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A Lua de JoanaMaria Teresa Maia Gonzalez
1.ª ed. : Outubro de 1994
Prof.ª Clara Pinto
Biografia da Autora
• Informações sobre a autora: Maria Teresa Maia Gonzalez nasceu em Coimbra, em 1958. É uma
das mais prestigiadas autoras portuguesas de livros dedicados a crianças e jovens adolescentes. É licenciada em Línguas e Literaturas modernas, variante de Estudos Franceses e Ingleses, pela Faculdade de Letras da Universidade Clássica de Lisboa. Foi professora de Língua Portuguesa de 1982 a 1997 e os seus livros têm a particularidade de reflectirem assuntos relacionados com a juventude e os seus problemas.
A Lua de Joana, o seu maior sucesso editorial, conta já com 17 edições e 250 000 exemplares vendidos.
• Outras obras da autora: A Fonte Dos Segredos, Gaspar & Mariana, O Guarda Da Praia.
Resumo
Este livro pode ser considerado uma espécie de diário (apesar de não o ser), porque a personagem principal escreve cartas para uma amiga que já morreu, contando-lhe tudo o que se passa na vida dela. Trata-se de uma história de uma rapariga chamada Joana, que perdeu a sua melhor amiga, quando esta se envolveu com as drogas. Joana interrogava-se ao tentar entender o que teria levado a sua amiga Marta a fazer aquilo. Joana era uma rapariga exemplar, na escola e em casa, mas tudo mudou quando ela se envolveu com uma amiga da Marta, a Rita, (a amiga que teria levado Marta a envolver-se com as drogas), e com o próprio irmão da Marta, o Diogo, também vítima das drogas.
Devido à morte da sua avó, a pessoa de quem ela mais gostava no mundo e a falta de atenção e de diálogo por parte dos pais, levou a que ela se começa-se a sentir só e as únicas pessoas que lhe derem atenção foram a Rita e o Diogo. Começou a vender as suas coisas, para conseguir dinheiro, para ajudar Diogo acabando também ela por se envolver com drogas. Um dia ela olhou-se ao espelho e reparou como tinha mudado, entendendo agora, como, tão facilmente Marta se tinha envolvido com a droga. Joana tentou abandonar as drogas mas, já foi tarde de mais…
http://www.youtube.com/watch?v=eeR23sbjWF8
Estrutura da Obra
• A obra é constituída por cartas, escritas por Joana e endereçadas a Marta, sua falecida amiga.
• Narrador: participante e autodiegético (participa na história e é a personagem principal).
- uso da 1.ª pessoa do singular
Tempo e Espaço
Tempo:-A acção inicia-se a 28 de Agosto de 1992, data da primeira carta.- Não existem indicações temporais do final da acção, mas sabe-se que a última carta data de 5 de Julho de 1994.
Intervalo de tempo de 1 ano, 10 meses e 8 dias (aproximadamente)
Espaços:Lisboa
Quarto / Lua Escola
Casa da Marta/Diogo
Guincho
Local onde Joana passa férias
Personagens
Joana Personagem principal
- Tem 14 anos e pertence a uma família da classe média-alta;
- É boa aluna, estudiosa, cordial e preocupada;
- Tem um enorme carinho pela avó Ju, a pessoa mais importante da sua vida.
- A tristeza e a solidão empurram-na para o caminho da auto-destruição, através do consumo de drogas.
- Sofre grandes transformações físicas e psicológicas:
Descrição física e psicológica de Joana
Caracterização Antes Depois
Física “ a Rita convenceu-me a furar as orelhas – na direita fiz dois furos e na esquerda três”;
“cortei o cabelo curtíssimo e agora uso gel”;
“muito magra”
Psicológica “as notas do primeiro período foram boas”;
Estudiosa; honesta; atenta; talentosa; alegre
“as notas do primeiro período não vão ser famosas”;
Irresponsável; triste; sozinha; revoltada; incompreendida
JORGE, irmão de Joana • Um jovem perturbado. Toda a família se preocupa com ele,
talvez porque adquiriu um estilo diferente ao qual não estavam habituados. Não estuda, e corre risco de chumbar o ano pela segunda vez consecutiva.
• As suas idas constantes ao psicólogo parecem piorar a situação. Segundo o psicólogo ninguém o pode contrariar.
• Joana trata-o habitualmente por “Pré-Histórico”, “Traumatizado” , “Homem das Cavernas” e “Cro-Magnon”.
• É anti-social e, segundo a Joana, “grunhe monossílabos”.
MARTA- Jovem que, não aparecendo directamente no
livro, faz parte integral da história, pois todas as cartas escritas por Joana, são-lhe dirigidas: "Querida Marta".
- Marta envolve-se com um grupo de amigos "punks" e acaba por morreu de overdose.
DIOGO
- Jovem rebelde, devido à morte estúpida da sua irmã Marta.
- Joana faz várias tentativas para se aproximar dele, pois ele é a sua paixão desde menina, mas todas em vão.
- Diogo sabe bem os perigos da droga, no entanto acha que é forte, que consegue controlar o seu corpo e que não irá ficar viciado.
PAI
-É médico e trabalha horas e horas sem fim no seu consultório.
- Nunca tem tempo para a Joana, mas, ironicamente, passa a vida a oferecer-lhe relógios.
- É ele quem acaba por descobrir todas as cartas escritas por Joana à sua amiga e só aí, percebe o que a sua filha passou, o que sentiu, o quanto gostava que ele tivesse uns segundinhos para ela ou apenas um sorriso.
MÃE-Vive envolvida com a moda, com a sua loja…Vive em
torno dos vestidos e acessórios de moda.
-Não dá o devido apoio à filha; vive para as festas e inaugurações
- Não é capaz de ver a verdade porque vive no mundo das aparências.
Simbologia
A Lua
- Simbolicamente, por estar privada de luz própria, na dependência do Sol e por atravessar fases, mudando de forma, representa: dependência.
- A mutabilidade da Lua representa a mutabilidade dos sentimentos e afectos humanos, e também instabilidade.
- A luz da lua, devido aos ciclos lunares, também se associa à renovação.
- A luz do luar é a força extraordinária que permite o conhecimento e a lua poderá simbolizar a passagem da vida para a morte e vice-versa.
Quarto crescente Quarto minguante
• Fase de crescimento e de renovação;
• Produtividades, novas ideias
Joana coloca o seu baloiço em quarto crescente nos dias em que se sente inspirada ou feliz.
“Quando quero pensar, coloco-a em posição de quarto crescente…”
• Representa a sabedoria;
• Tempo de reflexão, introspecção e recolhimento;
Joana coloca o seu baloiço em quarto minguante quando se sente triste, confusa e infeliz.
“… e, quando estou triste, rodo-a para quarto minguante e sento-me até que a tristeza passe.”
Quarto Branco“A minha mãe acedeu finalmente em redecorar o meu quarto – está tal e
qual como eu queria! Todo branco (paredes, tapete, colcha, cortina)…”
- O BRANCO é definido como "a cor da luz", em cores-luz, ou como "a ausência de cor", em cores-pigmento;
- Está associado à pureza e à inocência;
- É a cor da verdade e da transparência.
´O quarto branco simboliza a inocência da personagem principal, pura e sem mácula, no início da história.
Relógio
-Símbolo da passagem do tempo.- O tempo como realidade irrecuperável.
O Pai de Joana oferece-lhe sempre relógios.“Tenho uma gaveta cheia de relógios, quase todos eles oferecidos por um pai que nunca chega a horas..”
Joana tatua um relógio no pulso.“Agora tenho um relógio eternamente parado nas zero horas.”
Para reflectir: « Então, num momento completamente louco, desvairada, passei-me da cabeça e pedi-lhe para experimentar um bocado, só para ver o efeito que aquilo tinha.» (p. 140)
« A Joana já não mora aqui.» (p.95)
«Vou parar de escrever. Dói-me a mão, dói-me o corpo, dói-me o pensamento. Dói-me a coragem que não tenho.»
«... nunca imaginei que fosse tão fácil uma pessoa passar-se para o lado de lá, o lado para onde tu passaste, o lado que eu sabia que era ERRADO!» (p. 152)
« Eu saí, com a impressão de que estou cada vez mais só. Mas não estaremos todos?...» (p. 106)
« Pode ser que, dentro de alguns anos, com o avanço da tecnologia, dêem voz humana aos cães. E toda a gente ficará menos só.“ (p. 156)