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7/31/2019 A Memria Visual dos Quadrinhos de Lichtenstein na Arte Pop
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Padro (template) para submisso de trabalhos ao
XXVII CongressoBrasileiro de Cincias da Comunicao
Ttulo: A Memria Visual dos Quadrinhos de Lichtenstein na Arte Pop1
Autora: Ana Paula Berclaz2Instituio: Pontifcia Universidade Catlica do Rio Grande do Sul
Resumo
A trajetria da imagem vem percorrendo a histria da humanidade influenciando a cultura e suasprodues visuais. As histrias em quadrinhos influenciaram vrios mbitos culturais, entre eles opanorama artstico da dcada de 60. Este trabalho tem como objetivo investigar a utilizao das
histrias em quadrinhos durante o sculo XX atravs da Arte Pop e da obra do artista RoyLichtenstein, o qual se tornou um expoente pop em funo de suas pinturas oriundas da banda
desenhada.
Palavras-chave
Quadrinhos; Comunicao Visual; Arte Pop; Roy Lichtenstein.
1Trabalho apresentado Sesso de Temas Livres: NP 16 Histrias em Quadrinhos
2 Mestranda em Comunicao Social, PUC-RS, Rio Grande do Sul, Brasil
Bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico, CNPq, Brasil.
CPF: 75771187020
E-mail: [email protected]
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Ttulo: A Memria Visual dos Quadrinhos de Lichtenstein na Arte PopAutora: Ana Paula Berclaz
A arte sempre foi um processo comunicacional, desde as manifestaes imagticas da Pr-
Histria at a contemporaneidade. Uma das primeiras formas de comunicao do homem foi a
visual, pois acredita-se que foi nos desenhos das cavernas realizados pelos homens primitivos que
surgiram as primeiras seqncias de imagens. Assim, a trajetria da imagem vem percorrendo a
histria da humanidade, uma vez que a mesma explora
... a histria da cultura [abrangendo] a comunicao e envolve,tambm, reflexes sobre o seu ensino na rea das artes grfico-
plsticas desde as primeiras manifestaes pictricas das cavernas,abordando a narrativa das formas, em um contexto scio-histrico,at o sculo XX (Rahde,2000,p.15).
Desse modo, pode-se dizer que as imagens pictricas da Pr-Histria foram o primeiro tipo
de histrias em quadrinhos que a humanidade veio a conhecer, ou seja, a histria em quadrinhos
nasceu como imagem narrativa dos povos primitivos e [prosseguiu] sua evoluo nas civilizaes
subseqentes (Rahde,1991,p.19).
Diante disso, percebe-se que as histrias em quadrinhos influenciaram vrios mbitos
culturais, entre eles o panorama artstico do sculo XX, tornando-se importante investigar suas
contribuies e relaes com a arte moderna.
De acordo com Rahde (1991), at os anos sessenta as histrias em quadrinhos foram
consideradas uma forma de manifestao menor da arte. Entretanto, foi com o surgimento da Arte
Pop a qual utilizou recursos oriundos dos meios de comunicao de massa como os cartoons e os
comics que as histrias em quadrinhos passaram a ser vistas sob um novo conceito,
convertendo-se em obra de arte.
A Arte Pop foi um movimento que emergiu no incio da dcada de sessenta. O termo foi
usado pela primeira vez pelo crtico britnico Lawrence Alloway, em 1954, como um rtulo
conveniente para a arte popular que estava sendo criada pela cultura de massa. Este crtico acabou
ampliando o termo em 1962, incluindo a atividade de artistas que estavam utilizando imagens
populares em um contexto artstico.
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Esse movimento representava uma das possibilidades para contornar a sensibilidade
modernista baseada na separao entre e arte e vida, e pregava que os meios de comunicao de
massa deveriam ser includos nas categorias mais elevadas da cultura ocidental, a qual celebrava as
possibilidades eufricas do consumismo e registrava o rpido processo de mudana no mundo do
ps-guerra (McCarthy, 2002).
A primeira obra considerada como Arte Pop e aceita como tal foi a colagem O que
exatamente torna os lares de hoje to diferentes, to atraentes?, realizada pelo artista britnico
Richard Hamilton em 1956 (fig.1). Praticamente composta de anncios recortados de revistas
populares, esta obra contribuiu para os diversos temas que vieram a dominar a Arte Pop na dcada
de sessenta.
Figura 1 Colagem de Richard HamiltonFonte: www.bol.ucla.edu/~leverett/hamilton-appealing2.jp Acesso em 08/06/2004
Tanto os artistas britnicos quanto os americanos no possuam programa em comum,
todavia ambos procuravam fugir da gerao dos expressionistas abstratos e se interessavam por
revistas de grande circulao, por revistas em quadrinhos e pelo cinema de Hollywood elementos
estes que foram extremamente importantes na formao da cultura visual desses artistas.
(...) A arte e o desenho pop parecem partir de uma grande reaocontra o prolongado domnio do estilo moderno durante o ps-guerra.Os artistas pop repeliam a grande seriedade, a angstia e oelitismo associados ao estilo internacional de abstrao, oexpressionismo abstrato ( Dempsey,2002, p. 221).
Para Strickland (2004), o retorno aos temas figurativos realizado pela Arte Pop estava
longe de significar um retorno tradio, pois o que esta arte fez foi elevar os mais grosseiros
objetos de consumo a verdadeiros cones.
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Em 1962, os artistas pop surgiam no estrelato e o gosto pelo pop se dava de maneira fcil.
As cores brilhantes, os desenhos dinmicos (...) e a qualidade mecnica lhe davam uma lustrosa
familiaridade.Da noite para o dia, o pop se tornou um fenmeno de marketing tanto quanto um novo
movimento artstico (Strickland, 2004,p. 174).
A Arte Pop foi um fenmeno que se difundiu por toda a Europa e Estados Unidos.
Entretanto aqui neste trabalho daremos destaque para a Arte Pop norte-americana, e
especificamente para um de seus principais expoentes, o artista Roy Lichtenstein.
Lichtenstein nasceu em Nova Iorque em 1923, no seio de uma famlia classe mdia. Seu
interesse pela arte comeou na adolescncia e j desde cedo tinha o propsito de se tornar artista.
Por volta de 1940 ingressou na Escola de Belas-artes da Universidade do Estado de Ohio,
concluindo a graduao em 1949.
Suas primeiras pinturas Pop comeam no ano de 1961, com imagens de banda desenhada e
tcnicas inspiradas na aparncia de impresso comercial. Lentamente passa da banda desenhada a
lpis para a pintura a leo diretamente sobre a tela e comea a usar as imagens da publicidade que
sugerem consumismo e trabalhos domsticos.
Segundo Argan (1992), o fato da histria em quadrinhos ter se tornado o alvo das
experincias pop de Lichtenstein deve-se a sua atividade como designer da publicidade e decorador
de vitrines. Ele ampliava o quadrinho com um projetor, enchia a cor de fundo com retculas muito
dilatadas, identificando o esqueleto mecnico do quadrinho com a inteno de tentar exprimir a
banalizao operada pela informao de massa sobre todos os dados reais. Em outras palavras,
Lichtenstein
isola uma imagem da tira, aumenta-a,estuda acuradamente osprocessos,inclusive tipogrficos, que a tornam comunicvel emmilhes de exemplares:reproduzindo-o manualmente,commicroscpio, ele demonstra que esse processo de produo industrialde imagem (...) um modelo de perfeio tecnolgica (Argan, 1992,
p.582).
Assim, Lichtenstein comea a realizar pequenos desenhos de figuras de banda desenhada como o
Pato Donald, o Mickey e o Popeye. Este ltimo aparece como um modelo de fora e firmeza masculina na
obra Popeye (fig.2) .
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Figura 2 Popeye, 1961
Fonte: www.kunstonline.dk/indhold/pics/roy5.jpg Acesso em 07/06/2004
De acordo com Hendrickson (2001), a primeira pintura a leo feita em grande escala
usando figuras bem delimitadas, cores industriais e os pontos de Benday empregues na impresso
comercial para obter meios tons, foi Olha Mickey (fig.3). Nesta obra podemos observar o Pato
Donald a pescar as pontas do prprio casaco, pensando que tinha apanhado um grande peixe,
enquanto Mickey esconde o riso com sua mo.
Figura 3 Olha, Mickey de 1961Fonte: www.anterodealda.planetaclixpt/roy.htm Acesso em 08/06/2004
Outra pintura tambm de 1961, intitulada Sr. Bellamy (fig.4), composta por um oficial
que pensa em si prprio com certa apreenso. As bolinhas que rodeiam o balo indica que se tratade um texto no falado, onde Lichtenstein parece tratar uma misso militar de maneira irnica.
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Figura 4 Sr.Bellamy
Fonte: www.art.unt.edu/.../alsp/images/bellamy.jpgAcesso em 08/06/2004
Lichtenstein tinha ento encontrado o seu territrio artstico com a adaptao do tema
impresso. Imagens banais e sem crdito como pequenos anncios de pginas amarelas, ilustraes
de artigos vendidos por catlogos, imagens de guerras tiradas da banda desenhada de ao e os
romances indicados para adultos tomam conta da obra deste artista, que realizou sua primeira
exposio individual em 1962 na galeria de Leo Castelli obtendo um grande sucesso. Em Obra de
Arte (fig.5) Lichtenstein j demonstra o seu olhar irnico em relao ao sucesso, pois iria
finalmente dedicar-se exclusivamente a sua arte (Hendrickson,2001,p. 23).
Figura 5 Obra de Arte, 1962Fonte: www.obraprima.net/materias/html42/masterpiece.jpg
Acesso em 08/06/2004
Takka Takka (fig.6) e Whaam! (fig.7), so algumas das obras realizadas por Lichtenstein
tendo como tema a banda desenhada de guerra nas quais verifica-se o envolvimento dos Estados
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Unidos no Vietn. Entretanto, elas parecem ajustar-se atitude dominante do antiguerra de muitos
intelectuais (Hendrickson, 2001, p.38).
O prprio artista revela a sua inteno quando diz
uma inteno menor nas minhas pinturas de guerra pr luz dodia a agressividade militar. A minha opinio pessoal que muita danossa poltica internacional tem sido inacreditavelmente aterradora,mas no disso que trata meu trabalho e eu no quero obterdividendos desta posio popular. A minha obra mais acerca danossa definio americana de imagens e de comunicao visual(Lichtenstein citado por Hendrickson,2001, p.38).
Figura 6 Takka Takka, 1962www.kofightclub.com/images/20020319takkatakka.phg Acesso em 08/06/2004
Figura 7 Whaam!,1963Fonte: https:/../whaam%20by%20roy%20lichtenstein.jpg
Acesso em 08/06/2004
Conforme Hendrickson (2001),as bandas desenhadas onde Lichtenstein foi buscar suas
figuras femininas j no possuem muito humor, pois tratam de extremos emocionais da vida diria
como a maioria das pessoas faz no seu cotidiano. A jovem mulher que aparece em Rapariga a
afogar-se (fig.8) parece estar se afogando em um mar de lgrimas, pois Brad (nome do homem que
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aparece como heri em vrios trabalhos de Lichtenstein) deve t-la magoado e ela prefere morrer
a pedir sua ajuda. O que se percebe nesta imagem o clmax de uma situao intempestiva e sbita.
Figura 8 Rapariga a afogar-se, 1963Fonte: www.fumei.net/.../1963_arts_drowning.jpg Acesso em 08/06/2004
Figura 9 Vicky,1964 Figura 10 A melodia persegue a minha fantasia,1965www.artsmia.ong/mia/e_images/00/mia_332e.jpg www.smb.spk-berlin.de/hbf/vg/img/hbfb7g.jpg
Acesso em 08/06/2004 Acesso em 08/06/2004
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Figura 11 No carro, 1963Fonte: www.kunstonline.dk/indhold/pics/roy5.jpg
Acesso em 08/06/2004
Figura 12 M-Maybe,1965Fonte: www.kunstonline.dk/indhold/pics/roy5.jpg
Acesso em 08/06/2004
Percebe-se ento que, a estrutura da imagem nas histrias em quadrinhos, um dos meios
mais consumidos da comunicao de massa foi o objeto de anlise e a inspirao de toda a obra
realizada por Roy Lichtenstein. Este, parecia no estar interessado no contedo da mensagem , e
sim no modo como ela seria transmitida. Deste modo, Lichtenstein acaba antecipando a descoberta
de McLuhan, uma vez que a verdadeira mensagem o medium, isto , o medium apenas comunica
a si mesmo (Argan, 1992, p.646).
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A principal atividade do artista pop, sua justificativa, consistia em encontrar um sentido,
um nexo para o estilo de vida que o cercava, e Lichtenstein expressou isso em suas pinturas
derivadas dos quadrinhos.
O importante aqui ressaltar que as pinturas pops de Roy Lichtenstein foram
extremamente importantes para a trajetria da histria em quadrinhos, pois esta passou a ser vista
como uma reconhecida forma de arte e conseqentemente foi inserida em galerias e museus,
alcanando assim um novo estado: o de obra aurtica.
Cai por terra desta forma, a idia da histria em quadrinho ser a manifestao de uma arte
menor, como apregoado anteriormente. Ela , sem dvida, uma forma de comunicao visual com
alto poder de penetrao na mdia, nas artes plsticas, e nas suas mltiplas possibilidades de
manifestao iconogrfico/verbal.
Toda a minha arte de certo modo sobre outra arte, mesmo que a outra arte sejam os
cartoons.
Roy Lichtenstein
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Referncias Bibliogrficas
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STRICKLAND, Carol. Arte Comentada: da Pr-Histria ao Ps-Moderno. Rio de janeiro: Ediouro,2004. 198 p.