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A mobilidade da população e o SIDA : ONUSIDA actualização técnica

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Fevereiro de 2001 A Mobilidade da População e o SIDA: Actualização Técnica da ONUSIDA

Materiais de Boas Práticas da ONUSIDANum RelanceA migração, a mobilidade e o HIV/SIDA são fenómenos globaisimportantes do início do novo milénio. Desde o início da epidemia doHIV/SIDA, a preocupação dos governos tem sido a de que as pessoasque se deslocam de um país para outro podem contribuir para propa-gar o HIV. Actualmente, porém, reconhece-se cada vez mais que osemigrantes e a população móvel podem ser mais vulneráveis ao HIV/SIDA que a população que não se desloca. Podem contrair o HIVdurante as suas deslocações e levar a infecção de volta para casa semsaber. Para além disso, os emigrantes enfrentam também obstáculosmaiores para aceder aos cuidados e apoios se estiverem a viver como HIV ou o SIDA.

Tendo em conta os milhões de emigrantes e da população móvel queexiste no mundo de hoje, existe uma necessidade urgente de contar comrespostas que abordem as vulnerabilidades concretas dessas pessoas aoHIV/SIDA. Essas respostas são decisivas para a eficácia dos programasnacionais do SIDA nos muitos países que experimentam uma emigraçãoe uma mobilidade demográfica significativas. Tais respostas são tambémdecisivas para a eficácia dos esforços regionais e internacionais paralutar contra o HIV/SIDA.

As respostas para os emigrantes e a população móvel devem centrar-se na prevenção do HIV/SIDA, cuidados e apoio ao longo das suasdeslocações – antes de iniciar a viagem, enquanto viajam, nas comuni-dades e países em que permanecem e depois de regressarem às suascasas. Estas respostas devem basear-se na realidade social econtextual que os emigrantes e a população móvel enfrentam e deveri-am fazer parte da criação de condições que permitam melhorar o seuestado de saúde, sócio-económico e jurídico.

Num relance, as acções sugeridas para os emigrantes e a populaçãomóvel são:

� Integrar os emigrantes e a população móvel na planificação estratégica sobre o HIV/SIDA e nos planos comunitários e nacionais sobre o SIDA.

� Estabelecer actividades de extensão cultural e linguisticamente apropriadas nos progra-mas do HIV/SIDA destinados aos emigrantes e à população móvel. Estabelecer umaconselhamento de pares.

� Apoiar as associações de emigrantes e ajudá-las a integrarem o HIV/SIDA nos seustrabalhos.

� Incidir os esforços de prevenção do HIV/SIDA nas zonas onde existe uma maiorprobabilidade de ocorrência de comportamentos de risco e de presença do HIV, comonas terminais de camiões, nas estações de autocarros e comboios, portos e mercados.

� Implementar programas que ultrapassam as fronteiras nacionais.

� Elaborar e realizar sessões informativas prévias ao início da viagem, assim comoprogramas posteriores ao regresso e de reintegração e aproveitamento da experiênciados que cruzam fronteiras num e noutro sentido.

� Melhorar a situação e reforçar o apoio jurídico dos emigrantes, da população móvel ede suas famílias.

� Trabalhar com os que contratam emigrantes para melhorar as suas condições de vida ede saúde.

� Tornar os serviços locais de cuidados de saúde mais acessíveis e acolhedores para osemigrantes e a população móvel.

� Realização de investigação operacional sobre as relações entre a emigração, amobilidade e o HIV/SIDA.

A Mobilidade da População e o SIDA.Actualização técnica da ONUSIDA(Versão original em Inglês, Fevereiro de2001).

I. ONUSIDA II. Série

1. Migração

2. Populações vulneráveis

3. Prevenção e cuidados do HIV/SIDA

ONUSIDA, Genebra

O presente documento foi elaborado em colaboração com aOrganização Internacional das Migrações (OIM).

O Programa Conjunto das Nações Unidaspara o HIV/SIDA (ONUSIDA) está aelaborar materiais sobre matérias derelevância para a infecção pelo HIV eSIDA, as causas e as consequências daepidemia e as boas práticas na preven-ção, cuidados e apoio relativamente aoSIDA. Um documento da Colecção BoasPráticas sobre qualquer matéria incluinormalmente uma breve publicação parajornalistas e líderes comunitários (Ponto deVista); um resumo técnico sobre osassuntos, desafios e soluções (ActualizaçãoTécnica); estudos de caso procedentes detodo o mundo (Estudos de Caso de BoasPráticas); um conjunto de gráficos deapresentação e uma lista de materiaisessenciais (relatórios, artigos, livros,audiovisuais, etc.) sobre a matéria emcausa. Estes documentos são actualizadossempre que necessário.

As Actualizações Técnicas e os Pontos deVista são publicados em Inglês, Francês eEspanhol. Exemplares das publicaçõesBoas Práticas estão disponíveis gratuita-mente nos Centros de Informação daONUSIDA. Para encontrar o centro maispróximo, visite a ONUSIDA na Internet(http://www.unaids.org), contacte aONUSIDA pelo e-mail([email protected]) ou pelo telefone (+4122 791 4651), ou escreva para o Centrode Informação da ONUSIDA: 20 AvenueAppia, 1211 Geneva 27, Switzerland.

ISBN-92-9173-035-1

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A Mobilidade da População e o SIDA: Actualização Técnica da ONUSIDA Fevereiro de 2001

Antecedentes

Quem são os emigrantes ea população móvel?

Actualmente, cerca de 150 milhões deemigrantes vivem – e muitas vezestrabalham – fora do seu país de origem,e entre dois a quatro milhões de pessoasemigram permanentemente todos osanos1. Uma percentagem pequena massignificativa das pessoas que cruzam asfronteiras têm sido forçadas a buscarrefúgio fora de seus países de origem:em finais de 1999 havia mais de quinzemilhões de refugiados e pessoas à buscade asilo2. Outras centenas de milhões depessoas deslocam-se, cada ano, dentrodo seu próprio país. Dessas pessoas, uns20 a 30 milhões deslocam-se por motivode guerras, tensões étnicas e desrespeitopelos direitos humanos3. Outras se

mudam de um lugar para outro dentrodos seus países a procura de emprego,de melhores condições de trabalho ou devida, de mercados ou educação ou parase juntarem a familiares seus.O presente documento aborda a respostaao HIV/SIDA em relação aos migrantes eà população móvel. Ao fazer essaabordagem, incide sobre uma grandediversidade de situações.A população móvel pode ser descritagenericamente como pessoas que sedeslocam de um lugar a outro tempora-riamente, sazonalmente ou definitiva-mente, devido a um conjunto de razõesde carácter voluntário e/ouinvoluntário4. Entre os principais gruposde emprego que implicam mobilidade,incluem-se camionistas, marinheiros,transportadores, trabalhadores agrícolas,

vendedores ambulantes, empregadosmóveis de grandes indústrias (por ex.:empresas mineiras e petrolíferas), eprofissionais do sexo5.

Os emigrantes são população móvel queestabelece residência ou permanecempor um período de tempo prolongadonum país estrangeiro.As mulheres constituem aproximadamen-te 47% dos emigrantes e em algumasregiões dominam a migração. Porexemplo, neste momento, mais de 60%dos emigrantes de Sri Lanca sãomulheres, empregadas principalmente noserviço doméstico6.

O processo de migração e amobilidade

A migração e a mobilidade demográficanão são fenómenos estáticos. Segundo aOrganização Internacional de Migração,estes fenómenos entendem-se melhorcomo um processo que compreende asfases seguintes:

� Origem – o lugar de onde as pessoasprocedem, por que é que partem, querelações mantêm com as suas casasenquanto estão fora.

� Trânsito – o lugar por onde passam,como viajam e como se mantêmenquanto viajam.

� Destino – o lugar para onde vão, asatitudes que encontram ao chegar e assuas condições de vida e trabalho nonovo lugar.

� Regresso – as comunidades a queregressam, as suas famílias, os seusrecursos ou a falta destes.

A migração e a mobilidade aumentaram nos últimosanos e é provável que continuem a aumentar, porque:

� O transporte terrestre e aeréo é mais facilmente acessível.

� Os desequilíbrios económicos entre as comunidades levam as pessoas a mudarem-seà procura de uma vida melhor ou da sobrevivência. Os meiosde informação e ascomunicações difundem amplamente imagens de lugares de oportunidades e/ousegurança.

� As sociedades e fronteiras que se mantinham fechadas abriram-se; por ex.: naEuropa do Leste e na Comunidade de Estados Independentes; na África do Sul e naChina e no Sudeste da Ásia.

� As guerras e as tensões étnicas deslocam milhares de pessoas, como aconteceurecentemente nos Balcãs ou na região dos Grandes Lagos, em África.

� A migração “organizada” e o tráfico contribuem para um movimento cada vezmaior de pessoas entre os países7.

1 Ver Martin S., An ERA of International Migration, World Migration Report, Genebra: International Organization for Migration, 2000.2 Para as estatísticas sobre refugiados, ver http//www.unhcr.ch/ (Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados).3 Para as estatísticas sobre deslocados internos, ver htpp//www.idpproject.org/ (Conselho Norueguês para os Refugiados).4 Esta migração é “organizada“ no sentido de que pessoas particulares organizam, com fins lucrativos, os movimentos de pessoas dentro e entre países.

Frequentemente, isto implica exploração, por ex.: preços altos, subornos, confiscação ou destruição de documentos, transporte perigoso, exploração sexual.São também cada vez mais reportados casos de tráfico de seres humanos para o comércio sexual e/ou a escravatura.

5 Entre as razões podem figurar a reunião familiar, a oportunidade económica ou profissional, a pobreza, a guerra, o abuso aos direitos humanos, as tensões étnicas,a violência, a fome, a perseguição e as necessidades dos cuidados sanitários ou médicos. Ver também UNAIDS Technical Update, Refugees and AIDS, 1997.

6 O pessoal militar, incluindo o pessoal das missões de manutenção da paz, também pode ser considerado população móvel. Para mais informação sobre opessoal militar, ver AIDS and the Military: UNAIDS Point of View, May 1998.

7 Martin, International Organization for Migration, 2000.

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Antecedentes

Grande parte do movimento da popula-ção é altamente fluido, com pessoas,frequentemente, a retrocederem ou aavançarem ao longo desta sequência defases – muitas vezes num período dedias, semanas ou meses. Para seremeficazes, as respostas ao HIV/SIDAdevem abordar as necessidades evulnerabilidades particulares da popula-ção móvel em cada fase do processo demobilidade.

Qual é a relação entre amigração e o HIV/SIDA?

O HIV/SIDA também é um fenómenomundial solidamente estabelecido. Maisde 15 anos depois de ter sido identifica-do pela primeira vez, o HIV está presenteem todas as regiões do mundo. No ano2000, estimou-se que quase 34 milhõesde pessoas em todo o mundo estavam aviver com o HIV8 . Mais de 95% destasinfecções ocorreram nos países emdesenvolvimento, onde a pobreza, osdeficientes sistemas de educação e desaúde, os limitados recursos para aprevenção e os cuidados favorecem apropagação da epidemia e onde asprivações económicas e a violênciadeslocam grande número de pessoas.

Os estudos sobre determinados gruposde grande mobilidade (por ex.: camio-

nistas, vendedores ambulantes de ambosos sexos, militares e marinheiros)identificam a viagem ou a migraçãocomo um factor relacionado com ainfecção. Em muitos países, as regiõesque reportam uma mobilidade sazonal eprolongada mais elevada tambémapresentam taxas mais altas de infecção.Também se reportam altas taxas deinfecção ao longo dos corredores detransporte e nas regiões fronteiriças9.Adicionalmente, os estudosepidemiológicos que se centram empopulações migratórias mais estacionári-as em alguns países revelam que osestrangeiros são desproporcionalmenteafectados pelo HIV e SIDA10.

Esses estudos indicam que a mobilidadee a migração aumentam avulnerabilidade ao HIV/SIDA, tanto naspessoas móveis como nos seus parceiros,quando regressam. Dado o grandenúmero de pessoas emigrantes e móveis,esta vulnerabilidade tem uma amplarepercussão e consequências trágicas.Entretanto, os governos ainda nãofizeram o suficiente para abordar oproblema do HIV/SIDA entre a popula-ção móvel.

Uma primeira resposta à epidemia foi ade tentar manter as pessoas seropositivasfora de um país através de leis que

restringem a entrada ou estadia. Cercade 60 países dispõem de tais restrições,a maioria das quais se aplicam avisitantes de estadia prolongada,trabalhadores sazonais, trabalhadoresmigrantes e estudantes estrangeiros11.Porém, segundo a Organização Mundialda Saúde, a ONUSIDA e o AltoComissariado das Nações Unidas paraos Direitos Humanos, essas restrições nãotêm nenhuma justificação para a saúdepública12. De facto, essas restriçõespodem aumentar a vulnerabilidade dosemigrantes ao HIV/SIDA ao forçá-los apassar à clandestinidade e ao dissuadi-los de solicitar informação sobre aprevenção, testes, aconselhamento eapoio, tanto nos países de origem comonos de destino.

Existe uma necessidade urgente dedesenvolver e levar a cabo respostasmais eficientes ao HIV/SIDA para osemigrantes e a população móvel. Taisrespostas deveriam capacitar os emi-grantes e a população móvel a protege-rem-se contra as infecções, a reduzir atransmissão progressiva do HIV eproporcionar-lhes cuidados e apoio.O presente documento descreve breve-mente os desafios e algumas respostaseficazes possíveis.

8 Ver Report on the Global HIV/AIDS Epidemic, Dezembro 1999 e Epidemic Update, Junho, 2000 disponíveis na ONUSIDA, Genebra.9 Para uma resenha, ver International Migration, 36/4, 1998.10 Ver, por ex.: Anderson J, Melville R, Jeffries DJ et al. (1996) Ethnic differences in women with HIV infection in Britain and Ireland. The study group for the MRC

collaborative study of HIV infection in women. AIDS 10, 89-93, e Savignoni, Lot F, Pillonel J e Laporte A. Situation du SIDA dans la population étrangèredomicilliée en France, Paris, Institut de veille sanitaire, Abril de 1999.

11 As listas e descrições das restrições relacionadas com o HIV existem, por ex., no Departamento Federal Suiço de Assuntos Estrangeiros (http//www.hivnet.ch)e no Departamento de Estado dos Estados Unidos (http//www.travel.state.gov/HIVtestingregs.html).

12 Global Programme on AIDS. Statement on Screening of international Travellers for Infection with Immunodeficiency Virus (WHO/GPA/INF/88.3), HIV/AIDSand Human Rights, International Guidelines, United Nations, New York and Geneva, 1998, HR/PUB/98/1.

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Desafios

Ser móvel não é em si mesmo umfactor de risco de contrair o HIV/SIDA; são as situações que seencontram e os possíveis comporta-mentos adoptados durante adeslocação ou migração que aumen-tam a vulnerabilidade e o risco deinfecção pelo HIV/SIDA

Maior vulnerabilidade

Os emigrantes e a população móvelpodem ser muito marginalizados enquantoestão em trânsito, no seu destino e aoregressarem ao seu país. Podem servítimas de discriminação, xenofobia,exploração e assédio e contar com poucaou nenhuma protecção jurídica e social nacomunidade receptora. Estamarginalização aumenta a vulnerabilidadeà infecção pelo HIV e também as dificulda-des de viver com o HIV/SIDA13.

Os emigrantes e a população móvelpodem ter pouco ou nenhum acesso ainformação e aos serviços de saúde sobreo HIV, bem como aos meios de prevençãodo SIDA (preservativos, tratamentos dasinfecções de transmissão sexual [ITS]). Osobstáculos linguísticos e culturais aumen-tam a falta de acesso, assim como odesconhecimento da comunidade e ainstabilidade da mobilidade.

Os emigrantes e a população móvelpodem evitar a atenção das autoridades,mesmo quando essa atenção se destina aproporcionar serviços de saúde ou ajudara melhorar suas condições de vida.Também é possível que não se sintam àvontade ou não tenham experiência delidar com organizações não governamen-tais ou de base comunitária que preten-dem proporcionar-lhes ajuda.

A pobreza e a falta de recursos podemforçar as pessoas que se deslocam de umlugar para outro a aumentar o seu riscode contrair o HIV, comercializando o sexonão protegido para obter bens, serviços edinheiro para sobreviver e/ou continuar asua viagem.

Nalguns países, os emigrantes enfrentama possibilidade de terem que se submetera testes involuntários de HIV e deporta-ção, caso sejam HIV positivos14. O seuestado HIV pode ser revelado àsautoridades dos seus países de destinoou de origem, ou às suas comunidades efamílias. Estas quebras daconfidencialidade dão lugar ao estigma,à discriminação e à exclusão. A expul-são de um país onde se dispõe detratamento avançado contra o HIV paraoutro, onde tal tratamento não estádisponível, pode significar um maiorsofrimento e uma morte mais rápida.

Os mais vulneráveis

A população móvel mais vulnerável sãoos refugiados, os que não têm um estatutolegal no país onde vivem e as mulheres.

Os refugiados e os deslocados internos– as pessoas deslocadas devido aconflitos ou outras emergências passampor situações caóticas em que não éprovável que o HIV/SIDA seja considera-do uma prioridade. Para além disso, oHIV propaga-se mais rapidamente emcondições de pobreza, falta de poder dedecisão e instabilidade social, condiçõesque se encontram no seu ponto máximonas emergências complexas. A insegu-rança física, económica e social corrói asestratégias para a prestação da assistên-cia e para a protecção das pessoas e dasfamílias. Isto resulta frequentemente emcomportamentos sexuais de alto riscoforçados e em abusos sexuais.

As mulheres e as raparigas vêm-secoagidas a ter relações sexuais parapoderem ter acesso à satisfação dasnecessidades básicas, tais como comida,abrigo e segurança. Para além disso,elas são também especialmente vulnerá-veis à violação15.

Situação jurídica – O facto de umapessoa viver legal ou ilegalmente numpaís tem uma enorme influência na suavulnerabilidade ao HIV/SIDA. Osemigrantes indocumentados vivem àmargem, procurando evitar qualquercontacto com as autoridades, poispoderiam terminar em prisão e expulsão.Na prática, não têm nenhum direito nolugar onde vivem, incluindo a possibili-dade de aceder legalmente a serviços decuidados de saúde e sociais e à preven-ção e tratamento das DTS e do HIV/SIDA. Eles podem ser forçados pelassuas circunstâncias precárias a trabalhare a acomodarem-se em condições nãoseguras e a ser explorados para ganharsalários irrisórios. As mulheres e ascrianças podem também ser vítimas daviolência sexual, o que aumenta o seurisco de contrair o HIV e outras DTS.

Mulheres e raparigas – As oportunida-des de emprego costumam ser maislimitadas para as mulheres emigrantes,que se podem ver confinadas a umaeconomia paralela, trabalhando emcondições inferiores, sujeitas à discrimi-nação como mulheres e como emigrantese incapazes de reclamar os direitos quelhes assistem. Em geral, têm pouco ounenhum acesso aos cuidados de saúdereprodutiva. Têm também pouco ounenhum poder de negociação paraevitar relações sexuais não desejadas ouperigosas durante a viagem e no destino.Um grande número de mulheresdeslocam-se para trabalhar comoempregadas domésticas.

13 Para uma discussão sobre a relação entre a população marginalizada, a vulnerabilidade e o HIV, ver Report on the Global HIV/AIDS epidemic, June 2000,UNAIDS, Geneva.

14 Ver Verghis S. Promoting and protecting human rights to reduce the HIV vulnerability of migrant workers. UNDP (Editor). Population mobility in Asia:Implications for HIV/AIDS action programmes. Bangok, UNDP, 2000, pp. 87-103.

15 Piot P. HIV/AIDS in complex emergencies – a call for action. World Health Organization, Health in Emergencies, 7 ( Setembro de 2000).

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Desafios

Com frequência, os seus direitos não sãorespeitados, e as leis ou costumes locaisnão as protegem. Podem ser exploradassexualmente pelos seus empregadores.Algumas mulheres emigram para sededicar a ocupações que implicam ummaior risco de exposição ao HIV, como otrabalho sexual16 . Outras mulheres ouraparigas (rapazes também) sãoenganadas, coagidas ou traficadas parao trabalho sexual17 . Outras mulheresainda acabam em situações vulneráveis eprecárias depois de terem entradoclandestinamente nos países para sejuntarem aos seus maridos ou compa-nheiros emigrados. Finalmente, algumasmulheres acabam sendo vulneráveis semsequer terem saído de suas casasquando os seus maridos que tinhamemigrado para trabalhar no estrangeiroregressam com o HIV18 .

Maior risco

Os emigrantes e a população móvelestão expostos a pressões, limitações eambientes de vida especiais. Muitos delesestão separados das suas famílias eesposas ou parceiras habituais. Elespodem sentir-se anónimos. Tambémpodem sentir-se livres das normas sociais

que guiavam o seu comportamento nafamília, comunidade e cultura.As pessoas que estão sozinhas e longedas suas casas podem tornar-se especial-mente susceptíveis às pressões de pares.Estes factores podem levar a que aspessoas assumam riscos e adoptemcomportamentos que não adoptariamnas suas casas.

Em alguns lugares, o ambiente em quevivem e se divertem os emigrantes etrabalhadores móveis são quase exclusiva-mente masculinos. Isso leva ao desenvolvi-mento de serviços de comércio sexual e àpressão para o seu uso. Isto pode tambémconduzir a um aumento nas relaçõessexuais entre homens.

“Se alguém quisesse propagar umadoença de transmissão sexual, pegavaem milhares de rapazes jovens elevava-os para longe das suasfamílias, isolava-os em residências sópara homens e proporcionava-lhes umfácil acesso ao álcool e ao sexocomercial. Então, para propagar adoença por todo o país, enviava estesrapazes às suas casas de vez emquando para estarem um tempo comas suas esposas e namoradas.”19

Falta de atenção e recursos

Em muitos países, os recursos financei-ros, humanos e institucionais para osprogramas de prevenção e cuidados como HIV/SIDA são extremamente limitados.Os recursos disponíveis costumamdestinar-se à população local e poucosou nenhuns são direccionados àsnecessidades dos emigrantes e daspessoas que vêm de fora da comunida-de.

Geralmente, os projectos sobre o HIV/SIDA e a mobilidade que são empreen-didos em alguns países em desenvolvi-mento por agências internacionais eorganizações não governamentais(ONG) são limitados no seu alcancesocial e geográfico, assim como notempo.

Poucos planos nacionais sobre o SIDA seocupam da mobilidade da populaçãocomo um factor importante na epidemia.Portanto, o desafio é de que os governosreconheçam a necessidade de abordar oHIV/SIDA entre os emigrantes e apopulação móvel.

16 Para mais informação sobre o trabalho sexual, ver a Actualização Técnica da ONUSIDA sobre o trabalho sexual.17 Para exemplos sobre o trabalho feito com mulheres e raparigas traficadas, ver o site da OIM na internet http//www.iom.int18 Ver Salgado de Snyder V, Perez M e Maldonado M. AIDS – risk behaviours among rural Mexican women married to migrant workers in the United States,

AIDS Education & Prevention, 8, 1996, 134-142.19 Citação de Mark Lurie, South Africa Medical Research Council, falando sobre as minas na África do Sul, in Schoofs M. All the Glitters: How HIV Caught Fire

in South Africa, The village Voice, 28 Abril-4 Maio, 1999.

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As respostas

As respostas ao HIV/SIDA para osemigrantes e a população móvelcomeçam com a criação de um ambientepropício. Um ambiente propício tem trêscomponentes:

� capacidade de proteger-se a si mesmo,fazendo opções informadas e recebendoapoio nessas opções.

� programas específicos de prevençãobaseados nos constrangimentospsicológicos, sociais e culturais e nasoportunidades dos emigrantes epopulação móvel.

� acesso a cuidados e apoio acolhedorespara emigrantes/população móvelvivendo com o HIV/SIDA.

Para estabelecer um ambiente comestas características são necessáriasvárias estratégias, entre as quaisfiguram as seguintes:

Intervenções acolhedoraspara emigrantes epopulação móvel

Uma regra básica é a de que asintervenções para a prevenção e

cuidados com o HIV/SIDA destinadasaos emigrantes e à população móveldevem ser oferecidas numa linguagemapropriada e adaptadas ao contextocultural do grupo destinatário. Muitasvezes, é possível partilhar materiais emensagens entre as comunidades deorigem e as de destino. Os membros dacomunidade móvel ou emigrantedeveriam ser envolvidos na concepção eexecução das intervenções. Estacontribuição da comunidade permitiráque as intervenções sejam pertinentes etambém ajudará a encontrar meios paravencer os obstáculos na prevenção doHIV/SIDA.

Entre os enfoques eficazes, figura agarantia da disponibilidade dospreservativos. Os serviços de saúdereprodutiva, incluindo o tratamento dasITS, também deveriam serdisponibilizados. Informação cultural elinguisticamente adequada poderia serproporcionada através de campanhasnos meios de comunicação, representa-ções teatrais na rua, sessões educativasem pequenos grupos e educação depares. Para assegurar a suasustentabilidade, as estratégias de

intervenção deveriam vincular-se àsassociações de emigrantes, às autorida-des locais e às ONG locais. Deveriamtambém estabelecer-se ligações entre ascomunidades de origem e as receptoras.

As intervenções também deveriamabordar os factores que podem margina-lizar a população emigrante e móvel.Entre esses factores, figuram a pobreza,a discriminação, a segregação e a faltade estatuto jurídico. Poderiam tambémincluir mobilidade em si: há que conce-ber intervenções especiais para pessoasque estão quase sempre “em movimento”,como os vendedores ambulantes, oscamionistas, os marinheiros ou emprega-dos de transportes. As intervenções paraa população altamente móvel envolvemactividades de divulgação, destinadas apessoas e grupos, trabalho com pessoalespecialmente formado e muito flexível,uso de serviços móveis e colaboraçãocom a polícia local e as autoridadescomunitárias para aumentar o acesso.

A prevenção de ITS/HIV/SIDA nas rotas de migração na África OcidentalEm 1998, o projecto regional Santé Familiale et Prevention du SIDA (Saúde Familiar e Prevenção do SIDA), da USAID empreendeu umainiciativa transfronteiriça para abordar o problema da migração e o SIDA na África Ocidental. Lançada ao longo do corredor de grandetráfego que liga Abidjan, na Costa do Marfim, a Ouagadougou, no Burkina Fasso, a iniciativa, conhecida como Prévention du SIDA surles Axes Migratoires de l’Afrique de l’Ouest (PSAMAO), abrange agora quatro países, incluindo os que apresentam as taxas maiselevadas de prevalência do HIV na região.

A Population Services International (PSI), uma ONG que coordena o projecto, utiliza diversas estratégias complementares, desde o marketingsocial até aos meios de comunicação social e à comunicação interpessoal. Tem um interesse particular a educação de pares utilizada paradifundir mensagens de prevenção adaptadas entre os grupos destinatários. Os camionistas, as profissionais do sexo e os trabalhadoressazonais emigrantes nas plantações recebem formação sobre DTS/HIV/SIDA e técnicas de comunicação de modo a poderem depoisorganizar pequenos grupos de discussão com os seus pares. Entre os temas tratados, figuram os métodos de transmissão e prevenção, aavaliação dos riscos e o uso correcto do preservativo. No final, abre-se um período de perguntas e respostas para que o educador de parespossa verificar se a informação foi compreendida correctamente. Realizam-se também sessões individuais para permitir que os beneficiáriosformulem perguntas mais delicadas. As avaliações em curso indicam que, desde o princípio das intervenções, produziram-se mudançaspositivas de comportamento. Comparando os dados dos estudos realizados em Burkina Faso em 1997 e 2000, o uso declarado do preserva-tivo na última relação sexual dos camionistas com uma parceira ocasional passou de 69% a 90%. Com uma parceira habitual, essa propor-ção aumentou de 49% a 67%. A intenção de utilizar um preservativo no futuro aumentou de 53% a 73%.20

20 Devine J, Prévention du SIDA sur les axes migratoires de l’Afrique de l’ouest (PSAMAO). Comunicação apresentada no Seminário Regional sobre Migração eHIV/SIDA na África Central e Ocidental, Bamako, Mali, 30 de Maio – 1 de Junho de 2000. Para mais informação sobre este projecto, ver o site na internetda Population Services International: htpp//www.psi.org.

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A iniciativa da África OcidentalA iniciativa da África Ocidental para uma resposta à epidemia do HIV/SIDA levou a cabo uma acção de investigação denominada“Migration and AIDS” (A migração e o SIDA) em cinco países africanos: Burkina Faso, Costa do Marfim, Mali, Níger e Senegal. Estainiciativa englobou uma grande diversidade de intervenções em lugares como estações de autocarros e de comboios, comboios, mercadose bairros com uma alta concentração de emigrantes ou de população móvel. Foram também usadas redes de população móvel, tais comoassociações de emigrantes, de vendedores ambulantes e de profissionais do sexo. Com frequência, as intervenções concentraram-seinicialmente num centro, ou núcleo, de um grupo particular numa zona particular e, depois, expandiram-se, através de elementos decontacto formados no centro, para outros grupos relevantes para a promoção e a sensibilização para o uso do preservativo.21

Enfoque nas zonas de risco

Um enfoque prometedor é o que, aoinvés de se centrar em grupos ouindivíduos, incide sobre lugares ou zonasonde o risco pode ocorrer. O enfoquenas “zonas de risco” orienta as interven-ções para os lugares por onde passa umgrande número da população móvel.Entre esses lugares, incluem-se paragense terminais de camiões, estações deautocarros e de comboio mercados,portos e zonas aduaneiras. A vantagemdesse enfoque é o de que se centra emmais do que um ou dois grupos específi-cos (como os camionistas e as profissio-nais do sexo) e abarca todas as pessoaspotencialmente expostas na zona (comoos empregados dos bares e das pensões,os comerciantes ou, simplesmente, osjovens locais que são atraídos peloambiente excitante).

Enfoque nas comunidadesde destino

Alguns sectores dependem de trabalha-dores que emigram para um lugarespecífico por um período determinadoou uma temporada. Alguns exemplos sãoas explorações agrícolas e florestais, asminas e as obras de construção.As condições que imperam nessesdestinos e o modo como elas podemcontribuir para vulnerabilidade ao HIV eàs DTS deveriam ser avaliadas emelhoradas com a participação dossectores públicos e privados, incluindoas ONG e os sindicatos locais. Asrespostas deveriam ter em conta asnecessidades da população local, assimcomo o impacto da imigração nessapopulação. Idealmente, as intervençõesdeveriam beneficiar tanto a populaçãoemigrante como a local.

Outro nível de intervenção é o detrabalhar em políticas que afectam essestrabalhadores emigrantes, como é o casoda emigração laboral de um só sexo.Permitir que os trabalhadores emigrantesvivam com as suas famílias se assim odesejarem reduziria os riscos de contrairo HIV, que existe quando grandesnúmeros de pessoas sós vivem emacampamentos de pessoas do mesmosexo. As condições de vida, de trabalhoe de saúde podem ser, às vezes, muitoinfluenciadas pelo empregador. Por ex.,os empregadores podem encarregar-sede disponibilizar um alojamento decentee o acesso aos serviços de assistênciasanitária básica, incluindo os serviços decuidados e prevenção do HIV, bem comopreservativos.

O Projecto MothusimpiloO projecto Mothusimpilo funciona desde princípios de 1998, em Carletonville (África do Sul), o maior complexo de minas de ouro domundo. Estas minas de ouro dão emprego a cerca de 70000 homens, que chegam ali provenientes das zonas rurais do país e dos paísesvizinhos. Os mineiros vivem em barracas exclusivas para homens, sem as suas esposas ou famílias, o que atrai a esse lugar mulheres dediversos países da região para ganhar a vida comercializando sexo e álcool.

Os dados colhidos no princípio do projecto mostraram taxas muito elevadas, não só da infecção pelo HIV, como também de ITS curáveis,incluindo sífilis, gonorreia e clamídia, entre os mineiros e as profissionais do sexo, assim como entre as mulheres jovens das comunidadesvizinhas das minas. Tomando como exemplo a experiência de outros projectos, em particular da África Austral, os organizadores do projecto

21 Para uma discussão exaustiva, ver UNAIDS Inter-country Team for West and Central Africa, Findings of the Research – Action “Migration and AIDS” Project,disponível através da ONUSIDA , Genebra e Abidjan, e através do Banco Mundial, Washington.

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A Mobilidade da População e o SIDA: Actualização Técnica da ONUSIDA Fevereiro de 2001

Enfoque nas respostasregionais e transfronteiriças

A migração – movimento através dasfronteiras – pode colocar desafiosainda maiores do que os que sãogerados pela mobilidade interna, norespeitante a intervenções relacionadascom o HIV/SIDA. No país de destino,tal migração normalmente enfrentaobstáculos linguísticos, culturais ejurídicos maiores. As comunidadesemigrantes, às vezes, ficam segregadase marginalizadas.

A reintegração ao regressar ao país deorigem também pode ser difícil, quandoos emigrantes voltam para famílias ecomunidades que mudaram durante asua ausência.

As abordagens transfronteiriças criativassão as que interligam as oportunidadesnos países de origem e de destino. Elasproporcionam informação sobre aprevenção do HIV e serviços de cuidadosàs pessoas que se deslocam entre países.Estas abordagens podem envolveresforços entre os respectivos governos,

com vista a estabelecer contactos eharmonizar políticas e programas paraos grupos migrantes. Também podemimplicar o estabelecimento de aliançastrans-fronteiras entre ONG internacio-nais e regionais para determinadosgrupos e/ou a criação de associações deauto-ajuda e apoio pelas própriascomunidades em ambos os lados dafronteira.

CARAM AsiaUm exemplo interessante de resposta transfronteiriça é a que se desenvolveu nos trabalhos da CARAM (Coordination of ActionResearch on AIDS and Mobility). A CARAM é uma associação de sete ONG do Bangladesh Camboja, Indonésia, Malásia,Filipinas, Tailândia e Vietname. Eis alguns exemplos de abordagens transfronteiriças: A CARM Bangladesh oferece sessões deinformação e capacitação aos trabalhadores emigrantes que vão para a Malásia, antes de saírem do seu país. Os organizadoresdestas sessões confiam nos emigrantes regressados da Malásia para os ajudarem na formação. As mulheres que assistem àssessões recebem orientação sobre aonde-se podem dirigir, na Malásia, em caso de dificuldades. A partir da altura da chegada, aCARAM Malásia ocupa-se dos seus casos e oferece lhes apoio para proteger a sua saúde reprodutiva. A CARAM Malásiaencoraja os emigrantes do Bangladesh a participarem nos programas pós-orientação. Por sua parte, a CARAM Bangladeshconvence os emigrantes que regressam a participarem nos programas de reintegração que são levados a cabo neste país.

Tendo em conta o grande número de vietnamitas que vão ao Camboja, existem intercâmbios semelhantes entre a CARAMCamboja e a CARAM Vietname. Este uso “cíclico“ da experiência da população móvel, assim como a troca de informação narede fazem com que os programas sejam eficazes23.

22 Para mais informação e uma lista de publicações, ver o site do projecto Mothusimpilo na internet www.csir.co.za/aidsproject.23 Para mais informações sobre as actividades e a investigação da CARAM, ver o boletim períodico CARAM News e o site seguinte:

htpp//www.geocities.com/ResearchTriangle/Facility/7747

Mothusimpilo realizaram uma intervenção baseada na comunidade que se propunha a assegurar um bom tratamento das ITS, proporcionareducação de pares e distribuir preservativos. Desde o princípio, o projecto ficou integrado plenamente nos sistemas de cuidados de saúdelocais proporcionados pelas minas, estado, médicos privados e médicos tradicionais. Esta integração assegurou uma coordenação entre todosos sectores no fornecimento de serviços de saúde.O projecto também se integrou num programa local de cuidados domiciliários apoiado pelo Departamento Provincial da Saúde. Grandeparte do sucesso do projecto deveu-se à maneira como todas as partes interessadas – as minas, os sindicatos, as organizações científicas, osgovernos nacional, provincial e local e, o mais importante ainda, uma grande variedade de organizações comunitárias – trabalharam juntospara assegurar a sua execução eficaz e para fazer frente aos problemas que inevitavelmente iam surgindo22.

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Outras iniciativas transfronteiriças importantes estão sendo impulsionadas por organizações regionais e internacionais

A Força de Choque Regional das Nações Unidas para asPopulações Móveis e a Vulnerabilidade ao HIV

A Força de Choque Regional das Nações Unidas para as Populações Móveis e a Vulnerabilidade ao HIV, convocada pelo Projecto doPNUD sobre o Desenvolvimento e o HIV no Sudeste da Ásia, é composta pelas agências das Nações Unidas, ONG internacionais,autoridades governamentais do campo do SIDA e académicos investigadores de temas relacionados com a mobilidade do SIDA noSudeste da Ásia. Actualmente participa em diversos projectos.

No projecto Irrawaddy River Love Boat, por ex., as actividades de prevenção do SIDA são levadas a cabo a partir de um barco quenavega ao longo de um importante rio, em Myanmar. A música e a festa atraem as visitantes nas paragens. Distribui-se informação epreservativos ao público

Noutra série de actividades, efectuam-se avaliações rápidas da situação com vista a elaborar planos de acção destinados aos marinheirose às suas comunidades de origem e receptoras, no Camboja, Tailândia e Vietname. Um estudo reuniu investigadores da CARE, FamilyHealth International, Thailand Businness Coalition on AIDS e Visão Mundial da Tailândia para analisar a indústria marítima no Porto deRenong, na Tailândia. Os investigadores conseguiram definir diversas práticas de risco de contrair o HIV e de abuso de substâncias.Também identificaram numerosas possibilidades de intervenção específicas para diferentes sectores pesqueiros, rotas e tipos de barco24.

Mobilização dascomunidades de emigrantese da população móvel

As actividades de prevenção e cuidadoscom o HIV/SIDA são mais eficazesquando são levadas a cabo pelas pessoasa que se dirigem. Os membros dascomunidades destinatárias são os maiscapazes de avaliar a sua vulnerabilidade

e propor soluções eficazes. A experiênciademonstra que nas comunidades deemigrantes, como em qualquer outracomunidade, existem pessoas e associa-ções que estão dispostas a fazer contribui-ções importantes para prevenir o HIV/SIDA e para assegurar o acesso dosmembros das suas próprias comunidadesaos cuidados. Se lhes forem oferecidos osmeios e os recursos necessários, os

membros da comunidade podemproporcionar educação de pares – eapoio para a mudança de comportamen-to e para as necessidades de saúde –mais eficaz do que a que é dada poreducadores externos. Em colaboraçãocom parceiros dos países receptores, ascomunidades emigrantes também podemmobilizar-se para influenciar as políticasque os afectam.

Lobbies da comunidade africana no Reino UnidoEntre as políticas propostas no concernente a pessoas que solicitam asilo no Reino Unido existem algumas que seriam prejudiciais para asque vivem com o HIV.

Os africanos são o segundo grupo mais numeroso afectado pelo HIV no Reino Unido, depois dos homossexuais masculinos. Mais de 80%das mulheres infectadas são africanas, como também são a grande maioria dos bebés infectados pelo HIV. A maioria dos africanos noReino Unido vivem em Londres, e é nessa cidade onde se organizam quase todos os serviços de cuidados com o HIV sensíveis às particula-ridades dos africanos. Tais serviços contam com experiência clínica no tratamento de crianças, mulheres e famílias heterossexuais, eincluem redes de interpretação, fomento da sensibilização e apoio. As políticas de dispersão por todo o país das pessoas que solicitamasilo implicam que as pessoas que vivem com o HIV possam ser enviadas para longe desses serviços apropriados. Viajar para Londrespara seguir tratamento provoca problemas administrativos e uma tensão suplementar. Outra política que causa dificuldades é a de darapoio sob a forma de cupões para alimentos. Esses cupões só podem ser usados em determinados supermercados, mas essas lojas nãodispõem de alimentos culturalmente apropriados.

Diversos grupos pertencentes às comunidades africanas residentes no Reino Unido uniram-se para exercer pressão e mudar essas políticas.Nos últimos anos, e em parceria com grupos sociais como o Terrence Higgins Trust e o National AIDS Trust, a African HIV Policy Networkcompilou dados para documentar, fazer advocacia e fazer lobbies para uma mudança de política perante as autoridades nacionais25

24 Para uma descrição mais completa sobre a membresia, missão e actividades da Força de Choque, ver http//www.hivundp.net.25 Sesay M, Immigration Legislation, HIV and Migrant Communities: Insights from the African Experience in the UK. MoOrE218. XIII International AIDS

Conference, Durban, África do Sul, 9-14 de Julho de 2000.

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Aumentar os cuidados e oapoio

Há ainda muito por fazer para melhorara situação dos emigrantes e da populaçãomóvel que vivem com o HIV e SIDA.Nas comunidades de destino, deveriamfazer-se esforços para aumentar oacesso legal e real aos serviços locaisde saúde e apoio para o HIV/SIDA. Istopode envolver a elaboração eimplementação de serviços de saúdeespecializados para os emigrantes e apopulação móvel, ou pode levar àadaptação dos serviços de saúdeexistentes. Em qualquer dos casos, osserviços para as pessoas que vivemcom o HIV/SIDA deveriam consideraros obstáculos linguísticos e culturais,assim como as limitações geradas pelamobilidade e pela falta de estatutojurídico.

Às vezes, os emigrantes e a populaçãomóvel que vivem com o HIV e regressam asuas casas não sabem que estão

infectados.As pessoas que conhecem o seu estadoHIV estão em melhor posição parasolicitar apoio e cuidados, para seprotegerem mais a si e aos seus parceiros.Nos programas de recepção e reintegra-ção, dever-se-ia proporcionar aosemigrantes que regressam serviços deaconselhamento e teste voluntário26 . Casoos seus testes resultem positivos, dever-se-ia remetê-los aos serviços comunitáriosdisponíveis de cuidados e apoio relacio-nados com o HIV. Dever-se-iam tambémdedicar esforços para proteger doestigma e da discriminação os que voltama suas casas com HIV ou com SIDA. Nomínimo, dever-se-ia manter estritamente aconfidencialidade sobre o estado HIV noregresso. É necessário encorajar asassociações de pessoas que vivem com oHIV/SIDA e outras iniciativas comunitári-as de apoio e cuidados nos países dedestino e de regresso a estabeleceremcontactos e a integrarem as populaçõesemigrante e móvel afectadas pelo HIV/SIDA.

Dificuldades de compreensão entre os médicos e os pacientes

Mesmo que numa comunidade a população móvel tenha acesso legal à assistênciasanitária, ainda subsistem muitas dificuldades tais como a que se expõe na seguintedescrição da situação de brasileiros que vivem com o HIV/SIDA em Londres: “Existemtambém aqueles brasileiros cujo acesso à assistência sanitária termina no consultório domédico. Eles podem receber uma carteira de comprimidos de um médico que até podeser simpático e cordial, mas não entendem de que é que lhes está a falar. Talvezcompreendam todos os termos médicos usados, mas não o significado. É possível queestejam tão agradecidos por receber cuidados médicos que não colocam dúvidanenhuma às suas instruções. Essas pessoas podem estar cheias de dúvidas e perguntas,não conhecer os seus direitos, estar cheios de medos, sentir-se isoladas, confusas, tensase com muitos problemas que influem directamente na gestão de sua assistência sanitária,da sua qualidade de vida e do seu tratamento27.

Melhoria das leis eregulamentos

A legislação sobre os direitos humanose algumas leis internacionais e regio-nais protegem os direitos dos emigran-tes e da população móvel. As leisnacionais e locais também podem terdisposições de protecção. Contudo, asleis e os regulamentos nacionais devemser revistos para assegurar que osdireitos dos emigrantes e da populaçãomóvel sejam protegidos nas seguintesáreas:

� protecção da unidade familiar,incluindo a possibilidade de levar aesposa e os filhos ao país de destino

� acesso legal aos serviços de cuidadosde saúde local

� protecção contra a discriminação

� aplicação da protecção laboral localaos emigrantes e à população móvel,incluindo o salário mínimo e o direito àsindicalização

� acesso aos procedimentos judiciais e aoapoio jurídico, mesmo no contexto dadeportação

� protecção da confidencialidade doestado HIV

� acesso à segurança social básicadurante o trânsito e no destino

� ratificação da Convenção Internacio-nal sobre a Protecção dos Direitos deTodos os Trabalhadores Migrantes edos seus Familiares, assim como deoutros instrumentos internacionais queprotegem os trabalhadores emigran-tes e sazonais28.

26 Santoro Gomez L. The user’s point of view – Self-help group “Pau Brasil”/ NAZ Latina, AIDS and mobility (Ed), Access to new treatment for migrants livingwith HIV and AIDS, Relatório de Conferência, 25-27 de Junho de 1999.

27 Ver Actualização Técnica da ONUSIDA sobre o aconselhamento e teste voluntário, Maio de 2000.28 A Convenção foi adoptada pela Resolução da Assembleia Geral 45/158 de 18 de Dezembro de 1990. Para mais informações a respeito da protecção

internacional dos emigrantes, ver os sites do Gabinete do Alto Comissário para os Direitos Humanos – http//www.unhchr.ch/ - e da Organização Internacio-nal do Trabalho – http//www.ilo.org.

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Quanto às restrições de entrada eestadia relacionadas com o HIV, há queassinalar que podem ter consequênciasnegativas como a recusa discriminatóriade entrada; a deportação sem procedi-mento judicial; a promoção de um falsosentido de segurança nos paísesanfitriões; o reforço do racismo e daxenofobia e o desvio de fundos deintervenções mais eficazes. As restriçõesdeveriam ser revogadas ou modificadas,com base nas orientações dadas pelasLinhas de Orientação Internacionais parao HIV /SIDA e Direitos Humanos,formuladas em 1998 pelo AltoComissariado das Nações Unidas paraos Direitos Humanos e a ONUSIDA.

As directrizes declaram que:“Não existem justificações de saúdepública para limitar a liberdade decirculação ou de escolher a residênciadevido ao estado HIV… Quando osEstados proíbem a estadia de longaduração às pessoas com HIV/SIDAinvocando custos económicos, nãodevem singularizar o HIV/SIDA, opondo-o a outras doenças comparáveis, em tais

tratamentos, e devem demonstrar que, defacto, incorrerão nesses gastos com oestrangeiro que solicita residência. Aoexaminar as solicitações de entrada, osfactores humanitários, tais como areunificação da família e a necessidadede asilo, devem sobrepor-se às conside-rações económicas”29.

Inclusão dos emigrantes eda população móvel naplanificação estratégica enos planos sobre o SIDA

Quase todos os países estão afectadospela migração e mobilidadedemográfica: como países de origem oude destino e/ou por causa dos movimen-tos demográficos dentro das suasfronteiras. Esta mobilidade da populaçãopode ser um factor importante dapropagação da epidemia do HIV numpaís e, apesar disso, nem a própriamobilidade, nem os emigrantes e apopulação móvel implicados costumamser abordados na planificação estratégi-ca e nos planos nacionais sobre o SIDA.

Na planificação estratégica comunitáriae nacional, qualquer mapa da epidemiae dos factores que a propagam deveriaprestar atenção aos emigrantes e àpopulação móvel, às suas realidades e àsua vulnerabilidade. Nos lugares ondeseja pertinente, os programas nacionaissobre o SIDA deveriam prestar especialatenção ao movimento demográfico, aosemigrantes e à população móvel, nasrespostas nacionais e comunitárias aoSIDA, e disponibilizar os fundos necessá-rios para fazer frente às necessidadesenvolvidas.

Ao mesmo tempo, órgãos regionais einternacionais devem usar as suasvantagens institucionais para promoverrespostas eficazes à migração, mobilida-de e o HIV/SIDA30 . Finalmente, há queaumentar e/ou reorientar os recursospara lidar mais estrategicamente com osassuntos envolvidos. É importante queexistam a comunicação e a troca deconhecimentos entre regiões e entreprogramas.

29 HIV/AIDS and Human Rights, International Guidelines (O HIV/SIDA e os Direitos Humanos. Linhas de Orientação Internacionais), United Nations, New Yorkand Geneva, 1998, HR/PUB/98/1, parágrafos 105 e 106

30 Por ex., a OIM e a ONUSIDA assinaram um acordo de cooperação que, entre outras coisas, se propõe fomentar respostas estratégicas ao HIV/SIDA entre osemigrantes e a população móvel.

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Avaliação da prevenção do SIDA para emigrantes na Suíça

Em 1990, o Gabinete Federal da Saúde Pública da Suíça, começou um programa de prevenção do SIDA formulado especialmente paraaproximadamente 20% da população que vivia e trabalhava no país e que não era nacional. O programa foi executado como parte deuma estratégia nacional geral de prevenção do HIV/SIDA, ao lado de outros programas destinados à população geral e a outrosgrupos específicos.

Os estudos preliminares demonstraram que as pessoas mais marginais entre os emigrantes no país, trabalhadores sazonais nos sectoreshoteleiro e da construção, já estavam bem conscientes do SIDA, em 1989, mas a sua informação nem sempre era correcta. Elesutilizavam menos o preservativo nas relações sexuais com parceiros ocasionais do que a população local.

A avaliação do processo, durante os primeiros 18 meses do programa, contribuiu para a obtenção de lições úteis. Por exemplo,observou-se que houve um período frustrantemente longo de latência antes de as comunidades mostrarem um interesse activo peloprograma. Este período inicial foi seguido de um ritmo crescente de pedidos, que acabaram forçando o limite dos recursos do progra-ma.

A avaliação dos resultados, depois de uns três ou quatro anos, demonstrou que quando os esforços são orientados para uma estratégianacional global de prevenção do HIV/SIDA para todos os que vivem num país, um programa de prevenção do HIV/SIDA patrocinadopelo governo pode mobilizar uma participação considerável nas comunidades de emigrantes. Uma grande diversidade de instituiçõesdas comunidades destinatárias foram sensibilizadas para questões relacionadas com o SIDA, e um grande número de educadores depares e outros “mediadores” comunitários levaram activamente a cabo actividades de prevenção do HIV/SIDA. Evitou-se aestigmatização, e os níveis de protecção nas práticas de risco passaram a ser os mesmos que os da população suíça local31

Apoio à investigaçãooperacional e à avaliaçãoorientadas para a acção

Apesar de que em muitas zonas seestabeleceu uma correlação entre aincidência e a prevalência do HIV e amobilidade demográfica, a situação édiferente de uma região para outra oumesmo dentro de uma região determina-da. Algumas populações móveis podem,de facto, ser menos afectadas pelo HIV doque a população não móvel. É necessáriolevar a cabo estudos epidemiológicos emregiões específicas e em grupos depopulação móvel específicos.

Mais importante ainda é adquirir maisconhecimentos sobre os factores de riscoque envolvem o processo de mobilidade,

determinantes da adopção do comporta-mento de risco que têm como resultado ainfecção. Se se querem desenvolverprogramas de prevenção do HIV/SIDAeficazes é essencial adquirir taisconhecimentos.

É necessário compreender melhor asquestões de índole sanitária mais amplaque afectam a população móvel. Entreessas questões figura a relação entre oHIV e outros problemas importantes dasaúde pública, como a tuberculose ou osobstáculos ao tratamento, cuidados eapoio. Essas questões incluem também oconhecimento dos recursos e os pontosfortes em que os emigrantes e apopulação móvel se podem apoiar parasuperar os problemas de saúde queenfrentam.

Finalmente, é preciso difundir amplamen-te as descrições – e especialmente asavaliações – dos programas de preven-ção e cuidados do HIV/SIDA existentespara os emigrantes e a população móvel.Os conhecimentos relativos aos progra-mas eficazes – sobre o que funciona e oque não funciona – deveriam ser amplae proactivamente compartilhados,através de meios escritos e electrónicos,entre os trabalhadores no terreno, osinvestigadores, as associações deemigrantes e os planificadores e osresponsáveis pela formulação depolíticas.

31 Haour-Kmnipe M, Fleury F e Dubois-Arber mF. HIV/AIDS prevention for migrants and ethnic minorities: three phases of evaluation. Social Science andMedicine, 49, 1357-72,1999.

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Bronfman, Mario; Sejenovich, Gisela eUribe, Patricia, Migración y SIDA enMexico y America Central: Una revision dela literatura CONASIDA, Mexico, 1998

Revisão da bibliografia sobre o HIV/SIDA e a migração na América Central eMéxico: legislação sobre migração;dados epidemiológicos; conhecimentosobre ITS/HIV/SIDA, comportamentos esituações de risco por parte dos emigran-tes; programas de prevenção do SIDA eassistência. Os autores destacam que ascondições de risco são o resultado dapobreza extrema e da violação dosdireitos dos emigrantes.

De Putter, Jeanette (Ed.). AIDS & STDsand Migrants, Ethnic minorities and otherMobile groups: The State of Affairs inEurope. Woerden, Países Baixos. AIDS &Mobility, 1998.

Relatórios nacionais da Alemanha,Bélgica, Espanha, Finlândia, França,Grécia, Irlanda, Itália, Países Baixos,Portugal, Reino Unido e Suécia: osprincipais grupos móveis; dadosepidemiológicos; leis e regulamentos;principais factores de risco; políticasnacionais de saúde concernentes àpopulação móvel e aos projectos sobre oHIV/SIDA para os emigrantes.

Haour-Knipe, Mary e Rector. Richard(Eds). Crossing Borders: Migration;Ethnicity and AIDS. Londres, Taylor andFrancis, 1996.

Incide sobre a Europa, é aplicável aoutros continentes: teoria da migração;política de migração e HIV/SIDA;aspectos jurídicos, dos direitos humanos,morais e éticos; vulnerabilidade erecursos de resistência dos emigrantes;estigma e racismo; prevenção do HIV/SIDA para “a população emigrantegeral”, para os emigrantes irregulares epara as profissionais do sexo; questõesrelacionadas com cuidados; criação deredes internacionais; avaliação.

Iniciativa da África Ocidental para umaResposta à epidemia do HIV/SIDA.Resultados do projecto de investigação

acção “Migração e SIDA”: Burkina Faso,Costa do Marfim, Mali, Níger e Senegal.Equipa Inter-Países da ONUSIDA para aÁfrica Ocidental e Central, 2000

Projecto de investigação acção empreen-dido nas estações ferroviárias e rodoviá-rias, hotéis, mercados. Presta-se especialatenção ao trabalho do sexo e outrassituações particulares de risco evulnerabilidade. Aborda-se a confiançaas parcerias estabelecidas entre osserviços de assistência sanitária evoluntários. Agora o projecto serátransformado em intervenções maissustentáveis para as populações móveisnos países que abarca.

Shtarkshall, Ronny e Soskolne, Varda,Migrant Populations and HIV/AIDS.UNESCO/ONUSIDA, 2000.

Desenvolvido com base na experiênciados emigrantes etíopes e russos emIsrael: antecedentes, teorias e princípiossubjacentes aos programas sobre o HIV/SIDA para populações emigrantes;métodos e passos a seguir na concepçãode intervenções; exemplos que ilustram ametodologia e as variações em diferentescondições.

Skeldon, Ronald. Population mobility andHIV vulnerability in South East Asia: Anassessment and analysis. PNUD, Bangok,2000.

Incide sobre o Sudeste da Ásia: sustentaque a própria migração é menosimportante para o risco de contrair o HIVdo que o comportamento dos emigran-tes; que os turistas e outras pessoas quese deslocam à região por períodos curtostambém adoptam comportamentos dealto risco; que as pessoas em viajem sãoimpelidas para situações de alto riscoque provavelmente não experimentariamno seu país.

Questões especiais sobre Migração eHIV/SIDA. International Migration. 36/4, 1998.

Estudos encomendados sobre ÁfricaCentral e Ocidental; África Austral e

Oriental; Sudeste da Ásia; EuropaOriental e Comunidade de EstadosIndependentes; México e AméricaCentral. Questões que necessitam deuma acção urgente: serviços de saúde eprevenção do HIV, assegurar que ostestes do HIV sejam realmente voluntári-os, que reduzam a vulnerabilidade;protecção jurídica dos emigrantes e dosseus direitos.

UNAIDS APICT Taskforce on MigrantPopulations and HIV Vulnerability,Guideline, For Rapid Applied Researchon Mobile Populations for Planning andImplementing STD/HIV/AIDS Preventionand Care. FHI, Ford Foundation,UNAIDS APICT e UNICEF EAPRO:Bangok, 1998.

Questionários estruturados administradosem intervalos repetidos em subgrupos depopulações em zonas específicas podemproporcionar um indício prévio de umaepidemia do HIV iminente. As directrizesdiscutidas dizem respeito a actividadeschave, actividades de investigação emdiferentes fases, vínculos com a planifica-ção de programas e questões de direitoshumanos.

United Nations Development ProgrammeSouth East Asia HIV Development Project(Ed.). Population Mobility in Asia:Implications for HIV/AIDS actionprogrammes. Bangok: PNUD, 2000.

Os trabalhos abarcam: o movimentodemográfico, o desenvolvimento e oHIV/SIDA; alcance dos trabalhadoresemigrantes com programas de preven-ção; exposição ao risco entre ostrabalhadores seropositivos; o acesso dostrabalhadores indocumentados aoscuidados sanitários; práticas de risco;vulnerabilidade das mulheres trabalha-doras; identidade nacional entreprofissionais do sexo; direitos humanos;avaliação de programas.

Materíais essenciais seleccionados

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Notas

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Fevereiro de 2001 A Mobilidade da População e o SIDA: Actualização Técnica da ONUSIDA

Programa Conjunto das Nações Unidas sobre o HIV/SIDA

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Telef. (+41 22) 791 46 51 - Fax (+41 22) 791 41 87

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