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% ASSUMIR BOLETIM NACIONAL DA ACO Ano XII -Janeiro a Abril/Si - N? 29 A MULHER SE LIBERTA PARTICIPANDO PWJFI ESTÃFÍÕS--Ar^ DE SER EXPLOfi FOjvw^i óflo ^ P/?0/ A sociedade justa surge da ação crítica dos trabalhadores.

A MULHER SE LIBERTA PARTICIPANDO ESTÃFÍÕS--Ar^ DE SER … · Maria, Mãe de Deus e Mãe do Pd- Maria, mulher presente no primeiro si- vo, agora, é aquela que está a serviço

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% ASSUMIR BOLETIM NACIONAL DA ACO Ano XII -Janeiro a Abril/Si - N? 29

A MULHER SE LIBERTA PARTICIPANDO

mã PWJFI

ESTÃFÍÕS--Ar^ DE SER EXPLOfi

FOjvw^i óflo ^ P/?0/

A sociedade justa surge da

ação crítica dos trabalhadores.

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ASSUMIR (DISTRIBUIÇÃO INTERNA)

BOLETIM FORMATIVO E INFORMATIVO DA ACO • VINCULADA AOS SETOR LEIGOS LINHA I - CNBB • ENDEREÇO PARA PEDIDOS: AÇÃO CATÓLICA OPE- RÁRIA - Rua Van Erven, 26 - Catumbi - CEP. 20.211 - Rio de Janeiro -RJ. - Tel.: (021) 242-7732 • Programação Visual, Composição e Arte-Final: LINE'S STUDIO - Te!.: (021) 263-1029 • Fotolitos e Impres- são: REPROARTE - Tel.: (021) 263-4249.

LEIA, REFLITA

E DIVULGUE

llMDICE

R EF LEXÃO: A coisa vem de onde menos se espera. Uma reflexão sobre o momento atual e o capitalismo.

(Luiz Sérgio da Mota Machado). O dia internacional da mulher e mensagem do MM TC. Resistindo à Ditadura - 59 Caderno de H.C.O.B.

(Maristela d'Assunção) Entrevista com Marta do Chile

(Cleuza Chamon) Revisão de vida operária — Vale Paraguari

(Cleuza Chamon) Notícias sindicais

Liberados (Francisco Aquino)

Depoimento de Luiza sobre experiência das lavadeiras da Bahia

Cartas (José Gatelier)

Notícias do MO AC e MM TC

(Mário Prigoí)

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EDITORIAL

Neste Assumir na capa e mensagens, em vista do dia internacional da mu- lher, o destaque maior é da participação da mulher.

Neste sentido a reflexão da assistente adjunta nacional. Irmão Vise, MG, a exemplo de Maria de Nazaré, mostra a missão da mulher ontem e hoje. A men- sagem do MMTC, a entrevista de Cleuza com Marta do Chile, o depoimento de Luiza sobre a organização das lavadeiras na Bahia e a revisão de vida das mulhe- res do Vale do Paraguari trazem uma grande variedade de reflexões e incentivos para a mulher buscar seu lugar e missão e ação de militante.

A reflexão de Luiz Sérgio sobre o momento atual, abre novos horizontes frente a situação nacional e internacional para não nos deixarmos engolir pelos embalos do Neo-capitalismo, do livre mercado e da modernização, a grande ten- tação que está levando a muitos à ilusão e fustração...

* O lançamento do 59 Caderno, as notícias sindicais, as mensagens no caminho das cartas, como as notícias do MO AC e MMTC, mostram a vida da A CO, do Movimento operário e popular em plano nacional e internacional.

* A leitura do 59 Caderno, a nossa participação na paixão e morte de Cristo na quaresma e semana santa, nas reflexões do tema sobre fraternidade e trabalho e particularmente no aprofundamento do sentido da Páscoa hoje nos ajudarão ressuscitar e reencontrar para a classe operária seu lugar de destaque na reconstrução de um Brasil novo do ponto de vista dos trabalhadores e não do "Projetão maluco" do Planalto.

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A COISA VEM DE ONDE MENOS SE ESPERA.. .

Vise — Minas Gerais

é mesmo assim. A coisa vem de também ela integrava a grande lista

onde menos se espera! ... dos excluídos e discriminados. Mas,

conforme narra o evangelista Lucas, o

anjo tranquilizou-a frente ao inespera-

- Sua identidade? do: "Não temas, Maria, encontraste graça diante de Deus". (Lc 1, 30)

— Maria. Filha de Ana e Joaquim, sexo feminino, nascida em Nazaré da Dai' então, a origem de Jesus

Galiléia, região marginal da Palestina Cristo: a gravidez consentida de Maria, e, um dia, noiva de José. 0 Esp^ito Santo a cobrindo amorosa-

mente e um Deus fazendo-se gente co-

Tudo tão comum! Mais que sim- mo a 9ente- <Mt 1' ^^O; Lc 1, 35; pies até. Jo M4) Ele/ nascido de uma mulher!

(Gl 4,4) A coisa vem mesmo de onde

menos se espera! . . .

O impossível, o extraordinário está no fato de que ela, Maria, a pe- Maria' da cidade desprezada de

quena-grande Maria, naquele contexto Nazaré <Jo 1 - 46K mulher do povo dos

patriarcal, machista, foi achada por Pobres de lave (Sf 2, 3; 3, 12-13) tem

Deus: "Alegra-te, cheia de graça, o Se- um filho no caminho, "na encruzilha-

nhor está contigo"! (Lc I, 28) da da historia". O Reino vem por aí, por que não?

Importante destacar que, no mo- Fiel ao seu engajamento inicial -

mento da anunciação do anjo Gabriel, "Faça-se" -, Maria agora é a portado-

Maria não estava no templo ou na si- ra de uma nova esperança, vivendo a

nagoga. Nem entre os grandes da épo- dimensão política da fé com um

ca. Era mulher. Ficava em casa. Como "não" profético a tudo o que é con-

todas as mulheres daquele tempo, trário ao Reino.

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Maria curte em seu coração as ma- Hoje, mais que nunca, precisamos

ravilhas feitas pelo seu Senhor, repe- conhecer de perto as Marias, as mulhe-

tindo o cântico dos pobres: res que estão a serviço da vida e, soli-

dariamente ficarmos juntas. Precisa-

mos pegar coragem com elas e, organi- - Que alegria sinto em Deus, meu zadamente buscar saídas da margina-

Libertador! lização.

Sou feliz! Bem-aventurada mesmo! é bem verdade, "só caminho é o

que há", mas percebemos, sim, sinais Sua misericórdia não se perderá de mudança: aqui e ali, a mulher ofe-

pelo tempo afora. rece resistência às forças de opressão e

participa com garra, embora minori- Ela vive o conflito histórico do seu tariamente ainda, do Sindicato e do

tempo. Assume posição corajosa e Partido Polftico. No Movimento Popu-

profetiza! Iar tem um engajamento de qualidade.

Na Igreja, através dos Movimentos e

Pastorais, luta em pé de igualdade, pe- - Deus cumulará de bens os famin- |a ^^3 de partjcipação ^ deci.

tosedespediráosricosde mãos vazias. ^ Na família, já não é a subalterna. Deporá dos tronos os poderosos. </„„,„„„,"„ „„. . x • J a menor e, nos vários segmentos da Pobres e pequenos serão socorri- • J J x- •

MCM c Uo oc.aw auwiii sociedade compete profissionalmente. dos. (Lc 1, 47-55) E para ^^np^^ este quadro, a leitu-

ra da Bíblia começa a ser feita e inter-

pretada a partir também dos olhos fe- Aqui, Maria fala não só como uma mininos: as passagens que « referem

pessoa, mas como expressão e símbolo à mu|her começam a ^ do si|êncio

do povo que espera o Messias, aquele dos escritos e ^ valorizadas, que vem resgatar a história de Israel

em suas raízes.

Companheiras, companheiros, que

Maria, Mãe de Deus e Mãe do Pd- Maria, mulher presente no primeiro si-

vo, agora, é aquela que está a serviço nal de transformação da realidade (Jo

do Projeto do Filho Jesus, projeto de 2, 1-11) nos ajude a fazer da nossa fé,

vida e com este irá, comprometida e esperança, apostando tudo no novo

silenciosamente, até o Calvário. (Jo modo de ser mulher, pois que a coisa

19,25) vem de onde menos se espera! ... *

ASSUMIR s

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UMA REFLEXÃO SOBRE 0 MOM ENTO ATUAL E O CAPITALISMO Luiz Sérgio da Mota Machado

LA FORA

Uma breve olhadela na conjuntura atual mostra que os acontecimentos políticos e as tendências econômicas do tempo presente, apontam, no pla- no internacional, para o agravamento da situação sócio-estrutural das socie- dades do chamado primeiro mundo. Passada a euforia da burguesia ociden- tal com a queda dos regimes do leste europeu e a perplexidade das esquer- das (ainda estonteadas) do ocidente com a velocidade e o significado da queda de tais regimes, os países capi- talistas experimentam internamente em suas economias o crescimento da insuficiência de soluções para os anti- gos e novos problemas que por nature- za lhes são próprios.

Crescem o desemprego, a crimina- lidade e a mendicância na Alemanha e na França, e a perspectiva de recessão econômica com conseqüente margina- lização social de enormes contingentes da população é mais do que uma pos- sibilidade, é um fato em andamento. Em seu conjunto os países ricos da eu- ropa experimentam a estagnação do crescimento de suas economias e o agravamento de seus problemas sociais com a migração de populações do les- te europeu.

Os Estados Unidos tentam com a reconstrução a ser feita por suas em- presas de áreas e instalações destruí- das na guerra contra o Iraque, sair da recessão econômica em que estão me- tidos e retomar o crescimento econô- mico.

capitalistas se unem, numa união in- terburguesa destituída de qualquer princípio moral ou ético. O líder palestino Yasser Arafat não estava errado quando afirmou que a guerra contra o Iraque era uma guerra do pri- meiro mundo contra o terceiro mun- do. E aqui de forma alguma se justifi- ca a invasão do Kwait pelo Iraque.

Noutro contexto, a experiência ca- pitalista de propriedade privada dos meios de produção e de economia de mercado que os países do leste euro- peu de forma incipiente vêm tentan- do, já mostra a estes países a dura realidade da lógica burguesa: ao capi- tal tudo, ao social o que os trabalha- dores conseguirem arrancar.

Quanto à guerra do golfo, ela mos- trou, na prática, que em defesa dos seus interesses econômicos exclusivos as potências econômicas e militares

Esses acontecimentos apenas con- firmam, ou melhor, reconfirmam que o projeto capitalista de sociedade é portador permanente de uma profun- da e crescente injustiça estrutural. Com quase cinco séculos de existên- cia, o modo de produção capitalista mostra a quem quer ver que o pro- gresso tecnológico, a racionalidade científica burguesa e a objetividade própria desse sistema sócio-econômi- co, longe de conduzir ao estreitamen- to das desigualdades sociais mais as aumenta. Ao assentar suas metas de

progresso na visão mecanicista de quantificação econômica, previsibili- dade e controle social, a modernidade burguesa desumanizou as relações hu- manas, deformou sentimentos e vio- lentou as sensibilidades, separando mentes de corações. A convivência com a intranqüilidade e a ausência de certezas é a característica dessa socie- dade. Marx e Engels assim retrataram a época burguesa no Manifesto Comu- nista: "A revolução contínua da pro- dução, o abalo constante de todas as condições sociais, a eterna agitação e incerteza distinguem a época burguesa de todas as precedentes."

AQUI DENTRO

Com referência a atualidade brasi- leira, certamente não é por desconhe- cimento da perversidade estrutural do capitalismo, que se traduz em explo- ração econômica de classe exercida pe- la burguesia, que ao completar um ano de governo, Collor baixou mais um plano econômico que teoricamen- te congelou preços e salários, mas que na prática só congelou os salários. Este plano substituiu o anterior que fracas- sou. Assim como aquele, este veio pa- ra deter o crescimento da inflação, mas do mesmo jeito que o anterior este já começou sem sucesso. As ex- pectativas de inflação estimadas pelo

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próprio governo referentes a fevereiro, março e abril são crescentes. Ou seja, tal expectativa contraria a proposta contida no próprio plano de inflação decrescente. Em seguida Collor apre- sentou ao país um documento inti- tulado: "Brasil: Um Projeto de Re- construção Nacional", antecipadamen- te batizado de "Projetão".

Esse documento diz que: ". . . as vantagens competitivas tradicionais, sobre as quais se assenta a participa- ção do Brasil no mercado internacio- nal, vêm sendo erodidas. Na raCz desse processo encontra-se a aceleração do progresso técnico. . . " (Grifo nosso).

Mas será de fato que são esses os fatores que presidem o desenvolvi- mento social? Será de fato que o bem- estar social independe do sistema só- cio-econômico em que se assenta o crescimento da economia?

Mais adiante diz o documento referin- do-se a estabilidade econômica: ". . .a condição definitiva da estabilidade passa pela modernização produtiva da economia, na medida em que somente um crescimento sustentado em au- mentos sistemáticos da produtividade garantirá condições para uma descon- centração de renda sem processos in- flacionários." (Grifos nosso). E, na se- qüência dessa introdução do docu- mento, afirma: "A tarefa de moderni- zação da economia terá na iniciativa privada seu principal motor." (Grifo nosso).

"Progresso técnico", "moderniza- ção", "aumentos sistemáticos da pro- dutividade", são expressões que domi- nam todo o corpo do documento, associadas a uma outra (talvez a mais freqüente), "competitividade". Elas traduzem uma filosofia de governo que vê na "iniciativa privada" o "prin- cipal motor" da "modernização da economia".

A articulação desses fatores, pro- gresso técnico gerador de aumentos sistemáticos da produtividade e predo- mínio geral e intensivo da iniciativa privada em todos os setores da ativi- dade econômica, produziria modifica- ções nos indicadores sociais para me- lhor.

O PROGRESSO TÉCNICO E CIENTfFICO NO CAPITALISMO

O capitalismo desde o seu surgi- mento no século XVI vem revolucio- nando incessantemente os instrumen- tos e as técnicas de produção. O pro- gresso técno-científ ico é uma constan-

a ASSUMIU

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te dessa sociedade e condição básica para a permanência da existência da burguesia. Entretanto ele nunca foi capaz de elevar socialmente o conjun- to da classe trabalhadora. Ao contrá- rio, ao assegurar o crescimento da ri- queza da burguesia, o progresso téc- nico tem levado segmentos sempre crescentes dos trabalhadores ao paupe- rismo. Marx e Engels registraram esse fato na obra anteriormente citada: "O operário moderno, ao contrário, longe de se elevar com o progresso da indús- tria, desce cada vez mais abaixo das condições de existência de sua própria classe. Ele cai no pauperismo, que cresce ainda mais rapidamente que a população e a riqueza."

O progresso técnico é um bem e reflete o grau de cultura e domínio do conhecimento atingido pelo ho- mem, mas quando manipulado por

uma classe ele se torna fator do cres- cimento da exploração, da opressão eda miséria.

A iniciativa privada tem por base o interesse individual e de classe da bur- guesia. Competitividade nesse sistema é sinônimo de redução de custos me- diante a redução de salários e redução da força de trabalho, ou seja desem- prego. 0 progresso técnico, desenvol- vendo a automação contribui para este propósito de classe nesse sistema. Ao colocar a iniciativa privada como mo- tor principal da modernização da eco- nomia, Collor é coerente com sua po- sição de classe e se alinha com os inte- resses de dominação de classe da bur- guesia internacionalizada.

OS TRABALHADORES E SEUS INTERESSES HISTÓRICOS

Por sua vez, a realização dos inte- resses históricos dos trabalhadores de construção de uma sociedade nova, comprometida com a justiça social, e portanto, assentada na plena democra- cia participativa e na distribuição equânime da riqueza soc\a\. passa pelo processo crescente de educação políti- ca e de crescimento da consciência crítica dos componentes do conjunto da classe trabalhadora, a intensificação das mobilizações por melhores condi- ções de vida, tende a conduzir na eta- pa atual da luta de classes, a crescente desilusão com este sistema sócio-eco- nômico, abrindo espaço para a cons- trução de um projeto de sociedade que rompa com a estrutura geradora de injustiça social cada vez maior, co- mo a atual. •

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O DIA INTERNACIONAL DA MULHER

O dia 8 de março é o Dia Internacional da Mulher. Esta data está ligada à história da mulher trabalhadora, é uma homenagem às operárias da Fábrica Têxtil "Cotton" de Nova forque, que entraram em greve em 1857, protestando contra as péssimas condições de traba- lho em que viviam. Foram mortas pelo patrão que mandou atear fogo no prédio, morrendo queimadas, 129 mulheres que ali se encontravam.

ASSUMIR publica a seguir a Mensagem do Movimento Mundial dos Trabalhadores Cris- tãos às mulheres do mundo do trabalho e do mundo popular.

CAMINHANDO TUNTO* W DESCOBERTO l>£ NOSSO V/UOR

MENSAGEM DO MMTC POR OCASIÃO DO 8 DE MARÇO, DIA INTERNACIONAL DA MULHER

"Neste Dia Mundial da Mulher, o MMTC dirige uma saudação de frater- nidade e de ânimo a todas as mulhe- res que, em todas as partes do mundo, atuam para uma sociedade mais hu- mana.

Movimento de homens e mulheres que trabalha para um mundo solidário e sem excluídos, o MMTC é testemu- nha das lutas levadas a cabo pelas mu- lheres para o respeito e a manutenção da vida.

Vocês, as mulheres, são a miúdo, particularmente nas regiões mais po- bres, o motor da esperança dos mais

desfavorecidos. A través da presença de vocês nas primeiras linhas da luta por saúde, por educação, por moradia e por um trabalho para todos, vocês mo- bilizam o conjunto dos trabalhadores com vista a construção de um mundo fraterno.

Através da participação ativa cheia de imaginação, nos movimentos e or- ganizações em prol da paz e a salva- guarda da criação, vocês dão testemu- nho de que o mundo é de todos e que todos tem direito à vida em abundân- cia.

Através da participação cada vez maior na vida política, vocês interpe-

lo ASSUMIR

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Iam o conjunto da sociedade acerca da dignidade e necessidade do compro- misso político. As responsabilidades que vocês tomam no seio dos partidos políticos e dos órgãos de decisão, seja a nível local, nacional ou internacio- nal, são um sinal de esperança para todas aquelas e aqueles desencantados da vida política.

O MM TC, que atua no mundo pa- ra promover e fazer respeitar os valo- res fundamentais da vida em referên- cia à Boa Nova do Evangelho, as saúda e anima a prosseguir a ação de vocês a favor de uma sociedade mais humana.

Nos baseando na ação que vocês protagonizam nos diferentes setores da vida dos trabalhadores e do mundo popular, fazemos um chamamento a todas as mulheres e a todos os homens do mundo inteiro a comprometerem- se a favor de um mundo mais justo, sem denominação de um sexo por ou- tro, de uma raça ou de uma classe por outra.

Juntos, homens e mulheres do mundo do trabalho e do mundo popu- lar, assumamos o desafio de construir um mundo de Paz e de Justiça sem ex- clusoes." •

Vale do Paraguari blemas de ordem pessoal, conjuntura! e orgânica da equipe foram as causas

Cleuza Chamon apontadas.

Visitando a região do Nordeste III no mês de setembro de 1990, tive a oportunidade de compartilhar com outras companheiras grandes momen- tos de reflexão, avaliação e decisão frente a diversas dfficuldades enfren- tadas pela equipe de base do Vale Pa- raguari.

Desde o Congresso Nacional a equipe não conseguia se reunir. Pro-

Eu, como liberada percebia uma situação delicada, pois precisava res- peitar a decisão das companheiras en- volvidas.

Em certo momento da nossa reu- nião me senti incapaz de contribuir. Com angústia, eu tinha a sensação de não conseguir deixar pegadas, como quem não estava com os pés no chão.

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Mas aos poucos os desabafos fo- ram saindo.

"às vezes tenho vontade de parar, sair de tudo".

"Será que somos rosas pubas (apo- drecidas), dentro deste Vale do Para- guari? E as nossas lutas contra as injus- tiças?"

"Cheguei nesta luta desanimada, mas com a ajuda das companheiras poderei continuar".

"Muitos problemas conseguimos resolver através da RVO".

"A RVO me preenchia, hoje me faz muita falta, estou sentindo um imenso vazio".

"No grupo de costura só há traba- lho individual. Na associação não está se desenvolvendo nenhum trabalho e eu tenho sentido muita angústia".

Analisamos mais os fatos que se destacaram impedindo o desenvolvi- mento dos trabalhos da equipe.

— Falta RVO. — Em outros encontros se faz es-

tudo das publicações da ACO. Nós, dentro da própria ACO não consegui- mos aproveitar as nossas publicações. Isto vai nos desanimando.

— Nunca temos uma data para nos reunir com novas pessoas que querem participar conosco.

— A falta de assistente na equipe tem trazido desânimo.

Logo depois essas reflexões foram nos ajudando a encontrar alternativa.

"A palavra de Deus é vida! Neste compromisso devemos nos firmar".

"Muitas vezes nos sentimos no es- curo, mas a claridade dada por Deus está sempre ai'".

"Nós não podemos deixar morrer dentro de nós, no nosso meio o que é nosso".

"Nós não podemos deixar nossa equipe ficar dolorosa por falta de assistente".

"Não podemos dar o lugar que é nosso. Tem gente que só olha para nós quando tem tempo".

"Ouero dizer para você Cleuza que você deixa marcas sim; toda simplici- dade dos liberados é como uma imen- sa pegada que nos marca profunda- mente".

Sentindo mais tranqüilidade e ale- gria fizemos a leitura da 2? carta de Coríntios4, 7-18.

Depois marcamos para toda segun- da feira do mês, reunião da equipe.

Outra decisão foi o estudo das pu- blicações da ACO.

Priorizar encontros com as pessoas que estão interessadas em conhecer mais o movimento.

Mais uma vez a prática da RVO nos direciona, tornando nossa cami- nhada menos tortuosa, dando coragem para seguir adiante, reavivando em nós a importância de uma equipe de base.»

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ENTREVISTA ENTREVISTA COM MARTA, UMA DAS DIRIGENTES DO SINDICATO

DOS DESEMPREGADOS DE SANTIAGO - CHILE

Cleuza Chamon

O que mais me marcou no intercâmbio em Santiago do Chile foi conhecer Marta Lufca Munoz, mãe de dois filhos, presidente do sindicato dos desempre- gados e dirigente da CUT chilena, na zona norte de Santiago e militante do Par- tido Socialista.

Passo a transcrever agora um pouco da sua experiência dentro desta luta política e sindical.

Cleuza.: Marta, como e quando foi fundado este sindicato?

Marta.: Em 1980 surgiu a necessi- dade de organizar e reunir os desem- pregados no período da ditadura mi- litar. Já em 1982 foi fundado o 19 Sindicato dos desempregados.

Cleuza.: Como está estruturado? Marta.: Hoje temos no Chile 17

sindicatos dos desempregados. Temoi também uma federação. Esta federa- ção é única no mundo e está inscrita na CUT chilena. Nós tivemos muitas dificuldades para conseguir uma ins- crição central, porque não pertence- mos a uma categoria específica; so- mos desempregados de várias catego- rias profissionais.

Cleuza.: Como conseguem se sus- tentar?

Marta.: Aqui nós fazemos o pão; este é vendido nas casas, e este dinhei- ro é dividido com os desempregados que trabalham na confecção do pão; e na sua venda, são descontadas as

despesas com a manutenção da pada- ria. Nós também fazemos festas para pagar a conta de água e de luz. Canto- res populares participam da animação e não nos cobram. Vendemos igual- mente salgados, bebidas e a renda é para o sindicato. A festa é aqui mes- mo. Desmontamos tudo para poder ter espaço suficiente. A bebida é com- prada em consignação e os salgados quando sobram, os moradores nos compram ou então doamos para al- gum companheiro doente. Nenhum di- retor fica com nada.

Cleuza.: Como você avalia estes anos de luta em prol da organização da Classe Trabalhadora?

Marta.: Olha a luta sempre foi difí- cil. Eu sou militante do Partido Socia- lista no Chile. O PS foi um dos parti- dos mais perseguidos durante o perío- do da ditadura. Este período foi hor- rível.

Eu nunca fui presa, mas meu com- panheiro sim; foi torturado e hoje é doente por causa do sofrimento.

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Aqui no Chile as mulheres se opu- seram frontalmente contra a ditadura e houve muita perseguição.

Durante todo o período de maior repressão, nenhum vizinho me olhava.

Eles tinham horror em falar com quem lutava. Nem minha família se comunicava comigo.

Quando levaram preso meu com- panheiro, eu fiquei só com meus dois filhos e sem saber o que fazer durante 10 dias. Andava como tonta pelas ruas.

O que levantou minha moral foi a solidariedade de uma mulher comunis- ta. Ainda me lembro bem de suas pa- lavras:

cos nos juntamos na porta do cárcere para cuidar dos nossos maridos; mas sempre os carabineiros nos espalha- vam; por muito tempo continuamos nesta luta. Alguns homens foram colo- cados em liberdade, mas a maioria foi assassinada.

Eu continuei minha militância apesar de todo medo e dificuldades.

Cleuza.: Como mulher comprome- tida com a luta o que você sente?

Marta.: — Falta de mais mulheres na luta sindical e política partidária.

— Que outras mulheres compre- endessem mais como e porque esta- mos nesta luta.

— Sinto que precisamos nos orga- nizar mais como mulheres, unificar nossas lutas à nível de América Latina.

Cleuza.: Qual o seu objetivo den- tro desta luta?

Marta.: Contribuir por melhores condições de vida no meu país.

Gostaria também de organizar um Congresso de mulheres engajadas em partido político e no sindicato a nível de América Latina. E este o meu mai- or sonho.

Cleuza.: Qual a sua maior alegria nesta luta?

Marta.: Encontrar no meu caderno de anotação uma mensagem escrita pe- lo meu filho mais velho.

"Hoje em dia eu a entendo mamãe o porquê nos deixava tanto sozinhos. Siga lutando que eu te acompanho."

"Marta, você é uma dirigente po- Marta tem na sua vida marcas pro- lítica e sindical e agora é pai e mãe dos fundas da luta. Mas o que mais se des- seus dois filhos; portanto tem que ser taça na pessoa dela é sua coragem de forte" continuar contribuindo na construção

Estas palavras me reanimaram e de um mundo mais Solidário e Frater- com outras mulheres de presos políti- no- •

14 ASSUMIR

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ACO Informa

RESISTINDO À DITADURA - 59 CADERNO

Maristela d'Assunção

O lançamento nacional do 5? Caderno da "História da Classe Operária", conforme estava programado, foi realizado no dia 23 de fevereiro no Secreta- riado Nacional. Contou com a presença de grande número de militantes da ACO do Rio de Janeiro e de muitos convidados, membros de movimentos de Igreja (JOC, PO e outros), de sindicatos de trabalhadores, de partidos políticos (PT, PLP, PV), de entidades populares e de apoio aos movimentos populares e da imprensa.

Ao fazer a apresentação do 5? Caderno, Luiz Sérgio ressaltou que a presen- te publicação que a Ação Católica Operária está lançando, é o resultado de um trabalho de resgate da memória histórica dos componentes da classe trabalha- dora. Não é uma obra acadêmica, não é uma obra teórica nem doutrinária. Tra- ta-se de uma publicação de trabalhadores para trabalhadores. E é nesse sentido que deve interessar a intelectuais, a estudantes e a estudiosos da sociedade.

Ressaltou ainda que todos os que lutam pela transformação da sociedade e se alinham com a luta de libertação e independência de classe dos trabalhadores certamente encontrarão nessa publicação elementos de aprendizagem e refor- çamento das convicções que os nutrem de energia libertária revolucionária.

ASSUMIR 15

m

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Disse ainda que o tftulo "Resistindo à Ditadura" cobre 15 anos de história — 1964/1978 — onde a opressão da classe capitalista se travestiu de opressão di- tatorial militar. E que nessa publicação estão presentes 59 depoimentos de mili- tantes majoritariamente operários, o que por si só já demarca claramente a linha de compromisso da ACO e a natureza de classe da publicação.

O padre Mário Prigol mostrou o restante das publicações, enfatizando o mé- todo VER, JULGAR e AGIR que neles se desenvolve para reflexão dos militan- tes e de cada leitor; o enfoque dos quatro lados, a visão do Jesus político, a atualidade da história do povo de Deus.

Referiu-se aos cadernos que nasceram da necessidade de se provar a exis- tência da classe do Brasil Operário que cada um representa e que são "cader- nos" exatamente porque não são completos, a história não pára.

O fecho de ouro dessa apresentação foram os depoimentos ao vivo. O padre Mário, recordando a luta dos moradores do Catumbi pelo direito de morar, seu próprio trabalho e prisão nos dá um testemunho de coragem e a alegria de com- provar que pelo menos parte do clero é fiel a Jesus Cristo; é uma esperança para os trabalhadores.

Sônia Miranda, Secretária Geral do movimento, que conduziu a cerimônia com sua simpatia de sempre contou um pouco da luta, prisão e tortura do seu marido Joaquim Miranda. Falou de seus próprios esforços, ela em seu avançado estado de gravidez, para encontrar o marido, ou pelo menos, fazer saber que ele não estava só, nem esquecido, a fim de evitar que o eliminassem.

Ironi, mulher de Ferreirinha, era coordenadora da JOC, também estava grá- vida quando presa. Presa por defender uma classe sofrida, na luta por um ideal. Outro depoimento singelo, sincero que revelou mais uma vez a crueza e dureza daqueles dias.

Ironi continua na luta, através do CEDAC, em movimentos de mulheres e projetos de alfabetização. Ela e a Sônia testemunaram a importância da mulher na caminhada da classe trabalhadora, e, com sua coragem, nos incitam à persis- tência e a continuarmos a construção de uma sociedade justa e fraterna.

Encerramos a noite com um coquetel alegre e descontraído.

Em Belo Horizonte, o lançamento foi no dia 22 no SENALBA, com presen- ça de várias entidades de trabalhadores (de Igreja, sindicais e populares). O Thó e a Cleuza foram os apresentadores da coleção e demais publicações. Entre brin- cadeiras, num ambiente festivo, deixaram patente a seriedade e profundidade deste movimento chamado AÇÃO CATÓLICA OPERARIA. •

16 ASSUMIR

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#*

NORDESTE II

CONSTRUÇÃO CIVIL EM PERNAMBUCO

O sindicato da categoria no grande Recife está nas mãos do MR-8. é quem predomina. Ou seja, quem coordena a Federação, o sindicato de Caruaru e Petrolina. E criaram um novo Estatuto aumentando o número de diretores para dificultar nós, da oposição, de lançar uma chapa para concorrer com a velha di- retoria. No mesmo Estatuto foi criada uma cláusula que dá o direito de ser des- contado 2% do salário de toda a categoria, quer seja sindicalizado ou não, e 5% de cada dissídio coletivo da categoria. Estes descontos serão em folha.

FIAÇÃO E TECELAGEM DE PAULISTA (PE)

Temos 8 indústrias nesse ramo. Uma já estava fechada alguns anos. As ou- tras 7 entraram em processo de negociação das perdas salariais no mês de outu- bro. Seis indústrias negociaram 40% sem greve. A Companhia de Tecidos Paulis- ta, que trocou sua razão social, e é do mesmo grupo das Casas Pernambucanas, não aceitou a proposta. Seus operários decidiram entrar em greve total. Logo após a greve foram demitidos 700 de uma só vez.

SINDICATO DA ALIMENTAÇÃO (BELÉM - PA)

O Sindicato da Alimentação este ano estará trocando de direção. As difi- culdades não são diferentes do movimento popular, diz a companheira Maria do Livramento. A direita busca se organizar em cima da organização dos traba- lhadores, dispersando e cooptando as entidades populares e sindicais. •

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LIBERADOS

CARTA PARA O ASSUMIR:

Todos os liberados que nos antecederam foi de grande valia para ACO e a classe trabalhadora.

Mas quero falar da atuação dos três últimos companheiros

Geraldo, Cleuza e Severino (Biu), que terminaram os seus

mandatos como liberados em dezembro de 1990; dentro de seus

limites e com as suas características; diferentes deram grande

continuição para a ACO e toda a classe trabalhadora.

Agradecemos pela coragem de enfrentar os desafios de

serem liberados. Por acreditarem no que fazem. Por se despren-

derem dos seus interesses pessoais a serviço da classe oprimida.

A simplicidade de vocês foi a maior lição de sabedoria para os que se julgavam inúteis e sem valor.

O jeito de amar fez crescer a família e a confiança com os

outros. A troca de experiência, o testemunho de vida fortalecem

a esperança da nossa libertação - foi a vitamina para a nossa luta.

Particularmente obrigado por tudo que aprendi com vocês,

pelo incentivo, pela confiança. Rogo a Deus, que voltando às

atividades, sejam bem sucedidos.

Obrigado a cada família dos companheiros pela colaboração dada.

Francisco de Aquino

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DEPOIMENTO DE LUIZA SOBRE EXPERIÊNCIA DAS LAVADEIRAS DA BAHIA

Como surgiu a idéia de organizar as lavadeiras?

Estes depoimentos, nasceram de uma das categorias mais oprimidas e exploradas da nossa sociedade; por isso a vida gerada nesta luta, se sobre- põe à questão orgânica do movimento das lavadeiras.

"O nosso movimento de lavadeiras começou a partir de uma utopia, da vontade alojada no subconsciente, pensando em uma vida organizada."

Dona Maria Alves da Conceição era uma lavadeira e parteira; mãe de sete filhos.

O pai, Antônio José Pinheiro era pequeno agricultor.

Das duas profissões que dona Ma- ria tinha, a de lavadeira, foi a que mais marcou a vida de sua filha Luiza.

A filha aprendeu a lavar muito ce- do. Com 9 anos de idade, ela já ajuda- va a mãe; para isso foi preciso abando- nar os seus estudos básicos, só comple- tando o 2? ano escolar. Ela queria que a mãe trabalhasse menos.

Luiza cuidou também da vida do pai; para o povo ele era um doente mental. Mas para ela foi um pai e mes tre na sua vida, de fé e política. Ele lhe falava: "Olhe minha filha, rico não é igual ao pobre. Os ricos quando vêem a gente com uma vida organiza- da começam a oferecer dinheiro, que- rendo comprar, pensando que o di- nheiro é mais importante na vida da

gente. Mas não se enganei Vamos re- zar e nos entregar a Deus porque ele é quem nos deu a vida".

Ela escutava com muito amor e crescia no meio do povo. Trabalhava lavando e passando roupa, pilando no pilão, varrendo, etc, mas ela não acei- tava dormir na casa das patroas por- que os patrões e os filhos deles não lhe tinham respeito; procuravam até pros- tituí-la. Mas ela se tornou amiga das mulheres — patroas, e elas contavam a ela o seu sofrimento.

Luiza escutava e guardava segredo. Mas na esperança de que um dia, ela também pudesse confiar nas patroas; lavando assim a roupa e a alma, isto é, partilhando as experiências de vida. Com isto ganhou a confiança das mu- lheres e o respeito dos homens.

Ao completar 15 anos e estando no desabrochar explosivo da juven- tude, chorou e pediu a Deus para tra- balhar menos e ganhar mais, pois ela só tinha uma roupa para ir à missa e outra remendada para ficar em casa.

Um dia, uma das amigas pediu-lhe se poderia lecionar para seus oito fi- lhos. Luiza aceitou e desenvolveu um ótimo trabalho de alfabetização. Ela ensinou tudo que sabia.

Com 18 anos casou-se. Tornou-se mãe de 11 filhos. Viveu 20 anos de casamento, na sua terra natal — Aco- plara — Ceará.

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1 LU

5 CL

Por causa da seca e dificuldades financeiras veio parar na Bahia, a 13 de dezembro de 1978. A10 de dezem- bro de 1979 faleceu o marido.

A dor parecia levá-la a um clamor infindável, mas ela rezou ao Deus da vida: "Tu que estás tão próximo so- corre-me", relembrou a vida da mãe e se fortaleceu.

Voltou a ser lavadeira e passar sua história para outras companheiras so- fridas.

Mas ser só lavadeira não dava, e foi também ser biscateira.

Vendendo panelas de porta em porta, tinha um jeito especial de ofere- cer; as senhoras compravam; mas quando ia cobrar, elas não tinham di- nheiro para pagar. Conversando com as suas freguesas descobriu que tam- bém eram lavadeiras; foi ai' que co- meçaram a sentir-se iguais; e que jun- tas poderiam formar um grupo de la- vadeiras.

Mas as dificuldades eram muitas: — mulheres muito pobres, mães

solteiras, viúvas, outras com o marido alcoólatra.

— a maioria com muitos filhos ou ainda com a casa cheia de netos. Mui- tas se sentiam fracas, não podendo sair à noite por causa dos filhos e dos ma- ridos.

Quem contribuiu para essa cami- nhada:

— As próprias lavadeiras e vários outros grupos e movimentos compro- metidos como: Centro de evangeliza- ção da Penha (PJMP); ACO; Associa- ção de bairro; ESPC; CEAS; Sindica- to dos empregados domésticos, etc. .. 0 movimento das lavadeiras conta com o apoio dessas entidades e se or- ganiza em busca de uma Ibertação concreta.

Organização das Lavadeiras: Partindo de uma necessidade das

lavadeiras de querer segurança através do INPS começaram a se reunir, parti- cipar e mobilizar.

Luiza procurou a igreja, voltou a se engajar na comunidade, despertan- do os grupos a se preocuparem por es- te povo sofrido. Começou a ler o evan- gelho nas casas dos vizinhos, alimen- tando a esperança das mulheres de que um dia as lavadeiras seriam vistas co- mo gente.

Em 1983 — vinha sendo realizado na periferia de Salvador um trabalho de pastoral para despertar os trabalha- dores frente à realidade; e em uma reunião quando foram feitas as apre- sentações percebeu que a maioria das mulheres ali presentes eram lavadeiras. Começou aí a organização das lava- deiras.

Por sugestão de uma religiosa, ir- mã Terezinha, fizemos a primeira pes- quisa sobre a vida das lavadeiras. Esta pesquisa atingiu somente as lavadeiras do subúrbio mais ou menos 150 mu- lheres.

Neste tempo as lavadeiras não ti- nham nem coragem de dar o preço pe- lo serviço. A partir desta pesquisa e de uma avaliação descobrimos que o pre- ço cobrado pela lavagem de roupa não dava nem para pagar a energia elétrica. A água não contava porque a maioria das lavadeiras usavam os córregos, ca- cimbas, fontes, cisternas. Dificilmente se usada água encanada porque não havia.

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Q O trabalho era e ainda é quase de Ç graça; muitas vezes não dava nem para yfi pagar a energia.

O Nos grupos que então existiam se 2] avaliava as dificuldades que as lavadei- Q ras enfrentavam.

— Via-se que as lavadeiras não ti- nham coragem de falar com as patroas sobre suas dificuldades.

— Muitas ainda não tinham direito nem de ir portão adentro; recebiam a trouxa na entrada da casa e de lá mes- mo iam embora; assim também era o pagamento. Pagamentos atrasados.

Destas discussões de base surgiu a necessidade de elaborar uma tabela de preços para orientação em conjunto.

Partindo de uma realidade concre- ta foi nascendo a idéia de uma primei- ra assembléia de lavadeiras, pois as de- cisões deviam ser tomadas para o con- junto.

Data 25 de maio de 1984. Igreja de Nossa Senhora do 0 em

Paripe, Bahia.

Quem participou: 270 lavadeiras de grupos do Centro e da periferia de Salvador.

— Objetivo da assembléia: discutir a exploração que continuava; as pa- troas já estavam querendo saber o que ou quem estava por trás das lavadeiras, • pois as lavadeiras estavam "sabendo conversar demais".

Também era necessário elaborar uma tabela de preços das lavagens para uma atuação em conjunto.

Para a elaboração da tabela foi tomado como base um estudo das la- vadeiras particulares de Salvador. Lá havia tabela por peças.

Exemplo:01 lençol... Cr$ 60,00

Daí se estabeleceu que para uma trouxa com 10 peças se cobraria Cr$ 50,00. Assim foi criada a 1 ? tabe- la de preços que passaria a ser cobrada a partir do número de peças lavadas.

Também se discutiu o problema do INPS, mas foi visto que não se po- deria aprovar esta reivindicação no momento:

"Temos que ter paciência, para agir na hora certa, mas não podemos perder a hora".

Também se sentiu a necessidade de continuar discutindo sobre o assun- to, e a idéia de enviar uma carta ao presidente reivindicando este direito.

A partir da tabela pronta, nós tive- mos que assumir nossa própria histó- ria, pois quem nos ajudava tinha que se conservar mais à distância pois as patroas queriam descobrir quem esta- va por trás de nós, orientando.

Depois da assembléia as lavadeiras voltaram para os grupos de base para avaliar o conteúdo do que foi discu- tido.

Avaliação feita nos grupos: — A Assembléia teve boa prepara-

ção. — Ajudou no fortalecimento dos

grupos de base. — Contribuiu para entender o que

é acolhida, apresentação, coordenação e plenária.

— Foi um encontro ecumênico. — Aprendemos a cantar novas mú-

sicas e animar.

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Q - Algumas lavadeiras participaram com o objetivo de animar as lavadeiras P- o tempo todo, embora sem falar por a festejar as descobertas, a união, aspi- Z ser a 1? vez que participavam de uma rações, derrotas e principalmente a UJ assembléia. vontade de continuar na busca do Rei- S - Perceberam que as patroas en- no de Deus entre nós. Straram e participaram da assembléia o

u que não foi bom, pois nos grupos elas "Neste momento sentimos Cristo Q colocavam que era bobagem fazer ta- presente no meio de nós através da

belas; diziam que nós não sabíamos partilha, para nos alimentar e fortale- nem ler. E isto não seria colocado por cer a nossa caminhada na luta contra a outra lavadeira. exploração, o orgulho, a injustiça, o

egofsmo que são fatores responsáveis Daf também saíram novas propôs- pela fome, discriminação, doença, fal-

tas: ta de moradia e educação no meio do - Não participação das patroas povo sofrido,

nas assembléias. - Os grupos precisam fazer mini- Em 1986 as lavadeiras conseguem

encontros preparando do próprio jeito escrever uma carta ao então presidente as assembléias. José Sarney, pleiteando o pagamento

- Reunião em toda 1? terça-feira do INPS pelas patroas. O presidente de cada mês com as coordenadoras respondeu à carta. dos grupos de base para o 3? domingo de cada mês.

- No 3? domingo, encaminhar Também em 1986 as lavadeiras em novas tabelas e saber como estão as sua grande maioria não tinham cora- discussões com as patroas e as progra- gem de ir sozinhas falarem com a pa- mações para o mês. troa sobre os novos preços, então elas

se reuniam para ensaiar o que iam fa- No final de 1984 e 1985 houve lar com a patroa. Para dar segurança

bastante sofrimento com inundações, "^as às outras elas iam em grupos fa- causando ainda mais problemas com a 'ar com as patroas, moradia e o saneamento básico já tão . . .. , precário em nosso meio. Carta da lavadeira Valdete para a

lavadeira Luiza. O movimento sofre uma queda... n "Notícias das lavadeiras." ^

O tempo para cuidar da organização Olhe Lu.za a pr.me.ra reunião em do movimento foi ficando cada dia que eu participei me desperte.. Abr, os

nor meus olhos, minha cabeça ficou deci- dida. Então eu comecei a assumir o

Nos momentos de reflexão em ou- «^ fabalho com muita luta com trosgruposera sempre difícil um espa- muito sofrimento e alegria também; ço para se falar das lavadeiras. Mas elas eu tenho três filhos, sou casada; meu continuavam a lutar por um mundo marido anda doente mas me dá muita

mais humano. f°rÇa- Eu iá lavei 12 tr°uxas d* ro.uPa

por semana mas nunca deixei de ir as No final de 1985 foi preparada reuniões. Eu tenho muita fé em Deus,

uma celebração no Vale Paraguari, por isso meu trabalho é muito bom-

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Qto; trabalhar é honra para mim; não h—tenho vergonha de ser lavadeira e de Z ser coordenadora. Já fui em várias reu- ^r niões e assembléias, passeatas, reuni- Isoes de bairro e quando eu estou lavan- Odo roupa canto com muita alegria, às 2 vezes até danço. Para conseguir a vitó- Q ria graças ao meu bom Deus nós luta-

mos com muita coragem de vencer. Nada mais, querida amiga. Termi-

no com muita saudade. "Beijos e abraços para todos".

Valdete Bonfim dos Santos.

Em 1987 realizou-se a 2? assem- bléia. Foi um ano de muitas atividades em conjunto entre as lavadeiras da ci- dade e do subúrbio. As lavadeiras que moram mais próximas ao centro de Salvador, conseguem alcançar o cum- primento das tabelas ao passo que as do subúrbio em sua grande maioria não conseguem receber o preço esta- belecido.

Também nesta assembléia foi feita uma avaliação sobre o que acontece em comum entre as mulheres lavadei- ras:

— Desemprego, analfabetismo, péssimas condições de moradia, falta de assistência médica, maridos igno- rantes e ciumentos.

— Se fez também um levantamen- to da luta das lavadeiras e o que elas fazem além de garantir as tabelas de preço.

— Realizaram passeatas, pesquisas entre elas, reuniões em grupo para for- mação; buscaram informação e torfia- ram outras decisões como: abaixo assi- nados; cartas ao presidente; uso da te- levisão, rádio e jornais para denunciar as humilhações sofridas; composição de letras de músicas sobre a vida das lavadeiras, boletim mensal.

Reivindicamos INPS, 139 salário; férias; vale transporte.

Este depoimento de uma lavadeira mostra mais concretamente sua dura realidade:

"A vida das lavadeiras é bastante difícil; umas passam fome, outras co- mem farinha com água.

O sol é a vida da gente. O dia que não tem sol o sofrimento ainda é mai- or".

Conquistas das lavadeiras. Pequeno número de lavadeiras da

cidade já conseguiu conquistar o 13? salário e a contribuição das patroas para pagar o INPS.

Isto já não acontece com as lava- deiras do subúrbio, pois há no nosso meio muita oferta de mão-de-obra e isto facilita mais ainda a exploração.

Consideramos um avanço a partici- pação em média de 350 lavadeiras nas grandes assembléias e visitas às lavadei- ras afastadas de 15 em 15 dias.

Procuramos a cada dia entender mais o que é análise de conjuntura a partir das experiências de outros mo- vimentos.

Nossas coordenações se dá a nível de cidade, subúrbio e interior.

Estas coordenações tem a função de fortalecer e encaminhar as propos- tas tiradas em assembléias.

Aspirações:

O que queremos é ser reconheci- das como trabalhadoras.

ASSUMIR 23

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O Dentro desta luta das lavadeiras se H encontram várias companheiras mili- £: tantes da ACO do Brasil. UJ

O Segue abaixo depoimento de duas O. outras companheiras sobre esperança LU no meio das lavadeiras.

Luiza - Periperi - Bahia.

"Estou muito alegre, porque estou vendo a semente que espalhamos ger- minar; conheço bem estas mulheres cansadas, desanimadas, humilhadas pelo baixo salário que recebem das patroas, mas estamos aqui para dar forças e receber forças delas também".

Falta dinheiro para tudo: para confeccionar tabelas, boletins de in-

formes; a gente precisa pedir ajuda até para pagar as passagens.

Maria da Paixão - Pojuca - Bahia.

"A minha esperança como mulher; lavadeira e militante de ACO é zelar pelas nossas vidas, buscando decisões concretas para assegurar os nossos an- seios de libertação. Através da fé que descobrimos precisamos andar jun- tas com todos aqueles que defen- dem a causa dos oprimidos. Para de- senvolver esta militância cristã precisa- mos nos engajar nos movimentos dan- do e recebendo experiências através do testemunho, com a confiança de participar do projeto de um Deus que vive presente no meio dos pobres."

Luiza - Periperi - Bahia.

Depoimentos recolhidos por Cleuza Chamon •

José Gatelier

DA EQUIPE DE CAMBOÃ - SÃO LUÍS (MA) Aqui tudo bem. . . a nossa equipe continua trabalhando de pé firme en-

contrando dificuldades. Mas nós continuamos a lutar no dia a dia. Precisamos de notícias sobre o porque da guerra no Golfo Pérsico por-

que a guerra chega a matar tanta gente como nós.

Assumir: Companheiras(os): mandamos para vocês a declaração da CCN (Co- missão Coordenadora Nacional) sobre essa guerra. Será bom divulgar o texto, depois de analisado. Como desenvolver hoje uma interna- cional de trabalhadores para se contrapor aos desafios gerados pelo capitalismo?

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DA LOC- LIGA OPERARIA CATÓLICA - LISBOA A LOC de Portugal vem dar-nos a conhecer que tomou a iniciativa de fazer

a tradução da Revista IN FOR — MM TC na língua portuguesa tendo em con- ta o enriquecimento dos nossos militantes num contexto internacional. Será nossa preocupação respeitar ao máximo o texto original tanto no conteúdo como na apresentação.

Assumir: Decidimos assinar 100 números desta Revista INFOR, agora feliz- mente traduzida em português. Parabéns e obrigado companheiros da LOC de Portugal.

DE NIORT - (FRANÇA) O intercâmbio continua

"Ficamos satisfeitos de ter falado de você, do Brasil, da A CO com Salvador. Nós estamos bem unidos com vocês. Beijos"

Claude e André. (De uma Carta para Assunção)

Assumir: Os militantes ACO de Niort e região estão organizando um seminá- rio sobre o Brasil e América Latina e tudo isso é fruto do intercâm- bio da ACO do Brasil na França que até permitiu novas adesões para a ACO de lá.

DA CNBB - BRASÍLIA - CAMPANHA FRATERNIDADE91 — Acusamos o recebimento de sua carta em 03/12/90, dirigida a Dom An-

tônio Celso de Oueiróz. (Assumir n9 28, pag 17 e 18) Informamos-lhes que houve uma omissão involuntária por parte da equipe

de redação. Lamentamos e estamos tentando corrigir, em tempo hábil, a nossa falha através da carta circular anexa a ser enviada no início de janeiro — a todos os coordenadores diocesanos e regionais da CNBB da CF.

Reafirmamos todo o nosso apreço e estima ao trabalho desenvolvido pela A CO na Igreja no Brasil.

Padre Dagoberto Boim ■ Secretariado Executivo da CF.

Assumir: Mandamos a carta circular da CNBB às nossas equipes.

ASSUMIR 25

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CARTA DE JOÃO FRANCISCO COELHO - BENGUI - BELÉM (PARA)

Queridos militantes da A CO Nacional. - Apesar dos patrões, conseguimos ganhar as eleições sindicais. - Com a associação de moradores, ganhamos mais uma linha de ônibus, en-

quanto a companhia queria diminuir. - Nós tivemos vitória na nossa luta contra a burguesia, quebrando um pou-

co o que Collor vem implantando.

DA CJOKTJLB. (Comissão Nacional Ptwóória de Trabatiadorm Atingidos

por Barragens) "Estamos enviando um relatório da situação de Tucuruí. Afirmamos que é

uma situação de efetiva destruição e descaso ao homem e ao meio ambiente".

Solicitamos apoio e divulgação dos fatos.

Assumir: Endereço da CNPTAB Rua Santa Cruz n? 28 Vila Mariana-04121 São Paulo - SP Telefone: (011) 549-6554

DE MARIA DO LIVRAMENTO F. DE AVIZ-BELÉM-PARA

"A situação da vida das pessoas piora a cada dia, o desemprego aumenta e o povo caminha sem perspectivas de um futuro melhor diante do plano econômi-

co do governo Collor. A luta da classe trabalhadora continua de pé, talvez o que falta são propos-

tas mais claras dentro do atual contexto histórico ... E preciso estudarmos e discutirmos seriamente. ..

. Acredito na força da nossa união e no compromisso de cada compa- nheiro na construção de uma sociedade nova onde cada um de nós será cons- trutor dentro de um projeto igualitário de Jesus Cristo.

Um beijo a todos vocês aí do Secretariado Nacional da ACO e meus irmãos

que estão espalhados por todo Brasil".

Assumir: Muito gratos. Livramento, pela sua carta lúcida, animadora dentro

de uma conjuntura tão difícil. 0 seu sorriso confirma sua firmeza.

Obrigado! •

26 ASSUMIR

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NOTÍCIAS INTERNACIONAIS

América Latina na Assembléia mun-

dial do MMTC em Lion, na França

em maio de 1992.

Após a reunião da Executiva em

Assunção, provavelmente, Mário e Re-

médios, como outros membros da exe-

cutiva farão visitas para fortalecer —

o Movimento nos diversos países co-

mo o próprio Paraguai, Uruguai etc...

etc.. .

NOTICIAS DO MOAC E MMTC

Mário Prigol

Do dia 2 a 5 de maio, a Coordena-

ção Executiva do MOAC vai se encon-

trar em Assunção, Paraguai para pen-

sar e encaminhar as últimas orienta-

ções em preparação da eleição da No-

va Executiva e Conselho do MOAC

para 1992.

Neste encontro se verá também os

encaminhamentos para a participação

dos Movimentos ligados ao MOAC na

Talvez, visitas à Argentina e Ve-

nezuela em vista da organização futu-

ramente do Movimento.

Apesar das dificuldades de língua

e experiências diferentes, de 1987 até

aqui o movimento pela América Lati-

na cresceu em quantidade de equipes,

qualidade, unidade de métodos e com-

promisso de classe, como também em

visão nova de Igreja numa linha liber-

tadora.

Por tudo isto damos graças a Deus!»

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PUBLICAÇÕES DA AÇÃO CATÓLICA OPERARIA - ACO

As publicações da Ação Católica Operária - ACO, sSo todas de linguagem sim- ples e do ponto de vista dos trabalhadores. Tem como objetivo a formação de militan- tes comprometidos com a construção de uma sociedade mais justa, igualitária e fraterna.

Dividiremos nossas publicações em 3 coleções para os interessados perceberem melhor o conteúdo das mesmas:

Coleção Ver, Julgar, Agir pelos 4 lados á luz da Bíblia. Fazem parte desta coleção: 1. Conhecer as Sociedades (31 pg.) - Explica o método pelos 4 lados. 2. História do Povo de Deus. IP volume (180 pg.) - Tem como subtítulo: Intro-

dução para uma leitura da Bíblia. Mostra a participação dos trabalhadores na organização do povo de Deus no tempo da Bíblia, desde Abraão até o exílio pelo ano 500 aC.

3. História do Povo da Deus. 2.° volume. Abrange o período do exílio até o final do Macabeus.

4. Jesus, Sua Terra, Seu Povo, Sua Proposta (112 pg.). 5. Revisão de Vida: Conhecer para Transformar (132 pg.). UM MOVIMENTO DE CRIANÇAS - Incluímos nesta coleção este livro publica- do em conjunto com o MAC (Movimento de Adolescentes e Crianças), porque segue o mesmo método Ver, Julgar e Agir adaptado para a autoformação de cri- anças e adolescentes. 2. Coleção Cadernos da História da Classe Operária.

A idéia de se escrever a História da Classe Operária, surgiu no Congresso da ACO de 1971 em plena ditadura, quando a grande imprensa declarava nunca ter existido a Classe Operária. • Caderno 1 — Gestação e Nascimento:

de 1 500 a 1888 (50 pg. - 4.a Edição) • Caderno 2 — Infância Dura

de 1889 a 1919 (104pg-4.a Edição) • Caderno 3 - Idade Difícil

de 1920 a 1945 (120 pg. - 4.a Edição) • Caderno 4 — Amadurecimento

de 1945 a 1964 (100 pg. - 2.a Edição) • Caderno 5 — Resistindo à Ditadura (108 pg — 1.a Edição) • Caderno 6 — Na redação final.

3. Coleção Documentos da ACO 1. História da ACO (169 pg.) - Conta a História da Ação Católica Operária,

sua resistência frente à ditadura, sua expansão, método e conteúdo. 2. Declaração de Princípios. 3. Regimento Interno. 4. Estatutos Sociais.

Estes livrinhos ajudam a conhecer a ACO. 5. Folhetos para grupos novos, sob o título Missão e Pedagogia da ACO. 6. ASSUMIR — Boletim de formação para militantes da ACO e outros. Sai de

4 em 4 meses. Traz experiências de Base e artigos de orientação operária, política e de lutas no meio popular. A encomenda pode ser por assinatura ou número avulso.

7. Cantando Nossa Libertação - Cancioneiro da ACO, com 175 cânticos, divi- dido em 3 partes: I. Vida e luta do povo; II. Cânticos religiosos; III. Cânti- cos populares e folclóricos. Mais dois suplementos novos, I e II. Há 5 fitas gravadas para ensaio dos mesmos.

Comissão Nacional de Publicações da ACO

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