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A língua de Eulália Componentes: João Vitor, Thiago, Igor, Guilherme e Felipe Miossi Professora: Karina Detogne

A Lingua de Eulalia

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Obra de Marcos Bagno.

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A língua de Eulália

Componentes: João Vitor, Thiago, Igor, Guilherme e Felipe MiossiProfessora: Karina Detogne

• 1. 1-IDENTIFICAÇÃO DA OBRA

OBRA: A Língua de Eulália: novela SociolinguísticaAUTOR: Marcos Bagno15 ed., São Paulo: Contexto, 2006.

2. APRESENTAÇÃO DA OBRA:

Nesta obra o autor argumenta que falar diferente não é falar errado e o que pode parecer erro, no português não-padrão, tem uma explicação lógica. Para explicar esse problema, ele reúne então na obra "A Língua de Eulália" as universitárias Vera, Sílvia e Emília, que vão passar as férias no sítio da professora Irene. Dedicada, Irene se reúne todos os dias com as três educadoras do ensino fundamental, transformando suas férias numa

espécie de atualização pedagógica, em que as universitárias reciclam e ampliam seus conhecimentos e saberes linguísticos. Sendo assim, Irene acaba dando subsídios para que as universitárias passem a encarar,

com um novo olhar, as variedades não-padrão da língua portuguesa. A novela acontece em diálogos deliciosamente informativos. A obra "A Língua de Eulália" trata a sociolinguística como ela deve ser

tratada: com seriedade, mas sem sisudez.

3. ESTRUTURA DA OBRA:

A obra está dividida em 21 capítulos totalizando 242 páginas.

4. RESUMO DA OBRA:

Marcos Bagno conta a história de uma viagem de férias de três amigas (Sílvia,

Emília e Vera) à casa de Irene, tia de Vera. Irene é uma linguista e, ao perceber o

preconceito linguístico a que incorrem as três mulheres ao ouvirem a fala de Eulália, amiga de Irene, propõe uma reflexão sobre a língua portuguesa. Elas gostam tanto que sugerem ter aulas sobre o assunto durante

a sua estadia.

Ganha quem chega primeiro

João trouxe um monte de livros para [ ] escolher.

Na produção desse enunciado, quem aparece primeiro, na fala, é a preposição para. Ora, existe uma regra na língua que diz: “depois de preposição, pronome oblíquo”. Também existe uma outra regra que diz: “na função de sujeito de um verbo, o pronome deve figurar no caso reto”. São duas regras para serem obedecidas. A qual delas o falante vai obedecer? A que veio primeiro, à que foi acionada em primeiro lugar.

João trouxe um monte de livros para mim escolher.

Deslocamentos Possíveis

(4) É muito difícil para mim fazer isso sozinho.

(4a) Para mim é muito difícil fazer isso sozinho.

(4b) É para mim muito difícil fazer isso sozinho.

(4c) É muito difícil fazer isso sozinho para mim.

Ensinar criticando“— Seria muito mais interessante

se, em sala de aula, a gente pudesse explicar as coisas assim —

comenta Vera. — Chamar a atenção dos alunos para a

complexidade dos fenômenos da língua, em vez de ter um ataque

histérico sempre que algum deles diz “para mim fazer”..

Essa mudança de atitude é muito importante, na minha opinião. Não podemos mais, como ainda é feito, querer simplesmente eliminar da realidade linguística o para mim fazer, um esforço totalmente inútil porque cada vez mais gente usa e usará essa construção.

“Proponho a valorização dos usos linguísticos não-padrão, sobretudo porque a língua que uma pessoa fala, a língua que ela aprendeu com sua família e com sua comunidade, a língua que ela usa para falar consigo mesma, para pensar, para expressar seus sentimentos, suas crenças e emoções, faz parte da identidade dessa pessoa, é como se a língua fosse a pessoa mesma...

“Negar valor ao modo como a pessoa fala seria quase o mesmo que negar valor ao que a pessoa é”

• Quem disse que só eu pode fazer ?• Além disso – prossegue Irene - argumento

tradicional de• que ''min não faz nada'' está em contradição com

regras• prescritas pela própria gramática normativa.• -Como assim,tia ?• -veja só:quem diz que ''min não faz nada '' na

verdade está• querendo dizer que somente o pronome EU pode

exercer a• função de sujeito .

• EXEMPLOS:• Deixa-me ver isso!• Por que você não foi me ver jogar ?• Eu não gosto que me mandem fazer esse

tipo de coisa.

• Em frases o pronome eu parece muito mais comum a gente usar do que o pronome me Por exemplo: ''deixa eu ver '' do que ''deixa me ver.

• No Brasil , a tendência é enunciar foneticamente o sujeito e apagar o objeto. Em Portugal, é justamente o contrário : apaga-se o sujeito ,e enuncia-se o objeto.

• Exemplo :

• Quem já foi ver o filme novo do Almodóvar ? Duas respostas, entre mais possíveis: (A)Eu vi ontem. (B)Vi-o ontem.

MALINCULIAAntonino Sales

1 Malinculia, Patrão, 2 É um suspiro maguado 3 Qui nace no coração! 4 É o grito safucado 5 Duma sodade iscundida 6 Qui nos fala do passado 7 Sem se torná cunhicida! 8 É aquilo qui se sente 9 Sem se pudê ispricá! 10 Qui fala dentro da gente 11 Mas qui não diz onde istá! 12 Malinculia é tristeza 13 Misturada cum paxão, 14 Vibrando na furtaleza 15 Das corda do coração! 16 Malinculia é qui nem 17 Um caminho bem diserto 18 Onde não passa ninguém... 19 Mas nem purisso, bem perto, 20 Uma voz misteriosa 21 Relata munto baxinho 22 Umas história sodosa, 23 Cheias de amô e carinho!

Depois de lerem o poema elas debatem sobre varias coisas (a forma com que as palavras são escritas, a origem das palavras, a troca do L por N /EX: O árabe NARANJA deu a nossa LARANJA) palavras “compridas”, como MELANCOLIA, estão mais sujeitas a estes intercâmbios de vogais. No português antigo o nome BARTOLOMEU tinha a forma Bertolameu, e JERÔNIMO era Jirólimo, onde vemos de novo a troca do N por L.

Um ponto que foi destacado é a eliminação do R final, como aparece aqui em ispricá (v. 9), frô (v. 28), cô (v. 29), amô (v. 35), dô (v. 52), havê (v. 58), nacê (v. 62), muié (v. 63) Isso talvez se explique pela tendência que a língua portuguesa tem de terminar toda palavra sempre com uma vogal.

• Irene diz que a conservação de uma norma em uma língua está ligada a importância política que possui, pois representa a língua falada das camadas prestigiadas.

• A linguista expõe que em sociedades onde há a democratização do ensino, as mudanças linguísticas ocorrem de forma mais lenta, citando como exemplo a língua francesa que se consolidou há muito tempo.

O poder simbólico da norma padrão.

Democratizar a norma padrão criticando.

• Dando seguimento, Irene enfatiza que é necessário que o ensino de gramática nas escolas se torne mais democrático, não ensinando apenas a gramática normativa, mas inserindo novas formas, novos usos linguísticos.

• Irene aponta que a língua não é um bloco compacto, mas um universo complexo e rico.

Ciência vs tradição

dogmática.

• Irene fala do embate existente entre os linguistas que desejam uma democratização da língua contra os gramáticos tradicionalistas que impõem regras obsoletas.

• Fala dos novos defensores da língua, que propagam a ideia de que os brasileiros não sabem falar português.

A linguista explica a origem da gramática tradicional, que foi estabelecida antes de Cristo pelos sábios da antiguidade.

• Aponta que com o nascimento da linguística que se deu no inicio do século XX, houve um abalo no prestigio na gramática tradicional, mas que não foi o suficiente para mudar conceitos de certo ou errado.

Sim, mas...e o vestibular?

As meninas conversam sobre o futuro fracasso dos alunos no vestibular e nos concursos públicos, Emilia rebate dizendo que com as velharias ensinadas nas escolas, os alunos não iriam passar no vestibular.

• Continuam a conversa sobre as questões de vestibular, debatendo sobre questões que não armadilhas, pegadinhas feitas para enganar o candidato, mas isso é desnecessário segundo as mulheres.

• Vera fala que professores de língua portuguesa são muito apáticos, são tantos no Brasil inteiro, mas não fazem nada para se organizarem, para fazer ouvir sua opinião. Se os professores tivessem essa organização, poderiam simplesmente desqualificar uma prova que tivesse esse tipo de questão pré-histórica e exigir que fosse anulada e reelaborada.

A PARTIDA

Todos estavam na rodoviária de Atibaia onde se reuniram para a despedida. Eles conversaram sobre como foi bom passar estas férias juntos, trocaram beijos, abraços e despedidas. Mas Irene tinha uma surpresa para as universitárias.

Naquela tarde ela recebera uma proposta de uma editora para publicar o seu livro sobre o português não-padrão. E neste livro ela contou a historia de três amigas universitárias que se divertiram em suas férias aprendendo todos os dias um pouco mais sobre Sociolinguística ( Um ramo da ciência que estuda correlações entre fenômeno linguístico e fato social).

O que mais se destacou neste desfecho foi o nome que Irene deu ao seu livro, “A língua de Eulália”.

Este titulo tem um detalhe lingüístico interessante, pois além de retratar a passagem da personagem Eulália, este nome em grego, significa: “a que fala bonito, a que fala bem, a que fala certo”.