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A legião

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Catherine seria uma adolescente comum se não sofresse com as sucessivas tragédias que ocorrem em sua vida. Apoiada por sua tia e por seu irmão, tem de se reerguer diante da pior delas: a morte dos pais. Os dias na cidade de São Francisco seguem em constante atenção, já que a menina tenta a todo instante proteger a vida dos que permanecem ao lado dela. Misteriosas reviravoltas acontecem novamente, e Sebastian, seu detestado ex-colega de classe, está ligado a elas, fazendo com que, verdadeiramente, a vida de Catherine nunca mais seja a mesma. Afinal, depois de conhecer a Legião, é possível se desligar dela antes que a guerra acabe?

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São Pau l o 2014

M A R C E L A D E J E S U S

legiaotalentos da literatura brasileira

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2014IMPRESSO NO BRASILPRINTED IN BRAZIL

DIREITOS CEDIDOS PARA ESTA EDIÇÃO ÀNOVO SÉCULO EDITORA LTDA.

CEA - Centro Empresarial Araguaia IIAlameda Araguaia, 2190 – 11º andar

Bloco A - Conjunto 1111CEP 06455-000 - Alphaville Industrial - SPTel. (11) 3699-7107 - Fax (11) 3699-7323

[email protected]

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Jesus, Marcela F. deA legião / Marcela F. de Jesus. -- Barueri, SP : Novo Século Editora,

2014. -- (Talentos da literatura brasileira)

1. Ficção brasileira I. Título. II. Série.

14-03812 CDD-869.93

Índices para catálogo sistemático:1. Ficção : Literatura brasileira 869.93

Copyright © 2014 by Marcela de Jesus

Texto adequado às normas do Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (Decreto Legislativo nº 54, de 1995)

Coordenadora Editorial

Preparação

Diagramação

Revisão

Capa

Leticia Teófilo

Thiago Fraga

Project Nine

Patricia Almeida

Daniela Georgeto

Monalisa Morato

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Dedico este livro a vocês,Meus ouvintes fiéis,

Companheiros de batalha,Conselheiros loucos

E escudeiros de garra.

Amo vocês, galera!

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Agradecimentos

Quando chegou a hora de preparar os agradecimentos, eu já tinha várias ideias e já havia discutido várias vezes com minhas amigas sobre o que escrever. Mas, quando finalmente chegou o momento, pensei em todas as pessoas a quem gos-taria de agradecer e cheguei a uma conclusão. No fim das contas, eu iria escrever vários nomes e agradecer a todos pela mesma coisa: o apoio que me deram. Por isso, decidi agrade-cer de outra forma.

Primeiro, agradeço a Deus, por tudo, principalmente pelo dom que me deu: a criatividade.

À minha família, por estar ao meu lado em todas as oca-siões. Agradeço até mesmo aos parentes distantes que quase nunca vejo, porque sei que sem eles talvez as coisas não fos-sem as mesmas.

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Aos meus amigos, que estão sempre ao meu lado quando preciso. Por insistência deles, vou listá-los: Karina, Isis, Letícia dos Santos, Matheus, Natália, Patrick, Rey, Rodrigo, Rayza, Rebecca, Daniela, Bianca, Susan, Larissa, Inae, Carolina, Sara, Lucas, Allysson, Leila, Lorrane Vasconcellos e Ingrid Hot Neves. Agradeço também aos outros que não coloquei aqui, porque senão ficaria longo demais, contudo, cada um de vocês, à sua maneira, é especial para mim.

Faço questão de destacar as cinco amigas que mais me apoiaram: Natália Barbato, Letícia dos Santos, Karina Rubin, Carolina Ignácio e Isis Carolina, que, a cada capítulo escrito, liam pelo menos uma coisa ou outra (sinto muito, Natália, por tê-la feito esperar dois meses para escrever os próximos capítulos que você tanto me cobrava).

Agradeço também à Editora Novo Século, pela oportunidade.

E, por fim, aos que vão ler este livro até o fim. Vocês me ajudaram muito e espero escrever mais livros para entretê--los. Vocês são minha Legião favorita!

Beijos para A Legião dos Leitores!

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PRÓLOGO

– Querida, cheguei! – disse papai imitando um persona-gem de um desenho que ele assistia quando criança.

– Papai! Papai! – chamei correndo agitada em direção a ele, enquanto se sentava na sua enorme poltrona marrom. – Olhe só minhas notas na escola, papai!

– Perfeitas como sempre, aposto! – falou e depois pegou meu boletim e o analisou com muito cuidado. – Eu não disse? Estão excelentes! Mas, cá entre nós, filhota... Tem como serem melhores, não é?

– Mas como vou conseguir mais do que dez, papai? – perguntei, curiosa.

– Você não precisa tirar mais do que dez, meu bebê... – ele disse e segurou meu queixo. – Só precisa melhorar sua nota em gramática.

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– Mas, papai... – falei tentando olhar para baixo.Meu pai soltou meu queixo, olhou nos meus olhos e deu

um sorriso.– Prometa para o papai que nunca vai desistir, está

bem? – Quis saber ainda sorrindo para mim, enquanto eu pendia minha cabeça para o lado em sinal de dúvida. Ao perceber, ele abriu ainda mais o sorriso e fez carinho na minha cabeça. – Um dia você vai entender, meu bebê... Acho que tem um certo pimentinha que também deve ter recebido o boletim hoje, mas, ao contrário da irmã, ainda não me mostrou...

– Ah, papai, é que minhas notas não são tão boas quanto às da mana! – revelou meu irmão com um sorriso meio chateado.

Johnson era meu irmão de criação. Ele era dois anos mais novo do que eu. Era filho da minha madrasta Janete, com quem meu pai se casara quando eu tinha quatro anos.

Johnson tinha olhos azuis e cabelos lisos e loiros com um corte repicado, o qual eu invejava ao comparar aos meus tris-tes e comuns padrões de castanho tanto nos olhos como nos cabelos. Ele era agitado, desleixado e grudento demais para um garoto de seis anos, mas, apesar de tudo, era um bom garoto.

– Mas eu sei que vai melhorar e vai ser tão bom quanto a sua irmã! – incentivou e fez carinho na cabeça do meu irmãozinho. – E vou poder ouvir meus dois filhos, assim que chegar em casa, desesperados para me mostrarem excelen-tes notas!

– Claro que vai, papai! Vou começar a me esforçar ainda mais a partir de amanhã!

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– É assim que eu gosto! – disse meu pai com um sorriso orgulhoso. – E, falando em amanhã, acho que tinha alguma coisa que não deveria me esquecer...

– Pare com isso, papai! Eu sei que você não se esqueceu! – falei, pulando no colo dele.

– Não me esqueci de quê? – ele perguntou como se não se recordasse de nada, mas ainda assim rindo. Papai nunca foi bom em mentir.

– De que dia é amanhã! – eu disse, ainda alegre, brin-cando com meu pai.

– Eu acho que é... Dia da Independência! – falou como se tivesse se lembrado de repente.

– Claro que não, papai! Isso foi mês passado!– Ah é, sabichona? – ele perguntou enquanto fazia cóce-

gas em mim. – Eu sei que amanhã é seu aniversário!– Sabia que você se lembraria! – eu me empolguei, sor-

rindo, enquanto me sentava novamente. – Você nunca vai se esquecer do meu aniversário!

– É verdade, meu anjinho. Nunca vou me esquecer. E sabe o que mais? Amanhã vamos fazer uma festa para você na casa da tia Loreleine!

– Então amanhã eu vou passar o dia na casa da titia Loreleine? – quis saber, animada.

– Isso mesmo!– E o papai vai ficar comigo? – perguntei ainda animada.– Não, meu amor... O papai vai terminar um trabalho

com a ajuda da mamãe e depois a gente vai direto para a casa da titia, está legal? E ainda vou levar um presente para você!

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– Jura, papai? – indaguei, agitada, imaginando as possibilidades.

– É claro que sim! – ele disse, sorrindo. – Desde quando eu minto para o meu bebê?

Abri um sorriso animado e o abracei bem forte antes de descer do seu colo e ficar pulando e falando para o meu irmão que eu iria ganhar um presente e ficarmos imagi-nando o que seria.

– Ora, ora! Que bom que você está feliz, querida! – disse Janete enquanto fazia tranças nos seus cabelos ruivos. – Mas eu acho melhor guardar um pouco de animação para amanhã, porque senão acho que o presente não vai valer tanto assim!

– Boa noite, papai! Boa noite, mãe! Vem, Johnny, vamos dormir! – eu disse, puxando meu irmão pelo braço para irmos logo dormir.

Mas no dia seguinte nada foi como esperávamos...

– Calma aí, criançada. Eu já volto! – disse tia Loreleine, indo abrir a porta.

Depois que ela abriu, um guarda alto e gorducho apare-ceu em pé.

– Boa noite. Aqui é a casa de Loreleine Logan? – pergun-tou o policial, lendo o nome escrito no papel.

– Sim, eu sou Loreleine Logan – ela respondeu pare-cendo preocupada. – Aconteceu alguma coisa grave?

– Imagino que pior impossível... – alertou o guarda e depois contou algo que fez minha tia ficar abismada. – E isso aqui estava com seu irmão quando tudo ocorreu... Eu preciso ir... Sinto muito, senhora...

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Ele foi dando as costas para a minha tia, deixando-a chocada.

Depois daquele dia, eu nunca mais fui a mesma. Não deviam ter mexido com o pai de Catherine Kingstone.

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1– Catherine! Catherine! – Candece berrou no meu ouvido,

me acordando das minhas tristes lembranças.Candece era uma de minhas melhores amigas. Ela era

esbelta e não muito alta. A agilidade dela era impressionante, nem mesmo a treinadora de atletismo conseguia acreditar em sua rapidez. Ela era bondosa e carinhosa, além de sempre estar disposta a fazer qualquer coisa que fosse necessária para salvar alguém, mesmo que ela não conhecesse essa pessoa. Porém, quando necessário, sabia muito bem a hora certa de ser impie-dosa ou rude. Candece tinha olhos azuis, cabelos loiros e um sorriso muito gentil. E, neste momento, ela estava me impor-tunando por eu estar dormindo de novo na aula, para variar...

– O que foi desta vez, Candy? – perguntei irritada por ter sido acordada pela terceira vez durante a aula de gramática da Senhora Jones.

– A aula acabou. Está na hora de ir para casa – ela disse arrumando a mochila e selecionando o que ela deixaria no armário.

– Finalmente! A cadeira já não é mais tão confortável quanto antes – falei enquanto começava a jogar tudo dentro da minha mochila.

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– Bem, acho que ela não foi feita para dormir – emendou enquanto empurrava dois livros para dentro da mochila.

– Ei, garotas! – disse Jennifer, pulando para frente da porta da nossa sala.

Jennifer era minha outra melhor amiga. Ela parecia ser dois anos mais nova do que realmente era. Ela era a capitã do time de handebol e de vôlei, conhecida nos campeona-tos como “braço de ferro”. Tinha cabelos e olhos castanho--claros. Era agitada e vivia alegre, apesar de o ambiente à sua volta não ser realmente favorável.

– Oi, Jenny! – cumprimentou Candece, fechando o zíper da mochila. – Como foram suas aulas hoje?

– A mesma chatice de sempre... – ela respondeu, fazendo careta. – E, antes que pergunte, ainda prefiro um dia só de gramática a dez minutos de matemática, Catherine.

– Que pena. Pensei que ter aulas com a Jones ia fazer você mudar de ideia – eu disse e joguei a mochila nos ombros.

– Até que ela é uma boa professora, Cathy... Pelo menos está sendo uma boa substituta... – ela acrescentou enquanto eu passava por ela, que ainda estava na porta.

– Ok, já que você acha... – falei enquanto andava em direção ao meu armário com minhas amigas do meu lado esquerdo.

– E aí, o que vocês vão fazer hoje? – perguntou Jennifer encostada na porta do seu armário enquanto nos esperava arrumar nossas coisas.

– Vou passar o dia dando aula de reforço para os menores – avisou Candece, fechando a porta do armário.

– Eu vou ficar em casa deitada na minha cama, vendo tv até minha tia se irritar e resolver me mandar fazer alguma

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coisa. Depois, vou esperar meu irmão voltar da explicadora, ou seja, esperar ele sair da aula da Candece. E jogar videogame com ele até ficar enjoada e com sono – respondi, batendo a porta do meu armário.

– Ou seja, o de sempre – disse Jennifer, revirando os olhos.– Mas saindo do assunto “minha rotina”... – emendei

enquanto ela me fazia uma careta. – Por que a pergunta?– É que eu ia perguntar se alguma de vocês queria ver

meu filme favorito pela milionésima vez... – disse sorrindo tão animadamente que, se eu não estivesse acostumada com isso, até diria sim.

– Bem, você já sabe como será nosso dia de hoje, por isso duvido que consiga mudar minha opinião – falei olhando para o chão.

– É, né? Fazer o quê? – ela disse e depois olhou em volta procurando pelo carro do irmão mais velho. – É melhor eu ir, meninas, o Tony não vai aguentar me esperar mais.

– Tchau, Jenny! – dissemos em coro.

Quando cheguei em casa, vi um bilhete largado em cima da mesinha de centro da sala e o peguei.

Oi, Catherine. Aqui é a tia Loreleine. Precisei ir à sua escola resolver

umas pendências sobre as notas do Johnson. Parece que ele não está indo muito bem, e isso não é típico do seu irmão, sabe... E eu também vou levá-lo a uma psicóloga depois da explicadora, por isso vou voltar bem tarde. Tem louça para lavar, espero que não se incomode em lavá-la para mim. Muito obrigada, meu anjinho.

Beijos,

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Titia LoreleineObs.: Eu também vou passar na delegacia, porque parece

que eles têm notícias sobre sua prima! E você sabe como isso é importante para mim... Por favor, me deseje sorte!

Coloquei o bilhete de volta em cima da mesinha de cen-tro e me joguei no sofá para ver minha série de tv favorita, The Big Bang Theory, enquanto comia os chocolates que havia comprado na escola e que estavam há um dia dentro da minha mochila.

Passei o dia naquele sofá, pensando em tudo, menos no que eu estava assistindo. Mas de tudo o que eu pensava, o que mais me veio à cabeça foram as lembranças de minha prima... Fazia dois anos que não via Carter. Ela sumiu sem dar pistas. E o que deixava tudo muito mais estranho do que já era é que, no Natal e no meu aniversário, eu sempre recebia presentes com o nome dela na embalagem, e ela sempre me dizia para que eu não me preocupasse porque ela estava bem.

Quando minha tia chegou em casa com meu irmão, ela parecia mais viva do que de costume.

– Como foi na delegacia? – perguntei enquanto via meu irmão desligar a televisão, que àquela hora já estava cansada de tanto eu ficar pulando de canal em canal, e colocar seu videogame.

– Disseram que a viram no bosque há dois dias, mas ela estava acompanhada do pai dela... – ela disse olhando para o chão.

Parei de prestar atenção no meu irmão para olhar para minha tia. Era impossível que Carter estivesse com o pai

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dela! Ele estava morto! Ele morreu no mesmo ano que minha mãe, portanto era impossível que ele estivesse passeando pelo bosque com a filha dele!

– Tia, isso é impossível! – falei abismada.– Eles tiraram uma foto... – minha tia disse e me mostrou.Com certeza era a Carter, disso não tinha dúvida, mas o

pai dela... Eu não o conhecia, nunca vira nenhuma foto dele, para mim ele era apenas um cadáver cuja aparência nunca me foi conhecida... Como minha mãe.

– Ele é o pai dela, Catherine... – acrescentou ainda meio triste.

Ficamos ali paradas observando meu irmão jogando videogame até dar a hora de ele dormir. O que, para mim, significava a mesma coisa.

– Desligue isso, Johnson. Vamos dormir – eu disse para o meu irmão.

– Mas, mana...– Nananinanão, Johnny! Hora de dormir é hora de dor-

mir! – disse minha tia enquanto se levantava do sofá. – Você pode ir se preparando, porque suas provas de recuperação começam amanhã. E você, Catherine? Já está tudo pronto para o jogo de amanhã?

– Sim, titia... – falei meio desanimada.– Então boa-noite, meu anjinho – ela disse, e eu fui para

o meu quarto.

Acordei e dei de cara com o espelho que fica de frente para a minha cama. Vi meus cabelos bagunçados e resolvi deitar por mais dez minutos. Mas eu tinha certeza de que antes disso Johnson viria até o meu quarto para me acordar

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de vez, porque ele sempre acordava junto comigo quando eu tinha jogo. Então resolvi levantar antes que isso acontecesse.

Arrumei-me e peguei minha mala para passar o mês em uma escola que ficava do outro lado do país e onde seriam os campeonatos regionais.

Ouvi meu celular tocar Just the way you are e soube ime-diatamente que minha tia havia mexido nele e trocado o toque pela milésima vez na semana. Olhei na tela e vi que era Jennifer me ligando.

– Oi, Jenny – eu disse depois de colocar o celular no modo viva-voz.

– Bom dia, Catherine! Só liguei para avisar que o nosso ônibus vai sair daqui a uma hora.

– Vou estar aí antes disso! – falei enquanto fechava minha mochila que eu havia terminado de conferir. – Não se preocupe. Tchau, Jenny!

– Tchau, Catherine – ela despediu-se e desligou o telefone.Joguei a mala por cima dos meus ombros e desci as

escadas correndo para encontrar apenas minha tia lavando a louça.

– Cadê o Johnny? – perguntei sentando-me à mesa que havia no meio da cozinha praticamente cinza da minha tia e me preparando para tomar o café da manhã que já estava posto.

– Não acordou ainda – ela disse ainda lavando os pratos. – É melhor você ir dar uma olhada nele.

Depois que eu terminei, subi as escadas e entrei no quarto do Johnson.

Eu olhava para todos os lados, e em tudo, exceto na área ao redor da cama, só conseguia ver eletrônicos para lá e para

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cá. Cheguei perto da cama e distingui o ronco baixo do meu irmão por debaixo da espessa camada de cobertores com os quais ele havia dormido.

– Anda, Johnny! Levanta! – eu disse puxando a coberta dele.– Deixa eu dormir mais um pouco, Catherine! – ele falou

e se encolheu.– O que há com você, Johnson? – perguntei me sentando

na beirada da cama dele. – Parece doente – observei e colo-quei a mão na testa dele. – Está com febre... É melhor ficar em casa hoje. Vou pedir para a titia cuidar de você enquanto eu estiver viajando, mas, depois que eu voltar, cuidarei de você, está bem?

– Você devia se preocupar é com a hora do seu ônibus, mana... – ele disse tentando me dar um sorriso que saiu meio torto.

– Só depois de cuidar de você! – eu falei e dei um beijo na testa dele. – Volte a dormir que vou lá falar com a tia.

– Bom jogo, mana – ele disse e voltou a dormir enquanto eu ajeitava suas cobertas.

– Bons sonhos, Johnny – falei enquanto fechava a porta do quarto dele.

Desci as escadas, avisei à minha tia e saí correndo de casa. Por pouco não perdi o ônibus do time.

– Sério, Catherine, eu ia matá-la se você se atrasasse para pegar o ônibus! – disse Jennifer enquanto jogava Angry Birds no celular.

– Eu disse para você relaxar, Jennifer – falei olhando para a janela, estressada por já estar ouvindo aquilo pela milésima vez desde que havíamos saído da cidade.

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– Deixe-a em paz, Jenny! Não vai ser bom para ninguém ter uma goleira estressada, que só está pensando em se vin-gar da capitã! – disse Candece enquanto ajeitava os cabelos em um rabo de cavalo.

– Ela tem razão, vai que eu resolvo deixar todas as bolas passarem quando a gente estiver ganhando, só para o outro time ganhar de virada? – ameacei.

– Está louca? Deus me livre e guarde! – disse Jennifer fazendo o sinal da cruz.

Rimos todas juntas e foi aí que tudo aconteceu.O ônibus parou no meio do nada e um grupo de cinco

garotos entrou. – Bom dia, viajantes... – disse um garoto alto de cabelos

negros e roupas da mesma cor, que tinha o que parecia ser uma espada embainhada nas costas. – Nós estamos procu-rando uma menina chamada Kairin Canavier. Se nos entre-garem ela, vai ficar tudo bem. Certo?

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