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Daniela Assis Alves Ferreira A INFORMAÇÃO NO PROJETO DE COLETA SELETIVA DE PAPEL NAS UNIDADES PERTENCENTES À UFMG Belo Horizonte Escola de Ciência da Informação da UFMG 2003

A INFORMAÇÃO NO PROJETO DE COLETA SELETIVA DE PAPEL … · 2019. 11. 14. · 7 RESUMO Analisa o processo de transferência da informação, realizado pelo Grupo de Estudos de Resíduos

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Daniela Assis Alves Ferreira

A INFORMAÇÃO NO PROJETO DE COLETA

SELETIVA DE PAPEL NAS UNIDADES

PERTENCENTES À UFMG

Belo Horizonte Escola de Ciência da Informação da UFMG

2003

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Daniela Assis Alves Ferreira

A INFORMAÇÃO NO PROJETO DE COLETA SELETIVA DE PAPEL NAS UNIDADES

PERTENCENTES À UFMG

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado da

Escola de Ciência da Informação da Universidade

Federal de Minas Gerais, como requisito parcial para

obtenção do título de Mestre em Ciência da Informação.

Área de concentração: Produção, Organização e

Utilização da Informação

Linha de Pesquisa: Informação, Cultura e Sociedade.

Orientadora: Profª. Drª. Lígia Maria Moreira Dumont

Belo Horizonte

Escola de Ciência da Informação da UFMG

2003

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Dedico essa dissertação

Aos meus pais

Minha mãe Marli,

amor incondicional,

força imprescindível,

companheira de todas horas...

Meu pai Zé Boi,

Mesmo em outro plano, certamente acompanhou minha

caminhada e está orgulhoso por mais essa conquista...

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AGRADECIMENTOS

A Deus e ao Ramal, pela força espiritual para vencer mais essa etapa da minha

vida.

Aos meus pais, pelo amor e empenho para proporcionar a minha formação

pessoal, pois sempre me incentivaram com seu exemplo.

Ao Rodrigo, pelo carinho, companheirismo e compreensão durante todo esse

tempo de dedicação.

À minha orientadora professora Lígia Dumont, pela amizade e atenção ao longo

desta jornada.

Às professoras Beatriz Valadares Cendón e Ana Maria Rezende Cabral pelas

críticas e sugestões dadas no meu exame de qualificação, e ao professor Jorge Tadeu de

Ramos Neves nos Seminários de Dissertação, que tanto contribuíram para a realização deste

trabalho.

Aos professores e colegas do curso, pela troca, não só de conhecimento, mas

também de amizade durante esse rico processo de aprendizagem.

Aos funcionários da Escola de Ciência da Informação, especialmente à Goreth e

Viviany, pela disponibilidade e apoio.

Ao Mário, pela amizade e o show de fogos depois da minha defesa!!!

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Não basta saber informar, é preciso,

também, saber como informar.

Aristóteles

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RESUMO

Analisa o processo de transferência da informação, realizado pelo Grupo de Estudos de

Resíduos Sólidos – GERESOL, na implantação do Projeto de Coleta Seletiva de Papel nas

Unidades Pertencentes à UFMG. Também investiga a sensibilização do público alvo com

relação à coleta seletiva e à educação ambiental, sob a ótica dos responsáveis pela

implementação do mesmo. Dentre as onze unidades onde o Projeto de coleta seletiva de papel

foi implantado, foram escolhidas seis, a saber: Centro Pedagógico, Faculdade de Farmácia,

Escola de Enfermagem, Escola de Engenharia, Instituto de Geociências e Departamento de

Serviços Gerais. Escolheu-se o referencial teórico relativo à informação e sociedade,

transferência da informação, informação ambiental e marketing social, resíduos sólidos, coleta

seletiva e reciclagem, em Belo Horizonte e na UFMG. A abordagem metodológica escolhida

foi a pesquisa descritiva. O universo e a amostra trabalhados neste estudo de caso foram

formados pela Coordenadora do GERESOL e os responsáveis pela implantação do Projeto

nas unidades escolhidas. Os instrumentos utilizados para a coleta de dados foram a análise

documental e a entrevista semi-estruturada. Concluiu-se que o Projeto de Coleta Seletiva de

Papel nas Unidades Pertencentes à UFMG ficou bastante aquém do esperado, mesmo tendo

ocorrido o processo de transferência da informação. Uma maior cobrança institucional quanto

ao compromisso e à participação das pessoas e, principalmente, uma reflexão sobre o papel de

cada um em relação ao meio ambiente, possivelmente poderia garantir a vitória de um Projeto

como esse.

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SUMMARY

It analyzes the process of information transfer accomplished by the Solid Residues Studies

Group - GERESOL, in the settlement of Paper Selective Collecting Project at UFMG. It also

investigates the public's sensitization about selective collecting and environmental education,

under the eyes of those responsible for its setting. Among the eleven units where the Paper

Selective Collecting Project was settled, six units were chosen: Pedagogic Center, Pharmacy

School, Nursing School, Engineering School, Geography Science Institute and General

Services Department. The theory chosen was about the information and society, information

transfer, environmental information and social marketing, solid residues, selective collecting

and recycling, at Belo Horizonte and UFMG. The chosen methodological approach was the

descriptive research. The GERESOL Coordinator and the responsible for the settlement of the

Project in the chosen units have formed the universe and the sample worked in this case study.

The instruments used for the data collection were the documental analysis and the semi-

structured interview. It’s concluded that the Paper Selective Collecting Project at UFMG was

quite below what was expected, even having taken place the process of information transfer.

A larger institutional demand in relation to the commitment along with people's participation

and, mainly, a reflection on the paper of each one in relation to the environment, could

probably assure the success of a Project as that.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Local de Entrega Voluntária – LEV........................................................................20

Figura 2 – Comunicações simétricas equilibradas....................................................................38

Gráfico 1 – Composição dos resíduos coletados em Belo Horizonte.......................................18

Gráfico 2 – Resíduos destinados à reciclagem em Belo Horizonte..........................................19

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LISTA DE TABELAS

1- Explicação dos entrevistados sobre como ocorreu o planejamento e o processo de

implantação do Projeto de coleta seletiva de papel nas unidades (2003).................................71

2- Descrição dos suportes de informação e outras formas de transferência da informação

utilizados para a divulgação do Projeto de coleta seletiva de papel na UFMG (2003)............72

3- Síntese das respostas dos entrevistados quanto à existência (ou não) de exemplos dos

suportes de informação utilizados para a divulgação do Projeto de coleta seletiva de papel

(2003)........................................................................................................................................73

4- Avaliação dos entrevistados acerca dos suportes de informação utilizados tendo em vista os

resultados obtidos (2003)..........................................................................................................73

5- Entendimento dos entrevistados sobre a sensibilização do público alvo pelos suportes de

informação (2003).....................................................................................................................74

6- Percepção dos entrevistados quanto à aceitação do público atingido em relação ao Projeto

de coleta seletiva de papel na UFMG (2003)............................................................................75

7- Avaliação dos entrevistados acerca dos benefícios obtidos através da implantação do

Projeto de coleta seletiva de papel na UFMG (2003)...............................................................75

8- Descrição das dificuldades encontradas na implantação do Projeto de coleta seletiva de

papel na UFMG (2003).............................................................................................................76

9- Entendimento dos entrevistados sobre a contribuição do Projeto de coleta seletiva de papel

para a formação de uma consciência ecológica e/ou aumento da sensibilização para as

questões ambientais na comunidade universitária (2003).........................................................77

10- Síntese das respostas dos entrevistados quanto às impressões pessoais positivas ou

negativas na época da implantação do Projeto de coleta seletiva de papel na UFMG (2003)..78

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABIVIDRO - Associação Técnica Brasileira da Indústrias Automáticas de Vidro

ASMARE - Associação dos Catadores de Papel, Papelão e Material Reaproveitável de

Belo Horizonte

BEMGE - Banco do Estado de Minas Gerais

CONAMA - Conselho Nacional de Meio Ambiente

GERESOL - Grupo de Estudos de Resíduos Sólidos

LEVs - Locais de Entrega Voluntária

PAGERS - Programa de Administração e Gerenciamento de Resíduos Sólidos

PBH - Prefeitura de Belo Horizonte

PETROBRÁS - Petróleo Brasileiro S/A

POPs - Procedimentos Operacionais Padrão

SLU - Superintendência de Limpeza Urbana

SMLU - Secretaria Municipal de Limpeza Urbana

UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 13

2 JUSTIFICATIVA .............................................................................................................. 16

3 OBJETIVOS ...................................................................................................................... 24

3.1 Objetivo geral ............................................................................................................... 24

3.2 Objetivos específicos .................................................................................................... 24

4 INFORMAÇÃO E TRANSFERÊNCIA DA INFORMAÇÃO...................................... 26

4.1 Suportes de informação ..................................................................................................... 31

4.2 Transferência da informação ............................................................................................. 37

4.3 Informação e meio ambiente ............................................................................................. 40

4.4 Informação e marketing social .......................................................................................... 44

5 RESÍDUOS SÓLIDOS, COLETA SELETIVA E RECICLAGEM ............................. 50

5.1 Gerenciamento de resíduos sólidos ................................................................................... 55

5.2 Coleta de lixo em Belo Horizonte ..................................................................................... 57

5.3 Coleta seletiva na UFMG – breve histórico ...................................................................... 62

6 METODOLOGIA.............................................................................................................. 66

7 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS............................................................ 71

8 CONNCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES FINAIS ...................................................... 80

REFERÊNCIAS..................................................................................................................... 91

ANEXOS..................................................................................................................................96

ANEXO A - Projeto de Coleta Seletiva de Papel nas Unidades Pertencentes à UFMG -

Resumo da metodologia de implantação...............................................................................97

ANEXO B - Síntese da proposta do Programa de Administração e Gerenciamento de

Resíduos Sólidos da UFMG - Outubro/1996......................................................................100

ANEXO C - Síntese da proposta de gestão de resíduos sólidos universitários: estudo

organizacional do lixo da UFMG - Novembro/1998..........................................................102

ANEXO D - Roteiro de entrevista com os coordenadores do GERESOL e do Projeto de

coleta seletiva de papel nas unidades da UFMG.................................................................104

ANEXO E - Procedimento Operacional Padrão.................................................................105

ANEXO F - Exemplos de suportes de informação.............................................................106

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1 INTRODUÇÃO

O problema da adequada destinação dos resíduos sólidos constitui uma

preocupação mundial por ameaçar o meio ambiente e a saúde da população. É possível

destacar a participação do Brasil na Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente

Humano, realizada em Estocolmo, Suécia, em 1972, como um marco para o despertar do país

para as questões ambientais. Outro fato relevante para a história da educação ambiental no

Brasil foi a Rio 92 – Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e

Desenvolvimento, quando o Rio de Janeiro sediou o maior fórum ambiental contra a poluição

e a devastação de um desenvolvimento sem sustentabilidade ambiental e social. Mais

recentemente, em setembro de 2002, o Brasil teve importante participação na RIO+10 –

Cúpula de Desenvolvimento Sustentável de Johannesburgo, na África do Sul. Esse evento

proporcionou a discussão entre ambientalistas e outros segmentos da sociedade, apreensivos

com a situação atual de degradação ambiental e pobreza em várias regiões do planeta,

especialmente na África. Com isso, o país confirmou o seu papel mundial frente às questões

ambientais.

Formas antecedentes dos atuais movimentos “verdes” também podem ser localizadas no século XIX. Os primeiros destes tendiam a ser fortemente influenciados pelo romantismo e procuravam basicamente responder ao impacto da indústria moderna sobre os modos tradicionais de produção e sobre a paisagem. (GIDDENS, 1991, p. 160).

A precaução em relação às questões de higiene e salubridade também não é atual,

e em Belo Horizonte remonta-se da fundação da capital. Em 1932, no relatório apresentado ao

Prefeito de Belo Horizonte Luiz Barbosa Gonçalves Pena, o Sub Diretor de Limpeza Marcelo

Otávio Rodrigues da Costa já percebia a questão do lixo ao comentar: “A coleta e redução de

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lixo constituem, como toda gente sabe, um problema complexo [...] é um dos problemas que

não encontrou até hoje, solução que se tornasse universal, o do destino a ser dado ao lixo”

(BELO HORIZONTE, 2000, p. 36).

Diante desta dificuldade, a informação ambiental pode ser uma importante aliada

no processo de educação ambiental e sensibilização do indivíduo para reconhecimento do seu

papel atuante na sociedade e nas mudanças de atitude. O tratamento final do lixo não é de

responsabilidade apenas do poder público, mas sim de todos os agentes que o geraram. Os

programas de conscientização ambiental devem, portanto, identificar todos esses participantes

da sociedade para, então, direcionar-lhes campanhas de mudança social.

Esta pesquisa científica tem como objetivo analisar o processo de transferência de

informação realizado na implantação do Projeto de Coleta Seletivo de Papel nas Unidades

Pertencentes à UFMG. Além disso, pretende-se investigar se ocorreu a sensibilização do

público alvo em favor da coleta seletiva e da educação ambiental, sob a ótica dos responsáveis

pela implantação do Projeto.

O Projeto de Coleta Seletiva de Papel nas Unidades Pertencentes à UFMG teve

início em setembro de 1994 e é desenvolvido pelo Grupo de Estudos de Resíduos Sólidos -

GERESOL. O GERESOL faz parte do Programa de Administração e Gerenciamento de

Resíduos Sólidos - PAGERS e tem como proposta de atuação formatar diretrizes básicas para

o gerenciamento de resíduos sólidos produzidos na Universidade Federal de Minas Gerais,

conforme uma nova política ambiental da Instituição1.

Dentro do estudo proposto, foram abordados: os suportes utilizados e outras

formas de transferência de informação, o histórico, atividades desenvolvidas, objetivos e

metas alcançadas pelo GERESOL, mais especificamente em relação ao Projeto de Coleta

1 O histórico do Projeto de Coleta Seletiva de Papel nas Unidades Pertencentes à UFMG e as atividades desenvolvidas pelo GERESOL serão abordados detalhadamente no item 5.3 desta dissertação.

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Seletiva de Papel nas Unidades Pertencentes à UFMG, tendo em vista conhecer e descrever

seu funcionamento e sua metodologia de trabalho.

Dentre a literatura existente sobre a temática, escolheu-se o referencial teórico

relativo à informação e sociedade, transferência da informação, informação ambiental e

marketing social, resíduos sólidos, coleta seletiva e reciclagem para fundamentar a pesquisa

científica e colaborar para a execução da análise dos dados.

Dentre as onze unidades onde o Projeto de coleta seletiva de papel foi implantado,

foram escolhidas seis. O universo e a amostra da pesquisa trabalhados neste estudo de caso

foram formados pela Coordenadora do GERESOL e os responsáveis pela implantação do

Projeto de coleta seletiva de papel nas unidades escolhidas.

Os procedimentos metodológicos adotados para a elaboração desta dissertação

foram a pesquisa descritiva. O tipo de pesquisa de campo realizada foi o estudo de caso. Os

instrumentos utilizados para a coleta de dados foram a análise documental e a entrevista semi-

estruturada. Após a realização da coleta de dados, os mesmos foram selecionados,

organizados, tabulados e analisados, visando atender aos objetivos desta pesquisa científica.

As conclusões, portanto, tiveram como base a análise dos dados levantados, considerando-se,

também, as devidas apreciações do orientador.

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2 JUSTIFICATIVA

Vários autores contemporâneos apontam a questão ambiental como uma

inquietação mundial. Isso porque nos tempos atuais os perigos são globalizados, ou seja,

existe uma consciência coletiva em relação às muitas ameaças existentes no mundo. E,

segundo Giddens (1991), a globalização é conseqüência da modernidade, o que leva a uma

universalização não só dos impactos globais como também do conhecimento para alcançar a

segurança mundial. E com os problemas ambientais acontece o mesmo, pois:

A preocupação com os danos ao meio ambiente está agora difundida, e é um foco de atenção para os governos em todo o mundo. (...) Na medida em que a maior parte das questões ecológicas conseqüentes é tão obviamente global, as formas de intervenção para minimizar os riscos ambientais terão necessariamente uma base planetária. (GIDDENS, 1991, p. 169).

Ulrich Beck (1997) também indica a existência da globalização das crises

ecológicas, tais como o buraco da camada de ozônio, as bruscas mudanças climáticas, a

questão nuclear, dentre outras. Esse cuidado com as questões ecológicas tem ocorrido devido

à transformação do meio ambiente em algo pertencente ao cotidiano da sociedade moderna. A

natureza não é mais vista como parte integrante de um ambiente externo ao ser humano, mas

“atualmente, o que é ‘natural’ está tão intrincadamente confundido com o que é ‘social’, que

nada mais pode ser afirmado como tal, com certeza” (BECK, 1997, p. 8).

A deterioração ou desastre ecológico é uma possibilidade real nos dias de hoje,

podendo ser “menos imediata que o risco de uma grande guerra, mas suas implicações são

igualmente perturbadoras” (GIDDENS, 1991, p. 169). Com isso, uma catástrofe ecológica se

tornou um aspecto globalizado da modernidade, devido ao conhecimento socialmente

organizado, do qual é possível citar: acidentes em usinas nucleares ou do lixo atômico, a

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poluição das águas e da atmosfera, a destruição de florestas, dentre outras. E, através desse

conhecimento, foi possível iniciar a educação ambiental para tentar evitar essas ameaças ao

meio ambiente.

Como parte integrante da educação ambiental, a informação ambiental é um

pressuposto para a efetiva participação popular na defesa do meio ambiente. A educação se

faz por meio de conscientização, portanto, de informação. A participação das pessoas nos

movimentos sociais se dá a partir do momento em que elas acreditam em si e nos seus ideais e

encontram canais de comunicação adequados e disponíveis. A educação é o instrumento

capaz de capacitar os indivíduos a perceberem e entenderem as questões sociais, formando

cidadãos críticos, conscientes e livres para o exercício da cidadania. Com isso, a divulgação

de informações relativas ao meio ambiente é indispensável para o conhecimento dos

problemas urbanos e para a tomada de atitudes de prevenção e correção. Não há como se

prevenir dos riscos e danos que uma determinada atividade pode vir a causar, se não se sabe

que a mesma está sendo desenvolvida.

A atividade de coleta seletiva representa uma significativa contribuição para o

meio ambiente. A reciclagem de resíduos prolonga a vida útil dos aterros sanitários, bem

como a redução do consumo de matéria-prima e economia de energia usada na produção dos

papéis, vidros, metais e plásticos. Coleta seletiva é o processo de separação e recolhimento

dos resíduos conforme sua constituição: matéria orgânica, material reciclável e rejeito. A

separação dos resíduos sólidos pode ocorrer tanto na fonte geradora (residências, escolas,

comércio, indústrias), quanto nos centros de triagem ou nas usinas de reciclagem. O

recolhimento dos resíduos pode ser feito por funcionários da Prefeitura ou por catadores de

papel e sucata. Outra alternativa é a entrega voluntária dos materiais recicláveis em locais

previamente estabelecidos, contendo recipientes para cada tipo de resíduo.

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De janeiro a maio de 2003, 601.937,67 toneladas de resíduos foram coletadas pela

Prefeitura de Belo Horizonte – PBH, através da Secretaria Municipal de Limpeza Urbana –

SMLU e de empreiteiras contratadas para realizarem o serviço de tratamento e destinação de

resíduos na cidade de Belo Horizonte.

O GRAF. 1 mostra composição média dos resíduos coletados diariamente em

Belo Horizonte:

Domiciliar e comercial

53%

Resíduos da construção civil

25%

Resíduos dos serviços de saúde

1%Resíduos públicos

11%

Resíduos destinados à reciclagem

10%

GRÁFICO 1 – Composição dos resíduos coletados em Belo Horizonte - maio/2003 (t/dia) Fonte: BELO HORIZONTE, 2003, p. 5.

O resíduo domiciliar e comercial representa pouco mais da metade do total de lixo

produzido diariamente em Belo Horizonte. O setor de construção civil é responsável por 25%

dos resíduos, enquanto os resíduos públicos totalizam 11% e os resíduos dos serviços de

saúde, apenas 1%. Estes resíduos são destinados à aterragem. Os resíduos destinados à

reciclagem correspondem a 10% do peso total dos resíduos tratados em Belo Horizonte.

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Esses 10% de resíduos destinados à reciclagem são compostos majoritariamente

por entulho da construção civil (94%). Materiais recicláveis (papel, metal, vidro e plástico)

constituem a 5% do total, enquanto somente 1% representa matéria orgânica ou compostável,

recolhida em feiras e sacolões. O GRAF. 2 apresenta a composição média dos resíduos

destinados à reciclagem diariamente em Belo Horizonte:

Matéria orgânica1%

Entulho da construção civil

94%

Materiais recicláveis (papel, metal,

plástico e vidro)5%

GRÁFICO 2 - Resíduos destinados à reciclagem em Belo Horizonte - maio/2003 (t/dia)

Fonte: BELO HORIZONTE, 2003, p. 6.

De janeiro a maio de 2003, foram recolhidas 3.107,76 toneladas de papel, metal,

vidro e plástico dentro do Programa de Coleta Seletiva de Materiais Recicláveis da PBH. A

coleta seletiva dos recicláveis em Belo Horizonte é feita ponto a ponto com o uso de

equipamentos (contêineres) destinados a receber papel, metal, vidro e plástico. Esses

recicláveis são separados e levados voluntariamente pela população até os Locais de Entrega

Voluntária – LEVs, onde estão instalados os containeres. Posteriormente, os materiais são

recolhidos dos LEVs e comercializados pela Associação de Catadores de Papel, Papelão e

Material Reaproveitável – ASMARE e pela Santa Casa. A FIG. 1 mostra um LEV com

contêineres para a coleta de plástico, metal, papel e vidro:

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FIGURA 1 - Local de Entrega Voluntária – LEV

Diante disso, é possível comparar a pequena participação de 0,52% da coleta

seletiva em relação ao total de resíduos coletados, indicando a necessidade de intensificação

das campanhas de conscientização junto à população. A falta da coleta seletiva domiciliar, ou

seja, porta a porta, poderia ser também um dos motivos dessa baixa participação em relação à

coleta total de resíduos e deveria ser priorizada no orçamento público pela Prefeitura, apesar

do seu alto custo operacional.

Seguindo essa tendência “ecologicamente correta” de destinação adequada do lixo

urbano, a Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG criou o Projeto de Coleta Seletiva

de Papel nas Unidades Pertencentes à UFMG, em setembro de 1994. Porém, desde a

implantação inicial do Projeto em 11 unidades, a Instituição tem encontrado dificuldades na

continuidade desse processo. Pressupõe-se que problemas de estratégia de transferência da

informação poderiam ser um dos obstáculos encontrados para a implementação do mesmo.

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A proposta desta pesquisa fundamenta-se na importância de se conhecer melhor

como tem ocorrido o processo de transferência da informação e da eficácia, junto ao público

alvo, dos suportes de informação utilizados em favor da sensibilização para a implantação do

Projeto de Coleta Seletiva de Papel nas Unidades Pertencentes à UFMG.

Além disso, a realização de uma pesquisa voltada para a análise e compreensão

das transformações, pontos positivos, possíveis pontos negativos e benefícios obtidos durante

esse processo, certamente poderá trazer subsídios para futuros projetos de otimização e

avaliação do modelo atual. Do mesmo modo, a pesquisa poderá vir a apresentar novas

informações para a implantação de programas similares em outras instituições que se

preocupam com a solução das questões e dos impactos ambientais.

O interesse pelo assunto se deu a partir da necessidade de conhecer o grau de

sensibilização das pessoas sobre a importância da coleta seletiva com o lixo residencial, sendo

esta a maneira mais próxima de contribuir para a preservação do meio ambiente, visto que

poluir rios e a atmosfera, devastar florestas e caçar animais silvestres, normalmente, não

fazem parte do cotidiano de pessoas comuns. No entanto, pesquisas apontam que,

diariamente, as pessoas produzem aproximadamente 800 gramas de lixo (BRASIL, 2001).

Assim, a coleta seletiva dá oportunidade aos cidadãos de preservarem a natureza de uma

forma concreta, tendo mais responsabilidade com o lixo que geram. Além disso, proporciona

a economia de energia e matérias-primas, minimiza a poluição do ar, da água e do solo e

melhora a limpeza da cidade, pois o morador que adquire o hábito de separar o lixo,

dificilmente o joga nas vias públicas. Reciclar o lixo e evitar os descartáveis é um jeito de

contribuir para um mundo mais saudável.

Através de observação pessoal, foi feita uma pesquisa informal no círculo de

amigos e familiares sobre o hábito entre as pessoas de fazer coleta seletiva do lixo,

surpreendendo o fato de quase ninguém fazer a separação dos resíduos sólidos domiciliares,

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talvez por não acreditarem e/ou desconhecerem a seriedade e a importância da proposta, além

da dificuldade de mudança de hábito. Uma provável explicação para a população não adotar

essa idéia seria a dificuldade encontrada em separar e levar os materiais recicláveis até os

LEVs. Outra possibilidade seria a falta de informação sobre os benefícios da coleta seletiva,

pois, como argumentos para a implantação de um programa de coleta seletiva é possível citar:

• ambiental e geográfico - falta de espaço para a disposição do lixo, preservação

da paisagem, economia dos recursos naturais e diminuição do impacto

ambiental de lixões e aterros sanitários;

• sanitário - a disposição inadequada do lixo, aliada às deficiências do sistema de

coleta municipal, traz inconvenientes estéticos e de saúde pública;

• social - enfoque na geração de empregos e o resgate da dignidade, estimulando

a participação de catadores de rua e de lixões;

• econômico - redução dos gastos com limpeza urbana e investimento em novos

aterros sanitários. Diminui o desperdício de matérias primas e gera renda pela

comercialização dos recicláveis;

• educativo - forma de contribuir para a mudança de valores e atitudes

individuais em relação ao meio ambiente, incluindo a revisão de hábitos de

consumo ou mobilizando a comunidade ao fortalecer o espírito de cidadania.

Por ser uma instituição acadêmica e de pesquisa, a formulação de um programa de

administração e gerenciamento de resíduos sólidos gerados nos campi da UFMG se justifica

quando colocamos a Universidade como responsável por ações para a resolução de problemas

específicos e de amplo interesse da comunidade. Por isso, esta pesquisa científica pretende

contribuir para o desenvolvimento de uma mentalidade voltada para a preservação ambiental

na comunidade universitária.

O tema da pesquisa gerou a formulação dos seguintes problemas:

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• Como tem ocorrido o processo de transferência de informação na implantação

do Projeto de Coleta Seletiva de Papel nas Unidades Pertencentes à UFMG?

• Qual a eficácia dos suportes e de outras formas de transferência de informação

utilizados para a implantação do Projeto de Coleta Seletiva de Papel nas

Unidades Pertencentes à UFMG?

• Como os responsáveis por sua implantação avaliam o Projeto de Coleta

Seletiva de Papel nas Unidades Pertencentes à UFMG e, mais especificamente,

a transferência e os suportes de informação utilizados em favor da

sensibilização do público alvo para a coleta seletiva e educação ambiental?

Esta pesquisa científica propõe-se, pois, a contribuir para o aumento do

conhecimento existente sobre a transferência e os suportes da informação utilizados no

processo de implantação de programas de coleta seletiva de resíduos sólidos.

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3 OBJETIVOS

3.1 Objetivo geral

• Analisar o processo de transferência da informação realizado no Projeto de

Coleta Seletiva de Papel nas Unidades Pertencentes à UFMG, assim como

investigar se ocorreu a sensibilização do público alvo em favor da coleta

seletiva e da educação ambiental, sob a ótica dos responsáveis pela

implantação do Projeto.

3.2 Objetivos específicos

• Destacar pontos necessários para a compreensão do Projeto de Coleta Seletiva

de Papel nas Unidades Pertencentes à UFMG, tais como: histórico,

funcionamento, atividades desenvolvidas, suportes de informação utilizados e

dificuldades encontradas na implantação do Projeto, objetivos e metas

alcançadas pelo GERESOL, visando analisar seu âmbito de atuação e sua

metodologia de implementação e funcionamento.

• Caracterizar e avaliar os suportes e outras formas de transferência de

informação utilizados no Projeto, do ponto de vista dos responsáveis pelo

Projeto.

• Investigar a eficácia dos suportes e outras formas de transferência de

informação utilizados junto ao público alvo em favor da sensibilização para a

coleta seletiva, assim como para a educação ambiental.

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• Verificar aceitação do público atingido em relação ao Projeto de Coleta

Seletiva de Papel nas Unidades Pertencentes à UFMG, segundo os

responsáveis pelo Projeto.

• Analisar os benefícios obtidos através da implantação do Projeto de Coleta

Seletiva de Papel nas Unidades Pertencentes à UFMG.

• Analisar se a transferência da informação utilizada pelo GERESOL contribuiu

para a formação de uma consciência ambiental na comunidade universitária.

• Contribuir para o aumento do conhecimento existente sobre a transferência e os

suportes da informação utilizados no processo de implantação de programas de

coleta seletiva de resíduos sólidos.

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4 INFORMAÇÃO E TRANSFERÊNCIA DA INFORMAÇÃO

Historicamente, a ciência da informação passa a assim ser vista a partir da

Segunda Guerra Mundial, quando o cientista Vannevar Bush (1945), ligado ao governo dos

Estados Unidos, identificou o problema da explosão da informação e a necessidade de usar as

tecnologias disponíveis no momento para preservar e recuperar a informação e seus registros.

Nessa época, é também considerada a primeira vez em que se fez a conexão entre informação

e sua interpretação para desenvolver conhecimento próprio.

Por ser ampla e com características distintas, é possível afirmar que são muitas as

definições para o termo informação. Isso ocorre porque a abordagem é feita por vários autores

vindos de múltiplos campos de estudo. Sem a pretensão de fazer uma revisão extensa dos

diversos conceitos de informação, a visão de alguns autores que mais se aproxima desta

pesquisa será apresentada a seguir.

Para Araújo (1995, p. 56), “informação é o que é capaz de transformar estrutura”.

A autora explica que estrutura é a idéia que temos de nós e de nosso ambiente, podendo

representar ou não estruturas do mundo real. Com uma definição mais tradicional, Davenport

(2000, p. 18) conceitua informação como “dados dotados de relevância e propósito”. A

informação requer unidade de análise, exigindo consenso em relação ao significado e,

necessariamente, a mediação humana. Para Meadow (1992), a informação é representada por

um conjunto de símbolos, tem alguma estrutura e pode ser lida e até certo ponto entendida por

seus usuários. Silveira (1986) atribui valor à informação, classificando-a como um bem que

possui um custo real e que pode ser produzida, vendida, adquirida ou trocada. “Como tal, a

informação transmite conhecimentos, subsidiando decisões e ações, tendo, portanto, valor de

troca”. (SILVEIRA, 1986, p. 46).

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No entanto, Pacheco (1995, p. 22) alega que “a informação hoje em dia é um

produto descartável que exige reposição imediata, sendo sua principal característica então a

velocidade com que é gerada, consumida e descartada”. Com isso, o tempo para uma pessoa

refletir, avaliar, decodificar e entender as diversas informações recebidas diariamente é

mínimo.

Buckland (1995) confirma a variedade de significados para informação, além de

apontar a questão da ambigüidade que acompanha a própria natureza da expressão. Porém, ele

identifica três principais usos da palavra informação:

1. Informação como processo: o que alguém sabe é mudado quando recebe uma

informação. Neste sentido, informação é o ato de informar ou comunicar a

ocorrência de algo a alguém. Assim, quando uma pessoa é informada, seu

estado de conhecimento é mudado.

2. Informação como conhecimento: nesta definição, informação significa o

conhecimento comunicado, o que é dito, um determinado assunto.

3. Informação como coisa: o termo informação também é usado para denominar

objetos, dados e documentos que referenciam a informação, pois são

considerados como informativos e têm a qualidade de comunicar conhecimento

ou informação.

Allen (1996) corrobora Buckland (1995) ao definir informação como uma

atividade executada; ou seja, a informação é um processo em que o usuário se informa ou é

informado através de algo que acontece com ele. Diante do exposto, a definição de

informação como processo servirá de referencia para balizar o desenvolvimento e uso do

conceito de informação nesta pesquisa.

Outra palavra que possui diversos conceitos e conotações é comunicação.

Segundo Saracevic (1996), a discussão sobre informação e comunicação tem sido difundida

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amplamente nos meios acadêmicos, contudo o consenso ainda não foi possível. Mesmo assim,

conforme acrescenta, é mais relevante para a área notar que estes conceitos atuam de forma

complexa entre si e que, enquanto campo de estudo, ainda não foram esgotados. O autor

conclui que a informação é o fenômeno manifesto quando se comunica algo a alguém. Já a

comunicação é o processo pelo qual isto se faz possível.

Indo mais adiante, é fundamental fazer a distinção entre informação e significado.

Isto porque o significado é o resultado do processo, ou seja, é aquilo que o fenômeno

informação provoca no indivíduo, o que depende, e muito, do seu maior ou menor grau de

inserção sócio-cultural e universo conceitual. Para que um indivíduo compreenda o

significado de uma mensagem comunicada ele tem de recorrer ao seu repertório conceitual,

que é a soma de experiências acumuladas por ele, ao longo da vida. Isto vai determinar o grau

de compreensão e os possíveis resultados provocados em nível de significação. Pois, se a

informação é recebida por indivíduos intelectualmente diferentes, e em contextos também

diversos, terá naturalmente significados ou respostas diferentes.

Dentre os vários âmbitos de estudo da linha de pesquisa Informação, Cultura e

Sociedade é possível destacar a abordagem que enfoca a comunicação e a informação como

instrumentos capazes de promover transformações culturais, mercadológicas e institucionais.

A formação de um cidadão mais informado se dá, entre outros fatores, através de uma

comunicação adequada; por isso, é comum associar os termos comunicação, informação e

conhecimento. A transformação da informação em conhecimento e da comunicação deste

conhecimento em informação representa o fluxo social das informações.

Sfez (1996) acredita que, se nada sabemos do que acontece, é por falta de

informações, ou por falta de transparência, porque as informações estariam retidas na fonte:

ou, por retenção de informações, quando o conhecimento não pode ser democraticamente

partilhado por todos e, por isso, a comunicação não funciona como deveria.

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Um aspecto que deve ser analisado é a adequação da linguagem, de modo que a

comunicação possa ser estabelecida. Modificar os discursos formais em informações

significativas e com boa qualidade é uma forma de estimular as manifestações sociais em prol

da melhoria da qualidade de vida e do desenvolvimento social. A comunicação pode auxiliar a

educação, pois, muitas vezes, ela assume o papel de educador. Por isso, dar novo tratamento à

informação faz com que ela possibilite não só informar, como também formar e colaborar

com a melhoria da qualidade de vida da sociedade.

Para Porto (1998, p. 17), os meios de comunicação provêm “informações para que

os cidadãos possam tomar decisões consistentes e racionais”, podendo afetar os processos

sociais ao transmitir informações imparciais e objetivas ou deturpar e manipular os fatos. O

acesso da população a notícias, informes, documentos, enfim, tudo que diz respeito à

informação ambiental é uma valiosa contribuição para formar a consciência ambiental, pois

muitos que a lêem e a assistem possuem principalmente este canal de informação, uma vez

que não freqüentam ou freqüentaram escolas e não têm acesso a livros.

Para Santaella (1992), o ato de comunicação pode ser definido, de um modo geral,

como a transmissão de uma informação de um emissor para um receptor. “Não há, portanto,

comunicação sem informação” (SANTAELLA, 1992, p. 14). O que diferencia informação e

comunicação é a intencionalidade; isto é, o ato comunicativo depende de um critério

funcional da transmissão da informação que deve ser intencional.

No entanto, nesse processo comunicativo existe um resíduo informativo que foge

ao controle e intenção dos agentes envolvidos na comunicação, podendo ser captado ou não

pelo receptor, de maneira consciente ou não. Com esse fator incontrolável, a transmissão da

comunicação independe da intencionalidade e possibilita o aumento do volume de

informações.

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Portanto, essas informações, transmitidas via processos comunicativos, podem

produzir cultura. E a inter-relação entre os conceitos de comunicação e cultura se dá a partir

de uma perspectiva semiótica da cultura. Santaella (1992, p. 12) faz uma síntese dessa relação

como:

... aquilo que pode melhor caracterizar as concepções semióticas da cultura é a ênfase que se coloca na relação entre cultura e comunicação, até o ponto de se chegar, inclusive, a identificar a função de ambos os termos uma vez que os fenômenos culturais só funcionam culturalmente porque são também fenômenos comunicativos...

Por considerar a relação entre cultura e comunicação inseparável, a semiótica

possibilita o estudo dos meios de comunicação ou aquilo que Santaella (1992, p. 13) preferiu

chamar de “mídias”:

Isto porque a semiótica percebe os processos comunicativos das mídias também como atividades e processos culturais que criam seus próprios sistemas modelares secundários, gerando códigos específicos e signos de estatutos semióticos peculiares, além de produzirem efeitos de percepção, processos de recepção e comportamentos sociais que também lhes são próprios. [...] Se cultura já é inseparável de comunicação, no caso das mídias isto se torna ainda mais indissociável, uma vez que mídias são, antes de tudo, veículos de comunicação, do que decorre que essa cultura só pode ser estudada levando-se em conta as inextricáveis relações entre cultura e comunicação.

Visando aprofundar melhor no conceito de comunicação da informação, os

suportes de informação utilizados nesse processo serão apresentados a seguir.

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4.1 Suportes de informação

Como já foi dito, mudanças de comportamento, tanto individual como em um

grupo social, podem ocorrer devido ao maior acesso à informação. Mas como é possível obter

informação?

Organizações são importantes fontes de informação, onde o acesso pode se dar

através de pessoas a ela ligadas ou dos documentos que ela gera. Em três artigos selecionados

para o embasamento teórico desta pesquisa científica, Auster & Choo (1991, 1993 e 1994)

citam o trabalho de Aguilar (1967) relativo ao estudo de fontes de informação no ambiente

organizacional. Aguilar (1967) afirma que, dentro de uma empresa, as pessoas obtêm

informações de fontes externas e de outros indivíduos da mesma organização. O autor

classificou essas fontes em externas e internas, agrupando-as em pessoais e impessoais:

• Fontes externas pessoais - clientes, concorrentes, fornecedores, pessoas em

empresas associadas, distribuidores, associações de profissionais e negócios

(banqueiros, advogados, analistas financeiros, consultores etc.) oficiais do

governo, investidores externos, vizinhos, amigos e conhecidos.

• Fontes externas impessoais - publicações e relatórios de associações

comerciais, industriais e governamentais, jornais e periódicos, rádio e

televisão, conferências, exposições, viagens, relatórios de consultores ou

anotações de observações pessoais, bibliotecas externas, relatórios de empresas

de pesquisa, serviços de informação eletrônicos (internet, bases de dados on

line, boletins eletrônicos etc.).

• Fontes internas pessoais - subordinados, colegas de trabalho, superiores,

membros da diretoria, staff.

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• Fontes internas impessoais - relatórios, avisos, circulares, memorandos,

correspondências e correio eletrônico internos, relatórios dos sistemas de

informações gerenciais, biblioteca da organização.

Murdock & Liston Jr (1967) afirmam que no modelo continuum comunicacional

canais diferenciados são responsáveis pela transferência de informação, sendo eles:

• Canal direto - conversa face a face.

• Canal da mídia primária - livros, periódicos, jornais, relatórios técnicos,

manuais, monografias, textos, patentes e fitas gravadas.

• Canal de arquivo - bibliotecas e arquivos.

• Canal da mídia secundária - junção do canal da mídia primária e o canal de

arquivo.

• Canal dos centros de informação - serviços de informação.

Outra maneira de comunicar a informação é através de uma publicação. Mueller

(2000) ressalta que:

Tais publicações variam no formato (relatórios, trabalhos apresentados em congressos, palestras, artigos de periódicos, livros e outros), no suporte (papel, meio eletrônico e outros), audiências (colegas, estudantes, público em geral) e função (informar, obter reações, registrar autoria, indicar e localizar documentos, entre outras).

Propaganda e promoção fazem parte do conjunto de técnicas de marketing para

divulgar um produto, um serviço ou uma idéia. Kotler & Armstrong (1993) apresentam como

veículos de mídia para a propaganda: televisão, rádio, jornais, revistas, mala direta, outdoor,

entre outros. Mobrice (1990), apresenta e conceitua os principais instrumentos promocionais

utilizados em serviços de informação:

• Contato pessoal - apresentação oral entre pessoas com o propósito de executar,

trocar ou formar atitudes.

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• Jornal - veículo de notícias impresso, periódico e de tiragem regular.

• Relatório - narração oral ou escrita de fenômeno ou evento visto, ouvido ou

observado, geralmente detalhada e organizada.

• Cartaz - anúncio impresso para ser exposto em locais públicos diversos. São de

grande eficiência se afixados em lugares certos, que possam ser vistos

claramente e confeccionados com mensagens sintéticas e de forma que

agradem e chamem a atenção do público.

• Exposição - exibição de obra artística, produção industrial ou qualquer outro

material em local de acesso público.

• Rádio - veículo que, através de sinais radiofônicos, promove a comunicação

em massa e transmite programas diversos.

• Folheto - publicação impressa de poucas folhas, não periódica. Deve ser breve

ter uma apresentação visual bem clara.

• Guia - publicação com instruções para orientar atos e ações.

• Televisão - veículo de transmissão de vídeo e áudio para comunicação em

massa.

• Mala direta - peças de propaganda impressa enviadas pelo correio de forma

seletiva e direcionada para divulgar produtos e/ou serviços.

• Revista - publicação impressa, geralmente de periodicidade semanal ou

mensal, em que se divulgam assuntos de interesse geral ou voltados para um

campo específico.

• Evento - episódio para atrair a atenção do público para um objetivo específico.

P.ex.: palestras, seminários, apresentações e conferências.

• Audiovisual - recurso ou meio de comunicação através da imagem e do som

com fins didáticos (slides, filmes, discos, fitas etc.).

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• Boletim - informativo impresso curto para circulação interna ou comunicação

pública.

• Brochura - livreto encadernado, com argumentos e fotografias impressos para

promover produtos e/ou serviços.

• Filme - registro de imagens documentais, enredos históricos, de ficção ou de

propaganda para a divulgação de uma idéia.

Para Mobrice (1990), o contato pessoal é o instrumento mais recomendado e

eficiente, pois é o de menor custo, o mais bem aceito e que dá a impressão de familiaridade. É

possível acrescentar mais alguns instrumentos promocionais para divulgação de informação:

• Anúncio - mensagem apresentada por meio de palavras, imagens, música,

recursos audiovisuais, efeitos luminosos etc.

• Folder - volante, prospecto ou folheto de uma só folha impressa, com duas, três

ou mais dobras.

• Volante - impresso em folha avulsa, dobrado ou não, contendo anúncio;

geralmente, destinado à distribuição para grande público ou grupos

determinados.

• Circular - comunicação enviada simultaneamente a todas ou determinadas

pessoas de uma organização.

• Slogan - frase concisa, marcante, geralmente incisiva, atraente, de fácil

percepção e memorização, que revela as qualidades de um produto, serviço ou

idéia.

Spina & Klaes (1993) também citam uma série de recursos utilizados para

divulgar produtos e serviços, divididos em:

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• Impressos - boletins, brochuras especiais, calendário de eventos, cartazes,

catálogos, displays, quadros de avisos, gráficos e/ou estatísticas, guias, jornal

mural, marcadores de página, panfletos, relatórios.

• Recursos visuais - exposições e vitrines.

• Recursos gráficos - sinalização interna e externa.

• Recursos fotográficos - diapositivos, fotografias, slides, transparências.

• Recursos audiovisuais - exibição de filmes, programas audiovisuais.

• Relações externas - contatos pessoais diretos (cartões de visitas e

congratulações).

• Outras alternativas - amigos, horário de café, carimbos com dizeres especiais,

concursos, conferências, cursos, gincanas, jogos, logotipo, seminários, slogans,

treinamento de usuários, visita orientada, caixinha de sugestões, mídia

impressa (jornais revistas, mala direta, outdoor) e eletrônica (rádio, televisão,

luminosos).

Figueiredo (1993) lembra que promoção é apenas uma faceta do marketing, que

pode ser relacionado com educação, pois implica na educação do usuário sobre informação e

serviços/produtos, assim como educação do profissional da informação sobre os usuários,

visando compreender o consumidor e adequar os serviços/produtos. A educação do usuário

pode ser um fator determinante para o sucesso ou fracasso de um sistema de informação, pois

seu papel principal é assegurar a credibilidade e confiança nos serviços/produtos e aumentar o

entendimento e a capacidade para utilização da informação. A educação dos usuários pode ser

feita através de:

• Guias, manuais e formulários.

• Propaganda em cartazes, folhetos e através de outras mídias (botões, plásticos,

quadro de avisos).

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• Publicidade em jornais, rádio, TV, entrevistas; artigos em periódicos

profissionais, em publicações internas do sistema ou da organização; através de

conversas convidativas, unidades móveis, em lojas.

• Abordagem pessoal - visita, observação, entrevista e orientação aos usuários,

demonstrações, apresentação de trabalhos em conferências, reuniões, cartas.

Para ser eficiente, a promoção tem de ser planejada como uma atividade contínua, com uma mistura de muitas, se não de todas as abordagens mencionadas. [...] o efeito da promoção é cumulativo e não ligado a um único esforço. Assim, a repetição, mistura e experiência com abordagens variadas e mesmo não convencionais são necessárias. (FIGUEIREDO, 1993, p. 288).

Em trabalho anterior, Figueiredo (1991, p. 126) aponta como principais meios de

comunicação utilizados para a promoção dos serviços de uma unidade de informação:

• “Propaganda refere-se ao esforço para estimular a demanda de um

produto/serviço pela divulgação de informação importante para a

comunidade”. Pode ser feita através de diversos instrumentos, tais como guias,

cartazes, folhetos, quadro de avisos etc.

• Contato pessoal é um modo efetivo de interação com os usuários.

Diante da revisão de literatura apresentada sobre o assunto, é possível perceber

que não há um consenso em relação à nomenclatura utilizada para os meios de divulgação da

informação, podendo ser chamados de: fontes de informação, canais de informação, veículos

de mídia, instrumentos promocionais, recursos informacionais e meios de comunicação. Nesta

pesquisa científica, visando a adoção de um termo para abarcar todas as formas que as

informações foram transmitidas, e apropriando do conceito de Mueller (2000) para

publicações, optou-se por chamar todos esses meios de divulgação de suportes de

informação (cartazes, folders, e-mails, faixas, filmes, dentre outros). Esta Pesquisa irá

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considerar também outras formas de transferência de informação, como palestras, teatros,

seminários e reuniões.

A utilização destes suportes na transferência da informação será tratada a seguir.

4.2 Transferência da informação

Em um trabalho de revisão de literatura sobre transferência de informação, Araújo

(1997) analisa os modelos do conceito físico, técnico, social, continuum comunicacional e

matemático. Estes modelos, baseados no modelo Aristotélico, concebem a transferência de

informação como um processo de comunicação de uma mensagem, enviada de uma fonte para

um receptor, com o objetivo de mudar seu comportamento, conhecimento, habilidade, atitude

etc., sem, no entanto, considerarem a participação do receptor e transferência de informação

como um processo social. Eles focam, apenas, o emissor e os canais de comunicação,

utilizando o paradigma difusionista, em que, no processo de comunicação, a informação é

transmitida a receptores, do centro a periferia, onde ocorre o uso da informação. Os modelos

não consideram as diferenças em relação à detenção do conhecimento e a subordinação social

existentes entre emissores e receptores, estando os primeiros, geralmente, em uma posição

privilegiada. Para a autora, transferência de informação pode ser definida como:

um conjunto de operações envolvidas na transmissão da informação, desde sua geração à sua utilização. [...] a transferência de informação ocorre quando as informações transmitidas promovem a efetiva tradução do conhecimento em ação, incorporando-as ao mundo do usuário. (ARAÚJO, 1997, p. 118).

Diante do exposto, Araújo (1997, p. 124) propõe o paradigma participativo da

transferência de informação, no qual:

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o receptor também assume um papel ativo no processo de comunicação, ou seja, a transferência de informação só é considerada completa a partir do momento em que o receptor-usuário da informação compreende a mensagem, transformando-a e utilizando-a em situações existenciais concretas. [...] a participação do usuário da informação é essencial para que a transferência da informação ocorra de forma completa e eficaz. [...] não só o emissor transmite informações mas, também o receptor envia para este informações relativas ao seu nível de conhecimento sobre o tema em discussão, bem como, sobre suas necessidades de informação e nível de utilidade das informações recebidas.

Complementando o paradigma participativo da transferência de informação, a

autora apresenta quatro sistemas de conhecimento existentes no processo de comunicação

participativo citados por Cebotarev2. Por se inter-relacionarem, esses sistemas são, ao mesmo

tempo, diferenciados e complementares, gerando, com isso, comunicações simétricas e

equilibradas, conforme representado na FIG. 2:

Emissor/Gerador Receptor/Usuário

de informação de informação

PESQUISA CONJUNTA SOBRE:

− Nível de conhecimento do receptor/usuário sobre o tema discutido;

− Necessidades de informação do usuário sobre o tema discutido;

− Nível de utilidade/incorporação das informações em situações

existenciais concretas do receptor;

− Sistema de conhecimento técnico-

científico ou conhecimento do expert

sobre o tema em discussão;

− Sistema de conhecimento tradicional;

− Sistema de conhecimento sócio-

cultural do receptor;

− Sistema de conhecimento tradicional,

– Sistema de conhecimento relativo à realidade sócio-econômica.

FIGURA 2 - Comunicações simétricas equilibradas

Fonte: ARAÚJO, 1997. p. 124.

2 CEBOTAREV, Elionora. Novas ferramentas para a comunicação interecultural. Trad. Nerima A. C. Marques. Viçosa: Departamento de Economia Doméstica da UFV, 1983.

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O paradigma participativo da transferência de informação descrito por Araújo

(1997, p. 126) propõe um diálogo “informado, horizontal e equilibrado [...] onde ocorrem a

efetiva transmissão de informação e a conseqüente tradução desta em conhecimento através

da incorporação da mesma ao mundo do usuário”. Diante deste processo de transformação da

informação em conhecimento e deste em ação, é possível apresentar a possibilidade da

informação gerar transformação social.

Seguindo a mesma linha teórica, Souza (1983, p. 79) afirma que a transferência de

informação ocorre “quando leva a uma mudança dos conceitos ou idéias do receptor”. Isso

porque, em contato com o mundo, as pessoas vivem um processo dinâmico de formular

conceitos, reformular idéias, organizar experiências, sempre de acordo com seu contexto e

referência cultural. Para o autor, informação “é a mensagem intencionalmente estruturada

para alterar as concepções do receptor, elaborada com o conhecimento prévio, por parte do

emissor, destas concepções” (SOUZA, 1983, p. 77).

Informação, então, tem valor de troca, serve à tomada de decisão e ao processo

ensino-aprendizado, pressupondo a intenção do emissor de modificar opiniões, idéias e

sentimentos do receptor. “A informação só existe quando compartilhada, quer dizer,

transferida” (SOUZA, 1983, p. 77). Para o autor, portanto, a transferência de informação é um

processo, que visa mudar as estruturas mentais do receptor.

Esta questão será discutida no próximo item, ao relacionar como a informação

pode aumentar o interesse das pessoas pelos problemas ambientais.

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4.3 Informação e meio ambiente

A questão do gerenciamento do lixo nas cidades é uma grande preocupação atual,

tanto dos governantes como da população, sendo ela a que está mais próxima dos cidadãos e

do seu cotidiano; pois, independente de sua condição social, todos geram uma quantidade de

lixo diariamente. Com isso, o cidadão acredita que sua responsabilidade acaba a partir do

momento que ele deposita seu lixo doméstico em um saco plástico e o coloca a disposição do

poder público para coleta. No entanto, o problema apenas começa a partir dessa situação. Às

vezes, o poder público não está preparado para solucionar adequadamente o problema do lixo,

expondo a população aos diversos problemas decorrentes da falta de tratamento sanitário, tais

como: epidemias causadas por vetores, contaminação dos solos, do ar e dos lençóis freáticos.

A solução dos problemas relacionados à produção e destinação dos resíduos

sólidos está ligada ao processo de educação ambiental e à compreensão do indivíduo como

parte atuante no meio em que vive. Com isso, “a informação ambiental tem um importante

papel de informar os indivíduos sobre os problemas e soluções viáveis sobre a questão”

(CARIBÉ, 1992, p.41).

Segundo Vieira (1986. p. 203):

Vem-se denominando informação ambiental a esses dados, informações, metodologias e processos de representação, reflexão e transformação da realidade, os quais facilitam a visão holística do mundo e, ademais, contribuem para a compreensão, análise e interação harmônica dos elementos naturais, humanos e sociais.

Para tentar compreender as atitudes dos moradores com relação a problemas

ambientais urbanos, o professor Pedro Jacobi realizou uma pesquisa em 1.000 domicílios em

seis estratos sócio-econômicos da cidade de São Paulo, com o intuito de avaliar o impacto da

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degradação ambiental sobre as condições de vida dos moradores. Por apresentar grandes

diferenças ambientais, devido à diversidade das políticas públicas no atendimento das

demandas dos cidadãos, a pesquisa tentou captar e analisar de forma diferenciada a percepção

da população sobre a questão ambiental, visando compreender como a população percebia,

convivia e lidava cotidianamente com a degradação ambiental.

Para isso, os aspectos ambientais analisados foram:

• conhecimento dos problemas ambientais do bairro e do domicílio;

• Informação/desinformação quanto aos serviços, condições de pagamento e

práticas sociais diante das políticas públicas;

• relações entre saúde e ambiente domiciliar;

• como a população resolve os problemas ambientais e exerce a cidadania.

O estudo mostrou que os moradores das favelas apresentam menor desinformação

quanto à manutenção de equipamentos domiciliares, enquanto as moradias unifamiliares

possuem mais informação sobre os serviços oferecidos e cobrados. Entretanto, é importante

destacar que quase 60% dos entrevistados apresentaram pouco conhecimento sobre o

funcionamento das políticas públicas e do custo efetivo dos serviços entre todos os estratos.

Com isso, a pesquisa revelou que existe o conhecimento e a preocupação dos

moradores em relação aos problemas ambientais, o que indica um amadurecimento na

percepção dos impactos da degradação ambiental e suas conseqüências no cotidiano. No

entanto, mais de 80% dos moradores apontam o poder público como o meio de ação mais

efetivo para resolver os problemas ambientais, o que sinaliza pouca vontade de mobilização

social generalizada. Para a maioria dos moradores, a solução dos problemas ambientais é

possível a partir de uma ação governamental nucleadora, através de campanhas educativas e

de informação para a cidadania, promovendo envolvimento e motivação não só dos cidadãos

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como também de empresas privadas e organizações não-governamentais para um processo

mais interativo.

Os dados mostram que a maioria dos moradores está ciente tanto das soluções e

possibilidades para a prevenção de doenças como dos impactos negativos decorrentes da

degradação ambiental. No entanto, percebe-se um comportamento passivo dos moradores ao

aceitarem uma convivência próxima com os riscos ambientais.

A administração de riscos ambientais é, simultaneamente, um assunto técnico, político e de educação ambiental. Existe a necessidade de ampliar o envolvimento público através de esforços para elevar o nível de consciência dos moradores e estimular sua participação. (JACOBI, 1994, p. 54).

Os resultados da pesquisa indicam a existência de um nível de consciência dos

moradores acerca dos problemas ambientais. O desafio da ação governamental está em como

capturá-lo e gerar um processo multiplicador para expandir seu alcance, através da

implementação de políticas públicas de co-responsabilização na prevenção e solução da

degradação ambiental. Os dados também apontam a superestimação da capacidade das

comunidades de resolverem unilateralmente os problemas ambientais, sendo preciso repensar

a questão e formas de ação, baseadas principalmente em propostas educacionais e

informacionais e no estímulo de mecanismos participativos.

Percebe-se a necessidade de se desenvolver uma consciência ambiental nas

crianças, nas escolas e nas organizações comunitárias. O maior acesso à informação pode

potencializar mudanças comportamentais orientadas para o interesse conjunto da sociedade.

“Neste contexto, o tema da cidadania, enquanto condição de ser portador de direitos e

deveres, é o caminho que leva à construção da consciência ambiental especificamente na

esfera do cotidiano intra-urbano” (JACOBI, 1994, p. 55).

As mobilizações sociais diante da dilapidação do meio ambiente e a deterioração

da qualidade de vida ainda são poucas. Práticas participativas baseadas na informação

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ambiental para a cidadania e em campanhas educativas devem buscar a proteção, preservação,

conservação, recuperação e controle ambiental.

Ao concluir a pesquisa, o autor destacou a necessidade de refletir sobre os

aspectos da informação/desinformação dos moradores e o impacto no seu cotidiano da cidade.

Para isso, é preciso difundir uma educação que discuta as questões ambientais de maneira

interdisciplinar, possibilitando pensá-la individual e socialmente no seu cotidiano. Isso

proporcionaria a percepção dos moradores quanto à responsabilidade pela existência e solução

dos problemas ambientais.

No conjunto de participantes da sociedade, se destaca o papel complementar do

poder público que vai gerir a questão ambiental a partir do compromisso social e da

participação individual que, desse modo, passaria a exercer a sua cidadania ao demandar

soluções para problemas ambientais que afetam a todos. Ser cidadão voltaria a ser um valor

coletivo. Por isso, um cidadão bem informado é capaz de identificar a importância de sua

contribuição nos problemas de sua cidade. Uma ação direcionada ao interesse coletivo pode

ser maximizada pelo amplo acesso à informação, necessário para mudanças de

comportamento, resultando em uma participação social mais ativa e co-responsável.

Seguindo a mesma linha de pensamento, Vieira (1986, p.204) afirma que:

a informação ambiental é um instrumento politizante entre a população (como grupo de demanda e controle) e o governo (como gerenciador dos recursos), bem como um agente propulsor de decisões sócio-políticas, no plano nacional e internacional, uma vez que dá sustentação às negociações políticas sobre utilização dos recursos naturais e bens culturais. [...] cria valores, orienta julgamentos e determina ações que, a médio e longo prazo, afetam a sociedade como um todo.

Portanto, cabe também à ação governamental a divulgação de campanhas para a

prevenção e solução dos problemas ambientais, podendo utilizar, para isso, as técnicas de

marketing. Ao uso do marketing para a divulgação de uma causa ou idéia, visando a mudança

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de comportamento social para a melhoria da qualidade de vida, dá-se o nome de marketing

social, assunto abordado a seguir.

4.4 Informação e marketing social

Por ser um campo de estudo amplo e complexo, uma disciplina não conseguiria

explicar satisfatoriamente a informação. Várias áreas de estudo3 tratam dos diversos enfoques

da informação e seus componentes, tais como: seleção, tratamento, armazenamento,

recuperação, disseminação e comunicação. Segundo Borko (1968, p. 3):

CI é a disciplina que investiga as propriedades e o comportamento da informação, as forças que governam seu fluxo, e os meios de processá-la para otimizar sua acessibilidade e uso. A CI está ligada ao corpo de conhecimentos relativos à origem, coleta, organização, estocagem, recuperação, interpretação, transmissão e uso de informação... Ela tem tanto um componente de ciência pura, através da pesquisa dos fundamentos, sem atentar para sua aplicação, quanto um componente de ciência aplicada, ao desenvolver produtos e serviços.

Saracevic (1996, p. 48) confirma o caráter interdisciplinar da ciência da

informação ao afirmar que “a interdisciplinaridade foi introduzida na CI pela própria

variedade da formação de todas as pessoas que se ocuparam com os problemas descritos”.

Diante disso, é crescente a relação interdisciplinar entre os campos de informação

e marketing nos últimos anos, envolvendo alguns fatores comuns para profissionais e

acadêmicos destas áreas. Kuehl (1973, p. 49) cita algumas características associadas a ambas

as áreas:

3 Saracevic cita como exemplos a ciência da computação, a comunicação e a pesquisa operacional.

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Em termos de metas e objetivos básicos, profissionais de ambas as disciplinas adotam o intento de proporcionar satisfação de necessidades para grupos de usuários através do desenvolvimento e distribuição de produtos e serviços apropriados. Em termos de um contexto organizacional, profissionais de ambas as disciplinas atentam, planejam e operam grandes organizações efetiva e eficientemente em uma variedade de ambientes do setor privado e público. Em termos de perspectivas de pesquisa, especialistas em ambas as áreas de assunto reconhecem a necessidade de encarregar-se de pesquisas conceituais e empíricas que contribuam com um melhor entendimento de (a) objetivos organizacionais e procedimentos e (b) conexão produto-usuário.

Kuehl (1973) acredita que, dentre os vários tópicos específicos que possam

interessar tanto aos profissionais da informação como os especialistas em marketing, o

assunto mais importante e de interesse comum entre as duas áreas é “necessidades do

usuário”. Para o autor, algumas teorias e técnicas de marketing contemporâneo oferecem

novas idéias para profissionais da informação que desejam satisfazer as necessidades dos

usuários e maximizar o impacto dos produtos da informação.

Conhecer bem os seus usuários e/ou o público alvo é a estratégia principal para

uma organização ou uma unidade de informação que queira utilizar as técnicas de marketing

para atingi-los de alguma forma, seja para atender suas necessidades e desejos, divulgar um

produto, um serviço ou uma idéia, ou conquistar uma fatia maior do mercado. Em relação aos

usuários, Amaral (1990, p. 313) afirma que “é imprescindível não só conhecê-los, como saber

quais são os seus interesses, percepções, hábitos, etc”.

Para Figueiredo (1993), a falta de disseminação adequada ou a ausência de

marketing podem resultar na pouca ou não utilização de bons produtos e serviços de

informação A autora afirma que o marketing deve ser orientado ao cliente, devendo para isso

identificar os grupos de clientes em potencial, descobrir tudo sobre suas necessidades e

desejos e tentar satisfazê-los com o produto ou serviço adequado, através de uma promoção

certa e disponibilização no tempo e no local certos.

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Marketing da informação é um agregado de atividades dirigidas à satisfação das necessidades e desejos humanos de informação, através de processos de troca; marketing implica considerar todo o serviço ou produto de informação sob o ponto de vista dos resultados finais, isto é, do ponto de vista do uso e do usuário. (FIGUEIREDO, 1993, p. 282).

Sendo a troca de produtos ou serviços para satisfazer as necessidades e os desejos

das pessoas o objetivo principal do marketing, “os sistemas de informação ao relacionarem-se

como mercado, no sentido de trocarem informações, estão empenhados em atividades de

marketing” (SILVEIRA, 1986, p. 46). A utilização das técnicas do marketing em sistemas de

informação visa promover trocas de informação onde não existem e estimular trocas onde

existem, visando sensibilizar o usuário para um maior uso da informação.

Kotler & Armstrong (1993, p. 2) definem marketing “como o processo social e

gerencial através do qual indivíduos e grupos obtêm aquilo de que necessitam e desejam por

meio da criação e troca de produtos e valores”. No entanto, nos últimos anos o conceito de

marketing tem se ampliado, passando a ser visto como um processo social.

Maximizar a qualidade de vida é um dos objetivos do marketing, além de

maximizar o consumo, a satisfação do consumidor e a variedade de produtos para a escolha

do consumidor. Com isso, profissionais da área têm aplicado as perspectivas e o conteúdo de

marketing em áreas diversas, tais como: planejamento familiar, de serviços de saúde e

programa de serviço público. Além de satisfazer as necessidades e os desejos das pessoas, o

marketing passou também a atender os interesses das mesmas, proporcionando a manutenção

ou o aumento do bem-estar do consumidor e da sociedade. Deste modo surgiu o conceito de

marketing social, ao questionar se o marketing tradicional “é adequado a uma época de

problemas ambientais, escassez de recursos naturais, rápido crescimento populacional,

inflação mundial e negligência de serviços sociais” (KOTLER & ARMSTRONG, 1993, p. 8).

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Para os autores, “marketing social é o design, implementação e controle de

programas que buscam aumentar a aceitabilidade de uma idéia, causa, ou prática social entre

um grupo-alvo” (KOTLER & ARMSTRONG, 1993, p. 421).

É possível identificar campanhas de mudança social já nos tempos da Grécia e

Roma antigas, quando foram lançadas campanhas de libertação de escravos. Atualmente, as

campanhas de mudança visam atingir seus objetivos de influenciar, determinar e modificar

idéias e práticas, atuando em diversas áreas de interesse social, entre elas: saúde (campanhas

contra o fumo e as drogas, prevenção do câncer de mama), meio ambiente (economia de água

e energia elétrica, proteção dos animais silvestres, prevenção de poluições em geral),

educação (diminuição do índice de analfabetismo, melhoria das escolas públicas), social

(campanhas de multivacinação infantil e doações para desabrigados).

O termo marketing social surgiu em 1971, relacionando o uso do marketing com a

divulgação de uma causa, idéia ou comportamento social. Segundo a definição de Kotler &

Roberto (1992, p. 25):

marketing social é uma estratégia de mudança do comportamento. Ele combina os melhores elementos das abordagens tradicionais da mudança social num esquema integrado de planejamento e ação e aproveita os avanços na tecnologia das comunicações e na capacidade de marketing.

O objetivo do marketing social é motivar mudança social para a melhoria da

qualidade de vida. As campanhas podem ser para produzir compreensão (importância do

esporte para a saúde), provocar uma ação única (campanha de imunização em massa), alterar

um comportamento (campanha antitabagista) ou mudar uma crença básica (convencer os

empresários a contratarem deficientes físicos).

As campanhas de informação e persuasão foram estudadas sistematicamente por

cientistas sociais norte-americanos, devido à incapacidade de influenciar o conhecimento e a

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mudança de atitude. Hyman & Sheatsley4, citados por Kotler & Roberto (1992), concluíram

que muitas vezes essas campanhas fracassam porque:

1. Existe um grupo de “ignorantes crônicos” ou “desinformados” que possuem

alguma característica que os torna mais difíceis de serem atingidos pelas

campanhas, independente do nível ou da natureza das informações.

2. O envolvimento de um grupo com uma questão influencia diretamente a

probabilidade de um integrante reagir às informações novas. Se muitas pessoas

estiverem interessadas, muitas outras reagirão.

3. A compatibilidade das atitudes anteriores do grupo possibilita o aumento da

probabilidade de uma pessoa ser receptiva à novas informações.

4. As pessoas interpretam de maneiras diferentes as informações que recebem, de

acordo com suas crenças e valores, reagindo de formas distintas a um mesmo

material.

Com o decorrer dos anos, os cientistas sociais concluíram que a eficiência da

comunicação de massa para alterar atitudes ou comportamentos é limitada. Kotler & Roberto

(1992, p. 8) citam alguns fatores que comprometem a aplicação dos meios de comunicação de

massa:

1. Fatores relacionados com o público, como apatia, o defensivismo e a incapacidade cognitiva.

2. Relacionados com a mensagem, como as mensagens que não transmitem vantagens motivadoras reais aos cidadãos de forma a atrair atenção.

3. Ligados à mídia, como a incapacidade de usar os veículos apropriados de comunicação na hora certa ou de forma eficaz, ou a incapacidade de atingir os adotantes escolhidos como alvo através da mídia, aos quais eles são mais receptivos.

4. Os relacionados com o mecanismo de resposta, como a incapacidade de proporcionar aos cidadãos receptivos e motivados uma maneira fácil e conveniente de responder positivamente aos objetivos de uma campanha e pôr em prática as suas intenções.

4 HYMAN, Herbert H.; SHEATSLEY, Paul B. Some reasons why information campaign fail. Public Opinion Quartely, Chicago, v. 2, p. 412-423, 1947.

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O plano de marketing social deve definir os objetivos da mudança social, analisar

as atitudes do público alvo e das forças concorrentes, desenvolver canais apropriados para a

comunicação e distribuição da idéia para, finalmente, checar os resultados.

No próximo capítulo, sendo imprescindíveis para a realização desta pesquisa,

serão apresentados conceitos básicos de resíduos sólidos, coleta seletiva e reciclagem.

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5 RESÍDUOS SÓLIDOS, COLETA SELETIVA E RECICLAGEM

O lixo não é um problema histórico, mesmo porque ele foi considerado como tal,

há poucos anos, se considerada toda a existência do ser humano. No passado, o lixo era

constituído exclusivamente de matéria orgânica. As concentrações humanas eram pequenas e,

em conseqüência, o destino dos resíduos produzidos pelo homem era de fácil solução, sendo

comum serem enterrados, prática esta que resolvia dois aspectos: controle de vetores e

fertilização do solo.

O lixo evoluiu ao longo da história do homem. O que no passado era constituído

exclusivamente de matéria orgânica e tinha fácil destinação, sendo enterrados, atualmente,

diante do crescimento da população e da industrialização, modificou a composição e gerou

problemas com a destinação. O crescimento populacional e o avanço do processo de

industrialização fizeram com que não só houvesse uma maior produção de lixo, mas também

que sua composição se modificasse ao longo desse período.

A palavra lixo, derivada do termo latim lix e significa cinza. (LIXO.COM.BR,

2002). Existem vários conceitos sobre o lixo. Lixo pode ser tudo aquilo que perdeu a utilidade

para nós ou que não queremos mais usar. Lixo pode ser qualquer coisa velha. Lixo pode ser

um material inútil, indesejado ou descartado. Lixo: “o que se varre da casa, da rua, e se joga

fora; entulho. Coisa imprestável” (FERREIRA, 1986, p. 1.042). Lixo, na linguagem técnica, é

sinônimo de resíduos sólidos, conceituado como:

... o resultado de processos de diversas atividades da comunidade de origem: industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e ainda de varrição pública. Os resíduos apresentam-se nos estados sólido, semi-sólido e líquido. Ficam incluídos nesta definição tudo o que resta dos sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades

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tornem inviável seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos d´água, ou aqueles líquidos que exijam para isto soluções técnicas e economicamente viáveis de acordo com a melhor tecnologia possível. (AMBIENTE BRASIL, 2002).

O site Lixo.com.br (2002) apresenta a classificação do lixo segundo Menin5:

• Lixo urbano: Formado por resíduos sólidos em áreas urbana, inclua-se aos

resíduos domésticos, os efluentes industriais domiciliares (pequenas industria

de fundo de quintal) e resíduos comerciais.

• Lixo domiciliar: Formado pelos resíduos sólidos de atividades residenciais,

contém muita quantidade de matéria orgânica, plástico, lata, vidro.

• Lixo comercial: Formado pelos resíduos sólidos das áreas comerciais

Composto por matéria orgânica, papéis, plástico de vários grupos.

• Lixo público: Formado por resíduos sólidos produto de limpeza pública (areia,

papéis, folhagem, poda de árvores).

• Lixo especial: Formado por resíduos geralmente industriais, merece

tratamento, manipulação e transporte especial, são eles, pilhas, baterias,

embalagens de agrotóxicos, embalagens de combustíveis, de remédios ou

venenos.

• Lixo industrial: Nem todos os resíduos produzidos por industria, podem ser

designados como lixo industrial. Algumas industrias do meio urbano produzem

resíduos semelhantes ao doméstico, exemplo disto são as padarias; os demais

poderão ser enquadrados em lixo especial e ter o mesmo destino.

• Lixo de serviço de saúde (RSSS): Os serviços hospitalares, ambulatórios,

farmácias, são geradores dos mais variados tipos de resíduos sépticos,

resultados de curativos, aplicação de medicamentos que em contato com o

5 MENIN, Delza de Freitas. Ecologia de A a Z: pequeno dicionário de ecologia. Porto Alegre: L&PM, 2000.

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meio ambiente ou misturado ao lixo doméstico poderão ser patogênicos ou

vetores de doenças, devem ser destinados à incineração.

• Lixo atômico: Produto resultante da queima do combustível nuclear, composto

de urânio enriquecido com isótopo atômico 235. A elevada radioatividade

constitui um grave perigo à saúde da população, por isso deve ser enterrado em

local próprio, inacessível.

• Lixo espacial: Restos provenientes dos objetos lançados pelo homem no

espaço, que circulam ao redor da Terra com a velocidade de cerca de 28 mil

quilômetros por hora. São estágios completos de foguetes, satélites

desativados, tanques de combustível e fragmentos de aparelhos que explodiram

normalmente por acidente ou foram destruídos pela ação das armas anti-

satélites.

• Lixo radioativo: Resíduo tóxico e venenoso formado por substâncias

radioativas resultantes do funcionamento de reatores nucleares. Como não há

um lugar seguro para armazenar esse lixo radioativo, a alternativa

recomendada pelos cientistas foi colocá-lo em tambores ou recipientes de

concreto impermeáveis e a prova de radiação, e enterrados em terrenos

estáveis, no subsolo.

A coleta seletiva é o processo de separação dos materiais recicláveis (papéis,

vidros, plásticos e metais) do restante do lixo nas suas próprias fontes geradoras, sejam elas

residências, escolas, escritórios, etc. Esses materiais são recolhidos à parte e encaminhados

para um Centro de Triagem, no qual passam por uma seleção mais fina. A diminuição da

quantidade de resíduos dispostos em aterros e outros locais, obtida através da coleta seletiva,

contribui para tentar solucionar o problema da falta de áreas para instalação de novos aterros

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sanitários e melhorias na qualidade ambiental, uma vez que a reciclagem realizada neste

processo produz menos resíduos do que o simples descarte do lixo.

Para se proceder a coleta seletiva, é essencial que o material seja separado e

acondicionado. Os vasilhames (vidro, lata e plástico) devem estar limpos após o uso. Assim,

evita-se o surgimento de cheiro e o aparecimento de animais, aumentando o valor de revenda.

Os papéis devem estar secos e de preferência não amassados, pois ocupam menos espaço e

têm mais valor. As latas, além de limpas, devem ter as tampas pressionadas para dentro e os

materiais cortantes, como vidro quebrado e outros, devem ser embalados em papéis grossos

(jornais, por exemplo) para evitar acidentes.

Como vantagens da coleta seletiva é possível citar:

• Diminui a exploração de recursos naturais renováveis e não-renováveis.

• Reduz o consumo de energia.

• Diminui a poluição do solo, água e ar.

• Diminui a proliferação de doenças e a contaminação de alimentos.

• Prolonga a vida útil dos aterros sanitários.

• Melhora a qualidade do composto produzido a partir da matéria orgânica.

• Melhora a limpeza da cidade ao diminuir o depósito de lixo em lugares

clandestinos.

• Contribui para formação de uma consciência ecológica.

• Possibilita a reciclagem de materiais que iriam para o lixo.

• Diminui os custos da produção, com o aproveitamento de recicláveis pelas

indústrias.

• Diminui o desperdício.

• Cria oportunidade de fortalecer organizações comunitárias.

• Gera empregos para a população não qualificada.

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• Gera renda pela comercialização dos recicláveis.

Para facilitar e incentivar a coleta seletiva do lixo, o Conselho Nacional de Meio

Ambiente – CONAMA estabeleceu, através da Resolução nº. 275 de 25 de abril 2001, o

código de cores para os diferentes tipos de resíduos, a ser adotado na identificação de

coletores e transportadores, bem como nas campanhas informativas para educação ambiental

e reciclagem, conforme descrito abaixo:

• Azul: papel/papelão.

• Vermelho: plástico.

• Verde: vidro.

• Amarelo: metal.

• Preto: madeira.

• Laranja: resíduos perigosos.

• Branco: resíduos ambulatoriais e de serviços de saúde.

• Roxo: resíduos radioativos.

• Marrom: resíduos orgânicos.

• Cinza: resíduo geral não reciclável ou misturado, ou contaminado não passível

de separação.

Reciclar é economizar energia, poupar recursos naturais e trazer de volta ao ciclo

produtivo o que jogamos fora. A palavra reciclagem foi introduzida ao vocabulário

internacional no final da década de 80, quando foi constatado que as fontes de petróleo e

outras matérias-primas não renováveis estavam e estão se esgotando. Para compreendermos a

reciclagem, é importante "reciclarmos" o conceito que temos de lixo, deixando de enxergá-lo

como uma coisa suja e inútil em sua totalidade. O primeiro passo é perceber que o lixo é fonte

de riqueza e que para ser reciclado deve ser separado. Ele pode ser separado de diversas

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maneiras, sendo a mais simples separar o lixo orgânico do inorgânico (lixo molhado/ lixo

seco).

A reciclagem se caracteriza por operações de transformação de certos materiais

como os plásticos, vidros, papéis e metais, em matéria-prima para a produção de coisas novas.

A transformação de matéria orgânica em composto é uma forma de reciclagem. Reciclar é

“fazer passar por novo ciclo. Reaproveitar (material já utilizado, como papel, vidro, metal,

lixo) na obtenção ou fabricação de novos produtos” (FERREIRA, 1986, p. 1.462).

Uma das grandes vantagens da reciclagem é a diminuição do volume de lixo que

seria destinado aos aterros sanitários, além da redução na extração de matérias-primas da

natureza e geração de empregos para milhares de catadores que sobrevivem do lucro obtido

através da venda dos recicláveis.

5.1 Gerenciamento de resíduos sólidos

Com a evolução do ser humano, e do próprio lixo em si, os resíduos vêm

aumentando sua quantidade e a sua diversidade; passaram a ter formas mais corretas de

destinação do ponto de vista ambiental. É possível citar as seguintes formas de tratamento e

disposição final do lixo:

• Aterro sanitário - é uma forma de disposição de resíduos sólidos no solo, que

permite confinamento seguro, em termos de controle da poluição ambiental e

proteção à saúde pública. Em um aterro, os resíduos são dispostos em camadas,

compactados por um trator de esteiras e cobertos com terra, evitando-se assim,

os seguintes inconvenientes: espalhamento de materiais; propagação de odores,

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fogo e fumaça; proliferação de ratos, baratas e moscas; atividade marginal de

catação; alimentação de animais.

• Incineração - os incineradores são lugares próprios para a queima do lixo. A

incineração dos resíduos em relação às demais formas de destinação do lixo

tem, como principal vantagem, a redução do volume. As cinzas que resultam

do processo de combustão representam 25% do total incinerado, além da

neutralização da ação de vírus e bactérias, que muitas vezes fazem parte dos

resíduos, através das altas temperaturas e a utilização da energia calorífica que

é liberada durante o processo. Ao mesmo tempo existe a possibilidade de

contaminação do ar na região, liberando substâncias tóxicas e cancerígenas.

• Usina de compostagem - compostagem é um processo biológico, através do

qual os microrganismos convertem a parte orgânica dos resíduos sólidos

urbanos num material tipo húmus, conhecido como composto. A

compostagem, embora seja um processo controlado, pode ser afetada por

diversos fatores físico-químicos que devem ser considerados, pois, para se

degradar a matéria orgânica existem vários tipos de sistemas utilizados.

• Reciclagem - consiste em reaproveitar todos os artigos que normalmente

seriam jogados no lixo.

• Lixão - é um espaço aberto, localizado geralmente na periferia das cidades,

onde o lixo fica apodrecendo, ou então é queimado, causando grande poluição

do ar, do solo e das águas... Essas verdadeiras montanhas, visíveis por qualquer

um que passe por esses locais, atraem animais transmissores de doenças

(chamados vetores), como insetos e ratos, que vão se alimentar daqueles restos

e, pessoas miseráveis, inclusive crianças, à procura de materiais, objetos e

peças que tenham algum valor de revenda, ou que lhes sirvam de algum modo.

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5.2 Coleta de lixo em Belo Horizonte

Mesmo antes da inauguração de Belo Horizonte em 12 de dezembro de 1897, a

Comissão Construtora da Capital do Estado de Minas Gerais já se preocupava com as

questões de higiene e salubridade, criando, então, Divisões para organizar e executar os

serviços municipais da cidade. A Terceira Divisão ficou incumbida da limpeza urbana de 116

quarteirões da zona urbana e adjacências. A coleta de lixo era feita por dois carroções, sem

horário e itinerário determinados e o lixo, depositado em local afastado da cidade e incinerado

a céu aberto com querosene. Desde então, muitos fatos sucederam a história da limpeza

urbana em Belo Horizonte, conforme resumo cronológico a seguir:

• 1902 - instituição da cobrança da taxa de lixo.

• 1910 - criação da Polícia Sanitária para fiscalização das ruas e das instituições

públicas.

• 1914 - instalação do forno de incineração de lixo domiciliar nas proximidades

do Parque Municipal (Horto Florestal).

• 1924 - Prefeitura inicia a substituição dos veículos de tração animal por

automotores na coleta/remoção de lixo.

• 1930 - desativação do forno de incineração e implantação do tratamento de lixo

nas celas (câmaras) de fermentação “Beccari”, construídas nas fazendas da

Gameleira, do Horto e da Baleia.

• 1948 - realização da primeira campanha educativa para limpeza urbana.

• 1952 - remoção dos depósitos de lixo dos Matadouros Velho e Modelo, nas

proximidades do Bairro São Paulo, para a Várzea do Felicíssimo, no terreno da

Fazenda Canoas, nas imediações de onde hoje é o Bairro Salgado Filho.

• 1966 - expansão da coleta de lixo domiciliar.

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• 1971 - deslizamento provocado por uma enchente no Vazadouro do “Morro

das Pedras”, local conhecido como “Boca do Lixo” onde, há mais de uma

década, a deposição do lixo era a céu aberto e mais de 300 pessoas moravam e

sobreviviam da catação de detritos naquele “lixão”.

• 1972 - contratação de consultoria para a elaboração do primeiro Plano Diretor

de Limpeza Urbana de Belo Horizonte.

• 1973 - cessão dos terrenos das Fazendas Taiobeiras e Capitão Eduardo,

desapropriadas no ano anterior pela Prefeitura, para a instalação de novas áreas

destinadas ao tratamento e à deposição final de resíduos sólidos.

• 1975 - inauguração do Aterro Sanitário da BR-040 na Fazenda Taiobeiras e da

Usina de Beneficiamento do Lixo.

• 1983 - divulgação de projeto educativo em escolas para incutir uma nova

cultura com relação à limpeza urbana no cidadão belo-horizontino.

• 1987 - desmembramento de parte da Fazenda Capitão Eduardo, terreno

destinado ao aterro sanitário, para implantação de conjuntos habitacionais.

• 1991 - início da implantação da coleta seletiva em escolas, com projeto piloto

no Colégio Arnaldo e no Sindicato dos Jornalistas.

• 1993 - implantação do novo Projeto de Coleta Seletiva, com inauguração dos

primeiro Locais de Entrega Voluntária - LEVs. Início das campanhas “BH

Reciclando” e “BH Mais Limpa”

• 1994 - implantação da coleta seletiva de vidros (convênio entre a SLU, o

BEMGE, a PETROBRÁS, a Santa Casa de Misericórdia e a ABIVIDRO).

Ampliação do número de LEVs e planejamento de sua coleta.

Em Belo Horizonte, a Secretaria Municipal de Limpeza Urbana – SMLU é

responsável pela gestão dos resíduos sólidos. Este órgão ligado à Prefeitura emprega, nos

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serviços de limpeza urbana mão-de-obra própria e contratada, atendendo, aproximadamente,

91% da população de Belo Horizonte.

O lixo doméstico e comercial produzido na cidade é composto por 65% de matéria

orgânica, 27% de materiais recicláveis (papel, metal, vidro, plástico e resíduos provenientes

da construção civil) e 8% de rejeitos, que são os resíduos não recicláveis, incluindo também

aqueles provenientes das unidades de serviço de saúde da cidade. A coleta de lixo é feita por

veículos diferenciados, levando-se em consideração o tipo de resíduos e o seu lugar de

origem. Cada resíduo vai para diferentes unidades de tratamento, inclusive os recicláveis.

A coleta domiciliar é o conjunto de atividades concernentes ao recolhimento e

transporte, de forma adequada, de resíduos previamente acondicionados, gerados em

residências, estabelecimentos comerciais, instituições públicas e de prestação de serviços, até

o local de disposição final. São utilizados neste serviço, caminhões compactadores nas ruas

pavimentadas e caminhões de carroceria aberta basculante nas ruas de terra e nas vilas e

favelas (nos acessos possíveis), com freqüência diária ou alternada (três vezes por semana).

A execução desta atividade é precedida de planejamento detalhado, campanhas

educativas e ações de mobilização desenvolvidas pela SMLU. O planejamento consiste na

elaboração de diagnósticos, dimensionamento das unidades de coleta e roteiros de coleta com

discriminação dos horários de trabalho previstos. Os resíduos da coleta domiciliar e comercial

são destinados ao aterro sanitário do complexo de tratamento da BR-040, onde a Prefeitura

adotou a tecnologia de Aterro Celular associada à Biorremediação. De janeiro a maio de 2003

foram recolhidas 294.706,08 toneladas de resíduos domiciliares e comerciais.

No caso dos resíduos orgânicos, recolhidos em supermercados, feiras e sacolões, o

material é levado para a Unidade Compostagem da Prefeitura, onde é transformado em

composto para uso em hortas escolares, parques e praças da cidade, mantidos pela Prefeitura.

Até maio de 2003, 586,76 toneladas desses resíduos foram destinadas à reciclagem.

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Os resíduos de deposição clandestina são constituídos predominantemente de

entulho, terra e areia depositados irregularmente em locais públicos. A remoção de forma

adequada desses resíduos é realizada por pás-carregadeiras e o transporte por veículos báscula

ou carroceria de madeira. Parte do entulho da construção civil é destinado às Estações de

Reciclagem de Entulho da Pampulha e do Estoril. De janeiro a maio de 2003 foram recolhidas

226.828,87 toneladas de resíduos da construção civil.

Os resíduos de serviço de saúde são previamente acondicionados e apresentados

em contêineres especiais, gerados em estabelecimentos de serviços de saúde e em hospitais,

casas de saúde, sanatórios, prontos-socorros, clínicas médicas e veterinárias, postos de saúde,

laboratórios e farmácias, até o local de disposição final. É executada em veículos

compactadores e/ou veículos leves adaptados exclusivamente para a atividade. De janeiro a

maio de 2003 foram coletadas 5.416,11 toneladas de resíduos de serviços de saúde.

A coleta seletiva dos recicláveis em Belo Horizonte é feita ponto a ponto com o

uso de equipamentos (contêineres) destinados a receber papel, metal, vidro e plástico. Esses

recicláveis são separados e levados voluntariamente pela população até os Locais de Entrega

Voluntária – LEVs, onde estão instalados os contêineres. Os LEVs estão implantados em

diversos locais públicos, como escolas, igrejas, praças, postos de gasolina, hospitais etc.

Posteriormente, os materiais são recolhidos dos LEVs e comercializados pela Associação de

Catadores de Papel, Papelão e Material Reaproveitável – ASMARE6 e pela Santa Casa.

A Coleta Seletiva em Belo Horizonte incorpora os catadores como parceiros

prioritários no recolhimento do papel, plástico e metal, aliando os aspectos ambiental e social

da reciclagem. Os materiais recicláveis (papel, metal, vidro e plástico) vão para os galpões de

triagem. Nestes locais, eles são separados e, depois, comercializados pela ASMARE. Belo

6 A Associação dos Catadores de Papel, Papelão e Material Reaproveitável de Belo Horizonte – ASMARE foi fundada em maio de 1990, com a ajuda da Pastoral de Rua. A atividade da ASMARE consiste em captar materiais recicláveis, como papéis, metais e plásticos, para comercialização direta década gênero, ou transformar e criar produtos em condições de serem comercializados.

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Horizonte conta com dois galpões de triagem para recebimento e manejo dos materiais

recicláveis coletados nos LEVs e no trabalho cotidiano dos catadores, possibilitando o seu

reconhecimento como profissionais da coleta seletiva.

De janeiro a maio de 2003, foram recolhidas dentro do Programa de Coleta

Seletiva de Materiais Recicláveis, 3.107,76 toneladas de papel, metal, vidro e plástico. Em

maio de 2003, foram recolhidas 663,77 toneladas desses materiais.

O lixo é hoje um dos problemas sociais mais graves que as cidades enfrentam e é,

também, fator determinante para um meio ambiente saudável. Só prestar serviços de limpeza

urbana não resolve o problema. A questão do trato com o lixo é cultural e deve ser

equacionada com a responsabilidade compartilhada entre o poder público e cidadãos.

Ciente disso e considerando a necessidade de alterar práticas inadequadas em

relação à manutenção da limpeza urbana, a Prefeitura de Belo Horizonte desenvolve um

Programa de Comunicação e Mobilização Social com caráter educativo, sensibilizatório e

organizativo. O objetivo é envolver e fazer com que a população participe efetivamente na

busca de soluções para os problemas decorrentes da geração dos resíduos sólidos. A

mobilização social, entendida como um elemento cotidiano, é feita, entre outras atividades,

pela abordagem corpo-a-corpo de pedestres e motoristas, em reuniões com a sociedade

organizada, em ações integradas em bairros, em treinamentos e oficinas, e em eventos

culturais, como caminhadas e ruas de lazer.

O trabalho de educação ambiental desenvolvido pela Secretaria Municipal de

Limpeza Urbana objetiva, principalmente, minimizar os impactos ambientais decorrentes da

geração dos resíduos sólidos urbanos, através da redução da produção de rejeitos e do máximo

reaproveitamento dos materiais, através da reutilização e da reciclagem.

As campanhas educativas buscam envolver a população nos programas de coleta

seletiva; de compostagem; de reciclagem de entulho; de educação para a limpeza urbana na

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região central, em bairros, vilas e favelas da cidade, e nos programas de valorização cidadã

dos garis, dos catadores de papel e dos carroceiros transportadores de entulho. O trabalho é

executado por uma equipe multidisciplinar, no qual o lúdico e a arte têm papel de destaque,

com utilização de recursos teatrais. O contato com a população se dá em diversos espaços

urbanos, como escolas, igrejas, vilas, ruas e praças, através de abordagem corpo-a-corpo, de

reuniões com a sociedade organizada, de ações integradas, de treinamentos e da participação

em eventos culturais.

5.3 Coleta seletiva na UFMG - breve histórico

O Programa de Administração e Gerenciamento de Resíduos Sólidos – PAGERS

é uma proposta de atuação da Universidade Federal de Minas Gerais, através de aspectos

educacionais e técnicos, frente à questão dos resíduos sólidos. O Programa é desenvolvido

pelo Grupo de Estudos de Resíduos Sólidos – GERESOL e pela Comissão Técnica de

Resíduos – CTR, com o objetivo de formatar diretrizes básicas para o gerenciamento de

resíduos sólidos produzidos na UFMG e que alicercem uma nova política ambiental da

Instituição.

Antes da implantação do PAGERS, em setembro de 1993, a Professora Ilka

Soares Cintra, do Departamento de Cartografia do Instituto de Geociências da UFMG,

recebeu o convite para assessorar o Subprojeto de Coleta Seletiva de Papel nas Instituições de

Ensino Superior de Belo Horizonte, dentro do Programa de Coleta Seletiva de Inorgânicos da

Superintendência de Limpeza Urbana da Prefeitura de Belo Horizonte. Nesse trabalho, houve

a realização de um estudo preliminar do lixo produzido em algumas unidades da UFMG, com

o objetivo inicial de se implantar o Projeto de coleta seletiva de papel. Com vistas a incentivar

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programas que conduzam à redução da produção de resíduo, ao reaproveitamento e à

reciclagem de materiais, foi proposto pela Secretaria Municipal de Limpeza Urbana (antiga

SLU), em setembro de 1994, o Projeto de Coleta Seletiva de Papel nas Unidades Pertencentes

à UFMG (ANEXO A) como marco inicial do gerenciamento do principal lixo gerado pelas

unidades, tanto acadêmicas quanto administrativas.

Das 13 unidades localizadas no centro de Belo Horizonte, tiveram a implantação

oficial do projeto: Faculdade de Farmácia, Escola de Enfermagem, Escola de Engenharia,

Faculdade de Direito, Faculdade de Odontologia e Faculdade de Medicina. Das 26 unidades

localizadas no campus Pampulha também participaram do Projeto: Instituto de Geociências,

Centro Pedagógico, Departamento de Serviços Gerais, Centro de Desenvolvimento da

Criança e Escola de Belas Artes.

Em setembro de 1996, acreditando na necessidade de um trabalho mais amplo em

relação ao lixo da Universidade, a Professora Ilka entrou em contato com a Pró-reitoria de

Administração para discussão sobre a possibilidade de se criar um grupo para estudar o lixo

da Universidade. A Pró-Reitoria de Administração, preocupada com a questão dos resíduos

gerados na Universidade Federal de Minas Gerais e empenhada em buscar novas formas de

gestão que procurassem otimizar recursos, apoiou a criação do Programa de Administração e

Gerenciamento de Resíduos Sólidos – PAGERS.

A proposta inicial do Programa foi apresentada à Reitoria e ao Conselho de

Diretores da UFMG em 18 de abril de 1997 (ANEXO B). Em 30 de junho de 1997, o

Programa foi formalmente instituído através da Portaria nº. 02364 da Pró-Reitoria de

Administração, tendo sido criado concomitantemente o GERESOL – Grupo de Estudos de

Resíduos Sólidos, responsável pelo funcionamento do Programa.

Em 1998, uma nova proposta foi apresentada à Reitoria, visando o

redimensionamento do PAGERS e apontando a construção de um modelo de intervenção

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onde todos os projetos relacionados aos resíduos sólidos da Universidade devessem seguir

uma política única, coerente para uma instituição de ensino superior (ANEXO C).

A proposta foi aprovada pelo Magnífico Reitor e, para dar continuidade aos

trabalhos, a coordenação do PAGERS apresentou a sugestão de criação de uma Comissão

Técnica de Resíduos, idealizada como o recurso humano do Programa para o estabelecimento

e desenvolvimento das ações referentes aos resíduos sólidos. Assim, em 09 de setembro de

1999, a Comissão foi instituída pela Reitoria através da Portaria nº. 02384/99.

Atualmente, o Programa de Administração e Gerenciamento de Resíduos Sólidos

está vinculado à Pró-Reitoria de Administração e à Pró-Reitoria de Extensão. É importante

esclarecer que a comunidade da Universidade adotou a sigla GERESOL como sendo o nome

do Programa e passou a utilizá-la no material informativo, nas correspondências e demais

formas de contato com o público. Assim, a sigla GERESOL será usada nesta pesquisa para

identificar o setor responsável pelo Programa de Administração e Gerenciamento de Resíduos

Sólidos da UFMG.

O GERESOL tem como objetivos:

• Suprir a inexistência de dados qualitativos e quantitativos sobre os resíduos

sólidos produzidos na Universidade.

• Promover uma possível economia nos gastos com o pagamento feito à

Secretaria Municipal de Limpeza Urbana – SMLU para o descarte do lixo na

Universidade.

• Facilitar o intercâmbio com outras instituições sobre a questão dos resíduos

sólidos.

• Favorecer o desenvolvimento de técnicas de manejo do lixo universitário e

respaldar outras do poder público municipal.

• Buscar, com maior embasamento, auxílio a órgãos de fomento.

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• Estabelecer, na UFMG, uma linha de pesquisa de reciclagem através da

revisão, re-estudo dos processos atuais com vistas a melhoria e/ou

desenvolvimento de novas tecnologias.

• Definir diretrizes para estimular a comunidade acadêmica a assumir uma

atitude responsável perante o lixo.

• Dar continuidade ao Programa de coleta seletiva implantado em algumas

unidades da UFMG com enfoque na redução da produção de resíduos.

Segundo a Coordenadora do GERESOL, dentre as onze unidades onde o Projeto

de coleta seletiva de papel foi implantado, deveriam ser escolhidas as experiências mais

recentes, que tiveram continuidade, o processo documentado pelo GERESOL e que fosse

possível localizar os responsáveis por sua coordenação. Assim sendo, ela indicou seis

unidades que poderão oferecer melhores possibilidades de estudo sobre o Projeto de coleta

seletiva de papel, sendo estas: Centro Pedagógico, Faculdade de Farmácia, Escola de

Enfermagem, Escola de Engenharia Instituto de Geociências e Departamento de Serviços

Gerais.

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6 METODOLOGIA

Segundo Rehfeldt (1980, p. 62), a dissertação é a “aplicação de uma teoria já

existente, para analisar determinado problema”. Marconi & Lakatos (1990, p. 19) apresentam

a classificação dos tipos de pesquisa existentes e fazem referência a Best7, que define a

pesquisa descritiva como aquela que “delineia o que é – aborda também quatro aspectos:

descrição, registro, análise e interpretação de fenômenos atuais, objetivando o seu

funcionamento no presente”. Por isso, baseando-se em teorias da ciência da informação e de

coleta seletiva de lixo, esta dissertação pretende analisar, dentro da linha de pesquisa

Informação, Cultura e Sociedade, o processo de transferência da informação realizado no

Projeto de Coleta Seletiva de Papel nas Unidades Pertencentes à UFMG, investigar se ocorreu

a sensibilização do público alvo em favor da coleta seletiva e da educação ambiental, sob a

ótica dos responsáveis pela implantação do Projeto.

A metodologia deste trabalho científico teve como abordagem metodológica a

pesquisa descritiva, que se justifica por esta procurar observar, registrar, analisar e

correlacionar fatos ou fenômenos, sua natureza e características, sem a interferência do

pesquisador, ou seja, analisar a eficácia dos suportes de informação e outras formas de

transferência de informação utilizados.

GIL (1994, p. 78) afirma que “o estudo de caso é caracterizado pelo estudo

profundo e exaustivo de um ou de poucos objetos, de maneira a permitir conhecimento amplo

e detalhado do mesmo”. O estudo de caso foi o tipo de pesquisa de campo utilizada, pois esta

fez um estudo profundo da implantação do Projeto de Coleta Seletiva de Papel nas Unidades

7 BEST, J. W. Como investigar en educación. 2.ed. Madrid: Morata, 1972.

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Pertencentes à UFMG, buscando conhecer aspectos variados de seu funcionamento, examinar

as dificuldades encontradas para a manutenção do Projeto e seus resultados.

Para tanto, tornava-se necessário conhecer e analisar o Projeto de Coleta Seletiva

de Papel nas Unidades Pertencentes à UFMG, seus objetivos e métodos de ação. Com essa

finalidade, os seguintes passos foram dados visando o desenvolvimento da pesquisa:

1º. PASSO: pesquisa bibliográfica

Primeiramente, realizou-se uma pesquisa através do site do Programa de

Administração e Gerenciamento de Resíduos Sólidos da UFMG (GERESOL, 2002) e uma

entrevista informal com a coordenadora do Programa.

Em seguida, foi feita a pesquisa bibliográfica sobre os principais aspectos das

áreas de ciência da informação, transferência e suportes de informação, gestão ambiental,

coleta seletiva e reciclagem de resíduos sólidos. O material bibliográfico utilizado foi

composto por fontes secundárias: livros, revistas, jornais, publicações e sites das áreas citadas,

visando auxiliar no desenvolvimento do referencial teórico, na solução dos problemas

formulados e dos objetivos propostos.

2º. PASSO: universo e amostra da pesquisa

O universo de pesquisa deste estudo de caso é formado pela Coordenadora do

GERESOL e os responsáveis pela implantação do Projeto de coleta seletiva de papel nas seis

unidades da UFMG indicadas pela Coordenadora do GERESOL.

Marconi & Lakatos (1990, p. 47) conceituam a amostra não-probabilista como

intencional quando “o pesquisador está interessado na opinião (ação, intenção etc.) de

determinados elementos da população”. Portanto, a amostragem será não-probabilista e

intencional, pois a pesquisa será baseada na opinião de algumas pessoas previamente

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selecionadas. Conforme entendimento com a Coordenadora do GERESOL, dentre as onze

unidades onde o Projeto de coleta seletiva de papel foi implantado, foram escolhidas as

experiências mais recentes, que tiveram continuidade, o processo documentado pelo

GERESOL e que foi possível localizar os responsáveis por sua coordenação. Tal fato permitiu

a avaliação histórica mais precisa da implantação e condução do Projeto de coleta seletiva de

papel da UFMG. Assim sendo, foram indicadas seis unidades, a saber: Centro Pedagógico,

Faculdade de Farmácia, Escola de Enfermagem, Escola de Engenharia, Instituto de

Geociências e Departamento de Serviços Gerais. A amostra da pesquisa será composta por:

• Coordenadora do GERESOL.

• Responsáveis pela implantação do Projeto de coleta seletiva de papel nas seis

unidades indicadas, que ainda trabalham na UFMG.

3º. PASSO: coleta de dados

A pesquisa de campo consiste em observar e coletar diretamente os dados no

próprio local em que se deu ou surgiu o fato em estudo. Na técnica escolhida, o estudo de

caso, os seguintes instrumentos para a coleta de dados foram utilizados:

• Análise documental, que busca obter informações mais formalmente

registradas e uma visão objetiva do assunto. Por isso, para a elaboração do

estudo, foi realizada análise documental minuciosa das fontes primárias, ou

seja, correspondências, relatórios, documentos, dados históricos, bibliográficos

e estatísticos gerados pelo GERESOL; buscando, assim, obter informações

formalmente registradas e uma visão objetiva do assunto (ANEXOS A, B, C, E

e F).

• Para Marconi & Lakatos (1990, p. 84), a entrevista “é um procedimento

utilizado na investigação social, para a coleta de dados ou para ajudar no

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diagnóstico ou no tratamento de um problema social”. A entrevista é uma

técnica de conversação direta, dirigida por uma das partes, de maneira

metódica, que objetiva a compreensão de uma situação, sendo capaz de obter

informações importantes e que dificilmente seriam obtidas mediante outras

técnicas de levantamento. Por sua flexibilidade e melhor adequação ao público

e ao tema a ser pesquisado, decidiu-se, portanto, pela entrevista semi-

estruturada, em que o pesquisador segue um roteiro previamente estabelecido,

mas tem a liberdade para alterar suas perguntas ou sua ordem, adaptando-as a

determinadas situações. A entrevista foi feita com a Coordenadora do

GERESOL e os responsáveis pela implantação do Projeto de coleta seletiva de

papel nas seis unidades indicadas, conforme roteiro elaborado em consonância

com os objetivos desta pesquisa científica (ANEXO D).

Para aprimoramento do roteiro de entrevistas, foram feitas cinco versões do

mesmo, até alcançar o formato mais adequado e definitivo. Marconi & Lakatos (1990, p. 91)

afirmam que o pré-teste possibilita “a obtenção de uma estimativa sobre os futuros

resultados”.

A coleta de dados foi realizada durante os meses de março, abril e maio de 2003.

O período foi maior que o estimado devido à coincidência com o período de férias da UFMG

e alguns feriados, dificultando a definição de datas com os entrevistados.

No início da pesquisa, a Coordenadora do GERESOL não soube informar se a

coleta seletiva de papel ainda era feita em alguma unidade da UFMG. No entanto, após a

realização das entrevistas nas seis unidades escolhidas, verificou-se que duas das seis

unidades da implantação inicial do Projeto de coleta seletiva fazem não só a coleta de papel,

como também de outros materiais recicláveis. Por isso, nessas duas unidades, além das

entrevistas feitas com pessoas que implantaram o Projeto de coleta seletiva de papel junto

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com o GERESOL entre 1994 e 1997, também foram feitas entrevistas com pessoas que

atualmente são responsáveis pela coleta seletiva.

Portanto, no total foram feitas dez entrevistas, com nove pessoas, pois a

Coordenadora do GERESOL também foi responsável pela implantação do Projeto de coleta

seletiva de papel em uma unidade da UFMG, totalizando aproximadamente 5:30 horas de

gravação, que depois foram devidamente transcritas para facilitar a análise, gerando 70

páginas. Visando manter sigilo quanto às respostas dos entrevistados, as respostas das

entrevistas não identificarão os entrevistados.

4º. PASSO: descrição, análise e interpretação dos dados

A análise de todos os dados coletados foi executada, de forma quantitativa e

qualitativa, visando atender aos objetivos desta pesquisa científica. Depois, os dados

selecionados foram organizados e tabulados em tabelas e tópicos descritivos, de modo que

produzissem informações para serem analisadas e discutidas.

5º. PASSO: conclusões da dissertação

Após a análise dos dados, realizou-se a descrição e a discussão dos resultados da

pesquisa. As conclusões tiveram como base à análise dos dados levantados durante o período

da pesquisa, considerando as devidas apreciações do mestrando e do orientador desta

dissertação.

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7 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS

Após a execução da coleta de dados, os mesmos foram organizados e analisados,

produzindo, então, informações úteis para o desenvolvimento e análise da pesquisa. Apesar do

roteiro da entrevista ter sido semi-estruturado, foi possível enquadrar a análise das respostas

em classes similares de assuntos abordados pelos entrevistados. E, justamente por ser um

roteiro com questões abertas, os entrevistados puderam dar mais de uma resposta para

algumas perguntas, que serão apresentadas, a seguir, em síntese e em forma de tabelas:

TABELA 1

Explicação dos entrevistados sobre como ocorreu o planejamento e o processo de implantação do Projeto de coleta seletiva de papel nas unidades (2003)

PERGUNTA RESPOSTAS A B C D E F G H I J Freqüência Total Iniciativa do GERESOL 1 1 1 1 1 1 1 7 70% Iniciativa da Direção da Unidade 1 1 1 3 30% Instalação de LEV’s 1 1 10% Caixinha para coleta de papel 1 1 1 1 1 1 1 1 8 80% Reciclagem de outros tipos de resíduos

1 1 1 1 4 40%

Coleta feita pelos faxineiros 1 1 1 1 1 1 1 1 1 9 90% Coleta feita por um funcionário responsável

1 1 10%

Ajuda de alunos na implantação do Projeto

1 1 2 20%

Ajuda de alunos na separação do papel

1 1 10%

Retorno financeiro/benefícios para faxineiros

1 1 1 1 1 1 1 1 8 80%

Retorno financeiro para funcionário responsável

1 1 10%

Retorno financeiro para o Projeto 1 1 10%

1- Como ocorreu o planejamento e o processo de implantação do Projeto de coleta seletiva de papel na sua unidade?

Personalização do material de divulgação

1 1 1 1 1 1 6 60%

Na primeira pergunta, sobre o planejamento e o processo de implantação do

Projeto de Coleta Seletiva de Papel nas Unidades Pertencentes à UFMG, 70% dos

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entrevistados afirmaram ter sido uma iniciativa do GERESOL implantar a coleta seletiva na

sua unidade. Os outros 30% iniciaram a coleta seletiva de papel a partir da decisão da direção

da unidade. 40% implantaram a coleta de outros resíduos para também serem reciclados. 80%

dos entrevistados utilizaram uma caixinha para colocar papel, instalada ao lado do lixo

comum. Em 90% dos casos, a coleta do papel foi feita pelos funcionários da conservadora de

limpeza terceirizada pela UFMG, sendo somente em 10% feita por um funcionário

encarregado de separar todos os resíduos da unidade. Em 20% das unidades, alunos ajudaram

a implantar o Projeto de coleta seletiva, sendo que somente 10% relataram a ajuda de alunos

também na separação do papel para venda. Os funcionários da conservadora receberam

benefícios por fazerem a coleta seletiva em 80% das unidades, sendo que em 10% o retorno

financeiro foi para o funcionário responsável pela coleta e nos 10% restantes os recursos da

venda do papel foram investidos no próprio Projeto. 60% das unidades personalizaram o

material de divulgação, ou seja, criaram novos instrumentos de informação diferentes

daqueles sugeridos pelo GERESOL para implantação do Projeto.

TABELA 2

Descrição dos suportes de informação e outras formas de transferência da informação utilizados para a divulgação do Projeto de coleta seletiva de papel na UFMG (2003)

PERGUNTA RESPOSTAS A B C D E F G H I J Freqüência Total Cartazes 1 1 1 1 1 1 6 60% Folhetos 1 1 1 1 4 40% Palestras / Seminários / Reuniões 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 10 100% Filmes 1 1 10% Teatro 1 1 1 1 1 5 50% E-mail 1 1 1 3 30% Caixinha para coleta de papel 1 1 1 1 1 1 1 1 8 80% Faixas 1 1 2 20% Correspondência interna 1 1 2 20% Logomarca 1 1 10% POPs – Procedimentos Operacionais Padrão8

1 1 10%

2- Quais os suportes de informação (cartazes, folhetos, quadro de avisos, filmes, etc.) e outras formas de transferência da informação (palestras, teatro) foram utilizados para a divulgação do Projeto de coleta seletiva de papel? Oficinas de papel artesanal e sucata 1 1 10%

8 POPs – Procedimentos Operacionais Padrão são normas criadas pela Faculdade de Farmácia para orientar professores, funcionários e alunos sobre procedimentos a serem seguidos em diversas situações, entre elas a adequada destinação dos resíduos sólidos (ANEXO E).

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Quanto aos suportes de informação utilizados para a divulgação do Projeto, em

100% dos casos houve a realização de palestras, seminários e reuniões para divulgar a coleta

seletiva de papel. 60% das unidades fizeram cartazes e 40% distribuíram folhetos. A

apresentação de teatros sobre a coleta seletiva foi feita em 50% das unidades. Confirmando a

primeira pergunta, a caixinha para colocar papel, instalada ao lado do lixo comum, foi

também utilizada como suporte de informação em 80% das unidades. E-mails avisando a

implantação do Projeto foram enviados em 30% dos casos, sendo que correspondência interna

foi utilizada em 20%. Faixas alertando sobre a importância da coleta seletiva foram colocadas

em 20% dos locais. Filmes, logomarca, oficinas de papel artesanal e sucata e a confecção de

POPs – Procedimentos Operacionais Padrão foram utilizados em apenas 10% das unidades.

TABELA 3

Síntese das respostas dos entrevistados quanto à existência (ou não) de exemplos dos suportes de informação utilizados para a divulgação do Projeto de coleta seletiva de papel (2003)

PERGUNTA RESPOSTAS A B C D E F G H I J Freqüência Total Sim 1 1 1 1 1 1 1 1 8 80% 3- Você ainda tem algum modelo

desse material? Não 1 1 2 20%

Na terceira pergunta, 80% dos entrevistados responderam que ainda têm algum

modelo dos suportes de informações utilizados para divulgação do Projeto de coleta seletiva.

Os outros 20% não mais possuíam. Os entrevistados forneceram amostras desses suportes de

informação e os mesmos serão analisados posteriormente (ANEXO F).

TABELA 4

Avaliação dos entrevistados acerca dos suportes de informação utilizados tendo em vista os resultados obtidos (2003)

PERGUNTA RESPOSTAS A B C D E F G H I J Freqüência Total Muito bom 1 1 1 1 4 40% 4- Como você avalia esses suportes

de informação utilizados tendo em vista os resultados obtidos?

Razoável 1 1 1 1 1 1 6 60%

Na pergunta quatro, 60% dos casos classificou os suportes de informação

utilizados como razoáveis, sendo que os 40% restantes avaliaram como muito bom.

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TABELA 5

Entendimento dos entrevistados sobre a sensibilização do público alvo pelos suportes de informação (2003)

PERGUNTA RESPOSTAS A B C D E F G H I J Freqüência Total Sim, houve sensibilização pelos suportes de informação

1 1 1 1 4 40%

Sim, pois funcionários são agentes multiplicadores entre si

1 1 10%

Sim, por ter um local adequado para destinar os resíduos

1 1 2 20%

Sim, algumas pessoas aderiram ao Projeto por já serem pré-dispostas

1 1 1 3 30%

Somente pelo teatro feito pelos alunos da própria unidade

1 1 10%

Alguns, pois a maioria tem rejeição e/ou não tem tempo para absorver muita informação

1 1 10%

Não, faltou sensibilização da direção da unidade

1 1 10%

5- Você acredita que o público alvo foi sensibilizado por esses suportes de informação ou poderia ter utilizado algum outro tipo de material? Se não, o motivo teria sido o suporte veiculado ou alguma pré-disposição?

Não, público não estava preparado para receber a informação

1 1 2 20%

A quinta pergunta questionou se o entrevistado acreditava que o público alvo foi

sensibilizado por esses suportes de informação ou poderia ter utilizado algum outro tipo de

material de divulgação. 40% acreditaram que houve sim sensibilização pelos suportes de

informação, pois em 10% dos casos os funcionários agiram como agentes multiplicadores

entre si e, em 20%, havia um local adequado para destinar os resíduos. 30% dos entrevistados

afirmaram que somente algumas pessoas aderiram ao Projeto por já serem pré-dispostas,

enquanto em 10% das unidades o público alvo só foi sensibilizado pelo teatro feito pelos

alunos da própria unidade. 10% também alegaram que só algumas pessoas foram

sensibilizadas porque a maioria tem rejeição e/ou não tem tempo para absorver muita

informação. No entanto, 20% dos entrevistados creditam a não sensibilização devido ao

despreparo do público para receber as informações, enquanto 10% alertam para a falta de

sensibilização da direção da própria unidade.

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TABELA 6

Percepção dos entrevistados quanto à aceitação do público atingido em relação ao Projeto de coleta seletiva de papel na UFMG (2003)

PERGUNTA RESPOSTAS A B C D E F G H I J Freqüência Total Sim 1 1 1 1 1 5 50% Razoável 1 1 1 1 4 40%

6- Você percebeu aceitação do público atingido em relação ao Projeto de coleta seletiva de papel? Não, só das faxineiras 1 1 10%

Quanto à aceitação do público atingido em relação ao Projeto de coleta seletiva de

papel, 50% dos entrevistados perceberam que houve aceitação, enquanto 40% acreditam que

essa aceitação foi razoável. Os 10% restantes afirmaram que só os funcionários da

conservadora aceitaram o Projeto.

TABELA 7

Avaliação dos entrevistados acerca dos benefícios obtidos através da implantação do Projeto de coleta seletiva de papel na UFMG (2003)

PERGUNTA RESPOSTAS A B C D E F G H I J Freqüência Total Benefícios para o meio ambiente 1 1 1 1 4 40% Formação de agentes multiplicadores

1 1 2 20%

Satisfação dos faxineiros 1 1 1 1 1 5 50% Satisfação do funcionário responsável

1 1 10%

Satisfação pessoal 1 1 2 20% Assimilação do conceito de coleta seletiva e reciclagem, mesmo com o fim do Projeto

1 1 1 3 30%

7- Como você avalia os benefícios obtidos através da implantação do Projeto de coleta seletiva de papel?

Ganho/Promoção de educação 1 1 2 20%

A sétima pergunta procurou saber como o entrevistado avaliou os benefícios

obtidos através da implantação do Projeto de coleta seletiva de papel. 40% acreditam que a

implantação do Projeto trouxe benefícios para o meio ambiente, além de promover a

formação de agentes multiplicadores da campanha em 20% dos casos. 50% dos entrevistados

indicaram a satisfação dos funcionários da conservadora como um benefício oriundo do

Projeto, enquanto 10% indicaram a satisfação do funcionário responsável pela coleta seletiva

e 20% afirmaram que o Projeto trouxe realização pessoal. Outros benefícios obtidos foram a

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assimilação do conceito de coleta seletiva e reciclagem, mesmo com o fim do Projeto, em

30% das unidades, assim como a promoção de educação para o público alvo em 20% dos

casos.

TABELA 8

Descrição das dificuldades encontradas na implantação do Projeto de coleta seletiva de papel na UFMG (2003)

PERGUNTA RESPOSTAS A B C D E F G H I J Freqüência Total Mudar o hábito das pessoas de amassar o papel

1 1 10%

Adesão das pessoas ao Projeto não foi 100%

1 1 1 1 1 1 6 60%

Falta de política governamental mais rígida em relação ao meio ambiente frustra os participantes

1 1 10%

Falta de institucionalização do Projeto 1 1 2 20% Dificuldade do ponto de vista legal na venda do papel

1 1 1 3 30%

Atrito entre as faxineiras na venda/ separação do papel

1 1 1 3 30%

Inexperiência para implantação do Projeto

1 1 10%

Erro na estratégia: só informar, sem envolver, mobilizar as pessoas

1 1 10%

Destruição dos suportes de informação 1 1 10% Local para armazenar o papel coletado 1 1 10% Fazer as pessoas mudarem de postura e assimilarem a necessidade da coleta seletiva

1 10%

8- Quais as dificuldades encontradas na implantação do Projeto de coleta seletiva?

Nenhuma 1 1 2 20%

Como dificuldades encontradas na implantação do Projeto de coleta seletiva, 60%

dos entrevistados creditam a pouca adesão do público alvo como um dos maiores obstáculos.

20% das unidades disseram que foram empecilhos para a continuidade do Projeto a falta de

institucionalização do mesmo e a dificuldade do ponto de vista legal na venda do papel, assim

como o atrito entre as faxineiras na venda e na separação do papel em 30% dos casos.

Também foram apontadas como dificuldades por 10% dos entrevistados, em cada situação:

resistência das pessoas em mudar o hábito de amassar o papel; falta de políticas

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governamentais mais rígidas em relação à proteção e conservação do meio ambiente;

inexperiência para implantação do Projeto; erro na estratégia de só informar, sem envolver e

mobilizar as pessoas; destruição dos suportes de informação; dispor de um local para

armazenar o papel coletado; fazer as pessoas mudarem de postura e assimilarem a necessidade

da coleta seletiva. No entanto, 20% das unidades não encontraram dificuldades para implantar

o Projeto de coleta seletiva.

TABELA 9

Entendimento dos entrevistados sobre a contribuição do Projeto de coleta seletiva de papel para a formação de uma consciência ecológica e/ou aumento da sensibilização para as

questões ambientais na comunidade universitária (2003)

PERGUNTA RESPOSTAS A B C D E F G H I J Freqüência Total Sim 1 1 1 1 1 1 6 60% Divulgação da campanha e formação de agentes multiplicadores em outros meios sociais (família, amigos, conhecidos, empresas)

1 1 2 20%

Apenas para poucas/algumas pessoas

1 1 1 3 30%

Alguns alunos ainda se interessam sobre a questão do lixo

1 1 2 20%

9- Você acredita que o Projeto de coleta seletiva de papel contribui para a formação de uma consciência ecológica e/ou aumento da sensibilização para as questões ambientais na comunidade universitária? Cite exemplos.

Não soube informar 1 1 10%

60% das unidades acreditam que o Projeto de coleta seletiva de papel contribui

para a formação de uma consciência ecológica e/ou aumento da sensibilização para as

questões ambientais na comunidade universitária, dentre os quais 20% revelaram que alguns

alunos ainda se interessam sobre a questão do lixo. Confirmando a pergunta 7, 20% dos casos

indicam a formação de agentes multiplicadores e a divulgação da campanha em outros meios

sociais (família, amigos, conhecidos, empresas) como exemplo de consciência ecológica e

aumento da sensibilização para os problemas ambientais. Para 30% dos entrevistados, apenas

para algumas ou poucas pessoas o Projeto de coleta seletiva de papel contribui para a

formação de uma consciência ecológica, enquanto 10% não souberam informar.

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TABELA 10

Síntese das respostas dos entrevistados quanto às impressões pessoais positivas ou negativas na época da implantação do Projeto de coleta seletiva de papel na UFMG (2003)

PERGUNTA RESPOSTAS A B C D E F G H I J Freqüência Total Boa vontade do pessoal da mobilização da SLU

1 1 10%

Houve apoio da direção da unidade na implantação

1 1 1 3 30%

Informação estava disponível e foi importante

1 1 10%

A divulgação foi prática e de fácil entendimento

1 1 10%

É um processo a longo prazo que deve ser contínuo

1 1 1 1 1 5 50%

Possibilidade de formar agentes multiplicadores

1 1 10%

O Projeto traz benefícios para o meio ambiente

1 1 1 1 4 40%

A implantação da coleta seletiva deve partir de um órgão superior da UFMG

1 1 1 3 30%

Importante é a transformação das pessoas/ mudança de hábitos

1 1 1 1 1 5 50%

Programa e suportes de informação devem ter a cara da instituição

1 1 2 20%

Falta de articulação dentro da Universidade

1 1 1 3 30%

Falta de participação da comunidade

1 1 1 3 30%

Objetivo principal é reduzir a produção de lixo

1 1 2 20%

Deve ser tratado como tema de educação transversal

1 1 2 20%

Parcerias devem ser feitas para destinação dos resíduos e para divulgação

1 1 10%

Projeto deve ser de um grupo de pessoas que acreditem, e não por obrigação, para ter continuidade

1 1 10%

Pessoas esperam que a caixinha para coleta de papel seja fornecida

1 1 10%

10- Você gostaria de acrescentar mais alguma informação, alguma impressão pessoal positiva ou negativa na época da implantação do Projeto de coleta seletiva de papel?

Não deve visar retorno financeiro e sim conscientização

1 1 10%

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Por fim, quando foi dada aos entrevistados a oportunidade de acrescentar alguma

impressão pessoal da época da implantação do Projeto de coleta seletiva de papel, 50%

afirmaram que importante é buscar transformar as pessoas, através da mudança do hábito de

não reciclar o papel, sendo que 50% dos casos também acreditam que este é um processo a

longo prazo, e que deve ser contínuo. Confirmando a pergunta 7, 40% das unidades

apontaram a possibilidade do Projeto de trazer benefícios para o meio ambiente. Em 30% dos

casos foi ressaltado o importante apoio da direção da unidade na implantação do Projeto,

assim como 30% indicaram a falta de articulação dentro da Universidade e 30% evidenciaram

a necessidade da implementação da coleta seletiva a partir de um órgão superior da UFMG,

comprovando a pergunta 8 que apontou como uma das dificuldades para a continuidade do

Projeto a falta de institucionalização do mesmo. Corroborando as perguntas anteriores, a falta

de participação da comunidade foi lembrada em 30% dos locais, do mesmo modo que a

possibilidade de formar agentes multiplicadores em 10%. Dentre os entrevistados, 20%

acreditam que o Projeto de coleta seletiva e os suportes de informação para sua divulgação

devem refletir a personalidade da instituição, além de serem tratados como tema de educação

transversal, pois o objetivo principal do Projeto deve ser reduzir a produção de lixo (20% das

opiniões). Além disso, foram acrescidas as seguintes impressões pessoais por 10% dos

entrevistados: houve boa vontade do pessoal da mobilização da SLU; a informação estava

disponível e foi importante no processo de conscientização do público alvo, pois a divulgação

foi prática e de fácil entendimento; parcerias devem ser feitas para uma correta destinação dos

resíduos e para divulgação do Projeto; o Projeto deve ser de um grupo de pessoas que

acreditem, e não por imposição de algum órgão superior, para, deste modo, ter continuidade;

as pessoas esperam que a caixinha para coleta de papel seja fornecida, e não que elas precisem

providenciá-la; o Projeto não deve visar retorno financeiro e sim conscientização das pessoas.

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8 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES FINAIS

De acordo com as entrevistas realizadas e buscando alcançar o primeiro objetivo

desta pesquisa, que visa conhecer e descrever o âmbito de atuação e a metodologia de

implementação e funcionamento do Projeto de Coleta Seletiva de Papel nas Unidades

Pertencentes à UFMG, é possível destacar a importante iniciativa de implantação do Projeto

pela direção da unidade, apesar dele ter ocorrido em apenas 30% dos casos. Isso porque das

três unidades que tiveram o apoio da direção, duas continuam com o Projeto de coleta seletiva

de papel e de outros materiais recicláveis. Os entrevistados dessas unidades ressaltaram o

importante apoio que sempre tiveram do diretor quanto à implantação.

Tal fato foi confirmado quando os entrevistados apontaram como empecilhos para

a continuidade do Projeto a falta de articulação dentro da Universidade e a necessidade da

implementação da coleta seletiva partir de um órgão superior da UFMG. A institucionalização

do Projeto de coleta seletiva dentro da UFMG poderia proporcionar a mobilização de pessoas

competentes, certamente existentes dentro da Instituição, e o respaldo necessário para

solucionar de maneira adequada a questão dos resíduos dentro da própria Universidade. De

acordo com um dos entrevistados:

a informação tem que vir de um órgão superior da UFMG. Não adiantam iniciativas isoladas das unidades. São pessoas que têm uma maior consciência e tentam resolver o seu problema isoladamente. Mas não adianta, isso tem que ser um conjunto, que tem que ter como centro principal um órgão superior da UFMG, que possa irradiar para as unidades. Então, não adianta pessoas isoladamente tentarem resolver o problema, o problema todo é da UFMG. Tem que vir lá de cima, de qualquer tipo de resíduo tem que ser um projeto da UFMG.

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No entanto, não é possível esquecer a importante participação que todos devem ter

para o sucesso de um Projeto. Buscar a formação de uma consciência ecológica, através de

uma campanha de sensibilização para a coleta seletiva, assim como para a educação

ambiental, é tarefa institucional, mas manter a continuidade do mesmo é responsabilidade de

todos.

Outro ponto importante no funcionamento do Projeto é que, na época da

implantação do mesmo, a coleta do papel era feita pelos funcionários da conservadora em

praticamente todas as unidades. Em uma das unidades que hoje adota o procedimento, a

coleta também é feita pelos funcionários da conservadora, enquanto na outra é feita por um

funcionário responsável por separar todos os resíduos da unidade. Ambos os casos ressaltam o

fato desses funcionários receberem benefícios como um incentivo para fazerem a coleta

seletiva nas duas unidades: benefício financeiro, no caso do funcionário responsável, e um

lanche diário, no caso dos funcionários da conservadora.

Quanto à transferência da informação durante a implantação do Projeto de coleta

seletiva de papel, várias estratégias e suportes de informação foram utilizados, sendo que a

realização de palestras, seminários e reuniões para divulgar a campanha foi feita em todas as

unidades. A caixinha para a coleta de papel também foi utilizada na maioria dos casos como

suporte de informação, pois era instalada ao lado do lixo comum com instruções sobre quais

tipos de papéis poderiam ser ali depositados. Dentre outros, as formas mais utilizados foram

cartazes, folhetos e apresentação de teatros sobre a coleta seletiva. O envio de e-mails foi um

recurso usado apenas pelas unidades que atualmente fazem a coleta seletiva dos seus resíduos.

Analisando as amostras dos suportes de informação utilizados (ANEXO F), percebe-se que na

maioria dos casos o material de divulgação do Projeto de coleta seletiva foi personalizado

pelos responsáveis por sua implantação nas unidades. Ou seja, foram utilizados materiais da

própria unidade para a confecção de cartazes, faixas e folhetos, tais como: papel A4,

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formulários contínuos, papéis coloridos, figuras, recortes de revistas e frases educativas para

sensibilização do público alvo. Além desses, também foram usados cartazes e panfletos

fornecidos pela SLU.

Os responsáveis pela transferência da informação, nos locais em que atualmente a

coleta seletiva é feita, acreditam que os suportes de informação utilizados foram muito bons.

Já nos locais onde o Projeto não obteve êxito, os suportes de informação foram considerados

razoáveis. É possível perceber a importância da informação como instrumento capaz de

promover transformações culturais e institucionais, apontada por Araújo (1995) e Saracevic

(1996). Os responsáveis pela transferência da informação esperavam que o ato de informar

fosse capaz de alterar a atitude do público alvo frente ao Projeto de coleta seletiva;

apropriando-se, portanto, do conceito de informação como processo, definidos por Buckland

(1995) e Souza (1983); ou seja, quando a informação é capaz de mudar o conhecimento

prévio de alguém sobre algum assunto.

O contato pessoal com o público alvo, feito através de palestras, seminários e

reuniões, além de ter sido unânime, também foi considerado um ótimo meio de aproximação e

divulgação de informações, por seu caráter direto e, até mesmo, em algumas vezes informal.

Utilizado em metade dos casos como outra forma de contato pessoal, o teatro foi apontado

como um bom instrumento de informação, capaz de sensibilizar e atrair a atenção do público

através da demonstração do cotidiano. O recurso foi bastante elogiado na unidade onde se

optou fazer o teatro com os próprios funcionários da mesma, por ser uma maneira mais

efetiva de proporcionar a aproximação das pessoas com o Projeto. Mobrice (1990) já indicava

o contato pessoal como instrumento mais recomendado e eficiente, pois, além de ter menor

custo, é o mais bem aceito pelas pessoas por dar a impressão de familiaridade.

Informações escritas, passadas através de cartazes e folhetos, foram consideradas

necessárias, principalmente se forem utilizadas de uma maneira mais abrangente, simples e

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direta. Mobrice (1990) corrobora a percepção dos entrevistados ao indicar o uso de cartazes e

folhetos com uma apresentação visual bem clara, com mensagens sintéticas e de forma que

agradem e chamem a atenção do público.

Apesar da personalização dos instrumentos de informação, de acordo com o perfil

do local e do público alvo, ser uma boa estratégia de divulgação apontada por Kotler &

Armstrong (1993) e Amaral (1990), alguns entrevistados afirmaram que a individualização do

material e o excesso de papéis criaram uma espécie de rejeição do público alvo. Esse

obstáculo foi indicado por um entrevistado:

Nós temos que procurar uma forma simples, porque esse dia-a-dia nosso é tumultuado de papel. A informação tem que ser a mais simples possível e procurar não poluir, porque já tem papel demais e as pessoas reclamam muito. Tem muito relatório, tem que ler muito.

O envio de e-mails foi um suporte de informação mais recente, sendo utilizado

somente pelas duas unidades que atualmente fazem coleta seletiva dos seus resíduos. Apesar

de ser uma maneira rápida e direta de atingir simultaneamente a um público extenso, ele não

foi considerado pelos entrevistados o melhor caminho para transmitir a informação, pois

muitas vezes esses são deletados sem serem lidos, conforme o testemunho de algumas pessoas

que faziam parte do público alvo. Pode-se até vir a ser utilizado, mas não sozinho, e sim

associado a outras formas de divulgação de informação. Aliás, segundo Figueiredo (1993)

nenhum suporte de informação deve ser adotado como único, mas sim em conjunto com

outros instrumentos, dependendo dos recursos disponíveis e do perfil do público alvo.

Inclusive, essa foi uma dificuldade apontada por um dos entrevistados:

Mas, como que nós vamos trabalhar essa informação naquela unidade específica é que é a questão, é que é o x do problema; é específico para cada unidade porque é específico para cada pessoa.

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Figueiredo (1993) e Kuehl (1973) acreditam na informação orientada ao cliente,

através da identificação do público alvo, suas características, necessidades e desejos, tentando

satisfazê-los com informações certas, disponibilizadas no tempo e no local certos.

Apesar de ter sido utilizada na maioria das unidades como suporte de informação

e vista como a melhor solução para a destinação correta do papel a ser reciclado, a caixinha

para a coleta de papel não foi considerada por alguns entrevistados como um bom recurso

informacional. Isso porque ela foi uma idéia trazida de fora e seu uso imposto, não sendo

planejada e sua instalação discutida dentro das unidades. Considerada até mesmo como um

entrave na implantação do Projeto, ela foi criticada por algumas pessoas, como o exemplo a

seguir:

Eu nem sei se a pessoa queria uma caixinha dentro da sala dela, ou se aquela comunidade quer uma caixinha no corredor, ou não sei se ela quer uma em cima da mesa dela. [...] Então hoje eu vejo assim; a caixinha é uma coisa interessante como caixinha, mas nós temos que averiguar o tamanho, a disposição, a cara da caixinha com aquela instituição ou com aquela unidade que está sendo trabalhada.

Outra dificuldade apontada foi a falta de disponibilidade das pessoas de

providenciarem a caixinha, ou qualquer outro local, para depositarem o papel para a

reciclagem. Apesar de ser considerada fácil de obter e compreender seu uso, as caixas

precisam ser distribuídas, porque as pessoas esperam que todas as condições sejam dadas para

elas aderirem ao Projeto.

Outro objetivo traçado nesta Pesquisa foi identificar os reflexos e utilização da

transferência de informação na mudança de atitude do público atingido. 40% dos

entrevistados apontam que houve sensibilização pelos suportes de informação, podendo,

inclusive, citar como exemplo os funcionários como agentes multiplicadores do Projeto entre

si. A preparação de um local adequado para destinar os resíduos também foi indicada como

um importante recurso para sensibilização do público alvo. Pois, segundo os entrevistados,

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não adianta sensibilizar as pessoas e não providenciar uma estrutura para o Projeto funcionar.

Elas colaboram, desde que não tenham trabalho, afirmou um entrevistado.

Além disso, alguns entrevistados acreditam que a pré-disposição para fazer coleta

seletiva foi um fator que influenciou a adesão de algumas pessoas ao Projeto, pois a

informação por si só não diz nada. A informação tem que estar dentro de um contexto e fazer

sentido para a pessoa que irá recebê-la, devendo estar pré-disposta a entendê-la. Um

entrevistado indicou essa co-relação entre assimilação da informação e pré-disposição ao

afirmar que:

... só você colocar informação, ela por si só não diz nada, a pessoa tem que estar pré-disposta a receber aquilo. Não adianta a Universidade implantar nada se você não fizer esse trabalho de educação ambiental, que é a nossa filosofia atual. Se você pré-dispor as pessoas com um curso, chamar a atenção delas para a questão do lixo, qualquer coisa que você colocar sobre lixo vai ter um sentido. Mas se a pessoa não está nem aí, nunca pensou em lixo, se você coloca uma frase falando de quantidade que gera, o que está acontecendo, isso não fala nada. Então, eu acho que um meio de informação por si só ele é interessante, mas ele tem que estar dentro de um contexto.

Passada a fase de implantação do Projeto de coleta seletiva, 20% dos entrevistados

perceberam que as pessoas não pensavam sobre o tanto de lixo que elas produziam, sobre a

questão de redução e o que fazer com o lixo daquela unidade. Essas informações sobre a

geração e destino final do lixo nem sempre, nesse primeiro momento, foram levadas em

consideração. Acredita-se, então, que faltou uma maior reflexão sobre a metodologia de

divulgação adotada, de somente informar e não envolver as pessoas. O paradigma

participativo da transferência da informação abordado por Araújo (1997) indica a importância

não só do emissor da informação, como também do receptor.

Segundo 20% dos entrevistados, o público alvo não foi preparado adequadamente

para receber a implantação da coleta seletiva, sendo isso possivelmente a causa da não

sensibilização das pessoas para a importância da campanha. No início da implantação do

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Projeto, o motivo desse despreparo pode ter sido a falta de informação, porque a questão do

lixo não era muito comentada. No entanto, hoje qualquer meio de comunicação (televisão,

jornal, revista, dentre outros) sempre presta alguma informação sobre o lixo, aterro sanitário

municipal, análise de usina de compostagem ou algum outro assunto relacionado ao tema.

Caribé (1992), Vieira (1986) e Jacobi (1994) trabalharam o conceito de informação ambiental

e sua importância para uma melhor compreensão das questões relacionadas ao meio ambiente.

Confirmando isso, um dos entrevistados acredita que os suportes de informação:

...só não tiveram um efeito desejado porque foram colocados sem um preparo. O meio é interessante, eu acho que deve ser mantido. Mas ele chegou para um público que não estava preparado para receber. Falta de informação eu não acredito que seja só; já foi. Eu acho que lixo hoje é uma questão que está mesmo na boca de todo mundo; falta mesmo é só como trabalhar com esse lixo com cada um mesmo.

Portanto, apesar do processo de transferência da informação ter sido realmente

feita, ela não foi capaz de despertar o interesse do público alvo. Contudo, é importante

preparar e envolver as pessoas para receberem uma informação, pois é difícil fazer com que

elas participem de algo que não lhes diz nada a respeito. É preciso haver envolvimento e

identificação, não só com o Projeto proposto, como também com os suportes de informação

utilizados.

Quanto aos benefícios obtidos através da implantação do Projeto de Coleta

Seletiva de Papel nas Unidades Pertencentes à UFMG, os principais foram a preservação do

meio ambiente e a satisfação dos funcionários responsáveis pela coleta seletiva de papel. Do

ponto de vista ambiental, os entrevistados alertaram que o papel separado foi reciclado,

gerando economia de corte de árvores e uso de recursos naturais, despoluindo os centros

urbanos, reduzindo a quantidade de lixo no aterro sanitário e o desperdício de papel. Giddens

(1991) aponta a globalização como uma conseqüência da modernidade, enquanto Beck (1997)

indica também a existência da globalização das crises ecológicas. Isso porque nos tempos

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atuais os riscos são globalizados, ou seja, existe uma consciência coletiva em relação aos

perigos que um desastre ecológico, mesmo localizado, pode gerar para o resto do mundo.

Ao mesmo tempo em que as unidades deram uma destinação correta para o papel,

evitando que fosse para o lixo, o Projeto teve um importante papel social ao promover a

satisfação dos funcionários responsáveis pela coleta do papel no local de trabalho, uma vez

que os mesmos recebem benefícios por executar essa função, resultando em ganhos para

ambas as partes.

A coleta seletiva do papel também despertou a consciência para o tratamento e

para o descarte adequado de outros tipos de resíduos, como vidro, plástico, resíduo biológico,

químico e radioativo. Dentre as pessoas que se sensibilizaram na época da implantação do

Projeto, algumas continuam participando e, mesmo que a unidade não mais faça a coleta

seletiva, elas separam papel e encaminham para o GERESOL para ser reciclado. Além disso,

essa conscientização pode também contribuir para a formação de agentes multiplicadores em

outros meios sociais, representando mais um importante ganho ambiental. Nesses casos, isso

mostra que houve uma efetiva transferência da informação, segundo os conceitos de Araújo

(1997) e Souza (1983), pois a mesma ocorre quando o público atingido incorpora a ação

transmitida pela informação.

No entanto, algumas pessoas ficaram desmotivadas por não perceberem respaldo

governamental quanto à questão dos resíduos sólidos. Vieira (1986) e Jacobi (1994) indicam a

importância da ação governamental na prevenção e na solução dos problemas ambientais.

Está todo mundo tentando fazer o seu papel, mas muitas vezes o governo não faz o dele,

conclui um entrevistado.

No geral, é possível perceber que o Projeto não foi interrompido por falta de

divulgação ou falta de esclarecimento. Apesar do tema reciclagem ser importante, a

sensibilização do público alvo foi muito momentânea, sem um planejamento a longo prazo.

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Segundo um entrevistado, existe esse furo na Universidade que é a não continuidade. As

pessoas começam e não continuam, não se mantém o trabalho. Figueiredo (1993) indica que,

para ser eficiente, a divulgação da informação deve ser planejada como uma atividade

contínua. Daí a necessidade de institucionalização do Projeto, para que, através da

centralização em um órgão superior, haja a articulação de um grupo de pessoas, de vários

setores - de preferência uma equipe interdisciplinar - para que o Projeto não fique sob a

responsabilidade de uma só pessoa.

Além da existência de um grupo responsável pelo trabalho a mobilização deve ser

permanente, pois esse é um processo a longo prazo, que não deve tentar ser imposto para a

comunidade. A sensibilização através da educação ambiental deve buscar a formação de uma

consciência ecológica e a mudança de hábitos, de uma forma natural, que faça parte da rotina

das pessoas. Até que a coleta seletiva passe a fazer parte da vida da comunidade, é preciso

fazer um investimento constante, qualquer que seja o suporte de informação. Para Araújo

(1997) e Souza (1983), a transferência da informação é capaz de possibilitar a transformação

social.

Para um dos entrevistados, não é o número de pessoas e/ou o número de coletas

seletivas implantadas que é importante, mas sim a transformação das pessoas. Então, para que

se alcance isso dentro da Universidade, será preciso o desenvolvimento de um programa de

educação ambiental, voltado para a questão dos resíduos sólidos e que utilize metodologias e

práticas não só de conscientização, mas também de sensibilização do público alvo. Por ser um

instrumento politizante, a educação ambiental, através da transferência da informação, poderá

desenvolver a consciência ambiental e a mobilização social em prol da solução dos problemas

ambientais, conforme afirmativa de Jacobi (1994) e Vieira (1986).

O objetivo maior de um programa de coleta seletiva é reduzir a produção de

resíduos. No entanto, observa-se que o Projeto implantado na UFMG privilegiou somente a

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separação do material reciclável, não considerando que a comunidade deveria ser conduzida a

discutir a questão principal, que é a redução do lixo, para depois receber informações sobre a

correta destinação dos resíduos. Mas entende-se que esse é um processo lento, demorado, em

que a busca por uma mudança de postura deve ser contínua e ininterrupta.

É sabido que não é simples e nem fácil trabalhar com essa temática. As pessoas

precisam se conscientizar da importância de reciclar os resíduos, e não condicionar essa ação

a possíveis retornos financeiros que ela possa gerar. A questão da mudança dos padrões de

consumo é abordada em diversos pontos da Agenda 219, especialmente em relação a

diversidade biológica, recursos hídricos e resíduos sólidos, para os quais deve ser dedicada

especial atenção ao seu uso, coerente com o objetivo de reduzir ao mínimo seu esgotamento e

a poluição ambiental. Portanto, seria necessário informar e conscientizar as pessoas que o lixo

não é simplesmente para jogar fora; ele pode e deve ser reduzido, reutilizado e reciclado,

podendo gerar benefícios sociais e, principalmente, ambientais.

Kotler & Roberto (1992) apontam a existência de fatores que limitam a eficiência

da comunicação para alterar atitudes ou comportamentos, ente eles, os relacionados aos

suportes de informação inadequados e às mensagens pouco motivadoras e capazes de

despertar a atenção do público alvo poderiam explicar a não efetivação do Projeto de Coleta

Seletiva de Papel nas Unidades Pertencentes à UFMG. Os autores também citam as

conclusões de Hyman & Sheatsley10 sobre por que muitas vezes essas campanhas fracassam.

No caso do Projeto, as diversas interpretações das informações transmitidas, aliada ao pouco

envolvimento público alvo e a pouca receptividade à novas informações diminuíram a

probabilidade de sucesso do Programa.

9 Documento produzido na Rio 92 – Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, que propõe um programa de ação para mobilizar atores locais, regionais e globais para promover o uso racional de recursos naturais e abordar o processo de desenvolvimento sustentável. 10 HYMAN, Herbert H.; SHEATSLEY, Paul B. Some reasons why information campaign fail. Public Opinion Quartely, Chicago, v. 2, p. 412-423, 1947.

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Esperava-se que a UFMG fosse um local apropriado, e até mesmo privilegiado,

para a formação de um público com maior consciência ecológica e compreensão da

importância da coleta seletiva, não só para o meio ambiente como também para a sociedade.

Isto porque, por ser uma instituição de ensino superior, o seu público possui um nível

educacional e cultural elevado em relação à população em geral, podendo, inclusive, ser

considerado uma elite pensante da sociedade. No entanto, não é possível deixar de considerar

que a Universidade faz parte de um contexto macro, onde fatores externos, como por

exemplo, formação escolar, herança cultural e social, também influenciam seu público.

Contudo, é possível assegurar que o Projeto de Coleta Seletiva de Papel nas Unidades

Pertencentes à UFMG ficou bastante aquém do esperado, mesmo tendo ocorrido o processo

de transferência da informação.

Uma maior cobrança institucional quanto ao compromisso e à participação das

pessoas junto ao Projeto e, principalmente, uma reflexão sobre o papel de cada um em relação

ao meio ambiente, possivelmente poderia garantir a vitória de um Projeto como esse. Diante

de tudo, a Pesquisa demonstrou que, devido à grande quantidade de papel que ainda é jogada

fora no lixo da Universidade, o Projeto de Coleta Seletiva de Papel existente hoje na

Universidade ainda é muito pequeno em relação ao seu potencial de ação e alcance.

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ANEXOS

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ANEXO A - Projeto de Coleta Seletiva de Papel nas Unidades Pertencentes à UFMG -

Resumo da metodologia de implantação

Ilka Soares Cintra11

1) CONTATO COM A DIREÇÃO DAS UNIDADES PARA:

1.1 Dar ciência e justificativa do projeto

1.2 Solicitar a indicação de um grupo de estudos sobre resíduos sólidos na Unidade (GERS)

1.3 Receber sugestões sobre a questão

2) PLANEJAMENTO PARA IMPLANTAÇÃO SO PROJETO NA UNIDADE

2.1 Reuniões com GERS (Grupo de estudos sobre Resíduos Sólidos) para:

2.1.1 Determinação da tipologia do resíduo gerado na Unidade (possibilidade de

caracterização física)

2.1.2 Levantamento do espaço físico e da presença de lixeiras convencionais neste

espaço.

2.1.3 Levantamento de pessoal (docentes, técnico-administrativos, alunos e

faxineiros).

2.1.4 Levantamento de local de armazenagem

2.1.5 Estimativa de cronograma de implantação do projeto

2.1.6 Discussão do material de divulgação (SLU: teatro, palestras, vídeos; própria

unidade: cartazes, recipientes adequados, mosquitinhos e outros).

11 Professora do Instituto de Geociências da UFMG. Consultora da Superintendência de Limpeza Urbana de Belo Horizonte –SLU BH

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2.1.7 Venda do resíduo coletado: tipo único ou classes diferentes

2.1.8 Estudo do destino do fundo arrecadado com o projeto

2.1.9 Mostra de experiências em outras unidades

2.1.10 Marcação de reunião com faxineiros

2.1.11 Criação ou adoção de logotipo da campanha

2.2. Palestras para os faxineiros para:

2.2.1 Dar ciência do projeto

2.2.2 Buscar informação sobre a forma atual de trabalho com lixo (papel) na Unidade (coleta,

quantidade de sacos recolhidos diariamente, venda já existente, etc.).

2.2.3 Nomear um representante, entre eles, para o projeto.

3) A IMPLANTAÇÃO EFETIVA DO PROJETO NA UNIDADE

3.1 Sensibilização da Comunidade em Geral

3.1.1 Colocação de mosquitinhos nos contracheques

3.1.2 Colocação de cartazes de cunho educativo sobre a questão do lixo

3.1.3 Palestras específicas

3.1.4 Apresentação de vídeos da SLU

3.1.5 Apresentação de esquetes de teatro da SLU

3.1.6 Abordagem pessoal

3.2. Os Recipientes e Cartazes

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3.2.1 Colocação de um recipiente na Diretoria (caixa de papelão ou outro material), com

solenidade (simples) para marcar o início do projeto.

3.2.2 Colocação de recipientes para papel, nas salas de aula pelo próprio Grupo ou por um

professor da turma, sabedor das minúcias do projeto.

3.2.3 Colocação de recipientes para papel, nas salas administrativas pelo próprio Grupo.

3.3. A Separação do Papel Recolhido feita pelos Faxineiros –Acompanhamento

3.4. A Armazenagem do Papel Separado em Local Próprio

3.5. A Venda (Tabela de Controle/Venda)

3.6. A Divisão dos Recursos Auferidos (Recibos)

4) ACOMPANHAMENTO DO PROJETO

4.1 Continuidade de Cartazes Educativos

4.2 Divulgação dos apspectos qualiquantitativos à toda comunidade.

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ANEXO B - Síntese da proposta do Programa de Administração e Gerenciamento de

Resíduos Sólidos da UFMG - Outubro/1996

No atual contexto social, político e econômico de nossa sociedade é real a necessidade de

mudanças e inovações na área de Administração Pública. Neste processo estão as

Universidades que, através de suas administrações, buscam novas formas de gestão que

procurem, prioritariamente, a redução de custos e formas de gerar receitas, enfim, de otimizar

recursos.

No caso dos resíduos sólidos (nome técnico do popular lixo) produzidos pela comunidade da

UFMG, evidencia-se a importância de um programa de administração e gerenciamento dos

mesmos, inclusive com busca de parcerias.

Esta nova política em relação ao lixo gerado na Universidade incorpora inovações

administrativas que poderão ser modelo testadas. Acrescenta-se, ainda, que tais

procedimentos baseados nesse modelo, visam também minimizar os efeitos negativos ao meio

ambiente causados pelos resíduos sólidos, ao mesmo tempo que maximiza diversos benefícios

sociais e econômicos.

Buscando criar soluções para os problemas gerados na produção e no descarte inadequado dos

resíduos sólidos produzidos pela comunidade universitária, deparamos com a necessidade de

se elaborar estudos que abordem desde fatores implícitos na geração do "lixo", bem como

aqueles relacionados com o destino final a ele imposto.

Dentro deste contexto, a formulação de um programa de administração e gerenciamento de

resíduos sólidos gerados nos campi da UFMG se justifica quando colocamos a Universidade

como mentora de ações para a resolução de problemas específicos e de amplo interesse da

comunidade. Considerando, ainda, que os resíduos sólidos afetam diretamente o meio

ambiente poluindo o ar, a água e o solo, é fácil depreender os inúmeros projetos de ensino,

pesquisa e extensão que poderão surgir deste programa inicial.

Objetivos Gerais

Formatação de diretrizes básicas para gestão dos resíduos sólidos produzidos na UFMG,

constituindo-se numa nova política administrativa da Instituição frente ao lixo produzido.

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Objetivos Específicos

- Atender a demanda técnica de diagnóstico da atual situação de geração, coleta e destino dos

resíduos sólidos nos campi da UFMG.

- Viabilizar políticas econômico-financeiras em relação aos resíduos sólidos produzidos na

UFMG.

- Obter parâmetro de comparação entre o lixo de instituições de ensino superior e aqueles de

áreas urbanas em geral.

- Fomentar a elaboração de banco de dados referentes ao assunto.

- Fornecer embasamento para programa de educação fundamental frente a questão dos

resíduos sólidos.

Metodologia de Operacionalização do Programa

- Levantamento de modelos de gerenciamento de resíduos sólidos em diversos campi

universitários a nível nacional e internacional.

- Mapeamento das atividades de ensino, pesquisa e extensão e de seus agentes, relacionados à

questão do lixo, no âmbito da UFMG.

- Diagnóstico preliminar dos resíduos produzidos nos campi da UFMG.

- Formulação e definição de diretrizes administrativas.

- Viabilização da execução e operacionalização do programa.

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ANEXO C - Síntese da proposta de gestão de resíduos sólidos universitários: estudo

organizacional do lixo da UFMG - Novembro/1998

A presente Proposta constitui-se num redimensionamento do Programa-base12, aprovado pelo

Conselho de Diretores em abril/97, que apontava como objetivo geral a formatação de

diretrizes básicas para a gestão de resíduos sólidos produzidos na UFMG, porém sem o

detalhamento das atividades necessárias ao manejo do lixo universitário em geral.

Após aproximadamente um ano de trabalho verificou-se que somente a formatação de

diretrizes, sem o gerenciamento e/ou acompanhamento das ações dela decorrentes, poderiam

comprometer a continuidade e o sucesso do Programa frente aos seus objetivos específicos.

Portanto, essa proposta consiste na construção de um modelo de intervenção onde todos os

projetos relacionados aos resíduos sólidos da UFMG devam seguir num direcionamento

único, de acordo com uma política típica para resíduos sólidos universitários. Esta nova

estruturação procura, também, clarear melhor a articulação do Programa com todos os

segmentos da Universidade envolvidos com a questão do lixo, seja na área administrativa,

operacional, acadêmica, de extensão ou de pesquisa.

O Programa será operacionalizado a partir de projetos específicos que irão propiciar sua

consolidação. São projetos que envolvem mais de uma área do conhecimento, além de

atividades de ensino, pesquisa e extensão, e cujos formatos devam criar condições para o

desdobramento de ações. Por constituírem-se em projetos temáticos existem interfaces entre

os diversos projetos do Programa.

Estão previstos, inicialmente, os seguintes projetos em relação ao lixo da UFMG:

1. Levantamento quali-quantitativo

2. Políticas econômico-financeiras

3. Banco de dados das atividades de ensino, pesquisa, extensão e administração

4. Programa de Educação Ambiental

5. Central de Resíduos

6. Coleta Seletiva

7. Compostagem

12 Ver ANEXO B.

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8. Unidade de reciclagem de entulho

9. Destinação dos Restos dos Restaurantes Universitários

10. Destinação do Lixo Hospitalar

11. Destinação de Sucatas

12. Destinação de Lâmpadas Descartadas

13. Destinação de Resíduos Perigosos

14. Destinação de Carcaça de Animais

15. Destinação de Resíduos Químicos

16. Aterro sanitário

É importante salientar que a implantação de uma proposta de Gestão de Resíduos Sólidos

justifica-se plenamente na UFMG pois esta Universidade, apesar de reunir diariamente um

grande número de pessoas - produtoras de diferentes tipos de resíduos - não possui

procedimentos de coleta, transporte e destinação adequados para todos eles.

O encontro destes procedimentos constitui-se no objetivo maior desta proposta que pretende

também alcançar:

a) a formação de recursos humanos, do curso fundamental à pós-graduação, especializados na

questão do lixo

b) a pesquisa de inovações tecnológicas na área de resíduos sólidos

c) a extensão universitária em relação ao lixo em geral

d) políticas econômico-financeiras para com os resíduos produzidos na UFMG

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ANEXO D - Roteiro de entrevista com os coordenadores do GERESOL e do Projeto de

coleta seletiva de papel nas unidades da UFMG

• Unidade/Departamento:

• Nome:

• Cargo:

1. Como ocorreu o planejamento e o processo de implantação do Projeto de coleta seletiva

de papel na sua unidade?

2. Quais os suportes de informação (cartazes, folhetos, quadro de avisos, filmes etc.) e outras

formas de transferência da informação (palestras, teatros) foram utilizados para a

divulgação do Projeto de coleta seletiva de papel?

3. Você ainda tem algum modelo desse material?

4. Como você avalia esses suportes de informação utilizados tendo em vista os resultados

obtidos?

5. Você acredita que o público alvo foi sensibilizado por esses suportes de informação ou

poderia ter utilizado algum outro tipo de material? Se não, o motivo teria sido o suporte

veiculado ou alguma pré-disposição?

6. Você percebeu aceitação do público atingido em relação ao Projeto de coleta seletiva de

papel? Cite exemplos.

7. Como você avalia os benefícios obtidos através da implantação do Projeto de coleta

seletiva de papel?

8. Quais as dificuldades encontradas na implantação do Projeto de coleta seletiva?

9. Você acredita que o Projeto de coleta seletiva de papel contribui para a formação de uma

consciência ecológica e/ou aumento da sensibilização para as questões ambientais na

comunidade universitária? Cite exemplos.

10. Você gostaria de acrescentar mais alguma informação, alguma impressão pessoal positiva

ou negativa na época da implantação do Projeto de Coleta Seletiva de Papel?

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ANEXO E - Procedimento Operacional Padrão

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS FACULDADE DE FARMÁCIA

FACULDADE DE FARMÁCIA

PROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRÃO Nº 08

Título: Segregação e acondicionamento do

resíduo comum reciclável (papel)

Código: POP-FAR-08

Página/Páginas 01/01

Elaborado por:

Profª Simone O. F. Diniz

Revisado por:

Jane M. A. Baptista

Aprovado por:

Jane M. A. Baptista

Gerson Antônio Pianetti

Cargo: Responsável Técnico Cargo : Vice-Diretora Cargo: Vice-Diretora e Diretor

Data: 25/06/2002 Data: 05/07/2002 Data: 08/07/2002

PASSO PROCEDIMENTOS

01 Separar o papel reciclável (papelão, revista, jornal e branco) e armazenar de acordo com as

instruções afixadas nas caixas de papelão que possuam o símbolo de papel reciclável, localizadas

dentro das salas e laboratórios (a ser executado pelos servidores e usuários dos laboratórios e

setores).

02 Recolher o papel reciclável, diariamente (a ser executado pelo pessoal da limpeza).

03 Armazenar o papel reciclável nos recipientes de plástico de cor azul, que possuam o símbolo de

papel reciclável, localizados próximo aos elevadores (a ser executado pelo pessoal da limpeza).

04

Recolher o papel reciclável dos recipientes de plástico de cor azul, às segundas, quartas e sextas-

feiras, no horário de 9:00 às 11:00 (a ser executado pelo servidor da FAFAR responsável pela

coleta de resíduo comum reciclável).

05 Transportar o papel reciclável até o local de armazenamento final (a ser executado pelo servidor

da FAFAR responsável pela coleta de resíduo comum reciclável).

06 Separar o papel reciclável e acondicionar em sacos plásticos apropriados (a ser executado pelo

servidor da FAFAR responsável pela coleta de resíduo comum reciclável).

07 Comunicar ao chefe da Seção de Serviços Gerais que o papel a ser reciclado já está disponível (a

ser executado pelo servidor da FAFAR responsável pela coleta de resíduo comum reciclável).

08 Comunicar, via telefone, à empresa responsável pela coleta que o papel a ser reciclado já está

disponível (a ser executado pelo chefe da Seção de Serviços Gerais).

09 Entregar o papel reciclável à empresa (a ser executado pelo servidor da FAFAR responsável pela

coleta de resíduo comum reciclável).

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ANEXO F - Exemplos de suportes de informação

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Deixe nosso PLANETA mais limpo: Cuide do SEU LIXO!

Participe da Coleta Seletiva de Papel.

DSG/UFMG

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50 Kg de papel Reciclável = 1

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