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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960 Orientando: ADHEMAR CARLOS PALA Orientadora: Profª Drª. MARIA AUGUSTA JUSTI PISANI 2014

A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

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Page 1: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS

RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Orientando: ADHEMAR CARLOS PALA

Orientadora: Profª Drª. MARIA AUGUSTA JUSTI PISANI

2014

Page 2: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

ADHEMAR CARLOS PALA

A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS

RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Tese apresentada à Universidade Presbiteriana Mackenzie,

como requisito parcial para a obtenção do título de Doutor em

Arquitetura e Urbanismo.

Orientadora: Profª Drª. Maria Augusta Justi Pisani

São Paulo

2014

Page 3: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

P153L Pala, Adhemar Carlos

A luz natural lateral na concepção arquitetônica nos projetos dos edifícios residenciais do bairro paulistano de Higienópolis nos anos de 1940 – 1960. / Adhemar Carlos Pala – 2014.

322 f. : il. ; 21 cm. Tese (Doutorado em Arquitetura e Urbanismo) - Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2014. Bibliografia: f. 213-220.

1. Arquitetura moderna. 2. Edifícios residênciais 3. Luz natural. 4. Projeto arquitetônico. I. Título.

CDD 728.1

Page 4: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

Tese submetida ao corpo docente do Programa de Pós Graduação em Arquitetura e Urbanismo

da Universidade Presbiteriana Mackenzie como parte dos requisitos necessários para a

obtenção do grau de Doutor.

Aprovada por:

Profª Drª. Maria Augusta Justi Pisani

FAU/MACKENZIE

Prof. Dr. Dominique Fretin

FAU/MACKENZIE

Prof. Dr. Milton Vilhena Granado Junior

FAU/MACKENZIE

PROF. Dr. Leonardo Marques Monteiro

FAUUSP

Prof. Dr. Roberto Alfredo Pompéia

FAUUAM

Page 5: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

Agradecimentos

A DEUS por me amparar nos momentos difíceis, me dar força interior para superar as dificuldades, mostrar os caminhos nas horas

incertas e me suprir em todas as necessidades.

À Universidade Presbiteriana Mackenzie, que proporcionou a bolsa de estudos para o desenvolvimento do Doutorado.

À minha orientadora Profª. Drª. Maria Augusta Justi Pisani por acreditar em mim e mostrar o caminho correto para o

desenvolvimento da tese, sempre presente nos momentos bons e nos ruins: exemplo de profissional e de mulher.

À Profª. Drª. Luciana Monzillo de Oliveira pelo incentivo constante desde o ingresso até a banca final do Doutorado.

Aos laboratoristas Jairo Manoel da Silva do Laboratório de Conforto dos Ambientes do Mackenzie (LabMack) e Ranieri Higa do

Laboratório de Conforto da USP (Labusp), sempre dispostos aos auxílios necessários nos experimento sobre a luz natural.

Aos funcionários do Arquivo Histórico do Município de São Paulo, sempre atenciosos nos levantamentos fotográficos dos projetos

arquitetônicos elencados.

Aos funcionários das bibliotecas da FAU Mackenzie e FAUUSP, pelo carinho que sempre me receberam.

Aos proprietários e funcionários dos apartamentos dos edifícios Diana, Lausanne, Louveira e Prudência por permitirem as visitas e

medições com o luxímetro todas as vezes que foram necessárias.

Aos meus antigos alunos e aos atuais e principalmente aos que auxiliaram na recuperação dos desenhos: Fernanda Rocha, Luiza

Tokuda de Faria, Marcelo Berti Simões e Mariana Sato.

Às professoras Erika de Figueiredo Risso pelo auxílio no Relux Professional 2011 e a Vânia Helena Lopes Gonçalvez Corrêa pela

revisão do português.

Aos componentes da banca, que gentilmente aceitaram o convite: professores Drs. Dominique Fretin, Leonardo Marques Monteiro,

Milton Vilhena Granado Junior e Roberto Alfredo Pompéia.

À minha família, a qual amo muito, pelo carinho, incentivo e paciência.

Page 6: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

A Deus: criador da luz natural.

Aos meus pais: Conceição e Anacleto Pala.

À minha esposa Maria Regina.

Às minhas filhas: Thaís e Letícia.

Page 7: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

Resumo

A produção de edifícios residenciais nos anos de 1940-1960, no bairro paulistano de Higienópolis, São Paulo, é o alvo

principal desta pesquisa que pretende discutir a luz natural lateral como um dos elementos de concepção arquitetônica nos

edifícios projetados naquela época, cujos fatores estão relacionados a questões culturais, econômicas, sociais e tecnológicas, no

contexto do processo de metropolização de São Paulo.

Esses elementos contribuíram para despertar no autor a indagação a respeito da luz natural na concepção arquitetônica de

edifícios residenciais, que foram selecionados entre dezenas de obras arquitetônicas significativas presentes no bairro de

Higienópolis. A seleção resultou nos seguintes estudos de casos: Edifício Diana (1954) do arquiteto Victor Reif; o Edifício

Lausanne (1953) do arquiteto Adolf Franz Heep, o Edifício Louveira (1946) dos arquitetos João Baptista Vilanova Artigas e Carlos

Cascaldi e o Edifício Prudência (1944) de autoria dos arquitetos Rino Levi e Roberto Cerqueira Cesar.

Os objetivos da pesquisa são identificar, medir e simular a quantidade de luz natural nos diferentes ambientes dos

apartamentos tipo dos edifícios selecionados; utilizando como parâmetro o Código de Edificações Arthur Saboya, que serviu de

base para a aprovação dos edifícios junto à Prefeitura Municipal de São Paulo. As simulações da iluminação natural foram

realizadas por meio do programa computacional Relux 2011, sendo utilizado o que recomenda as NBR-15575-1 (2013) e a ISO

8995-1(2013) nas medições in loco com o equipamento portátil luxímetro.

Os resultados demonstraram que as pesquisas realizadas sejam pelo Código de Edificações, nas medições dos pontos com

o luxímetro, nas simulações com o programa computacional Relux e as atuais NBR que tratam sobre a iluminância adequada para

os ambientes internos, comprovam que os arquitetos modernistas preocupavam-se com a iluminação natural na concepção

arquitetônica nos projetos dos edifícios residenciais.

Palavras-chave: arquitetura moderna, edifícios residenciais, luz natural, projeto, simulações.

Page 8: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

Abstract

The production of residential buildings in 1940-1960 , in São Paulo’s neighborhood Higienópolis, is the main target of this

research that intends to discuss the lateral natural light as one of the architectural conception elements of the buildings designed at

that time , whose factors are related to cultural, economic, social and technological issues, as part of São Paulo’s metropolis

process.

These elements had contributed to awaken the author to question about the lateral natural light on the architectural conception

elements of the buildings, which were selected among dozens of significant architectural works present in Higienópolis

neighborhood. The selection resulted in the following case studies: Diana Building (1954) by architect Victor Reif ; Lausanne

Building (1953) by architect Adolf Franz Heep , Louveira Building (1946) of architects Giovanni Battista Vilanova Artigas and Carlos

Cascaldi and Prudence Building (1944) authored by architects Rino Levi and Roberto Cerqueira Cesar .

The research objectives are to identify measure and simulate the amount of natural light in the different environments of selected

buildings’ apartments; using as a parameter the Arthur Savoy Building Code, which had served as the basis for the buildings’

approval with the São Paulo’s City Hall. The simulations of the natural light were performed by using the computer program Re lux

2011, being used which it is recommended by the NBR -15575-1 (2013) and ISO 8995-1 (2013 ) on the spot measurements with

the portable equipment luximeter.

The results showed that the research conducted by the Building Code are, in measurements of the spots with luximeter, in the

simulations with the computer program Relux and the current NBR, which deal about the appropriate luminance for indoor, show

that the modernist architects were concerned with natural lighting in architectural conception elements of the buildings.

Keywords: modern architecture, residential buildings, natural light, project, simulations

Page 9: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

SUMÁRIO

CAPÍTULO 01. .................................................................................................................................................................................01

INTRODUÇÃO

CAPÍTULO 02. ................................................................................................................................................................................09

AS TRANSFORMAÇÕES DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS 1940-1960

CAPÍTULO 03. ................................................................................................................................................................................31

AS CONSTRUÇÕES DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS VERTICAIS EM HIGIENÓPOLIS NOS ANOS 1940 – 1960

CAPÍTULO 04. ................................................................................................................................................................................40

A LUZ NATURAL NA CONCEPÇÃO DO PROJETO ARQUITETÔNICO E AS TÉCNICAS UTILIZADAS PARA A PESQUISA

EXPERIMENTAL

CAPÍTULO 05. ................................................................................................................................................................................70

OS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS NO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS E A LUZ NATURAL NA CONCEPÇÃO DO

PROJETO ARQUITETÔNICO, AS ETAPAS DA PESQUISA EXPERIMENTAL, DESDE AS INICIAIS, AS ANÁLISES JUNTO AO

CÓDIGO DE EDIFICAÇÕES, AS SIMULAÇÕES NO SOFTWARE RELUX, ATÉ SUA FORMATAÇÃO FINAL

CAPÍTULO 06. ..............................................................................................................................................................................103

RESULTADOS OBTIDOS COM AS AVALIAÇÕES, INTERPRETAÇÕES E VERIFICAÇÕES PARA SE CHEGAR ÀS

CONCLUSÕES E COM A POSSIBILIDADE DE APLICAÇÕES EM FUTUROS PROJETOS

CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................................................................................................208

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................................................................................................213

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA.......................................................................................................................................................217

APÊNDICES.......................................................................................................................................................................................221

GLOSSÁRIO......................................................................................................................................................................................318

Page 10: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

1 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

CAPÍTULO 01

01.0 INTRODUÇÃO

A produção de edifícios residenciais nos anos de 1940-1960, no bairro paulistano de Higienópolis, São Paulo, é o alvo

principal desta pesquisa que pretende discutir a luz natural lateral como um dos elementos de concepção arquitetônica nos

edifícios projetados naquela época, cujos fatores estão relacionados a questões culturais, econômicas, sociais e tecnológicas, no

contexto do processo de metropolização de São Paulo.

Diversos historiadores e pesquisadores manifestaram interesse no bairro de Higienópolis, devido às dezenas de obras com

destacada produção arquitetônica modernista presentes na região.

Na seleção dos edifícios residenciais mais significantes do bairro de Higienópolis, o autor após estudar dezenas de obras

arquitetônicas significativas presentes no bairro, elencou para o desenvolvimento do trabalho de pesquisa quatro edifícios

residenciais, sendo eles projetados por arquitetos modernistas: Edifício Diana (1954) do arquiteto Victor Reif; o Edifício Lausanne

(1953) do arquiteto Adolf Franz Heep, o Edifício Louveira (1946) dos arquitetos João Baptista Vilanova Artigas e Carlos Cascaldi e

o Edifício Prudência (1944) de autoria dos arquitetos Rino Levi e Roberto Cerqueira Cesar.

No caso específico desta pesquisa, estudaremos a iluminação natural lateral nos ambientes internos dos edifícios

residenciais no bairro paulistano de Higienópolis. A distribuição da luz natural lateral nas faces dos planos internos (paredes, pisos,

planos de trabalho e tetos) influencia os espaços utilizados no dia a dia das unidades residenciais.

A luz natural é um subsídio para ser utilizado na concepção do projeto arquitetônico, já que interfere no conforto e no bem-

estar do residente, sendo por meio dela que a iluminação do ambiente interno promoverá alterações visuais, fisiológicas,

psicológicas e comportamentais, afetando, assim, a produtividade e o estado emocional durante o dia, podendo influenciar as

preferências dos usuários, principalmente aquelas relacionadas às atividades desenvolvidas nos espaços das unidades

residenciais.

Page 11: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

2 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

01.1 Tema:

O tema proposto para esta tese – A luz natural lateral na concepção arquitetônica nos projetos dos edifícios

residenciais do bairro paulistano de Higienópolis nos anos de 1940-1960 – é desenvolvido a partir de uma investigação sobre a

qualidade da iluminação natural em ambientes internos dos edifícios residenciais, sendo essa uma preocupação aparentemente

evidente entre os arquitetos modernos Adolf Franz Heep, João Baptista Vilanova Artigas, Rino Levi e Victor Reif.

01.2 Objeto:

O uso da luz natural na concepção arquitetônica dos edifícios residenciais de Higienópolis nas décadas de 1940-1960.

01.3 Objetivo:

O objetivo deste trabalho é verificar o uso da luz natural lateral como elemento de concepção arquitetônica nos edifícios

residenciais do bairro de Higienópolis, na cidade de São Paulo.

01.4 Objetivos Específicos:

• Identificar, medir e simular a quantidade de luz natural nos diferentes ambientes dos apartamentos tipo dos edifícios

selecionados;

• Analisar o quadro de iluminação natural lateral, de acordo com o Código de Edificações Arthur Saboya, seguindo as normas

vigentes nas décadas das construções dos edifícios residenciais;

• Simular e avaliar, por meio do Software Relux, a iluminação natural lateral nas principais estações do ano, nos dias 21 de

março (outono), 22 de junho (inverno), 21 de setembro (primavera) e 22 de dezembro (verão), nos seguintes horários:

09h00min; 12h00min e 15h00min;

• Simular e avaliar, por meio do Software Relux, a iluminação natural lateral para atender ao solicitado na NBR-15575-1

(2013) e IS0 8995-1 (2013) nos dias 23 de abril às 09h30min e 15h30min, e 23 de outubro nos mesmos horários

estabelecidos pela NBR;

Page 12: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

3 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

• Comparar os resultados da iluminação natural da aplicação do modelo computacional Relux, do Código de Obras e

Edificações Arthur Saboya (Lei n. 3.427) de 19 de novembro de 1929, com base na NBR-5382 (abril de 1985): Verificação

de iluminâncias de Interior-Iluminação natural; NBR-5413 (abril de 1992): Iluminância de Interiores e complementadas pela

NBR-15215 (março de 2005): Iluminação natural; NBR-15575-1(fevereiro de 2013): Edificações Habitacionais-Desempenho;

e NBR-(IS0)-8995-1 (março de 2013): Iluminação de Ambientes de Trabalho.

01.5 Hipótese:

Os arquitetos modernos, na concepção arquitetônica dos projetos residenciais verticalizados, levavam em consideração a

luz natural e o seu controle, entendidos como fatores importantes, expressos por meio das características das aberturas nas

fachadas, nos ambientes das edificações.

A iluminação natural lateral teve um papel preponderante nos projetos residenciais verticalizados: tal afirmação se verifica

nos exemplos dos edifícios residenciais de Higienópolis?

Pretende-se, assim, abordar a relação do ambiente interno com a quantidade de luz natural lateral, a direção, a distribuição

das iluminâncias, das superfícies dos espaços residenciais; a relação das aberturas com os espaços internos; e também a relação

da luz com o conforto lumínico (quando se refere ao bem-estar, no que diz respeito a ver bem, a ter uma quantidade de luz natural

satisfatória e que possibilite a realização de uma tarefa confortavelmente) dos edifícios selecionados.

Trabalhar-se-á apenas com dados físicos, dos edifícios elencados e dos projetos originais, tendo em vista a impossibilidade

de se entrevistar os arquitetos responsáveis pela autoria dos projetos, assim como de se obter os seus depoimentos específicos

sobre o assunto.

Os resultados e sua contribuição para ensaio, pesquisa e crítica da Legislação de iluminação natural lateral para edifícios

residenciais.

Page 13: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

4 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

01.6 Estrutura da Tese:

A tese foi dividida em seis capítulos.

O primeiro capítulo – Introdução ao conteúdo da pesquisa – contém a contextualização, os objetivos, a hipótese levantada e

a tese a ser comprovada.

O segundo capítulo – As transformações do bairro paulistano de Higienópolis – traz toda a fundamentação teórica relativa ao

tema.

O terceiro capítulo – As construções dos edifícios residenciais verticais em Higienópolis nos anos 1940-1960 – descreve a

iluminação natural lateral frente aos edifícios residenciais projetados nas décadas escolhidas para o tema da tese.

O quarto capítulo – A luz natural na concepção arquitetônica e as técnicas utilizadas para a pesquisa experimental – a partir

do projeto original, dos Códigos de Obras e Edificações, das simulações a serem criadas em função das hipóteses iniciais.

O quinto capítulo contempla as etapas da pesquisa experimental, desde as iniciais, as análises junto ao Código de Obras e

Edificações, as NBR, as simulações no Software Relux, até sua formatação final.

O sexto capítulo – Resultados obtidos a partir das avaliações, interpretações, verificações e conclusões – traz perspectivas

de aplicações em futuros projetos.

Considerações Finais.

01.7 Método:

A pesquisa utiliza métodos de levantamentos e estudos de casos cruzados, para investigar as relações existentes entre

métodos diferentes de medições de iluminâncias dos ambientes internos dos apartamentos. O estudo de caso é uma investigação

empírica que é indicada para investigar “um fenômeno contemporâneo em profundidade e em seu contexto de vida real,

especialmente quando os limites entre o fenômeno e o contexto não são claramente evidentes”. (YIN, 2010, p.38).

Page 14: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

5 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Segundo Richard Foqué (2010, p. 147), os estudos de casos são instrumentos de pesquisa indicados “para situações onde

duas condições são atendidas: os parâmetros são principalmente qualitativos e sujeitos a alterações, e o contexto está fora do

controle do pesquisador”.

De acordo com Foqué (2010), é possível distinguir duas tipologias de estudos de casos: as pesquisas de caso único, e as

pesquisas de vários casos de pesquisa de casos cruzados.

Um caso único se refere a uma unidade, um fenômeno delimitado, com limite espacial e temporal. A maior parte das vezes, esta

pesquisa contém um conjunto de subcasos, que Gerring denomina de “within-cases”. Consequentemente, um estudo de caso é o

estudo mais aprofundado do tal caso único e um ou mais de seus “within cases”. Este estudo pode ser feito sobre um ponto

particular no tempo (sincronicamente) ou sobre um determinado período de tempo (diacronicamente).

Pesquisa de casos cruzados estuda múltiplos casos, e, deles, tenta derivar princípios gerais. A pesquisa de casos cruzados é,

portanto, baseada em análises comparativas, toda ou não toda situada em uma dimensão histórica. (FOQUÉ, 2010, p. 182).

A proposta é de coletar evidências a partir da observação direta, analisar os dados, eleborar relatórios e um quadro analítico a

partir de quatro estudos de casos:

o Edifício Diana: Arquiteto Victor Reif

o Edifício Lausanne: Arquiteto Adolf Franz Heep

o Edifício Louveira: Arquitetos Carlos Cascaldi e João Baptista Vilanova Artigas

o Edifício Prudência: Arquiteto Rino Levi e Roberto Cerqueira César.

Page 15: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

6 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

O método adotado para o desenvolvimento deste trabalho de pesquisa consta de:

01.7.1 Pesquisa documental:

• Coleta e levantamento de dados (arquivos, livros, revistas e teses);

• Análises das legislações e restrições projetuais vigentes no período da construção dos edifícios, de 1940 a 1960;

• Plantas e cortes dos edifícios referenciais, focando nos recuos obrigatórios aplicados na implantação dos projetos e também

em seu entorno, para uma pesquisa mais minuciosa em relação à iluminação natural dos edifícios e de suas fachadas;

• Plantas do bairro (décadas de 1940, 1950 e 1960) e atuais, para a análise das mudanças no desenho urbano no bairro de

Higienópolis.

01.7.2 Estudos de caso:

• Identificar quais exemplos podem servir de referência como indicador de qualidade nos projetos arquitetônicos, tendo como

fator principal a influência da luz natural.

01.7.3 Pesquisa de campo:

Coleta de informações diretamente relacionadas ao tema pesquisado:

• Levantamento fotográfico, iconográfico, peças gráficas, técnicas (plantas, cortes, elevações), textos;

• Aspectos físicos dos edifícios elencados, focando nas aberturas laterais e nos estudos das iluminâncias dos espaços

internos dos mesmos, como também no entorno dos mesmos na época da construção e nos dias atuais.

01.7.4 Documentação dos dados obtidos:

• Elaboração e classificação do material resultante das informações coletadas no local;

• Redesenhos dos edifícios a serem avaliados: implantação, plantas, cortes, elevações e detalhes técnicos, com desenhos

assistidos pelo programa de computador Autocad;

Page 16: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

7 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

• Simulação da iluminação natural pelo programa Relux 2011;

• Medições in loco com o auxílio do aparelho denominado luxímetro que é utilizado para medir o nível de luminosidade de um

local utilizando a unidade de medida lux.

01.7.5 Análise e comparação dos dados:

• Elaboração de gráficos, quadros e tabelas a partir dos dados quantitativos obtidos nos levantamentos dos edifícios

residenciais;

• Análise comparativa dos resultados obtidos com o Código de Obras e Edificações Arthur Saboya (19 de novembro de 1929);

• As plantas serão redesenhadas a partir dos originais, utilizando o programa Autocad;

• Simulação por meio da ferramenta computacional:

o Relux Professional 2011

01.7.6 Discussão dos resultados:

A discussão dos resultados terá como parâmetros as análises e simulações realizadas por meio dos resultados da

iluminação natural da aplicação do modelo computacional Relux 2011, para cada ambiente interno dos edifícios elencados

para a pesquisa, comparando os projetos arquitetônicos dos mesmos, aprovados junto à Prefeitura Municipal de São Paulo,

seguindo as normas e exigências contidas no Código de Obras e Edificações Arthur Saboya (Lei n. 3.427) de 19 de

novembro de 1929. As discussões dos resultados da iluminação natural dos ambientes internos terão como base as

seguintes Normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas: NBR-5382 (abril de 1985): Verificação de iluminâncias de

Interior-Iluminação natural; NBR-5413 (abril de 1992): Iluminância de Interiores e complementadas pela NBR-15215 (março

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8 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

de 2005): Iluminação natural; NBR-15575-1(fevereiro de 2013): Edificações Habitacionais-Desempenho; e NBR-(IS0)-8995-1

(março de 2013): Iluminação de Ambientes de Trabalho. Para complementar as discussões sobre a iluminação natural, foram

realizadas medições de todos os ambientes internos dos apartamentos localizados no sexto pavimento dos edifícios

selecionados, com o auxílio do aparelho portátil luxímetro digital Center 337 Lightmeter (0.000 á 40.000 lux). A escolha do

sexto pavimento em cada edifício residencial foi para garantir gabarito aproximado nos quatro estudos de casos. A realização

de medições no plano horizontal baseou-se nas referências da NBR-15575-1(fevereiro de 2013), que orienta que as

medições devem ser realizadas no período compreendido entre 9h00min e 15h00min. Para reforço das análises foram

selecionadas seis fotos (dentre dezenas de fotos para estudos) com base nos horários previstos na NBR-15575-1, da parte

externa, no pavimento térreo de cada edifício, com o auxílio da câmera Nikon coolpix 4500 (4.0 megapixels 4 x zoom), com

lente especial Nikon FC-E8 Fisheye Converter (olho de peixe), onde posteriormente será adicionada a Carta Solar da cidade

de São Paulo, por meio do programa computacional Photoshop.

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9 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

CAPÍTULO 02.

AS TRANSFORMAÇÕES DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS 1940 - 1960

A história do bairro paulistano de Higienópolis inicia no século XVI, quando a sesmaria (nome que se dá a grandes lotes de

terra que o rei de Portugal cedia àqueles que pudessem cultivá-las, na maioria das vezes incultas ou abandonadas) do Pacaembu

foi doada aos jesuítas, por Martim Afonso de Souza.

Segundo Silvio Soares Macedo,

A enorme área era delimitada pelo caminho dos Pinheiros (atual Rua da Consolação), Emboaçaba (atual Avenida Dr. Arnaldo) e pelo córrego Água Branca. Na época da doação, a região foi dividida em três áreas: Pacaembu de Cima, do Meio e de Baixo. Esses religiosos foram violentamente expulsos do Reino de Portugal e de suas colônias em 1760, através da determinação de Marquês de Pombal, e seus bens foram confiscados e vendidos, dentre eles a sesmaria. E ali, com o passar dos anos, integrantes da aristocracia paulistana construíam suas chácaras, propriedades urbano-rurais e autossuficientes em água e subsistência. (MACEDO, 1987, p. 27).

O cultivo do café foi o grande responsável por essa mudança. As atividades cafeeiras fizeram da capital paulista, que

ocupava uma posição privilegiada, pois ficava no cruzamento de caminhos e reunia um centro comercial em crescimento, além de

ser a sede administrativa da Província que era a grande subsidiária de sua riqueza. A ferrovia, muito importante na época,

facilitava o transporte do café e deu à cidade a condição de centro redistribuidor do produto. Esse produto, denominado de ouro

verde, atraía a imigração e, aos poucos, a cidade começava a receber obras de infraestrutura, como luz elétrica, água encanada,

sistema de esgotos e outras mudanças que as grandes cidades da época necessitavam, fazendo de São Paulo uma grande cidade

e propiciando uma nova função: a industrial. A partir de 1900, começaram a surgir os casarões ao longo da Avenida Higienópolis.

A maioria dos casarões foi construída pelos barões do café, que moravam no bairro dos Campos Elíseos, como também por

poderosos comerciantes e industriais.

Page 19: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

10 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

O primeiro período trata dos loteamentos feitos por dois comerciantes alemães, Martin Buchard e Victor Nothmann, que compraram diversos lotes do Barão de Ramalho e do Barão Wanderley e deram início ao loteamento das terras na região da Rua Maranhão. Nos primeiros tempos, devido à origem europeia dos empreendedores, foi grande a concentração de anglo-saxões no bairro paulistano. Atualmente Higienópolis é considerado um dos bairros de classe média alta da cidade mais procurados devido à sua localização privilegiada na capital paulistana. (MACEDO, 1987, p.

30).

O bairro denominado de Higienópolis (Fig.1) nasceu no final do século XIX, acompanhando a expansão urbana da

cidade, promovida pela riqueza do café, e o deslocamento do eixo da economia do norte do país para São Paulo.

O Bairro de Higienópolis foi um bem sucedido empreendimento imobiliário. Para tanto, houve algumas conjunturas voltadas para sua rápida valorização. Nesse processo, pode-se evidenciar o poder público e a iniciativa privada, que transformaram o Bairro em uma elitista e rendosa iniciativa. O rápido desenvolvimento do Bairro até 1933 se deveu também à anterior ocupação da área por chácaras, entre o urbano e o rural (período anterior a 1898); a seguir vieram os loteamentos e os palacetes (período entre 1898 e 1933) e, finalmente, a verticalização a partir de 1933. Lembrando que em 1895 a população da cidade era de aproximadamente 150 mil habitantes; em 1900 passou para 240 mil; em 1910 para 375 mil e em 1920 para 580 mil. (MACEDO, 1987, p. 32).

Fig. 1 - Limite do Bairro Paulistano de Higienópolis. Fonte: SÃO PAULO, disponível em www.prefeiturasp.gov.br. (Acesso em: 25 fev. 2012).

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Maria Cecília Naclério Homem, no livro Higienópolis: grandeza e decadência de um bairro paulistano relata que:

A Abolição da Escravatura em 1888 liberará a capital e a nova República, proporcionará autonomia ao Estado, que pôde assim, administrar sua própria riqueza. Assistiu-se então ao progresso material do Estado e de sua capital que passou de décimo para segundo lugar em importância entre as demais cidades brasileiras, somente superadas pelo Rio de Janeiro, a Capital Federal. A cidade recebeu uma série de benfeitorias: além das já mencionadas, foi arborizada, foram feitos passeios para pedestres, organizados sistemas de transportes coletivos (tílburis e bondes a tração animal), suas ruas já alargadas, surgindo novos edifícios e novos bairros, residenciais e operários. As técnicas construtivas foram alteradas e novos materiais introduzidos e vulgarizados. O tijolo substituiu a taipa, material construtivo costumeiro no Planalto até fins do século. O tijolo se fez acompanhar de outros materiais; telha francesa, pinho de Riga, ardósia, etc., valendo-se a cidade, para tanto, da importação, já que nossa indústria ainda era incipiente, não produzindo nem material de construção suficiente nem variado. Chegaram a ser importadas estruturas inteiras de ferro, como a do Viaduto do Chá que Jules Martin, seu construtor, encomendou em Duisburgo, Alemanha, ou casas pré-fabricadas a exemplo do Chalé que o Dr. Domingos Jaguaribe importou e mandou montar na Rua D. Veridiana, ou ainda estações de ferro completas. A Estação da Luz, por exemplo, que é de 1900, veio completa da Inglaterra, desde os tijolos até os parafusos. (HOMEM, 1980, p. 21).

Entre os primeiros ocupantes, juntamente com Martin Buchard e Victor Nothmann, havia comerciantes estrangeiros,

profissionais liberais e grandes fazendeiros que traziam da Europa, principalmente da França, os móveis, os ornamentos, as

plantas das casas, o material de construção e o estilo arquitetônico em uso naquela época. Algumas famílias ilustres ocuparam

palacetes esplêndidos localizados em vastas áreas com jardins e pomares, alguns deles tombados pelo Conselho Municipal de

Preservação do Patrimônio Histórico Cultural e Ambiental de São Paulo. O prédio da Secretaria de Segurança, na Avenida

Higienópolis, construído em 1931 pelo fazendeiro Magalhães, é um belo exemplo da imponência daquele tempo.

No entanto, foi só a partir de 1940 que a construção de apartamentos se intensificou justamente nas áreas mais valorizadas

do bairro, onde os enormes lotes e seus palacetes deixavam de apresentar maiores interesses, por conta de sua onerosa

manutenção ou porque se encontravam, então, nas mãos de herdeiros ou em litígio.

Os apartamentos construídos entre 1933 e 1964 se destinavam em sua maioria ao aluguel. Um aluguel bastante caro e bem superior ao de uma casa num bairro mais afastado do centro da cidade, mas que satisfazia as necessidades e ambições de uma elite que se dispunha a pagar, em troca do status que o bairro oferecia. (HOMEM, 1980, p. 39).

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Com a paulatina derrubada dos palacetes e sua substituição por prédios de apartamentos, o Bairro perdeu suas

características horizontais, mas manteve inalterado o seu traçado original, suas ruas arborizadas e o predomínio das boas

construções. Manteve, no entanto, o conceito de bairro modelo-padrão de vida e que se destacava dos demais bairros espalhados

pela cidade (MACEDO, 1987).

Na época os prédios constituíam o produto de uma nova tecnologia que começava a ser implantada na cidade, tecnologia

essa inédita no Brasil, e que necessitava de dois elementos construtivos igualmente inéditos: o concreto armado e o elevador. No

entanto, tais prédios eram resolvidos, em termos de plantas, à semelhança das residências da época.

Segundo Somekh (1997), a verticalização na cidade, em uma primeira fase, assumiu as características típicas do ecletismo

norte-americano. A influência do Art Déco, já a partir de 1930, com suas linhas menos rebuscadas e livres de uma ornamentação

superficial, nada mais significava do que a introdução de uma arquitetura simplificada, uma transição ao modernismo.

Silvio Soares Macedo, nas páginas do seu livro Higienópolis e Arredores: Processo da Mutação da Paisagem Urbana, narra que:

Devido ao crescimento da cidade, causado pelo êxodo rural e o Ciclo do café, essas moradias foram loteadas. As

antigas terras do Barão de Ramalho e do Barão Wanderley, que juntas apresentavam 847.473 m2, foram compradas

em 1893 por Martin Buchard e Victor Nothmann, capitalistas alemães. Os dois empreendedores trouxeram da França o

projeto e os materiais para a construção do segundo loteamento planejado e de alto-padrão da cidade, destinado

especificamente para a elite paulistana. Chamado primeiramente de Boulevard Bouchard, o loteamento fora lançado

em 1895. Porém, futuramente receberia o nome de Higienópolis (cidade ou lugar de higiene) devido às suas

características, ressaltadas pela publicidade, tais como o fornecimento de água e esgoto, que na época eram existentes

em poucos locais da cidade. Além disso, possuiria também iluminação a gás, arborização e seria atendido por linhas de

bondes, sendo considerado como o maior loteamento em extensão territorial e em importância social e econômica. O

loteamento foi dividido em duas fases: Higienópolis 1 e Higienópolis 2, possuindo lotes de 700m² a 1000 m². Na

primeira etapa, a dos altos de Santa Cecília, com o projeto de novas vias recebendo os nomes de três senhoras

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integrantes da aristocracia local, proprietárias de extensas áreas na região, todas filhas de abastados barões: Maria

Angélica de Sousa Queirós, filha do barão de Sousa Queirós (atual Avenida Angélica), Maria Antônia da Silva Ramos,

filha do barão de Antonina (atual Rua Maria Antônia) e Veridiana da Silva Prado, filha do barão de Iguape (atual Rua

Dona Veridiana). Mais tarde a área foi ocupada pela aristocracia do café, fazendeiros, empresários, comerciantes,

anglo-saxões e profissionais liberais; que erguiam seus palacetes, os mais elegantes da cidade, espalhados pelo bairro

de Higienópolis. Muitos deles anteriormente moravam nos Campos Elíseos, primeiro bairro nobre paulistano. Desde o

último quarto do século 19, a cidade de São Paulo foi palco de diversas reformas e intervenções em seu tecido urbano,

visando sua modernização, já que, à elite local, parecia necessário exorcizar a antiga imagem da Vila de Piratininga.

Somados a tais realizações, os novos meios de rentabilidade foram argumentos extremamente importantes. Foi nesse

cenário dos anos 1930 que o edifício de apartamentos trouxe à tona uma discussão sobre um modelo de cidade que

deixava sua matriz europeia para vincular-se ao domínio do capital americano e à sua imagem: o arranha-céu. O

edifício de apartamentos, nesse momento, veiculava a imagem de progresso e avanço técnico, gerando uma

rentabilidade bem superior à das habitações horizontais de aluguel construídas até então, inclusive por permitir a

sobreposição de unidades numa mesma gleba, em vários pisos. (MACEDO, 1987, p. 35).

Segundo Dominique Fretin:

Na parte nova da cidade, multiplicaram-se construções particulares circundadas de jardins. Seguindo o exemplo de

Dona Veridiana, que mandou edificar o seu elegante palacete dentro de um belo parque na colina de Santa Cecília,

muitas famílias abastadas contrataram arquitetos como Ramos de Azevedo e Tomás Bezzi para edificar seus

“palacetes” nos subúrbios paulistanos. Estas construções, tanto em Higienópolis, nos Campos Elíseos ou nas Avenidas

Paulista e Brigadeiro Luís Antônio, ostentavam uma arquitetura inovadora, para a época, e rompiam radicalmente com o

estilo, não só dos velhos sobrados do centro, que passaram a ser considerados pardieiros, como com as antigas casas

térreas de porta e janela grudadas umas nas outras. (FRETIN, 2009, p.117).

Segundo a periodização proposta por Nádia Somekh,

De 1920 a 1930 foram produzidos, na cidade de São Paulo, edifícios altos que reproduziam predominantemente

padrões europeus, ainda que essa verticalização de feições europeias já apresentasse, no começo dos anos 1920,

influência norte-americana. A arquitetura do arranha-céu fez surgir, no mundo ocidentalizado, um novo estilo com

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predomínio das massas e linhas verticais, que, no cenário paulistano do início da verticalização, apenas se insinuava, já

que predominavam, em seu espaço urbano, edifícios de 6 a 9 pavimentos. (SOMEKH, 1997, p. 23).

No final da década de 1920, já se observa na produção de apartamentos uma tendência, ainda que tímida, à racionalização

de formas e espaços. Em 1926, Christiano Stockler das Neves desenvolveu um edifício voltado para a renda da família Maluf, no

qual articulava espaços e volumes com uma racionalização ainda não alcançada nos projetos anteriores. No ano seguinte, foi

construído o primeiro edifício modernista em São Paulo, na Avenida Angélica, projetado pelo arquiteto Júlio de Abreu Júnior,

formado pela Escola de Belas Artes de Paris. O edifício apresentava uma linguagem despojada de ornamentação e certa

racionalização dos espaços.

Segundo Regina Meyer,

O crescimento vertical e a organização de novas funções criaram simbólica e concretamente um papel diferenciado,

prestigioso e dominante para o centro da metrópole. Neste contexto é que a tecnologia esteve totalmente

comprometida com o crescimento vertical e que o arranha-céu atestava a intensidade da atividade industrial, criava

novas relações de uso do solo urbano e alterava estruturalmente a metrópole, ilustrando a capacidade tecnológica e

produtiva da sociedade como um todo. Em meados dos anos 1930, a cidade de São Paulo já era considerada uma

metrópole, com uma verticalização consolidada na área central e em franco processo de expansão em bairros

circunvizinhos. Os dados indicam que, até 1929, existiam pouco mais de 50 edifícios acima de quatro andares na

cidade, depois de 1930 existiam 10 vezes mais. (MEYER, 1991, p. 29).

As mansões do bairro reproduziam os modelos franceses. Procurava-se imitar o modo de vida das metrópoles europeias

mais importantes do século XIX, tanto que a manutenção de um palacete exigia no mínimo de 10 a 15 criados. Os móveis, o

material de construção e até as plantas das casas eram trazidas da Europa, que possuíam pomares e jardins. Algumas delas, mais

tarde, seriam tombadas pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico Cultural e Ambiental de São Paulo, assim

como instituições educacionais e consulados se estabeleceriam nas tradicionais moradias. Uma das mansões mais conhecidas da

época chamava-se Vila Penteado. Construída em 1902, no estilo art nouveau, pertencia ao conde Antônio Álvares Leite Penteado,

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fazendeiro de café e industrial paulista, detentor de grande riqueza. Projetada pelo engenheiro sueco Carlos Ekman, foi a pioneira

desse estilo na cidade.

Segundo Macedo,

O bairro do Higienópolis começou a apresentar mudanças por volta de 1930, ao contrário de outros bairros também destinados à elite paulistana. A verticalização do bairro iniciou no entorno do Parque Buenos Aires e da Avenida Angélica, estes representavam a ligação entre a Avenida Municipal, atualmente denominada Avenida Doutor Arnaldo, e a Rua Consolação, formando um dos principais eixos entre o centro novo da cidade, a região da Avenida Paulista, os bairros Cerqueira Cesar e Pinheiros. Com o início desta verticalização a partir das áreas próximas à Avenida Angélica e ao Parque Buenos Aires também começaram a ser ocupadas por edifícios residenciais. (MACEDO, 1987, p. 48).

Inicia-se o processo de verticalização do bairro de Higienópolis, um dos primeiros bairros após o Centro Histórico da cidade.

Seu primeiro edifício foi o Condomínio Edifício Alagoas (1933), de Abel Drummond, edificado pela Construtora Barreto Xandi &

Cia., o primeiro da capital do estado dotado de um apartamento por andar, e criticado por ter sido construído em um bairro em que

havia, até então, apenas casas térreas ou assobradadas. Mais tarde, seguiram-se outras construções importantes e de luxo, como

o Edifício Santo André, obra de Francisco Matarazzo e do arquiteto francês Jacques Pilon, na Rua Piauí esquina com a Avenida

Angélica.

Fig. 2 – Edifício Santo André (1935). Fonte: A. C. PALA (maio 2012).

Fig. 3 – Edifício Dom Pedro (1938). Fonte: A. C. PALA (maio 2012).

Fig. 4 – Edifício Santo André (1935). Fonte: A. C. PALA (maio 2012).

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O terceiro foi o Edifício Augusto Barreto (Fig.6), em estilo art déco, próximo à Praça Buenos Aires, na Avenida Angélica.

Na sequência foram construídos o Edifício D. Pedro II (Fig.3), o primeiro da Avenida Higienópolis (1938), com térreo e mais

três andares; o Edifício Santa Amália de 1943 (Fig.7), na Rua Piauí, ao lado do Edifício Santo André (Fig. 2 e Fig.4), obra de

Francisco Matarazzo Netto; o Edifício Higienópolis (Fig.8), no terreno da outrora residência da família Alves Lima; e o Edifício

Prudência (Fig.9), projeto de Rino Levi e Roberto Cerqueira César, com jardins de Burle Marx e o Edifício Alagoas (Fig.5) de 1933.

Fig. 5 - Edifício Alagoas (1933). Fonte: A. C. PALA (maio 2012).

Fig. 6 – Edifício Augusto Barreto (1937). Fonte: A. C. PALA (maio 2012).

Fig. 7 – Edifício Santa Amália (1943). Fonte: A. C. PALA (maio 2012).

Fig. 8 – Edifício Higienópolis (1943). Fonte: A. C. PALA (maio 2012).

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No decorrer dos anos de 1950 e 1960, surgiram prédios como o D.

João V, construção de Adolpho Lindenberg, e os edifícios Brasil

Colônia (Fig.12), Brasil Império (Fig.10), Brasil República (Fig.11);

aqueles denominados de mansão, Mansão Orlandina Rudge

Ramos, Mansão Michelangelo, Mansão Versailles; e, seguindo o

crescimento das construções verticais, os edifícios Barão de

Antonina, Barão de Jundiaí, Marquês de Três Rios, Solar do

Conde (Fig.15), Príncipe de Galles, Edifício Professor

Vilaboim, Edifício Louveira (1946), como também o Edifício

Paulistânia (Fig.13), Edifício São Clemente, Edifício Lafayette e

tantos outros.

Outros edifícios importantes foram construídos, como o Edifício Bretagne (1959), construção projetada pelo escritório

de João Artacho Jurado, na Avenida Higienópolis, tendo ao lado o palacete de Antonieta Cintra Gordinho e também a arquitetura

Fig. 9 - Edifício Prudência (1944). Fonte: A. C. PALA (fev. 2012).

Fig. 10 – Edifício Brasil Império Fonte: A. C. PALA (maio 2012).

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do Edifício da Curia Metropolitana de São Paulo e, do mesmo construtor, o Edifício Parque das Hortênsias (1957), na Avenida

Angélica, e o Parque das Acácias (1957), na Avenida Higienópolis, o Edifício Piauí (Fig.14) de 1949, na Rua Piauí esquina com a

Rua Sabará, e o Edifício Cinderela (1956), na Rua Maranhão esquina com a Rua Sabará. Vale acrescentar que o construtor João

Artacho Jurado era proprietário de uma construtora, mas não tinha formação acadêmica em arquitetura.

Os apartamentos colocados no mercado para aluguel eram um modelo reduzido das casas térreas, nos quais salas de

jantar, toaletes, copas, gabinetes e quartos de empregados pareciam desnecessários, já que algumas das atividades realizadas

nesses cômodos começavam a ser relegadas ao espaço público. Esses apartamentos com áreas construídas menores,

comparadas às áreas construídas de apartamentos anteriormente projetados, passaram a ser oferecidos a uma parcela da

população com menor poder aquisitivo, que não poderia arcar com os custos de apartamentos maiores, nem de pessoal

doméstico, e que trabalhava fora por ser, em geral, assalariado, representando, para os investidores imobiliários, uma

possibilidade de ampliação do mercado, que incluía parcelas mais pobres da população.

Fig. 11 – Edifício República Fonte: A. C. PALA (maio 2012).

Fig. 12 – Edifício Brasil Colônia Fonte: A. C. PALA (maio 2012).

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Nabil Bonduki mostra que, “em 1920, 68,6% dos imóveis em São Paulo e um número ainda maior de habitações eram

ocupados por inquilinos. Ainda em 1940, mais de dois terços das habitações eram alugados e somente uma quarta parte delas era

ocupada por proprietários”. (BONDUKI, 1999, p. 139).

A maioria dos edifícios de apartamentos construídos para fins lucrativos apresentava uma diversidade de soluções espaciais

que atestavam a eficiência do empreendimento. Num mesmo edifício era possível encontrar apartamentos de um, dois ou três

dormitórios e configurações semelhantes aos hotéis, com apenas quarto e banheiro, nos quais a sala e a cozinha eram suprimidas.

Também eram oferecidos equipamentos de uso coletivo, localizados nas circulações dos pavimentos, tais como banheiros,

guarda-malas e, em alguns casos, até uma espécie de kitchenette ou pequena cozinha. Essa configuração deixa supor que os

usuários principais desses edifícios de aluguel eram pessoas sozinhas que, possivelmente, habitavam essas unidades em caráter

transitório. O piso térreo desses edifícios continuava a apresentar espaços comerciais, característica essa que vai aos poucos

sendo eliminada nos projetos posteriores, das décadas de 1940 e 1950.

Fig. 14 - Edifício Piauí (1949). Fonte: A. C. PALA (fev. 2012).

Fig. 13 - Edifício Paulistânia Fonte: A. C. PALA (maio 2012).

Fig. 15 – Edifício Solar do Conde Fonte: A. C. PALA (maio 2012).

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Aconteceu, então, aquela que seria considerada uma revolução na arquitetura residencial paulistana: o advento

da arquitetura modernista em edifícios de apartamentos. Toda a cidade de São Paulo, até então, caracterizava-se pelos traços da

arquitetura eclética, de perfil historicista e europeu da elite local.

Os anos de 1940 trouxeram a construção de novos edifícios a preços módicos, tais como o Edifício Rubayat e o Edifício

Teresópolis. Esse foi o momento do êxodo da elite que deixa seus palacetes para habitar locais mais aprazíveis, como, por

exemplo, o Bairro de Higienópolis que, Artigas e Carlos Cascaldi, sendo considerado importante representante da arquitetura

moderna, tendo sido, em 1992, tombado pelo CONDEPHAAT (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico

e Turístico), órgão ligado à UPPH (Unidade de Preservação do Patrimônio Histórico), uma das Unidades da Secretaria de Estado

da Cultura de São Paulo.

Fig. 17 - Edifício Louveira (1946). Fonte: A. C. PALA (fev. 2012).

Fig. 16 - Edifício Louveira (1946). Fonte: A. C. PALA (fev. 2012).

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No entanto, a partir da década de 1950, o bairro começou a assumir o caráter pelo qual se tornou conhecido, de local

residencial e bem procurado por quem pretendia morar em bairro nobre e bem localizado, recebendo grande quantidade de

investimentos imobiliários que levaram à demolição de grande parte dos antigos casarões que o caracterizavam. Com tal

fenômeno, o bairro tornou-se um ponto de destaque na cidade, como um modelo de exemplares relevantes de arquitetura (Fig. 18

e Fig.19), ocupado quase que predominantemente por edifícios de apartamentos de vários pavimentos, transformando-se,

na década de 1960, em um conjunto arquitetônico de concreto armado. Fenômeno inerente à ideia de modernização da cidade e

do próprio espaço habitável, a verticalização, aceita inicialmente com relutância, se multiplicaria, nas décadas de 1930 e 1940,

constituindo-se em uma inovação no setor residencial, com a consolidação da tipologia vertical coletiva de morar: os prédios de

apartamentos, novidade na época, mesmo em uma cidade em crescimento como a capital de São Paulo.

Nos anos trinta, com a disseminação do uso do concreto, o prédio de apartamentos mostra-se definitivamente como solução de moradia coletiva, até então altamente rejeitada pelo gosto popular e pela classe média que associava os edifícios multifamiliares aos cortiços de pobres. Havia uma resistência em se morar em edifícios, não só pela associação com o cortiço, mas pelo medo de tragédias. (MACEDO, 1987, p. 56).

Sobre esse contexto, concretizaram-se, nos anos 1930, basicamente dois padrões de apartamentos. De um lado, os edifícios

Fig. 18 - Edifício Lafayette.

Fonte: A. C. PALA (maio 2012).

Fig. 19 – Edifício São Clemente

Fonte: A. C. PALA (maio 2012).

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para alugar, com apartamentos de um, dois e até três dormitórios, que representavam uma versão bastante reduzida das casas

térreas, com programas mínimos para se morar; de outro, os edifícios construídos para as famílias mais abastadas, com

programas similares aos dos palacetes, que buscavam abrigar a maneira de morar das elites, como o Barão de Jundiai (Fig.20).

Segundo Lemos,

Esta classe média de hábitos modestos e passadio frugal, oriunda das antigas propriedades que se agarravam ao

nome de família, quase sempre ostentava, da porta da rua para fora, costumes na verdade não bem condizentes com

as posses de sua camada social. Os apartamentos que representavam este padrão deveriam parecer o equivalente às

casas isoladas dos mais abastados, o palacete. Deveriam ter o máximo conforto aliado ao mínimo de promiscuidade.

Precisava-se alardear que o apartamento era casa de família, casa de respeito. Moradia completa, com copa e cozinha,

salas de jantar e de visitas, e com acomodações para a criadagem. (LEMOS, 1990, p. 162).

Nesse sentido, Rino Levi esboçará os primórdios da arquitetura moderna em São Paulo, entre 1929 e 1930, projetando um

edifício com estrutura de concreto armado e projeto minucioso de instalações e dos vedos (MACHADO, 1992, p. 114).

Considerado um dos primeiros projetos modernos de Rino Levi, o edifício de apartamentos Columbus (Fig.21) constituiu o exemplo

concreto da nova forma de morar em altura, com projetos residenciais em edifícios com vários pavimentos.

Fig. 20 – Edifício Barão de Jundiaí

Fonte: A. C. PALA (maio 2012).

Fig. 21 - Edifício Columbus, Avenida Brigadeiro Luiz Antônio, São Paulo, Rino Levi, 1930. Planta tipo (Anelli, 2001).

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A respeito do Edifício Columbus, assim discorre Hugo Segawa:

Obra inovadora para a época: para uma sociedade pouca afeita à promiscuidade ou ao coletivismo da moradia em

altura, um projeto com planta e infraestrutura bem resolvidas (vale lembrar que os primeiros arranha-céus no Brasil

tinham péssima resolução de planta, pelo ineditismo da tipologia), destinado a usuários de bom padrão econômico –

quando ainda a casa e o jardim eram valores altamente considerados. (SEGAWA, 1997, p. 65).

Segundo Anelli e Guerra,

Através do projeto Columbus, Rino Levi colocaria em prática as proposições de Le Corbusier, Walter Gropius e demais

arquitetos modernos que ele conhecera durante o período de sua formação na Itália, adaptando-as às condições

paulistas. Cerca de cinco anos durou o desenvolvimento das diversas propostas para o edifício Columbus, sendo

construído somente em 1934, após conclusão de sua versão final. O edifício apresentava conceitos modernos

representados pela simplificação das linhas, com um tratamento total externo que cuidava de todas as fachadas do

edifício. (ANELLI E GUERRA, 2001, p. 289).

Analisando os espaços internos do Columbus (construído em 1932 e

demolido em 1971), que era localizado na Avenida Brigadeiro Luís Antonio

no bairro paulistano da Bela Vista, percebe-se o desenvolvimento da relação

interior/exterior, um dos procedimentos de projeto comuns na obra de Levi,

que se faz presente por meio do volume maciço que é rompido

diagonalmente, ligando a sala de estar, no centro do apartamento, com a

paisagem exterior. Nota-se que isso ocorre apenas nos dois apartamentos

frontais. Segundo o texto de apresentação do projeto, nas habitações

internas dos apartamentos houve a preocupação de bem distinguir e

caracterizar suas partes componentes: serviço, social e habitação noturna,

localizando-as de modo nítido e prático (Fig. 22).

Fig. 22 – Edifício Columbus, Avenida Brigadeiro Luiz Antonio, São Paulo, Rino Levi, 1930. Planta tipo do 1º estudo (Anelli, 2001).

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A fusão da sala e do terraço em um conjunto só foi realizada pelo sentido diagonal e centrífugo em que se organizam os

ambientes no projeto, possibilitando uma vista panorâmica em todas as direções do apartamento, o que, segundo se observa, na

prática não ocorre.

Apesar de o autor do projeto buscar, por intermédio da plástica e da relação entre interior e exterior, uma clara referência

modernista europeia corbuseana, o edifício Columbus apresenta à cidade de São Paulo um curioso e inusitado compromisso entre

o modo de morar francês e o norte-americano.

Segundo Lemos, no que concerne aos espaços internos, Rino Levi propunha:

Um projeto que tinha como intenção principal examinar, no seu verdadeiro aspecto e sem preconceitos de forma, o

problema de abrigar numerosas famílias e de oferecer-lhes o maior conforto possível. O programa proposto ainda

espelha-se na casa burguesa francesa, apresentando uma tripartição dos espaços em áreas: social, serviço e íntima,

setorizados e compartimentados, mesmo que no projeto original se utilize uma nomenclatura dos espaços diferenciada:

serviço, social e habitação noturna. (LEMOS, 1990, p. 168).

Os projetos elaborados pelos arquitetos modernistas europeus para edifícios de apartamentos, realizações europeias das

primeiras décadas, sobretudo as que se seguiram à Primeira Guerra Mundial, marcaram fortemente, ao longo de todo o século 20,

a concepção da habitação nos países capitalistas. A proposta do Movimento Moderno, de uma nova habitação para um novo

homem, inscreve-se em um projeto maior de uma nova sociedade, esboçado teórica ou empiricamente, desde pelo menos o final

do século 18. Auguste Perret, em 1903, marcaria mais uma etapa em direção à planta livre, com seu projeto construído à rue

Franklin de Paris, conceito posteriormente desenvolvido por Le Corbusier, Walter Gropius, Mies Van der Rohe, entre outros, na

década de 1920, em várias propostas de habitações flexíveis.

Os edifícios Columbus e o Schiesser foram os primeiros de uma série de edifícios de apartamentos projetados por Rino Levi

para a cidade de São Paulo, entre os anos de 1930 a 1960. Durante anos, vários arquitetos como Abelardo de Souza, Adolf Franz

Heep, Álvaro Vital Brasil, Eduardo Kneese de Mello, Gregori Warchavchic, Oswaldo Arthur Bratke, Victor Reif, entre outros

modernistas, atuaram de forma marcante no cenário arquitetônico de São Paulo, além dos demais arquitetos atuando no mercado,

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não filiados única e exclusivamente aos preceitos modernistas e apresentando uma linguagem arquitetônica variada, tais como

Jacques Pilon, Escritório Técnico Ramos de Azevedo / Severo & Villares, Francisco Beck, construtoras, engenheiros, entre outros,

cada um à sua maneira, edificaram a grande massa de edifícios de apartamentos da cidade. Os dois edifícios citados construíram,

nos dizeres de Toledo, a terceira versão, em concreto, da cidade de São Paulo, que substituiria a cidade de tijolos e os últimos

vestígios da cidade de taipa.

Após a Primeira Guerra Mundial, os Estados Unidos foram colocados no cenário mundial como a principal potência industrial,

expressa por sua vitória, seu sucesso econômico, sua superioridade militar e seu parque industrial em franca expansão. Essa

nação passou, então, a simbolizar o progresso e a modernidade de uma sociedade mecanizada, a partir de seu modelo de cidade.

No Brasil, pouco a pouco essa imagem passou a ser almejada, provavelmente desde a construção do edifício Martinelli no centro

de São Paulo, na década de 1930, marco da verticalização da cidade e símbolo de modernidade pela tipologia do arranha-céu. O

edifício de apartamentos foi parte integrante desse processo de modernização.

Só foi possível começar a convencer os paulistanos a deixarem suas casas para irem viver em apartamentos porque, tanto quanto aos japoneses e aos franceses, se lhes fez acreditar que, desta forma, eles estariam sendo irretocavelmente modernos, em suma. Neste sentido, na segunda metade da década de 1930, a cidade de São Paulo fora palco da produção de uma série de edifícios de apartamentos modernistas que representavam a mais nova e moderna maneira de morar brasileira. (TRAMONTANO, 1998, p. 120).

A classe média paulistana estava acostumada aos exageros ornamentais, baseando-se nos seus projetos residenciais e nas

referências formais dos palacetes dos barões do café.

As normas sociais e de habitação pouco haviam mudado nos anos 1930, e as pessoas eram qualificadas pelo que possuíam

e ostentavam, fato que não foi alterado até os dias atuais. Sob essa ótica, morar em um edifício modernista significava alcançar

uma posição de destaque, pois, além dos equipamentos de luxo, o edifício oferecia aos moradores uma condição moderna de

viver.

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26 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Tendo como base o pensamento do projeto modernista europeu, a casa máquina flexível, bipartida em habitação diurna e

noturna, raramente foi implantada nos edifícios brasileiros. No Brasil, os arquitetos do período modernista projetavam os edifícios

utilizando uma linguagem já tão conhecida pelos clientes, como uma verdadeira estratégia para garantir a aceitação do

empreendimento. Até mesmo o arquiteto Le Corbusier, ao projetar alguns edifícios residenciais, mantinha referências burguesas

oitocentistas nos espaços internos, principalmente no que se refere à setorização e à compartimentação das áreas social, íntima e

de serviço, visando a garantir o sucesso da tipologia.

A setorização entre os acessos, presente nos projetos arquitetônicos, demonstra a presença de empregados domésticos nos

apartamentos brasileiros e remete diretamente aos apartamentos franceses do século 19, que se caracterizavam pela dissociação

de circulações entre patrões e empregados. Pode-se notar que essa característica de acesso, somada à presença de cômodos de

empregados no interior das habitações, ao longo dos anos, foi frequentemente relacionada a certo requinte dos apartamentos

colocados no mercado, tanto para aluguel, como para venda. Esse projeto de apartamentos residenciais seria repetido

infinitamente durante anos, nos programas mais baratos, diferenciando dos programas mais requintados e extensos, para as

famílias mais abastadas, produzidos principalmente na década de 1950, em edifícios modernistas. Hoje em dia, a separação entre

as circulações para os patrões e para os empregados domésticos é proibida por Lei Municipal, Estadual e Federal. Na cidade de São

Paulo, os edifícios seguem a Lei Municipal número 12.751 de 04 de novembro de 1998. A produção desses edifícios de

apartamentos era iniciativa de investidores que, prioritariamente, visavam ao lucro.

Segundo Lemos,

Naquele tempo, o aluguel foi um rendimento ótimo, talvez o melhor deles, muito melhor que as ações, como as da Paulista, a estrada de ferro querida de todos. Deduz-se que o melhor investimento, portanto, seria a construção de edifícios bem aceitos pela sociedade da época, que ainda primavam pelas tais referências europeias de habitar. Isto se traduz na construção de edifícios de apartamentos com uma plástica modernista, ou mesmo art déco, e interiores

basicamente convencionais. (LEMOS, 1990, p. 57).

Nesse contexto, podemos finalizar a década de 1930 com um quadro bastante claro das principais tipologias existentes na

cidade de São Paulo à época. Com um retrato já fortalecido do mercado imobiliário, percebe-se a produção predominante de

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edifícios de aluguel. Filiados à estética modernizadora, e com recursos da chamada vida moderna, notam-se os apartamentos

destinados às famílias, variando as dimensões das unidades e o nível de equipamentos, desde os maiores até os mais reduzidos.

Pode-se afirmar que quanto mais elevada fosse a classe social, mais alto viria a ser o nível dos projetos dos edifícios residenciais.

Com a necessidade de se projetar apartamentos menores, principalmente destinados a um morador ou então a moradores

que passavam a semana na capital e, nos finais de semana, retornavam às suas residências geralmente localizadas no interior do

estado de São Paulo, surgem os apartamentos de um dormitório ou kitchenette, que oferecem aos moradores uma habitação

muitas vezes transitória. Podem-se identificar os mais variados tipos e tamanhos, dotados de cozinhas ou não, com salas ou sem

estas, da mesma forma com relação a equipamentos coletivos, caracterizando propostas de habitação voltadas para uma cidade

em desenvolvimento, em crescimento demográfico e com um mercado imobiliário cada vez mais intenso.

A partir dos projetos residenciais de apartamentos realizados principalmente por Rino Levi, e também pelo arquiteto russo

Gregori Warchavchik, no final da década de 1930 e início dos anos 1940, pode-se perceber que ambos idealizaram apartamentos

das mais diferentes tipologias, com soluções as mais variadas, desde as mais simples, até as mais complexas, demonstrando,

assim, certa preocupação por parte dos arquitetos em estarem atentos às necessidades habitacionais da população, já que os

projetos apresentavam diversidade nos tipos de apartamentos. Os arquitetos, nessa década, poderiam experimentar novas

possibilidades referentes aos edifícios de apartamentos, ou mesmo testar maneiras de se obter o aproveitamento máximo das

áreas construídas permitidas pelo Código de Edificações vigente na época.

Com uma visão basicamente focalizada na rentabilidade, o proprietário foi, ao longo dos anos, utilizando todos os recursos

possíveis para o aumento de seus lucros. Observa-se, na cena paulistana das décadas de 1920, 1930 e início de 1940, uma

profusão de edifícios de apartamentos dos mais variados estilos e dimensões, nos quais se evidenciava, na maioria dos casos, o

aproveitamento total das áreas construídas permitidas. Eram oferecidos apartamentos de 1, 2 ou 3 dormitórios no mesmo edifício,

grandes, médios e pequenos, bem aceitos pela população residente na capital e por aqueles que não paravam de chegar à cidade.

A demanda era maior do que oferta, o que facilitava muito o trabalho do proprietário-rentista (proprietários de apartamentos ou

residências para aluguel) que não necessitava de muito esforço para alugar seu imóvel. Essa discrepância entre demanda e oferta

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fez com que houvesse também abusos em relação aos preços dos aluguéis, e, principalmente, os últimos anos da década de 1930

e os primeiros da década de 1940 assistiram a aumentos absurdos dos valores dos aluguéis, em consequência dos altos índices

de inflação da economia brasileira. Tal quadro foi alterado somente com a Lei do Inquilinato, aprovada no ano de 1942, quando se

regulamentou o mercado de aluguéis com o congelamento dos preços, desestimulando a produção rentista e transferindo para o

Estado e para os próprios trabalhadores o encargo de produzir suas moradias.

Nesse cenário, consolidou-se uma nova modalidade de empreendimento: a incorporação destinada às classes de renda

média e alta. Esse processo marca a migração de muitos dos antigos proprietários-rentistas, do mercado do aluguel para o

mercado da incorporação. Segundo Ribeiro, a procura por imóveis teve como efeito um crescimento acelerado da incorporação de

edifícios de apartamentos para venda. O que se vê, então, a partir do estabelecimento da

construção de apartamentos pela incorporação, um incremento no número de edifícios de

apartamentos destinados às classes média e alta, com programas completos e mais

extensos, com várias salas, dormitórios com banheiros e dependências de empregados, além

de uma redução no número de edifícios com programas mistos, anteriormente elaborados

principalmente para aluguel. Esse novo direcionamento do mercado imobiliário contribuiu

para o desenvolvimento posterior dos edifícios de apartamentos. Como referência de uma

cidade moderna, os edifícios de apartamentos destinados à classe média e alta passaram a

ser construídos por alguns dos grandes nomes da arquitetura modernista brasileira,

principalmente os programas de três e quatro dormitórios, como o Prudência (Fig. 23).

Nesse sentido, Rino Levi elaborou, na cidade de São Paulo, mais alguns edifícios de

apartamentos com programas voltados à classe média alta, como é o caso do edifício

Porchat, do edifício Irmãos Gonçalves e do Prudência. O projeto do edifício Prudência, de 1944,

representa uma importante continuidade, em termos de edifícios habitacionais, na obra de Rino

Levi. Construído no bairro de Higienópolis, esse prédio de apartamentos apresenta, para a época,

Fig. 23 – Edifício Prudência, Av. Higienópolis, São Paulo, Rino Levi, 1944. Opções de layout dos espaços flexíveis (Anelli, 2001).

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alto padrão de conforto por suas dimensões, com quatro dormitórios e grandes salas, pelos materiais empregados e pelos

equipamentos de água quente e de ar condicionado centrais, constituindo uma iniciativa sem paralelo em seu tempo. O edifício

está implantado em amplo terreno que permite uma forma geométrica simples, um volume com planta ortogonal em U, abrigando

quatro apartamentos por andar, agrupados dois a dois, em função das duas torres de circulação vertical localizadas nos ângulos

internos do conjunto. A distribuição interna dos espaços foi modulada com base na grelha estrutural do edifício. Tal grelha ordena

a espacialidade interna, e sua clareza é tanta que se torna possível a exploração das possibilidades da fachada livre. Os estudos

foram minuciosos em diferentes aspectos, nas áreas de estar, jantar e dormitórios, concebidas de forma a possibilitar aos usuários

a reorganização das divisões internas, mediante remanejamento de divisórias. Segundo Anelli (2001), “as subdivisões internas

foram realizadas com armários e vedações leves, permitindo inteira liberdade ao morador para adaptar o apartamento às suas

necessidades”.

A execução de edifícios modernos intensificou-se nos anos 1940 e 1950, alterando as características estilísticas da cidade

de São Paulo. Dentre esses, pode-se citar o edifício Louveira, de João Vilanova Artigas (1946), o edifício Lausanne, de Adolf Franz

Heep (1953), e o edifício Nações Unidas, de Abelardo de Souza (1953), entre outros. As fachadas desprovidas de ornamentos,

com suas estruturas aparentes, brise-soleil (quebra-sóis) e volumes recortados, passaram a conviver com as formas ecléticas dos

edifícios dos anos 1920 e 1930. Porém, a maneira de morar da classe média, residente nesses apartamentos, permaneceu nos

moldes burgueses, apresentando espaços setorizados e compartimentados. Um dos pontos básicos da arquitetura moderna, a

planta livre, na maioria dos casos, não saiu do papel.

No final da década de 1940, assistiu-se à execução de uma série de projetos visando à demanda da classe média alta, como

é o caso dos edifícios Prudência, de Rino Levi, e Pilotis, projetado por Francisco Beck. Nesses casos, a busca pela disposição de

maiores áreas e pelo número maior de cômodos é característica. Naquele momento se consolidaria a presença de halls de entrada

nos edifícios, com portarias, e de elevadores separados para patrões e para empregados. Ainda nesse período, difundiram-se

timidamente alguns aparatos de uso coletivo, tais como garagens, playgrounds e áreas ajardinadas que, visando à

comercialização em melhores condições, constituíam-se como parte de um repertório de diferenciação entre os edifícios. Como um

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elemento de destaque no programa, nota-se a presença da suíte no dormitório do casal, que, se por um lado indicava a

necessidade de mais privacidade, por outro consistia em um requinte no equipamento da habitação. Entretanto, a maior incidência

entre os edifícios de apartamentos, nos anos de 1940, foi a da planta reduzida da tipologia burguesa oitocentista, com um

programa básico de sala, dormitórios (dois ou três), banheiro e cozinha, apresentando, na maioria dos casos, cômodos de

empregados, com dormitório e banheiro, e entradas separadas para a área social e de serviços. Essa organização espacial, que

pode ser considerada uma tipologia, de certa forma começou a se repetir mais intensamente nessa década, porém, foi ao longo

das décadas de 1950 e 1960 que se tornou mais recorrente, chegando aos anos 1970 já completamente consolidada. Essa

tipologia foi utilizada por vários arquitetos modernistas ou não, engenheiros e construtores, tornando-se talvez o mais rentável e

seguro programa para os incorporadores.

As propostas de Rino Levi para a década de 1940 expõem, por um lado, a tentativa de colocação do arquiteto no mercado

imobiliário configurado até então e, por outro, a preocupação em elaborar espaços diferenciados tipologicamente, propondo

edifícios de variados tamanhos e soluções. Assim é o caso dos estudos para o edifício Betty, de 1946, para o edifício Oswaldo

Porchat, de 1946, e para o edifício Liberdade, de 1948, todos a partir de programas bem variados.

Segundo Rossella Rossetto,

Analisando as tipologias da incorporação desenvolvidas nesta época, defende-se que os resultados arquitetônicos não

eram dissociados da lógica da produção imobiliária e que existia a articulação entre produto e processo. Através dessa

ótica percebe-se que determinados conceitos e pressupostos da Arquitetura Moderna foram empregados amplamente

pelo mercado imobiliário. (ROSSETTO, 2002, p. 69).

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CÁPITULO 03.

AS CONSTRUÇÕES DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS VERTICAIS EM HIGIENÓPOLIS NOS ANOS 1940 – 1960

Após a II Grande Guerra, assiste-se à revigorização da nossa indústria. As divisas que se acumularam durante a guerra foram

utilizadas em parte para a importação de matérias primas e o aperfeiçoamento dos bens de produção. Enquanto também eram

beneficiados os preços do café, a produção industrial aumentara 122%, de 1946 a 1955. Sem dúvida nenhuma a industrialização

era propiciada pela ampliação do mercado interno, pois a população crescia numa percentagem de 3% ao ano. (CANABRAVA,

1953, p. 38).

No ano de 1950, a cidade de São Paulo já apresentava um crescimento vertical visível, em blocos, não só nos bairros

próximos ao centro como nos mais afastados. Entretanto, na década de 1950, a cidade foi marcada por um boom imobiliário,

caracterizando a expansão de áreas periféricas ainda não verticalizadas e o adensamento das áreas próximas ao centro, onde os

edifícios altos se destacavam. Essa possibilidade de crescimento se deu também em função da legislação vigente, que

estabelecia, até 1957, um generoso coeficiente de aproveitamento do solo, que variava de 8 a 10 vezes a área do terreno. A partir

de 1957, com a edição da lei 5261 da Prefeitura Municipal de São Paulo, tais coeficientes foram restringidos a seis vezes a área do

terreno, no caso de uso comercial, e a quatro, para uso residencial. Ainda assim, o edifício de apartamentos transformou-se em um

dos marcos mais reveladores dos novos modos de vida da sociedade paulistana. Os edifícios construídos na década de 1950

tinham iluminação natural privilegiada, pois, no seu entorno, as construções eram térreas ou assobradadas, não representando

obstáculos para os novos edifícios do bairro.

Eleito em 1951, Getúlio Vargas procuraria dar maior estímulo à indústria que permanecia voltada à produção dos bens de

consumo, agora um tanto mais complexos, incluindo produtos químicos, metalúrgicos e aparelhos eletrodomésticos. Mas a

indústria receberia o maior impulso no governo de Juscelino Kubitschek (1956–1961) que promoveu a instalação da indústria

automobilística em São Paulo, a qual garantiria a produção de bens da capital do país, ainda que com pesado ônus para as

nossas divisas. A nova indústria beneficiou internamente as indústrias paralelas e médias bem como o comércio, favorecendo

sempre a expansão da classe média e a formação de uma classe constituída por técnicos brasileiros. (HOMEM, 1980, p. 162).

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As formas cúbicas e geométricas do Movimento Modernista já faziam parte do vocabulário arquitetônico paulistano nesse

período, visível nos inúmeros edifícios modernistas construídos na cidade. Entretanto, a verdadeira inovação desse momento foi a

introdução, no mercado imobiliário, de uma nova modalidade de comercialização e de administração: o condomínio.

Os primeiros apartamentos comercializados sob a forma de condomínios possuíam apenas um dormitório ou eram do

tipo kitchenettes, e constituíram uma rentável forma de investimento e lucratividade aos especuladores. Em seguida, o sistema foi

estendido aos apartamentos de dois e três dormitórios e foi, então, que os condomínios se transformaram na grande inovação dos

anos 1950 e 1960, dentro dessa nova forma de organização comercial.

Segundo Regina Meyer,

Havia, tanto quanto em outros momentos, mas talvez agora de forma mais acentuada, duas categorias de projetos e de

realizações: a produção assinada, comprometida com as propostas arquitetônicas eruditas veiculadas

internacionalmente, e a produção comercial, comprometida com a aceitação segura do mercado. (MEYER, 1991, p.

37).

Elementos como pilotis (sistema construtivo baseado na sustentação de uma edificação por meio de uma grelha de pilares

em seu pavimento térreo), brise-soleil (quebra sol), panneaux de verre (painéis de vidro) e terraços eram constantes nos edifícios

produzidos por arquitetos renomados, como Oscar Niemeyer (Edifício Copan – 1951/1952), Abelardo de Souza (Edifício Nações

Unidas – 1953), Adolf Franz Heep no projeto do Edifício Lausanne de 1953 (Fig. 24 e Fig. 25), Plínio Croce, Roberto Aflalo e

Salvador Candia (Edifício João Ramalho – 1953) e Jacques Pilon (Edifício Pauliceia – 1956). Grandes referências no cenário da

arquitetura modernista brasileira foram erguidas nos anos de 1950 e 1960, no que diz respeito à plástica e às soluções técnicas

usadas nos edifícios. No entanto, é curioso notar que quase nenhum dos apartamentos construídos apresentava inovações na

forma de organizar o espaço interior, excetuados alguns exemplos de habitação de interesse social.

O ritmo das construções civis tornou-se sempre mais intenso. As estatísticas acusaram a construção de uma casa em cada ano para a média de 102 habitantes, ao passo que em Buenos Aires construía-se uma casa para 134, e em Nova York para 123 habitantes por ano. Em 1954 havia 410.000 prédios na cidade, dos quais 90.000 foram construídos em apenas quatro anos. (ARROYO, 1974, p. 49).

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Segundo Yves Bruand,

os apartamentos chegariam ao final dos anos de 1960 como uma das principais modalidades habitacionais do Brasil,

construídos, na época, única e exclusivamente pela iniciativa privada. Em depoimento sobre a classificação dos

edifícios modernistas brasileiros, Bruand diz que os profissionais da construção civil tiveram o mais vasto campo de

ação de que dispunham na execução de edifícios. (BRUAND, 1991, p. 20).

Teria, no entanto, havido uma desproporcionalidade entre as realizações de caráter social, cujos canteiros foram relegados a

um plano secundário, dando origem apenas a algumas poucas tentativas válidas, tais como Pedregulho e Gávea, dentre outras.

Realizações para classes intermediárias, mais abundantes, porém sem interesse profundo, e casas ou apartamentos de luxo

dominaram o mercado pelo número e pela qualidade. Essa última série é a que será examinada de modo essencial, pelas

seguintes razões evidentes: ela constituiu a parte dominante da obra da maioria dos arquitetos e, em muitos casos, a parcela na

Fig. 24 - Edifício Lausanne (1953).

Fonte: A. C. PALA (fev. 2012).

Fig. 25 - Edifício Lausanne (1953).

Fonte: A. C. PALA (fev. 2012).

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qual eles conseguiram se expressar melhor (BRUAND). Sua condição de símbolo de modernidade e sucesso social, entretanto,

não parece ter estimulado, em seus idealizadores, maiores reflexões sobre as recentes transformações pelas quais passava a

sociedade e, inevitavelmente, observam-se nesses apartamentos os princípios de organização próprios da casa isolada tradicional:

estanqueidade entre cômodos, entre áreas e entre circulações.

Bruand ainda comenta que:

Em geral, não há pesquisas novas como, por exemplo, na unidade habitacional de Le Corbusier, em Marselha; trata-se

simplesmente de uma sobreposição de residências, numa versão desmesuradamente ampliada do prédio para aluguel

que esteve muito em voga na Europa do século 19. Nada de surpreendente, já que ambos os modelos tinham

exatamente o mesmo fim especulativo, com a diferença de que, agora, a propriedade é condominial ao invés de

concentrar-se nas mãos de um só dono. (BRUAND, 1991, p. 21).

Pode-se citar que nesses apartamentos assinados por arquitetos filiados aos movimentos internacionais, desde os pequenos

até os de maior área, observamos que os espaços continuam a ser organizados da maneira tradicional. Percebe-se, entretanto,

que havia um desejo, ainda que incipiente, de flexibilização dos espaços em alguns projetos. Isso pode ser notado principalmente

no trabalho de Rino Levi, pois, na maioria de seus edifícios de apartamentos nota-se a presença, sempre que possível, de

divisórias leves e, em alguns casos, de móveis em cômodos que permitiam diferentes utilizações.

Tais projetos arquitetônicos não se restringiam aos programas menores, já que há exemplos do uso de divisórias leves entre

ambientes, tanto em apartamentos destinados às classes mais abastadas, como é o caso do Edifício Olívio Gomes, de 1951, como

nos programas menores, levando-se em conta os estudos para o Edifício Florentino de Falco, de 1953. Rino Levi experimentou

nesse período diversos tipos de projetos de apartamentos, desde os de maiores áreas, como é o caso do Edifício Olívio Gomes,

que apresenta um apartamento por andar, aos mais reduzidos, como o edifício Andorinhas, de 1952, e também o edifício Jovira

Rolim, de 1957, que contemplavam apartamentos de um dormitório.

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A segunda categoria de apartamentos produzidos nos anos 1950 e 1960 foi a chamada produção comercial, que contribuiu

de maneira decisiva para o boom imobiliário ocorrido no período, na cidade de São Paulo. Vários foram os personagens

participantes dessa trama, dos quais se destacavam os arquitetos, os engenheiros e as grandes construtoras.

Para Higienópolis o momento é de renovação, no sentido de que se inicia uma nova era construtiva, a do concreto armado. A indústria imobiliária voltou-se definitivamente para Higienópolis, desfrutando de certas vantagens oferecidas; lotes amplos, proximidade com o centro da cidade, farta condução, etc. No entanto, sob determinados aspectos persistiu a decadência do Bairro. Perderam-se as características primitivas do conjunto urbano, assim como o alto padrão de vida que Higienópolis proporcionou, evoluindo para a saturação, tal o número de arranha-céus que hoje cobrem a área. (HOMEM, 1980, p. 163).

Filiados ou não aos preceitos internacionais da arquitetura modernista, a maioria dos edifícios de apartamentos produzidos

na década de 1950 e 1960 continuavam a apresentar a organização seus interiores com base na tripartição das áreas. Nos

programas de um dormitório, ou mesmo nas kitchenettes, nota-se uma maneira de organização espacial bastante semelhante à

dos anos 1940, ocorrendo apenas uma incidência maior de apartamentos com divisórias móveis para a separação dos cômodos.

Percebe-se uma redução das áreas, assim como a diminuição, ou quase abolição, dos incrementos agregados a esses

apartamentos na década de 1940, tais como bares, salas distintas separadas por arco, hall, entre outros.

Naquele momento, o foco principal do mercado imobiliário voltava-se para a produção dos grandes edifícios destinados a

classes mais abastadas. As kitchenettes, que denotavam um programa mais econômico, pareciam perder mais espaço ainda no

terreno da incorporação e do sistema de condomínios, tão em uso à época. Quanto aos programas de dois e três

dormitórios, sabe-se que foi durante as décadas 1950 e 1960 que a redução de áreas do modelo tripartido foi difundida, conforme

denominação anterior, com as seguintes características básicas: além da redução da área dos cômodos, a distinção entre entrada

social e entrada de serviços e a presença de cômodos de empregados. Diante desse cenário, vêm à luz algumas

diferenciações: esse programa contemplava tanto apartamentos de custo menor, dotados de áreas menores e cômodos

suprimidos, quanto os que apresentavam áreas maiores e eram completos. Entretanto, nessas décadas ainda se

encontravam apartamentos espaçosos, com áreas bem superiores às dos apartamentos projetados nas décadas seguintes.

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No final dos anos 1960, portanto, é quando acontece o início da consolidação dessa tipologia de habitação. Esse modelo de

apartamento reduzido tripartido veio a ser repetido infinitamente no cenário imobiliário paulistano dos anos 1970. Durante as

décadas anteriores, essa organização espacial já podia ser notada, porém apresentando algumas variações de áreas. O mais

interessante é que a tipologia em questão pode ser identificada tanto nos edifícios de apartamentos produzidos pelos interesses

puramente mercadológicos, quanto nos grandes exemplos da produção assinada.

Quanto à elaboração de edifícios de apartamentos do arquiteto Rino Levi, e obviamente de seu escritório, nota-se que, a

partir dos anos de 1950, sua produção diminui em comparação à produção de projetos de habitações individuais e de outras

tipologias elaboradas nesse mesmo período.

Segundo Anelli e Guerra,

na década de 1950, Levi elaboraria apenas cinco habitações coletivas, em comparação às dezenas de projetos de outras tipologias. Tal fato pode sugerir, já neste momento, a dificuldade de viabilização de propostas arrojadas e diferenciadas para o mercado imobiliário paulistano e o afastamento do arquiteto criativo frente à produção coletiva verticalizada. (ANELLI E GUERRA, 2001, p. 289).

A partir de 1960, houve um grande aumento na população, quando surgiram outros perfis de moradores, tais como:

profissionais liberais, funcionários, estudantes, comerciantes, industriais, além de judeus abonados advindos do bairro do Bom

Retiro, sendo que as novas gerações das famílias judaicas mudavam-se para o bairro, trazendo consigo colégios tradicionais

e sinagogas. O bairro abriga hoje, no ano de 2014, de 20 a 40% dos judeus paulistanos e, segundo a Federação Israelita do

Estado de São Paulo, abriga 12 mil das 60 mil pessoas que compõem a comunidade judaica. Os Ashkenazi têm antepassados

originários da Europa Oriental e os Sefaradi têm ancestrais provenientes da Península Ibérica e do norte da África. É comum ver

judeus ortodoxos, com suas vestimentas características, circulando pelas calçadas do bairro de Higienópolis. Edifícios foram

especificamente projetados para eles. Tais edifícios apresentavam os chamados elevadores-shabat que, devido ao Shabat

(descanso, inatividade, é o nome dado ao dia de descanso semanal no judaísmo, simbolizando o sétimo dia em Gênesis, após os

seis dias de Criação), são programados para parar em todos os andares e ficarem abertos por alguns segundos para o piso

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desejado, sendo acionados geralmente pelo peso de quem entra. Porém, na maioria dos prédios do bairro, as construções

apresentam elevadores que operam da forma normal e tradicional no país.

A região de Higienópolis abriga seis sinagogas: a Beit Yacov, a Mekor Chaim, a Monte Sinai, a Bnei Akiva, a Binian Olam e a

Knesset Israel. Mesmo após a abertura de outros bairros de perfil elitizado, Higienópolis manteve-se como uma área de grande

valor e conseguiu se adiantar na evolução urbanística paulistana. No período entre as décadas de 1970 a 1990, manteve-se como

exceção, frente ao esvaziamento do centro de São Paulo, por parte das camadas da população de rendas superiores,

constituindo-se, ainda, em um bairro muito procurado para se morar, devido, principalmente, à sua arquitetura e às instituições

culturais que abriga, em comparação ao deteriorado bairro de Campos Elíseos, no distrito de Santa Cecília.

Higienópolis tornou-se um bairro bem habitado. Hoje os edifícios aglomeram-se em espaços reaproveitados. Há casos de

lotes nos quais já se construíram três ou quatro edificações diferentes. (Fig. 26).

A Lei de Zoneamento de 1972 e as Leis de Uso do Solo de 1977, as primeiras a atribuírem às áreas urbanas uma ou mais funções, são tentativas de disciplinar em longo prazo as construções da capital. Aquela Lei dividiu Higienópolis em três zonas distintas: 4, 3 e 2, tendo como determinador comum o uso misto, isto é, residência e comércio. A zona 4, que vai da Avenida Consolação até a Rua Itacolomi, descendo pela Rua Barão de Tatuí até a Avenida São João, chegou a admitir a presença de industrias; a zona 3 parte da Rua Itacolomi, inclui a Avenida Angélica e Rua São Vicente de Paula até a Praça Marechal Deodoro, admitindo oficinas sob controle especial. A zona 2, que engloba o trecho adjacente ao Pacaembu, é predominantemente residencial. (HOMEM, 1980, p. 167).

Com o decorrer dos anos, o bairro paulistano de Higienópolis, um dos poucos bairros ainda

arborizados da região e dotado de belas praças, contempla projetos de edifícios residenciais dos

arquitetos mais importantes da arquitetura moderna paulistana, e continua a ser um dos bairros Fig. 26 - Edifício Parque das Hortênsias (1952). Fonte: A.C. PALA (fev.2012).

Fonte: A. C. PALA (fev. 2012).

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mais procurados para fins residenciais, dado à sua excelente localização e ao conforto propiciado, principalmente pelo bom

atendimento dos meios de transportes, pela futura inauguração de duas novas estações de metrô e pelos bons serviços terciários

oferecidos.

Dos anos 1950, 1960 e até os anos 2010, o bairro de Higienópolis passou por diversas transformações, desde os casarões

dos fazendeiros do café até os edifícios residenciais projetados um ao lado do outro, fazendo do bairro um dos mais verticalizados

da capital paulista (Fig. 27). Mesmo com toda a renovação pela qual o bairro passou nessas últimas décadas, principalmente com

a era da revalorização dos espaços, pode-se descrever que o bairro é o único a fazer parte da subprefeitura da Sé que sobreviveu

à decadência, conforme ocorreram com os bairros de Campos Elíseos, Santa Cecília e Vila Buarque.

Enquanto se expandia a classe média e a cidade conhecia novas formas de morar, deu-se início ao processo que levaria à descaracterização de Higienópolis, aí compreendidas a chegada dos primeiros elementos dessa classe e as manifestações pioneiras de seu crescimento vertical. Nesse momento ficaria patente a decadência do bairro. Saíram famílias importantes, houve divisão de alguns lotes entre herdeiros, muitos palacetes ficaram fechados, enquanto outros se transformavam em escolas, pensões e até cortiços. Perdia- se assim a sua exclusividade residencial padrão A. Nessa época observou- se a designação travessa da Angélica para a Avenida Higienópolis. (HOMEM, 1980, p. 183).

A partir de 1930, a arquitetura paulista iniciou sua fase mais importante no cenário da arquitetura moderna brasileira. Diversos arquitetos brasileiros e estrangeiros começaram a pôr em prática os conceitos da arquitetura moderna internacional e, aos poucos, o bairro paulistano de Higienópolis foi fazendo parte dessa realidade. O bairro de Higienópolis, com sua privilegiada localização e moradores de alto poder aquisitivo, não demorou em protagonizar, nas décadas de 1940, 1950 e 1960, um grande processo de transformação, abandonando os antigos casarões neocoloniais para adotar importantes edifícios ortogonais, com grandes aberturas nas suas fachadas, pilotis, brise-soleil (quebra-sóis), marquises e grandes áreas de convivência, principalmente localizadas no pavimento térreo dos edifícios. Fig. 27 - Edifício Parque das Acácias (1952). Fonte: A. C. PALA (fev. 2012).

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A verticalização da cidade de São Paulo, e principalmente do bairro de Higienópolis, foi um símbolo da metropolização da

capital paulistana, com toda essa transformação, com o cenário evolutivo e de grande especulação imobiliária, trazidos pelo

edifício de apartamentos à série de discussões sobre um modelo de cidade que deixava sua matriz europeia que, por vários anos,

fez parte da arquitetura paulistana e, principalmente, do bairro de Higienópolis, para vincular-se ao domínio do capital americano,

deixando na lembrança as ornamentações, para surgir uma arquitetura simplificada e moderna.

Com a arquitetura moderna predominando nas construções dos edifícios residenciais do bairro de Higienópolis, foi surgindo

um conjunto representativo, no que diz respeito à expansão, à evolução e à modernização da cidade de São Paulo, sobretudo por

compor parte da história da arquitetura residencial brasileira. Projetos arquitetônicos dos mais renomados arquitetos brasileiros e

estrangeiros fazem parte desse conjunto de arquitetura moderna reunido num

mesmo bairro paulistano, tais como Abelardo de Souza, Adolf Franz Heep,

Alberto Botti, Álvaro Vital Brasil, Burle Marx, Carlos Cascaldi, Eduardo Kneese

de Mello, Francisco Beck, Gregori Warchavchic, Jacques Pilon, João Vilanova

Artigas, Oswaldo Arthur Bratke, Plínio Croce, Rino Levi, Roberto Aflalo,

Roberto Cerqueira César, Salvador Candia, Victor Reif, dentre outros.

O bairro paulistano de Higienópolis trouxe, com sua arquitetura moderna,

principalmente dos edifícios residenciais projetados nas décadas de 1940,

1950 e 1960, um novo conceito de morar bem numa metrópole como São

Paulo, acarretando um vasto cenário de conhecimento e de inovações

arquitetônicas (Fig.28). Hoje em dia, o bairro continua sendo um exemplo para

as cidades brasileiras, apresentando ruas bem pavimentadas, calçadas

uniformes, áreas muito bem arborizadas, além de contar com um grande

acervo da arquitetura moderna no Brasil.

Fig. 28 - Edifício Lausanne (1953).

Fonte: A. C. PALA (fev. 2012).

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CAPÍTULO 04. A LUZ NATURAL NA CONCEPÇÃO DO PROJETO ARQUITETÔNICO E AS TÉCNICAS UTILIZADAS PARA A PESQUISA EXPERIMENTAL

A utilização da luz sempre esteve presente no transcorrer da história da produção arquitetônica. O uso da luz na arquitetura

reflete o espírito de um período, portanto cada momento da história tem uma utilização específica e muito característica da luz.

A luz natural é uma dádiva da natureza. À medida que o homem civilizado aprende a utilizar fontes artificiais de luz que o libertam de uma dependência total da luz natural, vai igualmente aprendendo a apreciar o valor desta luz e a tomar consciência das suas vantagens pessoais. (HOPKINSON, 1975, p. 9).

O conceito de que o homem do século XX evoluiu ao se adaptar ao seu ambiente natural é uma das principais

características da humanidade nesse último século. Não somente pela preocupação mundial com a sustentabilidade, esse

conceito define o homem preocupado com a iluminação natural, fazendo com que a iluminação artificial tenha certo grau de

adaptação desfavorável. O homem do século XX preocupava-se, sim, com a utilização da iluminação natural, devido à

necessidade de luz para que se tenha uma visão adequada para as tarefas do dia a dia, com eficiência visual, conforto visual e

satisfação estética.

A importância da iluminação natural no projeto dos edifícios residenciais no bairro de Higienópolis, na cidade de São Paulo,

começa a despertar a preocupação dos arquitetos modernistas, no início dos anos 1940, e vai se acentuando ao longo das

décadas seguintes, quando esses arquitetos iniciam o uso de métodos de construção que permitiam maior liberdade na concepção

arquitetônica.

A partir da década de 1940, a investigação da iluminação natural com base nos cálculos existentes no Código de

Edificações da Prefeitura Municipal, código esse denominado de Código de Obras Arthur Saboya, que legisla sobre os dispositivos

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referentes a construções, arruamentos etc., da Lei nº 3.427, de 19 de novembro de 1929, é consolidada e aprovada pelo Ato nº

663 de 10 de agosto de 1934.

Os dispositivos da Consolidação do Código de Obras Arthur Saboya, atinentes à matéria e que sofreram alterações ou acréscimos, estão devidamente anotados; as inovações legais que, embora dizendo respeito ao assunto, não obedecem à sistemática do Código ou se limitam a estabelecer regulamentação especial das construções em determinados logradouros públicos ou zonas da cidade, encontram-se indicadas nos índices do Suplemento. (AYRES NETTO, 1947, p.5).

A Municipalidade adota, para incorporar às suas posturas, a Lei Estadual nº 1.596, de 29 de dezembro de 1917, na parte referente à construção e reconstrução de prédios urbanos. (AYRES NETTO, 1947, p.9).

A investigação da luz natural sempre chamou atenção nos projetos arquitetônicos, conforme se poderá verificar no decorrer

deste capítulo, descrito em diversas épocas da humanidade, chegando às décadas de 1940, 1950 e 1960, objeto desta tese de

doutorado. Diversos métodos de cálculo existentes auxiliam hoje os arquitetos na concepção dos projetos arquitetônicos, para que

se possa chegar a resultados seguros e o mais exatos possível.

Nas últimas décadas, diversas técnicas de iluminação natural surgiram, principalmente com o advento da computação

gráfica, porém, nem sempre são consideradas as mais exatas possíveis, sendo utilizadas principalmente devido à rapidez que

oferecem aos arquitetos.

Mas é necessário que métodos diferentes, cada um deles baseado em cálculos diversos, mas com o objetivo comum, o

estudo da iluminação natural, não sejam considerados plenamente eficientes. Existe um único método absoluto para calcular a

iluminação natural interior, e esse diz respeito somente à luz do céu e não à refletida por superfícies. (HOPKINSON, 1975, p.4).

Não existe nenhuma referência para que possamos comparar um método de cálculo com outro.

Essa falta de um padrão absoluto não representa, felizmente, um obstáculo ao projeto de uma boa iluminação interior. O cálculo da iluminação natural é, provavelmente, mais exato do que qualquer outro associado ao projeto do ambiente. (HOPKINSON, 1975, p. 4).

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Há diversos estudos a respeito dos aspectos da iluminação natural e dos meios para avaliar a sua qualidade, assim como o

nível de iluminação desejável para os ambientes internos, tais como: métodos com aparelhos de medições; métodos manuais de

cálculos, métodos físicos em escala reduzida, métodos virtuais, por exemplo, o programa computacional Relux que utilizaremos

nas simulações dos edifícios elencados. A intenção de um bom projeto de iluminação natural é garantir iluminação suficiente para

que se possa trabalhar com conforto lumínico, no que toca em bem-estar com relação a ver bem, a ter uma quantidade de luz

natural satisfatória e que possibilite a realização de uma tarefa confortavelmente. Não se pode deixar de abordar o resultado de um

ambiente visual agradável.

Há arquitetos que, em seus projetos, se preocupam em demasia com um aspecto da iluminação natural, deixando de lado

os aspectos fisiológicos e psicológicos, prejudicando, assim, o resultado final dos estudos da iluminação natural. É necessário que

se pondere, na elaboração do projeto de iluminação natural, a quantidade de luz necessária a cada ambiente, pois algumas vezes

percebe-se, nos projetos, um excesso de luz causando desconforto visual, com resultado final nada satisfatório. A falta de

iluminação natural, por sua vez, causa o mesmo desconforto visual.

É por essa razão que devem existir métodos, não apenas para computar as quantidades necessárias de luz em função da dificuldade visual das tarefas, mas também para determinar, numericamente, os fatores que indicam se um ambiente será visualmente confortável. Os dois parâmetros básicos são o Fator de Luz do Dia, que representa a medida da quantidade de luz natural que alcança o plano de trabalho, e o Índice de Encandeamento, que representa a medida dos fatores físicos: dimensões das janelas, brilho do céu, etc., que determinam o grau de desconforto por encadeamento que pode ocorrer num ambiente. Estas duas quantidades, consideradas em conjunto, resolvem a maior parte dos problemas de um projeto de iluminação natural. (HOPKINSON, 1975, p.4-5).

Após pesquisar os diferentes tipos de cálculo para a iluminação natural, pode-se afirmar que não existe um único método

que se possa recomendar aos arquitetos para a concepção dos projetos arquitetônicos, pois alguns métodos analisam a luz direta

do céu, outros, a luz refletida, e, quando somadas, podem resultar em uma iluminação natural mais adequada. Ao analisar o fator

iluminação natural, é necessário que o arquiteto saiba qual é a quantidade de luz necessária para cada ponto do ambiente que

esteja sendo projetado, já que a luz vinda diretamente do céu é diferente da luz refletida difusa, criando, com isso, as sombras.

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Dependendo da quantidade de luz natural, vinda diretamente do céu, ou então refletida, os resultados serão modelos diferentes de

sombras.

É bem significativo que, num mundo onde se exercem pressões sobre o indivíduo para que este aceite um ambiente artificial, a pesquisa sobre as universidades da Grã Bretanha incida, neste momento, mais em estudos de iluminação natural do que de iluminação artificial. Aparentemente, as pessoas querem realmente viver e trabalhar com luz do dia e, através da elevação do seu nível de educação, tornaram mais sensíveis a realizações mal estudadas e imperfeitas. Estão aptas a apreciar um bom projeto, quando o observarem, e isso acontecerá sempre que os bons princípios da tecnologia da luz do dia tenham sido compreendidos e aplicados. Os melhores edifícios de escolas, hospitais e residências construídos nos últimos anos são caracterizados pela sua luminosidade e frescura. A aplicação dos princípios de iluminação natural ao planejamento urbano teve como consequência o caráter aberto das áreas citadinas novas e reconstruído. Aqueles que ainda se recordem dos antigos e congestionados bairros insalubres, podem reconhecer a modificação que se operou. Mesmo que estes novos edifícios não possam manter-se inteiramente isentos da obsolescência e da sujidade, o céu é que permanecerá sempre aberto e luminoso nos vastos espaços entre eles. (HOPKINSON, 1975, p. 6).

A Luz Natural tem marcado uma relação especial nos espaços religiosos, com aumentos progressivos da quantidade de luz que podia penetrar no recinto em função das possibilidades tecnológicas do momento. Tem havido emoção no românico, explosão no gótico, teatro no barroco e neutralidade na arquitetura moderna. (BAEZA, 2008, n. 26).

O trecho citado acima trata da relação simbiótica que havia entre a história da luz do dia e a história da arquitetura nos

períodos medieval, românico, gótico, barroco e moderno. Segundo Lechner (2008, p. 28), desde as abóbadas romanas na

antiguidade até o palácio de cristal, no século XIX, as maiores mudanças estruturais na arquitetura foram reflexo do interesse em

se conseguir a máxima quantidade de luz no interior dos edifícios.

O período medieval traz características emblemáticas de construção e de concepção de espaços nos quais a luz é parte

fundamental. É nesse período que se encontram muitas inovações, tais como as primeiras invenções das traçarias para as janelas,

que permitiu a construção de janelas realmente grandes e, consequentemente, um uso intangível da luz.

A iluminação medieval teve a capacidade de criar um ambiente de solenidade suprema, que fazia parte importante do culto. Não se projetava a iluminação de seus espaços para atender às necessidades humanas, nem sequer no uso doméstico. (MASCARÓ, www.vitruvius.com.br, acesso em: 06 abr. 2014).

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Tomando os castelos medievais como objeto de estudo, podemos considerar os seus parâmetros de conforto ambiental

muito inferiores aos atuais. Por outro lado, na dimensão não mensurável, o conforto medieval é intangível e muito rico em signos,

principalmente com relação aos espaços que se encontravam próximos às janelas que, além de criar interação com o ambiente

externo, também criavam cenas de particular encanto e beleza.

Existem castelos medievais com amplas janelas em ambas as paredes laterais e, em numerosas mansões, há um vasto salão que atravessa toda a casa de uma parede externa à outra com janelas de ambos os lados. Saindo de um dos cômodos menores que tem janelas apenas em uma parede, e entrando nesse salão imenso inundado de luz, tem-se a sensação de alívio, causada por toda essa iluminação e aeração. (RASMUSSEN, 1986, p. 46).

As paredes, no período românico, permitiam pequenas aberturas, gerando, assim, uma luz focada muito clara, rodeada por

sombra, causando um efeito de contraste. O gótico, com o sistema de abóbada de aresta sobre contraforte, permitiu grandes

aberturas e a entrada de muita luz. O barroco, por sua vez, com seu jogo de luz e sombra, produziu obras com grande

dramaticidade e simbologia. Por fim, o período moderno marca uma evolução, com uma arquitetura totalmente aberta para a

entrada da luz, uma luz branca e pura.

Alberto Campo Baeza, estudioso em iluminação natural, em entrevista à revista Tectônica, mostra a relação dos arquitetos

com a luz do dia, relatando que não importava a tecnologia que cada um deles tinha disponível em sua época. Um grande número

de arquitetos buscava, por meio da luz natural, deixar suas obras marcadas no tempo, levando pessoas a se emocionarem até

hoje nos espaços internos dos edifícios.

Os arquitetos antigos usavam os mármores e os bronzes, e os arquitetos modernos usam os plásticos especiais e os vidros. Todos tentando fazer arquiteturas capazes de permanecer na memória dos homens, de permanecer no tempo. Assim entendiam tanto Adriano quando reconstruiu o Panthéon, como Antêmio de Trales e Isidoro de Mileto quando construíram a Santa Sofia, e Mies Van der Rohe, quando colocou em pé a Farnsworth House. (BAEZA, Revista Tectônica, 2008, p. 48).

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A seguir, seguem citações que descrevem a estreita relação entre a luz do dia e a arquitetura ao longo dos tempos, e como

a busca pela quantidade de luz considerada ideal para cada período levou os arquitetos a revolucionarem os sistemas estruturais e

as tecnologias de seus tempos. Assim, um estudo histórico do uso da luz natural se faz necessário, pois é a partir do

conhecimento das experiências passadas que se pode buscar referência e evoluir.

A veces el hueco se convierte em um agujero discreto que permite que um rayo de luz entre iluminando el humo producido por la estufa de leña que simultaneamente sale. Otras veces se arma de vidrio, postigo y valor y se enfrenta al viento frio del páramo que lucha por entrar, o se adorna coquetamente com gerânios y soporta la serenata del amante romántico. Finalmente invade la totalidade de la fachada, perde su carácter de ventana y se convierte em um prepotente muro de vidrio. (DREWS, 2008, n. 06). Al ir subiendo los muros iban quedando los huecos de las ventanas, y esa combinación de opacidades y transparéncias iba generando la casa. (MANRIQUE, 2008, n. 06).

As duas citações fazem parte de um caderno de desenho intitulado Cuardenos Azules, cujo tema principal é a janela,

impresso pela Universidade de Los Andes para um workshop na cidade de Cartagena, Colômbia, em julho de 2008. Os dois

excertos citados descrevem algumas funções das janelas e de que modo fazem parte do projeto arquitetônico. Ernesto Lleras

Manrique diz que o muro (parede) configura a janela e a janela configura a casa, exaltando esse elemento que abre o interior do

edifício para a entrada da luz natural, do vento, ao mundo, à cidade, às serenatas.

Segundo Lúcia Mascaró,

...a janela foi vista durante muito tempo como uma modificação da porta, meia porta, e as casas primitivas apresentavam apenas duas aberturas: a porta para a entrada da luz, e um buraco no teto para a saída da fumaça. (MASCARÓ, 1978, p.36).

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O primeiro texto traz a evolução desse elemento, que está relacionado à história da arquitetura e, segundo o autor,

inicialmente tratava-se de abertura que ganhou vidro para enfrentar as intempéries e, por fim, deixa de ser janela e transforma-se

em muro (parede) de vidro.

Seguindo a linha de raciocínio de Mascaró (1978), pode-se citar que no período da arquitetura Egípcia, do Oriente Médio e

Grega, essas aberturas não tiveram grande importância, pois apenas com o Império Romano é que se começa a notar um

destaque para esse elemento.

Os egípcios usavam iluminação bilateral em seus templos, e as janelas reduziam-se a estreitas aberturas laterais, cuja

função era impedir a entrada de calor e criar um simbolismo típico de uma arquitetura sacra, expresso pelo uso dramático da luz

natural. As fachadas, não somente da arquitetura egípcia, como também da grega e da romana, também eram tratadas com

baixos relevos, para que a incidência do sol provocasse um jogo de luz e sombra.

Sobre o uso da luz natural no projeto arquitetônico, Lechner (2008) descreve que os egípcios perceberam que os baixos

relevos esculpidos em sua arquitetura brilhavam sob a luz do sol e adquiriam profundidade com a sombra gerada. Os gregos

também tinham essa consciência, e conseguiam que seus altos relevos obtivessem o mesmo efeito sob o sol menos luminoso,

característico da sua própria região. Essas características presentes na produção arquitetônica da época demonstram que os

povos antigos detinham um grande conhecimento a respeito da trajetória e da importância do sol e da luz natural ao longo de todo

o dia. Na arquitetura egípcia, as aberturas nas paredes representavam a posição social do morador, sendo que as residências das

camadas mais pobres da população eram iluminadas por pequenas aberturas e as dos nobres apresentavam aberturas maiores,

tipo grelhas, como as aberturas utilizadas nos templos egípcios.

As janelas dos dormitórios eram voltadas para os pátios internos das edificações, elemento presente na maioria das

construções daquela época, visando a preservar a edificação, gerando, assim, fachadas com poucas aberturas ou totalmente

cegas. Em contraposição, segundo Mascaró (1978), nessa mesma época, os romanos faziam suas aberturas voltadas para a rua,

e mesmo tendo conhecimento do vidro, essas aberturas não apresentavam qualquer tipo de fechamento, devido ao

aproveitamento do agradável clima da cidade e, também, pela falta de familiaridade com o material e com a tecnologia de seu uso.

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Na arquitetura românica, no lado Bizantino, a arquitetura da Igreja de Santa Sofia, em Constantinopla, construída no reinado

do imperador Justiniano, é um exemplo de construção com grande controle da iluminação natural. Segundo Baeza (2008), em

Santa Sofia de Istambul (532-537), os brilhantes arquitetos Isidoro de Mileto e Antêmio de Trales abrem uma coroa de altas

janelas, por onde entra a luz direta, arrojada, como também a luz indireta, refletida em suas profundas jambas brancas, de uma

maneira que parece um milagre o cruzamento dos raios de luz natural. Na citação de Baeza, nota-se que as janelas altas,

dispostas radialmente, permitem tanto a entrada de luz direta, como também a entrada da luz natural, gerando um efeito

surpreendente quando os raios se cruzam no ar, criando, assim, um espaço interno rico, harmonioso e luminoso.

Lucia Mascaró (1978) afirma que nos mesmos moldes dessa arquitetura foi construída, anos mais tarde, a Praça de São

Marcos, em Veneza, do arquiteto Domenico Contarini, época em que os romanos passaram a dominar as técnicas das

construções em arcos, abóbadas e cúpulas. Segundo Mascaró (1978), a partir dessas técnicas eles puderam vencer grandes vãos

com segurança e criar monumentos como o Phantéon, cuja cúpula apresenta uma abertura central, por onde a luz solar

penetrando de forma concentrada, passando a difusa à medida que se reflete nas reentrâncias da abóbada, ao mesmo tempo em

que a luz direta penetra, reproduzindo o trajeto do sol ao longo do dia.

Segundo Steen Eiler Rasmussen,

Nenhuma reprodução pode fazer-lhe justiça, pois é o imenso espaço arquitetonicamente fechado à nossa volta que causa a mais profunda impressão, não qualquer vista parcial do monumento. Ao entrar no Phantéon, vindo da

emaranhada teia de ruas e ruelas vizinhas, sentimos uma perfeita expressão de paz e harmonia. A escala normal das casas por que acabamos de passar faz com que o peristilo, em comparação, pareça esmagadoramente alto, com suas gigantescas colunas desaparecendo na penumbra sobre o telhado. Quando entramos na rotunda, apercebemo-nos imediatamente de uma luz moderada proveniente de uma fonte no topo, três vezes mais alto que o teto do peristilo. A cúpula não parece limitar o espaço, mas pelo contrário, ampliá-lo e elevá-lo ainda mais. (RASMUSSEN, 1986, p.185).

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Na sequência do texto, Rasmussen escreve:

A abertura circular no ápice constitui a única conexão com o mundo exterior, não com o mundo ruidoso e displicente das ruas, mas com a abóbada celeste que se lhe sobrepõe. Quando o sol não penetra num cilindro oblíquo de raios, a luz é finalmente difusa porque provém de uma altura muito grande. Mas toda ela incide na mesma direção, uma vez que provém de uma única fonte de luz e produz sombras reais. (RASMUSSEN, 1986, p. 186).

O Phantéon de Roma, o original, foi construído em 27 a.C. e destruído por um incêndio em 80 d.C., sendo totalmente

reconstruído em 125, durante o reinado do Imperador Adriano, como se pode comprovar pelas datas impressas nos tijolos que

fazem parte da sua estrutura. A sabedoria de Marcus Agrippa chega a marcar a máxima quantidade de luz com a máxima

quantidade de sombra e, assim, o óculo luminoso traz aquela luz divina vinda do alto.

Então, a partir do século VIII, as ordens eclesiásticas, que conseguiram preservar a cultura através do conturbado período

da Idade Média, adotaram o estilo românico, cujo preceito era o uso de simples formas geométricas e extensivo do arco redondo.

As janelas tinham pouco espaço nesse tipo de construção, e muitas vezes a luz penetrava por placas de mármore translúcidas,

sendo que grande parte das paredes era reservada para a instalação de afrescos e mosaicos. Notamos, no trecho a seguir, a

função das aberturas na arquitetura românica:

A arquitetura românica, com seu sistema construtivo de paredes compactas e contínuas era mais indicada para receber uma ilustração de pintura mural que um complexo programa de iluminação espacial, os vãos que se abrem cumprem uma função objetiva de iluminação. Com sua cabeceira voltada ao oriente, a luz do sol penetra inicialmente por esta parte do edifício, como meio físico, cumpre sua função de possibilitar a leitura dos programas iconográficos desenvolvidos nas pinturas ou nas esculturas dos capitéis (assim) à decoração subordina-se o sistema de iluminação diferenciado do natural, seja, ao menos, introspectivo, a janela românica cumpria funções de vão aberto ao exterior: de um foco de luz no sentido estrito. (ALCAIDE, 1985, p. 20).

A luz natural na arquitetura românica pode ser considerada como um meio físico, já que cumpria a função objetiva de

facilitar a leitura das pinturas dos murais ou das esculturas dos capitéis. Seus sistemas construtivos de paredes compactas e

contínuas permitiam o uso da iluminação espacial de uma maneira mais complexa, e suas janelas eram simplesmente vãos

abertos para o exterior.

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O estilo gótico, que acontece na sequência do românico, revela uma evolução muito grande no que diz respeito às

aberturas, que vem a ser a independência entre a vedação e a estrutura. Com essa descoberta, conseguiu-se excluir grande parte

das paredes, as janelas circulares das igrejas medievais deram lugar à imponente roseta da construção gótica, com magníficos

vitrais, que igualmente não permitiam a entrada da luz integralmente, criando, assim, um espaço com luz difusa e com grande

simbolismo.

O gótico é o primeiro momento da história da arquitetura onde grandes vitrais criam uma parede quase que imaterial. No edifício gótico pode-se dizer que o vão, entendido como foco de luz, desapareceu. Não existem pontos de iluminação abertos na parede porque, este é um paramento translúcido que o fecha por inteiro e que o ilumina todo com um sistema de luz colorida e na natural a luz é filtrada por vitrais. (SZABO, 1995, p. 62).

A partir da citação a seguir, pode-se verificar que, no edifício gótico, mesmo com as grandes aberturas, não existem

espaços realmente abertos, sendo que os fechamentos com vitrais transformam as aberturas em paredes que iluminam o interior

com luz colorida e não natural, não permitindo a visão do exterior, negando uma das funções da janela. A utilização dessa luz

busca uma introspecção desejada para os espaços religiosos, principais construções arquitetônicas desse período.

O vão, convertido em um fechamento translúcido e colorido, assume o papel de parede e de agente transformador da luz que penetra no interior. No edifício gótico pode-se dizer que o vão, entendido como foco de luz, desapareceu. Não existem pontos de iluminação abertos na parede porque, agora, este é um parâmetro translúcido que o fecha por inteiro e que o ilumina todo com um sistema de luz colorida e não natural. Assim, na catedral gótica perde-se a referência ao espaço exterior ao não existir vão nenhum que o sugira, o interior aparece escurecido e cromaticamente matizado. A intensidade da luz por causa deste processo de controle e transformação (fica) reduzido em proporção inversa ao aumento do tamanho da janela. (ALCAIDE, 1985, p. 22).

De acordo com Lechner (2008), o período Renascentista, que acontece após o Gótico, é marcado por janelas amplas e

numerosas e, mesmo que as fachadas dos palácios renascentistas tenham sido desenhadas para dar a impressão de grandes

estruturas maciças, suas plantas em E ou H solucionavam bem a questão da iluminação e da ventilação, considerando-se que não

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tinham mais do que 18,0 metros de profundidade, de modo que nenhuma fachada ficasse mais distante do que 9,0 metros. Apesar

de muitos estudiosos afirmarem que a luz natural só atinge 4,5 metros, nesse período, as janelas e tetos altos permitiam que a luz

atingisse os 9,0 metros. Szabo (1995) complementa, relatando que, nesse período, a luz era libertada da matização dos vitrais, e o

intuito era obter uma luz branca natural tanto no interior dos edifícios como fora deles.

Seguindo a ordem cronológica dos fatos, surge o período Barroco, cujas obras tinham como ponto central o jogo de luz e

sombra, gerando enorme dramaticidade e simbolismo.

A luz no período barroco é quase sinônimo de arquitetura, por exemplo, na obra de Borromini, a luz é o ponto central, portanto seu controle, determinação dos seus efeitos são resultantes de uma técnica muito refinada onde a luz incidente, direta, funde-se com a luz refletida no mesmo espaço, ao mesmo tempo em que se trabalha com uma luz natural, geralmente filtrada, estudada para gerar efeitos cênicos, para gerar profundidade no espaço. (PORTOGHESI, 1994, p.8).

No século XVIII, na Grã Bretanha, o estilo marcante da arquitetura era o georgiano e o paladiano, caracterizados por forte

simetria que condicionava as aberturas a uma dimensão de 1/6 do tamanho do ambiente. Nessa época, começa a tomar forma

uma consciência do efeito panorâmico das aberturas.

No final do século XVIII e início do século XIX, o domínio sobre o vidro e o aço possibilita a construção de edifícios como o

Palácio de Cristal, de Paxton, que para as regiões de clima frio e com pouca incidência de radiação solar eram muito bem vindos.

No século XIX aconteceram os movimentos revivalistas, quando, em muitos projetos arquitetônicos, os estilos antigos foram

resgatados. Períodos como o clássico e o gótico ganharam o prefixo neo (neoclássico e neogótico) e, mais tarde, foram

encaixados em um movimento denominado ecletismo, pois a fidelidade aos estilos não foi alcançada, devido ao fato de tais

realizações terem acontecido fora da época original.

A seguir, com a industrialização, surge um movimento denominado de Arts & Crafts, que queria transformar o artesão em

um agente do processo de industrialização. Esse movimento não teve muita força e evoluiu para o estilo Art Nouveau, iniciado na

França.

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De 1925 até 1939 aconteceu o Art Déco, um movimento destinado à burguesia enriquecida do pós-guerra, e tinha como

marca uma grande ligação com a produção industrial, resultando em projetos com forte rigor geométrico e aplicação de materiais

luxuosos. O edifício Empire State Building é um exemplo desse estilo, apresentando fachada simétrica, sendo que suas aberturas

criam um ritmo linear. Podemos citar como exemplo a casa de vidro de Pierre Chareau (Maison de Verre), construída em 1932 em

París, França. (Fig. 29 e Fig. 30).

No século XX surge um novo movimento, que marcou uma forte mudança no conceito da luz natural, o movimento moderno.

Tal movimento iniciou-se com a Bauhaus (Escola de Design, Artes e Arquitetura, fundada na Alemanha por Walter Gropius,

funcionando de 1919 a 1933, sendo a precursora do movimento moderno) e seus princípios eram a renúncia ao velho, o

compromisso com a necessidade de habitações sociais e a vontade de explorar materiais e tecnologias marginalizadas pelos

movimentos mais antigos. O movimento foi denominado de exaltação da forma, de acordo com GHIRARDO (2002), no livro

Arquitetura Contemporânea: uma história concisa, segundo a qual havia duas linhas de pensamento sobre como a forma deveria

ser determinada. Durante esse período da história, buscou-se cada vez mais a inovação e o uso de novas tecnologias,

esquecendo-se muitas vezes dos aspectos mensuráveis e conceituais da luz. A iluminação era, na maioria das vezes, resultado de

soluções engenhosas e técnicas. O desencontro entre a arquitetura e a iluminação natural era gritante. (MASCARÓ, 1978).

Quase em oposição à tipologia arquitetônica do movimento moderno, no final do século XIX e início do século XX, Frank

Lloyd Wright produziu obras em que a luz não era somente um aspecto de qualidade ou técnico, mas também de espírito.

Segundo SZABO (1995), a luz de Wright sempre estará ligada à natureza, em uma dimensão física e também simbólica, em um

vislumbre bíblico da criação.

Wright produziu as casas usonianas denominadas prairies houses (Fig.31 e Fig. 32), que combinavam o uso de balanços e

a integração dos espaços pela eliminação de portas e divisórias, criando, assim, jogos de contraste de luz. Os balanços tinham

uma dupla função: proteção e preservação das paredes da casa, assim como difusão da luz refletida para o andar superior, por

meio das telas de luz nas paredes, que eram as janelas. (SZABO, 1995).

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Fig. 29 - Casa de Vidro: Pierre Chareau (1932).

Fonte: Fundação Pierre Chareau (fev. 2014).

Fig. 30 - Casa de Vidro: Pierre Chareau (1932).

Fonte: Fundação Pierre Chareau (fev. 2014).

Fig.31 - Winslow House, Chicago: Frank Lloyd Wright (1893).

Fonte: A. C. PALA (jul.2010).

Fig.32 - Robie House, Chicago: Frank Lloyd Wright (1909).

Fonte: A. C. PALA (jul.2010).

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Szabo (2007) coloca a questão:

Qual é o pensamento de Frank Lloyd Wright, Walter Gropius, Le Corbusier e Louis Kahn sobre o uso da luz na arquitetura?

O primeiro, pioneiro do movimento moderno, representa o pensamento organicista e sugere “uma luz suave e difusa que o

cliente agradece”, o segundo representa o pensamento da Bauhaus, basicamente racionalista, que se expressa na frase

“aumentem as janelas, diminuam os quartos”, o terceiro uma linha de pensamento que, por um lado se quer racionalista,

por outro lado ultrapassa as questões higienicistas e coloca a luz como um elemento poético na concepção do espaço. A

estes três se soma o pensamento de Louis Kahn, arquiteto que trabalha no final do movimento moderno, que abre as portas

do pós-modernismo, que possui um pensamento extremamente pessoal sobre o uso da luz: “o projeto de um edifício deve

ser lido como uma harmonia de espaços em luz”, pois “toda a matéria é luz...ela não cessa de ser luz quando passa ao

estado da matéria. No silêncio, há uma tendência para a expressão; na luz, para a obra”. (SZABO, 2007, p.46).

Segundo Louis Kahn(1984), todos os espaços precisam de luz natural e todos os espaços que mereçam ser chamados de

espaços necessitam de luz natural. Cada espaço deve ter sua própria luz. E se na visão de Kahn cada espaço é único e deve ter

sua luz adequada, então se estabelece uma relação de dependência entre luz natural e espaço.

Kahn(1984), também coloca a sua posição:

Não posso definir o espaço se não há luz natural. E isso porque as características criadas pelas horas do dia e pelas

estações do ano ajudam a reconhecer o que pode ser um espaço quando há luz e o que não pode quando ela falta. Uma

luz artificial, seja numa galeria ou num auditório, está sempre perdida. Continuando ele fala: “gostaria de construir um teatro

com luz natural. Por que se deve fazer os ensaios em um lugar desagradável? O ensaio é uma função? Não, a função é a

função e só vemos isso, e não o ensaio. Durante o ensaio, o teatro deve ser o mais agradável possível, com outro tipo de

atmosfera. Eu acredito que se deva ter luz natural em todo o espaço que mereça este nome”. (KAHN, 1984, p.30).

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Alguns estudiosos acreditavam que a forma deveria ser determinada pelo funcionalismo, outros que era pela genialidade do

arquiteto, como por exemplo: a inspiração. De acordo com GHIRARDO (2002), os arquitetos Le Corbusier, Mies Van der Rohe e

Walter Gropius foram exceções que conseguiram reunir os dois modelos.

Quanto às aberturas, o modernismo renega totalmente os “buracos”, como eram denominadas as janelas que eram

projetadas, buscando uma luz natural pura e com total transparência, representando, assim, uma clareza nas relações sociais,

conforme PORTOGHESI (1994) descreve no texto a seguir:

A luz cartesiana e racional dos funcionalistas não nasceu da escuridão e não precisa de seu oposto para existir e se afirmar; existe com autonomia, afirma-se como a natural e necessária condição de uma arquitetura pretendendo criar uma sociedade pacificada, livre de contradições e conflitos internos. A Bauhaus de Gropius, a casa Schoder de Rietveld, a Vila Savoye de Le Corbusier, três dos mais celebrados modelos do funcionalismo partilham a mesma concepção de luz, compreendida como a luz universal que descreve a consistência geométrica do objeto arquitetônico. Transparência e luz no código funcionalista são, entretanto, símbolos intelectuais que apontam não para evocar impressões, sensações e emoções, mas para confirmar a afirmação de um princípio que identifica a luz como higiene e habitabilidade, e com a chamada moral da necessidade de nada permanecer misterioso e oculto no desenvolvimento das relações sociais. (PORTOGHESI, 1994, p. 12).

A luz natural no movimento moderno era apresentada como uma luz pura e universal, uma luz uniforme, sem marcas e

sombras, sem objetivar emoções ao usuário e, sim, uma luz que representasse uma clareza das relações sociais: a igualdade.

O movimento moderno ganhou força e foi difundido após a Segunda Guerra Mundial. Os arranha-céus daquela época,

produzidos com a associação da tecnologia da estrutura de aço e as cortinas de vidro, foram bem aceitos nas principais cidades

do mundo, pela rapidez da construção, devido, principalmente, à padronização. Por outro lado, acabaram prejudicando a qualidade

e o estudo da luz natural na arquitetura, pois as paredes de vidro captavam muita luz, sem levar em conta o clima, evidenciando-se

assim, em diversos projetos modernistas, problemas de deslumbramentos e contrastes.

Após o movimento moderno, surgiram diversas linhas de pensamento, denominadas arquitetura contemporânea. Segundo

GHIRARDO (2002), a partir da década de 1970, surgem os pós-modernos que queriam uma volta ao classicismo acadêmico, em

contraposição à postura moderna. Houve também as linhas de pensamento pós-estruturalistas, desconstrutivistas e pós-

industriais.

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A arquitetura produzida hoje no cenário mundial não tem uma teoria específica, uma linha de pensamento homogênea entre

os arquitetos. Alguns privilegiam a forma, outros, as questões tecnológicas e funcionais, porém, para muitos deles, o uso da luz

natural é uma preocupação constante, seja por questões do clima, sustentáveis, simbólicas ou técnicas.

O arquiteto norte americano Richard Meier, cujas obras apresentam grandes transparências e o predomínio da cor branca

nas fachadas e alvenarias internas, afirma que o branco é a melhor cor para apreciar o jogo de luz e sombra e a volumetria dos

sólidos. A integração de suas obras com a paisagem e a claridade, marcada pelo equilíbrio entre luz e espaço, são elementos

muito presentes em sua arquitetura.

O arquiteto polonês Daniel Libeskind é autor de projetos que se revelam repletos de simbolismos, conseguidos pelo jogo de

luz e sombras que adentram pelas aberturas cuidadosamente projetadas.

O japonês Tadao Ando talvez seja, nos dias de hoje, o melhor exemplo de um arquiteto que explora ao máximo o uso da luz

natural na concepção do projeto arquitetônico. Tadao usa a luz para gerar a tensão em um espaço equilibrado, com forma pura,

material homogêneo e cor uniforme.

A restrição no uso dos materiais e a total simplicidade das formas produzem um ar austero e impregnam o espaço com uma tensão tranquila. Então, de repente, surge a luz. Luz simbólica, luz corporificada, luz que, num segundo, transforma o espaço puro em espaço dramático. Luz e sombra concedem movimento ao espaço, afrouxam a sua tensão e injetam corporalidade no espaço geométrico. (FURUYAMA, 1997, p. 12).

Segundo Furuyama (1997), para Tadao Ando, a forma por si só consegue despertar apenas um sentido, o da visão, e não

gera emoção. Insatisfeito com isso, ele passa a priorizar o fascínio do espaço. Furuyama afirma, também, que as obras mais

representativas dessa categoria são, entre outras, a Igreja da Luz e a Capela de Monte Rokko. O autor descreve, também, que

Tadao Ando usa a luz como partido para conseguir realizar o tema proposto, quando escreve que a luz vinda da cruz penetra na

escuridão do interior da igreja e, nesse espaço interior, cuja orientação centrípeta é tão forte, essa fenda tem a profundidade de um

poço.

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A Luz Natural que chega ao interior dos edifícios provém de diversas fontes, tais como do sol (luz solar direta), da abóbada

celeste ou do entorno (solo, edifícios vizinhos, vegetação etc), sendo que as duas últimas geram uma luz indireta.

Segundo Norbert Lechner,

Cada fonte varia não só com relação à intensidade e quantidade, como em qualidade, cor, difusão e eficácia. Essa variação caracteriza a grande dificuldade de se projetar com a luz do dia, pois um projeto geralmente busca uniformidade e quantidade de luz adequada à funcionalidade do espaço. (LECHNER, 2008, p. 42).

Para que se possa entender como essa variação acontece, assim como suas implicações no projeto arquitetônico, o

capítulo intitulado A Luz Natural na Concepção do Projeto Arquitetônico relata as propriedades da luz natural (luz do dia), os tipos

de fontes e, principalmente, suas características.

O Sol, de acordo com o que foi descrito no capítulo, é a principal fonte de luz do dia e o responsável pela luz solar direta,

constituída pelos raios solares que conseguem atravessar a atmosfera, cuja função é filtrar a luz através da reflexão e da absorção

de uma parte desses raios e chegar à superfície terrestre com um fluxo luminoso (radiação total da fonte luminosa emitida no

comprimento de onda compreendido entre 380 nm e 780 nm) com brilho intenso, direcionado e com claridade extremamente alta,

variando conforme a posição geográfica e de acordo com a época do ano. Essa quantidade total de luz emitida por uma fonte é

medida em lumens (lm). No caso da iluminação natural, o fluxo luminoso é a energia radiante emitida pelo sol e pelo céu.

Segundo Victor Olgyay,

“... Sol, principal fonte de energia da Terra. Esta estrela é uma enorme esfera de gás incandescente, constituída principalmente pelos gases hidrogênio e hélio, em cujo núcleo acontece a geração de energia através das reações termo nucleares.” (OLGYAY, 1998, p.48).

Esse tipo de luz, segundo LECHNER (2008), é a que causa grandes problemas, como ofuscamento (efeito que uma luz

excessivamente brilhante, proveniente de uma ou mais fontes, causa na visão, gerando um incômodo e muitas vezes dificuldades

em observar o objeto), aquecimento do ambiente e contrastes excessivos, sendo, por outro lado, excelente para reproduzir cores

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e, como fonte de luz abundante e gratuita, deve ser utilizada no projeto arquitetônico, com os devidos cuidados para o conforto do

usuário.

Os critérios de utilização da luz natural na arquitetura brasileira podem ser divididos em dois segmentos: o primeiro baseia-

se no valor universal, que trabalha com valores absolutos, e o segundo procura adequar o aproveitamento da luz natural à

realidade do local.

Lúcio Costa relata com propriedade o percurso do aproveitamento da iluminação natural na arquitetura brasileira. Segundo

esse autor,

“nas casas antigas, presumivelmente nas dos fins do século XVI e durante todo o século XVII, os cheios teriam predominado, e logo se compreende por que; à medida, porém, que a vida se tornava mais fácil e mais policiada, o número de janelas ia aumentando; já no século XVIII, cheios e vazios se equilibravam e no começo do século XIX, predominavam francamente os vãos; de 1850 em diante as ombreiras quase se tocam, até que a fachada, depois de 1900, se apresenta praticamente toda aberta tendo os vãos, muitas vezes, uma ombreira comum. O que se observa, portanto, é a tendência para abrir sempre e cada vez mais. E compreende-se que, com esse nosso clima tenha sido mesmo assim, pois, embora se fale tanto na luminosidade de nosso céu, na claridade excessiva dos nossos dias, etc., o fato é que as varandas, quando bem orientadas, são o melhor lugar que as nossas casas têm para se ficar, e que é a varanda, afinal, senão uma sala completamente aberta”. (COSTA, 1995, p. 460).

Le Corbusier complementa o texto de Lúcio Costa na citação: pode-se dizer que a história das janelas é a mesma da

história da arquitetura ou, ao menos, é a parte mais característica da história da arquitetura. (CORBUSIER apud OLGYAY, 1977,

p. 10).

Na história da luz natural no Brasil, os ambientes arquitetônicos tendiam para o escuro, devido ao número reduzido de

aberturas. A partir do século XIX, a claridade começa a penetrar com mais intensidade nos espaços internos.

As construções com poucas aberturas podem ser atribuídas ao clima, como bem exemplificado pelas ocas indígenas (Fig.

33. Fig. 34 e Fig. 35), nas quais geralmente os acessos são a única ligação com o exterior, impedindo, assim, a penetração da

radiação solar.

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As casas coloniais eram construídas de modo uniforme, padronizadas por Cartas Régias ou Códigos de Edificações

Municipais (em poucas cidades, geralmente nas capitais) que definiam o número de aberturas.

Segundo Nestor Goulart Reis Filho,

“as salas da frente e as lojas aproveitavam a abertura sobre a rua, ficando as aberturas dos fundos para a iluminação natural dos cômodos de permanência das mulheres e dos locais de trabalho. Entre estas partes com iluminação natural situavam-se as alcovas, destinadas à permanência noturna e onde dificilmente penetrava a luz do dia”. (REIS, 1970, p. 24).

Carlos Lemos relata que:

A escuridão da alcova era consequência da técnica construtiva: o sistema de telhados com duas águas utilizado dificultava a construção de pátios internos que possibilitassem a iluminação desses ambientes...observância óbvia e inevitável às regras das poucas técnicas construtivas vigentes ao gregarismo medieval unindo as casas umas às outras, todas em lotes estreitos e profundos. Ar e luz natural somente pela frente e trás. Nos tempos de colônia, então, absolutamente impossíveis claraboias ou lucernas para iluminar caixas de escadas ou corredores compridos. O que aconteceu foi que forçosamente todas as construções apresentavam uma zona central, embaixo da cumeeira, absolutamente escura e que sempre foi destinada às alcovas. (LEMOS, 1990, p.11 e 12).

Fig.34 - Ocas Indígenas. Fonte: R7 (fev. 2012). Fig.35 - Ocas Indígenas. Fonte: R7 (fev.2012). Fig.33 - Ocas Indígenas. Fonte: R7 (fev.2012).

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Lemos (1979, p. 10) também relata que nas casas bandeiristas a alcova não se faz presente, pois o núcleo central da

edificação recebe iluminação pelas varandas, portanto, todos os ambientes são banhados pela luz natural, sendo que esse partido

permaneceu praticamente o mesmo durante 300 anos, mas as janelas pequenas e gradeadas, de vergas retas, no decorrer do

tempo foram aumentando o seu tamanho.

Na arquitetura religiosa barroca geralmente o altar mor era dotado de verdadeiros jorros de luz provenientes das janelas de formas rebuscadas, da grande cúpula central, em contraste com a penumbra das capelas laterais. (MASCARÓ, 1983, p. 148).

Eduardo Kneese de Mello, em seu livro intitulado A herança mourisca da arquitetura no Brasil (p.43), descreve que o uso do

vidro era restrito geralmente às edificações oficiais e religiosas. Nas outras obras, segundo o autor, utilizavam-se elementos para

controlar e filtrar a luz como, por exemplo, o tijolo recortado, o muxarabi e a rótula (Fig. 36 e Fig. 37). Os elementos vazados ou

cobogós, muito utilizados na arquitetura contemporânea do Brasil, oferecem uma admirável defesa contra o verão tórrido.

Fig.36 - Muxarabi. Fonte: Andréa Eiko Ito (jun.2012). Fig.37 - Rótula. Fonte: Thiago Santos (ago. 2011).

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Segundo Kneese de Mello (1906-1994), a janela de rótula era construída com tiras de madeira cruzadas diagonalmente, o

anteparo vazado como um crivo de madeira, colocado na face das portas e janelas com o fim de resguardar a casa do sol e para

que se possa ver de dentro sem ser visto de fora (p. 45-47). O muxarabi é um balcão fechado por treliça de madeira, assentado

em um balcão saliente, que permite a penetração do ar e filtra os raios do sol, muito utilizado em países onde os costumes não

permitiam à mulher aparecer em público sem ter o rosto tapado.

Quase sempre as grades estavam providas de postigos movediços, semelhantes aos para-ventos. As fasquias empregadas formavam malhas quadradas. Um processo semelhante ao do crivo ou das peneiras indígenas, cujo nome popular de revestimento quadriculado era o de urupema. Algumas vezes, os muxarabis ocupavam a fachada quase inteira da habitação. Outras vezes não, ocupavam apenas uma ou duas janelas. Nem sempre, também, a urupema cobria toda a janela, mas apenas uma parte da mesma. (KNEESE DE MELLO, p. 65).

LECHNER (2008) faz uma hierarquia de importância de orientação que será adaptada ao hemisfério sul, no qual o Brasil

está inserido. Segundo o autor, a orientação sul é a mais importante quando o projeto é desenvolvido para regiões de clima quente

e, apesar de possuir uma baixa quantidade de luz, essa é constante, branca, fria e difusa. A segunda mais adequada é a

orientação norte, que recebe luz com bastante regularidade ao longo do dia e do ano, sendo esta também a fachada com maior

necessidade de elementos de controle, porque há uma grande intensidade de luz e de carga térmica. As orientações leste e oeste

recebem luz apenas na metade do dia, a leste, no período matutino, e a oeste, no período vespertino, com baixa altura do levante

e poente do sol, o que causa muitas vezes dificuldades na proteção solar.

Na Revista Tectônica (edição 26), a forma do edifício tanto determina o tipo de aberturas, podendo ser horizontais e

verticais, como também o quanto de superfícies em planta receberá luz do dia. Geralmente, em edifícios altos, a luz consegue

atingir uma faixa de 4,50 metros, sendo que os seguintes 4,50 metros terão iluminação parcial, isso quando o edifício somente

dispõe da abertura lateral, pois quando é dotado de átrios, por exemplo, chega-se a 100% de iluminação, como demonstram os

esquemas a seguir (Fig. 38 e Fig. 39):

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Os edifícios contemporâneos na arquitetura brasileira projetados na cidade de São Paulo e principalmente no bairro de

Higienópolis costumam apresentar átrios fechados, e com grande exposição à luz do dia. Nesse caso, a quantidade de luz que

chega a atingir a base do átrio depende de fatores como a geometria dos espaços (proporção entre profundidade e largura), os

materiais e as cores dos revestimentos e a cobertura.

Quanto à distribuição dos espaços, pode ser feita seguindo-se critério de atividades a serem desenvolvidas, as plantas livres

e divisórias transparentes, que isolam o som, mas não a luz, facilitando a chegada da luz ao interior da edificação. Caso seja

necessária privacidade, podem ser utilizadas divisórias transparentes a partir da altura dos olhos.

Existem duas maneiras de se dispor as aberturas para a entrada da luz natural, lateralmente e zenitalmente, e nem sempre

apenas as aberturas deixam entrar luz suficiente para a realização das atividades e qualificação do espaço. Às vezes há

necessidade de se colocar elementos que auxiliam no controle e na difusão da luz natural.

Fig.38 - Edifício com planta quadrada com aberturas laterais e átrio – faixas de alcance da luz. b. Edifício com planta quadrada e aberturas laterais – faixas de alcance da luz. Fonte: Revista Tectônica: Arquitetura, tecnologia e construção, nº 26 (ago.2008).

Fig.39 - Tipos de aberturas zenitais. Fonte: Revista Tectônica: Arquitetura, tecnologia e construção, nº 26 (ago.2008).

a. b.

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As aberturas em forma de janelas ou portas, com vidros ou materiais translúcidos e transparentes, têm como característica

marcante a não uniformidade da iluminação no ambiente. Por esse motivo, o interior da abertura apresenta um alto grau de

iluminância que decresce rapidamente, à medida que nos afastamos dela (Fig.40), atingindo níveis inadequados para atividades

visuais.

Segundo as informações da Illuminating Engineering Society (IES, 1979), no Manual RP-5 – Recommended Pratice of

Daylighting, citado por PEREIRA (2006), a profundidade de eficiência de penetração de luz difusa no interior do ambiente (Fig. 41),

é de uma vez e meia a altura do piso até a verga da abertura, não devendo exceder a 2,5 metros.

Fig.40 - A imagem da esquerda: Alcance da luz com pé-direito normal. Imagem direita: Alcance da luz com pé-direito alto. Fonte: Revista Tectônica: Arquitetura, tecnologia e construção, nº 26 (ago. 2008).

Fig.41 - Figura da esquerda: contraste produzido por uma janela central. Figura da direita: Contraste produzido por janela próxima à parede adjacente. Fonte: Revista Tectônica: Arquitetura, tecnologia e construção, nº 26 (ago. 2008).

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LECHNER (2008) observa que as aberturas laterais têm outros inconvenientes, como o ofuscamento proporcionado

frequentemente pela visão do céu e pela luz que entra pela janela, produzindo contrastes excessivos, conforme demonstrado nas

figuras abaixo, e quase nunca deveria exceder a 20 % da área de piso, devido ao aquecimento no verão.

No livro Energia na Edificação: Estratégia para minimizar seu consumo, a arquiteta Lúcia Mascaró (1978) cita algumas

medidas que amenizam os problemas relatados, tais como:

Aberturas contínuas que vão até o forro, que fazem o papel de refletir a luz, ou que no mínimo a borda superior da

abertura esteja a uma altura igual à metade da área interna que está iluminando. LECHNER (2008), além de propor janelas

altas, complementa: sempre que possível, coloquem-nas em mais de uma parede do ambiente e eleve o teto, dessa

maneira, os contrastes serão menores e a luz incidirá mais profundamente. (Fig. 42 a Fig. 47).

Fig. 42 - Casa Presenhuber, VNÁ, Suíça. Fonte: wenhb.wordpress.com (set.2010).

Fig.43 - Casa Presenhuber, VNÁ, Suíça. Fonte: wenhb.wordpress.com (set.2010).

Fig.44 - Casa Presenhuber, VNÁ, Suíça. Fonte: wenhb.wordpress.com (set.2010).

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Prateleiras de luz, que consistem em redirecionar a luz direta do sol para o teto e parede, impedindo a incidência direta da

luz sobre o plano de trabalho, e, pela reflexão da luz, distribuí-la mais uniformemente, atingindo pontos mais profundos do

ambiente. (Fig. 48).

Fig.48 - Prateleiras de luz. Fonte: Regina Nogueira Gonçalves/BioclimaticArquitetura (abr.2009).

Fig.45 - Atelier Oyodo. Fonte: Kazunori Fujimoto/Flickr (out.2010).

Fig.46 - Atelier Oyodo. Fonte: Kazunori Fujimoto/Flickr (out. 2010).

Fig.47 - Atelier Oyodo. Fonte: Leodileo/Flickr (out.2010).

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Elementos de sombreamento, como beirais, varandas e brise-soleil (quebra sóis) que filtram a luz, diminuindo a iluminância

nas proximidades das aberturas, proporcionando uma luz mais uniforme. Há um problema nesse tipo de solução, já que tais

elementos diminuem ainda mais a profundidade de alcance da luz. (Fig. 49 e Fig. 50).

É importante relatar que o uso do vidro nas edificações brasileiras aparece no início do século XIX. A primeira fábrica de

vidros transparentes no Brasil surgiu na Bahia, mais precisamente em 1810, fundada por Francisco Inácio de Sequena Nobre, um

ano após ter sido baixada uma diretriz no Rio de Janeiro (1809) abolindo as janelas de rótulas e de urupemas, obrigando sua

substituição por vidraças ou grades de ferro. Antes dessa data, na Bahia apenas a Igreja dos Jesuítas e o Palácio do Governo

eram dotadas de janelas de vidro.

Nas residências mais simples, as urupemas (esteiras de junco) e as rótulas eram de uso corrente, constituindo-se de tiras

delgadas de madeira entrecruzadas diagonalmente e derivadas de modelos portugueses. Rótula é semelhante ao muxarabiê:

Fig.49 - Casa Grieco, Andover, 1955- M. BREUER. Fonte: D. Sundberg (ago.2008).

Fig.50 - Casa Grieco, Andover, 1955- M. BREUER. Fonte: D. Sundberg (ago.2008).

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caixilho de porta ou janela fechado com uma grade de pequenas tiras de madeira cruzadas diagonalmente. Com as rótulas, obtém-

se sombreamento nos ambientes, ventilação, e também se pode olhar para fora sem ser visto.

Até o início da segunda metade do século XIX, poucas transformações aconteceram na arquitetura brasileira, no que diz

respeito à iluminação natural. As construções contavam com porões altos, iluminados por pequenos óculos, e, com a decadência

do trabalho escravo e com o início da imigração europeia, as técnicas construtivas foram aperfeiçoadas.

Além disso, as casas urbanas começam a se utilizar de novos sistemas de implantação do lote, afastadas dos vizinhos e com jardins laterais, proporcionando melhores condições de iluminação e arejamento. As residências menores não podiam, entretanto contar com lotes laterais ajardinados para resolverem seus problemas de iluminação e arejamento, e lançavam mão então de pequenas entradas laterais e internamente de poços de iluminação. Em todos os tipos, porém suprimiam-se as alcovas, com evidentes vantagens higiênicas, uma vez que o velho hábito de dormir em locais sem iluminação e insolação direta caiu em desuso. (MASCARÓ, 1978, p.42).

Os edifícios residenciais surgiram a partir de 1930. Tais edifícios ocupavam dois ou três limites do terreno, deixando as áreas

internas para a iluminação natural e o arejamento dos compartimentos que ficavam mais afastados da rua. Os poços de iluminação

eram muito utilizados e, a partir dessa época, os arquitetos brasileiros passaram a demonstrar maior preocupação com a

iluminação. O uso de amplas aberturas na fachada e de grandes vedações em vidro torna-se frequente nos edifícios residenciais

nas grandes cidades.

A utilização de fachadas feitas exclusivamente por vidro, nem sempre é uma boa situação, ainda mais em um clima como o

nosso, pois pode surgir um efeito estufa que seria terrivelmente indesejável em muitos ambientes. Esse efeito é criado porque as

radiações solares atravessam facilmente o vidro e aquecem os objetos do ambiente que estava isolado pelo vidro; por sua vez

esses objetos irão irradiar calor, mas o vidro não é transparente e esse tipo de irradiação e no ambiente tenderá a uma elevação

contínua de temperatura. Na tentativa de quebrar esse efeito há a utilização de ventiladores, circuladores de ar, ou mesmo ar

condicionado. Mas o resultado nem sempre é satisfatório, pois a própria pessoa pode estar recebendo essas radiações

incomodas, apesar da temperatura ambiente não ser elevada. Existem, entretanto, locais onde esses equipamentos

eletromecânicos são muito bem empregados tornando-se indispensáveis. Por outro lado há locais que esses equipamentos são

instalados, mas não tem a necessidade de serem usados, pois a própria arquitetura que foi bem resolvida, encarrega-se de deixar

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o ambiente agradável. Portanto verifica-se que para um clima como o nosso, o efeito estufa não é desejável, a não ser nas

próprias estufas. (MASCARÓ, 1978, p.46).

A partir de 1930, mudanças significativas ocorreram na arquitetura brasileira e na arquitetura paulistana, estudada neste

trabalho. Assim, pode-se notar, nos projetos arquitetônicos, uma preocupação com a luz natural, principalmente nas obras de Adolf

Franz Heep, Álvaro Vital Brasil, Flávio de Carvalho, Gregori Warchawchik, João Baptista Vilanova Artigas, Júlio de Abreu Junior,

Rino Levi, Victor Reif, com uma forte influência de Le Corbusier e de seus cinco pontos da arquitetura, de modo especial quanto à

janela horizontal, o que leva a uma importante mudança no desenho da janela, surgindo, então, um novo modo de utilização da luz

natural, apresentando ambientes com muita claridade, resultante do processo histórico do Movimento Moderno.

As propostas do uso da luz natural na arquitetura podem ser separadas da seguinte maneira: propostas de caráter

universal, que formulam um modelo aplicável em qualquer região; e as de caráter local, que formulam propostas levando em

consideração o contexto. Um bom exemplo para simbolizar as duas tendências relatadas, fica por conta do edifício do Ministério da

Educação e Saúde (1936-1943), no Rio de Janeiro, projetado por Afonso Eduardo Reidy, Carlos Leão, Ernani Vasconcelos, Jorge

Moreira e Oscar Niemeyer, com a coordenação de Lúcio Costa e consultoria de Le Corbusier. Esse edifício é, segundo palavras de

Carlos Lemos, o verdadeiro divisor de águas da arquitetura brasileira. (Fig. 51 e Fig. 52).

Fig.51 e Fig.52 - Ministério da Educação e Saúde. Fonte: Rogério Reis (set. 2010).

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Desde 1933, Le Corbusier tinha empregado anteparos móveis externos no seu projeto de Barcelona, mas foram os brasileiros quem primeiro puseram a teoria em prática. Em nenhum caso têm esses quebra-sóis sido integrados com mais sucesso do que no caso do Ministério da Educação e Saúde. A parte sul mostra a parede de janelas duplas sem proteção. No entanto, ao norte (deve ser lembrado que no Brasil a face privilegiada é a norte), os assoalhos, reduzidos a pequenos pedaços de concreto, são modelados de forma a avançar meio metro para frente da janela; divisões idênticas espaçadas a uma distância de quatro pés dividem a fachada, dando-lhe como a forma de um gigantesco engradado de formas retangulares. A parte superior de cada retângulo contém anteparos e amianto armados num esqueleto de aço, todos regulados por uma manivela colocada no interior do edifício. Estes anteparos podem ser dispostos consoantes ao movimento do sol, o que faz entrar bastante ar, evitando ao mesmo tempo toda luz solar direta e reduzindo convenientemente os reflexos. À medida que os pequenos anteparos azuis são movidos para ângulos diversos, em diferentes partes do edifício, observa-se uma encantadora variedade de luz e cores. (GOODWIN, 1943, p.65). (Fig.53, Fig.54 e Fig.55).

Fig.53 - Ministério da Educação e Saúde. Fonte: Lucrécia Zappi (set. 2012).

Fig.54 - Ministério da Educação e Saúde. Fonte: Bernardo Brasil (ago.2011).

Fig.55 - Ministério da Educação e Saúde. Fonte: Bernardo Brasil (ago. 2011).

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Os dois primeiros manifestos de arquitetura moderna no Brasil foram publicados no ano de 1925 em São Paulo: textos de

Gregori Warchavchik, "Futurismo", e de Rino Levi, "Arquitetura e Estética das Cidades", ambos os arquitetos formados em Roma.

O primeiro, o arquiteto Gregori Warchavchik se concentra na necessidade de adequação entre arquitetura e técnica

contemporânea, acentuando os aspectos mais coincidentes entre os textos de Le Corbusier, as propostas do Manifesto Futurista

de Marinetti (1909) e do Manifesto da Arquitetura Futurista de Sant' Elia (1914), se bem que evitando os arroubos iconoclastas dos

futuristas. Rino Levi publicou um texto com arroubos iconoclastas dos futuristas com características diversas das de Warchavchik,

priorizando a "estética das cidades", influenciado pelas ideias corbusianas, pelos ensinamentos de Giovannoni sobre arte e técnica

e pelos princípios de "Edilizia Citadina", disciplina urbanística elaborada por Marcello Piacentini. Expressa as bases para uma

possível renovação da arquitetura italiana: a adequação daquilo que se produzia internacionalmente às especificidades nacionais.

E transfere tal atitude para o Brasil.

Foi Piacentini que me fez conhecer o primeiro livro de Le Corbusier “Vers une Architecture”, que comprei logo em seguida. (...) Pessoalmente, creio que fui influenciado por Le Corbusier. Li todos os seus livros, logo depois de publicados, acompanhei a sua obra. Mas, por ocasião do projeto da casa Ferrabino, meu interesse era, igualmente, por todos os demais movimentos que reagiam contra o ecletismo e que lutavam por uma renovação da arte. (LEVI, 1964).

A carta-manifesto de Rino Levi expressa as bases sobre as quais ainda parecia ser possível uma renovação controlada da

arquitetura italiana. O "arquiteto integral" pretendia intervir na modernização da cidade, sendo necessária uma capacitação técnico-

funcional coerente com os "novos tempos". O objetivo era um novo estilo nacional, legítimo representante da Itália contemporânea.

Coincidentemente, eram esses os principais argumentos da carta de Rino Levi: nova arquitetura, capacitada profissional e

tecnicamente para construir a nova cidade com "alma brasileira".

É preciso estudar o que se fez e o que se está fazendo no exterior e resolver os casos sobre estética da cidade com alma brasileira. Pelo clima, pela nossa natureza e costumes, as nossas cidades devem ter um caráter diferente das da Europa. Creio que a nossa florescente vegetação e todas as nossas inigualáveis belezas naturais podem e devem sugerir aos nossos artistas alguma coisa de original dando às nossas cidades uma graça de vivacidade e de cores, única no mundo. (LEVI, 1964).

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CAPÍTULO 05.

OS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS NO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS E A LUZ NATURAL NA CONCEPÇÃO DO

PROJETO ARQUITETÔNICO, AS ETAPAS DA PESQUISA EXPERIMENTAL, DESDE AS INICIAIS, AS ANÁLISES JUNTO AO

CÓDIGO DE EDIFICAÇÕES, AS SIMULAÇÕES NO SOFTWARE RELUX, ATÉ SUA FORMATAÇÃO FINAL

Dentre dezenas de obras arquitetônicas de grande importância em Higienópolis, o autor, após estudos dos edifícios residenciais do

bairro, elencou, para a pesquisa experimental, quatro edifícios de arquitetos modernistas que muito contribuíram para a arquitetura

brasileira moderna.

01. Edifício Diana: Arquiteto Victor Reif;

02. Edifício Louveira: Arquitetos João Baptista Vilanova Artigas e Carlos Cascaldi;

03. Edifício Lausanne: Arquiteto Adolf Franz Heep;

04. Edifício Prudência: Arquitetos Rino Levi e Roberto Cerqueira César.

O levantamento de dados referente aos quatro edifícios selecionados foi realizado por meio dos projetos originais, das plantas e

dos cortes, para isso fazendo uso da ferramenta computacional Auto Cad 12, e das análises dos edifícios, relacionando-os com o

Código de Edificações e Obras Artur Saboya. Os dados foram aplicados aos modelos digitais, utilizando o programa Relux

Professional 2011, com o objetivo de analisar os recursos de cada edifício residencial, e também o de entender como as

características de cada um deles podem influenciar a distribuição de luz natural nos ambientes internos dos apartamentos

selecionados. Buscou-se avaliar os edifícios em quatro períodos do ano e em três horários distintos. Para que se possam obter

resultados diferentes da iluminação natural lateral, foram definidas as datas de 21 de março (outono), 22 de junho (inverno), 21 de

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setembro (primavera), e finalizando, o dia 22 de dezembro, início do verão paulistano. Foram selecionados três horários para as

simulações: 09h00min, 12h00min e 15h00min, de acordo com práticas comuns utilizadas nas medições de quantidade de luz

natural nos ambientes. Como base para as análises dos ambientes, utilizou-se a NBR-5413 e a NBR-5382, e com base na NBR-

15575-1 (Item 13) e NBR-ISO 8995-1, foram selecionados mais dois dias sugeridos pela nova NBR: 23 de abril e 23 de outubro

nos seguintes horários: 09h30min e 15h30min. A NBR-15575-1, aprovada no mês de fevereiro de 2013, tem como requisitos para

projetos com iluminação natural as seguintes exigências: Durante o dia, as dependências da edificação habitacional listadas na

tabela abaixo devem receber iluminação natural conveniente, oriunda diretamente do exterior ou indiretamente, através de recintos

adjacentes.

Premissas de projeto (NBR-15575-1):

- os requisitos de iluminância natural podem ser atendidos mediante adequada disposição dos cômodos (arquitetura), correta orientação geográfica da edificação, dimensionamento e posição das aberturas, tipos de janelas e de envidraçamentos, rugosidade e cores dos elementos (paredes, tetos, pisos etc.), inserção de poços de ventilação / iluminação, eventual introdução de domos de iluminação, etc.; - a presença de taludes, muros, coberturas de garagens e outros obstáculos do gênero não podem prejudicar os níveis mínimos de

iluminância especificados;

- nos conjuntos habitacionais integrados por edifícios, a implantação relativa dos prédios, de eventuais caixas de escada ou de

outras construções, não podem prejudicar os níveis mínimos de iluminância especificados.

Comunicação com o exterior:

Recomenda-se que a iluminação natural das salas de estar e dormitórios sejam providos de vãos de portas ou de janelas. No caso

das janelas, recomenda-se que a cota do peitoril esteja posicionada no máximo a 100 cm do piso interno, e a cota da testeira do

vão no máximo a 220 cm a partir do piso interno.

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72 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Critério – Simulação: Níveis mínimos de iluminância natural (NBR-15575-1):

Contando unicamente com iluminação natural, os níveis gerais de iluminância nas diferentes dependências das construções

habitacionais devem atender ao disposto na Tabela 01:

Dependência

Iluminância Geral (lux) para Nível mínimo de desempenho M

Sala de estar; Dormitório; Copa / cozinha; Área de serviço.

≥ 60 lux

Banheiro; Corredor ou escada interna à unidade; Corredor de uso comum (prédios); Escadaria de uso comum (prédios); Garagens/estacionamentos.

Não Exigido

* Valores mínimos obrigatórios, conforme método de avaliação. NOTA 1: Para os edifícios multipiso, admitem-se para as dependências situadas no pavimento térreo ou em pavimentos abaixo da cota da rua níveis de iluminância ligeiramente inferiores aos valores especificados na tabela acima. NOTA 2: Os critérios desta Tabela não se aplicam às áreas confinadas ou que não tenham iluminação natural.

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Método de avaliação: As simulações para o plano horizontal, períodos da manhã (09h30min) e da tarde (15h30min), respectivamente para os dias 23 de

abril e 23 de outubro, sendo que a avaliação deve ser realizada com emprego do algoritmo apresentado na ABNT NBR-15575-1,

atendendo as seguintes condições:

- considerar a latitude e a longitude do local da obra, supor dias com nebulosidade média (índice de nuvens 50 %);

- supor desativada a iluminação artificial, sem a presença de obstruções opacas (janelas e cortinas abertas, portas internas

abertas, sem roupas estendidas nos varais, etc.);

- simulações para o centro dos ambientes, na altura de 0,75m acima do nível do piso;

- simulações nos pontos centrais de corredores internos ou externos à unidade, a 0,75m do nível do piso;

- para escadarias, simulações nos pontos centrais dos patamares e a meia-largura do degrau central de cada lance, a 0,75m

acima do nível do piso;

- para o caso de conjuntos habitacionais constituídos por casas ou sobrados, considerar todas as orientações típicas das

diferentes unidades;

- para o caso de conjuntos habitacionais constituídos por edifícios multipiso considerar, além das orientações típicas, os diferentes

pavimentos e as diferentes posições dos apartamentos nos andares;

- em qualquer circunstância, considerar os eventuais sombreamentos resultantes de edificações vizinhas, taludes, muros e outros

possíveis anteparos, desde que se conheçam o local e as condições de implantação da obra.

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Critério – Medição in loco: Fator de Luz Diurna (FLD)

Contando unicamente com iluminação natural, o Fator de Luz Diurna (FLD) nas diferentes dependências das construções

habitacionais deve atender ao disposto na Tabela 02 – (ISO-5034-1).

Fator de luz diurna para os diferentes ambientes da habitação

Dependência: FLD (%) para o nível mínimo de desempenho M

Sala de estar:

Dormitório:

Copa / cozinha:

Área de serviço:

≥ 0,50 %

Banheiro: Corredor ou escada interna à unidade: Corredor de uso comum (prédios): Escadaria de uso comum (prédios): Garagens/estacionamentos:

Não exigido

* Valores mínimos obrigatórios, conforme método de avaliação. NOTA 1: Para os edifícios multipiso, admitem-se para as dependências situadas no pavimento térreo ou em pavimentos abaixo da cota da rua níveis de iluminância ligeiramente inferiores aos valores especificados na tabela acima. NOTA 2: Os critérios desta Tabela não se aplicam às áreas confinadas ou que não tenham iluminação natural.

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Método de avaliação (NBR-15575-1):

Realização de medições no plano horizontal, com o emprego de luxímetro portátil, admitindo erro máximo de 5% do valor medido,

no período compreendido entre 9h00min e 15h00min, nas seguintes condições:

- medições em dias com cobertura de nuvens maior que 50%, sem ocorrência de precipitações;

- medições realizadas com a iluminação artificial desativada, sem a presença de obstruções opacas (janelas e cortinas abertas,

portas internas abertas, sem roupas estendidas nos varais, etc.);

- medições no centro dos ambientes, a 0,75m acima do nível do piso;

- medições nos pontos centrais de corredores internos ou externos à unidade;

- para escadarias, medições nos pontos centrais dos patamares e a meia-largura do degrau central de cada lance;

- para o caso de conjuntos habitacionais constituídos por casas ou sobrados, considerar todas as orientações típicas das

diferentes unidades;

- para o caso de conjuntos habitacionais constituídos por edifícios multipiso considerar, além das orientações típicas, os diferentes

pavimentos e as diferentes posições dos apartamentos nos andares;

- na ocasião das medições não pode haver incidência de luz solar direta sobre os luxímetros, em nenhuma circunstância;

- o Fator de Luz Diurna – FLD é dado pela relação entre a iluminância interna e a iluminância externa à sombra, de acordo com a

seguinte equação:

FLD= 100 X Ei / Ee, Onde:

- Ei é a iluminância no interior da dependência

- Ee é a iluminância externa à sombra.

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EDIFÍCIO DIANA LOCALIZAÇÃO: ARQUITETO: VICTOR REIF

CONSTRUÇÃO: 1954

ENDEREÇO: RUA MARANHÃO, 270 COM RUA ITACOLOMI, 95

BAIRRO: HIGIENÓPOLIS

CIDADE: SÃO PAULO

TERRENO: 32,00 m X 33,00 m

ÁREA DO TERRENO: 1.056,00 m2

ÁREA CONSTRUÍDA: 8.640,00 m2

TAXA DE OCUPAÇÃO (T.O.): 51% (540,00 m2)

COEFICIENTE DE APROVEITAMENTO (C.A.): 5 (8.640,00m2)

NÚMERO DE PAVIMENTOS: TÉRREO (PILOTIS) + 16 PAVIMENTOS

NÚMERO APART./PAVIMENTO: 01 OU 02

TAMANHO DAS UNIDADES: 280,00 m2 (03 DORMITÓRIOS)

280,00 m2 (04 DORMITÓRIOS)

GARAGEM (ESTACIONAMENTO): 32 vagas.

FONTE: REVISTA ACRÓPOLE N. 231, 1958, (p. 92-93)

REVISTA ACRÓPOLE N. 277, 1961, (p.18-19)

Fig.57 - Edifício Diana (1954). Fonte: A. C. PALA (abr.2012).

Fig.56 - Fonte: googlemaps.com (acesso: mai.2012).

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O autor do projeto do Edifício Diana (Fig.56 à Fig.60), o arquiteto polonês Victor Reif (1909-1998), nasceu em 24 de outubro

de 1909, na cidade de Przemysl, na Polônia. Iniciou seus estudos acadêmicos na Faculdade de Direito de Lwow, de 1926 até

1928. Nesse ano viajou pela Europa e acabou matriculando-se na Faculdade de Arquitetura da Technische Hochschule Berlim

Charlotemburg. Desde o início do curso, travou amizade com o arquiteto alemão Hans Poelzig (1864-1936), professor de projeto

arquitetônico da Technische Hochschule Berlim Charlotemburg, passando a frequentar seu ateliê como estagiário e, em 1931,

Fig.58 - Edifício Diana (1954). Fonte: A. C. PALA (abr.2012).

Fig. xxx. Edifício Diana (1954). Fonte: A. C. PALA (abr.2012).

Fig.59 - Edifício Diana (1954). Fonte: A. C. PALA (abr.2012).

Fig. xxx. Edifício Diana (1954). Fonte: A. C. PALA (abr.2012).

Fig.60 - Edifício Diana (1954). Fonte: A. C. PALA (abr.2012).

Fig. xxx. Edifício Diana (1954). Fonte: A. C. PALA (abr.2012).

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atuou na Bauhaus, onde colaborou na elaboração do projeto de moradia mínima, na equipe do arquiteto alemão Bruno Taut (1880-

1938).

A Bauhaus foi fundada em 1919, com o objetivo de reunir todo o esforço criativo em uma unidade. Todas as disciplinas de

artes práticas eram consideradas, pela Bauhaus, componentes inseparáveis da nova arquitetura. Além desse fato, a escola

almejava alcançar o trabalho unificado da arte, não distinguindo arte monumental de arte decorativa. Pretendiam educar arquitetos,

pintores e escultores, de todos os níveis e de acordo com suas capacidades, de modo a torná-los competentes e independentes

artistas criativos. Esses artistas seriam capazes de projetar edifícios completos, da estrutura ao mobiliário. Tal concepção

disseminou-se pelas escolas de artes e arquitetura europeias, incluindo a Technische Hochschule Berlim Charlotemburg, onde

Victor Reif estudou. A intenção final das artes visuais era o edifício em sua completude.

Reif chegou ao Brasil em 1950. Inicialmente trabalhou com o arquiteto polonês Lucjan Korngold (1897-1963) e, depois,

constituiu escritório próprio, no Edifício Grande Avenida, São Paulo, até que um incêndio aconteceu nesse prédio, em 1969.

Decidiu, então, fazer parte do corpo docente da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie,

a convite do arquiteto Adolf Franz Heep. Lecionou na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Mackenzie até 1998. Victor Reif foi o

autor de diversos projetos de casas, edifícios residenciais e comerciais em São Paulo, onde viveu por 48 anos. A análise de

algumas dessas obras tem início com estudos de sua formação acadêmica, em Berlim, e na continuidade de sua vida profissional,

na Europa, até 1950, ano de sua partida para o Brasil.

Os projetos executados nas décadas de 50 e 60 pelo arquiteto são importantes contribuições para estudos contemporâneos

de análise crítica das correntes modernas do século XX e, possivelmente, sirvam de base formadora da essência do pensamento

de arquitetos brasileiros da atualidade. Victor Reif recebeu a menção honrosa do IAB (Instituto dos Arquitetos do Brasil), em 1966,

pelo conjunto de obras edificadas na cidade de São Paulo, além de outras diversas premiações.

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Nos projetos de Reif, painéis e esculturas foram realizados por artistas como Calabrone, que fundiu a escultura em concreto

para a parede curva de entrada do edifício Diana; e Aldemir Martins, que executou painéis em pergaminho e pinturas em acrílico.

Com o passar dos anos, entretanto, atendendo a uma possível medida de economia, os arquitetos, em geral, diminuíram a procura

de colaboradores como pintores e artistas plásticos.

No edifício Diana, Reif avançou o prédio cerca de 30 cm, a partir do primeiro pavimento, no sentido da Rua Maranhão,

criando pilares que reforçam o recurso, fazendo-os "saltar" do limite do lote para a calçada. Sendo o lote de esquina, e com grande

avanço para o interior da quadra, pela Rua Itacolomy, Reif optou por recuar o edifício, criando um jardim voltado para essa rua.

Com 16 andares, foi projetado para abrigar nos seis últimos pisos apenas um apartamento por andar, mas a construtora manteve

essa característica apenas nos três últimos.

No saguão principal de edifício, existe um painel de autoria do artista plástico Aldemir Martins. Segundo Aldemir Martins, em

entrevista concedida em seu ateliê dia 14 de maio de 2003, seus painéis somente eram concebidos quando tinha vontade. Pintava

o que queria, “o que vinha na cabeça”. Mesmo assim, a busca pela monumentalidade, a necessidade de permanência e

perduração eterna existia nas obras de arte que eram inseridas nos projetos de Reif. Aldemir Martins conta que passou a ser

convidado a colocar suas pinturas nos projetos de Reif a partir de 1965, quando descobriu a resistência da tinta acrílica. “Sempre

fiz pintura”, disse ele. “A dificuldade que eu tinha era essa. Como eu trabalhava com lápis, não tinha consistência, desaparecia

logo, até que descobriram o acrílico, e quando eu comecei a usar o acrílico, foi ótimo! Era obrigado a ser assim! Tinha que ser um

material que durasse muito e não tinha. Não existia! Em 1965 eu fui a Londres e descobri que pintavam com tinta acrílica, que

dissolviam a tinta em outro material e pintavam”. Segundo o artista, o acrílico é um material durável e usado inclusive na pintura

externa de foguetes. Nas palavras dele: “Durável! É usado para pintar coisa de mandar coisa para o espaço, coisa planetária,

foguete, exatamente. É um material que nunca acaba”.

Page 89: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

80 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

A partir dos estudos de composição de formas e planos da Bauhaus, e entendendo o caráter introvertido de Victor Reif,

surge a questão sobre a posição das entradas do edifício, que ficam em planos um pouco escondidos. Nota-se novamente a

intenção de se isolar a vida interior do edifício, apartando-a da vida da rua. Essa conclusão tem como base o partido adotado pelo

arquiteto no projeto de residências. A esse respeito, pode-se citar, mais uma vez, o artigo de Rino Levi, segundo o qual: “De todas

as manifestações humanas, a arte é a que mais e melhor exprime a personalidade. Nela o artista relata a si próprio, embora

inconscientemente”. (XAVIER, 2001, p.314).

Apesar da constatação da falta de relação entre arte e função do projeto arquitetônico em algumas obras de Victor Reif,

parece que o painel de azulejos coloridos do Edifício Diana, localizado na Rua Maranhão, nº 270, possa ter uma intenção plástica

decorativa relacionando-se com a função do mesmo. O uso das cores tem a intenção de valorizar a entrada principal do prédio que

se localiza em um plano ainda mais fundo do que o plano do painel.

Page 90: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

81 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

LOCALIZAÇÃO: EDIFÍCIO LOUVEIRA

ARQUITETOS:

• JOÃO BAPTISTA VILANOVA ARTIGAS

• CARLOS CASCALDI

CONSTRUÇÃO: 1946-1949

ENDEREÇO: PRAÇA VILABOIM, 144 e 160

BAIRRO: HIGIENÓPOLIS

CIDADE: SÃO PAULO

TERRENO: IRREGULAR

ÁREA DO TERRENO: 1750,00m²

ÁREA CONSTRUÍDA: 5940,00m²

TAXA DE OCUPAÇÃO (T.O.): 50%

COEFICIENTE DE APROVEITAMENTO (C.A.): 4

NÚMERO DE PAVIMENTOS:

• TÉRREO (COM PILOTIS) + 07 PAVIMENTOS

• TÉRREO (COM PILOTIS) + 08 PAVIMENTOS

NÚMERO APART/PAVIMENTO: 02 APARTAMENTOS

TAMANHO DAS UNIDADES: 150,00 m²

GARAGEM (ESTACIONAMENTO): 30 VAGAS

FONTE: REVISTA ACRÓPOLE N. 184, 1954, (p.41).

Fig.61 - Fonte: www.googlemaps.com (acesso: maio 2012).

Page 91: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

82 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Fig.62 - Fonte: www.googlemaps.com (acesso: maio 2012).

Fig.63 - Construção do Edifício Louveira. Fonte: FERRAZ (abr.1997).

Page 92: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

83 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

O Edifício Louveira (Fig.61 à Fig.63) foi projetado pelos arquitetos João Baptista Vilanova Artigas e Carlos Cascaldi, em

1946, e foi concebido em dois blocos. O primeiro bloco é composto por pavimento térreo com pilotis e mais sete pavimentos. O

segundo bloco, por sua vez, é composto por pavimento térreo com pilotis e oito pavimentos. Entre os dois blocos há um pátio

ajardinado. O Edifício Louveira conta com dois apartamentos por pavimento, ambos com salas para dois ambientes, dormitórios

voltados para o norte, recebendo parte da luz natural da manhã. Na face oposta, protegidos por um longo corredor aberto, estão a

cozinha e a área de serviço.

O projeto do Edifício Louveira foi inovador, no que diz respeito a projetos arquitetônicos de edifícios de apartamentos, ao ter

ampliada, principalmente por sua implantação, a praça que lhe era anexa e, ao mesmo tempo em que a valorizava, impressionava

também todo o entorno, pelo uso de cores fortes, como azul, terra de Siena e amarelo, introduzindo nas fachadas uma intenção de

cores até então inexistente na cidade. O Edifício Louveira (Fig. 64 a Fig. 87) foi tombado no ano de 1992, pelo Conselho de Defesa

do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (CONDEPHAAT).

O Edifício Louveira tem um significado interessante porque é um tipo de aproveitamento do terreno e de forma de

edifício que serviu de base para a construção para vários outros edifícios em São Paulo. Ele tem uma implantação que

todos os meus colegas arquitetos nunca deixaram de elogiar porque assimila a praça, que está em frente, ao interior do

edifício.

Há um pormenor interessante: o nosso código de obras foi feito a partir da conciliação do Art Déco com a melhor

Arquitetura e meus colegas que aprovam os projetos na Prefeitura criaram uma série de dificuldades para a aprovação.

Quando apareci lá com o desenho da fachada, que eram quatro riscos, meu colega (cujo nome eu não digo por que

pode ser interpretado erradamente) pôs as mãos na cabeça; “Artigas, essa não vai passar! Dois riscos, sem nenhuma

janela, isso não dá, não vai aprovar.” Acabei adotando a posição que, em geral, adotava. Construí inteirinho e depois

que estava construído, ninguém teve coragem de dizer que eu tinha que abrir janelas nas empenas. (ARTIGAS, 1997,

p. 55).

Page 93: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

84 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Nesta época Artigas participava politicamente como militante do Partido

Comunista (P.C.), desenvolvendo uma prática leninista. Projetava o

edifício Louveira. O que mostra que é possível ser cidadão e artista ao

mesmo tempo. (ARTIGAS, 1952, p. 146).

Surge afinal a questão: onde ficamos?

Ou o que fazer?

Esperar por uma nova sociedade e continuar fazendo o que fazemos, ou

abandonar os misteres de arquiteto (...) e nos lançarmos na luta

revolucionária completamente?

Nenhum dos dois unicamente. (ARTIGAS, 1952, p. 149).

Artigas é um temperamento retraído. Trabalha na sombra; seu nome não aparece nas revistas, e ele não gosta de publicar

projetos, ideias, desenhos; para ele, Arquitetura é trabalho realizado, acabado, resolvido em cada pormenor. A sua é uma

Arquitetura humana, ou melhor, doméstica, no sentido mais claro da palavra. Uma casa construída por Artigas não segue as leis

ditadas pela vida de rotina do homem, mas lhe impõe uma lei vital, uma moral que é sempre severa, quase puritana. Não é

vistosa, nem se impõe por uma aparência de modernidade, que já hoje se pode definir num estilismo. As casas de Artigas não

exaurem na única impressão de prazer comunicada por uma boa arquitetura de exteriores; eliminada a sensação aprazível de

novidade que sempre suscita uma obra moderna, depois da primeira volta em roda das paredes de fora, o observador não sofre

uma brusca interrupção por ter entrado na casa, mas aí ele tem a percepção exata de que a continuidade de espaço se produz,

solidária com o rigor constante que as formas externas denunciavam. Esta harmônica continuidade de espaço é obtida por

meios límpidos, claríssimos, sem a recorrência de efeitos forçados, da forma livre, que como se pode observar em muita

Fig.64 - Construção do Edifício Louveira. Fonte: FERRAZ (abr.1997).

Page 94: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

85 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

expressão arquitetônica contemporânea,

especialmente na norte americana,

descamba para o decorativo. Citamos uma

moral de vida sugerida pelas casas de

Artigas, uma moral que definimos como

severa e esta é a base de sua arquitetura.

Cada casa de Artigas quebra todos os

espelhos do salão burguês. Nas casas de

Artigas, que se veem, dentro tudo é aberto,

por toda a parte o vidro e os tetos baixos,

muitas vezes, a cozinha não é separada e o

burguês que se deixasse levar pela novidade

e pedisse uma a Artigas, chocado com tão

pouca intimidade, cego por tanta claridade,

se apressaria em fechar com pesadas

cortinas as vidraças, a fazer crescer sebes, a

reforçar as portas, para continuar, bem

defendido, a sua vida despreocupada entre

os móveis Chippendale e os abat-jours

pintados a mão. As casas de Artigas são espaços abrigados contra as intempéries, o vento e a chuva, mas não contra o

homem, tornando-se o mais distante possível da casa fortaleza, a casa fechada, a casa com interior e exterior, denúncia de uma

época de ódios mortais. A casa de Artigas, que um observador superficial pode definir como absurda, é a mensagem paciente e

corajosa de quem vê os primeiros clarões de uma nova época: a época da solidariedade humana. ( BO BARDI, 1950, p. 11).

Fig.65 - Edifício Louveira. Fonte: Mariana Sato (ago. 2012).

Page 95: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

86 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Fig.67 - Edifício Louveira (1946). Fonte: Mariana Sato (ago.2012).

Fig.66 - Edifício Louveira (1946). Fonte: Mariana Sato (ago.2012). Fig.68 - Edifício Louveira (1946). Fonte: Mariana Sato (ago.2012).

Page 96: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

87 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Fig.69 - Plantas e cortes. Fonte: KAMITA (abr. 2000).

Fig.70 - Subsolo/Garagens. Fonte: VILANOVA ARTIGAS (abr.1997).

Fig.71 - Implantação/Térreo. Fonte: VILANOVA ARTIGAS (abr.1997).

Page 97: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

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Fig.72 - Planta original do Pavimento Tipo. Fonte: Biblioteca FAUUSP (maio 2012).

Fig. 73 - Planta do pavimento Tipo (a partir do projeto original). Fonte: Luiza Tokuda de Faria (maio 2012).

Page 98: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

89 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Fig.74 - Corte AB (Original). Fonte: Biblioteca FAUUSP (maio 2012).

Fig.77 - Corte (Original). Fonte: Biblioteca FAUUSP (maio 2012).

Fig.76 - Corte CD (Desenho a partir do original). Fonte: Fernanda Rocha (maio 2012).

Fig.75 - Corte AB (Desenho a partir do corte original). Fonte: Fernanda Rocha (maio 2012).

Page 99: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

90 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Fig.78 - Fachada com detalhes das aberturas. Fonte: Mariana Sato (maio 2012).

Fig.79 - Fachada com detalhes das aberturas. Fonte: Mariana Sato (maio 2012).

Fig.80 - Fachada com detalhes das aberturas. Fonte: Mariana Sato (maio 2012).

Fig.81 - Detalhe da abertura da sala. Fonte: Maira Acayaba (maio 2012).

Fig.82 - Detalhe da abertura da sala. Fonte: Maira Acayaba (maio 2012).

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91 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Fig.83 - Detalhe da sala de estar. Fonte: Maira Acayaba (maio 2012).

Fig.84 - Detalhe do banheiro. Fonte: Maira Acayaba (maio 2012).

Fig.85 - Interior da sala de estar. Fonte: Maira Acayaba (maio 2012).

Fig.86 - Interior da sala de estar com detalhes das aberturas. Fonte: Maira Acayaba (maio 2012).

Fig.87 - Detalhe das aberturas do escritório. Fonte: Maira Acayaba (maio 2012).

Page 101: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

92 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

EDIFÍCIO LAUSANNE ARQUITETO: ADOLF FRANZ HEEP

CONSTRUÇÃO: 1953

ENDEREÇO: AVENIDA HIGIENÓPOLIS, 111

BAIRRO: HIGIENÓPOLIS

CIDADE: SÃO PAULO

TERRENO: 47,00 m X 30,00 m

ÁREA DO TERRENO: 1.410,00 m²

ÁREA CONSTRUÍDA: 11.040,00 m²

TAXA DE OCUPAÇÃO (T.O.): 49% (690,00m²)

COEFICIENTE DE APROVEITAMENTO: 7,8 (11.040,00 m²)

NÚMERO DE PAVIMENTOS: TÉRREO (COM PILOTIS) + 14

PAVIMENTOS

NÚMERO APART./PAVIMENTO:

APARTAMENTOS POR ALA

1º AO 13º ANDAR: 03 DORMITÓRIOS

14º ANDAR: 02 DORMITÓRIOS

TAMANHO DAS UNIDADES: 178,00 m²

GARAGEM (ESTACIONAMENTO): 114 VAGAS (SUBSOLO)

FONTE: REVISTA ACRÓPOLE N. 239, 1958, (p.504-509);

XAVIER, LEMOS E CORONA, 1983, (p. 34).

Fig.89 - Edifício Lausanne (1953).

Fonte: A. C. PALA (abr. 2012).

Fig.88 - Fonte: www.googlemaps.com (acesso: maio 2012).

Page 102: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

93 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Fig.91 - Edifício Lausanne (1953). Fonte: A. C. PALA (abr. 2012).

Fig.92 - Edifício Lausanne (1953). Fonte: A. C. PALA (abr. 2012).

Fig.93 - Edifício Lausanne (1953). Fonte: A. C. PALA (abr. 2012).

Fig.90 - Edifício Lausanne (1953). Fonte: A. C. PALA (abr. 2012).

Page 103: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

94 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

O arquiteto Adolf Franz Heep (1902-1978) nasceu na cidade de Fachbach, Alemanha. Graduou-se na Escola de Artes e

Ofícios de Frankfurt, em 1926. Logo em seguida começou a trabalhar com seu ex-professor Adolf Meyer (1881-1929), no

Departamento Municipal de Construções da cidade. Em 1928, transferiu-se para Paris, ingressando no curso da École Spéciale

d'Architecture, instituição independente da tradição de belas artes, na qual leciona Robert Mallet-Stevens (1886-1945). Em Paris,

Heep trabalhou com André Lurçat (1894-1970) e com Le Corbusier (1889-1965), tendo sido seu colaborador até o ano de 1932.

Após essa data, associou-se ao arquiteto polonês Jean Ginsberg (1905-1983), realizando uma série de edifícios de apartamentos

em Paris, entre os quais se destacam o da Avenue de Versailles, de 1933, o da Avenue Vion-Whitcomb, de 1934, e o da Rue des

Pâtures, de 1935. Com a escassez de trabalho, no contexto europeu do pós Segunda Guerra Mundial, imigra para o Brasil, em

1947, mais especificamente para a cidade de São Paulo, em situação semelhante à de outros arquitetos racionalistas europeus,

como é o caso do austríaco Bernard Rudofsky (1905-1988), dos poloneses Lucjan Korngold (1897-1963) e de Victor Reif (1909-

1998), e dos italianos Giancarlo Palanti (1906-1977), Lina Bo Bardi (1914-1992) e Daniele Calabi (1906-1964).

Na capital paulista, foi contratado pelo escritório de outro arquiteto imigrante, porém já radicado no Brasil há mais de trinta

anos, o francês Jacques Pilon (1905-1962). Com Pilon, Heep participou da elaboração do edifício-sede do jornal O Estado de São

Paulo, introduzindo elementos modernos, como o brise-soleil (quebra-sol), em um projeto originalmente art déco. Em 1950,

trabalhou por um breve período com Henrique Mindlin (1911-1971), estabelecendo-se em escritório próprio dois anos depois. A

partir desse evento, passou a atuar predominantemente no mercado de incorporações voltado para edifícios residenciais,

projetando os mais diversos tipos de apartamentos, desde os de luxo, no bairro de Higienópolis, até as kitchenettes, no centro de

São Paulo. Destacam-se, no primeiro caso, os edifícios Ouro Verde, de 1952, Ibaté, de 1953, Ouro Preto, de 1954, Guaporé e

Buriti, de 1956, Lausanne (Fig. 88 a Fig. 93) e as torres gêmeas Lugano-Locarno, de 1958. No segundo caso, os edifícios Marajó,

de 1952, Normandie, Arapuan, Icaraí e Maracanã, de 1953, Araraúnas, de 1955, Iporanga, de 1956, e Arlinda, de 1959. Sua obra

Page 104: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

95 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

mais conhecida é o Edifício Itália, de 1953, que apresenta volumetria tripartite em que se destaca uma torre esbelta, demarcada

visualmente por brise-soleil de alumínio.

O arquiteto Franz Heep foi professor de projeto na Faculdade de Arquitetura da Universidade Presbiteriana Mackenzie, de

1958 a 1965, na sequência tendo exercido a função de membro do Conselho de Arquitetura da Organização das Nações Unidas -

ONU para os países latino-americanos, época em que concebe um projeto urbanístico no Peru, com 1.500 habitações,

usando formas metálicas deslizantes. Projetou também uma cidade-satélite em Assunção, Paraguai, em 1968. Em agosto de

1977, o Instituto de Arquitetos do Brasil de São Paulo - IAB/SP promoveu um evento em sua homenagem, organizado pelo

arquiteto Salvador Candia (1924-1991).

No projeto do Edifício Lausanne (Fig. 94), Franz Heep adotou uma ocupação longitudinal, voltando as salas e os dois

dormitórios para a Avenida Higienópolis (face Nordeste), utilizando venezianas de correr nas cores branco, verde e vermelho no

fechamento das aberturas da fachada principal.

Os dois blocos paralelos à Avenida Higienópolis têm acessos independentes, interligados somente no pavimento térreo,

sendo que os mesmos são elevados em relação à calçada, tendo seus desníveis vencidos por duas rampas, com escada central e

jardins em toda a frente do edifício.

Page 105: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

96 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Na elevação posterior, localizam-se as dependências de serviço

e também as áreas comuns do Lausanne, com destaque para

as janelas com cantos arredondados no entorno das escadas.

O hall social com pé-direito duplo, composto por pilotis e

paredes revestidas com madeira do piso ao teto, é contemplado

por um grande painel com pintura do artista plástico Clóvis

Graciano (1907-1988).

A fachada nordeste, projetada para a Avenida Higienópolis,

apresenta uma composição de empenas que recebem uma

caixilharia de grandes dimensões, coloridas, formadas por

quebra-sóis com acionamento manual que permitem diversas

posições, fazendo com que a fachada principal apresente uma

configuração diferente a cada dia.

Fig.94 - Edifício Lausanne (1953). Fonte: A. C. PALA (abr. 2012).

Page 106: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

97 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

EDIFÍCIO PRUDÊNCIA

ARQUITETOS: RINO LEVI E

ROBERTO CERQUEIRA CÉSAR

CONSTRUÇÃO: 1944

ENDEREÇO: AVENIDA HIGIENÓPOLIS, 235

BAIRRO: HIGIENÓPOLIS

CIDADE: SÃO PAULO

TERRENO: IRREGULAR

ÁREA DO TERRENO: 3.942,00 m²

ÁREA CONSTRUÍDA: 17.135,00 m²

TAXA DE OCUPAÇÃO (T.O.): 40,8 % (1.593,00 m²)

COEFICIENTE DE APROVEITAMENTO: 4.0 (17.135,00 m²)

NÚMERO DE PAVIMENTOS: TÉRREO (COM PILOTIS) + 10

PAVIMENTOS

NÚMERO APART/PAVIMENTO: 04 APARTAMENTOS

TAMANHO DAS UNIDADES:

TIPO A: 351,00 m²

TIPO B: 316,00 m²

GARAGEM (ESTACIONAMENTO): 46 VAGAS

CONSTRUTORA: RINO LEVI, ROBERTO CERQUEIRA

CÉSAR, BARRETO XANDE & CIA.

FONTE: REVISTA ACRÓPOLE N. 81, 1945, (p. 40)

ARQUITETURA E ENGENHARIA, 1951, (p. 17)

XAVIER, LEMOS E CORONA, 1983, (p. 16)

VILANOVA ARTIGAS, 1997, (p. 55-57).

LOCALIZAÇÃO:

Fig.95 - Fonte: www.googlemaps.com (acesso: maio 2012).

Page 107: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

98 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Fig.98 - Edifício Prudência (1944). Fonte: A. C. PALA (abr. 2012).

Fig.96 - Edifício Prudência (1944). Fonte: A. C. PALA (abr. 2012).

Fig.97 - Edifício Prudência (1944). Fonte: A. C. PALA (abr. 2012).

Fig.99 - Edifício Prudência (1944). Fonte: A. C. PALA (abr. 2012).

Fig.100 - Edifício Prudência (1944). Fonte: A. C. PALA (abr. 2012).

Fig.101 - Edifício Prudência (1944). Fonte: A. C. PALA (abr. 2012).

Page 108: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

99 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

O arquiteto Rino Levi (1901-1965) nasceu em São Paulo, em 31 de dezembro de 1901. Filho de pais italianos estudou

arquitetura em Milão e Roma.

Rino Levi foi um dos responsáveis pela transformação da arquitetura da cidade de São Paulo e é um dos expoentes da

arquitetura moderna no Brasil, tendo estudado inicialmente na Academia de Brera, em Milão, passando para a Escola Superior de

Arquitetura, em Roma, onde se formou em 1926. Ainda antes de concluir seus estudos em Roma, Rino Levi enviou da Itália uma

carta ao jornal Estado de São Paulo (publicada em 15 de outubro de 1925), sob o título “Arquitetura e estética das cidades”, que

foi, futuramente, classificada como uma das primeiras manifestações em torno da arquitetura moderna no Brasil. Em Roma foi

aluno de Marcello Piacentini (1881-1960), autor do edifício Matarazzo, em São Paulo.

Em seu retorno ao Brasil, em 1926, Rino foi contratado pela Companhia Construtora de Santos, ocupando o lugar que fora

do arquiteto ucraniano Gregori Warchavchik (1896-1972), que tinha sido seu colega de estudos em Roma.

Em 1927 atuava como arquiteto independente, tendo, no início da década de 30, projetado seus primeiros prédios modernos

encomendados por clientes de origem italiana radicados em São Paulo. Esses clientes encomendavam pequenos edifícios e

conjuntos de sobrados, sendo que, em alguns casos, Rino Levi encarregou-se também da execução das obras. Desse período são

notáveis as residências para Dante Ramenzoni (1931/33), a residência Delfina Ferrabino (1931) e os edifícios Gazeau (1929) e

Nicolau Schiesser (1933).

As primeiras obras de vulto do arquiteto foram o Edifício Columbus, na Avenida Brigadeiro Luis Antônio (primeiro condomínio

de apartamentos da metrópole, demolido em 1971), o Cine Ufa Palácio, na Avenida São João, a Residência Médici, em Santo

Amaro, e o Edifício Sarti, na Praça da República. Esses edifícios foram considerados racionalistas, apresentando volumes simples

e estrutura evidenciada.

Page 109: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

100 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

O projeto do Cine Ufa Palácio (1936), pelos princípios aplicados de acústica, rendeu-lhe diversos outros projetos de cinemas:

Cine Universo (1936), o Cine Art-Palácio de Recife (1937), o Cine Ipiranga (1943) e o Teatro Cultura Artística (1942). Seus projetos

foram, na ocasião, publicados na Revista Politécnica e nas revistas Architettura (Itália) e Architecture d'Aujourd' Hui (França).

Rino Levi participou da formação e da construção do Instituto de Arquitetos do Brasil, do qual foi membro atuante durante

toda sua vida, participando inclusive do projeto para a construção do edifício-sede da seção paulista. Em 1952, sucede Oswaldo

Bratke (1907-1997) na presidência do IAB-SP. Participa em 1957, em conjunto com Vilanova Artigas (1915-1985), entre outros

arquitetos, da reestruturação da FAU-USP, na qual atuou como professor até 1959.

Rino Levi elaborou, na cidade de São Paulo, mais alguns edifícios de apartamentos com programas voltados à classe média

alta, como o Edifício Porchat, o Irmãos Gonçalves e o Prudência (Fig. 95 a Fig. 101). O projeto do edifício Prudência, de 1944,

representa uma importante continuidade, em termos de edifícios habitacionais, na obra de Rino Levi. Construído no bairro de

Higienópolis, esse prédio de apartamentos apresentava, para a época, alto padrão de conforto, devido às suas dimensões – quatro

dormitórios e grandes salas, aos materiais empregados e a equipamentos de água quente e ar condicionado centrais, constituindo

uma iniciativa sem paralelo em seu tempo.

O edifício foi implantado em um amplo terreno que permite a concepção de uma forma geométrica simples, um volume com

planta ortogonal em U abrigando quatro apartamentos por andar, agrupados dois a dois, em função das duas torres de circulação

vertical localizadas nos ângulos internos do conjunto. A distribuição interna dos espaços foi modulada com base na grelha

estrutural do edifício. Tal grelha ordena a espacialidade interna e sua clareza é tanta que se torna possível a exploração das

possibilidades da fachada livre. Os estudos foram minuciosos em diferentes aspectos nas áreas de estar, jantar e dormitórios,

concebidas de forma a possibilitar aos usuários a reorganização das divisões internas, mediante remanejamento de divisórias. “As

subdivisões internas deveriam ter sido realizadas com armários e vedações leves, permitindo inteira liberdade ao morador para

adaptar o apartamento às suas necessidades”. (ANELLI, 2001, p.142).

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101 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Segundo os depoimentos dos arquitetos Roberto Cerqueira César e Luíz Roberto Carvalho Franco, todos os proprietários

dos apartamentos, com exceção de um, o Sr. Severo Gomes, recusaram essa proposta, construindo paredes de alvenaria sobre

os eixos da modulação. “Essa concepção espacial dos apartamentos chocava-se com certos consensos da elite brasileira da

época. Um deles – e que parece estar em vigência até hoje – era o de que a residência de prestígio deveria caracterizar-se por

uma sucessão de cômodos com finalidades específicas, o que excluía qualquer possibilidade de sobreposição de funções”.

Segundo Cerqueira César, a atitude de recusa dos elementos flexíveis, por parte dos moradores do Edifício Prudência (Fig.102),

pode estar relacionada ao fato de eles associarem tal solução à precariedade das casas dos pobres, que improvisavam com a

utilização de tapumes, cortinas e armários para a divisão dos cômodos de suas casas.

Tal atitude projetual, de testar elementos flexíveis no espaço doméstico com o uso de divisórias retráteis, pôde ser percebida

com certa frequência no trabalho de Rino Levi, mesmo nos projetos anteriores ao edifício Prudência, conforme alguns estudos de

viabilidade de empreendimento de edifícios de apartamentos realizados para a cidade de São Paulo, como é o caso do Edifício

localizado à Rua Vieira de Carvalho, de 1939, para o qual três plantas são propostas para apartamentos de um dormitório.

Em 1945 constituiu a Rino Levi – Arquitetos Associados, escritório do qual participaram Roberto Cerqueira César (1917-

2003), inicialmente como funcionário (1941) e posteriormente como sócio, e Luiz Roberto Carvalho Franco (1926-2001),

inicialmente como estagiário, depois funcionário e finalmente sócio. A Rino Levi – Arquitetos Associados desenvolveu vários

projetos na grande São Paulo, com os mais diversos programas, tais como: complexos industriais, edifícios comerciais, escritórios,

edifícios residenciais, entre eles o Edifício Prudência, casas, cinemas, hospitais, teatros, bancos etc. O Centro Cívico de Santo

André, um complexo municipal, foi seu último projeto.

Rino Levi faleceu em 29 de setembro de 1965, acompanhando Burle Marx em uma expedição botânica no interior da Bahia,

em Morro do Chapéu, mais especificamente no Morrão, ponto turístico que dá nome à cidade. Burle Marx foi um grande amigo e

colaborador e participou como paisagista e artista plástico dos seus mais significativos projetos.

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102 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Na obra Rino Levi - Arquitetura e Cidade, os autores Abílio Guerra e Renato Anelli defendem a concepção moderna de

plano, quando “é concebido como membrana mediadora entre dois espaços distintos, e não apenas uma parede de fechamento,

constituindo uma interface entre dois espaços e não um simples corte no espaço contínuo. Uma mediação que pode ocorrer tanto

entre os espaços do edifício e da cidade, como internamente no edifício. Por seus atributos, o plano é o momento de maior tensão

do projeto. [...] Nos painéis sobre paredes de vedação o desenho constrói uma textura que tem papel ativo na configuração da

forma e do espaço arquitetônico. Os painéis de ladrilhos potencializam as diferenciações das superfícies e, por sua relação quase

mimética com a própria arquitetura, acentuam um caráter informativo, como índice dessa arquitetura”. (ANELLI, 2001, p.142, 143).

Fig.102 - Edifício Prudência (1944). Fonte: A. C. PALA (abr. 2012).

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103 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

CAPÍTULO 06.

INTERPRETAÇÕES, AVALIAÇÕES E VERIFICAÇÕES DOS RESULTADOS OBTIDOS PARA SE CHEGAR ÀS CONCLUSÕES, COM POSSIBILIDADES DE APLICAÇÕES EM FUTUROS PROJETOS

Neste capítulo serão apresentadas as interpretações, avaliações e verificações dos resultados da Iluminação natural

relativas aos quatro edifícios residenciais elencados para os estudos e análises dos ambientes internos dos respectivos

apartamentos.

Para as interpretações, avaliações e verificações dos resultados da Iluminação natural, foram utilizadas: o programa

computacional Relux Professional 2011; no início da pesquisa a NBR- 5413 (ABNT-1992), cujos valores de referência para

iluminância determinam o nível médio de iluminação igual a 150 lux, no caso de ambientes internos em edifícios residenciais; e

atualmente a NBR-15575-1 (ABNT-2013); e as tabelas de Iluminação mínima para aprovação dos projetos junto à Prefeitura do

Município de São Paulo, tendo como parâmetro o Código de Edificações e Obras de São Paulo Arthur Saboya, de 19 de novembro

de 1929. Nas análises de cada um dos quatro edifícios selecionados utilizaram-se fotografias dos edifícios, realizadas com câmera

Nikon coolpix 4500 (4.0 megapixels 4 x zoom), com lente especial Nikon FC-E8 Fisheye Converter (olho de peixe).

A avaliação contou também com a análise da iluminação em valores numéricos (dados em lux) para cada situação, utilizando

o programa computacional Relux Professional 2011. Os dados resultantes foram organizados pelo número da simulação referente,

para cada orientação de divisa (N, NE, E, SE, SO, O e NO). O programa Relux também fornece dados numéricos de iluminância,

para o valor mínimo, médio e máximo, e de uniformidade, para os valores médios e máximos.

Para as análises foram selecionadas as três diferentes horas de corte determinadas para cada divisa: 09h00min, 12h00min e

15h00min, no solstício de verão, nos equinócios de outono e de primavera e no solstício de inverno. Adotou-se, como valor de

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104 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

referência para iluminância, o estabelecido pela Norma ABNT NBR- 5413 (1992), que determinava o nível médio de iluminação

igual a 150 lux, no caso de ambientes de estar em edifícios residenciais.

Com a análise dos resultados obtidos a partir das simulações realizadas, utilizando-se o programa computacional Relux,

pretendeu-se verificar se a utilização do máximo potencial permitido pela legislação, para a ocupação de lotes destinados ao uso

de edifícios residenciais, sendo que essa prática é facilmente observada nas construções da cidade de São Paulo, somada à

incipiente influência dos parâmetros de ocupação atuais, na garantia do acesso da luz natural, produziriam, como resultado,

edifícios cujo acesso à iluminação natural evidencia-se, por vezes, desprezível.

Pretendeu-se, também, analisar duas novas datas, 23 de abril e 23 de outubro, em dois diferentes horários: 09h30min e

15h30min, para atender ao solicitado na NBR-15575-1(ABNT-2013).

Foram realizadas medições nos ambientes internos dos edifícios elencados para os estudos com o emprego do luxímetro

portátil digital Center 337 Lightmeter (0.000 á 40.000 lux). A realização de medições no plano horizontal, baseou-se nas

referências da NBR-15575-1(fevereiro de 2013), com o auxílio de luxímetro portátil. Após várias visitas nos edifícios, optou-se em

fazer as medições nos ambientes internos dos apartamentos localizados no sexto pavimento (altura intermediária dos edifícios) de

cada um dos estudos de casos. Foram realizadas medições no período compreendido entre 9h00min e 15h00min, tomando o

cuidado com as seguintes condições:

- medições em dias com cobertura de nuvens maior que 50%, sem ocorrência de precipitações;

- medições realizadas com a iluminação artificial desativada, sem a presença de obstruções opacas (janelas e cortinas abertas,

portas internas abertas, sem roupas estendidas nos varais, etc.);

- medições no centro dos ambientes, a 0,75m acima do nível do piso;

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105 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

- medições nos pontos centrais de corredores internos das unidades residenciais;

- na ocasião das medições não havia incidência de luz solar direta sobre os luxímetros, em nenhuma circunstância.

Nas medições realizadas, não houve a necessidade das seguintes tarefas:

- medições nos pontos centrais de corredores externos à unidade;

- para escadarias, medições nos pontos centrais dos patamares e a meia-largura do degrau central de cada lance;

- para o caso de conjuntos habitacionais constituídos por casas ou sobrados, considerar todas as orientações típicas das

diferentes unidades;

- para o caso de conjuntos habitacionais constituídos por edifícios multipiso considerar, além das orientações típicas, os diferentes

pavimentos e as diferentes posições dos apartamentos nos andares.

Um segundo fator levantado, que interfere de forma pontual no acesso da luz natural, é a orientação das divisas do edifício

pesquisado. O Código de Edificações e Obras de São Paulo Arthur Saboya, de 19 de novembro de 1929, não contemplava a

necessidade de se proporem recomendações que visassem a promover a implantação de vias com orientações adequadas para

permitir o melhor aproveitamento da luz natural.

As análises do Quadro de Iluminação e Ventilação (que serão apresentadas nos estudos), exigência da Prefeitura Municipal

de São Paulo para aprovação de projetos, foram realizadas tendo como base os edifícios na época de suas construções. Após

diversas consultas e visitas ao Arquivo Histórico de São Paulo, foi constatado pelo autor, que os projetos na sua aprovação,

apresentavam, em seu entorno, construções com gabarito baixo (comum na época), com edificações térreas ou assobradadas.

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106 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Fig.103 – Edifício Diana. Fonte: A. C. PALA (abr. 2014).

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107 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Fig.104 – Edifício Diana. Fonte: A. C. PALA (abr. 2014).

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108 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

EDIFÍCIO DIANA: 21/03 às 9h00min

Fig.105 – Edifício Diana. Fonte: A. C. PALA (abr. 2013).

Page 118: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

109 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Edifício Diana (1954) (Fig. 103): Arquiteto Victor Reif: 21 de março: 09h00min: Outono

Observaram-se, por meio das análises com base na NBR-5413 (ABNT-1992), na NBR-15575-1 (ABNT-2013), nos estudos

baseados no Código de Edificações e Obras Arthur Saboya (1929) e na simulação computacional do programa Relux Professional

2011, resultados que foram analisados em todos os ambientes internos do edifício (Fig.104), abaixo relacionados:

Dormitório do Casal:

Pouca iluminação natural lateral no período matutino, com aberturas voltadas para a face sudoeste. Pequena abertura no

ambiente, com iluminância adequada para leitura ou escrita somente em área próxima à janela, pois o dormitório apresenta menos

de 20% de área com iluminação adequada. O restante do dormitório, aproximadamente 80% do ambiente interno, apresenta

iluminância abaixo de 200 lux durante as manhãs do outono paulistano.

Dormitório de visita:

Boa iluminação durante todo o período matutino, sendo, dentre os quatro dormitórios projetados pelo arquiteto Victor Reif para

esse edifício, o de maior iluminação natural lateral. O dormitório voltado para a face noroeste tem iluminância acima de 200 lux

durante as manhãs do outono paulistano.

Dormitórios dos filhos:

Iluminação natural lateral inadequada. Dormitórios voltados para a face noroeste, mas com aberturas voltadas para uma circulação

entre as alvenarias dos ambientes e a fachada noroeste, impedindo a incidência do sol nas aberturas dos dormitórios. Na

simulação usando-se o programa Relux, verificou-se que nenhum ponto dos dormitórios resulta em iluminância acima de 200 lux

(somente próximo às janelas). Frente a uma necessidade de leitura ou escrita, o morador recorrerá à iluminação artificial.

Page 119: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

110 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Salas (03 ou 04 ambientes):

Ambiente interno com iluminação natural lateral adequada, apresentando apenas dois pontos abaixo de 200 lux e mais de 90% do

ambiente interno com iluminância superior a 300 lux. Quanto à iluminação natural lateral, as salas configuram-se como o ambiente

do apartamento com a maior quantidade de lux em todo o seu interior.

Copa e Cozinha:

Iluminação natural lateral adequada em todo o interior, devido às grandes aberturas na fachada sudeste. Mais da metade do

ambiente interno recebe uma quantidade superior a 200 lux, sendo que no espaço oposto às aberturas verificaram-se medições de

200 lux.

Banheiros:

Iluminação natural lateral adequada nos dois banheiros (suíte e social) e também no lavabo. Mesmo apresentando poucos pontos

acima de 200 lux, os ambientes necessitam de maior iluminância nas áreas próximas aos espelhos, recorrendo-se, assim, à

iluminação artificial. Comparando-se as simulações do Relux, verifica-se que os banheiros revelam resultados positivos.

Área de serviço:

Setor bem iluminado em todo o período matutino, devido, principalmente, às grandes aberturas projetadas na fachada sudeste

desse espaço interior. Além de iluminação natural lateral adequada ao ambiente, verifica-se também ventilação sudeste,

importante para as atividades realizadas no ambiente.

Dormitórios de serviço:

Iluminação natural lateral inadequada, principalmente devido ao fato de suas aberturas serem voltadas para a lavanderia, em vez

de voltadas para a parte externa do edifício. Nenhum ponto dos dormitórios apresenta iluminância acima de 200 lux, sendo esses

espaços considerados inadequados para o desenvolvimento de algumas atividades.

Page 120: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

111 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Banheiro de serviço:

Iluminação natural lateral inadequada, mas analisando-se o ambiente denota-se que, quando houver necessidade de maior

quantidade de luz (espelho), o morador recorrerá à iluminação artificial.

Considerações:

Em uma análise geral, observa-se que os níveis de iluminância durante o período matutino (Fig. 105), no outono, no Edifício Diana

(Fig. 106 e Fig. 107), são adequados nas salas, no dormitório de visita, na copa/cozinha e na lavanderia, sendo que nos banheiros

social e da suíte e no lavabo, de acordo com suas atividades, podem ser considerados adequados. Podem ser considerados

inadequados, quanto à iluminação natural lateral, os dormitórios do casal, dos filhos, o de serviço e o banheiro de serviço.

Fig.106 e 107 - Edifício Diana (1954). Fonte: A. C. PALA (jan. 2013).

Page 121: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

112 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

EDIFÍCIO DIANA: 22/06 às 9h00min

Fig.108 – Edifício Diana. Fonte: A. C. PALA (abr. 2013).

Page 122: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

113 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Edifício Diana (1954): Arquiteto Victor Reif: 22 de junho: 09h00min: Inverno

Observaram-se, por meio das análises com base na NBR-5413 (ABNT-1992), na NBR-15575 (ABNT-2013), nos estudos baseados

no Código de Edificações e Obras Arthur Saboya (1929) e na simulação computacional do programa Relux Professional 2011,

resultados que foram analisados em todos os ambientes internos (Fig. 108) do edifício, abaixo relacionados:

Dormitório do Casal:

Pouca iluminação natural lateral no período matutino, com aberturas voltadas para a face sudoeste. Pequena abertura no

ambiente, com iluminância adequada para leitura ou escrita somente em área próxima à janela, pois o dormitório apresenta menos

de 20% de área com iluminação adequada. O restante do dormitório, aproximadamente 80% do ambiente interno, apresenta

iluminância abaixo de 200 lux durante as manhãs do inverno paulistano.

Dormitório de visita:

Boa iluminação lateral durante todo o período matutino, sendo, dentre os quatro dormitórios projetados pelo arquiteto Victor Reif, o

que apresenta maior iluminação natural lateral. O dormitório voltado para a face noroeste tem iluminância acima de 200 lux durante

as manhãs do inverno paulistano.

Dormitórios dos filhos:

Iluminação natural lateral inadequada. Dormitórios voltados para a face noroeste, mas com as aberturas voltadas para uma

circulação entre as alvenarias dos ambientes e a fachada noroeste, impedindo a incidência do sol nas aberturas dos dormitórios.

Na simulação por meio do programa Relux, verificou-se que nenhum ponto dos dormitórios resulta em iluminância acima de 200

lux. Em caso de necessidade de leitura ou escrita, o morador recorrerá à iluminação artificial. No inverno os dormitórios são frios.

Page 123: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

114 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Salas (03 ou 04 ambientes):

Ambiente interno com iluminação natural lateral adequada, apresentando somente dois pontos abaixo de 200 lux e mais de 90%

do ambiente interno com iluminância superior a 300 lux. Quanto à iluminação natural lateral, as salas configuram-se como o

ambiente do apartamento com maior nível de iluminância em todo o seu interior.

Copa e Cozinha:

Iluminação natural lateral adequada em todo o interior, devido às grandes aberturas na fachada sudeste. Metade do ambiente

interno recebe uma quantidade superior a 200 lux, sendo que no espaço oposto às aberturas verificaram-se medições de 200 lux.

Banheiros:

Iluminação natural lateral inadequada nos dois banheiros (suíte e social) e também no lavabo. Mesmo apresentando poucos

pontos acima de 200 lux, os ambientes necessitam de maior iluminância em área próxima ao espelho, recorrendo-se, assim, à

iluminação artificial. Comparando-se as simulações do Relux, verifica-se que os banheiros apresentam resultados medianos.

Área de serviço:

Setor bem iluminado em todo o período matutino, devido principalmente às grandes aberturas projetadas na fachada sudeste

deste espaço interior. Além de uma iluminação natural lateral adequada ao ambiente, verifica-se também uma ventilação sudeste,

importante para as atividades próprias do ambiente.

Dormitórios de serviço:

Iluminação natural lateral inadequada, principalmente devido ao fato de suas aberturas serem voltadas para a lavanderia e não

para a parte externa do edifício. Nenhum ponto dos dormitórios apresenta iluminância acima de 200 lux, considerada inadequada

para o desenvolvimento de algumas atividades.

Page 124: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

115 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Banheiro de serviço:

Iluminação natural inadequada, mas analisando-se o ambiente denota-se que, quando houver necessidade de maior quantidade

de luz em área próxima ao espelho, o morador recorrerá à iluminação artificial.

Considerações:

Na análise observa-se que os níveis de iluminância durante o período matutino, do inverno, no Edifício Diana (Fig. 109), são

adequados nas salas, no dormitório de visita, na copa/cozinha e na lavanderia. Os banheiros (social e da suíte) e o lavabo, de

acordo com suas atividades, podem também ser considerados adequados. Podem ser considerados inadequados, quanto à

iluminação natural lateral, os dormitórios do casal, dos filhos, os dormitórios e o banheiro de serviço.

Fig.109 - Edifício Diana (1954).

Fonte: A. C. PALA (jan. 2013).

Page 125: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

116 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

EDIFÍCIO DIANA: 22/12 às 9h00min

Fig.110 – Edifício Diana. Fonte: A. C. PALA (abr. 2013).

Page 126: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

117 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Edifício Diana (1954): Arquiteto Victor Reif: 22 de dezembro: 09h00min: Verão

Observaram-se, por meio das análises com base na NBR-5413 (ABNT-1992), na NBR-15575 (ABNT-2013), nos estudos baseados

no Código de Edificações e Obras Arthur Saboya (1929) e na simulação computacional do programa Relux Professional 2011,

resultados que foram analisados em todos os ambientes internos (Fig. 110) do edifício, abaixo relacionados:

Dormitório do Casal:

Pouca iluminação natural lateral no período matutino, com aberturas voltadas para a face sudoeste. Pequena abertura no

ambiente, com iluminância adequada para leitura ou escrita somente em área próxima à janela, pois o dormitório apresenta menos

de 20% de área com iluminação adequada. O restante do dormitório, aproximadamente 80% do ambiente interno, apresenta

iluminância abaixo de 200 lux durante as manhãs do verão paulistano.

Dormitório de visita:

Boa iluminação durante todo o período matutino, sendo, dentre os quatro dormitórios projetados pelo arquiteto Victor Reif, o que

recebe maior iluminação natural lateral. O dormitório voltado para a face noroeste tem iluminância acima de 200 lux durante as

manhãs do verão paulistano.

Dormitórios dos filhos:

Iluminação natural lateral inadequada. Dormitórios voltados para a face noroeste, mas com as aberturas voltadas para uma

circulação entre as alvenarias dos ambientes e a fachada noroeste, impedindo a incidência do sol nas aberturas dos dormitórios.

Na simulação por meio do programa Relux, verificou-se que nenhum ponto dos dormitórios resulta em iluminância acima de 200

lux. Em caso de necessidade de leitura ou escrita, o morador deverá recorrer à iluminação artificial.

Page 127: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

118 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Salas (03 ou 04 ambientes):

Ambiente interno com iluminação natural lateral adequada, com somente duas áreas abaixo de 200 lux e mais de 90% do

ambiente interno com iluminância superior a 300 lux. Quanto à iluminação natural lateral, as salas configuram-se como o ambiente

do apartamento com a maior iluminância em todo o seu interior, em vários pontos apresentando medições acima de 1000 lux.

Copa e Cozinha:

Iluminação natural lateral adequada em todo o interior, devido às grandes aberturas na fachada sudeste. Mais da metade do

ambiente interno recebe iluminância superior a 200 lux, e no espaço oposto às aberturas verificaram-se medições de 200 lux.

Banheiros:

Iluminação natural lateral adequada nos dois banheiros (suíte e social) e também no lavabo. Mesmo apresentando poucos pontos

acima de 200 lux, os ambientes necessitam de maior iluminância em área próxima ao espelho, sendo necessário que se recorra,

assim, à iluminação artificial. Comparando-se as simulações do Relux, verifica-se que os banheiros revelam resultados positivos.

Área de serviço:

Setor bem iluminado em todo o período matutino, devido, principalmente, às grandes aberturas projetadas na fachada sudeste

deste espaço interior. Além de uma iluminação natural adequada ao ambiente, verifica-se também uma ventilação sudeste,

importante para as atividades próprias do ambiente.

Dormitórios de serviço:

Iluminação natural lateral inadequada, principalmente devido ao fato de suas aberturas serem voltadas para a lavanderia, e não

para a parte externa do edifício. Nenhum ponto dos dormitórios recebe iluminância acima de 200 lux, considerada inadequada para

o desenvolvimento de algumas atividades.

Page 128: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

119 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Banheiro de serviço:

Iluminação natural lateral inadequada, mas analisando o ambiente denota-se que, quando houver necessidade de maior

quantidade de luz (espelho), o morador recorrerá à iluminação artificial.

Considerações:

Na análise observa-se que os níveis de iluminância durante o período matutino, no verão, no Edifício Diana (Fig. 111), são

adequados nas salas, no dormitório de visita, na copa/cozinha e na lavanderia. Os banheiros (social e da suíte) e o lavabo, de

acordo com suas atividades, podem ser considerados adequados. Podem ser considerados inadequados, quanto à iluminação

natural, os dormitórios do casal, dos filhos, de serviço e o banheiro de serviço.

Fig.111 - Edifício Diana (1954).

Fonte: A. C. PALA (jan. 2013).

Page 129: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

120 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

EDIFÍCIO DIANA: 23/04 às 9h30min (NBR-15575-1)

Fig.112 – Edifício Diana. Fonte: A. C. PALA (abr. 2014).

Page 130: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

121 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

EDIFÍCIO DIANA: 23/04 às 15h30min (NBR-15575-1)

Fig.113 – Edifício Diana. Fonte: A. C. PALA (abr. 2014).

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122 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

EDIFÍCIO DIANA: 23/10 às 9h30min (NBR-15575-1)

Fig.114 – Edifício Diana. Fonte: A. C. PALA (abr. 2014).

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123 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

EDIFÍCIO DIANA: 23/10 às 15h30min (NBR-15575-1)

Fig.115 – Edifício Diana. Fonte: A. C. PALA (abr. 2014).

Page 133: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

124 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

SIMULAÇÕES POR MEIO DO PROGRAMA COMPUTACIONAL RELUX 2011 E A NBR-15575-1(2013): EDIFÍCIO DIANA

Foram realizadas simulações por meio do Software Relux Professional 2011 para verificar a iluminação natural lateral

prevista na NBR-15575-1(2013) e IS0-8995-1(2013) nos seguintes dias: 23 de abril às 09h30min e 15h30min e 23 de outubro

também às 09h30min e 15h30min.

Após as quatro simulações realizadas foram constatadas: que os níveis de iluminância durante os períodos simulados tanto

no mês de abril quanto no mês de outubro são adequados no período matutino e também no vespertino no Edifício Diana (Fig. 112

a Fig. 115). Nas salas de estar e de jantar, verificou-se uma iluminância bem distribuída em todo o ambiente, sendo que na área

próxima das aberturas, acontece uma luz natural intensa, necessitando em alguns períodos, algum bloqueio artificial. O dormitório

de visita continua o mais iluminado e em seguida aparece o dormitório do casal. Os dormitórios dos filhos, como já citado nas

avaliações anteriores, tem um corredor externo que prejudica a iluminância dos ambientes. Na copa/cozinha e na lavanderia a luz

natural é presente nos períodos matutino e vespertino. Os banheiros (social e da suíte) e o lavabo, de acordo com suas atividades,

podem ser considerados adequados.

Podem ser considerados adequados também, quanto à iluminação natural, os dormitórios de serviço e o banheiro de serviço,

se levar em consideração o que estabelece a NBR-15575-1, o valor adequado igual ou maior que 60 lux para as salas, dormitórios,

cozinhas e lavanderias. Quanto aos ambientes banheiros, corredores, escadarias e garagens, a nova NBR não estabelece

nenhum valor de iluminância para aprovação de projetos junto aos órgãos competentes.

Uma crítica que pode ser feita sobre a NBR-15575-1, no capítulo que trata da iluminação natural é o baixo índice de

iluminância exigido para aprovação dos projetos arquitetônicos residenciais, sendo que alguns ambientes não são exigidos o

mínimo de luz natural, como exemplo, os banheiros de uma residência, contrapondo com as NBR’s anteriores que previam uma

iluminância adequada igual ou superior a 150 lux.

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125 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

EDIFÍCIO DIANA: FOTOS OLHO DE PEIXE,DIA 15 DE MARÇO DE 2014 (PERÍODO: 09h00min às 15h00min).

Fig.116 – A. C. PALA 15.03.2014 (09h00min). Fig.117 – A. C. PALA 15.03.2014 (10h00min). Fig.118 – A. C. PALA 15.03.2014 (11h00min).

Fig.119 – A. C. PALA 15.03.2014 (13h00min). Fig.120 – A. C. PALA 15.03.2014 (14h00min). Fig.121 – A. C. PALA 15.03.2014 (15h00min).

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126 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Usando a lente olho de peixe para fotografar o Edifício Diana:

As fotos demonstram o uso de lente olho de peixe (tipo objetiva grande angular cuja característica é proporcionar um ângulo

de 180°, resultando numa imagem com grande distorção óptica) na criação de imagens com amplo ângulo de visão, a partir de

levantamento fotográfico in loco do edifício selecionado. Nestes exemplos, com a facilidade de ajuste de distorção e correção de

inclinação, todos os requisitos para as fotografias do Edifício Diana estão reunidos. Como o campo de visão das lentes olho de

peixe é muito maior, podem ser percebidos efeitos previamente impossíveis se o edifício fosse fotografado por uma câmera

fotográfica normal.

As fotos do exemplo (Fig. 116 a Fig. 121) foram tiradas com o auxílio da câmera Nikon coolpix 4500 (4.0 megapixels 4 x

zoom), com lente especial Nikon FC-E8 Fisheye Converter (olho de peixe), onde posteriormente foi sobreposta a Carta Solar de

São Paulo ( latitude 23° 37’ Sul ), por meio do programa computacional Photoshop. Para reforço das análises foram selecionadas

seis fotos (dentre dezenas de fotos para estudos) da parte externa do Edifício Diana.

O ângulo de cobertura na direção horizontal foi de 180°, maior do que o realizável com lentes retilíneas. Nenhum tripé foi

utilizado pelo autor das mesmas, sendo que a máquina fotográfica foi elevada em torno de trinta centímetros acima da cabeça do

fotógrafo para obter a visão completa da parte superior do edifício e a verificação da parte visível do céu. Os horários do

levantamento fotográfico foram no período compreendido entre 09h00min e 15h00min do mesmo dia (15 de março de 2014). Os

resultados foram imagens circulares, que são definidas como imagens planas com as distorções de uma lente grande angular do

tipo olho de peixe denominada também de panorama circular.

As fotos com a utilização da câmera olho de peixe para o levantamento fotográfico panorâmico semiesférico do Edifício

Diana foram realizadas no pavimento térreo, frente à fachada principal (Rua Itacolomi), onde foram projetados pelo arquiteto Victor

Reif a sala de estar e a sala de jantar (setor social das unidades residenciais) e os dormitórios 01, 02 e 03 (setor íntimo das

unidades residenciais).

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127 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

A partir das análises resultantes do levantamento fotográfico realizado no pavimento térreo do Edifício Diana, verificou-se por

meio das fotos selecionadas a porcentagem de céu visível, como descritas a seguir:

Foto (Fig. 116)......15.03.2014.......09h00min.........20 % de céu visível

Foto (Fig. 117)......15.03.2014.......10h00min.........45 % de céu visível

Foto (Fig. 118)......15.03.2014.......11h00min.........32 % de céu visível

Foto (Fig. 119)......15.03.2014.......13h00min.........40 % de céu visível

Foto (Fig. 120)......15.03.2014.......14h00min.........35 % de céu visível

Foto (Fig. 121)......15.03.2014.......15h00min.........38 % de céu visível

A utilização da câmera olho de peixe para o levantamento fotográfico panorâmico semiesférico do Edifício Diana, contribuiu

com imagens para verificação do céu visível e quantidade de luz natural nos horários selecionados para os estudos do trabalho.

Após análises das fotografias, verificou-se que o Edifício Diana recebe luz natural adequada durante todo o dia, sendo que a

fachada principal onde se encontra o setor social dos apartamentos é o mais privilegiado quanto à iluminância natural, como

também os dormitórios 01, 02 e 03 (visita). O dormitório do casal com uma abertura (janela) sudoeste recebe uma iluminação

natural reduzida. Os apartamentos dos pavimentos mais baixos (primeiro, segundo e terceiro), recebem uma proteção natural por

meio das árvores do jardim localizadas nas ruas Maranhão e Itacolomi, contribuindo para o conforto dos ambientes internos dos

apartamentos.

Page 137: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

128 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

TABELA 01: ILUMINAÇÃO E VENTILAÇÃO: PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO PAULO

EDIFÍCIO DIANA - TABELA DE VENTILAÇÃO E ILUMINAÇÃO

ITEM ESPAÇO ÁREA DO PISO (m²)

ILUM. EXIGIDA (m²)

ILUM. PROJ. (m²)

VENT. EXIGIDA (m²)

VENT. PROJ (m²)

P.P. OU P.T.

1 Dormitório casal 20,01 2,86 1,82 1,43 0,91 P.P.

2 Dormitório 1 9,15 1,31 3,68 0,65 1,84 P.P.

3 Dormitório 2 9,15 1,31 3,68 0,65 1,84 P.P.

4 Dormitório 3 12,28 1,75 3,62 0,88 1,81 P.P.

5 Dormitório de serviço 1 5,28 0,75 1,20 0,38 0,60 P.P.

6 Dormitório de serviço 2 5,28 0,75 1,20 0,38 0,60 P.P.

7 Estar e Jantar 83,44 11,92 21,46 5,96 10,73 P.P.

8 Banheiro social 7,06 0,72 1,02 0,36 0,51 P.T.

9 Banheiro suíte 6,66 0,66 1,12 0,33 0,56 P.T.

10 Lavabo 3,78 0,38 0,82 0,19 0,41 P.T.

11 Copa e cozinha 27,41 3,92 5,16 1,96 2,58 P.P.

12 Área de serviço 9,32 1,33 4,52 0,66 2,26 P.T.

13 Banheiro de serviço 6,70 0,67 0,80 0,34 0,40 P.T.

Fonte: Código de Edificações Arthur Saboya (1929). Prefeitura Municipal de São Paulo. Diagramação e Cálculo: A. C. PALA (abr. 2014). Para efeito de cálculo foi utilizado o exigido pelo Código de Edificações vigente na data da aprovação do Projeto Arquitetônico. Permanência Prolongada (P.P.): Área do Piso / 7. Permanência Transitória (P.T.): Área do Piso /10.

Page 138: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

129 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

FONTE: NBR-15575-1 (2013). Cálculos, diagramações e medições: A. C. PALA. Equipamento utilizado: Luxímetro Portátil digital Center 337 lightmeter (0.000 á 40.000 lux); Horário das medições: Período compreendido entre 09h00min à 15h00min;

Pavimento/posição: Sexto Pavimento (apartamento frontal);

Medições em dias com cobertura de nuvens maior que 50%, sem ocorrência de precipitações;

Medições realizadas com a iluminação artificial desativada, sem a presença de obstruções opacas (janelas e cortinas abertas, portas internas abertas, sem roupas estendidas nos varais, etc.);

Medições no centro dos ambientes, a 0,75m acima do nível do piso;

Medições nos pontos centrais de corredores internos das unidades residenciais;

Na ocasião das medições não havia incidência de luz solar direta sobre os luxímetros, em nenhuma circunstância.

EDIFÍCIO DIANA – TABELA 02: ILUMINAÇÃO COM MEDIÇÕES (EM LUX) COM LUXÍMETRO PORTÁTIL

ITEM ESPAÇO PONTO 01 PONTO 02 PONTO 03 PONTO 04 PONTO 05 PARECER

1 Dormitório casal 210 244 272 212 280 Adequada

2 Dormitório 1 160 178 162 148 132 Adequada

3 Dormitório 2 158 164 186 162 142 Adequada

4 Dormitório 3 420 486 512 466 412 Adequada

5 Dormitório de serviço 1 162 148 132 128 178 Adequada

6 Dormitório de serviço 2 158 156 144 156 184 Adequada

7 Estar e Jantar 784 722 688 712 788 Adequada

8 Banheiro social 168 172 160 188 194 Adequada

9 Banheiro suíte 172 188 190 172 166 Adequada

10 Lavabo 180 168 158 162 178 Adequada

11 Copa e cozinha 428 466 472 398 378 Adequada

12 Área de serviço 724 766 748 778 802 Adequada

13 Banheiro de serviço 212 186 190 186 202 Adequada

Page 139: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

130 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Observaram-se, por meio das análises (Tabela 01) e dos estudos baseados no Código de Edificações e Obras Arthur

Saboya (1929) e nas medições in loco (Tabela 02) com o auxílio do luxímetro portátil digital Center 337 lightmeter (0.000 á 40.000

lux), no apartamento do sexto pavimento do Edifício Diana, seguindo o que estabelece a NBR 15575-1, no artigo Iluminação de

Interiores Residenciais:

Para efeito de cálculo foi utilizado o exigido pelo Código de Edificações vigente na data da aprovação do Projeto

Arquitetônico, onde a permanência prolongada (p.p.): área do piso / 7 e a permanência transitória (p.t.): área do piso /10 (Tabela

01). Para que o projeto arquitetônico fosse aprovado integralmente junto ao órgão competente, todos os ambientes projetados

teriam que ter aberturas com áreas igual ou superior ao exigido pelo setor de aprovação de plantas.

Realizados os cálculos das áreas dos pisos e das aberturas referentes à permanência prolongada (p.p.) ou permanência

transitória (p.t.), observaram que todos os ambientes internos obedeceram ao exigido pelo Código de Edificações da época, sendo

que o dormitório do casal não atendeu ao Código de Edificações, conforme demonstrado na Tabela 01.

Sendo assim, podemos afirmar que alguns ambientes internos foram aprovados pelos órgãos competentes, mesmo não

atendendo ao exigido pelo Código Arthur Saboya.

Na análise da Tabela 02 de iluminação com medições (em lux) com luxímetro portátil in loco, alguns cuidados foram tomados

pelo autor, tais como: as medições foram realizadas em dias com cobertura de nuvens maior que 50%, sem ocorrência de

precipitações. Foram realizadas com a iluminação artificial desativada, sem a presença de obstruções opacas (janelas e cortinas

abertas, portas internas abertas, sem roupas estendidas nos varais, etc.) e no centro dos ambientes, a 0,75m acima do nível do

piso; sendo utilizada para as medições uma banqueta em madeira com a altura exatamente igual à exigida pela NBR-15575-1,

como também o horário previsto na mesma, compreendido entre 09h00min e 15h00min.

Concluídas todas as medições (cinco vezes por ponto central), verificou-se que todos os ambientes internos atenderam ao

previsto na nova NBR, que é de 60 lux nas salas, dormitórios, cozinhas e lavanderias. Os banheiros tiveram medições acima de

150 lux, mesmo a NBR-15575-1 não exigindo nenhuma iluminância natural para aprovação do projeto.

Page 140: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

131 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Fig.122 - Edifício Louveira (1946) Fonte: A. C. PALA (fev. 2014).

Page 141: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

132 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Fig.123 - Edifício Louveira (1946). Fonte: A. C. PALA (fev. 2014).

Page 142: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

133 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

EDIFÍCIO LOUVEIRA: 21/03 às 9h00min

Fig.124 - Edifício Louveira (1946). Fonte: A. C. PALA (fev. 2013).

Page 143: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

134 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Edifício Louveira (1946) (Fig. 122): Arquitetos João Baptista Vilanova Artigas e Carlos Cascaldi: 21 de março: 09h00min

Observaram-se, por meio das análises com base na NBR-5413 (ABNT-1992), na NBR-15575 (ABNT-2013), nos estudos baseados

no Código de Edificações e Obras Arthur Saboya (1929) e na simulação computacional do programa Relux Professional 2011,

resultados que foram analisados em todos os ambientes internos (Fig. 123 e Fig. 124) do edifício, abaixo relacionados:

Dormitórios (01, 02 e 03):

Boa iluminação no período matutino, principalmente pelo fato de os três dormitórios estarem voltados para a face nordeste,

recebendo iluminação adequada em mais de 50% da área dos compartimentos. Na área oposta às aberturas, verifica-se uma

queda acentuada da iluminação, mas, mesmo assim, a área com menor incidência de luz natural atinge níveis próximos de 200

lux, sendo que é considerada uma boa iluminância, para dormitórios residenciais, níveis que variam entre 150 a 200 lux.

Sala de estar:

Boa iluminação natural lateral no período matutino, pois o ambiente está voltado para a face nordeste e recebe incidência de luz

adequada em praticamente todo o ambiente interno, com medições mínimas de 200 lux, chegando a atingir 1000 lux nas áreas

próximas às grandes aberturas, sendo esse um espaço para a leitura e a escrita, onde a NBR estabelece 750 lux como o ideal

para as atividades do ambiente.

Sala de jantar:

Ao contrário da sala de estar, a sala de jantar acaba sendo prejudicada quanto à iluminação natural lateral, principalmente pelo

fato de sua abertura ser voltada para a circulação de serviço, além de ser direcionada para a face sudoeste. Observou-se uma

Page 144: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

135 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

área mínima (10%) do ambiente com iluminância de 300 a 750 lux durante a manhã, e mais de 90% da sala de jantar não atinge

200 lux na simulação computacional Relux.

Cozinha:

Mesmo o ambiente sendo voltado para a face sudoeste, a cozinha recebe uma iluminação natural lateral adequada, decorrente

das grandes aberturas projetadas em toda a alvenaria sudoeste.

Banheiros 01 e 02:

Os banheiros voltados para a face sudoeste são prejudicados quanto à iluminação natural lateral, pois não têm aberturas

diretamente nas fachadas e, sim, voltadas para uma circulação de serviço. As simulações resultam em iluminâncias inferiores a

200 lux no período matutino, mas, mesmo assim, esses ambientes não ficam defasados em relação às normas de iluminação

natural lateral. Para as atividades próprias desses ambientes, que exijam maior iluminação, os moradores terão que recorrer à

iluminação artificial.

Área de serviço:

Setor muito bem iluminado em todo o período matutino, devido principalmente às grandes aberturas projetadas na fachada

sudoeste. Além de receber iluminação natural lateral acima do desejado, muito útil para as atividades de uma área de serviço

(lavanderia), a mesma está voltada para a face sudoeste, colaborando com as funções do ambiente interno.

Terraços:

Os terraços dos apartamentos tipo do Edifício Louveira recebem iluminação natural lateral adequada, pois estão voltados para a

face nordeste, que é privilegiada nos períodos matutinos do outono paulistano. Colaboram também para a iluminação adequada,

as aberturas projetadas e, principalmente, a profundidade do ambiente, que atinge apenas 3,00 metros, contribuindo para a

distribuição de luz natural em todo o ambiente interior.

Page 145: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

136 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Considerações:

Na análise da iluminação natural lateral nos espaços internos dos apartamentos do Edifício Louveira (Fig. 125), em Higienópolis,

no outono paulistano (21 de março a 20 de junho), verificou-se que os dormitórios 01, 02, 03 e de serviço, a sala de estar, o

terraço, a cozinha e a área de serviço são espaços positivos, no que se refere à iluminação natural lateral adequada, no período

simulado pelo programa Relux, principalmente devido ao projeto das aberturas, à orientação solar e ao entorno do edifício. As

simulações e os estudos empreendidos levaram a ser considerados inadequados: a sala de jantar, o banheiro social e o banheiro

de serviço, pelo fato de suas aberturas serem voltadas para um corredor de serviço, evitando, assim, a incidência de luz natural

lateral diretamente nos ambientes analisados.

Fig.125 - Edifício Louveira (1946). Fonte: A. C. PALA (jan. 2013).

Page 146: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

137 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

EDIFÍCIO LOUVEIRA: 22/06 às 9h00min

Fig.126 - Edifício Louveira (1946). Fonte: A. C. PALA (fev. 2013).

Page 147: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

138 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Edifício Louveira (1946): Arquitetos João Baptista Vilanova Artigas e Carlos Cascaldi: 22 de junho: 09h00min: Inverno

Observaram-se, por meio das análises com base na NBR-5413 (ABNT-1992), na NBR-15575 (ABNT-2013), nos estudos baseados

no Código de Edificações e Obras Arthur Saboya (1929) e na simulação computacional do programa Relux Professional 2011,

resultados que foram analisados em todos os ambientes internos (Fig. 126) do edifício, abaixo relacionados:

Dormitórios (01, 02 e 03):

Boa iluminação no período matutino, principalmente pelo fato de os três dormitórios estarem voltados para a face nordeste,

recebendo iluminação adequada em mais de 50% da área dos compartimentos. Na área oposta às aberturas, verifica-se uma

queda acentuada da iluminação, mas, mesmo assim, a área com menor incidência de luz natural atinge níveis próximos de 200

lux, considerado uma iluminância adequada, para dormitórios residenciais, níveis que variam entre 150 a 200 lux.

Sala de estar:

Boa iluminação natural lateral no período matutino, pois o ambiente está voltado para a face nordeste e recebe incidência de luz

adequada em praticamente todo o ambiente interno, com iluminâncias mínimas de 200 lux, chegando a atingir 1000 lux nas áreas

próximas às grandes aberturas, sendo esse um excelente espaço para a leitura e a escrita, que estabelece 750 lux como o ideal

para as atividades do ambiente.

Sala de jantar:

Ao contrário da sala de estar, a sala de jantar acaba sendo prejudicada quanto à iluminação natural lateral, principalmente pelo

fato de sua abertura ser voltada para a circulação de serviço, além de ser direcionada para a face sudoeste. Observou-se uma

área mínima do ambiente com iluminância de 300 a 750 lux durante a manhã, e mais de 90% da sala de jantar não atinge 200 lux

na simulação computacional Relux.

Page 148: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

139 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Cozinha:

Mesmo o ambiente sendo voltado para a face sudoeste, a cozinha recebe uma iluminação natural lateral adequada, decorrente

das grandes aberturas projetadas em toda a alvenaria sudoeste.

Banheiros 01 e 02:

Os banheiros voltados para a face sudoeste são prejudicados quanto à iluminação natural lateral, pois não têm aberturas

diretamente nas fachadas e, sim, voltadas para uma circulação de serviço. As simulações resultam em iluminâncias inferiores a

200 lux no período matutino, mas, mesmo assim, esses ambientes não ficam defasados em relação às normas de iluminação

natural lateral. Para as atividades próprias desses ambientes, que exijam maior iluminação, os moradores terão que recorrer à

iluminação artificial.

Área de serviço:

Setor muito bem iluminado em todo o período matutino, devido principalmente às grandes aberturas projetadas na fachada

sudoeste. Além de iluminação natural lateral acima do desejado, muito útil para as atividades de uma área de serviço (lavanderia),

esse ambiente está voltado para a face sudoeste, colaborando com as funções do ambiente interno.

Terraços:

Os terraços dos apartamentos tipo do Edifício Louveira recebem iluminação natural lateral adequada, pois estão voltados para a

face nordeste, que é privilegiada nos períodos matutinos do inverno paulistano. Colaboram também, para a iluminação adequada,

as aberturas projetadas e, principalmente, a profundidade do ambiente que atinge apenas 3,00 metros, contribuindo para a

distribuição de luz natural em todo o ambiente interior.

Page 149: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

140 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Considerações:

Na análise da iluminação natural lateral nos espaços internos dos apartamentos do Edifício Louveira (Fig. 127), em Higienópolis,

no inverno paulistano (22 de junho a 21 de setembro), verificou-se que os dormitórios 01, 02, 03 e de serviço, a sala de estar, o

terraço, a cozinha e a área de serviço são espaços positivos, no que se refere à iluminação natural adequada ao período simulado

pelo programa Relux, principalmente devido ao projeto das aberturas, à orientação solar e ao entorno do edifício. As simulações e

os estudos empreendidos levaram a ser considerados inadequados: a sala de jantar, o banheiro social e o banheiro de serviço,

pelo fato de suas aberturas serem voltadas para um corredor de serviço, evitando, assim, a incidência de luz natural lateral

diretamente nos ambientes analisados.

Fig.127 - Edifício Louveira (1946). Fonte: A. C. PALA (jan. 2013).

Page 150: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

141 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

EDIFÍCIO LOUVEIRA: 22/12 às 9h00min

Fig.128 - Edifício Louveira (1946). Fonte: A. C. PALA (fev. 2013).

Page 151: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

142 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Edifício Louveira (1946): Arquitetos João Baptista Vilanova Artigas e Carlos Cascaldi: 22 de dezembro 09h00min: Verão

Observaram-se, por meio das análises com base na NBR-5413 (ABNT-1992), na NBR-15575 (ABNT-2013), nos estudos baseados

no Código de Edificações e Obras Arthur Saboya (1929) e na simulação computacional do programa Relux Professional 2011,

resultados que foram analisados em todos os ambientes internos (Fig. 128) do edifício, abaixo relacionados:

Dormitórios (01, 02 e 03):

Boa iluminação no período matutino, principalmente pelo fato de os três dormitórios estarem voltados para a face nordeste,

recebendo iluminação adequada em mais de 50% da área dos compartimentos. Na área oposta às aberturas, verifica-se uma

queda acentuada da iluminação, mas, mesmo assim, a área com menor incidência de luz natural atinge níveis próximos de 200

lux, considerado uma iluminância adequada, para dormitórios residenciais, níveis que variam entre 150 a 200 lux.

Sala de estar:

Boa iluminação natural lateral no período matutino, pois o ambiente está voltado para a face nordeste e recebe iluminância

adequada em praticamente todo o ambiente interno, com medições mínimas de 200 lux, chegando a atingir 1000 lux, nas áreas

próximas às grandes aberturas, sendo esse um espaço para a leitura e a escrita, que estabelece 750 lux como o ideal para as

atividades do ambiente.

Sala de jantar:

Ao contrário da sala de estar, a sala de jantar acaba sendo prejudicada quanto à iluminação natural lateral, principalmente pelo

fato de sua abertura ser voltada para a circulação de serviço, além de ser direcionada para a face sudoeste. Observou-se uma

área mínima do ambiente (10%) com iluminância de 300 a 750 lux durante a manhã, e mais de 90% da sala de jantar não atinge

200 lux na simulação computacional Relux.

Page 152: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

143 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Cozinha:

Mesmo o ambiente sendo voltado para a face sudoeste, a cozinha recebe uma iluminação natural lateral adequada decorrente das

grandes aberturas projetadas em toda a alvenaria sudoeste.

Banheiros 01 e 02:

Os banheiros voltados para a face sudoeste são prejudicados quanto à iluminação natural lateral, pois não têm aberturas

diretamente nas fachadas e, sim, voltadas para uma circulação de serviço. As simulações resultam em iluminâncias inferiores a

200 lux no período matutino, mas esses ambientes não ficam defasados em relação às normas de iluminação natural lateral. Para

as atividades próprias desse ambiente, que exijam maior iluminação, os moradores terão que recorrer à iluminação artificial.

Área de serviço:

Setor muito bem iluminado em todo o período matutino, devido principalmente às grandes aberturas projetadas na fachada

sudoeste. Além de receber iluminação natural lateral acima do desejado, muito útil para as atividades de uma área de serviço

(lavanderia), esse ambiente está voltado para a face sudoeste, colaborando com as funções do ambiente interno.

Terraços:

Os terraços dos apartamentos tipo do Edifício Louveira recebem iluminação natural lateral adequada, pois estão voltados para a

face nordeste, que é privilegiada nos períodos matutinos do verão paulistano. Colaboram também para a iluminação adequada, as

aberturas projetadas e, principalmente, a profundidade do ambiente que atinge apenas 3,00 metros, contribuindo para a

distribuição de luz em todo o ambiente interior.

Page 153: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

144 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Considerações:

Na análise da iluminação natural lateral nos espaços internos dos apartamentos do Edifício Louveira (Fig. 129 e Fig. 130), em

Higienópolis, no verão paulistano (22 de dezembro a 20 de março), verificou-se que os dormitórios 01, 02, 03 e de serviço, a sala

de estar, o terraço, a cozinha e a área de serviço são espaços positivos, no que se refere à iluminação natural adequada ao

período simulado pelo programa Relux, principalmente devido ao projeto das aberturas, à orientação solar e ao entorno do edifício.

As simulações e os estudos empreendidos levaram a ser considerados inadequados: a sala de jantar, o banheiro social e o

banheiro de serviço, pelo fato de suas aberturas serem voltadas para um corredor de serviço, evitando, assim, a incidência de luz

natural lateral diretamente nos ambientes analisados.

Fig.129 - Edifício Louveira (1946). Fonte: A. C. PALA (jan. 2013).

Fig.130 - Edifício Louveira (1946).

Fonte: A. C. PALA (jan. 2013).

Page 154: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

145 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

EDIFÍCIO LOUVEIRA: 23.04 às 9h30min (NBR-15575-1)

Fig.131 - Edifício Louveira (1946). Fonte: A. C. PALA (fev. 2014).

Page 155: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

146 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

EDIFÍCIO LOUVEIRA: 23.04 às 15h30min (NBR-15575-1)

Fig.132 - Edifício Louveira (1946). Fonte: A. C. PALA (fev. 2014).

Page 156: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

147 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

EDIFÍCIO LOUVEIRA: 23.10 às 9h30min (NBR-15575-1)

Fig.133 - Edifício Louveira (1946). Fonte: A. C. PALA (fev. 2014).

Page 157: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

148 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

EDIFÍCIO LOUVEIRA: 23.10 às 15h30min (NBR-15575-1)

Fig.134 - Edifício Louveira (1946). Fonte: A. C. PALA (fev. 2014).

Page 158: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

149 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

SIMULAÇÕES POR MEIO DO PROGRAMA COMPUTACIONAL RELUX 2011 E A NBR-15575-1(2013): EDIFÍCIO LOUVEIRA

Foram realizadas simulações por meio do Software Relux Professional 2011 para verificar a iluminação natural lateral

prevista na NBR-15575-1(2013) e IS0-8995-1(2013) nos seguintes dias: 23 de abril às 09h30min e 15h30min e 23 de outubro

também às 09h30min e 15h30min.

Após as quatro simulações realizadas foram constatadas: que os níveis de iluminância durante os períodos simulados tanto

no mês de abril quanto no mês de outubro são adequados no período matutino e também no vespertino no Edifício Louveira

(Fig.131 a Fig.134). Na sala de estar e no terraço, verificou-se uma iluminância bem distribuída em todo o ambiente, sendo que na

área próxima das aberturas, acontece uma luz natural intensa, necessitando em alguns períodos, algum bloqueio artificial. Os três

dormitórios recebem uma iluminação natural adequada durante os períodos matutino e vespertino,

tanto os do bloco A como os do bloco B, verificada pela implantação dos blocos por Artigas e Cascaldi. Na copa/cozinha, na

lavanderia e no dormitório de serviço, a luz natural é presente nos períodos matutino e vespertino. Os banheiros (social e da suíte)

e o lavabo, de acordo com suas atividades, podem ser considerados adequados. A sala de jantar, diferente da sala de estar, não

recebe uma luz natural em excesso, mas de acordo com a NBR atende todo o exigido pela mesma, que é o valor igual ou maior

que 60 lux no interior do ambiente.

A mesma crítica feita na avaliação do Edifício Diana, pode-se fazer em relação ao Edifício Louveira, onde a NBR-15575-1, no

capítulo que trata da iluminação natural é o baixo índice de iluminância exigido para aprovação dos projetos arquitetônicos

residenciais, sendo que alguns ambientes não são exigidos o mínimo de luz natural, como exemplo, os banheiros de uma

residência, contrapondo com as NBR’s anteriores que previam uma iluminância adequada igual ou superior a 150 lux para

aprovação de projetos junto aos órgãos competentes.

Page 159: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

150 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

EDIFÍCIO LOUVEIRA: FOTOS OLHOS DE PEIXE, DIA 16 DE MARÇO DE 2014 (PERÍODO: 09h00min às 15h00min).

Fig.135 – A. C. PALA 16.03.2014 (09h00min). Fig.136 – A. C. PALA 16.03.2014 (10h00min). Fig.137 – A. C. PALA 16.03.2014 (11h00min).

Fig.166 – A. C. PALA 16.03.2014 (13h00min). Fig.139 – A. C. PALA 16.03.2014 (14h00min). Fig.140 – A. C. PALA 16.03.2014 (15h00min). Fig.138 – A. C. PALA 16.03.2014 (13h00min).

Page 160: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

151 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Usando a lente olho de peixe para fotografar o Edifício Louveira:

As fotos demonstram o uso de lente olho de peixe (tipo objetiva grande angular cuja característica é proporcionar um ângulo

de 180°, resultando numa imagem com grande distorção óptica) na criação de imagens com amplo ângulo de visão, a partir de

levantamento fotográfico in loco do edifício selecionado. Nestes exemplos, com a facilidade de ajuste de distorção e correção de

inclinação, todos os requisitos para as fotografias do Edifício Louveira estão reunidos. Como o campo de visão das lentes olho de

peixe é muito maior, podem ser percebidos efeitos previamente impossíveis se o edifício fosse fotografado por uma câmera

fotográfica normal. As fotos do exemplo (Fig. 135 a Fig.140) foram tiradas com o auxílio da câmera Nikon coolpix 4500 (4.0

megapixels 4 x zoom), com lente especial Nikon FC-E8 Fisheye Converter (olho de peixe), onde posteriormente foi sobreposta a

Carta Solar de São Paulo ( latitude 23° 37’ Sul ) , por meio do programa computacional Photoshop. Para reforço das análises

foram selecionadas seis fotos (dentre dezenas de fotos para estudos) da parte externa do Edifício Louveira.

O ângulo de cobertura na direção horizontal foi de 180°, maior do que o realizável com lentes retilíneas. Nenhum tripé foi

utilizado pelo autor das mesmas, sendo que a máquina fotográfica foi elevada em torno de trinta centímetros acima da cabeça do

fotógrafo para obter a visão completa da parte superior do edifício e a verificação da parte visível do céu. Os horários do

levantamento fotográfico foram no período compreendido entre 09h00min e 15h00min do mesmo dia (16 de março de 2014). Os

resultados foram imagens circulares, que são definidas como imagens planas com as distorções de uma lente grande angular do

tipo olho de peixe denominada também de panorama circular.

As fotos com a utilização da câmera olho de peixe para o levantamento fotográfico panorâmico semiesférico do Edifício

Louveira foram realizadas no pavimento térreo, no jardim, entre os dois blocos, projetados pelos arquitetos João Baptista Vilanova

Artigas e Carlos Cascaldi. A sala de estar e terraço (setor social das unidades residenciais) e os dormitórios 01, 02 e 03 (setor

íntimo das unidades residenciais), face nordeste, são os ambientes que recebem maior iluminância.

Page 161: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

152 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

A partir das análises resultantes do levantamento fotográfico realizado no pavimento térreo do Edifício Louveira, verificou-se

por meio das fotos selecionadas a porcentagem de céu visível, como descritas a seguir:

Foto (Fig. 135)......16.03.2014.......09h00min.........27 % de céu visível

Foto (Fig. 136)......16.03.2014.......10h00min.........25 % de céu visível

Foto (Fig. 137)......16.03.2014.......11h00min.........28 % de céu visível

Foto (Fig. 138)......16.03.2014.......13h00min.........24 % de céu visível

Foto (Fig. 139)......16.03.2014.......14h00min.........34 % de céu visível

Foto (Fig. 140)......16.03.2014.......15h00min.........36 % de céu visível

A utilização da câmera olho de peixe para o levantamento fotográfico panorâmico semiesférico do Edifício Louveira,

contribuiu com imagens para verificação do céu visível e quantidade de luz natural nos horários selecionados para os estudos do

trabalho.

Após análises das fotografias, verificou-se que o Edifício Louveira recebe luz natural adequada durante todo o dia, sendo que

tanto a fachada principal onde se encontram o setor social e os dormitórios dos apartamentos (face nordeste) são tão iluminados

quanto o setor de serviço (face sudoeste). Os apartamentos dos pavimentos mais baixos (primeiro ao quarto) recebem uma

proteção natural por meio das árvores do jardim e da Praça Vilaboim, contribuindo para o conforto dos ambientes internos dos

apartamentos.

Page 162: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

153 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

TABELA 03: ILUMINAÇÃO E VENTILAÇÃO: PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO PAULO

EDIFÍCIO LOUVEIRA - TABELA DE VENTILAÇÃO E ILUMINAÇÃO

ITEM ESPAÇO ÁREA. DO PISO (m²)

ILUM. EXIGIDA (m²)

ILUM. PROJ. (m²)

VENT. EXIGIDA (m²)

VENT. PROJ (m²)

P.P. OU P.T.

1 Dormitório 1 18,02 2,58 3,62 1,29 1,81 P.P.

2 Dormitório 2 14,12 2,02 3,62 1,01 1,81 P.P.

3 Dormitório 3 14,12 2,02 3,62 1,01 1,81 P.P.

4 Dormitório de

serviço 8,12 1,16 3,62 0,58

1,81 P.P.

5 Sala de estar 22,88 3,26 9,02 1,63 4,51 P.P.

6 Cozinha 8,35 1,22 3,62 0,61 1,81 P.P.

7 Banheiro social 5,22 0,52 0,72 0,26 0,36 P.T.

8 Sala de jantar 10,96 1,56 2,02 0,78 1,01 P.P

9 Terraço 10,56 1,52 9,00 0,76 4,50 P.P.

10 Área de serviço 7,52 0,75 18,42 0,37 9,21 P.T.

11 Banheiro de

serviço 1,82 0,18 0,24 0,09 0,12 P.T.

Fonte: Código de Edificações Arthur Saboya (1929). Prefeitura Municipal de São Paulo. Diagramação e Cálculo: A. C. PALA (abr. 2014). Para efeito de cálculo foi utilizado o exigido pelo Código de Edificações vigente na data da aprovação do Projeto Arquitetônico. Permanência Prolongada (P.P.): Área do Piso / 7. Permanência Transitória (P.T.): Área do Piso /10.

Page 163: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

154 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

EDIFÍCIO LOUVEIRA – TABELA 04: ILUMINAÇÃO COM MEDIÇÕES (EM LUX) COM LUXÍMETRO PORTÁTIL

ITEM ESPAÇO PONTO 01 PONTO 02 PONTO 03 PONTO 04 PONTO 05 PARECER

1 Dormitório 1 192 186 212 194 182 Adequada

2 Dormitório 2 412 386 368 372 384 Adequada

3 Dormitório 3 392 376 362 376 416 Adequada

4 Dormitório de serviço 512 544 492 484 468 Adequada

5 Sala de estar 668 692 672 688 692 Adequada

6 Cozinha 694 662 674 682 678 Adequada

7 Banheiro social 198 188 172 184 168 Adequada

8 Sala de jantar 292 268 244 232 242 Adequada

9 Terraço 804 818 792 756 766 Adequada

10 Área de serviço 980 962 978 992 944 Adequada

11 Banheiro de serviço 168 172 184 168 172 Adequada

FONTE: NBR-15575-1 (2013).

Cálculos, diagramações e medições: A. C. PALA

Equipamento utilizado: Luxímetro Portátil digital Center 337 lightmeter (0.000 á 40.000 lux); Horário das medições: Período compreendido entre 09h00min à 15h00min;

Pavimento/posição: Sexto Pavimento (apartamento frontal);

Medições em dias com cobertura de nuvens maior que 50%, sem ocorrência de precipitações;

Medições realizadas com a iluminação artificial desativada, sem a presença de obstruções opacas (janelas e cortinas abertas, portas internas abertas, sem roupas estendidas nos varais, etc.);

Medições no centro dos ambientes, a 0,75m acima do nível do piso;

Medições nos pontos centrais de corredores internos das unidades residenciais;

Page 164: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

155 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Na ocasião das medições não havia incidência de luz solar direta sobre os luxímetros, em nenhuma circunstância.

Observaram-se, por meio das análises (Tabela 03) e dos estudos baseados no Código de Edificações e Obras Arthur

Saboya (1929) e nas medições in loco (Tabela 04) com o auxílio do luxímetro portátil digital Center 337 lightmeter (0.000 á 40.000

lux), no apartamento do sexto pavimento do Edifício Louveira, seguindo o que estabelece a NBR 15575-1, no artigo Iluminação de

Interiores Residenciais:

Para efeito de cálculo foi utilizado o exigido pelo Código de Edificações vigente na data da aprovação do Projeto

Arquitetônico, onde a permanência prolongada (p.p.): área do piso / 7 e a permanência transitória (p.t.): área do piso /10 (Tabela

03). Para que o projeto arquitetônico fosse aprovado integralmente junto ao órgão competente, todos os ambientes projetados

teriam que ter aberturas com áreas igual ou superior ao exigido pelo setor de aprovação de plantas.

Realizados os cálculos dos pisos e das aberturas referentes à permanência prolongada ou permanência transitória,

observaram que todos os ambientes internos obedeceram ao exigido pelo Código de Edificações da época, sendo que o dormitório

do casal não atendeu ao Código de Edificações, conforme demonstrado na Tabela 03.

Sendo assim, podemos afirmar que alguns ambientes internos foram aprovados pelos órgãos competentes, mesmo não

atendendo ao exigido pelo Código Arthur Saboya.

Na análise da Tabela 04 de iluminação com medições (em lux) com luxímetro portátil in loco, alguns cuidados foram tomados

pelo autor, tais como: as medições foram realizadas em dias com cobertura de nuvens maior que 50%, sem ocorrência de

precipitações. Foram realizadas com a iluminação artificial desativada, sem a presença de obstruções opacas (janelas e cortinas

abertas, portas internas abertas, sem roupas estendidas nos varais, etc.) e no centro dos ambientes, a 0,75m acima do nível do

piso; sendo utilizada para as medições uma banqueta em madeira com exatamente a altura exigida pela NBR-15575-1, como

também o horário previsto na mesma, compreendido entre 09h00min e 15h00min.

Concluídas todas as medições (cinco vezes por ponto central), observaram que todos os ambientes internos atenderam ao

previsto na nova NBR, que é de 60 lux nas salas, dormitórios, cozinhas e lavanderias. Os banheiros tiveram medições acima de

150 lux, mesmo a NBR-15575-1 não exigindo nenhuma iluminância natural para aprovação do projeto.

Page 165: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

156 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Fig.141 – Edifício Prudência. Fonte: A. C. PALA (abr. 2014).

Page 166: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

157 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

EDIFÍCIO PRUDÊNCIA: 21.03 às 09h00min

Fig.142 – Edifício Prudência. Fonte: A. C. PALA (abr. 2014).

Page 167: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

158 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

EDIFÍCIO PRUDÊNCIA: 21.03 às 09h00min

Fig.143 – Edifício Prudência. Fonte: A. C. PALA (abr. 2013).

Page 168: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

159 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Edifício Prudência (1944) (Fig. 141): Arquitetos Rino Levi e Roberto Cerqueira César: 21 de março: 09h00min: Outono

Observaram-se, por meio das análises com base na NBR-5413 (ABNT-1992), na NBR-15575 (ABNT-2013), nos estudos baseados

no Código de Edificações e Obras Arthur Saboya (1929) e na simulação computacional do programa Relux Professional 2011,

resultados que foram analisados em todos os ambientes internos (Fig. 142 e Fig. 143) do edifício, abaixo relacionados:

Dormitório do Casal (Dormitório 04):

Iluminação natural lateral adequada no período matutino, com aberturas voltadas para a face nordeste. A abertura do ambiente

promove iluminância adequada em mais de 80% da área do dormitório. O restante, correspondente a aproximadamente 20% do

ambiente interno do dormitório, apresenta níveis de iluminância inferiores a 200 lux durante as manhãs do outono paulistano.

Dormitório das filhas (Dormitório 03):

Boa iluminação durante todo o período matutino, sendo que os quatro dormitórios projetados pelo arquiteto Rino Levi apresentam

resultados bastante semelhantes quanto à iluminação natural lateral. O dormitório 03, com abertura voltada para a face nordeste,

apresenta níveis de iluminância acima de 200 lux em mais de 60% de seu espaço, durante as manhãs do outono paulistano.

Dormitório dos filhos (Dormitório 02):

Iluminação natural lateral adequada. Dormitório com abertura voltada para a face nordeste, com iluminância semelhante à dos

outros três dormitórios. Na simulação pelo programa Relux, verificou-se iluminância acima de 200 lux em mais de 60% da área do

dormitório, nas manhãs do outono paulistano.

Dormitório de visita (Dormitório 01):

Boa iluminação durante todo o período matutino. Os quatro dormitórios projetados pelo arquiteto Rino Levi foram considerados

adequados quanto à iluminação natural lateral. O dormitório de visita, voltado para a face nordeste, apresenta níveis de iluminância

acima de 200 lux em mais de 60% da área da simulação, durante as manhãs do outono paulistano.

Page 169: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

160 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Escritório:

Ambiente interno com iluminação natural lateral adequada, sendo que mais da metade desse espaço (60%) apresenta níveis de

iluminância superiores a 200 lux. Nos resultados das simulações do Relux, verificou-se ser este um ambiente voltado para o

nordeste, com iluminância confortável em todo o seu interior, considerando-se as atividades predominantes no espaço simulado.

Salas (03 ou 04 ambientes):

Ambiente interno com iluminação natural lateral adequada. Todos os pontos apresentam medições acima de 200 lux, sendo mais

de 90% do ambiente interno com iluminância superior a 300 lux. Quanto à iluminação natural lateral, este é o ambiente do

apartamento com maior nível de iluminância em todos os pontos. As grandes aberturas voltadas para a face nordeste colaboram

com a iluminância positiva em todo o seu interior.

Copa e Cozinha:

Iluminação natural lateral inadequada em todo o interior, devido às pequenas aberturas na fachada sudoeste e às sombras

projetadas pelos edifícios do entorno. Somente em áreas muito próximas à abertura externa identificam-se pouquíssimos pontos

acima de 200 lux. Níveis de iluminância inferiores a 200 lux ocorrem em praticamente todo o ambiente interno, sendo que o espaço

necessita de iluminação artificial em parte do dia. Tais observações devem-se tanto à simulação do RELUX quanto a informações

fornecidas por moradores do edifício Prudência.

Banheiro:

Iluminação natural lateral inadequada no banheiro. Não foram encontrados pontos acima de 200 lux, sendo que o ambiente

necessita de maior iluminância em área próxima ao espelho, recorrendo-se, assim, à iluminação artificial. Comparando-se as

simulações do Relux, verifica-se que o banheiro apresenta resultados negativos.

Page 170: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

161 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Área de serviço:

Setor com pouca iluminação em todo o período matutino, devido principalmente às pequenas aberturas projetadas na fachada

sudoeste deste espaço interior. Além de iluminação natural lateral inadequada, verifica-se também pouca ventilação sudoeste,

importante para as atividades próprias desse ambiente.

Dormitório de serviço:

Iluminação natural lateral inadequada, principalmente pelo fato de sua abertura ser voltada para a face sudoeste, além de receber

a sombra projetada pelo edifício vizinho. Nenhum ponto do dormitório recebe iluminância acima de 200 lux, sendo esse ambiente

considerado inadequado para o desenvolvimento de algumas atividades características do espaço.

Banheiro de serviço:

Iluminação natural lateral inadequada. Analisando-se o ambiente, verifica-se que está localizado na face sudeste e que a pequena

abertura é obstruída pela sombra projetada pelo edifício vizinho. Quando houver necessidade de maior quantidade de luz, em área

próxima ao espelho, obrigatoriamente se recorrerá à iluminação artificial.

Considerações:

Na análise observa-se que os níveis de iluminância durante o período matutino, do outono, no Edifício Prudência, são adequados

nas salas e nos quatro dormitórios. Foram considerados inadequados quanto à iluminação natural, no período simulado e de

acordo com as atividades próprias de cada ambiente, a copa/cozinha, a lavanderia, o banheiro social e o de serviço, como também

o dormitório de serviço. Mediante as análises empreendidas, pode-se concluir que o projeto de Rino Levi privilegia a sala (3 ou 4

ambientes), sendo esse um espaço em que todos os pontos revelam excelente iluminação natural, os dormitórios, com boa

iluminância, porém os espaços de serviços apresentam iluminação natural inadequada.

Page 171: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

162 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

EDIFÍCIO PRUDÊNCIA: 22.06 às 09h00min

Fig.144 – Edifício Prudência. Fonte: A. C. PALA (abr. 2013).

Page 172: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

163 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Edifício Prudência (1944): Arquitetos Rino Levi e Roberto Cerqueira César: 22 de junho: 09h00min: Inverno

Observaram-se, por meio das análises com base na NBR-5413 (ABNT-1992), na NBR-15575 (ABNT-2013), nos estudos baseados

no Código de Edificações e Obras Arthur Saboya (1929) e na simulação computacional do programa Relux Professional 2011,

resultados que foram analisados em todos os ambientes internos (Fig. 144) do edifício, abaixo relacionados:

Dormitório do Casal (Dormitório 04):

Iluminação natural lateral adequada no período matutino, com aberturas voltadas para a face nordeste. A abertura do ambiente

promove iluminância adequada em mais de 60% da área do dormitório. A área restante, correspondente a aproximadamente 40%

do ambiente interno do dormitório, apresenta níveis de iluminância inferiores a 200 lux durante as manhãs do inverno paulistano.

Dormitório das filhas (Dormitório 03):

Boa iluminação durante todo o período matutino, sendo que os quatro dormitórios projetados pelo arquiteto Rino Levi revelam

resultados bastante semelhantes quanto à iluminação natural lateral. O dormitório 03, com abertura voltada para a face nordeste,

tem níveis de iluminância acima de 200 lux em mais de 60% do seu espaço, durante as manhãs do inverno paulistano.

Dormitório dos filhos (Dormitório 02):

Iluminação natural lateral adequada. Dormitório com abertura voltada para a face nordeste, com iluminância semelhante à dos

outros três dormitórios. Na simulação pelo programa Relux, verificou-se iluminância acima de 200 lux em mais de 60% da área do

dormitório, nas manhãs do inverno paulistano.

Page 173: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

164 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Dormitório de visita (Dormitório 01):

Boa iluminação durante todo o período matutino. Os quatro dormitórios projetados pelo arquiteto Rino Levi foram considerados

adequados quanto à iluminação natural lateral. O dormitório de visita, voltado para a face nordeste, apresenta níveis de iluminância

acima de 200 lux em mais de 60% da área da simulação, durante as manhãs do inverno paulistano.

Escritório:

Ambiente interno com iluminação natural lateral adequada, sendo que mais da metade desse espaço (60%) apresenta níveis de

iluminância superiores a 200 lux. Nos resultados das simulações do Relux, verificou-se ser este um ambiente voltado para o

nordeste, com iluminância confortável em todo o seu interior, considerando-se as atividades predominantes no espaço simulado.

Salas (03 ou 04 ambientes):

Ambiente interno com iluminação natural lateral adequada. Todos os pontos apresentam medições acima de 200 lux, sendo mais

de 90% do ambiente interno com iluminância superior a 300 lux. Quanto à iluminação natural lateral, este é o ambiente do

apartamento com maior nível de iluminância em todos os pontos. As grandes aberturas voltadas para a face nordeste colaboram

com a iluminância positiva em todo o seu interior.

Copa e Cozinha:

Iluminação natural lateral inadequada em todo o interior, devido às pequenas aberturas na fachada sudoeste e às sombras

projetadas pelos edifícios do entorno. Níveis de iluminância inferiores a 200 lux ocorrem em praticamente todo o ambiente interno,

sendo que o espaço necessita de iluminação artificial em parte do dia. Tais observações devem-se tanto à simulação do Relux

quanto a informações fornecidas por moradores do edifício Prudência.

Page 174: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

165 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Banheiro:

Iluminação natural lateral inadequada no banheiro. Não foram identificados pontos acima de 200 lux. O ambiente necessita de

maior iluminância em área próxima ao espelho, recorrendo-se, assim, à iluminação artificial. Comparando-se as simulações do

Relux, verifica-se que o banheiro apresenta resultados negativos.

Área de serviço:

Setor com pouca iluminação em todo o período matutino, principalmente no inverno, devido principalmente às pequenas aberturas

projetadas na fachada sudoeste deste espaço interior. Além de iluminação natural lateral inadequada, verifica-se também pouca

ventilação sudoeste, importante para as atividades próprias desse ambiente.

Dormitório de serviço:

Iluminação natural lateral inadequada, principalmente no inverno, pelo fato de sua abertura ser voltada para a face sudoeste, além

de sofrer a influência da sombra projetada pelo edifício vizinho. Nenhum ponto do dormitório recebe iluminância acima de 200 lux,

sendo esse ambiente considerado inadequado para o desenvolvimento de algumas atividades características desse espaço.

Banheiro de serviço:

Iluminação natural lateral inadequada. Analisando-se o ambiente, verifica-se que está localizado na face sudeste e que a pequena

abertura é obstruída pela sombra projetada pelo edifício vizinho. Quando houver necessidade de maior quantidade de luz, em área

próxima ao espelho, obrigatoriamente se recorrerá à iluminação artificial.

Page 175: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

166 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Considerações:

Na análise observa-se que os níveis de iluminância durante o período matutino, no inverno, no Edifício Prudência (Fig. 145), são

adequados nas salas e nos quatro dormitórios. Foram considerados inadequados quanto à iluminação natural, no período

simulado e de acordo com as atividades próprias de cada ambiente, a copa/cozinha, a lavanderia, o banheiro social e o de serviço,

como também o dormitório de serviço. Mediante as análises empreendidas, pode-se concluir que o projeto de Rino Levi privilegia a

sala (3 ou 4 ambientes), sendo esse um espaço em que todos os pontos revelam excelente iluminação natural, os dormitórios, com

boa iluminância, porém os espaços de serviços apresentam iluminação natural inadequada.

Fig.145 - Edifício Prudência (1944). Fonte: A. C. PALA (jan. 2013).

Page 176: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

167 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

EDIFÍCIO PRUDÊNCIA: 22.12 às 09h00min

Fig.146 – Edifício Prudência. Fonte: A. C. PALA (abr. 2013).

Page 177: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

168 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Edifício Prudência (1944): Arquitetos Rino Levi e Roberto Cerqueira César: 22 de dezembro: 09h00min: Verão

Observaram-se, por meio das análises com base na NBR-5413 (ABNT-1992), na NBR-15575 (ABNT-2013), nos estudos baseados

no Código de Edificações e Obras Arthur Saboya (1929) e na simulação computacional do programa Relux Professional 2011,

resultados que foram analisados em todos os ambientes internos (Fig. 146) do edifício, abaixo relacionados:

Dormitório do Casal (Dormitório 04):

Iluminação natural lateral adequada no período matutino, com aberturas voltadas para a face nordeste. A abertura do ambiente

promove iluminância adequada em mais de 60% da área do dormitório. A área restante, correspondente a aproximadamente 40%

do ambiente interno do dormitório, apresenta níveis de iluminância inferiores a 200 lux durante as manhãs do verão paulistano.

Dormitório das filhas (Dormitório 03):

Boa iluminação durante todo o período matutino, sendo que os quatro dormitórios projetados pelo arquiteto Rino Levi apresentam

resultados bastante semelhantes quanto à iluminação natural lateral. O dormitório 03, com abertura voltada para a face nordeste,

tem níveis de iluminância acima de 200 lux em mais de 60% de seu espaço, durante as manhãs do verão paulistano.

Dormitório dos filhos (Dormitório 02):

Iluminação natural lateral adequada. Dormitório com abertura voltada para a face nordeste, com iluminância semelhante à dos

outros três dormitórios. Na simulação pelo programa Relux, verificou-se iluminância acima de 200 lux em mais de 60% da área do

dormitório, nas manhãs do verão paulistano.

Page 178: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

169 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Dormitório de visita (Dormitório 01):

Boa iluminação durante todo o período matutino. Os quatro dormitórios projetados pelo arquiteto Rino Levi foram considerados

adequados quanto à iluminação natural lateral. O dormitório de visita, voltado para a face nordeste, apresenta níveis de iluminância

acima de 200 lux em mais de 60% da área da simulação, durante as manhãs do verão paulistano.

Escritório:

Ambiente interno com iluminação natural lateral adequada, sendo que mais da metade desse espaço (60%) apresenta níveis de

iluminância superiores a 200 lux. Nos resultados das simulações do Relux, verificou-se ser este um ambiente voltado para o

nordeste, com iluminância confortável em todo o seu interior, considerando-se as atividades predominantes no espaço simulado.

Salas (03 ou 04 ambientes):

Ambiente interno com iluminação natural lateral adequada. Todos os pontos apresentam medições acima de 200 lux, sendo mais

de 90% do ambiente interno com iluminância superior a 300 lux. Quanto à iluminação natural lateral, este é o ambiente do

apartamento com maior nível de iluminância em todos os pontos. As grandes aberturas voltadas para a face nordeste colaboram

com a iluminância positiva em todo o seu interior.

Copa e Cozinha:

Iluminação natural lateral inadequada em todo o interior, devido às pequenas aberturas na fachada sudoeste e às sombras

projetadas pelos edifícios do entorno. Níveis de iluminância inferiores a 200 lux ocorrem em praticamente todo o ambiente interno,

sendo que o espaço necessita de iluminação artificial em parte do dia. Tais observações devem-se tanto à simulação do RELUX

quanto a informações fornecidas por moradores do edifício Prudência.

Page 179: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

170 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Banheiro:

Iluminação natural lateral inadequada no banheiro. Mesmo resultando em poucos pontos acima de 200 lux, o ambiente necessita

de maior iluminância em área próxima ao espelho, recorrendo-se, assim, à iluminação artificial. Comparando-se as simulações do

Relux, verifica-se que o banheiro apresenta resultados negativos.

Área de serviço:

Setor com pouca iluminação em todo o período matutino, devido principalmente às pequenas aberturas projetadas na fachada

sudoeste deste espaço interior. Além de iluminação natural lateral inadequada, verifica-se também pouca ventilação sudoeste,

importante para as atividades próprias desse ambiente.

Dormitório de serviço:

Iluminação natural lateral inadequada, principalmente pelo fato de sua abertura ser voltada para a face sudoeste, além de sofrer a

influência da sombra projetada pelo edifício vizinho. Nenhum ponto do dormitório recebe iluminância acima de 200 lux, sendo esse

ambiente considerado inadequado para o desenvolvimento de algumas atividades características desse espaço.

Banheiro de serviço:

Iluminação natural lateral inadequada. Analisando-se o ambiente, verifica-se que está localizado na face sudeste e que a pequena

abertura é obstruída pela sombra projetada pelo edifício vizinho. Quando houver necessidade de maior quantidade de luz, em área

próxima ao espelho, obrigatoriamente se recorrerá à iluminação artificial.

Page 180: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

171 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Considerações:

Na análise observa-se que os níveis de iluminância

durante o período matutino, no verão, no Edifício

Prudência (Fig. 147), são adequados nas salas e nos

quatro dormitórios. Foram considerados inadequados

quanto à iluminação natural, no período simulado e de

acordo com as atividades próprias de cada ambiente, a

copa/cozinha, a lavanderia, o banheiro social e o de

serviço, como também o dormitório de serviço.

Mediante as análises empreendidas, pode-se concluir

que o projeto de Rino Levi privilegia a sala (3 ou 4

ambientes), sendo esse um espaço em que todos os

pontos revelam excelente iluminação natural, os

dormitórios, com boa iluminância, porém os espaços de

serviços apresentam iluminação natural inadequada.

Fig.147- Edifício Prudência (1944).

Fonte: A. C. PALA (jan. 2013).

Page 181: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

172 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

EDIFÍCIO PRUDÊNCIA: 23.04 às 9h30min (NBR-15575-1)

Fig.148 – Edifício Prudência. Fonte: A. C. PALA (abr. 2014).

Page 182: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

173 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

EDIFÍCIO PRUDÊNCIA: 23.04 às 15h30min (NBR-15575-1)

Fig.149 – Edifício Prudência. Fonte: A. C. PALA (abr. 2014).

Page 183: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

174 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

EDIFÍCIO PRUDÊNCIA: 23.10 às 9h30min (NBR-15575-1)

EDIFÍCIO PRUDÊNCIA: 23.10 às 15h30min (NBR-15575-1)

Fig.184 – Edifício Prudência. Fonte: A. C. PALA (abr. 2014).

Fig.150 – Edifício Prudência. Fonte: A. C. PALA (abr. 2014).

Page 184: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

175 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

EDIFÍCIO PRUDÊNCIA: 23.10 às 15h30min (NBR-15575-1)

Fig.151 – Edifício Prudência. Fonte: A. C. PALA (abr. 2014).

Page 185: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

176 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

SIMULAÇÕES POR MEIO DO PROGRAMA COMPUTACIONAL RELUX 2011 E A NBR-15575-1(2013): EDIFÍCIO PRUDÊNCIA

Foram realizadas simulações por meio do Software Relux Professional 2011 para verificar a iluminação natural lateral

prevista na NBR-15575-1(2013) e IS0-8995-1(2013) nos seguintes dias: 23 de abril às 09h30min e 15h30min e 23 de outubro

também às 09h30min e 15h30min.

Após as quatro simulações realizadas foram constatadas: que os níveis de iluminância durante os períodos simulados tanto

no mês de abril quanto no mês de outubro são adequados no período matutino e também no vespertino no Edifício Prudência (Fig.

148 a Fig. 151). Nas salas de estar e de jantar, verificou-se uma iluminância bem distribuída em todo o ambiente, sendo que na

área próxima das aberturas, acontece uma luz natural intensa, necessitando em alguns períodos, algum tipo de bloqueio artificial.

Os quatro dormitórios, como também o escritório, recebem luz natural adequada dur ante todo o dia, conforme verificado nas

simulações apresentadas. O setor de serviços, por estar localizado na parte posterior do edifício, recebe iluminância reduzida, se

comparada às das salas e dos dormitórios, mas bem superior ao exigido pela NBR. As duas áreas de serviços com iluminação

natural adequada, como também o dormitório de serviço. Os banheiros (social e da suíte) e os de serviço, de acordo com suas

atividades, podem ser considerados adequados.

Pode ser considerado adequado de acordo com a NBR-15575-1, mas com reduzida iluminação natural, a copa e cozinha,

onde a iluminância maior é muito próxima da abertura da cozinha, deixando o espaço destinado à copa com deficiência de luz

natural, conforme comprovado in loco, como também nas simulações realizadas e no Arquivo Histórico da Prefeitura de São Paulo.

Seguindo as mesmas críticas feitas nas análises dos Edifícios Diana e Louveira sobre a NBR-15575-1, no capítulo que trata

da iluminação natural é o baixo índice de iluminância exigido para aprovação dos projetos arquitetônicos residenciais, sendo que

alguns ambientes não são exigidos o mínimo de luz natural, como exemplo, os banheiros de uma residência, contrapondo com as

NBR’s anteriores que previam uma iluminância adequada igual ou superior a 150 lux.

Page 186: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

177 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

EDIFÍCIO PRUDÊNCIA: FOTOS OLHO DE PEIXE, DIA 22 DE MARÇO DE 2014 (PERÍODO: 09h00min às 15h00min).

Fig.152 – A. C. PALA 22.03.2014 (09h00min). Fig.153 – A. C. PALA 22.03.2014 (10h00min). Fig.188 – A. C. PALA 22.03.2014 (11h00min).

Fig.155 – A. C. PALA 22.03.2014 (13h00min). Fig.156 – A. C. PALA 22.03.2014 (14h00min). Fig.191 – A. C. PALA 22.03.2014 (15h00min).

Fig.154 – A. C. PALA 22.03.2014 (11h00min).

Fig.157 – A. C. PALA 22.03.2014 (15h00min).

Page 187: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

178 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Usando a lente olho de peixe para fotografar o Edifício Prudência:

As fotos demonstram o uso de lente olho de peixe (tipo objetiva grande angular cuja característica é proporcionar um ângulo

de 180°, resultando numa imagem com grande distorção óptica) na criação de imagens com amplo ângulo de visão, a partir de

levantamento fotográfico in loco no edifício selecionado. Nestes exemplos, com a facilidade de ajuste de distorção e correção de

inclinação, todos os requisitos para as fotografias do Edifício Prudência estão reunidos. Como o campo de visão das lentes olho de

peixe é muito maior, podem ser percebidos efeitos previamente impossíveis se o edifício fosse fotografado por uma câmera

fotográfica normal.

As fotos do exemplo (Fig.152 a Fig.157) foram tiradas com o auxílio da câmera Nikon coolpix 4500 (4.0 megapixels 4 x

zoom), com lente especial Nikon FC-E8 Fisheye Converter (olho de peixe), onde posteriormente foi sobreposta a Carta Solar de

São Paulo ( latitude 23° 37’ Sul ) , por meio do programa computacional Photoshop. Para reforço das análises foram selecionadas

seis fotos (dentre dezenas de fotos para estudos) da parte externa do Edifício Prudência.

O ângulo de cobertura na direção horizontal foi de 180°, maior do que o realizável com lentes retilíneas. Nenhum tripé foi

utilizado pelo autor das mesmas, sendo que a máquina fotográfica foi elevada em torno de trinta centímetros acima da cabeça do

fotógrafo para obter a visão completa da parte superior do edifício e a verificação da parte visível do céu. Os horários do

levantamento fotográfico foram no período compreendido entre 09h00min e 15h00min do mesmo dia (22 de março de 2014). Os

resultados foram imagens circulares, que são definidas como imagens planas com as distorções de uma lente grande angular do

tipo olho de peixe denominada também de panorama circular.

As fotos com a utilização da câmera olho de peixe para o levantamento fotográfico panorâmico semiesférico do Edifício

Prudência foram realizadas no pavimento térreo, frente à fachada principal localizada na Avenida Higienópolis, onde foram

projetados pelos arquitetos Rino Levi e Roberto Cerqueira César, a sala de estar, a sala de jantar e o escritório (setor social das

unidades residenciais) e os dormitórios 01, 02, 03 e 04 (setor íntimo das unidades residenciais), face nordeste.

Page 188: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

179 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

A partir das análises resultantes do levantamento fotográfico realizado no pavimento térreo do Edifício Prudência, verificou-

se por meio das fotos selecionadas a porcentagem de céu visível, como descritas a seguir:

Foto (Fig. 152)......22.03.2014.......09h00min.........18 % de céu visível

Foto (Fig. 153)......22.03.2014.......10h00min.........23 % de céu visível

Foto (Fig. 154)......22.03.2014.......11h00min.........28 % de céu visível

Foto (Fig. 155)......22.03.2014.......13h00min.........23 % de céu visível

Foto (Fig. 156)......22.03.2014.......14h00min.........21 % de céu visível

Foto (Fig. 157)......22.03.2014.......15h00min.........22 % de céu visível

A utilização da câmera olho de peixe para o levantamento fotográfico panorâmico semiesférico do Edifício Prudência

contribuiu com imagens para verificação do céu visível e quantidade de luz natural nos horários selecionados para os estudos do

trabalho.

Após análises das fotografias, verificou-se que o Edifício Prudência recebe luz natural adequada durante todo o dia, sendo

que a fachada principal onde se encontram o setor social dos apartamentos (sala de estar, sala de jantar e escritório) é o mais

privilegiado quanto à iluminância natural (face nordeste), como também o setor íntimo (dormitórios 01, 02, 03 e 04). Os

apartamentos dos pavimentos mais baixos (primeiro, segundo e terceiro), recebem uma proteção natural por meio das árvores do

jardim localizadas na Avenida Higienópolis contribuindo para o conforto dos ambientes internos dos apartamentos.

Page 189: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

180 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

TABELA 05: ILUMINAÇÃO E VENTILAÇÃO: PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO PAULO

EDIFÍCIO PRUDÊNCIA - TABELA DE VENTILAÇÃO E ILUMINAÇÃO

ITEM ESPAÇO ÁREA DO PISO

(m²) ILUM. EXIGIDA

(m²) ILUM. PROJ.

(m²) VENT. EXIGIDA

(m²) VENT. PROJ

(m²) P.P. OU

P.T.

1 Dormitório 1 12,12 1,73 6,00 0,86 3,00 P.P.

2 Dormitório 2 12,12 1,73 6,00 0,86 3,00 P.P.

3 Dormitório 3 12,12 1,73 6,00 0,86 3,00 P.P.

4 Dormitório 4 13,25 1,89 6,00 0,95 3,00 P.P.

5 Dormitório de serviço 7,22 1,02 1,22 0,51 0,61 P.P.

6 Estar e Jantar 50,4 7,22 33,6 3,61 16,8 P.P.

7 Banheiro 1 5,8 0,58 0,64 0,29 0,32 P.T.

8 Banheiro de serviço 1 2,62 0,26 0,64 0,13 0,32 P.T.

9 Escritório 14,7 2,12 9,69 1,06 4,84 P.P.

10 Banheiro 2 4,25 0,42 0,75 0,21 0,37 P.T.

11 Banheiro de serviço 2 2,46 0,24 0,30 0,12 0,15 P.T.

12 Copa e cozinha 38,4 3,84 0,60 1,92 0,3 P.P.

13 Área de serviço 1 12,01 1,22 0,60 0,61 0,41 P.T.

14 Área de serviço 2 4,96 0,49 0,54 0,25 0,27 P.T.

Fonte: Código de Edificações Arthur Saboya (1929). Prefeitura Municipal de São Paulo. Diagramação e Cálculo: A. C. PALA (abr. 2014). Para efeito de cálculo foi utilizado o exigido pelo Código de Edificações vigente na data da aprovação do Projeto Arquitetônico. Permanência Prolongada (P.P.): Área do Piso / 7. Permanência Transitória (P.T.): Área do Piso /10.

Page 190: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

181 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

EDIFÍCIO PRUDÊNCIA – TABELA 06: ILUMINAÇÃO COM MEDIÇÕES (EM LUX) COM LUXÍMETRO PORTÁTIL

ITEM ESPAÇO PONTO 01 PONTO 02 PONTO 03 PONTO 04 PONTO 05 PARECER

1 Dormitório 1 348 362 358 344 328 Adequada

2 Dormitório 2 368 356 346 362 350 Adequada

3 Dormitório 3 312 348 352 342 322 Adequada

4 Dormitório 4 298 312 322 308 292 Adequada

5 Dormitório de serviço 158 152 142 158 162 Adequada

6 Estar e Jantar 988 992 968 956 962 Adequada

7 Banheiro 1 192 180 178 164 184 Adequada

8 Banheiro de serviço 1 148 138 152 146 162 Adequada

9 Escritório 498 486 398 392 412 Adequada

10 Banheiro 2 198 188 184 162 162 Adequada

11 Banheiro de serviço 2 124 148 132 144 136 Adequada

12 Copa e cozinha 212 224 198 188 192 Adequada

13 Área de serviço 1 256 268 288 272 252 Adequada

14 Área de serviço 2 368 388 364 372 362 Adequada

FONTE: NBR-15575-1 (2013). Cálculos, diagramações e medições: A.C. PALA

Equipamento utilizado: Luxímetro Portátil digital Center 337 lightmeter (0.000 á 40.000 lux); Horário das medições: Período compreendido entre 09h00min à 15h00min;

Pavimento/posição: Sexto Pavimento (apartamento frontal);

Medições em dias com cobertura de nuvens maior que 50%, sem ocorrência de precipitações;

Medições realizadas com a iluminação artificial desativada, sem a presença de obstruções opacas (janelas e cortinas abertas, portas internas abertas, sem roupas estendidas nos varais, etc.);

Medições no centro dos ambientes, a 0,75m acima do nível do piso;

Na ocasião das medições não havia incidência de luz solar direta sobre os luxímetros, em nenhuma circunstância.

Page 191: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

182 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Observaram-se, por meio das análises (Tabela 05) e dos estudos baseados no Código de Edificações e Obras Arthur

Saboya (1929) e nas medições in loco (Tabela 06) com o auxílio do luxímetro portátil digital Center 337 lightmeter (0.000 á 40.000

lux), no apartamento do sexto pavimento do Edifício Prudência, seguindo o que estabelece a NBR 15575-1, no artigo Iluminação

de Interiores Residenciais:

Para efeito de cálculo foi utilizado o exigido pelo Código de Edificações vigente na data da aprovação do Projeto

Arquitetônico, onde a permanência prolongada (p.p.): área do piso / 7 e a permanência transitória (p.t.): área do piso /10 (Tabela

05). Para que o projeto arquitetônico fosse aprovado integralmente junto ao órgão competente, todos os ambientes projetados

teriam que ter aberturas com áreas igual ou superior ao exigido pelo setor de aprovação de plantas.

Realizados os cálculos dos pisos e das aberturas referentes à permanência prolongada ou permanência transitória,

observaram que todos os ambientes internos obedeceram ao exigido pelo Código de Edificações da época, sendo que a copa e

cozinha não atendeu ao Código de Edificações, conforme demonstrado na Tabela 05.

Sendo assim, podemos afirmar que alguns ambientes internos foram aprovados pelos órgãos competentes, mesmo não

atendendo ao exigido pelo Código Arthur Saboya.

Na análise da Tabela 06 de iluminação com medições (em lux) com luxímetro portátil in loco com o auxílio do aparelho digital

denominado luxímetro, alguns cuidados foram tomados pelo autor, tais como: as medições foram realizadas em dias com

cobertura de nuvens maior que 50%, sem ocorrência de precipitações. Foram realizadas com a iluminação artificial desativada,

sem a presença de obstruções opacas (janelas e cortinas abertas, portas internas abertas, sem roupas estendidas nos varais, etc.)

e no centro dos ambientes, a 0,75m acima do nível do piso; sendo utilizada para as medições uma banqueta em madeira com

exatamente a altura exigida pela NBR-15575-1, como também o horário previsto na mesma, compreendido entre 09h00min e

15h00min.

Concluídas todas as medições (cinco vezes por ponto central), observaram que todos os ambientes internos atenderam ao

previsto na nova NBR, que é de 60 lux nas salas, dormitórios, cozinhas e lavanderias. Os banheiros tiveram medições acima de

120 lux, mesmo a NBR-15575-1 não exigindo nenhuma iluminância natural para aprovação do projeto.

Page 192: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

183 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Fig.158 – Edifício Lausanne. Fonte: A. C. PALA (abr. 2014).

Page 193: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

184 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Fig.159 – Edifício Lausanne. Fonte: A. C. PALA (abr. 2013).

Page 194: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

185 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Edifício Lausanne: 21.03 às 09h00min

Fig.160 – Edifício Lausanne. Fonte: A. C. PALA (abr. 2013).

Page 195: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

186 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Edifício Lausanne (1953) (Fig. 158): Arquiteto Adolf Franz Heep: 21 de março: 09h00min: Outono

Observaram-se, por meio das análises com base na NBR-5413 (ABNT-1992), na NBR-15575 (ABNT-2013), nos estudos baseados

no Código de Edificações e Obras Arthur Saboya (1929) e na simulação computacional do programa Relux Professional 2011,

resultados que foram analisados em todos os ambientes internos (Fig. 159 e Fig. 160) do edifício, abaixo relacionados:

Dormitório do Casal (Dormitório 02):

Iluminação natural lateral adequada no período matutino, espaço com aberturas voltadas para a face nordeste. A abertura do

ambiente promove iluminância adequada em mais de 90% da área do dormitório. A área restante, aproximadamente 10% do

ambiente interno, apresenta níveis de iluminância inferiores a 200 lux, durante as manhãs do outono paulistano.

Dormitório da filha (Dormitório 01):

Boa iluminação durante todo o período matutino. Dentre os três dormitórios projetados pelo arquiteto Franz Heep, apenas dois

resultam em iluminação natural lateral bem semelhante. O dormitório 02, cuja abertura é voltada para a face nordeste, recebe

iluminância superior a 200 lux em mais de 90% de seu espaço, durante as manhãs do outono paulistano.

Dormitório do filho (Dormitório 03):

Iluminação natural lateral inadequada. A abertura é voltada para a face sudeste, e o edifício vizinho, com mais de 25 pavimentos,

projeta sua sombra durante todo o dia, fazendo com que apenas 10% de iluminância seja superior a 200 lux. Na simulação pelo

programa Relux, verificou-se iluminância abaixo de 200 lux em mais de 90% da área do dormitório, nas manhãs do outono

paulistano.

Page 196: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

187 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Salas (Estar e Jantar):

Ambiente interno com iluminação natural lateral adequada somente na sala de estar, apresentando iluminância superior a 300 lux

em praticamente todos os pontos (90%). A iluminação natural lateral da sala de jantar é inadequada em todo o interior. As grandes

aberturas voltadas para a face nordeste colaboram com a iluminância positiva somente na sala de estar, devido à localização

desse ambiente próximo à abertura lateral, o que não ocorre com a sala de jantar.

Copa e Cozinha:

Iluminação natural lateral inadequada em todo o interior, pois o ambiente apresenta pequena abertura voltada para a área de

serviço (face sudoeste), além de sofrer a influência de sombras projetadas pelos edifícios do entorno. Iluminância inferior a 200 lux

ocorre em praticamente todo o ambiente interno, sendo que o espaço necessita, na maior parte do dia, de iluminação artificial. Tais

observações resultam tanto da simulação do Relux quanto de informações colhidas em entrevistas concedidas por moradores do

edifício Lausanne.

Banheiro 01:

Iluminação natural lateral inadequada no banheiro 01. Não foram encontrados pontos acima de 200 lux e, por esse motivo, o

ambiente necessita de maior iluminância em área próxima ao espelho, recorrendo-se, assim, à iluminação artificial. Comparando-

se as simulações do Relux, verifica-se que o banheiro 01 apresenta resultados negativos.

Banheiro 02:

Iluminação natural lateral inadequada no banheiro 02. Não foram encontrados pontos acima de 200 lux e, por esse motivo, o

ambiente necessita de maior iluminância em área próxima ao espelho, recorrendo-se, assim, à iluminação artificial. Comparando-

se as simulações do Relux, verifica-se que o banheiro 02 apresenta resultados negativos.

Page 197: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

188 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Área de serviço (lavanderia):

Além de o ambiente receber iluminação natural lateral mediana, verifica-se também a ventilação sudeste, importante para as

atividades características desse espaço.

Dormitório de serviço (empregada):

Iluminação natural lateral inadequada durante todo o dia, com abertura voltada para a face sudoeste, recebendo sombra projetada

pelo edifício vizinho. Somente 20% da área do dormitório apresenta iluminância superior a 200 lux, assim sendo, mais de 80% da

área do dormitório é considerada inadequada para o desenvolvimento de algumas atividades próprias desse espaço.

Banheiro de serviço:

Iluminação natural lateral inadequada. Analisando-se o ambiente, verifica-se que está localizado na face sudoeste e sua pequena

abertura é voltada para a área de serviço. Quando houver necessidade de maior quantidade de luz, em área próxima ao espelho,

obrigatoriamente se recorrerá à iluminação artificial. Nenhum ponto atinge mais de 150 lux.

Considerações:

Na análise observa-se que os níveis de iluminância durante o período matutino, no outono, no Edifício Lausanne, são adequados

na sala de estar e em dois dormitórios. Foram considerados inadequados de acordo com suas atividades, quanto à iluminação

natural no período simulado, o dormitório do filho, a copa/cozinha, a área de serviço (lavanderia), os banheiros sociais e o de

serviço, assim como o dormitório de serviço. Mediante as análises empreendidas, pode-se concluir que o projeto de Franz Heep

privilegia a sala de estar e dois dos três dormitórios, sendo que nesses espaços todos os pontos apresentam uma excelente

iluminação natural. O dormitório 03 e os espaços de serviços, porém, revelam iluminação natural inadequada. Os apartamentos

compreendidos entre o primeiro e quinto pavimento recebem sombreamento de grandes árvores localizadas em frente ao Edifício

Lausanne.

Page 198: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

189 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Edifício Lausanne: 22.06 às 09h00min

Fig.161 – Edifício Lausanne. Fonte: A. C. PALA (abr. 2013).

Page 199: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

190 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Edifício Lausanne (1953): Arquiteto Adolf Franz Heep: 22 de junho: 09h00min: Inverno

Observaram-se, por meio das análises com base na NBR-5413 (ABNT-1992), na NBR-15575 (ABNT-2013), nos estudos baseados

no Código de Edificações e Obras Arthur Saboya (1929) e na simulação computacional do programa Relux Professional 2011,

resultados que foram analisados em todos os ambientes internos (Fig. 161) do edifício, abaixo relacionados:

Dormitório do Casal (Dormitório 02):

Iluminação natural lateral adequada no período matutino, espaço com aberturas voltadas para a face nordeste. A abertura do

ambiente proporciona iluminância adequada em mais de 90% da área do dormitório. A área restante, aproximadamente 10% do

ambiente interno, apresenta níveis de iluminância inferiores a 200 lux, durante as manhãs do inverno paulistano.

Dormitório da filha (Dormitório 01):

Boa iluminação durante todo o período matutino. Dentre os três dormitórios projetados pelo arquiteto Franz Heep, apenas dois

apresentam iluminação natural lateral bem semelhante. O dormitório 02, com abertura voltada para a face nordeste, recebe

iluminância superior a 200 lux em mais de 90% de seu espaço, durante as manhãs do inverno paulistano.

Dormitório do filho (Dormitório 03):

Iluminação natural lateral inadequada. A abertura é voltada para a face sudeste, e o edifício vizinho, com mais de 25 pavimentos,

projeta sua sombra durante todo o dia, fazendo com que apenas 10% da iluminância seja superior a 200 lux. Na simulação pelo

programa Relux, verificou-se iluminância abaixo de 200 lux em mais de 90% da área do dormitório, nas manhãs do inverno

paulistano.

Page 200: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

191 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Salas (Estar e Jantar):

Ambiente interno com iluminação natural lateral adequada somente na sala de estar, apresentando iluminância superior a 300 lux

em praticamente todos os pontos (90%). A iluminação natural lateral da sala de jantar é inadequada em todo o seu interior. As

grandes aberturas voltadas para a face nordeste colaboram com a iluminância positiva somente na sala de estar, devido à

localização, próximo à abertura lateral, o que não ocorre com a sala de jantar.

Copa e Cozinha:

Iluminação natural lateral inadequada em todo o interior, pois o ambiente apresenta pequena abertura voltada para a área de

serviço (face sudoeste), além de sofrer a influência de sombras projetadas pelos edifícios do entorno. Iluminância inferior a 200 lux

ocorre em praticamente todo o ambiente interno, sendo que o espaço necessita, na maior parte do dia, de iluminação artificial. Tais

observações resultam tanto da simulação do Relux quanto de informações colhidas em entrevistas concedidas por moradores do

edifício Lausanne.

Banheiro 01:

Iluminação natural lateral inadequada no banheiro 01. Não foram encontrados pontos acima de 200 lux e, por esse motivo, o

ambiente necessita de maior iluminância em área próxima ao espelho, recorrendo-se, assim, à iluminação artificial. Comparando-

se as simulações do Relux, verifica-se que o banheiro 01 apresenta resultados negativos.

Banheiro 02:

Iluminação natural lateral inadequada no banheiro 02. Não foram encontrados pontos acima de 200 lux e, por esse motivo, o

ambiente necessita de maior iluminância em área próxima ao espelho, recorrendo-se, assim, à iluminação artificial. Comparando-

se as simulações do Relux, verifica-se que o banheiro 02 apresenta resultados negativos.

Page 201: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

192 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Área de serviço (lavanderia):

Setor com iluminação mediana em todo o período matutino, apresentando aproximadamente 50% da iluminância acima de 200 lux,

devido, principalmente, às pequenas aberturas projetadas na fachada sudoeste do espaço interior. Além de uma iluminação

natural lateral mediana, verifica-se também ventilação sudoeste, importante para as atividades características do ambiente.

Dormitório de serviço (empregada):

Iluminação natural lateral inadequada durante todo o dia, com abertura voltada para a face sudoeste, recebendo sombra projetada

pelo edifício vizinho. Somente 20% da área do dormitório apresenta iluminância superior a 200 lux, assim sendo, mais de 80% da

área do dormitório é considerada inadequada para o desenvolvimento de algumas atividades próprias desse espaço.

Banheiro de serviço:

Iluminação natural lateral inadequada. Analisando-se o ambiente, verifica-se que está localizado na face sudoeste e sua pequena

abertura é voltada para a área de serviço. Quando houver necessidade de maior quantidade de luz, em área próxima ao espelho,

obrigatoriamente se recorrerá à iluminação artificial. Nenhum ponto atinge mais de 150 lux.

Considerações:

Na análise observa-se que os níveis de iluminância durante o período matutino, no inverno, no Edifício Lausanne são adequados

na sala de estar e em dois dormitórios. Foram considerados inadequados quanto à iluminação natural, no período simulado e de

acordo com suas atividades, o dormitório do filho, a copa/cozinha, a área de serviço (lavanderia), os banheiros sociais e o de

serviço, assim como o dormitório de serviço. Mediante as análises empreendidas, pode-se concluir que o projeto de Franz Heep

privilegia a sala de estar e dois dos três dormitórios, sendo que nesses espaços todos os pontos apresentam uma excelente

iluminação natural; porém, o dormitório 03 e os espaços de serviços revelam iluminação natural inadequada. Os apartamentos

compreendidos entre o primeiro e quinto pavimento recebem sombreamento de grandes árvores localizadas em frente ao Edifício

Lausanne.

Page 202: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

193 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Edifício Lausanne: 22.12 às 09h00min

Fig.162 – Edifício Lausanne. Fonte: A. C. PALA (abr. 2013).

Page 203: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

194 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Edifício Lausanne (1953): Arquiteto Adolf Franz Heep: 21 de dezembro: 09h00min: Verão

Observaram-se, por meio das análises com base na NBR-5413 (ABNT-1992), na NBR-15575 (ABNT-2013), nos estudos baseados

no Código de Edificações e Obras Arthur Saboya (1929) e na simulação computacional do programa Relux Professional 2011,

resultados que foram analisados em todos os ambientes internos (Fig. 162) do edifício, abaixo relacionados:

Dormitório do Casal (Dormitório 02):

Iluminação natural lateral adequada no período matutino, espaço com aberturas voltadas para a face nordeste. A abertura do

ambiente proporciona iluminância adequada em mais de 90% da área do dormitório. A área restante, aproximadamente 10% do

ambiente interno, apresenta níveis de iluminância inferiores a 200 lux, durante as manhãs do verão paulistano.

Dormitório da filha (Dormitório 01):

Boa iluminação durante todo o período matutino. Dentre os três dormitórios projetados pelo arquiteto Franz Heep, apenas dois

apresentam iluminação natural lateral bem semelhante. O dormitório 02, com abertura voltada para a face nordeste, recebe

iluminância superior a 200 lux em mais de 90% de seu espaço, durante as manhãs do verão paulistano.

Dormitório do filho (Dormitório 03):

Iluminação natural lateral inadequada. A abertura é voltada para a face sudeste, e o edifício vizinho, com mais de 25 pavimentos,

projeta sua sombra durante todo o dia, fazendo com que apenas 10% de iluminância seja superior a 200 lux. Na simulação pelo

programa Relux, verificou-se iluminância abaixo de 200 lux em mais de 90% da área do dormitório, nas manhãs do verão

paulistano.

Page 204: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

195 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Salas (Estar e Jantar):

Ambiente interno com iluminação natural lateral adequada somente na sala de estar, apresentando iluminância superior a 300 lux

em praticamente todos os pontos (90%). A iluminação natural lateral da sala de jantar é inadequada em todo o interior. As grandes

aberturas voltadas para a face nordeste colaboram com a iluminância positiva somente na sala de estar, devido à localização

desse ambiente próximo à abertura lateral, o que não ocorre com a sala de jantar.

Copa e Cozinha:

Iluminação natural lateral inadequada em todo o interior, pois o ambiente apresenta pequena abertura voltada para a área de

serviço (face sudoeste), além de receber sombras projetadas pelos edifícios do entorno. Iluminância inferior a 200 lux ocorre em

praticamente todo o ambiente interno, sendo que o espaço necessita, na maior parte do dia, de iluminação artificial. Tais

observações resultam tanto da simulação do Relux quanto de informações colhidas em entrevistas concedidas por moradores do

edifício Lausanne.

Banheiro 01:

Iluminação natural lateral inadequada no banheiro 01. Não foram encontrados pontos acima de 200 lux e, por esse motivo, o

ambiente necessita de maior iluminância em área próxima ao espelho, recorrendo-se, assim, à iluminação artificial. Comparando-

se as simulações do Relux, verifica-se que o banheiro 01 apresenta resultados negativos.

Banheiro 02:

Iluminação natural lateral inadequada no banheiro 02. Não foram encontrados pontos acima de 200 lux e, por esse motivo, o

ambiente necessita de maior iluminância em área próxima ao espelho, recorrendo-se, assim, à iluminação artificial. Comparando-

se as simulações do Relux, verifica-se que o banheiro 02 apresenta resultados negativos.

Page 205: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

196 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Área de serviço (lavanderia):

Setor com iluminação mediana em todo o período matutino, com aproximadamente 50% da iluminância acima de 200 lux, devido,

principalmente, às pequenas aberturas projetadas na fachada sudoeste desse espaço interior. Além de uma iluminação natural

lateral mediana, verifica-se também ventilação sudoeste, importante para as atividades características do ambiente.

Dormitório de serviço (empregada):

Iluminação natural lateral inadequada durante todo o dia, com abertura voltada para a face sudoeste, recebendo sombra projetada

pelo edifício vizinho. Somente 20% da área do dormitório apresenta iluminância superior a 200 lux, assim sendo, mais de 80% da

área do dormitório é considerada inadequada para o desenvolvimento de algumas atividades próprias desse espaço.

Banheiro de serviço:

Iluminação natural lateral inadequada. Analisando-se o ambiente, verifica-se que está localizado na face sudoeste e sua pequena

abertura é voltada para a área de serviço. Quando houver necessidade de maior quantidade de luz, em área próxima ao espelho,

obrigatoriamente se recorrerá à iluminação artificial. Nenhum ponto atinge mais de 150 lux.

Considerações:

Na análise observa-se que os níveis de iluminância durante o período matutino, no verão, no Edifício Lausanne são adequados na

sala de estar e em dois dormitórios. Foram considerados inadequados quanto à iluminação natural, no período simulado e de

acordo com suas atividades, o dormitório do filho, a copa/cozinha, a área de serviço, os banheiros sociais e o de serviço, assim

como o dormitório de serviço. Mediante as análises empreendidas, pode-se concluir que o projeto de Franz Heep privilegia a sala

de estar e dois dos três dormitórios, sendo que nesses espaços todos os pontos apresentam uma excelente iluminação natural;

porém, o dormitório 03 e os espaços de serviços revelam iluminação natural inadequada. Os apartamentos compreendidos entre o

primeiro e quinto pavimento recebem sombreamento de grandes árvores localizadas em frente ao Edifício Lausanne.

Page 206: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

197 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Edifício Lausanne: 23.04 às 9h30min (NBR-15575-1)

Fig.163 – Edifício Lausanne. Fonte: A. C. PALA (abr. 2014).

Page 207: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

198 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Edifício Lausanne: 23.04 às 15h30min (NBR-15575-1)

Fig.164 – Edifício Lausanne. Fonte: A. C. PALA (abr. 2014).

Page 208: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

199 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Edifício Lausanne: 23.10 às 9h30min (NBR-15575-1)

Fig.165 – Edifício Lausanne. Fonte: A. C. PALA (abr. 2014).

Page 209: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

200 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Edifício Lausanne: 23.10 às 15h30min (NBR-15575-1)

Fig.166 – Edifício Lausanne. Fonte: A. C. PALA (abr. 2014).

Page 210: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

201 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

SIMULAÇÕES POR MEIO DO PROGRAMA COMPUTACIONAL RELUX 2011 E A NBR-15575-1(2013): EDIFÍCIO LAUSANNE

Foram realizadas simulações por meio do Software Relux Professional 2011 para verificar a iluminação natural lateral

prevista na NBR-15575-1(2013) e IS0-8995-1(2013) nos seguintes dias: 23 de abril às 09h30min e 15h30min e 23 de outubro

também às 09h30min e 15h30min.

Após as quatro simulações realizadas foram constatadas: que os níveis de iluminância durante os períodos simulados tanto

no mês de abril quanto no mês de outubro são adequados no período matutino e também no vespertino no Edifício Lausanne (Fig.

163 a Fig. 166). Na sala de estar verificou-se uma iluminância bem distribuída em todo o ambiente, sendo que na área próxima das

aberturas, acontece uma luz natural intensa, necessitando em alguns períodos, algum bloqueio artificial. Os dormitórios frontais à

Avenida Higienópolis, são os que recebem maior iluminância durante o dia. Já o dormitório 03, na lateral do edifício, tem luz natural

reduzida, devido ao edifício lateral com gabarito elevado, prejudicando assim o ambiente de receber a luz natural. Na copa/cozinha

como também na sala de jantar, a luz natural é presente nos períodos matutino e vespertino, mas em escala reduzida, conforme

figuras apresentadas. A lavanderia com iluminância adequada, como também o dormitório de serviço e os banheiros de acordo

com suas atividades, podem ser considerados adequados.

Considerando que a NBR-15575-1, estabelece o valor adequado igual ou maior que 60 lux para as salas, dormitórios,

cozinhas e lavanderias, e para os banheiros, corredores, escadarias e garagens, a nova NBR não estabelece nenhum valor de

iluminância para aprovação de projetos junto aos órgãos competentes, todos os ambientes do Edifício Lausanne estão adequados

quanto à iluminação natural.

As mesmas críticas realizadas nas simulações dos Edifícios Diana, Louveira e Prudência sobre a NBR-15575-1, no capítulo

que trata da iluminação natural é o baixo índice de iluminância exigido para aprovação dos projetos arquitetônicos residenciais,

sendo que alguns ambientes não são exigidos o mínimo de luz natural, como exemplo, os banheiros de uma residência,

contrapondo com as NBR’s anteriores que previam uma iluminância adequada igual ou superior a 150 lux.

Page 211: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

202 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

EDIFÍCIO LAUSANNE: FOTOS OLHO DE PEIXE, DIA 23 DE MARÇO DE 2014 (PERÍODO: 09h00min às 15h00min).

Fig.170 – A. C. PALA 23.03.2014 (13h00min). Fig.171 – A. C. PALA 23.03.2014 (14h00min). Fig.172 – A. C. PALA 23.03.2014 (15h00min).

Fig.167 – A. C. PALA 23.03.2014 (09h00min). Fig.168 – A. C. PALA 23.03.2014 (10h00min). Fig.169 – A. C. PALA 23.03.2014 (11h00min).

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203 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Usando a lente olho de peixe para fotografar o Edifício Lausanne:

As fotos demonstram o uso de lente olho de peixe (tipo objetiva grande angular cuja característica é proporcionar um ângulo

de 180°, resultando numa imagem com grande distorção óptica) na criação de imagens com amplo ângulo de visão, a partir de

levantamento fotográfico in loco no edifício selecionado. Nestes exemplos, com a facilidade de ajuste de distorção e correção de

inclinação, todos os requisitos para as fotografias do Edifício Lausanne estão reunidos. Como o campo de visão das lentes olho de

peixe é muito maior, podem ser percebidos efeitos previamente impossíveis se o edifício fosse fotografado por uma câmera

fotográfica normal.

As fotos do exemplo (Fig. 167 a Fig. 172) foram tiradas com o auxílio da câmera Nikon coolpix 4500 (4.0 megapixels 4 x

zoom), com lente especial Nikon FC-E8 Fisheye Converter (olho de peixe), onde posteriormente foi sobreposta a Carta Solar de

São Paulo ( latitude 23° 37’ Sul ), por meio do programa computacional Photoshop. Para reforço das análises foram selecionadas

seis fotos (dentre dezenas de fotos para estudos) da parte externa do Edifício Lausanne.

O ângulo de cobertura na direção horizontal foi de 180°, maior do que o realizável com lentes retilíneas. Nenhum tripé foi

utilizado pelo autor das mesmas, sendo que a máquina fotográfica foi elevada em torno de trinta centímetros acima da cabeça do

fotógrafo para obter a visão completa da parte superior do edifício e a verificação da parte visível do céu. Os horários do

levantamento fotográfico foram no período compreendido entre 09h00min e 15h00min do mesmo dia (23 de março de 2014). Os

resultados foram imagens circulares, que são definidas como imagens planas com as distorções de uma lente grande angular do

tipo olho de peixe denominada também de panorama circular.

As fotos com a utilização da câmera olho de peixe para o levantamento fotográfico panorâmico semiesférico do Edifício

Lausanne foram realizadas no pavimento térreo, frente à fachada principal (Avenida Higienópolis), onde foram projetados pelo

arquiteto Adolf Franz Heep a sala de estar (setor social das unidades residenciais) e os dormitórios 01, 02 (setor íntimo das

unidades residenciais), face nordeste.

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204 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

A partir das análises resultantes do levantamento fotográfico realizado no pavimento térreo do Edifício Lausanne, verificou-se

por meio das fotos selecionadas a porcentagem de céu visível, como descritas a seguir:

Foto (Fig. 167)......23.03.2014.......09h00min.........28 % de céu visível

Foto (Fig. 168)......23.03.2014.......10h00min.........24 % de céu visível

Foto (Fig. 169)......23.03.2014.......11h00min.........18 % de céu visível

Foto (Fig. 170)......23.03.2014.......13h00min.........24 % de céu visível

Foto (Fig. 171)......23.03.2014.......14h00min.........26 % de céu visível

Foto (Fig. 172)......23.03.2014.......15h00min.........15 % de céu visível

A utilização da câmera olho de peixe para o levantamento fotográfico panorâmico semiesférico do Edifício Lausanne,

contribuiu com imagens para verificação do céu visível e quantidade de luz natural nos horários selecionados para os estudos do

trabalho.

Após análises das fotografias, verificou-se que o Edifício Lausanne recebe luz natural adequada durante todo o dia, sendo

que a fachada principal onde se encontra o setor social e dois dos três dormitórios dos apartamentos são os mais privilegiados

quanto à iluminância natural. Os apartamentos dos pavimentos mais baixos (primeiro ao quinto) recebem uma proteção natural por

meio das árvores do jardim e da Avenida Higienópolis, contribuindo para o conforto dos ambientes internos.

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205 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

TABELA 07: ILUMINAÇÃO E VENTILAÇÃO: PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO PAULO

EDIFÍCIO LAUSANNE - TABELA DE VENTILAÇÃO E ILUMINAÇÃO

ITEM ESPAÇO ÁREA PISO

(m²) ILUM. EXIGIDA

(m²) ILUM. PROJ.

(m²) VENT. EXIGIDA

(m²) VENT. PROJ

(m²) P.P. OU

P.T.

1 Dormitório 1 14,68 2,12 6,93 1,06 3,46 P.P.

2 Dormitório 2 14,68 2,12 6,93 1,06 3,46 P.P.

3 Dormitório 3 14,19 2,02 2,42 1,01 1,21 P.P.

4 Dormitório de serviço 6,88 0,98 1,76 0,49 0,88 P.P.

5 Estar e Jantar 60,58 8,65 10,32 4,32 5,16 P.P.

6 Banheiro 01 8,25 0,82 0,91 0,41 0,46 P.T.

7 Banheiro 02 3,62 0,36 0,36 0,18 0,18 P.T.

8 Cozinha 17,72 2,52 2,62 1,26 1,31 P.P.

9 Área de serviço 4,84 0,48 3,52 0,24 1,76 P.T.

10 Banheiro de serviço 2,34 0,23 0,32 0,12 0,16 P.T.

Fonte: Código de Edificações Arthur Saboya (1929). Prefeitura Municipal de São Paulo.

Diagramação e Cálculo: A. C. PALA (abr. 2014). Para efeito de cálculo foi utilizado o exigido pelo Código de Edificações vigente na data da aprovação do Projeto Arquitetônico. Permanência Prolongada (P.P.): Área do Piso / 7. Permanência Transitória (P.T.): Área do Piso /10.

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206 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

EDIFÍCIO LAUSANNE – TABELA 08: ILUMINAÇÃO COM MEDIÇÕES (EM LUX) COM LUXÍMETRO PORTÁTIL

ITEM ESPAÇO PONTO 01 PONTO 02 PONTO 03 PONTO 04 PONTO 05 PARECER

1 Dormitório 01 462 458 424 412 448 Adequada

2 Dormitório 02 452 424 422 440 452 Adequada

3 Dormitório 03 212 188 192 198 188 Adequada

4 Dormitório de serviço 348 352 364 328 348 Adequada

5 Estar e Jantar 248 292 312 302 288 Adequada

6 Banheiro 01 168 152 148 162 154 Adequada

7 Banheiro 02 138 128 142 140 126 Adequada

8 Cozinha 148 162 158 152 138 Adequada

9 Área de serviço 712 698 726 704 692 Adequada

10 Banheiro de serviço 122 136 116 128 132 Adequada

FONTE: NBR-15575-1 (2013).

Cálculos, diagramações e medições: A.C. PALA.

Equipamento utilizado: Luxímetro Portátil digital Center 337 lightmeter (0.000 á 40.000 lux); Horário das medições: Período compreendido entre 09h00min à 15h00min;

Pavimento/posição: Sexto Pavimento (apartamento frontal);

Medições em dias com cobertura de nuvens maior que 50%, sem ocorrência de precipitações;

Medições realizadas com a iluminação artificial desativada, sem a presença de obstruções opacas (janelas e cortinas abertas, portas internas abertas, sem roupas estendidas nos varais, etc.);

Medições no centro dos ambientes, a 0,75m acima do nível do piso;

Medições nos pontos centrais de corredores internos das unidades residenciais;

Na ocasião das medições não havia incidência de luz solar direta sobre os luxímetros, em nenhuma circunstância.

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207 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Observaram-se, por meio das análises (Tabela 07) e dos estudos baseados no Código de Edificações e Obras Arthur

Saboya (1929) e nas medições in loco (Tabela 08) com o auxílio do luxímetro portátil digital Center 337 lightmeter (0.000 á 40.000

lux), no apartamento do sexto pavimento do Edifício Lausanne, seguindo o que estabelece a NBR 15575-1, no artigo Iluminação

de Interiores Residenciais:

Para efeito de cálculo foi utilizado o exigido pelo Código de Edificações vigente na data da aprovação do Projeto

Arquitetônico, onde a permanência prolongada (p.p.): área do piso / 7 e a permanência transitória (p.t.): área do piso /10 (Tabela

07). Para que o projeto arquitetônico fosse aprovado integralmente junto ao órgão competente, todos os ambientes projetados

teriam que ter aberturas com áreas igual ou superior ao exigido pelo setor de aprovação de plantas.

Realizados os cálculos dos pisos e das aberturas referentes à permanência prolongada ou permanência transitória,

observaram que todos os ambientes internos obedeceram ao exigido pelo Código de Edificações da época, conforme demonstrado

na Tabela 07.

Sendo assim, podemos comprovar que todos os ambientes internos foram aprovados pelos órgãos competentes, atendendo

ao exigido pelo Código Arthur Saboya.

Na análise da Tabela 08 de iluminação com medições (em lux) com luxímetro portátil in loco com o auxílio do aparelho digital

denominado luxímetro, alguns cuidados foram tomados pelo autor, tais como: as medições foram realizadas em dias com

cobertura de nuvens maior que 50%, sem ocorrência de precipitações. Foram realizadas com a iluminação artificial desativada,

sem a presença de obstruções opacas (janelas e cortinas abertas, portas internas abertas, sem roupas estendidas nos varais, etc.)

e no centro dos ambientes, a 0,75m acima do nível do piso; sendo utilizada para as medições uma banqueta em madeira com

exatamente a altura exigida pela NBR-15575-1, como também o horário previsto na mesma, compreendido entre 09h00min e

15h00min.

Concluídas todas as medições (cinco vezes por ponto central), observaram que todos os ambientes internos atenderam ao

previsto na nova NBR, que é de 60 lux nas salas, dormitórios, cozinhas e lavanderias. Os banheiros tiveram medições acima de

120 lux, mesmo a NBR-15575-1 não exigindo nenhuma iluminância natural para aprovação do projeto.

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208 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

CONSIDERAÇÕES FINAIS:

As análises e as interpretações dos resultados visuais e numéricos para os dados de fração de luz / imagem e em lux, foram

obtidas a partir das simulações de luz natural para os quatro edifícios residenciais elencados, quais sejam: o Edifício Diana

(arquiteto Victor Reif), o Edifício Lausanne (arquiteto Adolf Franz Heep), o Edifício Louveira (arquitetos Carlos Cascaldi e João

Baptista Vilanova Artigas) e o Edifício Prudência (arquitetos Rino Levi e Roberto Cerqueira César), que foram agrupados pela

similaridade dos parâmetros de ocupação, resultando em cinco horários de simulações.

A avaliação da Iluminação natural nos edifícios elencados para a tese contou também com a análise da iluminação em

valores numéricos (dados em lux) para cada situação previamente descrita, com a utilização do programa Relux Professional

2011. Os dados resultantes foram organizados pelo número da simulação referente, para cada orientação de divisa (N, NE, E, SE,

SO, O e NO). O programa Relux fornece também dados numéricos de iluminância, para o valor mínimo, médio e máximo, e de

uniformidade, para os valores médios e máximos.

Pode-se observar que eventuais valores excessivos de iluminância interna podem ser controlados por meio de recursos

arquitetônicos móveis ou fixos, de forma a reduzi-los ao mesmo tempo em que se mantém a iluminação natural desejada. Com os

dados de fração de luz devidamente analisados, partiu-se para a análise das iluminâncias internas no ambiente único das

edificações-teste, utilizando-se o programa Relux Professional 2011.

Para as análises, foram selecionadas as três diferentes horas de corte determinadas anteriormente para cada divisa:

09h00min, 12h00min e 15h00min, no solstício de verão, nos equinócios de outono e de primavera e no solstício de inverno.

Adotou-se, como valor de referência para iluminância, o estabelecido pela Norma ABNT NBR- 5413 (1992), que determina o nível

médio de iluminação igual a 150 lux, no caso de ambientes de estar em edifícios residenciais. Também foi atendida a

recomendação da ABNT NBR 15215-3 (2005), que trata de iluminação natural, na qual se sugere, para procedimentos de

determinação da mesma, em ambientes internos, a realização de simulações com o nível de iluminamento para o plano horizontal

igual a 0,75m. Em seguida, foi utilizada a ABNT NBR 15575-1, NBR recente, datada do ano passado (2013), onde são solicitadas

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209 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

medições em dois dias distintos: 23 de abril e 23 de outubro, nos seguintes horários: 09h30min e 15h30min, estabelecendo uma

iluminação adequada igual ou superior a 60 lux. O programa Relux Professional 2011, apresentou os resultados das simulações

para iluminâncias em dados numéricos e em representações gráficas (representação das áreas com valores similares, como

manchas coloridas no plano de referência). Os dados de iluminância são apresentados em valores médios, mínimos e máximos.

Analisando-se os resultados obtidos a partir das simulações realizadas com o programa computacional Relux, verificou-se

que a utilização do máximo potencial permitido pela legislação para a ocupação de lotes destinados ao uso de edifícios

residenciais, prática facilmente observada nas construções da cidade de São Paulo, somada à incipiente influência dos parâmetros

de ocupação atuais para garantir o acesso da luz natural, produzem, como resultado, edifícios com acesso por vezes desprezível

ao aquecimento e à iluminação naturais promovidos pelo sol. Essa utilização acontece em decorrência de parâmetros de uso e

ocupação do solo definidos sem que, aparentemente, houvesse preocupação com sua relação direta ao provimento de acesso

solar. Assim, a combinação entre os valores elevados de altura máxima e os afastamentos laterais mínimos, ou mesmo

inexistentes, resulta em situações cujas sombras poderão causar a obstrução da luz natural, total ou parcialmente, nas aberturas

dos edifícios residenciais.

Edifícios residenciais de Higienópolis, projetados nos anos de 1940–1960, tinham como construções vizinhas residências

térreas ou assobradadas, de acordo com levantamentos no Arquivo Histórico de São Paulo. Atualmente, edifícios residenciais de

grande porte circundam os edifícios pesquisados, prejudicando a luz natural que havia na época de suas construções.

Um segundo fator levantado, que interfere de forma pontual no acesso de luz natural, diz respeito à orientação das divisas

dos edifícios pesquisados. O Código de Edificações e Obras de São Paulo, Arthur Saboya, de 19 de novembro de 1929, não

contemplava a necessidade de se propor recomendações para promover a implantação de vias com orientações mais favoráveis

para permitir o melhor aproveitamento da luz natural. A cultura de aproveitamento máximo da área de terrenos deveria

ser reavaliada, a fim de que os recuos dos edifícios residenciais deixassem de ser encarados pelos proprietários como áreas

ociosas, para passarem a ser entendidas como elementos imprescindíveis à promoção da qualidade espacial e dos benefícios que

o acesso da luz natural pode proporcionar.

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210 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Atualmente a sociedade experimenta um momento histórico, no qual a escassez de recursos naturais, a necessidade de

redução do consumo de fontes energéticas não renováveis e o aumento da utilização de fontes de energia alternativas assumem

grande importância. A luz natural, diante desse cenário, desponta como uma solução eficiente, inesgotável e de custo zero.

Os resultados para valores de fração de luz / imagem e iluminância nos quatro edifícios selecionados foram obtidos a partir

de simulações do Relux, nas quatro estações do ano e nos três horários escolhidos: 09h00min, 12h00min e 15h00min, como

também os dois novos horários previstos na ABNT NBR-15575-1(2013), 09h30min e 15h30min. Vale lembrar que é possível

realizar as simulações em qualquer horário do dia, mas, para que não se obtivesse um número exagerado de resultados,

foram determinados os cinco horários mais usuais nos estudos da iluminação natural. A correlação entre esses valores e os dados

de iluminância permaneceu baixa em alguns ambientes internos dos apartamentos, principalmente nos ambientes de serviço. Os

maiores valores para iluminância média estão concentrados na orientação N, depois nas orientações NE e NO, seguidas das E e

O, fenômeno causado pela maior disponibilidade de luz natural apresentada para essas orientações no inverno.

Com base nas análises dos dados, pode-se concluir que para implantações dimensionadas conforme os parâmetros legais, a

disponibilidade da iluminância está muito mais relacionada ao eventual favorecimento natural acidental da orientação da divisa do

que a mecanismos legais de provimento do acesso da iluminação natural. Esses resultados podem também sugerir uma relação

diretamente proporcional entre a área da implantação e a fração de luz / imagem. Lotes maiores proporcionam melhor

aproveitamento do acesso da luz natural, ao mesmo tempo em que diminuem a restrição volumétrica, como é o caso dos edifícios

Louveira e Prudência, edifícios com iluminação natural bem distribuída nos dormitórios e nas salas de todos os apartamentos. No

edifício Louveira, Artigas e Cascaldi, trabalharam a luz natural principalmente nos dormitórios e na sala de estar, o mesmo

acontecendo com o edifício Prudência, onde Rino Levi privilegiou os quatro dormitórios e as salas com luz natural adequada, em

detrimento dos ambientes de serviço que tiveram a iluminância reduzida. Similarmente aos resultados para legislação, os maiores

valores para iluminância média estão concentrados nas orientações NE e NO, seguidas das orientações E e O, comportamento

que pode ter sido causado pela maior disponibilidade de luz natural apresentada para essas orientações. No projeto do edifício

Diana, Victor Reif trabalhou uma iluminação adequada tanto nas salas quanto nos ambientes de serviço, promovendo iluminação

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natural adequada, mas reduzida aos dormitórios do casal e dos filhos, devido, principalmente, ao corredor existente entre os

dormitórios dos filhos e as aberturas externas. No edifício Lausanne, por sua vez, o arquiteto Adolf Franz Heep projetou os

apartamentos privilegiando principalmente a sala de estar e dois dos três dormitórios, todos voltados para a face nordeste. Na sala

de jantar, no terceiro dormitório, na cozinha e em toda a parte de serviços, a iluminação natural é reduzida se comparada aos

ambientes do setor social e dos dois dormitórios dos apartamentos. Com exceção da orientação N, os valores de iluminância

mínima para implantações, salvo algumas exceções, não atingiram o valor médio de 150 lux, conforme recomendado para

ambientes de estar em edifícios residenciais, constante na Norma ABNT NBR- 5413 (1992), fatores que acontecem em alguns

ambientes dos edifícios Diana e Lausanne.

Os estudos de casos realizados nos quatro edifícios selecionados mostraram a importância da luz natural na concepção

arquitetônica nos projetos residenciais, mesmo que em alguns casos os arquitetos não seguiam à risca o Código de Edificações

vigente, conforme comprovado em alguns espaços internos dos edifícios Diana (dormitório do casal e dormitórios dos filhos) e

Prudência (copa e cozinha).

É importante destacar que a pesquisa desenvolveu estudos de casos em um bairro verticalizado de cidade de São Paulo,

com uma grande variedade de exemplos de arquitetura moderna. Assim o que se observa, por meio dos diversos estudos

aplicados na pesquisa, a importância da luz natural na maior parte dos espaços internos dos edifícios elencados.

Portanto, a partir dos resultados obtidos na pesquisa é possível identificar alguns parâmetros norteadores para a luz natural

lateral na concepção dos projetos dos edifícios residenciais:

a. Incentivar a utilização da luz natural nos projetos residenciais;

b. Valorizar a iluminação natural em cada espaço interior do projeto arquitetônico;

c. Criar mecanismos para a luz natural seja obrigatória em todos os ambientes;

d. Estender a utilização da luz natural para todos os ambientes internos dos projetos comerciais e institucionais;

e. Rever a NBR-15575-1 no capítulo que trata da iluminação natural.

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A nova NBR-15575-1 reduziu drasticamente a iluminância interna nos projetos arquitetônicos, considerando adequado

valor igual ou maior que 60 lux para dormitórios, salas, copa e cozinha e áreas de serviços. Não exigindo nenhuma

iluminação natural para banheiros, corredores, escadarias, garagens e estacionamentos.

Em uma análise final, após todas as pesquisas realizadas sobre a iluminação natural, seja pelo Código de Obras e

Edificações Arthur Saboya, utilizado como parâmetro na aprovação dos projetos dos edifícios selecionados, como também pelas

medições dos pontos dos ambientes internos dos apartamentos dos edifícios com o luxímetro portátil, pelas simulações realizadas

por meio do programa computacional Relux Professional 2011, pelas análises comparativas e verificações por meio das ABNT

NBR- 5413 (1992), ABNT NBR-15575-1(2013); a resposta para as hipóteses:

Os arquitetos modernos, na concepção arquitetônica dos projetos residenciais verticalizados, levavam em consideração a luz

natural e o seu controle, entendidos como fatores importantes, expressos por meio das características das aberturas nas fachadas,

nos ambientes das edificações. A iluminação natural lateral teve um papel preponderante nos projetos residenciais verticalizados:

tal afirmação se verifica nos exemplos dos edifícios residenciais de Higienópolis?

Sim, os arquitetos modernistas levavam em consideração a iluminação natural adequada em todos os ambientes internos

dos apartamentos, principalmente com o setor íntimo e social, nos projetos dos edifícios residenciais pesquisados de Higienópolis,

deixando o setor de serviços com menor iluminação natural em alguns ambientes internos, conforme comprovado por meio das

simulações computacionais, medições in loco com instrumentos apropriados realizados nos edifícios Diana, Lausanne, Louveira e

Prudência.

Esta pesquisa propôs, portanto, uma discussão sobre a luz natural lateral na concepção dos projetos arquitetônicos. Espera-

se que a partir destas ponderações possam surgir novos questionamentos e proposições sobre o tema da iluminação natural.

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APÊNDICE A:

EDIFÍCIO DIANA: 21/03 às 12h00min

Fig.173 – Edifício Diana. Fonte: A. C. PALA (abr. 2013).

Page 231: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

222 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Edifício Diana (1954): Arquiteto Victor Reif: 21 de março: 12h00min: Outono

Observaram-se, por meio das análises com base na NBR-5413 (ABNT-1992), na NBR-15575 (ABNT-2013), nos estudos baseados

no Código de Edificações e Obras Arthur Saboya (1929) e na simulação computacional do programa Relux Professional 2011,

resultados que foram analisados em todos os ambientes internos (Fig. 173) do edifício, abaixo relacionados:

Dormitório do Casal:

Pouca iluminação natural lateral ao meio-dia, com aberturas voltadas para a face sudoeste. Pequena abertura no ambiente, com

iluminância adequada para leitura ou escrita somente em área próxima à janela, pois o dormitório apresenta 20% de área com

iluminação adequada. O restante do dormitório, aproximadamente 80% do ambiente interno, tem iluminância abaixo de 200 lux

durante as manhãs do outono paulistano.

Dormitório de visita:

Boa iluminação ao longo de todo o período matutino, sendo, dentre os quatro dormitórios projetados pelo arquiteto Victor Reif, o de

maior iluminação natural lateral. O dormitório voltado para a face noroeste tem iluminância acima de 200 lux, superior a 80% da

área da simulação, durante as manhãs do outono paulistano.

Dormitórios dos filhos:

Iluminação natural lateral inadequada, tanto quanto na simulação realizada às 9h00min. Dormitórios voltados para a face noroeste,

mas com as aberturas voltadas para uma circulação entre as alvenarias dos ambientes e a fachada noroeste, impedindo a

incidência do sol nas aberturas dos dormitórios. Na simulação por meio do programa Relux, verificou-se que nenhum ponto dos

dormitórios resulta em iluminância acima de 200 lux. Frente a uma necessidade de leitura ou escrita, o morador recorrerá à

iluminação artificial. Circulação com luz natural superior a 1000 lux.

Page 232: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

223 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Salas (03 ou 04 ambientes):

Ambiente interno com iluminação natural lateral adequada, com apenas duas áreas abaixo de 200 lux e mais de 90% do ambiente

interno com iluminância superior a 300 lux. Quanto à iluminação natural lateral, as salas configuram-se como o ambiente do

apartamento com maior iluminância em todo o seu interior.

Copa e Cozinha:

Iluminação natural lateral adequada em todo o interior, devido às grandes aberturas na fachada sudeste. Mais da metade do

ambiente interno tem iluminância superior a 200 lux, e o espaço oposto com aproximadamente 200 lux.

Banheiros:

Iluminação natural lateral adequada nos dois banheiros (suíte e social) e também no lavabo. Mesmo apresentando áreas acima de

200 lux, os ambientes necessitam de maior iluminância nas áreas próximas aos espelhos, sendo necessário que se recorra à

iluminação artificial. Comparando-se as simulações do Relux, verifica-se que os banheiros revelam resultados positivos.

Área de serviço:

Setor bem iluminado ao meio dia, devido, principalmente, às grandes aberturas projetadas na fachada sudeste desse espaço

interior. Além de iluminação natural lateral adequada ao ambiente, verifica-se também uma ventilação sudeste, importante para as

atividades do ambiente.

Dormitórios de serviço:

Iluminação natural lateral inadequada, principalmente devido ao fato de suas aberturas serem voltadas para a lavanderia, em vez

de voltadas para a parte externa do edifício. Nenhum ponto dos dormitórios apresenta iluminância acima de 200 lux, considerada

inadequada para o desenvolvimento de algumas atividades.

Page 233: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

224 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Banheiro de serviço:

Iluminação natural inadequada, mas analisando-se o ambiente denota-se que, quando houver necessidade de maior quantidade

de luz em área próxima ao espelho, o morador recorrerá à iluminação artificial.

Considerações:

Na análise observa-se que os níveis de iluminância da simulação ao meio-dia, no outono, no Edifício Diana (Fig. 174 e Fig. 175),

são adequados nas salas, nos dormitórios do casal e de visita, na copa/cozinha e na lavanderia. Os níveis de iluminância nos

banheiros social e da suíte e no lavabo, de acordo com suas atividades, podem ser considerados adequados, e apresentam-se

inadequados nos dormitórios dos filhos, nos de serviço e no banheiro de serviço.

Fig.174 - Edifício Diana (1954). Fonte: A. C. PALA (jan. 2013).

Fig.175 - Edifício Diana (1954). Fonte: A. C. PALA (jan. 2013).

Page 234: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

225 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

EDIFÍCIO DIANA: 21/03 às 15h00min

Fig.176 – Edifício Diana. Fonte: A. C. PALA (abr. 2013).

Page 235: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

226 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Edifício Diana (1954): Arquiteto Victor Reif: 21 de março: 15h00min: Outono

Observaram-se, por meio das análises com base na NBR-5413 (ABNT-1992), na NBR-15575 (ABNT-2013), nos estudos baseados

no Código de Edificações e Obras Arthur Saboya (1929) e na simulação computacional do programa Relux Professional 2011,

resultados que foram analisados em todos os ambientes internos (Fig. 176) do edifício, abaixo relacionados:

Dormitório do Casal:

Pouca iluminação natural lateral no período vespertino, com aberturas voltadas para a face sudoeste. Pequena abertura no

ambiente, com iluminância adequada para leitura ou escrita somente em área próxima à janela, pois o dormitório apresenta menos

de 20% de área com iluminação adequada. O restante da área do dormitório, aproximadamente 80% do ambiente interno,

apresenta iluminância abaixo de 200 lux durante as tardes do outono paulistano.

Dormitório de visita:

Boa iluminação durante todo o período vespertino, sendo, dentre os quatro dormitórios projetados pelo arquiteto Victor Reif, o de

maior iluminação natural lateral. O dormitório, voltado para a face noroeste, apresenta iluminância acima de 200 lux durante as

tardes do outono paulistano.

Dormitórios dos filhos:

Iluminação natural lateral inadequada. Dormitórios voltados para a face noroeste, mas com as aberturas direcionadas para uma

circulação entre as alvenarias dos ambientes e a fachada noroeste, impedindo a incidência do sol nas aberturas dos dormitórios.

Na simulação por meio do programa Relux, verificou-se que nenhum ponto dos dormitórios resulta em iluminância acima de 200

lux. Em caso de necessidade de leitura ou escrita, o morador recorrerá à iluminação artificial. Circulação externa com iluminância

acima de 1000 lux.

Page 236: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

227 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Salas (03 ou 04 ambientes):

Ambiente interno com iluminação natural lateral adequada, com apenas duas áreas abaixo de 200 lux e mais de 90% do ambiente

interno com iluminância superior a 300 lux, com medições acima de 1000 lux em 30% da área das salas. Quanto à iluminação

natural lateral, as salas configuram-se como o ambiente do apartamento com maior iluminância em todo o seu interior.

Copa e Cozinha:

Iluminação natural lateral adequada em todo o interior, devido às grandes aberturas na fachada sudeste. Mais da metade do

ambiente interno tem iluminância superior a 200 lux, sendo que no espaço oposto às aberturas verificaram-se medições de 200

lux.

Banheiros:

Iluminação natural lateral adequada nos dois banheiros (suíte e social) e também no lavabo. Mesmo apresentando poucos pontos

acima de 200 lux, os ambientes necessitam de maior iluminância na área próxima ao espelho, sendo necessário que se recorra à

iluminação artificial. Comparando-se as simulações do Relux, verifica-se que os banheiros revelam resultados positivos.

Área de serviço:

Setor bem iluminado em todo o período vespertino, devido, principalmente, às grandes aberturas projetadas na fachada sudeste

desse espaço interior. Além de uma iluminação natural adequada ao ambiente, verifica-se também uma ventilação sudeste,

importante para as atividades próprias do ambiente.

Page 237: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

228 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Dormitórios de serviço:

Iluminação natural lateral inadequada, principalmente devido ao fato de suas aberturas serem voltadas para a lavanderia, e não

para a parte externa do edifício. Nenhum ponto dos dormitórios tem iluminância acima de 200 lux, considerada inadequada para o

desenvolvimento de algumas atividades.

Banheiro de serviço:

Iluminação natural inadequada, mas analisando-se o ambiente denota-se que, quando houver necessidade de maior quantidade

de luz em área próxima ao espelho, o morador recorrerá à iluminação artificial.

Considerações:

Na análise observa-se que os níveis de iluminância durante o período vespertino, no outono, no Edifício Diana (Fig. 177), são

adequados nas salas, nos dormitórios do casal e de visita, na copa/cozinha e na lavanderia. Os banheiros (social e da suíte) e o

lavabo, de acordo com suas atividades, podem também ser considerados adequados. Podem ser considerados inadequados os

dormitórios dos filhos, os dormitórios e o banheiro de serviço.

Fig.177 - Edifício Diana (1954). Fonte: A. C. PALA (jan. 2013).

Page 238: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

229 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

EDIFÍCIO DIANA: 22/06 às 12h00min

Fig.178 – Edifício Diana. Fonte: A. C. PALA (abr. 2013.)

Page 239: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

230 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Edifício Diana (1954): Arquiteto Victor Reif: 22 de junho: 12h00min: Inverno

Observaram-se, por meio das análises com base na NBR-5413 (ABNT-1992), na NBR-15575 (ABNT-2013), nos estudos baseados

no Código de Edificações e Obras Arthur Saboya (1929) e na simulação computacional do programa Relux Professional 2011,

resultados que foram analisados em todos os ambientes internos (Fig. 178) do edifício, abaixo relacionados:

Dormitório do Casal:

Pouca iluminação natural lateral ao meio-dia, com aberturas voltadas para a face sudoeste. Pequena abertura no ambiente, com

iluminância adequada para leitura ou escrita somente em área próxima à janela, pois o dormitório apresenta menos de 20% de

área com iluminação adequada. O restante do dormitório, aproximadamente 80% do ambiente interno, apresenta iluminância

abaixo de 200 lux no inverno paulistano, no momento da simulação.

Dormitório de visita:

Boa iluminação ao meio-dia, sendo, dentre os quatro dormitórios projetados pelo arquiteto Victor Reif, o de maior iluminação

natural lateral. O dormitório voltado para a face noroeste recebe iluminância superior a 200 lux.

Dormitórios dos filhos:

Iluminação natural lateral inadequada. Dormitórios voltados para a face noroeste, mas com as aberturas voltadas para uma

circulação entre as alvenarias dos ambientes e a fachada noroeste, impedindo a incidência do sol nas aberturas dos dormitórios.

Na simulação por meio do programa Relux, verificou-se que nenhum ponto dos dormitórios resulta em iluminância acima de 200

lux. Em caso de necessidade de leitura ou escrita, o morador recorrerá à iluminação artificial, principalmente no inverno.

Page 240: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

231 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Salas (03 ou 04 ambientes):

Ambiente interno com iluminação natural lateral adequada, com apenas duas áreas abaixo de 200 lux e mais de 90% do ambiente

interno com iluminância superior a 300 lux. Quanto à iluminação natural lateral, as salas configuram-se como o ambiente do

apartamento com maior nível de iluminância em todo o seu interior.

Copa e Cozinha:

Iluminação natural lateral adequada em todo o interior, devido às grandes aberturas na fachada sudeste. Mais da metade do

ambiente interno recebe iluminância superior a 200 lux, sendo que no espaço oposto às aberturas verificaram-se medições de 200

lux.

Banheiros:

Iluminação natural lateral adequada nos dois banheiros (suíte e social) e também no lavabo. Mesmo apresentando poucos pontos

acima de 200 lux, os ambientes necessitam de maior iluminância em área próxima ao espelho, sendo necessário que se recorra à

iluminação artificial. Comparando-se as simulações do Relux, verifica-se que os banheiros revelam resultados positivos.

Área de serviço:

Setor bem iluminado ao meio-dia, devido, principalmente, às grandes aberturas projetadas na fachada sudeste deste espaço

interior. Além de uma iluminação natural lateral adequada ao ambiente, verifica-se também uma ventilação sudeste, importante

para as atividades próprias do ambiente.

Page 241: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

232 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Dormitórios de serviço:

Iluminação natural lateral inadequada, principalmente devido ao fato de suas aberturas serem voltadas para a lavanderia e não

para a parte externa do edifício. Nenhum ponto dos dormitórios apresenta iluminância acima de 200 lux, considerada inadequada

para o desenvolvimento de algumas atividades.

Banheiro de serviço:

Iluminação natural lateral inadequada, mas analisando-se o ambiente denota-se que, quando houver necessidade de maior

quantidade de luz em área próxima ao espelho, o morador recorrerá à iluminação artificial.

Considerações:

Na análise observa-se que os níveis de iluminância ao meio-dia, no inverno paulistano, no Edifício Diana (Fig. 179), são

adequados nas salas, no dormitório de visita, na copa/cozinha e na lavanderia. Os banheiros (social e da suíte) e o lavabo, de

acordo com suas atividades, podem ser considerados adequados. Os dormitórios do casal, dos filhos, de serviço e o banheiro de

serviço podem ser considerados inadequados, quanto à iluminação natural.

Fig.179 - Edifício Diana (1954).

Fonte: A. C. PALA (jan. 2013).

Page 242: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

233 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

EDIFÍCIO DIANA: 22/06 às 15h00min

Fig.180 – Edifício Diana. Fonte: A. C. PALA (abr. 2013).

Page 243: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

234 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Edifício Diana (1954): Arquiteto Victor Reif: 22 de junho: 15h00min: Inverno

Observaram-se, por meio das análises com base na NBR-5413 (ABNT-1992), na NBR-15575 (ABNT-2013), nos estudos baseados

no Código de Edificações e Obras Arthur Saboya (1929) e na simulação computacional do programa Relux Professional 2011,

resultados que foram analisados em todos os ambientes internos (Fig. 180) do edifício, abaixo relacionados:

Dormitório do Casal:

Pouca iluminação natural lateral no período vespertino, com aberturas voltadas para a face sudoeste. Pequena abertura no

ambiente, com iluminância adequada para leitura ou escrita somente em área próxima à janela, pois o dormitório apresenta menos

de 20% de área com iluminação adequada. O restante do dormitório, aproximadamente 80% do ambiente interno, apresenta

iluminância abaixo de 200 lux durante as tardes do inverno paulistano.

Dormitório de visita:

Boa iluminação durante todo o período vespertino, sendo, dentre os quatro dormitórios projetados pelo arquiteto Victor Reif, o de

maior iluminação natural lateral. O dormitório voltado para a face noroeste tem uma iluminância acima de 200 lux durante as tardes

do inverno paulistano.

Dormitórios dos filhos:

Iluminação natural lateral inadequada. Dormitórios voltados para a face noroeste, mas com as aberturas voltadas para uma

circulação entre as alvenarias dos ambientes e a fachada noroeste, impedindo a incidência do sol nas aberturas dos dormitórios.

Na simulação por meio do programa Relux, verificou-se que nenhum ponto dos dormitórios resulta em iluminância acima de 200

lux. Em caso de necessidade de leitura ou escrita, o morador deverá recorrer à iluminação artificial. Circulação bem iluminada.

Page 244: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

235 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Salas (03 ou 04 ambientes):

Ambiente interno com iluminação natural lateral adequada, com poucos pontos abaixo de 200 lux e mais de 90% do ambiente

interno com iluminância superior a 300 lux. Quanto à iluminação natural lateral, as salas configuram-se como o ambiente do

apartamento com maior nível de iluminância em todo o seu interior.

Copa e Cozinha:

Iluminação natural lateral adequada em 50% do interior, devido às grandes aberturas na fachada sudeste. Mais da metade do

ambiente interno tem iluminância superior a 200 lux, sendo que no espaço oposto às aberturas, verificaram-se medições de até

200 lux.

Banheiros:

Iluminação natural lateral inadequada nos dois banheiros (suíte e social) e também no lavabo. Mesmo apresentando poucos

pontos acima de 200 lux, os ambientes necessitam de maior iluminância na área próxima ao espelho, sendo necessário que se

recorra, assim, à iluminação artificial, comparando as simulações do Relux.

Área de serviço:

Setor bem iluminado em todo o período vespertino, devido, principalmente, às grandes aberturas projetadas na fachada sudeste

desse espaço interior. Além de uma iluminação natural lateral adequada ao ambiente, verifica-se também uma ventilação sudeste,

importante para as atividades do ambiente.

Dormitórios de serviço:

Iluminação natural lateral inadequada, principalmente devido ao fato de as aberturas serem voltadas para a lavanderia, e não para

Page 245: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

236 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

a parte externa do edifício. Nenhum ponto dos dormitórios recebe iluminância acima de 200 lux, considerada inadequada pela

norma para o desenvolvimento de algumas atividades.

Banheiro de serviço:

Iluminação natural lateral inadequada, mas, analisando-se o ambiente, denota-se que, quando houver necessidade de maior

quantidade de luz (espelho), o morador recorrerá à iluminação artificial.

Considerações:

Na análise observa-se que os níveis de iluminância durante o período vespertino, no inverno, no Edifício Diana (Fig. 181 e Fig.

182), são adequados nas salas, no dormitório de visita, na copa/cozinha e na lavanderia. Podem ser considerados inadequados,

quanto à iluminação natural, os dormitórios do casal, dos filhos, de serviço, os banheiros (social e da suíte), o de serviço e o

lavabo.

Fig.181 - Edifício Diana (1954).

Fonte: A. C. PALA (jan. 2013).

Fig.182 - Edifício Diana (1954). Fonte: A. C. PALA (jan. 2013).

Page 246: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

237 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

EDIFÍCIO DIANA: 22/12 às 12h00min

Fig.183 – Edifício Diana. Fonte: A. C. PALA (abr. 2013).

Page 247: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

238 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Edifício Diana (1954): Arquiteto Victor Reif: 22 de dezembro: 12h00min: Verão

Observaram-se, por meio das análises com base na NBR-5413 (ABNT-1992), na NBR-15575 (ABNT-2013), nos estudos baseados

no Código de Edificações e Obras Arthur Saboya (1929) e na simulação computacional do programa Relux Professional 2011,

resultados que foram analisados em todos os ambientes internos (Fig. 183) do edifício, abaixo relacionados:

Dormitório do Casal:

Pouca iluminação natural lateral ao meio-dia, com aberturas voltadas para a face sudoeste. Pequena abertura no ambiente, com

iluminância adequada para leitura ou escrita somente em área próxima à janela, pois o dormitório apresenta menos de 20% de

área com de iluminação adequada. O restante do dormitório, aproximadamente 80% do ambiente interno, apresenta iluminância

abaixo de 200 lux no verão paulistano, no momento da simulação.

Dormitório de visita:

Boa iluminação ao meio-dia, sendo, dentre os quatro dormitórios projetados pelo arquiteto Victor Reif, o de maior iluminação

natural lateral. O dormitório voltado para a face noroeste tem iluminância acima de 200 lux, ao meio-dia do verão paulistano.

Dormitórios dos filhos:

Iluminação natural lateral inadequada. Dormitórios voltados para a face noroeste, mas com as aberturas voltadas para uma

circulação entre as alvenarias dos ambientes e a fachada noroeste, impedindo a incidência do sol nas aberturas dos dormitórios.

Na simulação por meio do programa Relux, verificou-se que nenhum ponto dos dormitórios resulta em iluminância acima de 200

lux. Em caso de necessidade de leitura ou escrita, o morador deverá recorrer à iluminação artificial.

Page 248: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

239 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Salas (03 ou 04 ambientes):

Ambiente interno com iluminação natural lateral adequada, com apenas duas áreas abaixo de 200 lux e mais de 90% do ambiente

interno com iluminância superior a 300 lux. Quanto à iluminação natural lateral, as salas configuram-se como o ambiente do

apartamento com maior nível de iluminância em todo o seu interior.

Copa e Cozinha:

Iluminação natural lateral adequada em todo o interior, devido às grandes aberturas na fachada sudeste. Mais da metade do

ambiente interno recebe iluminância superior a 200 lux, sendo que no espaço oposto às aberturas verificaram-se medições de 200

lux.

Banheiros:

Iluminação natural lateral adequada nos dois banheiros (suíte e social) e também no lavabo. Mesmo apresentando poucos pontos

acima de 200 lux, os ambientes necessitam de maior iluminância na área próxima ao espelho, sendo necessário que se recorra à

iluminação artificial. Comparando-se as simulações do Relux, verifica-se que os banheiros revelam resultados positivos.

Área de serviço:

Setor bem iluminado em todo o período matutino, devido, principalmente, às grandes aberturas projetadas na fachada sudeste

deste espaço interior. Além de uma iluminação natural lateral adequada ao ambiente, verifica-se também uma ventilação sudeste,

importante para as atividades próprias do ambiente.

Dormitórios de serviço:

Iluminação natural lateral inadequada, principalmente devido ao fato de suas aberturas serem voltadas para a lavanderia, e não

Page 249: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

240 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

para a parte externa do edifício. Nenhum ponto dos dormitórios apresenta iluminância acima de 200 lux, considerada inadequada

para o desenvolvimento de algumas atividades.

Banheiro de serviço:

Iluminação natural lateral inadequada, mas analisando-se o ambiente denota-se que, quando houver necessidade de maior

quantidade de luz, em área próxima ao espelho, o morador recorrerá à iluminação artificial.

Considerações:

Na análise, comparando-se as simulações, observa-se que os níveis de iluminância ao meio-dia, no verão, no Edifício Diana (Fig.

184 e Fig. 185), são adequados nas salas, no dormitório de visita, na copa/cozinha e na lavanderia. O dormitório do casal, os

banheiros (social e da suíte) e o lavabo, de acordo com suas atividades, podem ser considerados adequados. Podem ser

considerados inadequados, quanto à iluminação natural, os dormitórios dos filhos, o de serviço e o banheiro de serviço.

Fig.184 - Edifício Diana (1954). Fonte: A. C. PALA (jan. 2013).

Fig.185 - Edifício Diana (1954). Fonte: A. C. PALA (jan. 2013).

Page 250: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

241 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

EDIFÍCIO DIANA : 22/12 às 15h00min

Fig.186 – Edifício Diana. Fonte: A. C. PALA (abr. 2013).

Page 251: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

242 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Edifício Diana (1954): Arquiteto Victor Reif: 22 de dezembro: 15h00min: Verão

Observaram-se, por meio das análises com base na NBR-5413 (ABNT-1992), na NBR-15575 (ABNT-2013), nos estudos baseados

no Código de Edificações e Obras Arthur Saboya (1929) e na simulação computacional do programa Relux Professional 2011,

resultados que foram analisados em todos os ambientes internos (Fig. 186) do edifício, abaixo relacionados:

Dormitório do Casal:

Iluminação natural lateral inadequada no período vespertino, com aberturas voltadas para a face sudoeste. Pequena abertura no

ambiente, com iluminância adequada para leitura ou escrita somente em área próxima à janela, pois o dormitório apresenta

aproximadamente 25% de iluminação adequada. O restante do dormitório, aproximadamente 75% do ambiente interno, recebe

iluminância abaixo de 200 lux durante as manhãs do verão paulistano.

Dormitório de visita:

Boa iluminação durante todo o período vespertino, sendo, dentre os quatro dormitórios projetados pelo arquiteto Victor Reif, o de

maior iluminação natural lateral. O dormitório, voltado para a face noroeste, tem iluminância acima de 200 lux durante as tardes do

verão paulistano.

Dormitórios dos filhos:

Iluminação natural lateral inadequada. Dormitórios voltados para a face noroeste, mas com as aberturas voltadas para uma

circulação entre as alvenarias dos ambientes e a fachada noroeste, impedindo a incidência do sol nas aberturas dos dormitórios.

Na simulação por meio do programa Relux, verificou-se que nenhum ponto dos dormitórios resulta em iluminância acima de 200

lux. Em caso de necessidade de leitura ou escrita, o morador recorrerá à iluminação artificial.

Page 252: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

243 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Salas (03 ou 04 ambientes):

Ambiente interno com iluminação natural lateral adequada, com apenas dois pontos abaixo de 200 lux e mais de 90% do ambiente

interno com iluminância superior a 300 lux. Quanto à iluminação natural lateral, as salas configuram-se como o ambiente do

apartamento com a maior quantidade de lux em todo o seu interior.

Copa e Cozinha:

Iluminação natural lateral adequada em todo o interior, devido às grandes aberturas na fachada sudeste. Pontos com iluminância

superior a 200 lux foram observados em aproximadamente 75% do ambiente, sendo que no espaço oposto às aberturas

verificaram-se medições de 200 lux (25%).

Banheiros:

Iluminação natural lateral adequada nos dois banheiros (suíte e social) e também no lavabo. Os ambientes necessitam de maior

iluminância em área próxima ao espelho, sendo necessário que se recorra à iluminação artificial. Comparando as simulações do

Relux, verifica-se que os banheiros revelam resultados positivos.

Área de serviço:

Setor bem iluminado em todo o período vespertino, devido, principalmente, às grandes aberturas projetadas na fachada sudeste

deste espaço interior. Além de uma iluminação natural lateral adequada ao ambiente, verifica-se também uma ventilação sudeste,

importante para as atividades próprias do ambiente.

Dormitórios de serviço: Iluminação natural lateral inadequada, principalmente por terem suas aberturas voltadas para a

lavanderia, e não para a parte externa do edifício. Nenhum ponto dos dormitórios tem iluminância acima de 200 lux, considerada

inadequada para o desenvolvimento de algumas atividades.

Page 253: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

244 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Banheiro de serviço:

Iluminação natural lateral inadequada, mas analisando-se o

ambiente denota-se que, quando houver necessidade de maior

quantidade de luz em área próxima ao espelho, o morador

recorrerá à iluminação artificial.

Considerações:

Na análise observa-se que os níveis de iluminância durante o

período vespertino, no verão, no Edifício Diana (Fig. 187), são

adequados nas salas, no dormitório de visita, na copa/cozinha e na

lavanderia. O dormitório do casal, os banheiros (social e da suíte) e

o lavabo, de acordo com suas atividades, podem ser considerados

adequados. Podem ser considerados inadequados, quanto à

iluminação natural, os dormitórios dos filhos, de serviço e o

banheiro de serviço.

Fig.187 - Edifício Diana (1954). Fonte: A. C. PALA (jan. 2013).

Page 254: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

245 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

APÊNDICE B:

EDIFÍCIO LOUVEIRA: 21/03 às 12h00min

Fig.188 - Edifício Louveira (1946). Fonte: A. C. PALA (fev. 2013).

Page 255: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

246 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Edifício Louveira (1946): Arquitetos João Baptista Vilanova Artigas e Carlos Cascaldi: 21 de março: 12h00min: Outono

Observaram-se, por meio das análises com base na NBR-5413 (ABNT-1992), na NBR-15575 (ABNT-2013), nos estudos baseados

no Código de Edificações e Obras Arthur Saboya (1929) e na simulação computacional do programa Relux Professional 2011,

resultados que foram analisados em todos os ambientes internos (Fig. 188) do edifício, abaixo relacionados:

Dormitórios (01, 02 e 03):

Boa iluminação ao meio-dia, principalmente pelo fato de os três dormitórios estarem voltados para a face nordeste, recebendo

iluminação adequada em mais de 50% da área dos compartimentos. Na área oposta às aberturas, verifica-se uma queda

acentuada da iluminação, mas, mesmo assim, a área com menor incidência de luz natural atinge níveis próximos de 200 lux,

considerado uma iluminância adequada, para dormitórios residenciais, níveis que variam entre 150 a 200 lux.

Sala de estar:

Boa iluminação natural lateral ao meio-dia, pois o ambiente está voltado para a face nordeste e recebe incidência de luz adequada

em praticamente todo o ambiente interno, com iluminâncias de 200 lux, chegando a atingir 1000 lux nas áreas próximas às

grandes aberturas, sendo esse um excelente espaço para a leitura e a escrita, que estabelece 750 lux como o ideal para as

atividades do ambiente.

Sala de jantar:

Ao contrário da sala de estar, a sala de jantar acaba sendo prejudicada quanto à iluminação natural lateral, principalmente pelo

fato de sua abertura ser voltada para a circulação de serviço, além de ser direcionada para a face sudoeste. Observou-se uma

área mínima (10%) do ambiente com iluminância de 300 a 750 lux durante a manhã, e mais de 90% da sala de jantar não atinge

200 lux na simulação computacional Relux.

Page 256: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

247 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Cozinha:

Mesmo o ambiente sendo voltado para a face sudoeste, a cozinha recebe uma iluminação natural lateral superior ao exigido,

decorrente das grandes aberturas projetadas em toda a alvenaria sudoeste.

Banheiros 01 e 02:

Os banheiros voltados para a face sudoeste são prejudicados quanto à iluminação natural lateral, pois não têm aberturas

diretamente nas fachadas e, sim, voltadas para uma circulação de serviço. As simulações resultam em iluminâncias inferiores a

200 lux ao meio-dia, mas, mesmo assim, esses ambientes não ficam defasados em relação às normas de iluminação natural

lateral. Para as atividades próprias desses ambientes, que exijam maior iluminação, os moradores terão que recorrer à iluminação

artificial.

Área de serviço:

Setor muito bem iluminado ao meio-dia, devido principalmente às grandes aberturas projetadas na fachada sudoeste. Além de

iluminação natural lateral acima do exigido, muito útil para as atividades de uma área de serviço (lavanderia), esse ambiente está

voltado para a face sudoeste, colaborando com as funções do ambiente interno.

Terraços:

Os terraços dos apartamentos tipo do Edifício Louveira recebem iluminação natural lateral adequada, pois estão voltados para a

face nordeste, que é privilegiada nos períodos matutinos do outono paulistano. Colaboram também para a iluminação adequada,

as aberturas projetadas e, principalmente, a profundidade do ambiente que atinge apenas 3,00 metros, contribuindo para a

distribuição de luz natural em todo o ambiente interior.

Page 257: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

248 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Considerações:

Na análise da iluminação natural lateral nos espaços internos dos apartamentos do Edifício Louveira (Fig. 189), em Higienópolis,

no outono paulistano (21 de março a 20 de junho), verificou-se que os dormitórios 01, 02, 03 e de serviço, a sala de estar, o

terraço, a cozinha e a área de serviço são espaços positivos, no que se refere à iluminação natural lateral adequada, no momento

simulado pelo programa Relux, principalmente devido ao projeto das aberturas, à orientação solar e ao entorno do edifício. As

simulações e os estudos empreendidos levaram a ser considerados inadequados: a sala de jantar, o banheiro social e o banheiro

de serviço, pelo fato de suas aberturas serem voltadas para um corredor de serviço, evitando, assim, a incidência de luz natural

lateral diretamente nos ambientes analisados.

Fig.189 - Edifício Louveira (1946). Fonte: A. C. PALA (jan. 2013).

Page 258: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

249 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

EDIFÍCIO LOUVEIRA: 21/03 às 15h00min

Fig.190 - Edifício Louveira (1946). Fonte: A. C. PALA (fev. 2013).

Page 259: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

250 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Edifício Louveira (1946): Arquitetos João Baptista Vilanova Artigas e Carlos Cascaldi: 21 de março: 15h00min: Outono

Observaram-se, por meio das análises com base na NBR-5413 (ABNT-1992), na NBR-15575-1 (ABNT-2013), nos estudos

baseados no Código de Edificações e Obras Arthur Saboya (1929) e na simulação computacional do programa Relux Professional

2011, resultados que foram analisados em todos os ambientes internos (Fig. 190) do edifício, abaixo relacionados:

Dormitórios (01, 02 e 03):

Boa iluminação no período vespertino, principalmente pelo fato de os três dormitórios estarem voltados para a face nordeste,

recebendo iluminação adequada em mais de 50% da área dos compartimentos. Na área oposta às aberturas, verifica-se uma

queda acentuada da iluminação, mas, mesmo assim, a área com menor incidência de luz natural atinge níveis próximos de 200

lux, considerada iluminância adequada, para dormitórios residenciais, níveis que variam entre 150 a 200 lux.

Sala de estar:

Boa iluminação natural lateral no período vespertino, pois o ambiente está voltado para a face nordeste e recebe incidência de luz

adequada em praticamente todo o ambiente interno, com medições mínimas de 200 lux, chegando a atingir 1000 lux nas áreas

próximas às grandes aberturas, sendo esse um excelente espaço para a leitura e a escrita, que estabelece 750 lux como o ideal

para as atividades do ambiente.

Sala de jantar:

Ao contrário da sala de estar, a sala de jantar acaba sendo prejudicada quanto à iluminação natural lateral, principalmente pelo

fato de sua abertura ser voltada para a circulação de serviço, além de ser direcionada para a face sudoeste. Observou-se uma

área mínima (10%) do ambiente com iluminância de 300 a 750 lux durante a manhã, e mais de 90% da sala de jantar não atinge

200 lux na simulação computacional Relux.

Page 260: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

251 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Cozinha:

Mesmo o ambiente sendo voltado para a face sudoeste, a cozinha recebe iluminação natural lateral adequada, decorrente das

grandes aberturas projetadas em toda a alvenaria sudoeste.

Banheiros 01 e 02:

Os banheiros voltados para a face sudoeste são prejudicados quanto à iluminação natural lateral, pois não têm aberturas

diretamente nas fachadas e, sim, voltadas para uma circulação de serviço. As simulações resultam em iluminâncias inferiores a

200 lux no período vespertino, mas, mesmo assim, esses ambientes não ficam defasados em relação às normas de iluminação

natural lateral. Para as atividades próprias desses ambientes, que exijam maior iluminação, os moradores terão que recorrer à

iluminação artificial.

Área de serviço:

Setor muito bem iluminado em todo o período vespertino, devido principalmente às grandes aberturas projetadas na fachada

sudoeste. Além de receber iluminação natural lateral acima do desejado, muito útil para as atividades de uma área de serviço

(lavanderia), esse ambiente está voltado para a face sudoeste, colaborando com a ventilação do ambiente interno.

Terraços:

Os terraços dos apartamentos tipo do Edifício Louveira recebem iluminação natural adequada, pois estão voltados para a face

nordeste, que é muito privilegiada nos períodos vespertinos do outono paulistano. Colaboram também, para a iluminação

adequada, as aberturas projetadas e, principalmente, a profundidade do ambiente que atinge apenas 3,00 metros, contribuindo

para a distribuição de luz natural em todo o ambiente interior.

Page 261: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

252 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Considerações:

Na análise da iluminação natural lateral nos espaços internos dos apartamentos do Edifício Louveira (Fig. 191), em Higienópolis,

no outono paulistano (21 de março a 20 de junho), verificou-se que os dormitórios 01, 02, 03 e de serviço, a sala de estar, o

terraço, a cozinha e a área de serviço são espaços positivos, no que se refere à iluminação natural lateral adequada ao período

simulado pelo programa Relux, principalmente devido ao projeto das aberturas, à orientação solar e ao entorno do edifício. As

simulações e os estudos empreendidos levaram a ser considerados inadequados: a sala de jantar, o banheiro social e o banheiro

de serviço, pelo fato de suas aberturas serem voltadas para um corredor de serviço, evitando, assim, a incidência de luz natural

lateral diretamente nos ambientes analisados.

Fig.191 - Edifício Louveira (1946). Fonte: A. C. PALA (jan. 2013).

Page 262: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

253 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

EDIFÍCIO LOUVEIRA: 22/06 às 12h00min

Fig.192 - Edifício Louveira (1946). Fonte: A. C. PALA (fev. 2013).

Page 263: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

254 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Edifício Louveira (1946): Arquitetos João Baptista Vilanova Artigas e Carlos Cascaldi: 22 de junho: 12h00min: Inverno

Observaram-se, por meio das análises com base na NBR-5413 (ABNT-1992), na NBR-15575 (ABNT-2013), nos estudos baseados

no Código de Edificações e Obras Arthur Saboya (1929) e na simulação computacional do programa Relux Professional 2011,

resultados que foram analisados em todos os ambientes internos (Fig. 192) do edifício, abaixo relacionados:

Dormitórios (01, 02 e 03):

Boa iluminação ao meio-dia, principalmente pelo fato de os três dormitórios estarem voltados para a face nordeste, recebendo

iluminação adequada em mais de 50% da área dos compartimentos. Na área oposta às aberturas, verifica-se uma queda

acentuada da iluminação, mas, mesmo assim, a área com menor incidência de luz natural atinge níveis próximos de 200 lux,

considerado uma iluminância adequada, para dormitórios residenciais, níveis que variam entre 150 a 200 lux.

Sala de estar:

Boa iluminação natural lateral ao meio-dia. O ambiente, voltado para a face nordeste, recebe incidência de luz adequada em

praticamente todo o ambiente interno, com medições mínimas de 200 lux, chegando a atingir 1000 lux nas áreas próximas às

grandes aberturas, sendo esse um excelente espaço para a leitura e a escrita, que estabelece 750 lux como o ideal para as

atividades do ambiente.

Sala de jantar:

Ao contrário da sala de estar, a sala de jantar acaba sendo prejudicada quanto à iluminação natural lateral, principalmente pelo

fato de sua abertura ser voltada para a circulação de serviço, além de ser direcionada para a face sudoeste. Uma área mínima do

ambiente recebe iluminâncias entre 300 a 750 lux durante o período, e mais de 90% da sala de jantar não atinge 200 lux na

simulação computacional Relux.

Page 264: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

255 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Cozinha:

Mesmo o ambiente sendo voltado para a face sudoeste, a cozinha recebe uma iluminação natural lateral adequada, decorrente

das grandes aberturas projetadas em toda a alvenaria sudoeste.

Banheiros 01 e 02:

Os banheiros voltados para a face sudoeste são prejudicados quanto à iluminação natural lateral, pois não têm aberturas

diretamente nas fachadas e, sim, voltadas para uma circulação de serviço. As simulações resultam em iluminâncias inferiores a

200 lux no momento da simulação, mas, mesmo assim, esses ambientes não ficam defasados em relação às normas de

iluminação natural lateral. Para as atividades próprias desses ambientes, que exijam maior iluminação, os moradores terão que

recorrer à iluminação artificial.

Área de serviço:

Setor muito bem iluminado ao meio-dia, devido principalmente às grandes aberturas projetadas na fachada sudoeste. Além de

receber iluminação natural lateral acima do desejado, muito útil para as atividades de uma área de serviço (lavanderia), esse

ambiente está voltado para a face sudoeste, colaborando com as funções do ambiente interno.

Terraços:

Os terraços dos apartamentos tipo do Edifício Louveira recebem iluminação natural adequada, pois estão voltados para a face

nordeste, que é privilegiada no momento da simulação do inverno paulistano. Colaboram também para a iluminação adequada, as

aberturas projetadas e, principalmente, a profundidade do ambiente que atinge apenas 3,00 metros, contribuindo para a

distribuição de luz natural em todo o ambiente interior.

Page 265: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

256 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Considerações:

Na análise da iluminação natural lateral nos espaços internos dos apartamentos do Edifício Louveira (Fig. 193 e Fig. 194), em

Higienópolis, no inverno paulistano (22 de junho a 21 de setembro), verificou-se que os dormitórios 01, 02, 03 e de serviço, a sala

de estar, o terraço, a cozinha e a área de serviço são espaços positivos, no que se refere à iluminação natural lateral adequada ao

momento simulado pelo programa Relux, principalmente devido ao projeto das aberturas, à orientação solar e ao entorno do

edifício. As simulações e os estudos empreendidos levaram a ser considerados inadequados: a sala de jantar, o banheiro social e

o banheiro de serviço, pelo fato de suas aberturas serem voltadas para um corredor de serviço, evitando, assim a incidência de luz

natural lateral diretamente nos ambientes analisados.

Fig.193 - Edifício Louveira (1946). Fonte: A. C. PALA (jan. 2013).

Fig.194 - Edifício Louveira (1946). Fonte: A. C. PALA (jan. 2013).

Page 266: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

257 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

EDIFÍCIO LOUVEIRA: 22/06 às 15h00min

Fig.195 - Edifício Louveira (1946). Fonte: A. C. PALA (fev. 2013).

Page 267: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

258 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Edifício Louveira (1946): Arquitetos João Baptista Vilanova Artigas e Carlos Cascaldi: 22 de junho: 15h00min: Inverno

Observaram-se, por meio das análises com base na NBR-5413 (ABNT-1992), na NBR-15575 (ABNT-2013), nos estudos baseados

no Código de Edificações e Obras Arthur Saboya (1929) e na simulação computacional do programa Relux Professional 2011,

resultados que foram analisados em todos os ambientes internos (Fig. 195) do edifício, abaixo relacionados:

Dormitórios (01, 02 e 03):

Boa iluminação no período vespertino, principalmente pelo fato de os três dormitórios estarem voltados para a face nordeste,

recebendo iluminação adequada em mais de 50% da área dos compartimentos. Na área oposta às aberturas, verifica-se uma

queda acentuada da iluminação natural, mas, mesmo assim, a área com menor incidência de luz natural atinge níveis próximos de

200 lux, considerado uma iluminância adequada, para os dormitórios residenciais, níveis que variam entre 150 a 200 lux.

Sala de estar:

Boa iluminação natural lateral no período vespertino, pois o ambiente está voltado para a face nordeste e recebe incidência de luz

adequada em praticamente todo o ambiente interno, com medições mínimas de 200 lux, chegando a atingir 1000 lux nas áreas

próximas às grandes aberturas, sendo esse um excelente espaço para a leitura e a escrita, que estabelece 750 lux como o ideal

para as atividades do ambiente.

Sala de jantar:

Ao contrário da sala de estar, a sala de jantar acaba sendo prejudicada quanto à iluminação natural lateral, principalmente pelo

fato de sua abertura ser voltada para a circulação de serviço, além de ser direcionada para a face sudoeste. Observou-se uma

área mínima do ambiente (10%) com iluminância de 300 a 750 lux durante a tarde, e mais de 90% da sala de jantar não atinge 200

lux na simulação computacional Relux.

Page 268: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

259 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Cozinha:

Mesmo o ambiente sendo voltado para a face sudoeste, a cozinha recebe uma iluminação natural lateral adequada, decorrente

das grandes aberturas projetadas em toda a alvenaria sudoeste.

Banheiros 01 e 02:

Os banheiros voltados para a face sudoeste são prejudicados quanto à iluminação natural lateral, pois não têm aberturas

diretamente nas fachadas e, sim, voltadas para uma circulação de serviço. As simulações resultam em iluminâncias inferiores a

200 lux no período vespertino, mas, mesmo assim, esses ambientes não ficam defasados em relação às normas de iluminação

natural lateral. Para as atividades próprias desse ambiente, que exijam maior iluminação, os moradores terão que recorrer à

iluminação artificial.

Área de serviço:

Setor muito bem iluminado em todo o período vespertino, devido principalmente às grandes aberturas projetadas na fachada

sudoeste. Além de receber iluminação natural lateral acima do desejado, muito útil para as atividades de uma área de serviço

(lavanderia), esse ambiente está voltado para a face sudoeste, colaborando com as funções do ambiente interno.

Terraços:

Os terraços dos apartamentos tipo do Edifício Louveira recebem iluminação natural adequada, pois estão voltados para a face

nordeste, que é privilegiada nos períodos matutinos do inverno paulistano. Colaboram também para a iluminação adequada, as

aberturas projetadas e, principalmente, a profundidade do ambiente que atinge apenas 3,00 metros, contribuindo para a

distribuição de luz natural em todo o ambiente interior.

Page 269: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

260 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Considerações:

Na análise da iluminação natural lateral nos espaços internos dos apartamentos do Edifício Louveira (Fig. 196), em Higienópolis,

no inverno paulistano, verificou-se que os dormitórios 01, 02, 03 e de serviço, a sala de estar, o terraço, a cozinha e a área de

serviço são espaços positivos, no que se refere à iluminação natural adequada ao período simulado pelo programa Relux,

principalmente devido ao projeto das aberturas, à orientação solar e ao entorno do edifício. As simulações e os estudos

empreendidos levaram a ser considerados inadequados: a sala de jantar, o banheiro social e o banheiro de serviço, pelo fato de

suas aberturas serem voltadas para um corredor de serviço, evitando, assim, a incidência de luz natural lateral diretamente nos

ambientes analisados.

Fig.196 - Edifício Louveira (1946): detalhe da veneziana.

Fonte: A. C. PALA (jan. 2013).

Page 270: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

261 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

EDIFÍCIO LOUVEIRA: 22/12 às 12h00min

Fig.197 - Edifício Louveira (1946). Fonte: A. C. PALA (fev. 2013).

Page 271: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

262 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Edifício Louveira (1946): Arquitetos João Baptista Vilanova Artigas e Carlos Cascaldi: 22 de dezembro 12h00min: Verão Observaram-se, por meio das análises com base na NBR-5413 (ABNT-1992), na NBR-15575 (ABNT-2013), nos estudos baseados

no Código de Edificações e Obras Arthur Saboya (1929) e na simulação computacional do programa Relux Professional 2011,

resultados que foram analisados em todos os ambientes internos (Fig. 197) do edifício, abaixo relacionados:

Dormitórios (01, 02 e 03):

Boa iluminação ao meio-dia, principalmente pelo fato de os três dormitórios estarem voltados para a face nordeste, recebendo

iluminação adequada em mais de 50% da área dos compartimentos. Na área oposta às aberturas, verifica-se uma queda

acentuada da iluminação, mas, mesmo assim, a área com menor incidência de luz natural atinge níveis próximos de 200 lux,

considerado uma iluminância adequada, para dormitórios residenciais, níveis que variam entre 150 a 200 lux.

Sala de estar:

Boa iluminação natural lateral ao meio-dia, pois o ambiente está voltado para a face nordeste e recebe incidência de luz adequada

em praticamente todo o ambiente interno, com medições mínimas de 200 lux, chegando a atingir 1000 lux nas áreas próximas às

grandes aberturas, sendo esse um excelente espaço para a leitura e a escrita, que estabelece 750 lux como o ideal para as

atividades do ambiente.

Sala de jantar:

Ao contrário da sala de estar, a sala de jantar acaba sendo prejudicada quanto à iluminação natural lateral, principalmente pelo

fato de sua abertura ser voltada para a circulação de serviço, além de ser direcionada para a face sudoeste. Observou-se uma

área mínima do ambiente (10%) com iluminância de 300 a 750 lux durante o período, e mais de 90% da sala de jantar não atinge

200 lux na simulação computacional Relux.

Page 272: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

263 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Cozinha:

Mesmo o ambiente sendo voltado para a face sudoeste, a cozinha recebe uma iluminação natural lateral superior ao exigido pela

NBR-5413, decorrente das grandes aberturas projetadas em toda a alvenaria sudoeste.

Banheiros 01 e 02:

Os banheiros voltados para a face sudoeste são prejudicados quanto à iluminação natural lateral, pois não têm aberturas

diretamente nas fachadas e, sim, voltadas para uma circulação de serviço. As simulações resultam em iluminâncias inferiores a

200 lux no período simulado, mas, mesmo assim, esses ambientes não ficam defasados em relação às normas de iluminação

natural lateral. Para as atividades próprias desse ambiente, que exijam maior iluminação, os moradores terão que recorrer à

iluminação artificial.

Área de serviço:

Setor muito bem iluminado ao meio-dia, devido principalmente às grandes aberturas projetadas na fachada sudoeste. Além de

receber iluminação natural lateral acima do desejado, muito útil para as atividades de uma área de serviço (lavanderia), esse

ambiente está voltado para a face sudoeste, colaborando com as funções do ambiente interno.

Terraços:

Os terraços dos apartamentos tipo do Edifício Louveira recebem iluminação natural lateral adequada, pois estão voltados para a

face nordeste, que é privilegiada ao meio-dia do verão paulistano. Colaboram também para a iluminação adequada, as aberturas

projetadas e, principalmente, a profundidade do ambiente que atinge apenas 3,00 metros, contribuindo para a distribuição de luz

em todo o ambiente interior.

Page 273: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

264 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Considerações:

Na análise da iluminação natural lateral nos espaços internos dos apartamentos do Edifício Louveira (Fig. 198), em Higienópolis,

no verão paulistano, verificou-se que os dormitórios 01, 02, 03 e de serviço, a sala de estar, o terraço, a cozinha e a área de

serviço são espaços positivos, no que se refere à iluminação natural adequada ao momento simulado pelo programa Relux,

principalmente devido ao projeto das aberturas, à orientação solar e ao entorno do edifício. As simulações e os estudos

empreendidos levaram a ser considerados inadequados: a sala de jantar, o banheiro social e o banheiro de serviço, pelo fato de

suas aberturas serem voltadas para um corredor de serviço, evitando, assim uma incidência de luz natural lateral diretamente nos

ambientes analisados.

Fig.198 - Edifício Louveira (1946). Fonte: A. C. PALA (jan. 2013).

Page 274: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

265 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

EDIFÍCIO LOUVEIRA: 22/12 às 15h00min

Fig.199 - Edifício Louveira (1946). Fonte: A. C. PALA (fev. 2013).

Page 275: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

266 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Edifício Louveira (1946): Arquitetos João B. Vilanova Artigas e Carlos Cascaldi: 21 de dezembro: 15h00min: Verão Observaram-se, por meio das análises com base na NBR-5413 (ABNT-1992), na NBR-15575 (ABNT-2013), nos estudos baseados

no Código de Edificações e Obras Arthur Saboya (1929) e na simulação computacional do programa Relux Professional 2011,

resultados que foram analisados em todos os ambientes internos (Fig. 199) do edifício, abaixo relacionados:

Dormitórios (01, 02 e 03):

Boa iluminação no período vespertino, principalmente pelo fato de os três dormitórios estarem voltados para a face nordeste,

recebendo uma iluminação adequada em mais de 50% da área dos compartimentos. Na área oposta às aberturas, verifica-se uma

queda acentuada da iluminação, mas, mesmo assim, a área com menor incidência de luz natural atinge níveis próximos de 200

lux, considerado uma iluminância adequada, para dormitórios residenciais, níveis que variam entre 150 a 200 lux.

Sala de estar:

Boa iluminação natural lateral no período vespertino, pois o ambiente está voltado para a face nordeste e recebe incidência de luz

adequada em praticamente todo o ambiente interno, com iluminâncias mínimas de 200 lux, chegando a atingir 1000 lux nas áreas

próximas às grandes aberturas, sendo esse um espaço para a leitura e a escrita, que estabelece 750 lux como o ideal para as

atividades do ambiente.

Sala de jantar:

Ao contrário da sala de estar, a sala de jantar acaba sendo prejudicada quanto à iluminação natural lateral, principalmente pelo

fato de sua abertura ser voltada para a circulação de serviço, além de ser direcionada para a face sudoeste. Observou-se uma

área mínima do ambiente com iluminância de 300 a 750 lux durante a manhã, e mais de 90% da sala de jantar não atinge 200 lux

na simulação computacional Relux.

Page 276: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

267 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Cozinha:

Mesmo o ambiente sendo voltado para a face sudoeste, a cozinha recebe uma iluminação natural lateral adequada, decorrente

das grandes aberturas projetadas em toda a alvenaria sudoeste.

Banheiros 01 e 02:

Os banheiros voltados para a face sudoeste são prejudicados quanto à iluminação natural lateral, pois não têm aberturas

diretamente nas fachadas e, sim, voltadas para uma circulação de serviço. As simulações resultam em iluminâncias inferiores a

200 lux no período vespertino, mas, mesmo assim, esses ambientes não ficam defasados em relação às normas de iluminação

natural lateral. Para as atividades próprias desse ambiente, que exijam maior iluminação, os moradores terão que recorrer à

iluminação artificial.

Área de serviço:

Setor bem iluminado em todo o período vespertino, devido principalmente às grandes aberturas projetadas na fachada sudoeste.

Além de uma iluminação natural lateral acima do previsto, muito útil para as atividades de uma área de serviço (lavanderia), esse

ambiente está voltado para a face sudoeste, colaborando com as funções do ambiente interno.

Terraços:

Os terraços dos apartamentos tipo do Edifício Louveira recebem iluminação natural adequada, pois estão voltados para a face

nordeste, que é privilegiada nos períodos vespertinos do verão paulistano. Colaboram também para a iluminação adequada, as

aberturas projetadas e, principalmente, a profundidade do ambiente que atinge apenas 3,00 metros, contribuindo para a

distribuição de luz em todo o ambiente interior.

Page 277: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

268 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Considerações:

Na análise da iluminação natural lateral nos espaços internos dos apartamentos do Edifício Louveira (Fig. 200 e Fig. 201), em

Higienópolis, no verão paulistano, verificou-se que os dormitórios 01, 02, 03 e de serviço, a sala de estar, o terraço, a cozinha e a

área de serviço são espaços positivos, no que se refere à iluminação natural adequada ao período simulado pelo programa Relux,

principalmente devido ao projeto das aberturas, à orientação solar e ao entorno do edifício. As simulações e os estudos

empreendidos levaram a ser considerados inadequados: a sala de jantar, o banheiro social e o banheiro de serviço, pelo fato de

suas aberturas serem voltadas para um corredor de serviço, evitando, assim, a incidência de luz natural lateral diretamente nos

ambientes analisados.

Fig. 200 - Edifício Louveira (1946).

Fonte: A. C. PALA (jan. 2013).

Fig. 201 - Edifício Louveira (1946).

Fonte: A. C. PALA (jan. 2013).

Page 278: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

269 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

APÊNDICE C:

EDIFÍCIO PRUDÊNCIA: 21.03 às 12h00min

Fig.202 – Edifício Prudência. Fonte: A. C. PALA (abr. 2013).

Page 279: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

270 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Edifício Prudência (1944): Arquitetos Rino Levi e Roberto Cerqueira César: 21 de março: 12h00min: Outono

Observaram-se, por meio das análises com base na NBR-5413 (ABNT-1992), na NBR-15575 (ABNT-2013), nos estudos baseados

no Código de Edificações e Obras Arthur Saboya (1929) e na simulação computacional do programa Relux Professional 2011,

resultados que foram analisados em todos os ambientes internos (Fig. 202) do edifício, abaixo relacionados:

Dormitório do Casal (Dormitório 04):

Iluminação natural lateral adequada ao meio-dia, com aberturas voltadas para a face nordeste. A abertura do ambiente promove

iluminância adequada em mais de 80% da área do dormitório. A área restante, correspondente a aproximadamente 20% do

ambiente interno do dormitório, apresenta níveis de iluminância inferiores a 200 lux ao meio-dia do outono paulistano.

Dormitório das filhas (Dormitório 03):

Boa iluminação ao meio-dia, sendo que os quatro dormitórios projetados pelo arquiteto Rino Levi apresentam resultados bem

semelhantes quanto à iluminação natural lateral. O dormitório 03, com abertura voltada para a face nordeste, tem níveis de

iluminância acima de 200 lux em mais de 80% do seu espaço, ao meio-dia do outono paulistano.

Dormitório dos filhos (Dormitório 02):

Iluminação natural lateral adequada. Dormitório com abertura voltada para a face nordeste, com iluminância semelhante à dos

outros três dormitórios. Na simulação pelo programa Relux, verificou-se iluminância acima de 200 lux em mais de 80% da área do

dormitório, ao meio-dia do outono paulistano.

Dormitório de visita (Dormitório 01):

Boa iluminação ao meio-dia. Os quatro dormitórios projetados pelo arquiteto Rino Levi foram considerados adequados quanto à

iluminação natural lateral. O dormitório de visita, voltado para a face nordeste, apresenta níveis de iluminância acima de 200 lux

em mais de 80% da área da simulação, ao meio-dia do outono paulistano.

Page 280: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

271 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Escritório:

Ambiente interno com iluminação natural lateral adequada, sendo que mais da metade desse espaço (60%) apresenta níveis de

iluminância superiores a 200 lux. Nos resultados das simulações do Relux, verificou-se ser este um ambiente do apartamento

voltado para o nordeste, com iluminância confortável em todo o seu interior, considerando-se as atividades predominantes no

espaço simulado.

Salas (03 ou 04 ambientes):

Ambiente interno com iluminação natural lateral adequada. Todos os pontos apresentam medições acima de 200 lux, sendo mais

de 90% do ambiente interno com iluminância superior a 300 lux. Quanto à iluminação natural lateral, este é o ambiente do

apartamento com maior nível de iluminância em todos os pontos. As grandes aberturas voltadas para a face nordeste colaboram

com a iluminância positiva em todo o seu interior.

Copa e Cozinha:

Iluminação natural lateral inadequada em todo o interior, devido às pequenas aberturas na fachada sudoeste e às sombras

projetadas pelos edifícios do entorno. Somente em áreas muito próximas à abertura externa percebem-se pouquíssimos pontos

acima de 200 lux. Níveis de iluminância inferiores a 200 lux ocorrem em praticamente todo o ambiente interno, sendo que o espaço

necessita de iluminação artificial em parte do dia. Tais observações devem-se tanto à simulação do RELUX quanto a informações

fornecidas por moradores do edifício Prudência.

Banheiro:

Iluminação natural lateral inadequada no banheiro. Não foram encontrados pontos acima de 200 lux. O ambiente necessita de

maior iluminância em área próxima ao espelho, recorrendo-se, assim, à iluminação artificial. Comparando-se as simulações do

Relux, verifica-se que o banheiro apresenta resultados negativos.

Page 281: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

272 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Área de serviço:

Setor mal iluminado ao meio-dia, devido principalmente às pequenas aberturas projetadas na fachada sudoeste deste espaço

interior. Além de iluminação natural lateral inadequada, verifica-se também pouca ventilação sudoeste, importante para as

atividades próprias desse ambiente.

Dormitório de serviço:

Iluminação natural lateral inadequada, principalmente pelo fato de sua abertura ser voltada para a face sudoeste, além de sofrer a

influência da sombra projetada pelo edifício vizinho. Nenhum ponto do dormitório recebe iluminância acima de 200 lux, sendo esse

ambiente considerado inadequado para o desenvolvimento de algumas atividades característica desse espaço.

Banheiro de serviço:

Iluminação natural lateral inadequada. Analisando-se o ambiente, verifica-se que está localizado na face sudeste e que a pequena

abertura é obstruída pela sombra do edifício vizinho. Quando houver necessidade de maior quantidade de luz, em área próxima ao

espelho, obrigatoriamente se recorrerá à iluminação artificial.

Considerações:

Na análise observa-se que os níveis de iluminância ao meio-dia, no outono, no Edifício Prudência, são adequados nas salas e nos

quatro dormitórios. Foram considerados inadequados quanto à iluminação natural, no momento simulado e de acordo com as

atividades de cada ambiente, a copa/cozinha, a lavanderia, o banheiro social e o de serviço, como também o dormitório de serviço.

Mediante as análises empreendidas, pode-se concluir que o projeto de Rino Levi privilegia a sala (3 ou 4 ambientes), sendo esse

um espaço em que todos os pontos revelam excelente iluminação natural, os dormitórios, com boa iluminância, porém os espaços

de serviços apresentam iluminação natural inadequada.

Page 282: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

273 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

EDIFÍCIO PRUDÊNCIA: 21.03 às 15h00min:

Fig.203 – Edifício Prudência. Fonte: A. C. PALA (abr. 2013).

Page 283: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

274 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Edifício Prudência (1944): Arquitetos Rino Levi e Roberto Cerqueira César: 21 de março: 15h00min: Outono

Observaram-se, por meio das análises com base na NBR-5413 (ABNT-1992), na NBR-15575 (ABNT-2013), nos estudos baseados

no Código de Edificações e Obras Arthur Saboya (1929) e na simulação computacional do programa Relux Professional 2011,

resultados que foram analisados em todos os ambientes internos (Fig.203) do edifício, abaixo relacionados:

Dormitório do Casal (Dormitório 04):

Iluminação natural lateral adequada no período vespertino, com aberturas voltadas para a face nordeste. A abertura do ambiente

promove iluminância adequada em mais de 60% da área do dormitório. A área restante, correspondente a aproximadamente 40%

do ambiente interno do dormitório, apresenta níveis de iluminância inferiores a 200 lux, durante as tardes do outono paulistano.

Dormitório das filhas (Dormitório 03):

Boa iluminação durante todo o período vespertino, sendo que os quatro dormitórios projetados pelo arquiteto Rino Levi apresentam

resultados bastante semelhantes quanto à iluminação natural lateral. O dormitório 03, com abertura voltada para a face nordeste,

tem níveis de iluminância acima de 200 lux em mais de 60% de seu espaço, durante as tardes do outono paulistano.

Dormitório dos filhos (Dormitório 02):

Iluminação natural lateral adequada. Dormitório com abertura voltada para a face nordeste, com iluminância semelhante à dos

outros três dormitórios. Na simulação pelo programa Relux, verificou-se iluminância acima de 200 lux em mais de 60% da área do

dormitório, nas tardes do outono paulistano.

Dormitório de visita (Dormitório 01): Boa iluminação durante todo o período vespertino. Os quatro dormitórios projetados pelo

arquiteto Rino Levi foram considerados adequados quanto à iluminação natural lateral. O dormitório de visita, voltado para a face

Page 284: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

275 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

nordeste, apresenta níveis de iluminância acima de 200 lux em mais de 60% da área da simulação, durante as tardes do outono

paulistano.

Escritório:

Ambiente interno com iluminação natural lateral adequada, sendo que mais da metade desse espaço (60%) apresenta níveis de

iluminância superiores a 200 lux. Nos resultados das simulações do Relux, verificou-se ser este um ambiente voltado para o

nordeste, com iluminância confortável em todo o seu interior, considerando-se as atividades predominantes no espaço simulado.

Salas (03 ou 04 ambientes):

Ambiente interno com iluminação natural lateral adequada. Todos os pontos apresentam medições acima de 200 lux, sendo mais

de 90 % do ambiente interno com iluminância superior a 300 lux. Quanto à iluminação natural lateral, este é o ambiente do

apartamento com maior nível de iluminância em todos os pontos. As grandes aberturas voltadas para a face nordeste colaboram

com a iluminância positiva em todo o seu interior.

Copa e Cozinha:

Iluminação natural lateral inadequada em todo o interior, devido às pequenas aberturas na fachada sudoeste e às sombras

projetadas pelos edifícios do entorno. Somente em áreas muito próximas à abertura externa percebem-se pouquíssimos pontos

acima de 200 lux. Níveis de iluminância inferiores a 200 lux ocorrem em praticamente todo o ambiente interno, sendo que o espaço

necessita de iluminação artificial em parte do dia. Tais observações devem-se tanto à simulação do RELUX quanto a informações

fornecidas por moradores do edifício Prudência.

Banheiro: Iluminação natural lateral inadequada no banheiro. Não foram encontrados pontos acima de 200 lux, sendo que o

ambiente necessita de maior iluminância em área próxima ao espelho, recorrendo-se, assim, à iluminação artificial. Comparando-

se as simulações do Relux, verifica-se que o banheiro apresenta resultados negativos.

Page 285: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

276 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Área de serviço:

Setor com pouca iluminação em todo o período vespertino, devido principalmente às pequenas aberturas projetadas na fachada

sudoeste deste espaço interior. Além de iluminação natural lateral inadequada, verifica-se também pouca ventilação sudoeste,

importante para as atividades próprias desse ambiente.

Dormitório de serviço:

Iluminação natural lateral inadequada, principalmente pelo fato de sua abertura ser voltada para a face sudoeste, além de sofrer a

influência da sombra projetada pelo edifício vizinho. Nenhum ponto do dormitório recebe iluminância acima de 200 lux, sendo esse

ambiente considerado inadequado para o desenvolvimento de algumas atividades características desse espaço.

Banheiro de serviço:

Iluminação natural lateral inadequada. Analisando-se o ambiente, verifica-se que está localizado na face sudeste e que a pequena

abertura é obstruída pela sombra projetada pelo edifício vizinho. Quando houver necessidade de maior quantidade de luz, em área

próxima ao espelho, obrigatoriamente se recorrerá à iluminação artificial.

Considerações:

Na análise observa-se que os níveis de iluminância durante o período vespertino, no outono, no Edifício Prudência, são adequados

nas salas e nos quatro dormitórios. Foram considerados inadequados quanto à iluminação natural, no período simulado e em

concordância com as atividades próprias de cada ambiente, a copa/cozinha, a lavanderia, o banheiro social e o de serviço, como

também o dormitório de serviço. Mediante as análises empreendidas, pode-se concluir que o projeto de Rino Levi privilegia a sala

(3 ou 4 ambientes), sendo esse um espaço em que todos os pontos revelam excelente iluminação natural, os dormitórios, com boa

iluminância, porém os espaços de serviços apresentam iluminação natural inadequada.

Page 286: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

277 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

EDIFÍCIO PRUDÊNCIA: 22.06 às 12h00min

Fig.204 – Edifício Prudência. Fonte: A. C. PALA (abr. 2013).

Page 287: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

278 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Edifício Prudência (1944): Arquitetos Rino Levi e Roberto Cerqueira César: 22 de junho: 12h00min: Inverno

Observaram-se, por meio das análises com base na NBR-5413 (ABNT-1992), na NBR-15575 (ABNT-2013), nos estudos baseados

no Código de Edificações e Obras Arthur Saboya (1929) e na simulação computacional do programa Relux Professional 2011,

resultados que foram analisados em todos os ambientes internos (Fig. 204) do edifício, abaixo relacionados:

Dormitório do Casal (Dormitório 04):

Iluminação natural lateral adequada ao meio-dia, com aberturas voltadas para a face nordeste. A abertura do ambiente promove

iluminância adequada em mais de 60% da área do dormitório. A área restante, correspondente a aproximadamente 40% do

ambiente interno do dormitório, apresenta níveis de iluminância abaixo de 200 lux, ao meio-dia do inverno paulistano.

Dormitório das filhas (Dormitório 03):

Boa iluminação ao meio-dia, sendo que os quatro dormitórios projetados pelo arquiteto Rino Levi apresentam resultados bem

semelhantes, quanto à iluminação natural lateral. O dormitório 03, com abertura voltada para a face nordeste, tem níveis de

iluminância acima de 200 lux em mais de 60% do seu espaço, ao meio-dia do inverno paulistano.

Dormitório dos filhos (Dormitório 02):

Iluminação natural lateral adequada. Dormitório com abertura voltada para a face nordeste, com iluminância semelhante à dos

outros três dormitórios. Na simulação pelo programa Relux, verificou-se iluminância acima de 200 lux em mais de 60% da área do

dormitório, ao meio-dia do inverno paulistano.

Dormitório de visita (Dormitório 01):

Boa iluminação ao meio-dia. Os quatro dormitórios projetados pelo arquiteto Rino Levi foram considerados adequados quanto à

iluminação natural lateral. O dormitório de visita, voltado para a face nordeste, apresenta níveis de iluminância acima de 200 lux

em mais de 60% da área da simulação, ao meio-dia do outono paulistano.

Page 288: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

279 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Escritório:

Ambiente interno com iluminação natural lateral adequada, sendo que mais da metade desse espaço (60%) apresenta níveis de

iluminância superiores a 200 lux. Nos resultados das simulações do Relux, verificou-se ser este um ambiente voltado para o

nordeste, com iluminância confortável em todo o seu interior, considerando-se as atividades predominantes no espaço simulado.

Salas (03 ou 04 ambientes):

Ambiente interno com iluminação natural lateral adequada. Todos os pontos apresentam medições acima de 200 lux, sendo mais

de 90% do ambiente interno com iluminância superior a 300 lux. Quanto à iluminação natural lateral, este é o ambiente do

apartamento com maior nível de iluminância em todos os pontos. As grandes aberturas voltadas para a face nordeste colaboram

com a iluminância positiva em todo o seu interior.

Copa e Cozinha:

Iluminação natural lateral inadequada em todo o interior, devido às pequenas aberturas na fachada sudoeste e às sombras

projetadas pelos edifícios do entorno. Níveis de iluminância inferiores a 200 lux ocorrem em praticamente todo o ambiente interno,

sendo que o espaço necessita de iluminação artificial em parte do dia. Tais observações devem-se tanto à simulação do Relux

quanto a informações fornecidas por moradores do edifício Prudência.

Banheiro:

Iluminação natural lateral inadequada no banheiro. Mesmo apresentando poucos pontos acima de 200 lux, o ambiente necessita

de maior iluminância em área próxima ao espelho, recorrendo-se, assim, à iluminação artificial. Comparando-se as simulações do

Relux, verifica-se que o banheiro apresenta resultados negativos.

Page 289: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

280 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Área de serviço:

Setor com pouca iluminação ao meio-dia, no inverno, devido principalmente às pequenas aberturas projetadas na fachada

sudoeste deste espaço interior. Além de uma iluminação natural lateral inadequada, verifica-se também pouca ventilação

sudoeste, importante para as atividades próprias desse ambiente.

Dormitório de serviço:

Iluminação natural lateral inadequada, principalmente no inverno, pelo fato de sua abertura ser voltada para a face sudoeste, além

receber a influência da sombra projetada pelo edifício vizinho. Nenhum ponto do dormitório recebe iluminância acima de 200 lux,

sendo esse ambiente considerado inadequado para o desenvolvimento de algumas atividades características desse espaço.

Banheiro de serviço:

Iluminação natural lateral inadequada. Analisando-se o ambiente, verifica-se que está localizado na face sudeste e que a pequena

abertura é obstruída pela sombra projetada pelo edifício vizinho. Quando houver necessidade de maior quantidade de luz, em área

próxima ao espelho, obrigatoriamente se recorrerá à iluminação artificial.

Considerações:

Na análise observa-se que os níveis de iluminância ao meio-dia, no inverno, no Edifício Prudência, são adequados nas salas e nos

quatro dormitórios. Foram considerados inadequados quanto à iluminação natural, no período simulado e de acordo com as

atividades próprias de cada ambiente, a copa/cozinha, a lavanderia, o banheiro social e o de serviço, como também o dormitório

de serviço. Mediante as análises empreendidas, pode-se concluir que o projeto de Rino Levi privilegia a sala (3 ou 4 ambientes),

sendo esse um espaço em que todos os pontos revelam excelente iluminação natural, os dormitórios, com boa iluminância, porém

os espaços de serviços apresentam iluminação natural inadequada.

Page 290: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

281 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

EDIFÍCIO PRUDÊNCIA: 22.06 às 15h00min

Fig.205 – Edifício Prudência. Fonte: A. C. PALA (abr. 2013).

Page 291: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

282 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Edifício Prudência (1944): Arquitetos Rino Levi e Roberto Cerqueira César: 22 de junho: 15h00min: Inverno

Observaram-se, por meio das análises com base na NBR-5413 (ABNT-1992), na NBR-15575 (ABNT-2013), nos estudos baseados

no Código de Edificações e Obras Arthur Saboya (1929) e na simulação computacional do programa Relux Professional 2011,

resultados que foram analisados em todos os ambientes internos (Fig. 205) do edifício, abaixo relacionados:

Dormitório do Casal (Dormitório 04):

Iluminação natural lateral adequada no período vespertino, com aberturas voltadas para a face nordeste. A abertura do ambiente

promove iluminância adequada em mais de 50% da área do dormitório. A área restante, correspondente a aproximadamente 50%

do ambiente interno do dormitório, apresenta níveis de iluminância inferiores a 200 lux, durante as tardes do inverno paulistano.

Dormitório das filhas (Dormitório 03):

Boa iluminação durante todo o período vespertino, sendo que os quatro dormitórios projetados pelo arquiteto Rino Levi apresentam

resultados bastante semelhantes quanto à iluminação natural lateral. O dormitório 03, com abertura voltada para a face nordeste,

tem níveis de iluminância acima de 200 lux em mais de 50% do seu espaço, durante as tardes do inverno paulistano.

Dormitório dos filhos (Dormitório 02):

Iluminação natural lateral adequada. Dormitório com abertura voltada para a face nordeste, com iluminância semelhante à dos

outros três dormitórios. Na simulação pelo programa Relux, verificou-se iluminância acima de 200 lux em mais de 50% da área do

dormitório, nas tardes do inverno paulistano.

Dormitório de visita (Dormitório 01):

Boa iluminação durante todo o período vespertino. Os quatro dormitórios projetados pelo arquiteto Rino Levi foram considerados

adequados quanto à iluminação natural lateral. O dormitório de visita, voltado para a face nordeste, apresenta níveis de iluminância

acima de 200 lux, em mais de 50% da área da simulação durante as tardes do inverno paulistano.

Page 292: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

283 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Escritório:

Ambiente interno com iluminação natural lateral adequada, sendo que metade do ambiente interno (50%) apresenta níveis de

iluminância superiores a 200 lux. Nos resultados das simulações do Relux, verificou-se ser este um ambiente voltado para o

nordeste, com iluminância confortável em todo o seu interior, considerando-se as atividades predominantes no espaço simulado.

Salas (03 ou 04 ambientes):

Ambiente interno com iluminação natural lateral adequada. Todos os pontos apresentam medições acima de 200 lux, sendo mais

de 90% do ambiente interno com iluminância superior a 300 lux. Quanto à iluminação natural lateral, este é o ambiente do

apartamento com maior nível de iluminância em todos os pontos. As grandes aberturas voltadas para a face nordeste colaboram

com a iluminância positiva em todo o seu interior.

Copa e Cozinha:

Iluminação natural lateral inadequada em todo o interior, devido às pequenas aberturas na fachada sudoeste e às sombras

projetadas pelos edifícios do entorno. Níveis de iluminância inferiores a 200 lux ocorrem em praticamente todo o ambiente interno,

sendo que o espaço necessita de iluminação artificial em parte do dia. Tais observações devem-se tanto à simulação do RELUX

quanto a informações fornecidas por moradores do edifício Prudência.

Banheiro: Iluminação natural lateral inadequada no banheiro. Mesmo com poucos pontos acima de 200 lux, o ambiente necessita

de maior iluminância em área próxima ao espelho, recorrendo-se, assim, à iluminação artificial. Comparando-se as simulações do

Relux, verifica-se que o banheiro apresenta resultados negativos.

Page 293: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

284 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Área de serviço:

Setor mal iluminado em todo o período vespertino, no inverno, devido principalmente às pequenas aberturas projetadas na fachada

sudoeste deste espaço interior. Além de iluminação natural lateral inadequada, verifica-se também pouca ventilação sudoeste,

importante para as atividades próprias desse ambiente.

Dormitório de serviço:

Iluminação natural lateral inadequada, principalmente no inverno, pelo fato de sua abertura ser voltada para a face sudoeste, além

de receber a sombra projetada pelo edifício vizinho. Nenhum ponto do dormitório recebe iluminância acima de 200 lux, sendo esse

ambiente considerado inadequado para o desenvolvimento de algumas atividades características desse espaço.

Banheiro de serviço:

Iluminação natural lateral inadequada. Analisando-se o ambiente, verifica-se que está localizado na face sudeste e que a pequena

abertura é obstruída pela sombra projetada pelo edifício vizinho. Quando houver necessidade de maior quantidade de luz, em área

próxima ao espelho, obrigatoriamente se recorrerá à iluminação artificial.

Considerações:

Na análise observa-se que os níveis de iluminância durante o período vespertino, no inverno, no Edifício Prudência, são

adequados nas salas e nos quatro dormitórios. Foram considerados inadequados quanto à iluminação natural, no período

simulado e de acordo com as atividades próprias de cada ambiente, a copa/cozinha, a lavanderia, o banheiro social e o de serviço,

como também o dormitório de serviço. Mediante as análises empreendidas, pode-se concluir que o projeto de Rino Levi privilegia a

sala (3 ou 4 ambientes), sendo esse um espaço em que todos os pontos revelam excelente iluminação natural, os dormitórios, com

boa iluminância, porém os espaços de serviços apresentam iluminação natural inadequada.

Page 294: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

285 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

EDIFÍCIO PRUDÊNCIA: 22.12 às 12h00min

Fig.206 – Edifício Prudência. Fonte: A. C. PALA (abr. 2013).

Page 295: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

286 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Edifício Prudência (1944): Arquitetos Rino Levi e Roberto Cerqueira César: 22 de dezembro: 12h00min: Verão

Observaram-se, por meio das análises com base na NBR-5413 (ABNT-1992), na NBR-15575 (ABNT-2013), nos estudos baseados

no Código de Edificações e Obras Arthur Saboya (1929) e na simulação computacional do programa Relux Professional 2011,

resultados que foram analisados em todos os ambientes internos (Fig. 206) do edifício, abaixo relacionados:

Dormitório do Casal (Dormitório 04):

Iluminação natural lateral adequada ao meio-dia, com aberturas voltadas para a face nordeste. A abertura do ambiente promove

iluminância adequada em mais de 80% da área do dormitório. A área restante, correspondente a aproximadamente 20% do

ambiente interno do dormitório, apresenta níveis de iluminância abaixo de 200 lux no verão paulistano, no momento da simulação.

Dormitório das filhas (Dormitório 03):

Boa iluminação ao meio-dia, sendo que os quatro dormitórios projetados pelo arquiteto Rino Levi apresentam resultados bastante

semelhantes quanto à iluminação natural. O dormitório 03, com abertura voltada para a face nordeste, apresenta níveis de

iluminância acima de 200 lux em mais de 80% de seu espaço, no verão paulistano, no momento da simulação.

Dormitório dos filhos (Dormitório 02):

Iluminação natural lateral adequada. Dormitório com abertura voltada para a face nordeste, com iluminância semelhante à dos

outros três dormitórios. Na simulação pelo programa Relux, verificou-se iluminância acima de 200 lux em mais de 80% da área do

dormitório no momento da simulação, no verão paulistano.

Dormitório de visita (Dormitório 01):

Boa iluminação ao meio-dia. Os quatro dormitórios projetados pelo arquiteto Rino Levi foram considerados adequados quanto à

iluminação natural lateral. O dormitório de visita, voltado para a face nordeste, apresenta níveis de iluminância acima de 200 lux

em mais de 80% da área da simulação, ao meio-dia do verão paulistano.

Page 296: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

287 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Escritório:

Ambiente interno com iluminação natural lateral adequada, sendo que mais da metade desse espaço (60%) apresenta níveis de

iluminância superiores a 200 lux. Nos resultados das simulações do Relux, verificou-se ser este um ambiente voltado para o

nordeste, com iluminância confortável em todo o seu interior, considerando-se as atividades predominantes no espaço simulado.

Salas (03 ou 04 ambientes):

Ambiente interno com iluminação natural lateral adequada. Todos os pontos apresentam medições acima de 200 lux, sendo mais

de 90% do ambiente interno com iluminância superior a 300 lux. Quanto à iluminação natural lateral, este é o ambiente do

apartamento com maior nível de iluminância em todos os pontos. As grandes aberturas voltadas para a face nordeste colaboram

com a iluminância positiva em todo o seu interior.

Copa e Cozinha:

Iluminação natural lateral inadequada em todo o interior, devido às pequenas aberturas na fachada sudoeste e às sombras

projetadas pelos edifícios do entorno. Níveis de iluminância inferiores a 200 lux ocorrem em praticamente todo o ambiente interno,

sendo que o espaço necessita de iluminação artificial em parte do dia. Tais observações devem-se tanto à simulação do RELUX

quanto a informações fornecidas por moradores do edifício Prudência.

Banheiro:

Iluminação natural lateral inadequada no banheiro. Mesmo apresentando poucos pontos acima de 200 lux, o ambiente necessita

de maior iluminância em área próxima ao espelho, recorrendo-se, assim, à iluminação artificial. Comparando-se as simulações do

Relux, verifica-se que o banheiro revela resultados negativos.

Page 297: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

288 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Área de serviço:

Setor com pouca iluminação ao meio-dia, devido principalmente às pequenas aberturas projetadas na fachada sudoeste deste

espaço interior. Além de iluminação natural lateral inadequada, verifica-se também pouca ventilação sudoeste, importante para as

atividades próprias desse ambiente.

Dormitório de serviço:

Iluminação natural lateral inadequada, principalmente pelo fato de sua abertura ser voltada para a face sudoeste, além de sofrer a

influência da sombra projetada pelo edifício vizinho. Pouquíssimos pontos do dormitório recebem iluminância acima de 200 lux,

sendo esse ambiente considerado inadequado para o desenvolvimento de algumas atividades características desse espaço.

Banheiro de serviço:

Iluminação natural lateral inadequada. Analisando-se o ambiente, verifica-se que está localizado na face sudeste e que a pequena

abertura é obstruída pela sombra projetada pelo edifício vizinho. Quando houver necessidade de maior quantidade de luz, em área

próxima ao espelho, obrigatoriamente se recorrerá à iluminação artificial.

Considerações:

Na análise observa-se que os níveis de iluminância ao meio-dia, no verão, no Edifício Prudência, são adequados nas salas e nos

quatro dormitórios. Foram considerados inadequados quanto à iluminação natural, ao meio-dia e de acordo com as atividades

próprias de cada ambiente, a copa/cozinha, a lavanderia, o banheiro social e o de serviço, como também o dormitório de serviço.

Mediante as análises empreendidas, pode-se concluir que o projeto de Rino Levi privilegia a sala (3 ou 4 ambientes), sendo esse

um espaço em que todos os pontos revelam excelente iluminação natural, os dormitórios, com boa iluminância, porém os espaços

de serviços apresentam iluminação natural inadequada.

Page 298: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

289 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

EDIFÍCIO PRUDÊNCIA: 22.12 às 15h00min

Fig.207 – Edifício Prudência. Fonte: A. C. PALA (abr. 2013).

Page 299: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

290 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Edifício Prudência (1944): Arquitetos Rino Levi e Roberto Cerqueira César: 22 de dezembro: 15h00min: Verão

Observaram-se, por meio das análises com base na NBR-5413 (ABNT-1992), na NBR-15575 (ABNT-2013), nos estudos baseados

no Código de Edificações e Obras Arthur Saboya (1929) e na simulação computacional do programa Relux Professional 2011,

resultados que foram analisados em todos os ambientes internos (Fig. 207) do edifício, abaixo relacionados:

Dormitório do Casal (Dormitório 04):

Iluminação natural lateral adequada no período vespertino, com aberturas voltadas para a face nordeste. A abertura do ambiente

promove iluminância adequada em mais de 80% da área do dormitório. A área restante, correspondente a aproximadamente 20%

do ambiente interno do dormitório, apresenta níveis de iluminância inferiores a 200 lux durante as tardes do verão paulistano.

Dormitório das filhas (Dormitório 03):

Boa iluminação durante todo o período vespertino, sendo que os quatro dormitórios projetados pelo arquiteto Rino Levi apresentam

resultados bastante semelhantes quanto à iluminação natural lateral. O dormitório 03, com abertura voltada para a face nordeste,

apresenta níveis de iluminância acima de 200 lux em mais de 80% de seu espaço, durante as tardes do verão paulistano.

Dormitório dos filhos (Dormitório 02):

Iluminação natural lateral adequada. Dormitório com abertura voltada para a face nordeste, com iluminância semelhante à dos

outros três dormitórios. Na simulação pelo programa Relux, verificou-se iluminância acima de 200 lux em mais de 80% da área do

dormitório, nas tardes do verão paulistano.

Dormitório de visita (Dormitório 01):

Boa iluminação durante todo o período vespertino. Os quatro dormitórios projetados pelo arquiteto Rino Levi foram considerados

adequados quanto à iluminação natural lateral. O dormitório de visita, voltado para a face nordeste, apresenta iluminância acima

de 200 lux em mais de 80% da área da simulação, durante as tardes do verão paulistano.

Page 300: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

291 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Escritório:

Ambiente interno com iluminação natural lateral adequada, sendo que mais da metade desse espaço (60%) apresenta níveis de

iluminância superiores a 200 lux. Nos resultados das simulações do Relux, verificou-se ser este um ambiente voltado para o

nordeste, com iluminância confortável em todo o seu interior, considerando-se as atividades predominantes para o espaço

simulado.

Salas (03 ou 04 ambientes):

Ambiente interno com iluminação natural lateral adequada. Todos os pontos apresentam medições acima de 200 lux, sendo mais

de 90% do ambiente interno com iluminância superior a 300 lux. Quanto à iluminação natural lateral, este é o ambiente do

apartamento com maior nível de iluminância em todos os pontos. As grandes aberturas voltadas para a face nordeste colaboram

com a iluminância positiva em todo o seu interior.

Copa e Cozinha:

Iluminação natural lateral inadequada em todo o interior, devido às pequenas aberturas na fachada sudoeste e às sombras

projetadas pelos edifícios do entorno. Níveis de iluminância inferiores a 200 lux ocorrem em praticamente todo o ambiente interno,

sendo que o espaço necessita de iluminação artificial em parte do dia. Tais observações devem-se tanto à simulação do RELUX

quanto a informações fornecidas por moradores do edifício Prudência.

Banheiro:

Iluminação natural lateral inadequada no banheiro. Mesmo que as medições tenham revelado poucos pontos acima de 200 lux, o

ambiente necessita de maior iluminância em área próxima ao espelho, recorrendo-se, assim, à iluminação artificial. Comparando-

se as simulações do Relux, verifica-se que o banheiro apresenta resultados negativos.

Page 301: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

292 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Área de serviço:

Setor com pouca iluminação em todo o período vespertino, devido principalmente às pequenas aberturas projetadas na fachada

sudoeste deste espaço interior. Além de iluminação natural lateral inadequada, verifica-se também pouca ventilação sudoeste,

importante para as atividades próprias do ambiente.

Dormitório de serviço:

Iluminação natural lateral inadequada, principalmente pelo fato de sua abertura ser voltada para a face sudoeste, além de sofrer a

influência da sombra projetada pelo edifício vizinho. Nenhum ponto do dormitório recebe iluminância acima de 200 lux, sendo esse

ambiente considerado inadequado para o desenvolvimento de algumas atividades características desse espaço.

Banheiro de serviço:

Iluminação natural lateral inadequada. Analisando-se o ambiente, verifica-se que está localizado na face sudeste e que a pequena

abertura é obstruída pela sombra projetada pelo edifício vizinho. Quando houver necessidade de maior quantidade de luz, em área

próxima ao espelho, obrigatoriamente se recorrerá à iluminação artificial.

Page 302: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

293 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Considerações:

Na análise observa-se que os níveis de iluminância durante o período vespertino, no verão, no Edifício Prudência (Fig. 208), são

adequados nas salas e nos quatro dormitórios. Foram considerados inadequados quanto à iluminação natural, no período

simulado e de acordo com as atividades próprias de cada ambiente, a copa/cozinha, a lavanderia, o banheiro social e o de serviço,

como também o dormitório de serviço. Mediante as análises empreendidas, pode-se concluir que o projeto de Rino Levi privilegia a

sala (3 ou 4 ambientes), sendo esse um espaço em que todos os pontos revelam excelente iluminação natural, os dormitórios, com

boa iluminância, porém os espaços de serviços apresentam iluminação natural inadequada.

Fig.208 - Edifício Prudência (1944).

Fonte: A. C. PALA (jan. 2013).

Page 303: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

294 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

APÊNDICE D:

Edifício Lausanne: 21.03 às 12h00min

Fig.209 – Edifício Lausanne. Fonte: A. C. PALA (abr. 2013).

Page 304: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

295 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Edifício Lausanne (1953): Arquiteto Adolf Franz Heep: 21 de março: 12h00min: Outono

Observaram-se, por meio das análises com base na NBR-5413 (ABNT-1992), na NBR-15575 (ABNT-2013), nos estudos baseados

no Código de Edificações e Obras Arthur Saboya (1929) e na simulação computacional do programa Relux Professional 2011,

resultados que foram analisados em todos os ambientes internos (Fig. 209) do edifício, abaixo relacionados:

Dormitório do Casal (Dormitório 02):

Iluminação natural lateral adequada ao meio-dia, espaço com aberturas voltadas para a face nordeste. A abertura do ambiente

proporciona iluminância adequada em mais de 90% da área do dormitório. A área restante, aproximadamente 10% do ambiente

interno, apresenta níveis de iluminância inferiores a 200 lux, ao meio-dia do outono paulistano.

Dormitório da filha (Dormitório 01):

Boa iluminação ao meio-dia. Dentre os três dormitórios projetados pelo arquiteto Franz Heep, apenas dois apresentam iluminação

natural lateral bem semelhante. O dormitório 02, cuja abertura é voltada para a face nordeste, recebe iluminância superior a 200

lux em mais de 90% de seu espaço, ao meio-dia do outono paulistano.

Dormitório do filho (Dormitório 03):

Iluminação natural lateral inadequada. A abertura é voltada para a face sudeste, e o edifício vizinho, com mais de 25 pavimentos,

projeta sua sombra durante todo o dia, fazendo com que apenas 10% de iluminância seja superior a 200 lux. Na simulação pelo

programa Relux, verificou-se iluminância abaixo de 200 lux em mais de 90% da área do dormitório, ao meio-dia do outono

paulistano.

Page 305: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

296 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Salas (Estar e Jantar):

Ambiente interno com iluminação natural lateral adequada somente na sala de estar, apresentando iluminância superior a 300 lux

em praticamente todos os pontos (90%). A iluminação natural lateral da sala de jantar é inadequada em todo o interior. As grandes

aberturas voltadas para a face nordeste colaboram com a iluminância positiva somente na sala de estar, devido à localização

desse ambiente próximo à abertura lateral, o que não ocorre com a sala de jantar.

Copa e Cozinha:

Iluminação natural lateral inadequada em todo o interior, pois o ambiente apresenta pequena abertura voltada para a área de

serviço (face sudoeste), além de sofrer a influência de sombras projetadas pelos edifícios do entorno. Iluminância inferior a 200 lux

ocorre em praticamente todo o ambiente interno, sendo que o espaço necessita, na maior parte do dia, de iluminação artificial. Tais

observações resultam tanto da simulação do Relux quanto de informações colhidas em entrevistas concedidas por moradores do

edifício Lausanne.

Banheiro 01:

Iluminação natural lateral inadequada no banheiro 01. Não foram encontrados pontos acima de 200 lux e, por esse motivo, o

ambiente necessita de maior iluminância em área próxima ao espelho, recorrendo-se, assim, à iluminação artificial. Comparando-

se as simulações do Relux, verifica-se que o banheiro 01 apresenta resultados negativos.

Banheiro 02:

Iluminação natural lateral inadequada no banheiro 02. Não foram encontrados pontos acima de 200 lux e, por esse motivo, o

ambiente necessita de maior iluminância em área próxima ao espelho, recorrendo-se, assim, à iluminação artificial. Comparando-

se as simulações do Relux, verifica-se que o banheiro 02 apresenta resultados negativos.

Page 306: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

297 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Área de serviço (lavanderia):

Setor com iluminação mediana ao meio-dia, com aproximadamente 50% da iluminância acima de 200 lux devido, principalmente,

às pequenas aberturas projetadas na fachada sudeste deste espaço interior. Além de iluminação natural lateral mediana, verifica-

se também ventilação sudoeste, importante para as atividades próprias do ambiente.

Dormitório de serviço (empregada):

Iluminação natural lateral inadequada durante todo o dia, com abertura voltada para a face sudoeste, recebendo sombra projetada

pelo edifício vizinho. Somente 20% da área do dormitório apresenta iluminância superior a 200 lux, assim sendo, mais de 80% da

área do dormitório é considerada inadequada para o desenvolvimento de algumas atividades próprias desse espaço.

Banheiro de serviço:

Iluminação natural lateral inadequada. Analisando-se o ambiente, verifica-se que está localizado na face sudoeste e sua pequena

abertura é voltada para a área de serviço. Quando houver necessidade de maior quantidade de luz, em área próxima ao espelho,

obrigatoriamente se recorrerá à iluminação artificial. Nenhum ponto atinge mais de 150 lux.

Considerações:

Na análise observa-se que os níveis de iluminância ao meio-dia, no outono, no Edifício Lausanne, são adequados na sala de estar

e em dois dormitórios. Foram considerados inadequados quanto à iluminação natural, no horário simulado e de acordo com suas

atividades, o dormitório do filho, a copa/cozinha, a área de serviço (lavanderia), os banheiros sociais e o de serviço, assim como o

dormitório de serviço. Mediante as análises empreendidas, pode-se concluir que o projeto de Franz Heep privilegia a sala de estar

e dois dos três dormitórios, sendo que nesses espaços todos os pontos apresentam uma excelente iluminação natural. O

dormitório 03 e os espaços de serviços, porém, revelam iluminação natural inadequada. Os apartamentos compreendidos entre o

primeiro e quinto pavimento recebem sombreamento de grandes árvores localizadas em frente ao Edifício Lausanne.

Page 307: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

298 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Edifício Lausanne: 21.03 às 15h00min

Fig.210 – Edifício Lausanne. Fonte: A. C. PALA (abr. 2013).

Page 308: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

299 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Edifício Lausanne (1953): Arquiteto Adolf Franz Heep: 21 de março: 15h00min: Outono

Observaram-se, por meio das análises com base na NBR-5413 (ABNT-1992), na NBR-15575 (ABNT-2013), nos estudos baseados

no Código de Edificações e Obras Arthur Saboya (1929) e na simulação computacional do programa Relux Professional 2011,

resultados que foram analisados em todos os ambientes internos (Fig. 210) do edifício, abaixo relacionados:

Dormitório do Casal (Dormitório 02):

Iluminação natural lateral adequada no período vespertino, espaço com aberturas voltadas para a face nordeste. A abertura do

ambiente proporciona iluminância adequada em mais de 90% da área do dormitório. A área restante, aproximadamente 10% do

ambiente interno, apresenta níveis de iluminância inferiores a 200 lux, durante as tardes do outono paulistano.

Dormitório da filha (Dormitório 01):

Boa iluminação durante todo o período vespertino. Dentre os três dormitórios projetados pelo arquiteto Franz Heep, apenas dois

apresentam iluminação natural lateral bem semelhante. O dormitório 02, com abertura voltada para a face nordeste, recebe

iluminância superior a 200 lux em mais de 90% de seu espaço, durante as tardes do outono paulistano.

Dormitório do filho (Dormitório 03):

Iluminação natural lateral inadequada. A abertura é voltada para a face sudeste, e o edifício vizinho, com mais de 25 pavimentos,

projeta sua sombra durante todo o dia, fazendo com que apenas 10% de iluminância seja superior a 200 lux. Na simulação pelo

programa Relux, verificou-se iluminância abaixo de 200 lux em mais de 90% da área do dormitório, nas tardes do outono

paulistano.

Page 309: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

300 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Salas (Estar e Jantar):

Ambiente interno com iluminação natural lateral adequada somente na sala de estar, apresentando iluminância superior a 300 lux

em praticamente todos os pontos (90%). A iluminação natural lateral da sala de jantar é inadequada em todo o interior. As grandes

aberturas voltadas para a face nordeste colaboram com a iluminância positiva somente na sala de estar, devido à localização

desse ambiente próximo à abertura lateral, o que não ocorre com a sala de jantar.

Copa e Cozinha:

Iluminação natural lateral inadequada em todo o interior, pois o ambiente apresenta pequena abertura voltada para a área de

serviços (face sudoeste), além de sofrer a influência de sombras projetadas pelos edifícios do entorno. Iluminância inferior a 200

lux ocorre em praticamente todo o ambiente interno, sendo que o espaço necessita, na maior parte do dia, de iluminação artificial.

Tais observações resultam tanto da simulação do Relux quanto de informações colhidas em entrevistas concedidas por moradores

do edifício Lausanne.

Banheiro 01:

Iluminação natural lateral inadequada no banheiro 01. Não foram encontrados pontos acima de 200 lux e, por esse motivo, o

ambiente necessita de maior iluminância em área próxima ao espelho, recorrendo-se, assim, à iluminação artificial. Comparando-

se as simulações do Relux, verifica-se que o banheiro 01 apresenta resultados negativos.

Banheiro 02:

Iluminação natural lateral inadequada no banheiro 02. Não foram encontrados pontos acima de 200 lux e, por esse motivo, o

ambiente necessita de maior iluminância em área próxima ao espelho, recorrendo-se, assim, à iluminação artificial. Comparando-

se as simulações do Relux, verifica-se que o banheiro 02 apresenta resultados negativos.

Page 310: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

301 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Área de serviço (lavanderia):

Setor com iluminação mediana em todo o período vespertino, com aproximadamente 50% da iluminância acima de 200 lux devido,

principalmente, às pequenas aberturas projetadas na fachada sudeste deste espaço interior. Além de iluminação natural lateral

mediana, verifica-se também ventilação sudoeste, importante para as atividades próprias do ambiente.

Dormitório de serviço (empregada):

Iluminação natural lateral inadequada durante todo o dia, com abertura voltada para a face sudoeste, recebendo sombra projetada

pelo edifício vizinho. Somente 20% da área do dormitório apresenta iluminância superior a 200 lux, assim sendo, mais de 80% da

área do dormitório é considerada inadequada para o desenvolvimento de algumas atividades próprias desse espaço.

Banheiro de serviço:

Iluminação natural lateral inadequada. Analisando-se o ambiente, verifica-se que está localizado na face sudoeste e sua pequena

abertura é voltada para a área de serviço. Quando houver necessidade de maior quantidade de luz, em área próxima ao espelho,

obrigatoriamente se recorrerá à iluminação artificial. Nenhum ponto atinge mais de 150 lux.

Considerações:

Na análise observa-se que os níveis de iluminância durante o período vespertino, no outono, no Edifício Lausanne, são adequados

na sala de estar e em dois dormitórios. Foram considerados inadequados quanto à iluminação natural, no período simulado e de

acordo com suas atividades, o dormitório do filho, a copa/cozinha, a área de serviço (lavanderia), os banheiros sociais e o de

serviço, assim como o dormitório de serviço. Mediante as análises empreendidas, pode-se concluir que o projeto de Franz Heep

privilegia a sala de estar e dois dos três dormitórios, sendo que nesses espaços todos os pontos apresentam uma excelente

iluminação natural. O dormitório 03 e os espaços de serviços, porém, revelam iluminação natural inadequada. Os apartamentos

compreendidos entre o primeiro e quinto pavimento recebem sombreamento de grandes árvores localizadas em frente ao Edifício

Lausanne.

Page 311: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

302 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Edifício Lausanne: 22.06 às 12h00min

Fig.211 – Edifício Lausanne. Fonte: A. C. PALA (abr. 2013).

Page 312: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

303 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Edifício Lausanne (1953): Arquiteto Adolf Franz Heep: 22 de junho: 12h00min: Inverno

Observaram-se, por meio das análises com base na NBR-5413 (ABNT-1992), na NBR-15575 (ABNT-2013), nos estudos baseados

no Código de Edificações e Obras Arthur Saboya (1929) e na simulação computacional do programa Relux Professional 2011,

resultados que foram analisados em todos os ambientes internos (Fig. 211) do edifício, abaixo relacionados:

Dormitório do Casal (Dormitório 02):

Iluminação natural lateral adequada ao meio-dia, espaço com aberturas voltadas para a face nordeste. A abertura do ambiente

proporciona iluminância adequada em mais de 90% da área do dormitório. A área restante, aproximadamente 10% do ambiente

interno, apresenta níveis de iluminância inferiores a 200 lux, ao meio-dia do inverno paulistano.

Dormitório da filha (Dormitório 01):

Boa iluminação ao meio-dia. Dentre os três dormitórios projetados pelo arquiteto Franz Heep, apenas dois apresentam iluminação

natural lateral bem semelhante. O dormitório 02, com abertura voltada para a face nordeste, recebe iluminância superior a 200 lux

em mais de 90% de seu espaço, ao meio-dia do inverno paulistano.

Dormitório do filho (Dormitório 03):

Iluminação natural lateral inadequada. A abertura é voltada para a face sudeste, e o edifício vizinho, com mais de 25 pavimentos,

projeta sua sombra durante todo o dia, fazendo com que apenas 10% de iluminância seja superior a 200 lux. Na simulação pelo

programa Relux, verificou-se iluminância abaixo de 200 lux em mais de 90% da área do dormitório, ao meio-dia do inverno

paulistano.

Page 313: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

304 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Salas (Estar e Jantar):

Ambiente interno com iluminação natural lateral adequada somente na sala de estar, apresentando iluminância superior a 300 lux

em praticamente todos os pontos (90%). A iluminação natural lateral da sala de jantar é inadequada em todo o interior. As grandes

aberturas voltadas para a face nordeste colaboram com a iluminância positiva, somente na sala de estar, devido à localização

desse ambiente próximo à abertura lateral, o que não ocorre com a sala de jantar.

Copa e Cozinha:

Iluminação natural lateral inadequada em todo o interior, pois o ambiente apresenta pequena abertura voltada para a área de

serviço (face sudoeste), além de sofrer a influência de sombras projetadas pelos edifícios do entorno. Iluminância inferior a 200 lux

ocorre em praticamente todo o ambiente interno, sendo que o espaço necessita, na maior parte do dia, de iluminação artificial. Tais

observações resultam tanto da simulação do Relux quanto de informações colhidas em entrevistas concedidas por moradores do

edifício Lausanne.

Banheiro 01:

Iluminação natural lateral inadequada no banheiro 01. Não foram encontrados pontos acima de 200 lux e, por esse motivo, o

ambiente necessita de maior iluminância em área próxima ao espelho, recorrendo-se, assim, à iluminação artificial. Comparando-

se as simulações do Relux, verifica-se que o banheiro 01 apresenta resultados negativos.

Banheiro 02:

Iluminação natural lateral inadequada no banheiro 02. Não foram encontrados pontos acima de 200 lux e, por esse motivo, o

ambiente necessita de maior iluminância em área próxima ao espelho, recorrendo-se, assim, à iluminação artificial. Comparando-

se as simulações do Relux, verifica-se que o banheiro 02 apresenta resultados negativos.

Page 314: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

305 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Área de serviço (lavanderia):

Setor com iluminação mediana em todo o período simulado, com aproximadamente 50% da iluminância acima de 200 lux, devido,

principalmente, às pequenas aberturas projetadas na fachada sudoeste deste espaço interior. Além de uma iluminação natural

lateral mediana, verifica-se também ventilação sudoeste, importante para as atividades do ambiente.

Dormitório de serviço (empregada):

Iluminação natural lateral inadequada durante todo o dia, com abertura voltada para a face sudoeste, recebendo sombra projetada

pelo edifício vizinho. Somente 20% da área do dormitório apresenta iluminância superior a 200 lux, assim sendo, mais de 80% da

área do dormitório é considerada inadequada para o desenvolvimento de algumas atividades próprias desse espaço.

Banheiro de serviço:

Iluminação natural lateral inadequada. Analisando-se o ambiente, verifica-se que está localizado na face sudoeste e sua pequena

abertura é voltada para a área de serviço. Quando houver necessidade de maior quantidade de luz, em área próxima ao espelho,

obrigatoriamente se recorrerá à iluminação artificial. Nenhum ponto atinge mais de 150 lux.

Considerações:

Na análise observa-se que os níveis de iluminância ao meio-dia, no inverno, no Edifício Lausanne, são adequados na sala de estar

e em dois dormitórios. Foram considerados inadequados quanto à iluminação natural, no horário simulado e de acordo com suas

atividades, o dormitório do filho, a copa/cozinha, a área de serviço (lavanderia), os banheiros sociais e o de serviço, assim como o

dormitório de serviço. Mediante as análises empreendidas, pode-se concluir que o projeto de Franz Heep privilegia a sala de estar

e dois dos três dormitórios, sendo que nesses espaços todos os pontos apresentam uma excelente iluminação natural; porém, o

dormitório 03 e os espaços de serviços revelam iluminação natural inadequada. Os apartamentos compreendidos entre o primeiro

e quinto pavimento recebem sombreamento de grandes árvores localizadas em frente ao Edifício Lausanne.

Page 315: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

306 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Edifício Lausanne: 22.06 às 15h00min

Fig.212 – Edifício Lausanne. Fonte: A. C. PALA (abr. 2013).

Page 316: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

307 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Edifício Lausanne (1953): Arquiteto Adolf Franz Heep: 22 de junho: 15h00min: Inverno

Observaram-se, por meio das análises com base na NBR-5413 (ABNT-1992), na NBR-15575 (ABNT-2013), nos estudos baseados

no Código de Edificações e Obras Arthur Saboya (1929) e na simulação computacional do programa Relux Professional 2011,

resultados que foram analisados em todos os ambientes internos (Fig. 212) do edifício, abaixo relacionados:

Dormitório do Casal (Dormitório 02):

Iluminação natural lateral adequada no período vespertino, espaço com aberturas voltadas para a face nordeste. A abertura do

ambiente proporciona iluminância adequada em mais de 90% da área do dormitório. A área restante, aproximadamente 10% do

ambiente interno, apresenta níveis de iluminância inferiores a 200 lux, durante as tardes do inverno paulistano.

Dormitório da filha (Dormitório 01):

Boa iluminação durante todo o período vespertino. Dentre os três dormitórios projetados pelo arquiteto Franz Heep, apenas dois

resultam iluminação natural lateral bem semelhante. O dormitório 02, com abertura voltada para a face nordeste, recebe

iluminância superior a 200 lux em mais de 90% de seu espaço, durante as tardes do inverno paulistano.

Dormitório do filho (Dormitório 03):

Iluminação natural lateral inadequada. A abertura é voltada para a face sudeste, e o edifício vizinho, com mais de 25 pavimentos,

projeta sua sombra durante todo o dia, fazendo com que apenas 10% de iluminância seja superior a 200 lux. Na simulação

utilizando-se o programa Relux, verificou-se iluminância abaixo de 200 lux em mais de 90% da área do dormitório, nas tardes do

inverno paulistano.

Page 317: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

308 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Salas (Estar e Jantar):

Ambiente interno com iluminação natural lateral adequada somente na sala de estar, apresentando iluminância superior a 300 lux

em praticamente todos os pontos (90%). A iluminação natural lateral da sala de jantar é inadequada em todo o interior. As grandes

aberturas voltadas para a face nordeste colaboram com a iluminância positiva somente na sala de estar, devido à localização

desse ambiente próximo à abertura lateral, o que não ocorre com a sala de jantar.

Copa e Cozinha:

Iluminação natural lateral inadequada em todo o interior, pois o ambiente apresenta pequena abertura voltada para a área de

serviço (face sudoeste), além de sofrer influência de sombras projetadas pelos edifícios do entorno. Iluminância inferior a 200 lux

ocorre em praticamente todo o ambiente interno, sendo que o espaço necessita, na maior parte do dia, de iluminação artificial. Tais

observações resultam tanto da simulação do Relux quanto de informações colhidas em entrevistas concedidas por moradores do

edifício Lausanne.

Banheiro 01:

Iluminação natural lateral inadequada no banheiro 01. Não foram encontrados pontos acima de 200 lux e, por esse motivo, o

ambiente necessita de maior iluminância em área próxima ao espelho, recorrendo-se, assim, à iluminação artificial. Comparando-

se as simulações do Relux, verifica-se que o banheiro 01 apresenta resultados negativos.

Banheiro 02:

Iluminação natural lateral inadequada no banheiro 02. Não foram encontrados pontos acima de 200 lux e, por esse motivo, o

ambiente necessita de maior iluminância em área próxima ao espelho, recorrendo-se, assim, à iluminação artificial. Comparando-

se as simulações do Relux, verifica-se que o banheiro 02 apresenta resultados negativos.

Page 318: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

309 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Área de serviço (lavanderia):

Setor com iluminação mediana em todo o período vespertino, com aproximadamente 50% da iluminância acima de 200 lux, devido,

principalmente, às pequenas aberturas projetadas na fachada sudoeste deste espaço interior. Além de iluminação natural lateral

mediana, verifica-se também ventilação sudoeste, importante para as atividades características desse ambiente.

Dormitório de serviço (empregada):

Iluminação natural lateral inadequada durante todo o dia, com abertura voltada para a face sudoeste, recebendo sombra projetada

pelo edifício vizinho. Somente 20% da área do dormitório apresenta iluminância acima de 200 lux, assim sendo, mais de 80% da

área do dormitório é considerada inadequada para o desenvolvimento de algumas atividades próprias desse espaço.

Banheiro de serviço:

Iluminação natural lateral inadequada. Analisando-se o ambiente, verifica-se que está localizado na face sudoeste e sua pequena

abertura é voltada para a área de serviço. Quando houver necessidade de maior quantidade de luz, em área próxima ao espelho,

obrigatoriamente se recorrerá à iluminação artificial. Nenhum ponto atinge mais de 150 lux.

Considerações:

Na análise observa-se que os níveis de iluminância durante o período vespertino, no inverno, no Edifício Lausanne, são

adequados na sala de estar e em dois dormitórios. Foram considerados inadequados quanto à iluminação natural, no período

simulado e de acordo com suas atividades, o dormitório do filho, a copa/cozinha, a lavanderia, os banheiros sociais e o de serviço,

assim como o dormitório de serviço. Mediante as análises empreendidas, pode-se concluir que o projeto de Franz Heep privilegia a

sala de estar e dois dos três dormitórios, sendo que nesses espaços todos os pontos apresentam uma excelente iluminação

natural; porém, o dormitório 03 e os espaços de serviços revelam iluminação natural inadequada. Os apartamentos compreendidos

entre o primeiro e quinto pavimento recebem sombreamento de grandes árvores localizadas em frente ao Edifício Lausanne.

Page 319: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

310 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Edifício Lausanne: 22.12 às 12h00min

Fig.213 – Edifício Lausanne. Fonte: A. C. PALA (abr. 2013).

Page 320: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

311 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Edifício Lausanne (1953): Arquiteto Adolf Franz Heep: 21 de dezembro: 12h00min: Verão

Observaram-se, por meio das análises com base na NBR-5413 (ABNT-1992), na NBR-15575 (ABNT-2013), nos estudos baseados

no Código de Edificações e Obras Arthur Saboya (1929) e na simulação computacional do programa Relux Professional 2011,

resultados que foram analisados em todos os ambientes internos (Fig. 213) do edifício, abaixo relacionados:

Dormitório do Casal (Dormitório 02):

Iluminação natural lateral adequada ao meio-dia, espaço com aberturas voltadas para a face nordeste. A abertura do ambiente

proporciona iluminância adequada em mais de 90% da área do dormitório. A área restante, aproximadamente 10% do ambiente

interno, apresenta níveis de iluminância abaixo de 200 lux, ao meio-dia do verão paulistano.

Dormitório da filha (Dormitório 01):

Boa iluminação ao meio-dia. Dentre os três dormitórios projetados pelo arquiteto Franz Heep, apenas dois apresentam iluminação

natural lateral bem semelhante. O dormitório 02, com abertura voltada para a face nordeste, recebe iluminância superior a 200 lux

em mais de 90% do seu espaço, ao meio-dia do verão paulistano.

Dormitório do filho (Dormitório 03):

Iluminação natural lateral inadequada. A abertura é voltada para a face sudeste, e o edifício vizinho, com mais de 25 pavimentos,

projeta sua sombra durante todo o dia, fazendo com que apenas 10% de iluminância seja superior a 200 lux. Na simulação

utilizando-se o programa Relux, verificou-se iluminância abaixo de 200 lux em mais de 90% da área do dormitório, ao meio-dia do

verão paulistano.

Page 321: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

312 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Salas (Estar e Jantar):

Ambiente interno com iluminação natural lateral adequada somente na sala de estar, apresentando iluminância superior a 300 lux

em praticamente todos os pontos (90%). A iluminação natural lateral da sala de jantar é inadequada em todo o interior. As grandes

aberturas voltadas para a face nordeste colaboram com a iluminância positiva, somente na sala de estar, devido à localização

desse ambiente, próximo à abertura lateral, o que não ocorre com a sala de jantar.

Copa e Cozinha:

Iluminação natural lateral inadequada em todo o interior, pois o ambiente apresenta pequena abertura voltada para a área de

serviço (face sudoeste), além de receber sombras projetadas pelos edifícios do entorno. Iluminância inferior a 200 lux ocorre em

praticamente todo o ambiente interno, sendo que o espaço necessita, na maior parte do dia, de iluminação artificial. Tais

observações resultam tanto da simulação do Relux quanto de informações colhidas em entrevistas concedidas por moradores do

edifício Lausanne.

Banheiro 01:

Iluminação natural lateral inadequada no banheiro 01. Não foram encontrados pontos acima de 200 lux e, por esse motivo, o

ambiente necessita de maior iluminância em área próxima ao espelho, recorrendo-se, assim, à iluminação artificial. Comparando-

se as simulações do Relux, verifica-se que o banheiro 01 apresenta resultados negativos.

Banheiro 02:

Iluminação natural lateral inadequada no banheiro 02. Não foram encontrados pontos acima de 200 lux e, por esse motivo, o

ambiente necessita de maior iluminância em área próxima ao espelho, recorrendo-se, assim, à iluminação artificial. Comparando-

se as simulações do Relux, verifica-se que o banheiro 02 apresenta resultados negativos.

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313 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Área de serviço (lavanderia):

Setor com iluminação mediana ao meio-dia, horário da simulação, com aproximadamente 50% da iluminância acima de 200 lux,

devido, principalmente, às pequenas aberturas projetadas na fachada sudoeste desse espaço interior. Além de uma iluminação

natural lateral mediana, verifica-se também ventilação sudoeste, importante para as atividades características desse ambiente.

Dormitório de serviço (empregada):

Iluminação natural lateral inadequada durante todo o dia, com abertura voltada para a face sudoeste, recebendo sombra projetada

pelo edifício vizinho. Somente 20% da área do dormitório apresenta iluminância superior a 200 lux, assim sendo, mais de 80% da

área do dormitório é considerada inadequada para o desenvolvimento de algumas atividades próprias desse espaço.

Banheiro de serviço:

Iluminação natural lateral inadequada. Analisando-se o ambiente, verifica-se que está localizado na face sudoeste e sua pequena

abertura é voltada para a área de serviço. Quando houver necessidade de maior quantidade de luz, em área próxima ao espelho,

obrigatoriamente se recorrerá à iluminação artificial. Nenhum ponto atinge mais de 150 lux.

Considerações:

Na análise observa-se que os níveis de iluminância ao meio-dia, no inverno, no Edifício Lausanne, são adequados na sala de estar

e em dois dormitórios. Foram considerados inadequados quanto à iluminação natural, no horário simulado e de acordo com suas

atividades, o dormitório do filho, a copa/cozinha, a área de serviço (lavanderia), os banheiros sociais e o de serviço, assim como o

dormitório de serviço. Mediante as análises empreendidas, pode-se concluir que o projeto de Franz Heep privilegia a sala de estar

e dois dos três dormitórios, sendo que nesses espaços todos os pontos apresentam uma excelente iluminação natural; porém, o

dormitório 03 e os espaços de serviços revelam iluminação natural inadequada. Os apartamentos compreendidos entre o primeiro

e quinto pavimento recebem sombreamento de grandes árvores localizadas em frente ao Edifício Lausanne.

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314 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Edifício Lausanne: 22.12 às 15h00min

Fig.214 – Edifício Lausanne. Fonte: A. C. PALA (abr. 2013).

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Edifício Lausanne (1953): Arquiteto Adolf Franz Heep: 21 de dezembro: 15h00min: Verão

Observaram-se, por meio das análises com base na NBR-5413 (ABNT-1992), na NBR-15575 (ABNT-2013), nos estudos baseados

no Código de Edificações e Obras Arthur Saboya (1929) e na simulação computacional do programa Relux Professional 2011,

resultados que foram analisados em todos os ambientes internos (Fig. 214) do edifício, abaixo relacionados:

Dormitório do Casal (Dormitório 02):

Iluminação natural lateral adequada no período vespertino, espaço com aberturas voltadas para a face nordeste. A abertura do

ambiente proporciona iluminância adequada em mais de 90% da área do dormitório. A área restante, aproximadamente 10% do

ambiente interno, apresenta níveis de iluminância inferiores a 200 lux, durante as tardes do verão paulistano.

Dormitório da filha (Dormitório 01):

Boa iluminação durante todo o período vespertino. Dentre os três dormitórios projetados pelo arquiteto Franz Heep, apenas dois

apresentam iluminação natural lateral bem semelhante. O dormitório 02, com abertura voltada para a face nordeste, recebe

iluminância superior a 200 lux em mais de 90% de seu espaço, durante as tardes do verão paulistano.

Dormitório do filho (Dormitório 03):

Iluminação natural lateral inadequada. A abertura é voltada para a face sudeste, e o edifício vizinho, com mais de 25 pavimentos,

projeta sua sombra durante todo o dia, fazendo com que apenas 10% de iluminância seja superior a 200 lux. Na simulação

utilizando-se o programa Relux, verificou-se iluminância abaixo de 200 lux em mais de 90% da área do dormitório, nas manhãs do

verão paulistano.

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Salas (Estar e Jantar):

Ambiente interno com iluminação natural lateral adequada somente na sala de estar, apresentando iluminância superior a 300 lux

em praticamente todos os pontos (90 %). A iluminação natural lateral da sala de jantar é inadequada em todo o interior. As grandes

aberturas voltadas para a face nordeste colaboram com a iluminância positiva, somente na sala de estar, devido à localização

desse ambiente próximo à abertura lateral, o que não ocorre com a sala de jantar.

Copa e Cozinha:

Iluminação natural lateral inadequada em todo o interior, pois o ambiente apresenta pequena abertura voltada para a área de

serviço (face sudoeste), além de receber sombras projetadas pelos edifícios do entorno. Iluminância inferior a 200 lux ocorre em

praticamente todo o ambiente interno, sendo que o espaço necessita, na maior parte do dia, de iluminação artificial. Tais

observações resultam tanto da simulação do Relux quanto de informações colhidas em entrevistas concedidas por moradores do

edifício Lausanne.

Banheiro 01:

Iluminação natural lateral inadequada no banheiro 01. Não foram encontrados pontos acima de 200 lux e, por esse motivo, o

ambiente necessita de maior iluminância em área próxima ao espelho, recorrendo-se, assim, à iluminação artificial. Comparando-

se as simulações do Relux, verifica-se que o banheiro 01 apresenta resultados negativos.

Banheiro 02:

Iluminação natural lateral inadequada no banheiro 02. Não foram encontrados pontos acima de 200 lux e, por esse motivo, o

ambiente necessita de maior iluminância em área próxima ao espelho, recorrendo-se, assim, à iluminação artificial. Comparando-

se as simulações do Relux, verifica-se que o banheiro 02 apresenta resultados negativos.

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317 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Área de serviço (lavanderia):

Setor com iluminação mediana em todo o período vespertino, com aproximadamente 50% da iluminância acima de 200 lux, devido,

principalmente, às pequenas aberturas projetadas na fachada sudoeste desse espaço interior. Além de uma iluminação natural

lateral mediana, verifica-se também ventilação sudoeste, importante para as atividades características desse ambiente.

Dormitório de serviço (empregada):

Iluminação natural lateral inadequada durante todo o dia, com abertura voltada para a face sudoeste, recebendo sombra projetada

pelo edifício vizinho. Somente 20% da área do dormitório apresenta iluminância superior a 200 lux, assim sendo, mais de 80% da

área do dormitório é considerada inadequada para o desenvolvimento de algumas atividades próprias desse espaço.

Banheiro de serviço:

Iluminação natural lateral inadequada. Analisando-se o ambiente, verifica-se que está localizado na face sudoeste e sua pequena

abertura é voltada para a área de serviço. Quando houver necessidade de maior quantidade de luz, em área próxima ao espelho,

obrigatoriamente se recorrerá à iluminação artificial. Nenhum ponto atinge mais de 150 lux.

Considerações:

Na análise observa-se que os níveis de iluminância durante o período vespertino, no verão, no Edifício Lausanne, são adequados

na sala de estar e em dois dormitórios. Foram considerados inadequados quanto à iluminação natural, no horário simulado e de

acordo com suas atividades, o dormitório do filho, a copa/cozinha, a área de serviço, os banheiros sociais e o de serviço, assim

como o dormitório de serviço. Mediante as análises empreendidas, pode-se concluir que o projeto de Franz Heep privilegia a sala

de estar e dois dos três dormitórios, sendo que nesses espaços todos os pontos apresentam uma excelente iluminação natural;

porém, o dormitório 03 e os espaços de serviços revelam iluminação natural inadequada. Os apartamentos compreendidos entre o

primeiro e quinto pavimento recebem sombreamento de grandes árvores localizadas em frente ao Edifício Lausanne.

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GLOSSÁRIO:

Luz

A luz é uma onda eletromagnética, cujo comprimento de onda se inclui num determinado intervalo dentro do qual o olho

humano é a ela sensível. Trata-se, de outro modo, de uma radiação electromagnética que se situa entre a radiação infravermelha

e a radiação ultravioleta (Fig. 215). As três grandezas físicas básicas da luz são herdadas das grandezas de toda e qualquer onda

eletromagnética: intensidade (ou amplitude), frequência e polarização (ângulo de vibração). No caso específico da luz, a

intensidade se identifica com o brilho e a frequência com a cor. Deve ser ressaltada também a dualidade onda-partícula,

característica da luz como fenômeno físico, em que esta tem propriedades de onda e partículas, sendo válidas ambas as teorias

sobre a natureza da luz.

Um raio de luz é a trajetória da luz em determinado espaço, e sua representação indica de onde a luz é criada (fonte) e para

onde ela se dirige (Fig. 216). O conceito de raio de luz foi introduzido por Alhazen. Propagando-se em meio homogêneo, a luz

percorre trajetórias retilíneas; somente em meios não homogêneos a luz pode descrever trajetórias curvas.

Fig.215 – Diagrama da dispersão da luz através de um prisma.

Fonte: Luz Natural, 2013.

Fig.216 – Representação de um raio de luz refletido.

Fonte: Luz Natural, 2013.

Page 329: A Luz Natural LATERAL como elemento de concepção

320 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Iluminância

Iluminamento, intensidade de iluminação ou iluminância é uma grandeza de luminosidade, representada pela letra E, que faz

a relação entre o fluxo luminoso que incide na direção perpendicular a uma superfície e a sua área.

O fluxo luminoso de um lumen incidindo sobre uma área de um metro quadrado produz o iluminamento de um lux.

Na prática, é a quantidade de luz dentro de um ambiente. Da mesma forma que o fluxo luminoso, não é distribuído uniformemente,

de maneira que ao ser medida, não terá o mesmo valor em todos os pontos da área em questão.

Sua unidade de medida é o lux (lx). Para medi-la, usa-se um aparelho denominado luxímetro.

A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) descreve iluminância como sendo o "limite da razão do fluxo luminoso

recebido pela superfície em torno de um ponto considerado, para a área da superfície quando esta tende para o zero." (NBR

5413/1992).

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321 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Iluminância

Iluminância é uma medida da densidade da intensidade de uma luz refletida numa dada direção, cuja unidade SI é a candela

por metro quadrado (CD/m²). Descreve a quantidade de luz que atravessa ou é emitida de uma superfície em questão, e decai

segundo um ângulo sólido.

Observando parte uma superfície iluminada, a intensidade luminosa refletida por uma superfície dividida pela área visível

para os olhos denomina-se iluminância.

Pode ser descrita com a seguinte equação:

onde:

LV é a iluminância, medida em candelas /metro².

F é o fluxo luminoso, em lumens.

dS é o elemento de superfície considerado, em metros².

dΩ é o elemento de ângulo sólido, em estereorradianos.

θ é o ângulo entre a normal da superfície e a direção considerada.

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322 A LUZ NATURAL LATERAL NA CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA NOS PROJETOS DOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS DO BAIRRO PAULISTANO DE HIGIENÓPOLIS NOS ANOS DE 1940-1960

Os raios luminosos de uma fonte de luz não podem ser vistos; é a sensação de claridade que essa superfície produz nos olhos

que é transmitida ao cérebro. Por causa da sensibilidade dos receptores da retina, a sensibilidade do olho humano não é a mesma

para todo o espectro eletromagnético de cores. Estende-se do vermelho (780 nm) ao violeta (400 nm) com o verde-amarelado no

centro. Por esse motivo, o verde-amarelado é a cor mais representativa do espectro luminoso. Já que os objetos possuem

diferentes capacidades de reflexão da luz, podem-se obter diferentes iluminâncias de uma mesma iluminância.

Os monitores e as placas de tratamento da imagem controlam a iluminância e a crominância.

Medição da luz

As seguintes quantidades e unidades são utilizadas para medir luz.

brilho, medida em watts/cm²

iluminância ou iluminação (Unidade SI: lux)

fluxo luminoso (Unidade SI: lumen)

intensidade luminosa (Unidade SI: candela)