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A MATEMÁTICA POR TRÁS DA NOTÍCIA: O USO DE REVISTAS E JORNAIS EM SALA DE AULA
Orlando Pereira Costa1
RESUMO: O presente projeto teve por objetivo fazer com que os alunos percebessem que a Matemática vai além das fronteiras da escola e que se faz presente nas mais diversas áreas do conhecimento. O uso de revistas e jornais em sala de aula como uma fonte rica de informações foi um valioso instrumento para ocorresse essa percepção. A cada conteúdo abordado durante o ano letivo de 2009 com os alunos da 1ª série do Ensino Médio foram apresentados uma notícia, uma propaganda, uma nota de opinião, gráficos ou ainda dados estatísticos retirados destes tipos de periódicos, procurando fazer sempre uma relação entre a Matemática da sala de aula com os fatos e acontecimentos que fazem parte do nosso dia a dia. Desta maneira, além de interpretar informações, discutir idéias e analisar fatos ocorridos, os alunos tiveram a oportunidade de perceber que a Matemática encontra-se explícita ou implicitamente em diversos textos e pode se apresentar nas mais diferentes linguagens, sendo essa a base dos grandes avanços científicos e que contribui diretamente com as constantes mudanças que ocorrem na nossa sociedade.
Palavras chaves: Matemática. Revistas. Jornais. Contextualização. Notícias. Tratamento de informação.
ABSTRACT: This project aimed to make students realize that mathematics goes beyond the boundaries of the school and who is present in several areas of knowledge. The use of magazines and newspapers in the classroom as a rich source of information was a valuable tool to that perception occurred. Each program used during the school year of 2009 with students from the 1st year of secondary school were presented a story, an advertisement, a statement of opinion, graphs or statistical data drawn from these types of journals, trying to always a relationship between the mathematics classroom with the facts and events that are part of our daily life. In this way, besides interpret information, discuss ideas and analyze facts, the students had the opportunity to realize that mathematics is explicitly or implicitly in several texts and can present itself in many different languages, which constitutes the base of the great advances scientific and directly contributing to the constant changes that occur in our society.
Key words: Math. Magazines. Newspapers. Background. News. Treatment of information.
1 Professor da Rede Pública do Estado do Paraná. Professor PDE-2008/2009 – [email protected]
2
1 INTRODUÇÃO
Estabelecer uma relação entre os conteúdos abordados em
sala de aula com atividades voltadas a realidade do aluno, o que ele vivencia
no seu dia-a-dia, sempre foi um grande desafio enfrentado professor de
Matemática. Superar as dificuldades deste desafio é prática cotidiana do fazer
pedagógico do professor. Os questionamentos dos alunos sobre a importância
e utilidade social ou vivencial de alguns conteúdos a eles apresentados em
sala de aula e em que área do mercado de trabalho estes têm aplicações
práticas não apresentam respostas fáceis e nem breves (ÁVILA, 1995).
Segundo Centurión e Smole (2004), é importante estabelecer a
relação aluno-realidade social possibilitando a integração real da Matemática
com o cotidiano e com as demais áreas do conhecimento. Segundo as autoras,
o ensino de Matemática deve ser entendido como parte de um processo global
na formação do aluno, enquanto ser social (CENTURIÓN; SMOLE, 2004).
Neste sentido, como integrar a Matemática com o cotidiano do
aluno e as demais áreas do conhecimento de forma processual para sua
formação global enquanto um ser social?
Ainda que alguns professores desejem mudar sua prática
pedagógica, muitas vezes se deparam com o problema da falta de materiais
que apresentam propostas de atividades a partir de situações-problemas
contextualizadas que fazem a relação dos conteúdos e a vivência dos alunos
em seu meio social.
Segundo o Instituto Paulo Montenegro (IBOPE, 2002) apenas
21% da população brasileira consegue compreender informações a partir de
gráficos e tabelas. Tal fato arremete o professor de Matemática ao desafio pela
busca de instrumentos que propiciem ao indivíduo, dentro ou fora do ambiente
escolar, uma oportunidade de participar efetivamente da vida social, auxiliando-
o na avaliação de situações e na tomada de decisão diante delas, podendo
desta maneira realizar uma reflexão crítica das informações que lhe são
apresentadas (SUELY DRUCK, 2004).
Assim, o professor de Matemática, deve sempre buscar
modelos de recursos impressos para utilizar como recurso didático de apoio ao
3
livro didático e explorá-los de maneira adequada em sala de aula.
Bastos; Renz (2004), sugerem:
[...] utilizar matérias e reportagens de cunho matemático extraídos de jornais e revistas, uma vez que estes são fontes interessantes, de baixo custo, trazendo assuntos reais nas mais diversas áreas da ciência que podem ser explorados em sala de aula como a capacidade de analisar gráficos e tabelas. No entanto para a utilização de materiais concretos como jornais e revistas é necessário saber explorá-los de forma clara, ter um planejamento didático adequado para que se atinja os objetivos propostos (p.3).
Nesse contexto, jornais e revistas aparecem como uma
proposta simples para as aulas de Matemática. Por intermédio desses modelos
de mídias impressas, fazer a interação entre os conteúdos a serem ensinados
e os acontecimentos presentes nas notícias neles publicadas, possibilitando ao
estudante a oportunidade de analisar, discutir, primeiramente de forma intuitiva
e, através da mediação do professor, progressivamente apropriar-se da
linguagem e simbologia para compreender conceitos e formular suas próprias
idéias. Com a inserção dos textos presentes nestes modelos de mídias,
procura-se, de forma interdisciplinar, que os alunos se interessem a em
procurar se informar sobre vários assuntos como política, economia, saúde,
geografia, história entre outros, oportunizando-os ainda, a compreender outros
tipos de linguagens e levando-os a perceber que a Matemática está presente
em quase tudo na nossa vida e que, a partir dela, o homem pode ampliar seu
conhecimento e por conseqüência contribuir para o desenvolvimento da
sociedade.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A escola exerce sua função social quando possibilita ao aluno
desenvolver suas competências de leitura e escrita nos mais diversos gêneros.
Para Neves (2000, p.15) “só tendo a coragem de assumir, de
uma vez por todas, que ler e escrever são tarefas da escola e não só do
professor de português”. Assim, ler e interpretar diferentes tipos de textos em
diferentes linguagens, coletar e organizar informações, formular perguntas,
4
questionar e argumentar são habilidades básicas que deve ser desenvolvido no
indivíduo durante sua vida escolar, independente da área do conhecimento.
Compete aos profissionais da educação, estabelecer uma
conexão entre os alunos e o mundo por meio de atividades de
observação/experimentação e extrair destes suas impressões, significados e
valores sobre o assunto abordado. (PCN – Ciências Naturais, de 5ª a 8ª, p. 59).
Dentro dessa perspectiva, o ensino da Matemática assume um
papel fundamental, pois este está ligado à compreensão, isto é, à apreensão
dos significados, estabelecendo conexões não só com o cotidiano, mas
também com outras disciplinas e com outros temas da matemática.
Entre as considerações preliminares da área da matemática
segundo os PCN podemos citar:
A atividade matemática escolar não é “Olhar para as coisas prontas e definitivas”, mas a construção e a apropriação de conhecimentos pelo aluno, que se servirá dele para compreender e transformar sua realidade. (PCN – Matemática – 1ª a 4ª, p. 19)
Baseado nesta consideração pode-se dizer que não basta levar
o aluno a apropriar-se de determinados conteúdos, mas procurar estratégias
que façam com que este perceba sua utilidade nas mais diversas áreas e sua
contribuição para os avanços científicos e tecnológicos.
Segundo Machado (1987, p.32)
Para captar a interação entre a Matemática e a Realidade, entre o lógico e o social, não se pode impor nenhuma linearidade, nenhum caminho mecanicista, ainda que com mão-dupla.
Estratégias de ensino da Matemática que a justifique no
contexto escolar é mostrar sua aplicabilidade nas construções do
conhecimento humano e usufruídas socialmente. Para Ávila (1995, p.4):
A razão mais importante para justificar o ensino da Matemática é o relevante papel que essa disciplina desempenha na construção de todo o edifício do conhecimento humano.
Assim, o aluno não pode ficar com a percepção que o
conhecimento matemático ocorre de forma isolada e que é simplesmente
5
herança pronta e acabada elaborada por gênios do passado apenas para
constarem em currículos escolares.
Sobre a natureza da matemática e seu ensino, D´Ambrósio
(1998, p.31) diz que:
É muito difícil motivar com fatos e situações do mundo atual uma Ciência que foi criada e desenvolvida em outros tempos em virtude dos problemas de então, de uma realidade, de percepções, necessidades e urgências que nos são estranhas. Do ponto de vista de motivação contextualizada, a Matemática que se ensina nas escolas hoje é morta. Poderia ser tratada como um fato histórico.
Buscar nas mídias impressas matérias que tragam assuntos
relativos ao mundo atual para fazer a relação entre os conteúdos aplicados em
sala à realidade na qual nos encontramos é um dos grandes desafios para o
professor de Matemática que se preocupa em transformar seus alunos em
cidadãos críticos e atuantes na sociedade. Segundo Paulo Freire (1996,p.17)
“A capacidade de aprender, não é apenas nos adaptarmos, mas, sobretudo,
para transformarmos a realidade”.
A dificuldade de articulação dos conteúdos com o contexto
social foi prevista por Ponte (1997, p.69):
O maior desafio do futuro próximo será, muito possivelmente, o de encontrar formas eficazes de articular a criatividade dos professores na construção de situações e materiais adequados aos seus alunos com os imperativos sociais duma formação de base sólida para todos os que freqüentam o ensino secundário.
Munir o aluno de informação não significa que estamos lhe
transferindo conhecimentos, pois “informação é um dado isolado, enquanto
conhecimento refere-se à vários dados integrados e por conseguinte com
sentido” ( Aquino, 1999, p.25). Neste sentido, é a habilidade do professor em
fazer a transposição didática que determinará a eficiência na construção do
conhecimento.
Na dimensão interdisciplinar, cabe aos educadores, propiciar
estratégias que levem os alunos a interpretar, refletir e que sejam provocados
para que ocorra uma ação, pois a ação gera conhecimento, gera a capacidade
de explicar, de manejar, de entender a realidade, gera o “matema” (
6
D`Ambrósio, 1998, p. 23).
Esta nova concepção de ensino levou os autores de livros
didáticos a incluir em suas obras, atividades envolvendo situações-problemas
buscando relacionar conteúdos de cada capítulo com situações voltadas à
realidade. Mas a realidade de quem?
Ao questionar o livro didático, Molina (1988, p.18) diz que:
O livro didático adquire especial importância quando se atenta para o fato que ele pode ser, muitas vezes, o único livro com o qual a criança tem contato.
Ao limitar a aula somente ao livro didático como recurso
pedagógico, o professor pode estar privando o aluno de importantes fontes de
informação que, para grande parte da clientela estudantil já é de fácil acesso, a
exemplo da televisão, do rádio e da internet. Esta última, apesar de uma
linguagem objetiva e dinâmica e de estar constantemente atualizada, apresenta
(ainda) certas limitações no que tange à realidade das escolas públicas.
Revistas e jornais aparecem neste contexto como importantes
recursos de fonte de informação, pois são materiais de baixo custo e abordam
os mais diversos assuntos representados por diferentes linguagens, como
gráficos e tabelas que podem ser relacionados aos conteúdos Matemáticos
com suas aplicações e implicações, contribuindo assim para que os conteúdos
explorados adquiram significado (CENTURIÓN; SMOLE, RPM-20, 1992, p.2).
A mídia impressa pode ser uma ótima estratégia de ensino e
aprendizagem nas escolas. Seus ricos e variados assuntos e recursos gráficos
podem ser utilizados para despertar o interesse do aluno na realização das
atividades.
Ao desenvolver atividades abordando problemáticas de
interesse do aluno, e algumas vivenciadas por ele, o professor poderá utilizar-
se de uma Abordagem Etnomatemática, expressão usada por Knijnik (1996, p.
12) para designar:
“A investigação das tradições, práticas e concepções Matemáticas de um grupo social subordinado (quanto ao volume e composição de capital social, cultural e econômico) e o trabalho pedagógico que se desenvolve com o objetivo de que o grupo: interprete e decodifique seu conhecimento; adquira o conhecimento produzido pela
7
Matemática acadêmica e estabeleça comparações entre o seu conhecimento e o conhecimento acadêmico, analisando as relações de poder envolvidas no uso destes dois saberes.”
Desta maneira, a aplicação de situações-problema nas aulas
de Matemática possibilita o aluno participar de atividades que possam
desenvolver seu raciocínio, agindo e refletindo sobre a realidade que o cerca e
fazendo uso das informações que possam dispor, desenvolvendo assim seu
pensamento crítico e raciocínio lógico.
3 RESULTADOS
O trabalho com artigos de jornal ou revista serve, entre outras
coisas, para relacionar o conteúdo matemático com suas aplicações e
implicações, contribuindo assim para que os conteúdos explorados adquiram
significado (STOCCO, RPM-20 1992, p.6).
Frente a tal afirmação, surge o problema:
a) O aluno consegue facilmente relacionar o conteúdo
explorado em sala com informações contidas nas matérias apresentadas pelas
revistas e jornais?
b) O fato de compreenderem que os conteúdos matemáticos
fazem parte de diversas áreas do conhecimento científico, desperta no aluno
um interesse maior pela disciplina?
c) Há uma maior assimilação e compreensão dos conteúdos
quando as atividades estão voltadas à sua realidade?
d) O aluno consegue decodificar a simbologia nas
informações e transmiti-las numa linguagem mais simples?
Com o objetivo de dar respostas a estas perguntas, foi
elaborado dois testes com estratégias diferentes para a explicitação do
aprendizado. Os testes foram aplicados aos alunos do 1º MA do Colégio
Estadual Prof. Paulo Freire.
Para aplicação do teste 1, foi comunicado que o teste seria
aplicado por duplas de alunos e foi solicitado antecipadamente que os alunos
trouxessem calculadora, papel milimetrado, régua e balança de banheiro.
8
A aplicação do teste 1 aconteceu de modo formal, na qual os
alunos tinham liberdade de pesquisar, opinar, discutir, comparar e relacionar
os dados pessoais com os dos demais colegas da turma, limitando-se a
responder as questões apenas com o auxílio do colega no qual fazia parceria.
Sempre que necessário, o professor podia intervir para tirar dúvidas e
esclarecer algumas situações ainda desconhecidas para os alunos.
Após o término do teste 1, os alunos continuaram em duplas e
realizaram o teste 2 ainda com auxílio dos materiais disponíveis.
Terminada a aplicação dos 2 testes, foi apresentado aos
alunos um questionário que deveriam responder individualmente, onde
apresentaria sua percepção e considerações pessoais sobre o trabalho
desenvolvido. Foi perguntado aos alunos: 1) Qual dos 2 testes você teve mais
facilidade em resolver? Por quê?; 2)Qual dos 2 testes despertou mais o seu
interesse ? Por quê?; 3) Você conseguiu a princípio, relacionar as informações
do teste 1 com o conteúdo visto em sala? Qual foi sua maior dificuldade?; 4)
Analisando matematicamente, você encontrou alguma incoerência nas
informações apresentadas nos textos do teste 1? Qual?; 5) Quais as áreas de
conhecimento em que você poderia aplicar o conteúdo abordado em sala?
Com os resultados da pesquisa, os alunos foram levados ao
Laboratório de Informática para tabulação, produção de gráficos e análise e
discussão dos resultados.
Os resultados obtidos estão expressos nas figuras abaixo:
Figura 1
9
Analisando os resultados obtidos nos 2 testes, podemos
perceber que houve uma coerência entre as respostas dos alunos e os pontos
obtidos (Figura 1).
Figura 2
Dos alunos que responderam que o teste 2 foi mais fácil de
resolver, 77% relataram que as questões eram semelhantes às aplicadas em
sala, por isso já estavam acostumados a esse modelo de atividades (Figura 2).
Figura 3
Dos alunos que responderam o teste 2, obtivemos as seguintes
justificativas (Figura 3): 24% disseram que o fato de trabalhar com informações
voltadas à realidade, ao dia-a-dia, se tornam mais interessantes as atividades;
• Resultados obtidos - intervalo de 20 pontos
10
16% gostaram das atividades, pois aprenderam a fazer regime de maneira
correta; 12% acharam interessante o fato das atividades serem extraídas de
notícias de revistas e não de livros; 12% alegaram que as atividades
desenvolvidas desta maneira são mais divertidas; 12% gostaram de tarabalhar
com partes do corpo; 8% disseram que com este tipo de material fica mais fácil
de aprender e 4% não opinaram.
Figura 4
Das principais dificuldades apresentadas pelos alunos durante
a resolução do teste 1, destacam-se (Figura 4): 42% encontraram dificulades
em construir os gráficos, uma vez que envolviam números decimais; 30%
apresentaram dificuldades com relação à escrita das expressões matemáticas
que representavam cada situação; 12% alegaram que a maior dificuldade
estava na própria interpretação das questões e 15% disseram não terem
encontrado dificuldades na resolução das atividades.
11
Figura 5
Das incoerências observadas pelos alunos, podemos destacar
(Figura 5): 55% alegaram que os valores não podem ser considerados exatos
em nenhum dos dos casos, pois varia muito de pessoa para pessoa; 15%
disseram ser impossível, segundo a informação da dieta milagrosa, uma
pessoa chegar a 0 kg e 7% acham difícil o cabelo crescer tão rápido, pois em
poucos anos estaria com um comprimento maior que a altura da pessoa.
Figura 6
Nota-se que 86 % dos alunos relacionaram o conteúdo de
funções apenas com áreas de conhecimento acadêmicas, enquanto que
apenas 14% citaram outras áreas como construção civil e mecânica de
automóveis (Figura 6).
12
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Entender o ensino da matemática como um processo global de
formação do aluno, enquanto ser social é realizar um fazer pedagógico que
integre os conceitos e fundamentos matemática aos fatos correntes em seu
meio social.
Capacitar o aluno para a leitura de mundo que o cerca e apoiá-
lo nas tomadas de decisão de forma consciente é um desafio enfrentado pelo
professor.
A pesquisa mostra que situações-problemas contextualizadas
despertam o interesse do aluno pela sua percepção de não estar fazendo
tarefas escolares, apresentam códigos e simbologias mais facilmente
decodificáveis em razão de suas vivências e há uma interação entre o tema
abordado e a curiosidade do aluno. Os alunos apresentaram dificuldade de
relacionar os conteúdos matemáticos à outras áreas de conhecimento. Porém,
tal relação depende do repertório de conhecimento apropriado pelo aluno em
seu meio social.
Utilizar de recursos midiáticos acessíveis aos alunos e comum
a sua suas vivências como jornais e revistas favorece o interesse pelo
aprendizado por compreensão e leva o aluno a perceber a matemática implícita
nas diferentes situações do cotidiano.
Um cuidado que o professor deve ter ao selecionar os
contextos para a exploração dos conteúdos matemáticos em periódicos como
revistas e jornais que se prestam à informações empíricas, é esclarecer tal fato
ao aluno, ou até mesmo observar na atividade “ esta fonte não apresenta
dados científicos que embasem a informação prestada”. Tal cuidado orienta e
desperta no aluno o senso crítico em relação às informações veiculadas nos
diferentes meios midiáticos.
Os conteúdos ensinados através das atividades aplicadas para
cumprir o objetivo deste artigo foram: Funções; Domínio e Imagem da função;
Representação Gráfica da Função; Expressões Matemáticas; Sistema Métrico
e Medida de massa. O contexto tem potencial para ter seu conteúdo ampliado
como a determinação do domínio e imagem da situação, extrapolar o contexto
13
interligando-o a situações problemas que envolvam números inteiros e
irracionais.
As atividades desenvolvidas, fundamentadas no ensino da
matemática utilizou-se da Etnomatemática para dar significado à Matemática
escolar, da Resolução de Problemas para a mobilização dos conhecimentos
prévios do aluno e a aplicação dos saberes adquiridos em sua vivência escolar
e social, da Modelagem para a compreensão da transposição do contexto para
a linguagem própria da matemática, do Método da Investigação, visto que os
alunos tiveram que testar hipóteses e analisá-las para verificar a coerência da
situação proposta e ainda, das Mídias Tecnológicas para apresentar os
resultados obtidos em planilhas eletrônicas.
5 REFERÊNCIAS
AQUINO, J. G. Autoridade e Autonomia na Escola: alternativas teóricas e práticas. São Paulo: Summus, 1999.
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: Matemática. Brasília: MEC/SEF, 1997.
______. Parâmetros Curriculares Nacionais: Ciências Naturais. Brasília: MEC/SEF, 1997.
CAMILO, P. A., Gráficos de Jornais e Revistas: A dificuldade encontrada em interpretá-los. UNIMESP : Centro Universitário Metropolitano de São Paulo. Disponível em: <www.unimesp.edu.br/arquivos/mat/tcc06/Artigo_Patricia_ Almeida_Camillo.pdf> Acesso em 20 jul. 2008.
D´AMBRÓSIO, U. Da realidade à ação: reflexões sobre a Educação Matemática. Campinas: Summus, 1986.
______. Educação Matemática: da Teoria à Prática. Campinas: Papirus, 1998.
FREIRE, P.. Pedagogia da autonomia: saberes associados á prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
14
Grupo de Estudos de Educação Matemática e Científica – anos finais –Prefeitura de Caxias do Sul, 2007. Disponível em: <www.caxias.rs.gov.br/ geemac/_upload/encontro_48.pdf>. Acesso em 20 jun. 2008. Acesso 20 jul. 2008.
Instituto Paulo Montenegro (IBOPE). Analfabetismo Funcional. São Paulo, 2002. Disponível em: <http://www.ipm.org.br/ipmb_pagina.php?mpg=4.10.01. 00.00&num=5&pg=0&tp=releases&ver=por>. Acesso em 20 jul. 2008.
KNIJNIK, Gelsa. Exclusão e Resistência, Educação Matemática e Legitimidade Cultural. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996.
MACHADO, N. J.. Matemática e Realidade. São Paulo: Cortez. Autores Associados, 1987.
MOLINA, O.. Quem engana quem? Professor X Livro Didático. Campinas: Papirus, 1988.
MORAN, J. M. Ensino e aprendizagem inovadores com tecnologias audiovisuais e telemáticas. In: MORAN, J. M., MASETTO, M. T., BEHRENS, M.A. Novas Tecnologias e Mediação Pedagógica. Campinas: Papirus, 2000.
NEVES, Iara Conceição B. [et al.]. Ler e escrever: compromisso de todas as áreas. 8ed. Porto Alegre: Editora da Universidade/ UFRS, 2007.
PONTE, J. P. et al. Didática da Matemática. Lisboa: Ministério da Educação/Departamento do Ensino Secundário, 1997.
Revista do Professor de Matemática. V 20. São Paulo: Sociedade Brasileira de Matemática,1992.
______. V 53. São Paulo: Sociedade Brasileira de Matemática,2004.
______. V 27. São Paulo: Sociedade Brasileira de Matemática,1995.
TORRES, R. M.. Que ( e como) é necessário aprender ? Necessidades básicas de aprendizagem e conteúdos curriculares. Campinas: Papirus, 1994.
16
Teste 1
Nome : _______________________________nº____
Atividade 1: Acompanhando o crescimento dos seus cabelos
Seda S.O.S. Crescimento Fortificado
Como fazer seu cabelo crescer mais rápido e forte
Para realizar este sonho de todas as mulheres não é necessário fazer alongamento, tomar fortificantes ou mesmo cortar o cabelo em noites de lua cheia. Basta tomar alguns cuidados simples, como a escolha do seu shampoo
Publieditorial Pesquisas realizadas pela Unilever apontam que 70% das mulheres brasileiras gostariam de ter um cabelo mais longo. Além disso, “crescimento” e “força” são duas das principais necessidades femininas quando o assunto são os cabelos. Por isso, a marca Seda sai mais uma vez à frente e lança a linha Seda SOS Crescimento Fortificado que tem como principal benefício proporcionar crescimento saudável aos fios. O lançamento, que conta com um investimento de R$ 17 milhões em desenvolvimento, pesquisa e comunicação, chega ao mercado no próximo mês e vem complementar a plataforma de cuidados da marca Seda composta pelas variantes SOS Caspa, SOS Ceramidas, SOS Keraforce, SOS Queda e SOS Reparação. “Apostamos amplamente em pesquisas para atender as necessidades das nossas consumidoras no que se refere aos cuidados com os cabelos, com isso criamos a primeira e única linha de crescimento fortificado do mundo. Um cabelo melhor condicionado fica mais protegido e mantém suas propriedades evitando com que quebre e caia. Dessa forma, fica mais forte para alcançar o comprimento desejado. O Brasil é o primeiro mercado da Unilever a receber essa novidade”, explica Paula Lopes, gerente de marketing de Seda. Com o mote “Estréie até 1,27 centímetros de crescimento mais forte por mês*”, serão veiculados anúncios em mídias como TV aberta e cabo, revista, mídia exterior e internet com início na segunda quinzena de agosto.
Fonte: <http://www.unilever.com.br/ourbrands/advertising/videos_publicidade_seda_crescimento_fortifi
cado.asp?W=320&H=286>.
Estréie até 1,27 cm de crescimento mais forte por mês!* *Valor médio de crescimento
natural do cabelo. Atua na diminuição da quebra, pontas duplas e ressecamento,
permitindo um crescimento mais forte.
17
1) Quais os tipos de variáveis que aparecem nesta situação? 2) Digamos que você comece a usar hoje o produto da propaganda (tempo
0) e que ele apresente os resultados conforme a sua divulgação.Meça o comprimento do seu cabelo e complete a tabela fazendo o acompanhamento dos resultados.
Tempo (meses) Comprimento do cabelo (cm)
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
3) Qual o comprimento do seu cabelo após 1 ano?
4) E após dois anos?
5) E após cinco anos?
6) Faça uma representação gráfica desta situação tendo com abscissa
tempo (em meses) e ordenada comprimento do cabelo (em cm).
7) Dê a expressão que define esta função.
8) Que tipo de função esta situação representa?
18
Atividade 1 : Acompanhando o crescimento dos seus cabelos
Conteúdo estruturante: funções
Objetivos da atividade:
- analisar a relação de dependência entre as variáveis de uma situação;
- identificar como se comporta um gráfico da função afim crescente;
- compreender que para toda seqüência padronizada de valores há uma
expressão geral.
Resolução:
1) Tempo em meses e comprimento dos cabelos em centímetros.
2) A variação é de acordo com o comprimento dos cabelos dos alunos. A
cada mês ocorrerá um aumento de 1,27 cm.
3) Para determinar o comprimento do cabelo após um ano o aluno
deverá multiplicar 1,27 por 12 e acrescentar o comprimento do seu
cabelo.
4) Para determinar o comprimento do cabelo após dois anos o aluno
deverá multiplicar 1,27 por 24 e acrescentar o comprimento do seu
cabelo.
5) Para determinar o comprimento do cabelo após cinco anos o aluno
deverá multiplicar 1,27 por 60 e acrescentar o comprimento do seu
cabelo.
6) Cada aluno deverá fazer a representação gráfica de acordo com o
crescimento de seus cabelos observando que a união dos pontos
indicará uma reta com início (eixo y) no comprimento atual do seu
cabelo.
19
7) A expressão irá depender do comprimento atual do cabelo de cada
aluno, tendo como termo dependente o comprimento dos cabelos
(em cm) e o termo independente o tempo (em meses).
Comprimento dos cabelos(cm) = tempo(meses)X1,27+ comprimento do cabelo
atual.
8 ) A situação representa uma função afim.
22
1) Digamos que você comece a fazer hoje a dieta divulgada pela revista e que ela apresente os resultados conforme a sua divulgação. Iniciando o tempo (0)zero pela sua massa atual, fazendo o acompanhamento dos resultados.
Tempo (meses) Massa (kg)
0
1
2
3
4
5
2) Quanto tempo você precisaria fazer esta dieta para que sua massa
chegasse a 0(zero) kg?
3) Faça uma representação gráfica desta situação tendo como abscissa
tempo (em meses) e ordenada massa (em kg).
4) Dê a expressão que define esta função.
5) Que tipo de função esta situação representa?
23
Atividade 2: Dieta milagrosa
Conteúdo estruturante: funções
Objetivos da atividade :
- analisar a relação de dependência entre as variáveis de uma situação;
- identificar como se comporta um gráfico da função afim decrescente;
- compreender que na expressão geral para função decrescente teremos
a<0.
Resolução
1) Cada aluno irá preencher sua tabela indicando no mês xero(0) a sua
massa atual e cada mês diminuirá 5 .
2) O aluno poderá continuar a tabela até atingir massa zero(0) kg ou
dividir a sua massa por 5.
3) Cada aluno deverá fazer a representação gráfica de acordo com a
perda de sua massa observando que a união dos pontos indicará
uma reta com início (eixo y) na sua massa atual e término (eixo x)
quando essa massa atingir zero(0) kg.
4) A expressão irá depender da massa atual do aluno, tendo como
termo dependente a massa da cada mês e o termo independente o
tempo em meses.
Massa (em kg) = massa atual (em kg) – tempo(meses) X 5
5) A situação representa uma função afim.
27
Teste 2
Nome:________________________________________________nº_______
1) Dada a função f(x)= 3x-2, determine:
a) f(1) b) f(2) c) f(-3)
2) Se f(x) = 2x -8, calcule os valores de x para que tenha:
a) f(x) = 8 b) f(x) = ½
3) Esboce os gráficos das funções:
a) f(x) = 2 x – 2 b) f(x) = - 2 x + 3
4) Dados os gráficos abaixo, qual a expressão que representa cada uma delas?
a) y b)
y
3 4 x - 1
2 x
29
QUESTIONÁRIO
1) Qual dos 2 testes você teve mais facilidade em resolver? Por quê?
2) Qual dos 2 testes despertou mais o seu interesse ? Por quê?
3) Você conseguiu a princípio, relacionar as informações do teste 1 com o
conteúdo visto em sala? Qual foi sua maior dificuldade?
4) Analisando matematicamente, você encontrou alguma incoerência nas
informações apresentadas nos textos do teste 1? Qual?
5) Quais as áreas de conhecimento em que você poderia aplicar o
conteúdo abordado em sala?