decorrer da aplicação da metodologia os próprios
alunos ficaram atentos ao jogo para não permitir qualquer violação das regras.
Com a aplicação do 1º teste nas turmas de 1ª série pode-se observar que a maioria
das respostas dadas corresponde à alternativa que apresenta classificação de contexto
superficial, como é possível observar no gráfico 1.0. Em contrapartida, após o uso dos
jogos, a maioria dos alunos respondeu de maneira correta ao teste, como também é
possível observar no mesmo gráfico.
10
Gráfico 1: Comparativo entre 1º e 2º teste aplicados a 1ª série
Neste âmbito pode-se observar que a utilização dos jogos nas aulas de química
promoveu uma influência marcante, no sentido de aprofundamento de conhecimento, pois
ele influencia na capacidade de raciocínio, na identificação de situações divergentes. Piaget
(1998), por exemplo, acredita que o jogo é essencial, pois estimula o sujeito a definir os
padrões aos que se deseja fazer parte.
Esse aprofundamento pode ser averiguado com a evolução das respostas marcadas
que passou de superficiais a corretas, o que demonstra bom aproveitamento pelos alunos
tanto dos conteúdos como da descontração existente no jogo, em sala de aula (Gráfico 1.0,
2.0, 3.0). Além de alcançar esse aproveitamento o jogo contribui para o desenvolvimento
do sujeito, de maneira integral, promovendo relações interpessoais.
A 2ª e 3ª séries, assim com a 1ª apresentaram resultados semelhantes (Gráfico 2.0 e
3.0). O diferencial dos alunos de 1ª e 2ª série foi o comportamento mais agitado, no anseio
de dar início ao jogo, enquanto que os alunos da 3ª série apresentaram-se mais tranqüilos e
mais resistentes à estratégia, visto suas preocupações na eficiência da mesma. Ambos os
gráficos mostram o aumento do número de questões respondidas corretamente em relação
ao início da pesquisa, onde ainda não havia dado início à aplicação dos jogos.
1º Teste 2º Teste
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Gráfico 2: Comparativo entre 1º e 2º teste aplicados a 2ª série
Gráfico 3: Comparativo entre 1º e 2º teste aplicados a 3ª série
1º Teste 2º Teste
1º Teste 2º Teste
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De maneira geral os conteúdos apresentados pelos professores aliados aos jogos
didáticos promoveram um conhecimento mais contextualizado e adequado às proposições
do ensino, sendo possível verificar essa evolução no Gráfico 4.0 que apresenta um
comparativo das respostas dadas por todos os alunos de todas as séries, aos testes 1 e 2.
Outro item que pode ser apontado é a verificação de que houve uma aprendizagem efetiva,
mesmo a proposta trazendo descontração e divertimento, pois como CARNEIRO (2005)
defende é indicativo de um processo dialético, como atividade contraditória, na qual
coexistem características aparentemente antagônicas, como liberdade, regra, imitação,
fantasia entre outras
.
Gráfico 4: Comparativo da evolução geral das séries entre o 1º e 2º teste
CONCLUSÃO
As Orientações e Parâmetros curriculares para o ensino médio (OCEM’s e
PCNEM’s) buscam direcionar os professores para as práticas de ensino que viabilizem os
pressupostos para educação básica dos alunos. O que se tem hoje em dia são professores
13
com formação e informações suficientes para tornar válidas todas estas orientações
indicadas pelos órgãos superiores responsáveis pela organização educacional no país.
As OCEM’s e PCNEM’s voltadas para o ensino e aprendizagem de química,
defendem a idéia de que o professor torne-a interdisciplinar, relacione-a com o dia-a-dia
dos alunos e saiba manipular as habilidades intelectuais destes. O uso de jogos didáticos no
ensino de química, configura-se, portanto, numa estratégia que o torna mais dinâmico e
consegue trabalhar os conteúdos de modo que os alunos adquiram o conhecimento
necessário.
Através da realização da pesquisa pode-se identificar e observar as influências que
o uso dessa estratégia de ensino tem na aprendizagem. Os alunos conseguiram tornar mais
contextualizado o conhecimento que tinham dos conteúdos já abordados pelo professor na
sala de aula com a utilização desses jogos. Esse fato deve servir como incentivo para que
professores do ensino de química adotem metodologias alternativas, nas quais os alunos
sintam liberdade e tornem-se mais desinibidos para questionar e dialogar sobre os
conteúdos da disciplina.
Desse modo a aplicação da estratégia teve influência positiva no sentido de que
tornou um conhecimento superficial, no qual o aluno não consegue definir com clareza sua
concepção sobre um assunto, em um conhecimento cognitivo, mais amplo. Isso pode ser
justificado pelo gosto que o aluno desenvolve em aprender o conteúdo motivado pela
competitividade proporcionada pelo jogo.
O jogo sendo aplicado no intuito de ensinar, praticar e compartilhar idéias define o
aspecto relevante de sua utilização como método de ensino de química. Quando visto
apenas como método repetitivo, onde o aluno aprende por memorização, foge
completamente da característica que define a aprendizagem. Afinal para se aprender é
preciso ensinar, se o aluno apenas memoriza, ele não está aprendendo.
Um comportamento voltado para um ensino de qualidade exige a adoção de novas
posturas por parte de professores e alunos, tornando-se mais flexíveis e receptivos, mais
interessados e motivados, respectivamente. O professor tem, portanto, todas as ferramentas
para dar continuidade, mesmo depois do término da pesquisa, a uma prática docente
voltada para a dinamização de suas aulas, que podem ser complementadas com varias
outras práticas de ensino, as quais também viabilizem os pressupostos da educação em
ciência. Enquanto que o aluno deve fazer com que seus professores utilizem essas
alternativas didáticas, a fim de promover uma aprendizagem efetiva.
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