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A Origem Das Espécies Analisada BROWNE

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O livro discorre sobre a teoria de Darwin ao modo analítico de modo interessante.

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A ORI GEM DAS ES PCI ESDE DARWI NLIVROS QUE MUDARAM O MUNDOA Bblia Karen ArmstrongO Capital de Marx Francis WheenO Coro Bruce LawrenceOs Direitos do Homem de Thomas Paine Christopher HitchensIlada e Odissia de HomeroAlberto ManguelA Origem das Espcies de DarwinJanet BrowneO Prncipe de MaquiavelPhilip BobbittA Repblica de PlatoSimon BlackburnA Riqueza das Naes de Adam SmithP.J. ORourkeSobre a Guerra de ClausewitzHew StrachanA ORI GEM DAS ES PCI ESDE DARWI NJanet Browneuma biografiaTraduo:Maria Luiza X. de A. BorgesRio de JaneiroTtulo original:Darwins Origin of Species(A Biography)Traduo autorizada da primeira edio inglesa, publicada em 2006 por Atlantic Books, um selo da Grove Atlantic Ltd., de Londres, InglaterraCopyright 2006, Janet BrowneCopyright da ediobrasileira 2007:Jorge Zahar Editor Ltda.rua Mxico 31 sobreloja20031-144 Rio de Janeiro, RJtel.: (21) 2108-0808 / fax: (21) 2108-0800e-mail: [email protected]: www.zahar.com.brTodos os direitos reservados.A reproduo no-autorizada desta publicao, no todoou em parte, constitui violao de direitos autorais. (Lei 9.610/98)Capa: Srgio CampanteCIP-Brasil. Catalogao-na-fonteSindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ.Browne, E. J. (E. Janet), 1950-AOrigemdasEspciesdeDarwin:umabiograa/ JanetBrowne;traduodeMariaLuizaX.de A.Borges. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2007. (Livros que mudaram o mundo)Traduo de: Darwins Origin of Species: (a biography)Inclui bibliograaISBN 978-85-7110-998-8 1. Darwin, Charles, 1809-1882. A origem das espcies. 2. Evoluo (Biologia). 3. Naturalistas Inglaterra Biogra-a. I. Ttulo. II. Srie. CDD: 575 CDU: 575.8 07-1776B898oInt r oduo9 OComeo27 UmaTeori acomqueTrabal har54APubl i cao76Cont rovrsi a115Legado128Concl uso: OLegadodePai n139Observao sobre Diferentes Edies 163Notas165Fontes Bibliogrcas e Leituras Complementares168Agradecimentoss171ndice Remissivos172Sumrio 12 345 7 origem das espcies, de Charles Darwin, certamente um dos mais importantes livros cientcos j escritos. No entanto, no se ajusta ao esteretipo comum do que entendemos hoje por cincia. Tem um estilo maravilhosa-mente pessoal, no possui grcos ou frmulas matemticas, nenhumarefernciaagurasdejalecobranconumlabo-ratrio,sualinguagemnoespecializada.Osanosque antecederampublicaoforamcheiosdecontratempos inesperados,encontroscasuais,intensaemooecontro-vrsia. A edio foi toda vendida aos livreiros no dia em que foi lanada, e as discusses que o livro desencadeou rapida-mente se disseminaram, criando entre o pblico o primeiro debate cientco internacional da histria. Os leitores ata-cavam-no ou elogiavam-no, esforando-se para harmonizar suas arraigadas convices religiosas com as novas e pertur-badoras idias do autor. IntroduoA8 A O R I G E M D A S E S P C I E SDesde o incio a obra foi reconhecida como notvel con-tribuio cena intelectual, ampla no alcance, acurada e re-pleta de dados em apoio s sugestes. Ao mesmo tempo era criticada de modo apaixonado por propor que todos os orga-nismos vivos haviam se originado em processos inteiramente naturais. Macacos ou anjos, Darwin ou a Bblia, estes foram tpicos candentes para as pessoas que, na Inglaterra, viveram no perodo vitoriano. Vrias dessas questes continuam vivas at hoje. De fato, a controversa acolhida de Origem das esp-ciesnuncafoirelegadaaomundoporvezesesotricoefrio da cincia. Sua histria, sob muitos aspectos, a histria do mundo moderno.Danossaperspectivaatual,claro,opapeldeDarwin como um dos responsveis pelo nosso tempo nunca foi mais evidente. Seus trabalhos puseram em xeque tudo o que se ha-via pensado antes sobre os seres vivos e tornaram-se um fator decisivonastransformaesintelectuais,sociaisereligiosas ocorridasnoOcidenteduranteosculoXIX.Comotempo, Darwinsetransformouemumdosmaisfamososcientistas desuapoca,umacelebridadevitorianacujaobra,mesmo durante sua vida, foi considerada uma pedra fundamental do mundo moderno. Somos descendentes de macacos? Devemos abandonar a histriadeAdoeEvaevernossaexistncianestemundo como algo sem sentido, pouco mais que uma existncia ani-mal? No se travava apenas de discutir a verdade literal da B-blia. Pouca gente, mesmo quela poca, acreditava no jardim do den como um lugar de verdade. O fato era que Darwin parecia expulsar por completo o divino do mundo ocidental, 9I N T R O D U Opondoemdvidatudoqueatentoseacreditavasobrea alma humana e nosso sentido de moralidade. Se no deviam mais prestar contas a Deus, o Criador. Estavam os seres hu-manos livres para fazer o que quisessem, sem qualquer restri-o moral? Pode-se acreditar que um nabo se esfora para se tornarumhomem?,indagouSamuelWilberforce,bispode Oxford,em1860.OpblicoemgeralsupunhaqueDarwin havia assassinado a idia de Deus, e certa vez, de brincadeira, ele se intitulou o capelo do diabo.Retrospectivamente, comum rotular aqueles tempos con-turbadoscomoarevoluodarwiniana.Essaspalavrasem geral vm acompanhadas de uma advertncia, pois hoje est claro que muitos dos temas abordados por Darwin no eram novos para ele nem para seus leitores. Mesmo assim, o rtulo conserva muito de seu signicado na mente do pblico. Como tantas vezes acontece, um homem e um livro passaram a re-presentar uma transformao enorme no pensamento. Desde a morte de Darwin, porm, o impacto das idias evolucion-rias oscilou, aumentando e diminuindo, por vezes, paradoxal-mente, ao mesmo tempo. Assim,nonaldosculoXIXeinciodoXX,quandoos imperativosevolucionriosdacompetioedoprogressose expressavam na esfera social por meio da expanso imperial, dalivreempresaedasdoutrinaseugnicas,eotermoso-brevivnciadosmaisaptosestavaemtodososlbios,pare-cia a muitos bilogos que o aspecto cientco do darwinismo era inteiramente incompatvel com a gentica, ento em seus primrdios.Denovodemaneiraparadoxal,nasdcadasde 1930 e 1940, exatamente quando vrios bilogos de vanguar-10 A O R I G E M D A S E S P C I E Sda esperavam produzir uma nova sntese evolucionria, hou-veforteapoioasistemasrivaisbaseadosemidiasambien-talistasdaheranadecaractersticasatvicas.Em1925,o chamado julgamento do macaco, em Dayton, no Tennessee em que o poltico fundamentalista William Jennings Bryan moveu uma ao contra o professor de cincia John Scopes, acusado de ensinar ilegalmente a teoria da evoluo, defendi-do pelo agnstico Clarence Darrow , foi um divisor de guas nasrelaesentrecinciaereligio.Durantealgumtempo tornou-se ilegal ensinar o pensamento darwinista nas escolas do Tennessee.No incio do sculo XX, as idias de Darwin tiveram mais destaque que nunca, embora as discusses continuassem aca-loradas como sempre. Transformada pela moderna compreen-so da hereditariedade, e renada de mil maneiras diferentes medidaqueoconhecimentoavana,anoodeseleo natural a pedra angular da maior parte do pensamento bio-lgicoemtodooplaneta.Ospaleontlogosreconstituemas extinesemmassaeasexplosestransformadorasapartir dos registros fsseis; os estudos moleculares lanam luz sobre as origens e a difuso dos primrdios da humanidade; os genes soconsideradosachaveessencialparaacompreensodo comportamento humano e at do funcionamento da mente. Essasidiasgeram,claro,umintensodebate.Levan-tam-se crticas sociobiologia e tendncia a reduzir tudo ao de genes egostas. Os lsofos sugerem que a teoria da seleonaturalumaformainvlidadeconhecimento,no passvel de prova demonstrvel. As pessoas comuns contem-plam a competio comercial desenfreada e as polticas eco-11I N T R O D U Onmicas exploradoras sua volta e se perguntam se o altrus-mo foi alguma vez um trao humano bsico. Os criacionistas modernoscontestamosargumentosusadosemapoioevo-luoereivindicamespaoequivalentenocurrculoescolar paraahistriacristdacriao.Emlevantamentorealizado pelo New York Times em novembro de 2004, 55% dos entre-vistados disseram acreditar que Deus criou os seres humanos na sua forma atual.Darwinreconheceriamuitosdessesdesenvolvimentos. No foi, contudo, nenhum radical ateu empenhado em der-rubar tudo que conhecia. Era uma gura bastante respeit-vel, o tipo de homem que provavelmente julgaramos incapaz de publicar um texto de to grande alcance. Nunca se sentiu presa de idias herticas como o fsico e astrnomo italiano GalileuGalilei.Nosezeramefgiessuasdepalhapara serem queimadas pelos aldees ingleses, como o revolucio-nriopolticoThomasPaine.Nofoiacusadodesacrilgio pelostribunaiseclesisticos,comoobispoColenso.No houvedistrbiosantidarwinistas.Aocontrrio,Darwinfoi enterrado na abadia de Westminster, em Londres, em 1882, comoumdosmaisreverenciadoscientistasdanao:O maior ingls desde Newton, disse o Times.De fato, algo notvel na chamada revoluo darwiniana o modo como aquele homem que cou no centro da borrasca foi amplamente aplaudido em termos pessoais. Isso talvez pos-sa ser associado, em grande parte, ascenso da cincia como traodominantedasociedadevitoriana.Tambmpodese vincular difuso de valores econmicos e polticos da classe mdia da poca. Apesar de toda a controvrsia, talvez devamos 12 A O R I G E M D A S E S P C I E Sdizer algo sobre a tendncia de Darwin a se manter ao largo da rixa. Ele detestava o bate-boca das divergncias pblicas, mes-mo admitindo que a cincia progride em geral graas ao de-bateediscusso.Preferiamuitomaisserumhomemdo campo, trabalhando com indolncia no seu jardim em Kent. Gostava de escrever cartas, ver os amigos e realizar pequenos experimentos de histria natural na estufa ou no gabinete. Sob alguns aspectos, poderia ter sado de um romance de Anthony Trollope: um homem alto, sereno e agradvel, com expresso modestaeconvel,bastanteenvolvidocomseutrabalhoe sua famlia, e comprometido com a idia de verdade cient-ca. Ocasionalmente, como muitos cavalheiros vitorianos, era aigidoporproblemasestomacaisemalesmisteriosos.Bom pater familias vitoriano, cultivava uma barba comprida, manti-nha os olhos atentos em seus investimentos e amava a mulher eoslhos.Demodosurpreendente,contavavriosvigrios entre seus parentes e conhecidos mais prximos. Gostava tan-to de ser viajante, marido, pai, amigo e patro quanto de ser naturalista e pensador.Acimadetudo,Darwinfoiindiscutivelmenteumautor. Quando idoso, rememorando as discusses em que se envol-vera, reconheceu com pesar o modo como A origem das esp-cies havia dominado aquele tempo. sem dvida a principal obra de minha vida, escreveu na Autobiograa. Foi a primeira a ser extremamente bem-sucedida.OlivrodeDarwin,comottulodeSobreaorigemdas espcies por meio da seleo natural, ou a preservao de raas favorecidasnalutapelavida,foipublicadoemLondrespela 13I N T R O D U Oeditora de John Murray em 24 de novembro de 1859. Era um volumedeaspectobastantecomum,encadernadoemen-corpadotecidoverde,com502pginaseopreo,umpou-cosalgadoparaomercadodelivrosvitoriano,de14xelins mais que o salrio semanal de um operrio naquela poca. Nocontinhanenhumailustraoatraentedehistrianatu-ral, nenhum porco ou vaca com pedigree decorava a capa, nem mesmo uma cena pr-histrica no frontispcio, como poderia haver hoje em um livro sobre evoluo. O ar modesto convi-nha perfeitamente ao autor. Estou innitamente satisfeito e orgulhosocomosurgimentodemeulho,disseDarwina Murray quando o primeiro exemplar chegou a Yorkshire, onde ele fazia hidroterapia. Estou muito contente por sua bondade de empreender a publicao do meu livro.Essaspalavrastranqilasocultavamumsem-nmerode dramas anteriores e muita agitao que ainda estava por vir.