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Lisboa-Anno Primeiro.-N.° I Numero avulso 10 réis Quinta feira 8 de fevereiro de 1894 ENDERESSO TELEGRAPHICO PÁTRIA LISBOA ANNUNCIOS E C.OMMUNICADOS Na i.* e 2.* pag. cada linha.. Na 3.* pag. cada linha Annuncios, cada hnha I0O 6o Não se devolvem os originaes dirigidos á redacção e não publicados. REDACÇÃO i>3 Calçada do Duque 53 JORNAL INDEPENDENTE A PÁTRIA Atravessantos uma quadra so- cial profundamente descrente, motivada pela ausência complcla da energia dos for lese da pu- ra convicção dos honestos. O des- regramento politico d'alguns dos nossos homens públicos mais em evidencia, a desorganisação fla- grante que vai pela administra- ção do Estado, a desigualdade tributaria que descontenta em invejas abafadas, mas ju>tas, a população obreira do p iiz, con- junctamente com mil desvarios de governos que sacrificam o bem da nação a caprichos ou si- necuras de cordel, ludo islo nos tem levado a esta apalhia morna e soez d anesthesiacos em que nos debatemos, ás vezes galvani- sados. u"utua chavasqueira ma- riada de negruras tétricas, que prevêem para um povo, que foi glorioso e grande, austero e épi- co, annos de fundas e infelicíssi- mas preoceupações, um futuro próximo (íirrilações intestinas e de malaventuradas consequências sociaes. O período actual, incerto em resultados proficientes e úteis, duvidoso de boas obras e de grandes dedicações, apresenta-se á nossa vista clara e imparcial, eivado (1'immoralidades. prepon- derante em conveniências d'algi- beira, despresadore sceptico, ar- rotando cynismo d'accordo com (nnmaças d'histrião de circo, po- bre e petulante, querendo fazer o bem c fazendo o mal, pensan- do grandes obras e praticando ideias detestáveis. N'este momento agonioso em que a nação portugueza se deve exforçarpela sua regeneração fi- nanceira, em que todos devem pensar era meios de salvação e em providencias, neste momen- to histórico da desgraça e do desanimo, não será nunca de mais a publicação d'um novo jor- nal, energia nas suas convicções politicas, seguindo a politica li- beral dos paizes constitucionaes, julgando com auetoridade e des- mentindo imparcialmente. A Pá- tria tem a pretensão de virá luz n'um momento solemne como es- te.A sua acção mural, quanto em si couber, será honesta e digna. guardada pela innocencia da no- va penna, e pela virgindade das nossas convicções. A nossa poli- tica, a demos a entender, é a da nossa consciência, para que todos a julguem bem. está alheia a corrilhos de cortina e influen- cia eleitoral. Seremos pela pátria, contra todos que a traiam, con- tra tudo que a ameaça e deshon- ra. Independentes como quem nada deve. altivos como quemé forte, por sincero no que escre- ve, não recuaremos na missão que nos impozemos, que a cha- mos justa e digna d'esles tem- pos de desanimo e da descrença. Grandes dedicações eis do que precisamos. Parte no dia 13 para Lourenõo Marques, o sr. Manoel Neves de Figueiredo, illustre proprietário e negociante ESCÂNDALO Diacutiu-se de vários modos e feitios a conferencia que e sr. Fus- chini fez na Liga Liberal. Ao lado de vários preconceitos mesquinhos, houve algumas opiniões acertadís- simas e que manifestam a indepen- dência de caracter d'alguns dos nossos jornalistas. O que diriam, porém, os defen- sores dos ministros que têm subido as escadas dos «históricos» ministé- rios, se soubessem um escandalo- síssimo farto praticado ha tempo no ministério da fazenda? Dizei o, será talvez arrojado mas a consciência «super omnia». Calarmos o que conhecemos per- feitamente, repugna-nos. Eil-o pois: Quando, em 1886, uma das «re- formeca8» (cujo fim era pôr os es- crivães de fazenda á mercê da poli- tica) começou a pôr-se em execu- ção, o popular Mané Chiné, f d'uma fornada», nomeou para logares ex- tinctos (!!!) galopins que no mes- mo dia obtiveram três despachos, e despachos que os elevou a uma cathegoria mais tarde, obtida por indivíduos com serviços incon- testáveis. Mas, com franqueza, o único cul- pado não foi o popular Mané Chi- mas o compadre Chico. Mais tarde desenvolveremos este eseaiida'o que os empregados fazen- darios deveriam apregoar, mas que infelizmente ha tempo calam... e quem cala.. . consente ! gritaram quando o illnstre ex-ministro Fuschini, com o intui- to de dar garantias deveras saluta- res ao funecionrrio publico, não se dobrava a aempenhocas» que cho- viam como praga de gafanhotos obsecando o corrupto meio da po- litica indigena. Emtím, caprichos dos habitantes d'este paiz á beira-mar plantado... «. Uma queda real Não se assustem caros leitores. A sr." D. Maria Pia, extremosis- sima mãe do nosso augusto so- berano, quando hontem subia pa- ra o wagom que a conduziria ao Estoril, faltou-lhe o pé... e zásl deu uma pequenina... queda. Di- ligenciando informar bem os nos- sos leitores, immediatamente for- mos saber do c8so. sendo-nos di- to que a sr.* D. Maria Pia, ape- nas soffrera o susto. Ainda bem... Realisou se honlem o funeral do sr commissario de policia Baltha- zar. A offleialidade de infanteria n.° 5, achava-se representada pelos srs. major Silva, capitães Judiei. Xavier, tenente-njudante Libano e aspirante João Climaco. Foi uma homenagem que offi- ciaes daquelle regimento quizeram prestar ao fallecido, que era irmão do reverendo cónego Balthazar, capelão d'aquelle regimento. BRAZIL Continuam a ser contradictorias as noticias sabidas sobre o estado da Republica sul-americana. Os te- legrammas. de diversas precedên- cias, umas politicas í outras bol- sistas ainda desnorteiam mais a opinião, que continua indecisa, sem prever qual será o flm d'uma si luacão cuja causa ainda não está perfeitamente definida A Havas. no seu laconismo, mis- tura á sua moda as coisas como quer; e as centenas de noticias en- viadas do Londres, de Paris e d'ou- tros centros d'exploração bolsista, teem dado ao movimento revolu- cionário brazileiro um caracter puramente explorador. Por a nossa imprensa, tem dito coisas curiosas sobre o caso, bordando-as de considerações que, quando não são suggestivas, são risíveis. Pela nossa parte, diligenciare- mos sempre ser imparciaes na apre- ciação d'esses acontecimentos que tanto estão, agora mais que nun- ca oceupando as attenções de to- dos aquelles que seguem os acon tecimentos d'esta ordem e que amam a terra brazileira. da qual, no seu estado normal, tanto ha a esperar. Limitar-nos-hemos, pois, afora a apreciação conscienciosa d'esses acontecimentos e á critica ainda mais conscienciosa de alguns arti- gos a que a imprensa brazileira se tem referido a nós. á publicação dos telegramraas que, de todas as procedências acreditai eis nos fo- rem dirigidas, A Havas diz-nos hoje que o al- mirante Saldanha da Gama pediu aos representantes da França, da Itália e da Inglaterra que o reco- Dhecessem como belligeraute e que o governo legal continua prenden- do a torto e a direito quem des- confia lhe não seja fiel. Alem d'is- so diz ainda o mesmo telegramma. que teem sido presos alguns es- trangeiros suspeitos e que teem fundamento as dissidências entre Saldanha da Gama e Custodio, tendo este tentado sublevar dois regimentos da guarda nacional, o que não conseguiu. Uma pergunta nossa: Quantas vezes tem a liavas dito isto? Cremos, porém, que a situa- ção ditlnitiva depende do almirante americano Benham, que é, hoje em dia, o Czar da cantata inter- nacional. N'um* carta sentimentalista que a Batalha hontem publicou, o dr. Alves da Veiga reeusa-se figurar na lista dos deputados que os re- publicanos apresentam ás eleições. E' pena. Sua ex.', cujo talento o publico conhece, teria occasião, caso fosse eleito, de mostrar no parlamento o seu vigor oratório e argumentador. AS EXTIMTAS ASSOCIAÇÕES Segundo nos consta as associa- ções dissolvidas vão continuar as suas peregrinações ao paço real. E' seu propósito, protestarem junto da altíssima pessonalidade do rei; contra a contribuição in- dustrial. Continuam no caminho que en- cetaram; e, a nosso vér os re- sultados não serão corvados a contento dos seus bons desejos. Mas, a nossa opinião nenhum va- lor terá, e avante. O esclarecido espirito do nosso rei, é bom indicio para que depois da apresentação do seu protesto, segundo diz uma folha da noute, puramente monarchica, recebe- rem como resposta, a trevial e ja- mais extincta allocução real: Eu terei na devida consideração a supplica dos meus súbditos, pe- rante a pessoa dos meus minis- tros. Quanto á obra vederemo e do- po palaremo. .«. Grande explosão—morte No dia 2 de corrente, na occa- sião em que estava recebendo li- ções do pyrntechnico nespanhol José Lopes Fernandes, o fogueiro d'uma fabrica de pyrotechnica na Ilha de S. Miguel, Raymundo Sil- va Espingardo, de Coimbra; ex- plodiu a dita fabrica, morrendo despedaçado o mesmo fogueteiro. Alguns jornaes noticiam que o sr. Jayme Artur da Costa Pinto, (vulgo Costa Pimpão), foi encarre- gado por sua mage^tade el rei de indagar quaes as circumstancies em que se encontram as famílias dos náufragos da canoa de Cas- caes. Tal commissão tem por flm soc- correr convenientemente essas vi- ctimas da fatalidade. O Jayme está cada vez mais pim- pão... Elle se entende... NOVIDADE^ Foram nomeados para servir na divisão naval d'afri«-a oriental os 2." tenentes Alfredo Pereira Caça dor e José Maria do Silveira Es- trell i. —Foram querellarios seguintes jornaes; Dia. Correio da Noite. Correio da Tarde liatutha. Van- guarda, Nação e Tempo. Dos artigos querellados do Dia assumiu a responsabilidade o sr. Gomes da Silva; dos do Correio da Noite o revisor; dos do Correio da Tarde o editor; dos da Batalha o sr. Feio Terenas, dos da Van- guarda o sr. Alves Correia; da Nação o editor, não se sabendo ainda quem assumirá a responsa bilidade dos artigos do Tempo. —Reuniu hoje a commissão de vereadores encarregada da revisão do orçamento da camará munici- pal de Lisboa, para o actual anno civil. —O sr. conde de Paraty, 1." se- creturio da nossa legação no Rio de Janeiro, partiu hoje para aquel- la cidade a bordo do paquete Por- tugal. —Vae pedir a sua exoneração o sr. dr. Appolinario Borja Galvão, administrador da Covilhã. —Houve hoje assign tura real. —Parte no dia 29 para a Africa Oriental o nosso amigo Alfredo Pe- dreiro Caçador, digníssimo 2.° te- nente da armada. —Regressou á capital o sr. go- vernador civil de Évora. Como es- tão em projecto as eleições, faze- mos votos para que o seu estado de saúde... não soffra alteração. —Correm boatos que o illustrado dr. Malheus, governador civil das gentes algarvias, vae ser demitti- do (?) do seu altíssimo cargo, antes das desejadas eleições. Nós bem sabemos o que são ne- cessidades da vida. —OTempo escrevendo sobre a cau- sa da revolta dos povos de S. Vi- cente da Beira grita contra a for- mação das matrizes no nosso paiz. Pois ainda ha alguém que ignore como escrivão de fazenda arranja as matrizes? Quem cuidasse que o actual mi- nistério depois da recomposição continuada na senda de medidas acertadas com que iniciou a sua administração, enganou-se redon- damente, E a prova vem na cessação de exercício das commissões en- ADMINISTRADOR LEONEL LOPES PEREIRA Assignatura (pagamento adiantado) Lisboa, 3 mezes J&85o Províncias e ilhas adjacente» 3 mezes $900 Províncias ultramarinas c Hes- panha, 3 mezes 1&200 Nos demaia paizes da União Postal, 3 mezes jftooo ADMINISTRACÇÁO §3—Calçada do lliii|iie o3 carregadas da avaliação aos pré- dios, facto com que o Mazombo assignalou a sua entrada para o ministério da fazenda. Dezenganem-se- os que vivem d'illu-ões pagam os pobres, pana quem quer. Se todos contribuíssem propor- cionalmente, o paiz viveria desa- fogado e não seria necessário e aggravamento d'impostos. A machina eleitoral, porém, pre- ci-a montar se e o carbonio é for- necido pelo grande. O pequeno contenta-se com saborear o car- neiro com balatas e caso lhe enjoe esta comid8 os cozinheiros políti- cos preparam lhe o peixe espada que as sopeiras ensinam a frigir aos guardas municipaes. E' tudo assim nVsta terra. Põe-se o estômago de preferen- cia á consciência. —O sr. Luiz Eugénio Leitão te- ve hontem uma conferencia com o sr. ministro da fazenda tratan- do-se,se gundo nos consta da ques- tão ainda pendente—a attitude do commercio. —O nosso prezado collega do Correio da Noite publicou hontem um artigo notável. A Sua Mages- tade El rei o sr. D. Carlos í. fri- sando « proclamação do Impera- dor o Rei D. Pedro IV dirigida á nação portugueza em 1828, a pro- pósito de varias illegalidades_cons- titucionaes, como a dissolicção das camarás e a não convocação im- mediata d'outras. O exemplo his- tórico é d'aproveitar. porque é de casa. —'Regressaram a Lisboa os srs. ministros dos estrangeiros e das obras publicas, o primeiro vindo d'Alcantara, o segundo de Cintra a Cascaes, onde foi recebido com enthusiasmo. Os delegados da associação industrial e commercial acham-se reunidos no escriptorio do sr. Eu- génio Leitão. Podemos afflrmar que o au- ctor do artigo que o nosso illustre collega Correio da Noite publicou, o qual foi quersllado pelo sr. Vei- ga, não é, como mailevolamente insinuava a Tarde, o ex."' sr. Jo- Luciano de Castro, e como hoje o Repórter pretendia commemorar o publico. Como numa festa o bombo Hão de ser aqui tratados Quaesquer desequilibrados Sem poupar o seu Mazombo; V, se de catadura Nas eleições ell'me pilha 1'onho o collega Fervilha Pelas ruas da amargura. Agradam muito ao 'Bacoco Estas minhas intenções. E diz co'os seus botões : «Antes corridos a soíco Do que a simples piparote Os dois eu queria ver... Quer-lhes o sangue beber O Judas Iscaria: Sentinell.i vigilante Esquece a tal ventoinha, A ingénua da Carlolinha Com a traição revoltante !... 'Steja embora p'lo seu lado 'Popular Mané-Chiné Meu ciumento tem Que has-de em breve ser vingado ! Ha tanto ingrato... abelhudo. . este mundo é assim... Deixa correr o marfim... Faz festinhas ao Pencudo E mais ;io Menino-Gordo .'. . . Se não quer's por agua a ba'xo Ver a fugir o pennacho Evita algum desacordo! MACRIçO-MVOPE. p> Lisboa-Anno Primeiro.-N.° I Numero avulso 10 réis Quinta feira 8 de fevereiro de 1894 ENDERESSO TELEGRAPHICO mm ADMINISTRADOR PATRIA-LISBOA Jgft ^PM| IHi JIBt LEONEL LOPES PEREIRA ANNUNCIOS E COMMUNICADOS ifeBÍ IH MBuL dtoU ^ S'a i* e 2.* pag. cada linha... 100 reis XfSílâ Áaf ttfcaSfc E«w D$« M^wl BH JlflV wBSflL Províncias e ilhas adjacente» 3 s r a 3.* pag. cada linha 6o —âSjBL, ,«it. í <Sv»j JB|| JaBaW ffílfc&iÈ® WU& ViiJHb gAE^k B?|gWw iHHMfflWI mezes »goo Vnnuncios, cada linha 20 Bittttsfy tfíi&ávi.xí ÉsíSTÍ^H WH EBi3ÍaigsB BEgagKQ iaaagSB MM B&BBÍbM Províncias ullramarmas c Hcs- Hfaaflj isJ/Sa*) QSSftáfli BBM flHWW wwainiiB» MMBtiBS "•«SSfâBl MB MBBBBB panha, 3 mezes 1&200 Nao se devolvem os ongmaes dirigidos a Nos demaia paizes da Uni5o edacçao e nao publicados. Postal, 3 mezes 2&000 n-t^T^-n JORNAL INDEPENDENTE ^ A PATRIA Atravessamos uma quadra so- cial profundamente descrente, motivada pela ausência completa da energia dos fortes e da pu- ra convicção dos honestos. 0 des- regramento politico dalguns dos nossos homens públicos mais em evidencia, a desorganisação fla- grante tpie vai pela administra- ção do Estado, a desigualdade tributaria que descontenta em invejas abafadas, mas ju-tas, a população obreira do p.iiz, con- junctamente com mil desvarios de governos que sacrificam o bem da nação a caprichos ou si- necuras de cordel, tudo isto nos tem levado a esta apalhia morna e soez d anesthesiacos em que nos debatemos, ás vezes galvani- sados, n'uina chavasqueira ma- riada de negruras tétricas, que prevêem para uin povo. que foi glorioso e grande, austero e épi- co, annos de fundas e infelicíssi- mas preoccupações, um futuro proximo d'irritações intestinas e de malaventuradas consequências sociaes. O período actual, incerto em resultados proficientes e úteis, duvidoso de boas obras e de grandes dedicações, apresenta-se á nossa vista clara e imparcial, eivado d'immoralidades, prepon- derante em conveniências d'algi- beira, despresador e sceptico, ar- rotando cynismo d'accordo com fnnmaças d'histriao de circo, po- bre e petulante, querendo fazer o bem e fazendo o mal, pensan- do grandes obras e praticando ideias detestáveis. N'este momento agonioso em que a nação porlugueza se deve exforçarpela sua regeneração fi- nanceira, em que lodos devem pen>ar em meios de salvação e em providencias, neste momen- to histórico da desgraça e do desanimo, não será nunca de mais a publicação d'um novo jor- nal, energia nas suas convicções politicas, seguindo a politica li- beral dos paizes constilucionaes, julgando com auctoridade e des- mentindo imparcialmente. A Pa- tria tem a pretensão de vir á luz n'uin momento solemne como es- te.A sua acção moral, quanto em si couber, será honesta e digna, guardada pela innocencia da no- va penna, e pela virgindade das nossas convicções. A nossa poli- tica, a demos a entender, é a da nossa consciência, para que todos a julguem bem, está alheia a corrilhos de cortina e influen- cia eleitoral. Seremos pela patria, contra todos que a tráiam, con- tra tudo que a ameaça e deslion- ra. Independentes como quem nada deve, altivos como quemé forte, por sincero no que escre- ve, não recuaremos na missão que nos impozemos, que a cha- mos justa e digna d'estes tem- pos de desanimo e da descrença. Grandes dedicações eis do que precisamos. Parte no dia 13 para Lourenôo Marques, o sr. Manoel Neves de Figueiredo, illustre proprietário e negociante ESCÂNDALO Diacutiu-se de vários modos e feitios a conferencia que e sr. Fus- chini fez na Liga Liberal. Ao lado de vários preconceitos mesquinhos, houve algumas opiniões acertadís- simas e que manifestam a indepen- dência de caracter d'alguns dos nossos jornalistas. O que diriam, porém, os defen- sores dos ministros que têm subido as e8cadasdos «históricos» ministé- rios, se soubessem um escandalo- síssimo facto praticado ha tempo no ministério da fazenda ? Dizei o, será talvez arrojado mas a consciência «super omnia». Calarmos o que conhecemos per- feitamente, repugna-nos. Eil-o pois: Quando, em 1886, uma das «re- formecas» (cujo tira era pôr os es- crivães de fazenda á mercê da poli- tica) começou a pôr-se em execu- ção, o popular Mané Chiné, «d'uma fornada», nomeou para logares ex- tractos (!!!) galopins que no mes- mo dia obtiveram tres despachos, e despachos que os elevou a uma cathegoria mais tarde, obtida por indivíduos com serviços incon- testáveis. Mas, com franqueza, o único cul- pado não foi o popular Mané Chi- mas o compadre Chico. Mais tarde desenvolveremos este eseanda'o que os empregados fazen- darios deveriam apregoar, mas que infelizmente ha tempo calam. .. e quem cala.. . consente ! gritaram quando o illnstre ex-ministro Fuschini, com o intui- to de dar garantias deveras saluta- res ao funccionrrio publico, não se dobrava a «empenhocas» que cho- viam como praga de gafanhotos obsecando o corrupto meio da po- litica indigena. Emfim, caprichos dos habitantes d'este paiz á beira-mar plantado... Uma queda real Não se assustem caros leitores. A sr.* D. Maria Pia, extremosis- sima m5e do nosso augusto so- berano. quando hontem subia pa- ra o wagom que a conduziria ao Estoril, faltou-lhe o pé... e zásl deu uma pequenina... quéda. Di- ligenciando informar bem os nos- sos leitores, immediatamente fór- mos saber do esso. sendo-nos di- to que a sr.* D. Maria Pia, ape- nas sotTrera o susto. Ainda bem... Realisou se hontem o funeral do sr commissario de policia Baltha- zar. A otílcialidade de infanteria n." 5, achava-se representada pelos srs. major Silva, capitães Judiei, Xavier, tenente-ajudante Libano e aspirante João Clímaco. Foi uma homenagem que ofíl- ciaes d aquelle regimento quizeram prestar ao fallecido, que era irmão do reverendo conego Balthazar, capelão d'aquelle regimento. BRAZIL Continuam a ser contradictorias as noticias sabidas sobre o estado da Republica sul-americana. Os te- legrammas. de diversas procedên- cias, umas politicas é outras bol- sistas ainda desnorteiam mais a opinião, que continua indecisa, sem prever qual será o flm d'uma si iuaçâo cuja causa ainda não está perfeitamente definida A Havas. no seu laconismo, mis- tura â sua moda as coisas como quer; e as centenas de noticias en- viadas do Londres, de Paris e d'ou- tros centros d'exploração bolsista, teem dado ao movimento revolu- cionário brazileiro um caracter puramente explorador. Por a nossa imprensa, tem dito coisas curiosas sobre o caso, bordando-as de considerações que, quando não são suggestivas, são risíveis. Pela nossa parte, diligenciare- mos sempre ser imparciaes na apre- ciação d'esses acontecimentos que tanto estão, agora mais que nun- ca occupando as attenções de to- dos aquelles que seguem os acon tecimentos d'esta ordem e que amam a terra brazileira. da qual. no seu estado normal, tanto ha a esperar. Limitar-nos-hemos, pois, afora a apreciação conscienciosa d'esses acontecimentos e á critica ainda mais conscienciosa de alguns arti- gos a que a imprensa brazileira se tem referido a nós. á publicação dos telegrammas que, de todas as procedências acreditareis nos fo- rem dirigidas, A Havas diz-nos hoje que o al- mirante Saldanha da Gama pediu aos representantes da França, da Italia e da Inglaterra que o reco- nhecessem como belligeraute e que o governo legal continua prenden- do a torto e a direito quem des- confia lhe não seja fiel. Alem d'is- so diz ainda o mesmo telegramma. que teem sido presos alguns es- trangeiros suspeitos e que teem fundamento as dissidências entre Saldanha da Gama e Custodio, tendo este tentado sublevar dois regimentos da guarda nacional, o que não conseguiu. Uma pergunta nossa: Quantas vezes tem u Havas dito isto? Cremos, porém, que a situa- ção difinitiva depende do almirante americano Benham, que é, hoje em dia, o Czar da cantata inter- nacional. N'umi carta sentimentalista que a Batalha hontem publicou, o dr. Alves da Veiga recusa-se figurar na lista dos deputados que os re- publicanos apresentam ás eleições. E' pena. Sua ex.', cujo talento o publico conhece, teria occasião, caso fosse eleito, de mostrar no parlamento o seu vigor oratorio e argumentador. AS EXTIJÍCTAS ASSOCIAÇÕES Segundo nos consta as associa- ções dissolvidas vão continuar as suas peregrinações ao paço real. E' seu proposito, protestarem junto da altíssima pessonalidade do rei; contra a contribuição in- dustrial. Continuam no caminho que en- cetaram; e, a nosso vér os re- sultados não serão corvados a contento dos seus bons desejos. Mas, a nossa opinião nenhum va- lôr terá, e avante. O esclarecido espirito do nosso rei, é bom indicio para que depois da apresentação do seu protesto, segundo diz uma folha da noute, puramente monarchica, recebe- rem como resposta, a trevial ejá- mais extincta allocução real: Eu terei na devida consideração a supplica dos meus súbditos, pe- rante a pessoa dos meus minis- tros. Quanto á obra vederemo e do- po palaremo. Grande explosão—morte No dia 2 de corrente, na occa- sião em que estava recebendo li- ções do pyrotechnico hespanhol José Lopes Fernandes, o fogueiro d'uma fabrica de pyrotechnica na [lha de S. Miguel, Raymundo Sil- va Espingardo, de Coimbra; ex- plodiu a dita fabrica, morrendo despedaçado o mesmo fogueteiro. ALuns jornaes noticiam que o sr. Jayme Artur da Costa Pinto, (vulgo Costa Pimpão), foi encarre gado por sua mage^tade el rei de indagar quaes as circumstancias em que se encontram as famílias dos náufragos da canôa de Cas- caes. Tal commissâo tem por flm soc- correr convenientemente essas vi- ctimas da fatalidade. O Jayme está cada vez mais pim- pão... Elie se entende... NOVIDADES Foram nomeados para servir na divisão naval d'afriea oriental os 2.°* tenentes Alfredo Pereira Caça dor e José Maria do Silveira Es- trella.- —Foram querellados seguintes jornaes; Dia. Correio da Noite. Correio da Tarde Batalha. Van- guarda, Nação e Tempo. Dos artigos querellados do Dia assumiu a responsabilidade o sr. Gomes da Silva; dos do Correio da Noite o revisor; dos do Correio da Tarde o editor; dos da Batalha o sr. Feio Terenas, dos da Van- guarda o sr. Alves Correia; da Nação o editor, não se sabendo ainda quem assumirá a responsa bilidade dos artigos do Tempo. —Reuniu hoje a commissâo de vereadores encarregada da revisão do orçamento da camara munici- pal de Lisboa, para o actual anno civil. —O sr. conde de Paraty, 1." se- cretario da nossa legação no Rio de Janeiro, partiu hoje para aquel- la cidade a bordo do paquete Por- tugal. —Vae pedir a sua exoneração o sr. dr. Appolinario Borja Galvão, administrador da Covilhã. —Houve hoje assign tura real. —Parte no dia 29 para a Africa Oriental o nosso amigo Alfredo Pe- dreiro Caçador, digníssimo 2." te- nente da armada. —Regressou á capital o sr. go- vernador civil de Évora. Como es- tão em projecto as eleições, faze- mos votos para que o seu estado de saúde... não soffra alteração. —Correm boatos que o illustrado dr. Matheus, governador civil das gentes algarvias, vae ser demitti- do (?) do seu altíssimo cargo, antes das desejadas eleições. Nós bem sabemos o que são ne- cessidades da vida. —OTempo escrevendo sobre a cau- sa da revolta dos povos de S. Vi- cente da Beira grita contra a for- mação das matrizes no nosso paiz. Pois ainda ha alguém que ignore como escrivão de fazenda arranja as matrizes? Quem cuidasse que o actual mi- nistério depois da recomposição continuat a na senda de medidas acertadas com que iniciou a sua administração, enganou-se renoti- damente, E a prova vem na cessação de exercicio das commissões en- carregadas da avaliação aos pré- dios, facto com que o Mazombo assignalou a sua entrada para o ministério da fazenda. Dezenganem-se- os que vivem d'íllu-õ*s pagam os pobres, pana quem quer. Se todos contribuíssem propor- cionalmente, o paiz viveria desa- fogado e não seria necessário e aggravamento d'impostos. A machina eleitoral, porém, pre- cisa montar se e o carbonio é for- necido pHo grande. O pequeno contenta-se com saborear o car- neiro com balatas e caso lhe enjôe esta comida os cozinheiros políti- cos preparam lhe o peixe espada que as sopeiras ensinam a frigir aos guardas municipaes. E' tudo assim nVsta terra. Põe-se o estomago de preferen- cia á consciência. —O sr. Luiz Eugénio Leitão te- ve hontem uma conferencia com o sr. ministro da fazenda tratan- do-se,se gundo nos consta da ques- tão ainda pendente—a attitude do commercio. —O nosso prezado coltega do Correio da Noite publicou hontem um ariLo notável. A Sua Mages- tade El rei o sr. D. Carlos 1. fri- sando a proclamação do Impera- dor o Rei D. Pedro IV dirigida á nação portugueza em 1828, a pro- posito de varias illegalidades cons- titucionaes, como a dissolução das camaras e a não convocação im- mediata d'outras. O exemplo his- tórico é d'aproveitar, porque é de casa. Regressaram a Lisboa os srs. ministros dos estrangeiros e das obras publicas, o primeiro vindo d'Alcantara, o segundo de Cintra a Cascaes, onde foi recebido com enthusiasmo. Os delegados da associação industrial e commercial acham-se reunidos no escriptorio do sr. Eu- génio Leitão. Podemos aíílrmar que o au- ctor do artigo que o nosso illustre collega Correio da Noite publicou, o qual foi querellado pelo sr. Vei- ga, não é, como mailevolamente insinuava a Tarde, o ex." 0 sr. Jo- Luciano de Castro, e como hoje o Reporter pretendia commemorar o publico. WABÔTES Como n'uma festa o bombo Hão de ser aqui tratados Quaesquer desequilibrados Sem poupar o seu Mazombo; E se de catadura Nas eleições ell'me pilha 1'onho o collega Fervilha Pelas ruas da amargura. Agradam muito ao "Bacoco Estas minhas intenções. E diz co'os seus botões: «Antes corridos a socco Do que a simples piparote Os dois eu queria ver... Quer-lhes o sangue beber O Judas Iscariote Sentinella vigilante Esquece a tal ventoinha, A ingénua da Carlotinha Com a traição revoltante !... 'Steja embora p'lo seu lado 'Popular Mané-Chiné Meu ciumento tem Que has-de em breve ser vingado ! Ha tanto ingrato... abelhudo. . Mas... este mundo é assim... Deixa correr o marfim... Faz festinhas ao Pencudo E mais ao Menino-Gordo.'. . . Se não quer's por agua a ba'xo Ver a fugir o pennacho Evita algum desacordo! Magkiço-Mvope-

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Page 1: A PÁTRIApurl.pt/22825/4/598254_PDF/598254_PDF_24-C-R0150/598254_0000_1-4_t... · ção do Estado, a desigualdade ... (nnmaças d'histrião de circo, po- bre e petulante, ... Jayme

Lisboa-Anno Primeiro.-N.° I Numero avulso 10 réis Quinta feira 8 de fevereiro de 1894

ENDERESSO TELEGRAPHICO

PÁTRIA — LISBOA

ANNUNCIOS E C.OMMUNICADOS

Na i.* e 2.* pag. cada linha.. Na 3.* pag. cada linha Annuncios, cada hnha

I0O 6o

Não se devolvem os originaes dirigidos á redacção e não publicados.

REDACÇÃO

i>3 — Calçada do Duque — 53 JORNAL INDEPENDENTE

A PÁTRIA Atravessantos uma quadra so-

cial profundamente descrente, motivada pela ausência complcla da sã energia dos for lese da pu- ra convicção dos honestos. O des- regramento politico d'alguns dos nossos homens públicos mais em evidencia, a desorganisação fla- grante que vai pela administra- ção do Estado, a desigualdade tributaria que descontenta em invejas abafadas, mas ju>tas, a população obreira do p iiz, con- junctamente com mil desvarios de governos que sacrificam o bem da nação a caprichos ou si- necuras de cordel, ludo islo nos tem levado a esta apalhia morna e soez d anesthesiacos em que nos debatemos, ás vezes galvani- sados. u"utua chavasqueira ma- riada de negruras tétricas, que prevêem para um povo, que foi glorioso e grande, austero e épi- co, annos de fundas e infelicíssi- mas preoceupações, um futuro próximo (íirrilações intestinas e de malaventuradas consequências sociaes. O período actual, incerto em resultados proficientes e úteis, duvidoso de boas obras e de grandes dedicações, apresenta-se á nossa vista clara e imparcial, eivado (1'immoralidades. prepon- derante em conveniências d'algi- beira, despresadore sceptico, ar- rotando cynismo d'accordo com (nnmaças d'histrião de circo, po- bre e petulante, querendo fazer o bem c fazendo o mal, pensan- do grandes obras e praticando ideias detestáveis.

N'este momento agonioso em que a nação portugueza se deve exforçarpela sua regeneração fi- nanceira, em que todos devem pensar era meios de salvação e em providencias, neste momen- to histórico da desgraça e do desanimo, não será nunca de mais a publicação d'um novo jor- nal, energia nas suas convicções politicas, seguindo a politica li- beral dos paizes constitucionaes, julgando com auetoridade e des- mentindo imparcialmente. A Pá- tria tem a pretensão de virá luz n'um momento solemne como es- te.A sua acção mural, quanto em si couber, será honesta e digna. guardada pela innocencia da no- va penna, e pela virgindade das nossas convicções. A nossa poli- tica, já a demos a entender, é a da nossa consciência, para que todos a julguem bem. está alheia a corrilhos de cortina e influen- cia eleitoral. Seremos pela pátria, contra todos que a traiam, con- tra tudo que a ameaça e deshon- ra. Independentes como quem nada deve. altivos como quemé

forte, por sincero no que escre- ve, não recuaremos na missão que nos impozemos, que a cha- mos justa e digna d'esles tem- pos de desanimo e da descrença.

Grandes dedicações — eis do que precisamos. ♦

Parte no dia 13 para Lourenõo Marques, o sr. Manoel Neves de Figueiredo, illustre proprietário e negociante ♦

ESCÂNDALO Diacutiu-se de vários modos e

feitios a conferencia que e sr. Fus- chini fez na Liga Liberal. Ao lado de vários preconceitos mesquinhos, houve algumas opiniões acertadís- simas e que manifestam a indepen- dência de caracter d'alguns dos nossos jornalistas.

O que diriam, porém, os defen- sores dos ministros que têm subido as escadas dos «históricos» ministé- rios, se soubessem um escandalo- síssimo farto praticado ha tempo no ministério da fazenda?

Dizei o, será talvez arrojado mas a consciência «super omnia».

Calarmos o que conhecemos per- feitamente, repugna-nos.

Eil-o pois: Quando, em 1886, uma das «re-

formeca8» (cujo fim era pôr os es- crivães de fazenda á mercê da poli- tica) começou a pôr-se em execu- ção, o popular Mané Chiné, f d'uma fornada», nomeou para logares ex- tinctos (!!!) galopins que no mes- mo dia obtiveram três despachos, e despachos que os elevou a uma cathegoria só mais tarde, obtida por indivíduos com serviços incon- testáveis.

Mas, com franqueza, o único cul- pado não foi o popular Mané Chi- né mas o compadre Chico.

Mais tarde desenvolveremos este eseaiida'o que os empregados fazen- darios deveriam apregoar, mas que infelizmente ha tempo calam... e quem cala.. . consente !

Só gritaram quando o illnstre ex-ministro Fuschini, com o intui- to de dar garantias deveras saluta- res ao funecionrrio publico, não se dobrava a aempenhocas» que cho- viam como praga de gafanhotos obsecando o corrupto meio da po- litica indigena.

Emtím, caprichos dos habitantes d'este paiz á beira-mar plantado... «.

Uma queda real Não se assustem caros leitores. A sr." D. Maria Pia, extremosis-

sima mãe do nosso augusto so- berano, quando hontem subia pa- ra o wagom que a conduziria ao Estoril, faltou-lhe o pé... e zásl deu uma pequenina... queda. Di- ligenciando informar bem os nos- sos leitores, immediatamente for- mos saber do c8so. sendo-nos di- to que a sr.* D. Maria Pia, ape- nas soffrera o susto.

Ainda bem...

Realisou se honlem o funeral do sr commissario de policia Baltha- zar.

A offleialidade de infanteria n.° 5, achava-se representada pelos srs. major Silva, capitães Judiei. Xavier, tenente-njudante Libano e aspirante João Climaco.

Foi uma homenagem que offi- ciaes daquelle regimento quizeram prestar ao fallecido, que era irmão do reverendo cónego Balthazar, capelão d'aquelle regimento.

BRAZIL Continuam a ser contradictorias

as noticias sabidas sobre o estado da Republica sul-americana. Os te- legrammas. de diversas precedên- cias, umas politicas í outras bol- sistas ainda desnorteiam mais a opinião, que continua indecisa, sem prever qual será o flm d'uma si luacão cuja causa ainda não está perfeitamente definida

A Havas. no seu laconismo, mis- tura á sua moda as coisas como quer; e as centenas de noticias en- viadas do Londres, de Paris e d'ou- tros centros d'exploração bolsista, teem dado ao movimento revolu- cionário brazileiro um caracter puramente explorador.

Por cá a nossa imprensa, tem dito coisas curiosas sobre o caso, bordando-as de considerações que, quando não são suggestivas, são risíveis.

Pela nossa parte, diligenciare- mos sempre ser imparciaes na apre- ciação d'esses acontecimentos que tanto estão, agora mais que nun- ca oceupando as attenções de to- dos aquelles que seguem os acon tecimentos d'esta ordem e que amam a terra brazileira. da qual, no seu estado normal, tanto ha a esperar.

Limitar-nos-hemos, pois, afora a apreciação conscienciosa d'esses acontecimentos e á critica ainda mais conscienciosa de alguns arti- gos a que a imprensa brazileira se tem referido a nós. á publicação dos telegramraas que, de todas as procedências acreditai eis nos fo- rem dirigidas,

A Havas diz-nos hoje que o al- mirante Saldanha da Gama pediu aos representantes da França, da Itália e da Inglaterra que o reco- Dhecessem como belligeraute e que o governo legal continua prenden- do a torto e a direito quem des- confia lhe não seja fiel. Alem d'is- so diz ainda o mesmo telegramma. que teem sido presos alguns es- trangeiros suspeitos e que teem fundamento as dissidências entre Saldanha da Gama e Custodio, tendo este tentado sublevar dois regimentos da guarda nacional, o que não conseguiu.

Uma pergunta nossa: Quantas vezes tem a liavas dito isto?

Cremos, porém, que a situa- ção ditlnitiva depende do almirante americano Benham, que é, hoje em dia, o Czar da cantata inter- nacional.

N'um* carta sentimentalista que a Batalha hontem publicou, o dr. Alves da Veiga reeusa-se figurar na lista dos deputados que os re- publicanos apresentam ás eleições. E' pena. Sua ex.', cujo talento o publico conhece, teria occasião, caso fosse eleito, de mostrar no parlamento o seu vigor oratório e argumentador.

AS EXTIMTAS ASSOCIAÇÕES Segundo nos consta as associa-

ções dissolvidas vão continuar as suas peregrinações ao paço real.

E' seu propósito, protestarem junto da altíssima pessonalidade do rei; contra a contribuição in- dustrial.

Continuam no caminho que en- cetaram; e, a nosso vér os re- sultados não serão corvados a contento dos seus bons desejos. Mas, a nossa opinião nenhum va- lor terá, e avante.

O esclarecido espirito do nosso rei, é bom indicio para que depois da apresentação do seu protesto, segundo diz uma folha da noute, puramente monarchica, recebe- rem como resposta, a trevial e ja- mais extincta allocução real: Eu terei na devida consideração a

supplica dos meus súbditos, pe- rante a pessoa dos meus minis- tros.

Quanto á obra vederemo e do- po palaremo. .«. ■

Grande explosão—morte No dia 2 de corrente, na occa-

sião em que estava recebendo li- ções do pyrntechnico nespanhol José Lopes Fernandes, o fogueiro d'uma fabrica de pyrotechnica na Ilha de S. Miguel, Raymundo Sil- va Espingardo, de Coimbra; ex- plodiu a dita fabrica, morrendo despedaçado o mesmo fogueteiro.

— ♦ Alguns jornaes noticiam que o

sr. Jayme Artur da Costa Pinto, (vulgo Costa Pimpão), foi encarre- gado por sua mage^tade el rei de indagar quaes as circumstancies em que se encontram as famílias dos náufragos da canoa de Cas- caes.

Tal commissão tem por flm soc- correr convenientemente essas vi- ctimas da fatalidade.

O Jayme está cada vez mais pim- pão... Elle lá se entende...

NOVIDADE^ Foram nomeados para servir na

divisão naval d'afri«-a oriental os 2." tenentes Alfredo Pereira Caça dor e José Maria do Silveira Es- trell i.

—Foram querellarios seguintes jornaes; Dia. Correio da Noite. Correio da Tarde liatutha. Van- guarda, Nação e Tempo.

Dos artigos querellados do Dia assumiu a responsabilidade o sr. Gomes da Silva; dos do Correio da Noite o revisor; dos do Correio da Tarde o editor; dos da Batalha o sr. Feio Terenas, dos da Van- guarda o sr. Alves Correia; da Nação o editor, não se sabendo ainda quem assumirá a responsa bilidade dos artigos do Tempo.

—Reuniu hoje a commissão de vereadores encarregada da revisão do orçamento da camará munici- pal de Lisboa, para o actual anno civil.

—O sr. conde de Paraty, 1." se- creturio da nossa legação no Rio de Janeiro, partiu hoje para aquel- la cidade a bordo do paquete Por- tugal.

—Vae pedir a sua exoneração o sr. dr. Appolinario Borja Galvão, administrador da Covilhã.

—Houve hoje assign tura real. —Parte no dia 29 para a Africa

Oriental o nosso amigo Alfredo Pe- dreiro Caçador, digníssimo 2.° te- nente da armada.

—Regressou á capital o sr. go- vernador civil de Évora. Como es- tão em projecto as eleições, faze- mos votos para que o seu estado de saúde... não soffra alteração.

—Correm boatos que o illustrado dr. Malheus, governador civil das gentes algarvias, vae ser demitti- do (?) do seu altíssimo cargo, antes das desejadas eleições.

Nós bem sabemos o que são ne- cessidades da vida.

—OTempo escrevendo sobre a cau- sa da revolta dos povos de S. Vi- cente da Beira grita contra a for- mação das matrizes no nosso paiz.

Pois ainda ha alguém que ignore como escrivão de fazenda arranja as matrizes?

Quem cuidasse que o actual mi- nistério depois da recomposição continuada na senda de medidas acertadas com que iniciou a sua administração, enganou-se redon- damente,

E a prova vem na cessação de exercício das commissões en-

ADMINISTRADOR

LEONEL LOPES PEREIRA

Assignatura (pagamento adiantado) Lisboa, 3 mezes J&85o Províncias e ilhas adjacente» 3

mezes $900 Províncias ultramarinas c Hes-

panha, 3 mezes 1&200 Nos demaia paizes da União

Postal, 3 mezes jftooo

ADMINISTRACÇÁO

§3—Calçada do lliii|iie — o3

carregadas da avaliação aos pré- dios, facto com que o Mazombo assignalou a sua entrada para o ministério da fazenda.

Dezenganem-se- os que vivem d'illu-ões — só pagam os pobres, só pana quem quer.

Se todos contribuíssem propor- cionalmente, o paiz viveria desa- fogado e não seria necessário e aggravamento d'impostos.

A machina eleitoral, porém, pre- ci-a montar se e o carbonio é for- necido pelo grande. O pequeno contenta-se com saborear o car- neiro com balatas e caso lhe enjoe esta comid8 os cozinheiros políti- cos preparam lhe o peixe espada que as sopeiras ensinam a frigir aos guardas municipaes.

E' tudo assim nVsta terra. Põe-se o estômago de preferen-

cia á consciência. —O sr. Luiz Eugénio Leitão te-

ve hontem uma conferencia com o sr. ministro da fazenda tratan- do-se,se gundo nos consta da ques- tão ainda pendente—a attitude do commercio.

—O nosso prezado collega do Correio da Noite publicou hontem um artigo notável. A Sua Mages- tade El rei o sr. D. Carlos í. fri- sando « proclamação do Impera- dor o Rei D. Pedro IV dirigida á nação portugueza em 1828, a pro- pósito de varias illegalidades_cons- titucionaes, como a dissolicção das camarás e a não convocação im- mediata d'outras. O exemplo his- tórico é d'aproveitar. porque é de casa.

—'Regressaram a Lisboa os srs. ministros dos estrangeiros e das obras publicas, o primeiro vindo d'Alcantara, o segundo de Cintra a Cascaes, onde foi recebido com enthusiasmo.

— Os delegados da associação industrial e commercial acham-se reunidos no escriptorio do sr. Eu- génio Leitão.

— Podemos afflrmar que o au- ctor do artigo que o nosso illustre collega Correio da Noite publicou, o qual foi quersllado pelo sr. Vei- ga, não é, como mailevolamente insinuava a Tarde, o ex."' sr. Jo- sé Luciano de Castro, e como hoje o Repórter pretendia commemorar o publico.

Como numa festa o bombo Hão de ser aqui tratados Quaesquer desequilibrados Sem poupar o seu Mazombo; V, se de má catadura Nas eleições ell'me pilha 1'onho o collega Fervilha Pelas ruas da amargura.

Agradam muito ao 'Bacoco Estas minhas intenções. E diz lá co'os seus botões : «Antes corridos a soíco Do que a simples piparote Os dois eu queria ver... Quer-lhes o sangue beber O Judas Iscaria:

Sentinell.i vigilante Esquece a tal ventoinha, A ingénua da Carlolinha Com a traição revoltante !... 'Steja embora p'lo seu lado 'Popular Mané-Chiné Meu ciumento tem fé Que has-de em breve ser vingado !

Ha tanto ingrato... abelhudo. . este mundo é assim...

Deixa correr o marfim... Faz festinhas ao Pencudo E mais ;io Menino-Gordo .'. . . Se não quer's por agua a ba'xo Ver a fugir o pennacho Evita algum desacordo!

MACRIçO-MVOPE.

p>

Lisboa-Anno Primeiro.-N.° I Numero avulso 10 réis Quinta feira 8 de fevereiro de 1894

ENDERESSO TELEGRAPHICO mm ADMINISTRADOR

PATRIA-LISBOA Jgft ^PM| IHi JIBt LEONEL LOPES PEREIRA

ANNUNCIOS E COMMUNICADOS ifeBÍ IH MBuL •dtoU^ S'a i* e 2.* pag. cada linha... 100 reis XfSílâ Áaf ttfcaSfc E«w D$« M^wl BH JlflV wBSflL Províncias e ilhas adjacente» 3 sra 3.* pag. cada linha 6o —âSjBL, ,«it.í<Sv»j JB|| JaBaW ■ffílfc&iÈ® WU& ViiJHb gAE^k B?|gWw iHHMfflWI mezes »goo Vnnuncios, cada linha 20 Bittttsfy tfíi&ávi.xí ÉsíSTÍ^H ■WH EBi3ÍaigsB BEgagKQ iaaagSB MM B&BBÍbM Províncias ullramarmas c Hcs-

Hfaaflj isJ/Sa*) QSSftáfli ■BBM flHWW wwainiiB» MMBtiBS "•«SSfâBl MB MBBBBB panha, 3 mezes 1&200 Nao se devolvem os ongmaes dirigidos a Nos demaia paizes da Uni5o edacçao e nao publicados. Postal, 3 mezes 2&000

n-t^T^-n JORNAL INDEPENDENTE ^

A PATRIA

Atravessamos uma quadra so- cial profundamente descrente, motivada pela ausência completa da sã energia dos fortes e da pu- ra convicção dos honestos. 0 des- regramento politico dalguns dos nossos homens públicos mais em evidencia, a desorganisação fla- grante tpie vai pela administra- ção do Estado, a desigualdade tributaria que descontenta em invejas abafadas, mas ju-tas, a população obreira do p.iiz, con- junctamente com mil desvarios de governos que sacrificam o bem da nação a caprichos ou si- necuras de cordel, tudo isto nos tem levado a esta apalhia morna e soez d anesthesiacos em que nos debatemos, ás vezes galvani- sados, n'uina chavasqueira ma- riada de negruras tétricas, que prevêem para uin povo. que foi glorioso e grande, austero e épi- co, annos de fundas e infelicíssi- mas preoccupações, um futuro proximo d'irritações intestinas e de malaventuradas consequências sociaes. O período actual, incerto em resultados proficientes e úteis, duvidoso de boas obras e de grandes dedicações, apresenta-se á nossa vista clara e imparcial, eivado d'immoralidades, prepon- derante em conveniências d'algi- beira, despresador e sceptico, ar- rotando cynismo d'accordo com fnnmaças d'histriao de circo, po- bre e petulante, querendo fazer o bem e fazendo o mal, pensan- do grandes obras e praticando ideias detestáveis.

N'este momento agonioso em que a nação porlugueza se deve exforçarpela sua regeneração fi- nanceira, em que lodos devem pen>ar em meios de salvação e em providencias, neste momen- to histórico da desgraça e do desanimo, não será nunca de mais a publicação d'um novo jor- nal, energia nas suas convicções politicas, seguindo a politica li- beral dos paizes constilucionaes, julgando com auctoridade e des- mentindo imparcialmente. A Pa- tria tem a pretensão de vir á luz n'uin momento solemne como es- te.A sua acção moral, quanto em si couber, será honesta e digna, guardada pela innocencia da no- va penna, e pela virgindade das nossas convicções. A nossa poli- tica, já a demos a entender, é a da nossa consciência, para que todos a julguem bem, está alheia a corrilhos de cortina e influen- cia eleitoral. Seremos pela patria, contra todos que a tráiam, con- tra tudo que a ameaça e deslion- ra. Independentes como quem nada deve, altivos como quemé

forte, por sincero no que escre- ve, não recuaremos na missão que nos impozemos, que a cha- mos justa e digna d'estes tem- pos de desanimo e da descrença.

Grandes dedicações — eis do que precisamos.

Parte no dia 13 para Lourenôo Marques, o sr. Manoel Neves de Figueiredo, illustre proprietário e negociante

ESCÂNDALO Diacutiu-se de vários modos e

feitios a conferencia que e sr. Fus- chini fez na Liga Liberal. Ao lado de vários preconceitos mesquinhos, houve algumas opiniões acertadís- simas e que manifestam a indepen- dência de caracter d'alguns dos nossos jornalistas.

O que diriam, porém, os defen- sores dos ministros que têm subido as e8cadasdos «históricos» ministé- rios, se soubessem um escandalo- síssimo facto praticado ha tempo no ministério da fazenda ?

Dizei o, será talvez arrojado mas a consciência «super omnia».

Calarmos o que conhecemos per- feitamente, repugna-nos.

Eil-o pois: Quando, em 1886, uma das «re-

formecas» (cujo tira era pôr os es- crivães de fazenda á mercê da poli- tica) começou a pôr-se em execu- ção, o popular Mané Chiné, «d'uma fornada», nomeou para logares ex- tractos (!!!) galopins que no mes- mo dia obtiveram tres despachos, e despachos que os elevou a uma cathegoria só mais tarde, obtida por indivíduos com serviços incon- testáveis.

Mas, com franqueza, o único cul- pado não foi o popular Mané Chi- né mas o compadre Chico.

Mais tarde desenvolveremos este eseanda'o que os empregados fazen- darios deveriam apregoar, mas que infelizmente ha tempo calam. .. e quem cala.. . consente !

Só gritaram quando o illnstre ex-ministro Fuschini, com o intui- to de dar garantias deveras saluta- res ao funccionrrio publico, não se dobrava a «empenhocas» que cho- viam como praga de gafanhotos obsecando o corrupto meio da po- litica indigena.

Emfim, caprichos dos habitantes d'este paiz á beira-mar plantado...

Uma queda real Não se assustem caros leitores. A sr.* D. Maria Pia, extremosis-

sima m5e do nosso augusto so- berano. quando hontem subia pa- ra o wagom que a conduziria ao Estoril, faltou-lhe o pé... e zásl deu uma pequenina... quéda. Di- ligenciando informar bem os nos- sos leitores, immediatamente fór- mos saber do esso. sendo-nos di- to que a sr.* D. Maria Pia, ape- nas sotTrera o susto.

Ainda bem...

Realisou se hontem o funeral do sr commissario de policia Baltha- zar.

A otílcialidade de infanteria n." 5, achava-se representada pelos srs. major Silva, capitães Judiei, Xavier, tenente-ajudante Libano e aspirante João Clímaco.

Foi uma homenagem que ofíl- ciaes d aquelle regimento quizeram prestar ao fallecido, que era irmão do reverendo conego Balthazar, capelão d'aquelle regimento.

BRAZIL Continuam a ser contradictorias

as noticias sabidas sobre o estado da Republica sul-americana. Os te- legrammas. de diversas procedên- cias, umas politicas é outras bol- sistas ainda desnorteiam mais a opinião, que continua indecisa, sem prever qual será o flm d'uma si iuaçâo cuja causa ainda não está perfeitamente definida

A Havas. no seu laconismo, mis- tura â sua moda as coisas como quer; e as centenas de noticias en- viadas do Londres, de Paris e d'ou- tros centros d'exploração bolsista, teem dado ao movimento revolu- cionário brazileiro um caracter puramente explorador.

Por cá a nossa imprensa, tem dito coisas curiosas sobre o caso, bordando-as de considerações que, quando não são suggestivas, são risíveis.

Pela nossa parte, diligenciare- mos sempre ser imparciaes na apre- ciação d'esses acontecimentos que tanto estão, agora mais que nun- ca occupando as attenções de to- dos aquelles que seguem os acon tecimentos d'esta ordem e que amam a terra brazileira. da qual. no seu estado normal, tanto ha a esperar.

Limitar-nos-hemos, pois, afora a apreciação conscienciosa d'esses acontecimentos e á critica ainda mais conscienciosa de alguns arti- gos a que a imprensa brazileira se tem referido a nós. á publicação dos telegrammas que, de todas as procedências acreditareis nos fo- rem dirigidas,

A Havas diz-nos hoje que o al- mirante Saldanha da Gama pediu aos representantes da França, da Italia e da Inglaterra que o reco- nhecessem como belligeraute e que o governo legal continua prenden- do a torto e a direito quem des- confia lhe não seja fiel. Alem d'is- so diz ainda o mesmo telegramma. que teem sido presos alguns es- trangeiros suspeitos e que teem fundamento as dissidências entre Saldanha da Gama e Custodio, tendo este tentado sublevar dois regimentos da guarda nacional, o que não conseguiu.

Uma pergunta nossa: Quantas vezes tem u Havas dito isto?

Cremos, porém, que a situa- ção difinitiva depende do almirante americano Benham, que é, hoje em dia, o Czar da cantata inter- nacional.

N'umi carta sentimentalista que a Batalha hontem publicou, o dr. Alves da Veiga recusa-se figurar na lista dos deputados que os re- publicanos apresentam ás eleições. E' pena. Sua ex.', cujo talento o publico conhece, teria occasião, caso fosse eleito, de mostrar no parlamento o seu vigor oratorio e argumentador.

AS EXTIJÍCTAS ASSOCIAÇÕES Segundo nos consta as associa-

ções dissolvidas vão continuar as suas peregrinações ao paço real.

E' seu proposito, protestarem junto da altíssima pessonalidade do rei; contra a contribuição in- dustrial.

Continuam no caminho que en- cetaram; e, a nosso vér os re- sultados não serão corvados a contento dos seus bons desejos. Mas, a nossa opinião nenhum va- lôr terá, e avante.

O esclarecido espirito do nosso rei, é bom indicio para que depois da apresentação do seu protesto, segundo diz uma folha da noute, puramente monarchica, recebe- rem como resposta, a trevial ejá- mais extincta allocução real: Eu terei na devida consideração a

supplica dos meus súbditos, pe- rante a pessoa dos meus minis- tros.

Quanto á obra vederemo e do- po palaremo.

Grande explosão—morte • No dia 2 de corrente, na occa-

sião em que estava recebendo li- ções do pyrotechnico hespanhol José Lopes Fernandes, o fogueiro d'uma fabrica de pyrotechnica na [lha de S. Miguel, Raymundo Sil- va Espingardo, de Coimbra; ex- plodiu a dita fabrica, morrendo despedaçado o mesmo fogueteiro.

ALuns jornaes noticiam que o sr. Jayme Artur da Costa Pinto, (vulgo Costa Pimpão), foi encarre gado por sua mage^tade el rei de indagar quaes as circumstancias em que se encontram as famílias dos náufragos da canôa de Cas- caes.

Tal commissâo tem por flm soc- correr convenientemente essas vi- ctimas da fatalidade.

O Jayme está cada vez mais pim- pão... Elie lá se entende...

NOVIDADES

Foram nomeados para servir na divisão naval d'afriea oriental os 2.°* tenentes Alfredo Pereira Caça dor e José Maria do Silveira Es- trella.-

—Foram querellados seguintes jornaes; Dia. Correio da Noite. Correio da Tarde Batalha. Van- guarda, Nação e Tempo.

Dos artigos querellados do Dia assumiu a responsabilidade o sr. Gomes da Silva; dos do Correio da Noite o revisor; dos do Correio da Tarde o editor; dos da Batalha o sr. Feio Terenas, dos da Van- guarda o sr. Alves Correia; da Nação o editor, não se sabendo ainda quem assumirá a responsa bilidade dos artigos do Tempo.

—Reuniu hoje a commissâo de vereadores encarregada da revisão do orçamento da camara munici- pal de Lisboa, para o actual anno civil.

—O sr. conde de Paraty, 1." se- cretario da nossa legação no Rio de Janeiro, partiu hoje para aquel- la cidade a bordo do paquete Por- tugal.

—Vae pedir a sua exoneração o sr. dr. Appolinario Borja Galvão, administrador da Covilhã.

—Houve hoje assign tura real. —Parte no dia 29 para a Africa

Oriental o nosso amigo Alfredo Pe- dreiro Caçador, digníssimo 2." te- nente da armada.

—Regressou á capital o sr. go- vernador civil de Évora. Como es- tão em projecto as eleições, faze- mos votos para que o seu estado de saúde... não soffra alteração.

—Correm boatos que o illustrado dr. Matheus, governador civil das gentes algarvias, vae ser demitti- do (?) do seu altíssimo cargo, antes das desejadas eleições.

Nós bem sabemos o que são ne- cessidades da vida.

—OTempo escrevendo sobre a cau- sa da revolta dos povos de S. Vi- cente da Beira grita contra a for- mação das matrizes no nosso paiz.

Pois ainda ha alguém que ignore como escrivão de fazenda arranja as matrizes?

Quem cuidasse que o actual mi- nistério depois da recomposição continuat a na senda de medidas acertadas com que iniciou a sua administração, enganou-se renoti- damente,

E a prova vem na cessação de exercicio das commissões en-

carregadas da avaliação aos pré- dios, facto com que o Mazombo assignalou a sua entrada para o ministério da fazenda.

Dezenganem-se- os que vivem d'íllu-õ*s — só pagam os pobres, só pana quem quer.

Se todos contribuíssem propor- cionalmente, o paiz viveria desa- fogado e não seria necessário e aggravamento d'impostos.

A machina eleitoral, porém, pre- cisa montar se e o carbonio é for- necido pHo grande. O pequeno contenta-se com saborear o car- neiro com balatas e caso lhe enjôe esta comida os cozinheiros políti- cos preparam lhe o peixe espada que as sopeiras ensinam a frigir aos guardas municipaes.

E' tudo assim nVsta terra. Põe-se o estomago de preferen-

cia á consciência. —O sr. Luiz Eugénio Leitão te-

ve hontem uma conferencia com o sr. ministro da fazenda tratan- do-se,se gundo nos consta da ques- tão ainda pendente—a attitude do commercio.

—O nosso prezado coltega do Correio da Noite publicou hontem um ariLo notável. A Sua Mages- tade El rei o sr. D. Carlos 1. fri- sando a proclamação do Impera- dor o Rei D. Pedro IV dirigida á nação portugueza em 1828, a pro- posito de varias illegalidades cons- titucionaes, como a dissolução das camaras e a não convocação im- mediata d'outras. O exemplo his- tórico é d'aproveitar, porque é de casa.

— Regressaram a Lisboa os srs. ministros dos estrangeiros e das obras publicas, o primeiro vindo d'Alcantara, o segundo de Cintra a Cascaes, onde foi recebido com enthusiasmo.

— Os delegados da associação industrial e commercial acham-se reunidos no escriptorio do sr. Eu- génio Leitão.

— Podemos aíílrmar que o au- ctor do artigo que o nosso illustre collega Correio da Noite publicou, o qual foi querellado pelo sr. Vei- ga, não é, como mailevolamente insinuava a Tarde, o ex."0 sr. Jo- sé Luciano de Castro, e como hoje o Reporter pretendia commemorar o publico.

WABÔTES

Como n'uma festa o bombo Hão de ser aqui tratados Quaesquer desequilibrados Sem poupar o seu Mazombo; E se de má catadura Nas eleições ell'me pilha 1'onho o collega Fervilha Pelas ruas da amargura.

Agradam muito ao "Bacoco Estas minhas intenções. E diz lá co'os seus botões: «Antes corridos a socco Do que a simples piparote Os dois eu queria ver... Quer-lhes o sangue beber O Judas Iscariote /»

Sentinella vigilante Esquece a tal ventoinha, A ingénua da Carlotinha Com a traição revoltante !... 'Steja embora p'lo seu lado 'Popular Mané-Chiné Meu ciumento tem fé Que has-de em breve ser vingado !

Ha tanto ingrato... abelhudo. . Mas... este mundo é assim... Deixa correr o marfim... Faz festinhas ao Pencudo E mais ao Menino-Gordo.'. . . Se não quer's por agua a ba'xo Ver a fugir o pennacho Evita algum desacordo!

Magkiço-Mvope-

Page 2: A PÁTRIApurl.pt/22825/4/598254_PDF/598254_PDF_24-C-R0150/598254_0000_1-4_t... · ção do Estado, a desigualdade ... (nnmaças d'histrião de circo, po- bre e petulante, ... Jayme

to-.- A. PÁTRIA

0 CARNAVAL Passou como castuma a época

annual em que a doidice fingida d'este povo se alarga em suas mas- cavadas expressões, nas salas e nas ruas. A estupidez suina que nos caracterisa a todos, essa loucura falsa que queremos mostrar mas que nào temos, estas duas coisas que sâo a base do carnaval lis- boeta nào excederam ás dos annos anteriores.

Nas ruas, as gentes gosaram as parodias das janellas, e as pobres costureiras a quem o feijão cor- rompe o sangue e esverdeia a cara, bisnagaram os caixeiros, e estes as bellas dos seus sonhos.

Nos altos centros do luxo e do horisontalismo, subida de ponto a força algibeiral, desenvolveu se mais a fúria do prazer. Os meni nos do Turf largaram por um pou- co o panno verde e vieram para as suas janellas de velludo carme- zim desenvolver essa agilidade es- tudada nos livros francezes e afran cezados. Atiraram coccotes aos olhos dos transeuntes, o que é contrario á ordem das cousas, mas que é passavel se attendermos ao estado de anarchia em que tudo isto vae. Ao Turf competiu, como primeiro centro da doidice hilarc e «lo fagote dasportmania, a iniciação da brinca- deira. O Chiado tornou se num pequeno recanto das grandes ave- nidas de Paris, e isto só se deve, pode-se affirmar sem contestação, á troupe de vencidos da vida e da

,beira que são. em Portugal, é melhor dizer, no espaço que vae d:i rua de S. Roque aos Colyseus e aS Carios. 0 ntantes duma <.,,,. a língua portuguesa ainda nào deu nome, o que é de grande vantagem, porque, sem no-

estrangeiros, todas estas ques- tões de sport perderiam aos olhos indígenas o encanto oriental que provocam.

Fora do Chiado e da Avenida, o resto foi. pelas ruas, o mesmo de outros annos. A's janellas as mun- danas de nome e de registo policial atiraram áqnelles que passavam a

..cheia de tremoços, a ver se rendia alguma coisa. Os janotas médios metteram se em typoias e correram seca e méca, alegres,

E, na Avenida, a batalha bisna- gueiral foi uma coisa d'estrondo e

pavento, que teve o condão de,. m de despejar as algibeiras

d'aquelles que trabalharam, provo- car a venda em grande escala do óleo de ligado de bacalhau que é, hoje em dia, o appendice indispen- sável das donzellas que bisnagam e querem que as bisnaguem.. -

A realeza em peso passeou em seus caleches sumptuosos a rir-se da parodia. El-rei foi mimosiado com cocottes o que provocaria a sua es- posa algum ciúme ardente. Chapel- ladas por aqui e acolá, chegaram ao paço todos bisnagados, tremoçados eacocotteados, mas com a nítida con- vicção de que o seu povo é um povo de carnaval. Era ver como El-rei, famoso e babylonico, um sorriso en- cantador nos lábios reaes, deitava para todos um pedaço da sua at- tenção, com essa elegantíssima ex- pressão de rei romano. E o com- mercio, o commercio achava graça, sorria e cumprimentava.. .

A' noite, pelos bailes, cuja força é sem duvida alguma, o horisonta- lismo de cabello loiro a dez tostões o frasco e a agua circassina, reinou a serpentina, a cocottee a bisnaga. Em S. Carlos a coisa foi mais fina. Raphael Bordallo, o grande dese- nhador portuguez, o verdadeiro ca- ricaturista original, traçou, com en- canto genial, umas figuras curiosas dos primeiros dilletantes d opera. Nos camarotes houve por bem mos- trar-se tudo o que figura nos cor- neis mundanos dos jornaes do mundo d'alta gomma.

Toilettes parisienses, carnes tul- vas onde a luz eléctrica punha ir-

radiações tentadoras, sorrisos estu- ; dados, etc , etc. Quando o baile co- meçou o aspecto da salla dava assim a vaga ideia d'uma noite d'opera em Paris, ou d'um baile dos roman- ces de Balzac. A pouco e pouco, porém, os camarotes devolutos, a animação murcha, tudo principiou a debandar a deixando a salla a meia dúzia de farrucos que davam, aquel- la horae n'aquelle estado, uma ima- gem de pandega avinhada do Da- fundo.

Sahimos e fomos á Trindade; 4 horas já. Dançava-se ainda, e tudo o que o Arco do Bandeira e o Bair- ro Alto tem de mais distincto, alli mostrava e desenvolvia ainda a ver- ve e a palhaçada que o vinho pro- duz.

Sahimos, um frio penetrante, a bater-nos na cara. Uns vultos nas esquinas, marujos a vomitarem, ra- meiras a cantar obscenidades Ha- via, n'aquella hora, não sei que tris- teza enervante pelo espaço, uma tristeza enorme, como um grande pezo a esborrachar a alegria fictí- cia que algumas horas antes dava pinchos.

Ao fundo da rua do Alecrim en- contramos um poeta amigo que se ia entregar aos cândidos lençoes. E, o poeta, sacando d'algibeira um masso d'impres808 de telegrammas repletos de letras, leu-nos, á luz de um candieiro, um telegramraa que havia recebido dum outro poeta bohemio e reinadio Dizia assim :

«Nào ignoras, poeta amigo, a es- perança que tenho de vira ser pre- sidente de conselho e de te fazer, attenta a tua capacidade iutelle- ctual, ministro dVssa situação, que tu empolgarias com a mesma faci- lidade com que empolgas as don- zellas sensitivas. Para isso, é, po- rém, necessário que allies á capa- cidade mental a algibeiral, e que a proves já, mandando me cinco mil réis, sem os quaes eu morrerei de tédio n'estes dias de pagode, o que é um crime de lesa-parodia.»

Sorri-me e achei graça. Para se convencer alguém, é ne-

cessário cantata algarvia, demora- da e d'e8pavento, disse nos o poeta, despedindo-se.

E fomos para casa a magicar seriamente n'essa phrase do amigo. El la, resume, por assim dizer, to- da a historia politica d'estes Julti- mos tempos.

CantatB, e o resto está seguro. C. P.

■•

Banco Commcraal de Lislioa Es*A em pagamento o dividendo

de 4:000 por acção do Banco Com- mercial de Lisboa.

—— ■•-

Liverpool, 5, t.— Houve novo conflicto entre inglezes e francezes no paiz de Saum. ficando mortos 1 francez e 5 indígenas que faziam parte da policia ingleza.

Suicídio ou crime? Na terça-feira appareceu boian-

do em frente da alfandega, o ca- dáver de um individuo cuja iden- tidade não foi reconhecida.

Depois de comparecer o respe- ctivo juiz de paz, foi o corpo con duzido para o cemitério oriental.

Alguns jornaes deram noticia do caso, mas, abstendo-se de fazer commentarios. E até hoje não nos consta que a justiça tenha tentado desvendar o mysterio que este caso encobre.

Seria bom que algumas provi- dencias se dessem.

FÀLLECIMENTO Falleceu hontem a ex."' sr.* D.

Henriqueta Amália de Mendonça Monteiro, tia do nosso presado col- lega da Tarde sr. Hygino de Men- donça.

A sua familia e ao nosso bom collega enviamos a expressão sin- cera da nossa condolência. ♦

Foi recolhido ao hospital de Ri- Ihafolles, Joaquim Maria Nogueira, que ao passar na Praça d'Armas foi atacado de alienação mental.

NalRN — Nos três dias de carnav a houve soirées em diversas casas parti- culares. Em casa de madame Btondel esposa do secretario da legação de França n'esta corte, houve na terça-fei- ra, sóirée masque que esteve concorri- dissima.

Assistiram as ex ™" sr." condessas de Villa Real e filhas, Sabugal e rilhas, de Jimenez e filhas, de Belgrano e Sabugo- sa, madame Veraeghe, madame de Ba- cherachi, madame Berti, D. Josefa San- doval de Vasconcellos, D. Maria Carlo- ta Pereira de Lencastre, D. Maria de Sousa Prego, D. Alice Franco Ribeiro, D. Marianna de Castro Guimarães, D. Maria e D. Thereza de Mello (Sabugo- sa) D. Izabel Oruellas, e outras cujos nomes nos não recordam.

Também houve soirêes em casa da ex.°" sr.* D. Virgínia Gomes de Amo- rim, e em casa do sr. conde de Azaru- jinha.

Chegada* c partida* — Está em Lisboa <> sr. Pereira de Castro.

Aniilv«T*ario«» — Fazem amanhã annos as ex.— sr." :

D. Marianna Cortez Falcão. D Henriqueta Chaves Roussado. D. Virgínia dOliveira Bastos. D. Jul«a de Andrade e Silva. li. Isolina Emilia Vieira de Mendonça. I). Sophia Cardoso Araújo. D. Angela Camelier.

E os srs :

Conde de Penafiel. Luiz Barreio. D. Luiz Maria Álvaro da Costa (Mes-

quitella). António Carlos Craveiro Lopes. Ernesto Augusto Xavier da Cunha. Sebastião Pereira da Cunha. Júlio Augusto Loureiro da Gama. Doente* —Continua a passar bas-

tante incommoda ia a esposa do nosso bom amigo \ntonio da Gama Lobo.

—Está melhor dos seus incommodos o nosso bom amigo o sr. Francisco An- tónio Baptista, digno major de infante- ria.

— Tem passado bastante iocommo- dado com uma angyna, o nosso illustre collega de redação'o sr. Almeida Cam- pos.

Fazemos votos para que o seu resta- belecimento se opere com brevidade.

CONDE RAUL.

A' IMPRENSA A todos os nossos collegas da

capital, rogatnos tt fineza da troca. ♦ Agora é que a pátria está salva! A requisição do austero e pa

trio/a juiz de Direito da comarca de Vizeu, foi preso em Lisboa o efractario Francisco dos Santo-.

que vae ser rem-ttido para aquelia cidade, para pagar o tributo de sangue aos seus p atroes reaes. ♦ ;

Amigos do alheio Foram hoje remettidos parajui

zo: José Bernardo. Eduardo Ju"° Rodrigues o Boquinhas, Alexandre Góes O hespanhol pequeno, José Justino O saloio. Lourenço dos San- tos Antunes 0 Pitosga, Carlos Francisco Marques O pintainho, José Pinto Correia, José da Costa Gil, O Qoes, Francisco Emygdio Maneta, José dos Santos Pinho O José da Rita e Joaquim d'Almeida. Estes indivíduos que teem já longo cadastro no registro policial, são aceusados de bastantes furtos, uso de chaves falsas, arrombamentos de portas e montras de vários es- tabelecimentos, etc. Eram os re- ceptadores d'estes roubos: Manuel Espinheira O padeiro, José Maria Alves Velho o Cambaio, Manuel de Medeiros, José Fernandez y Ro- driguez e António Joaquim Silva, único dos receptadores que é por- tuguez, porque os 4 restantes são gallegos.

O processo que acompanha estes criminosos é muito volumoso e contém a declaração de 18 roubos já confessados, alguns d'elles de bastante importância.

Os quatro primeiros gatunos des- empenharam um papel importante no crime do Bemformoso,ha pouco bastante fallado por toda a ira- prensa-

_ .*,

Carnaval em Madrid Estiveram esplendidas as festas

carnavalescas em Madrid. As mas caras eram em grande numero e a concorrência ao Prado, Recole- tos e Pasço de la Castellana nu- merosíssima.

A fila de trens parecia intermi-

nável; os do flm só poderam che- gar ao Pasço ao anoitecer.

Chamaram extraordinariamente a attenção dois grupos, um dos quaes representava o ministério presidido por Sagasta. O que fazia d'este personagem caminhava co- xeando. O outro grupo era de mar- roquinos vestidos com muita pro- priedade e presididos por um Mar- tinez Campos em caricatura.

Preseguições

Theatros e Colyseus

Entramos, sem duvida alguma, n'uma nova era de preseguiçôes e de sceDas cabralinas com que este governo conta para poder navegar no seu bergantim eleitoral, a cujo leme vae o sr. João Franco e por detraz o sympathico senhor das obras publicas. Além das querellas aos jornaes que fallaram as verda- des, querellas umas feitas e outras por fazer, o governo deliberou pas- sar uma revista moral e phisioliga aos ofiiciae8 dos regimentos da guarnição. O encantador e aueto- ritario ministro das guerras come- çou hontem essa revista pelos co- ronéis, tenente8-coroneis e majores, determinando que hoje faria o mes- mo aos capitães, tenentes e alfe- res.

Anda, pois, o nosso exercito em outra pagodeira a satisfazer capri- chos bellicosos de quem quer que seja, prestando-se a mafarricadas indecentes, que deslustram a farda qua vestem e que, por tantos mo- tivos, devia ser uma das coisas que o governo mais teria a respeitar. Nào nos admiramos. Vivemos n'uma época em que manda quem se quer divertir e obedece quem se qner continuar a divertir. Estamos n'um tal estado de desiquilibrio mental que vamos vivendo da mes- ma maneira como poderíamos fazer uma outra coisa. Perdido o tacto patriótico, afundados nas lamas indecentes dos syndicatores políti- cos e financeiros os caracteres mais salientes d'esta terra sem vergo- nha, entregue a direcção dos ne gocios d'estado a um bando de ho- mens de que a chronica de alguns faria caras á cocotte mais indecoro- sa, arrastados pela lama os restos d'um brio que nos restava, esfran- galhada uma coisa que nos lega- ram nossos avós—a decantada Car- ta da Constituição que era ainda uma coisa em que se podia con- tar,—nós somos um bando de fa- mintos sem vergonha, e mere mos mais do que temos.

O povo não tem, hoje em dia, coragem senão para o feijão e para os toiros. Vive como um somnam- bulo e come como um burro, scis- matico mal voraz. E' comprehensi- vel este seu estado, se attendermos á descrença geral que por ahi la- vra. Mas é necessário que elle saia d'esse estado com a esperança, com a convicção, emfim, de que não pôde continuar assim. ♦

DPU hontem entrada em Rilhafol- les Maria Amélia, que habita a loja do prédio n.° 33, da rua do Fer- nandes Thomaz. A desgraçada tem a monomania da riqueza.

D'esta doença teem sido ataca- dos mais ou menos os nossos go- vernantes. .. Em politica é molés- tia contagiosa...

0 palhaço Antonet Foi preso na Avenida, em terça

feira de carnaval, o conhecido pa- lhaço Antonet, do circo da Ribeira Nova, por ter a audácia truanesca de alvejar com uma cocotte o sr. sub-inspector Amorim, resistindo â auetoridade e fracturando a ca- beça do dito senhor. O que franca- mente, não comprehendemos, foi a rasão porque a policia consentiu que o publico se bombardeasse e magoasse com as cocottes, quando havia editaes prohibindo-as, e só se lembrasse de prender um con- trafactor, quando alguém lá de ca- sa foi feito alvo.

Abrindo em o nosso jornal esta secção dedicada aos assumptos theatraes, nós só teremos em mira o tratarmos imparcialmente todas as questões que lhe digam respei- to. Não obedeceremos a nada que não seja justo, e não seguiremos pessoas ou opiniões particulares.

Seremos francos e sinceros na apreciação dos factos que se de- rem, tendo sempre applausos para aquelles que os mereçam, aueto- res e actores, e a reprovação des- assombrada, mas leal para os mes- mos, quando tal fôr necessário.

Estas palavras eram necessárias para definir a nossa situação na critica.

—Em D. Maria, a mesma porção d'actores-pmprezarios continua a dar nos sempre, para variar, é cla- ro, a caterva afrancezada das pe- ças que deleitara o publico avis- condessado que, três por semana, vae diferir, das 8 ás 11, o menu do Kalendario.

—Vae em andamento a peça do sr. Alberto Braga, A Irmã, cujo desempenho está entregue aos me- lhores actores normaes...

Lembra a phrase mathematica da proporção: isto para aquillo, assim como aquillo para a;. . Isto é a peça. aquillo os actores, e o x o resultado da peça...

S. CARLOS. —H-je canta-se a opera de Poceinl Manon Lescant, que não se ponde ouvir na pri- meira audicção, por causa das brincadeiras carnavalescas.

AVENIDA.—Continua agradando immenso a revista dos srs. Marce- lino de Mesquita e Gualdino Go- mes, A Toirada. H je la está ella na presença do publico illustrado, come d'z ai:

PRÍNCIPE REAL.—Para beneficio do estimado a :l r C >-ta. está-se ensaiand i n'este th atro o drama •'iii 7 quadros de G '. s Oiinet, Le gr and mwniere. A traducção é feita peU sr.* D. Guiomar Tor- rezão, e a distribuição dos princi- paes pap-is esta > confiados aos actores Costa, Posser, Valle. Pato Moniz, Lima. Am li i Y. ira, Ade- lina Ruas

REAL COLYSEU -II je é a pe- núltima recita em que toma parte o celebre illusionista mr. Oiiofroff. E' de prever uma casa á cunha.

RATO. — O Olarè quem brinca, continua agradando extraordina- riamente. o

Paris, 6, t. — O presidente Car- not, presidiu hoje â reunião do concelho de ministros. .*.

0 fim (Tira frade ciumento Segundo noticias recebidas de

Napoies, foi assassinado na quarta feira 31 de janeiro, na igreja de S. Vicente cella Sanita um amanuense da egreja catholica.

O caso passou-se da seguinte for- ma :

Uma joven formosa, e filha d'uma familia decente, tinha-se apaixonado por um meigo frade de convento, dos anedores da cidadã, paixão essa que era redebida e correspondida por Santos.

Esta paixão devoradora durou algum tempo em segredo ; mas nada se faz que se nào saiba, e o amor dos dois pombinhos foi publicamente descoberto por um outro frade que em silencio idolatrava a formosa menina.

Sentido roer-lhe no coração um ódio damnado pelo rival, procurou a rapariga afim de a convencer a separar-se do collega; mas como ella não estivesse pelos ajustes, o sr. Juan tratou de divulgar o se- gredo dos amores do frade com a joven.

Em poucas horas toda Napoies sabia a escandalosa paixão que li- gava os dois amantes.

Vendo descoberto o seu amor, e portanto a sua deshonra, a rapariga jurou vingar-se na data citada, na occasião em que frade dizia missa na igreja de S. Vicente cella Sani- ta, a joven apunhalou-o caindo-lhe aos pés redondamente morto.

O que dizem a isto os srs. pa- dres ?

O CARNAVAL

Passou como castuma a época annual em que a doidice fingida d'este povo se alarga em suas mas- cavadas expressões, nas salas e nas ruas. A estupidez suina que nos caracterisa a todos, essa loucura falsa que queremos mostrar mas que nào temos, estas duas coisas que são a base do carnaval lis- boeta não excederam ás dos annos anteriores.

Nas ruas, as gentes gosaram as parodias das janellas, e as pobres costureiras a quem o feijão cor- rompe o sangue e esverdeia a cara, bisnagaram os caixeiros, e estes as bellas dos seus sonhos.

Nos altos centros do luxo e do horisontalismo, subida de ponto a força algibeiral, desenvolveu se mais a fúria do prazer. Os meni nos do Turf largaram por um pou co o panno verde e vieram para as suas janellas de velludo carme - zim desenvolver essa agilidade es- tudada nos livros francezes e afran cezados. Atiraram coccotes aos olhos dos transeuntes, o que é contrario á ordem das cousas, mas que é passavel se attendermos ao estado de anarchia em que tudo isto vae. Ao Turf competiu, como primeiro centro da doidice hilare e do fagote da8portmania, a iniciação da brinca- deira. O Chiado tornou se 11'um pequeno recanto das grandes ave- nidas de Paris, e isto só se deve, pode-se affirmar sem contestação, á troupe de vencidos da vida e da algibeira que são, em Portugal, é melhor dizer, no espaço que vae da rua de S. Roque aos Colyseus e a S. Carlos, os representantes d'uma coisa a que a língua portugueza ainda não deu nome, o que é de grande vantagem, porque, sem no- mes estrangeiros, todas estas ques- tões de sport perderiam aos olhos indígenas o encanto oriental que provocam.

Fora do Chiado e da Avenida, o resto foi, pelas ruas, o mesmo de outros annos. A's janellas as mun- danas de nome e de registo policial atiraram áquelles que passavam a mào-cheia de tremoços, a ver se rendia alguma coisa. Os janotas médios metteram se em typoias e correram séca e méca, alegres, talvez.. .

E, na Avenida, a batalha bisna- gueiral foi uma coisa d'estrondo e d espavento, que teve o condão de,, além de despejar as algibeiras d aquelles que trabalharam, provo- car a venda em grande escala do oleo de ligado de bacalhau que é, hoje em dia, o appendiee indispen- sável das donzellas que bisnagam e querem que as bisnaguem.. .

A realeza em peso passeou em seus caleches sumptuosos a rir-se da parodia. El-rei foi mimosiado com cocottes o que provocaria a sua es- posa algum ciúme ardente. Chapei ladas por aqui e acolá, chegaram ao paço todos bisnagados, tremoçados eacocotteados, mas com a nítida con- vicção de que o seu povo é um povo de carnaval. Era ver como El-rei, famoso e babylonico, um sorriso en- cantador nos lábios reaes, deitava para todos um pedaço da sua at- tenção, com essa elegantíssima ex- pressão de rei romano. E o com- mercio, o commercio achava graça, sorria e cumprimentava.

A' noite, pelos bailes, cuja força é, sem duvida alguma, o horisonta- lismo de cabello loiro a dez tostoes o frasco e a agua circassina, reinou a serpentina, a cocotte e a bisnaga. Em S. Carlos a coisa foi mais fina. Raphael Bordallo, o grande dese- nhador portuguez, o verdadeiro ca- ricaturista original, traçou, com en- canto genial, umas figuras curiosas dos primeiros dilletantes d opera. Nos camarotes houve por bem mos- trar-se tudo o que figura nos car- nets mundanos dos jornaes do mundo d'alta gomma.

Toilettes parisienses, carnes tul- vas onde a luz eléctrica punha ir-

radiações tentadoras, sorrisos estu- j dados, etc , etc. Quando o baile co- j meçou o aspecto da Baila dava assim a vaga ideia d'uma noite d'opera em Paris, ou d'um baile dos roman- ces de Balzac. A pouco e pouco, porém, os camarotes devolutos, a animação murcha, tudo principiou a debandar a deixando a salla a meia dúzia de farrucos que davam, aquel- la horae n'aquelle estado, uma ima- gem de pandega avinhada do Da- fundo.

Sahimos e fomos á Trindade; 4 horas já Dançava-se ainda, e tudo o que o Arco do Bandeira e o Bair- ro Alto tem de mais distincto, alli mostrava e desenvolvia ainda a ver- ve e a palhaçada que o vinho pro- duz.

Sahimos, um frio penetrante, a bater-nos na cara. Uns vultos nas esquinas, marujos a vomitarem, ra- meiras a cantar obscenidades Ha- via, n'aquella hora, não sei que tris- teza enervante peio espaço, uma tristeza enorme, como um grande pezo a esborrachar a alegria fictí- cia que algumas horas antes dava pinchos.

Ao fundo da rua do Alecrim en- contramos um poeta amigo que se ia entregar aos cândidos lençoes. E, o poeta, sacando d'algibeira ura ma8so d'impres808 de telegrammas repletos de letras, leu-nos, á luz de um candieiro, um telegramraa que havia recebido d um outro poeta bohemio e reinadio Dizia assim :

«Nào ignoras, poeta amigo, a es- perança que tenho de vira ser pre- sidente de conselho e de te fazer, attenta a tua capacidade intelle- ctual, ministro d'essa situação, que tu empolgarias com a mesma faci- lidade com que empolgas as don- zellas sensitivas. Para isso, é, po- rém, necessário que allies á capa- cidade mental a algibeiral, e que a proves já, mandando me cinco mil réis, sem os quaes eu morrerei de tédio n'estes dias de pagode, o que é um crime de lesa-parodia.»

Sorri-me e achei graça. Para se convencer alguém, é ne-

cessário cantata algarvia, demora- da e d'espavento, disse nos o poeta, despedindo-se.

E fomos para casa a magicar seriamente n'essa phrase do amigo. Ella, resume, por assim dizer, to- da a historia politica d'estes Julti- mos tempos.

Cantam, e o resto está seguro. C. P.

Banco Commercial de Lislioa Es'á em pagamento o dividendo

de 4:000 por acção do Banco Com- mercial de Lisboa.

Liverpool, 5, t.— Houve novo conflicto entre inglezes e francezes no paiz de Saum. ficando mortos 1 francez e 5 indígenas que faziam parte da policia mgleza.

Suicídio ou crime? Na terça-feira appareceu boian-

do em frente da alfandega, o ca- daver de um individuo cuja iden- tidade nâo foi reconhecida.

Depois de comparecer o respe- ctivo juiz de paz, foi o corpo con duzido para o cemitério oriental.

Alguns jornaes deram noticia do caso, mas, abstendo-se de fazer commentarios. E até hoje não nos consta que a justiça tenha tentado desvendar o mysterio que este caso encobre.

Seria bom que algumas provi- dencias se dessem.

.A-Q-ZElsriD-A-

Nalan — Nos tres dias de carnava houve soirees em diversas casas parti- culares. Em casa de madame Ihondel esposa do secretario da legação de França n'esta côrte, houve na terça-fei- ra, soirée masque que esteve concorri- dissima.

Assistiram as ex.— sr." condessas de Villa Real e filhas, Sabugal e filhas, de Jimenez e filhas, de Belgrano e Sabugo- sa, madame Veraeghe, madame de Ba- cheracht, madame Berti, D. Josefa San- doval de Vasconcellos, D. Maria Carlo- ta Pereira de Lencastre, D. Maria de Sousa Prego, D. Alice Franco Ribeiro, D. Marianna de Castro Guimarães, D. Maria e D. Thereza de Mello (Sabugo- sa) D. Izabel Oruellas, e outras cujos nomes nos não recordam.

Também houve soirees em casa da ex.°" sr.» D. Virginia Gomes de Amo- rim, e em casa do sr. conde de Azaru- jinha.

Chetadns c parlidn* — Está em Lisboa 6 sr. Pereira de Castro.

Anitlv«T*ario» — Fazem ámanhã annos as ex."" sr." :

1). Marianna Cortez Falcão. D Henriqueta Chaves Roussado. D. Virginia d'Oliveira Bastos. D. Julia de Andrade e Silva. D. Isolina Emilia Vieira de Mendonça. D. Sophia Cardoso Araujo. D. Angela Camelier.

E os srs :

Conde de Penafiel. Luiz Barreto. D. Luiz Maria Alvaro da Costa (Mes-

quitella). Antonio Carlos Craveiro Lopes. Ernesto Augusto Xavier da Cunha. Sebastião Pereira da Cunha. Julio Augusto Loureiro da Gama. Iloeiiti's — Continua a passar bas-

tante incommodada a esposa do nosso bom amigo Antonio da Gama Lobo.

—Está melhor dos seus incommodos o nosso bom amigo o sr. Francisco An- tonio Baptista, digno major de infante- ria.

— Tem passado bastante iocommo- dadocom uma angyna, o nosso illustre collega de redação o sr. Almeida Cam- pos.

Fazemos votos para que o seu resta- belecimento se opere com brevidade.

Conde Raul.

navel; os do flm só poderam che- gar ao Pasço ao anoitecer.

Chamaram extraordinariamente a attençâo dois grupos, um dos quaes representava o ministério presidido por Sagasta. O que fazia d'este personagem caminhava co- xeando. O outro grupo erB de mar- roquinos vestidos com muita pro- priedade e presididos por um Mar- tinez Campos em caricatura.

Preseguições

FALLECIMENTO Falleceu hontem a ex."' sr.* D.

Henriqueta Amalia de Mendonça Monteiro, tia do nosso presado col- lega da Tarde sr. Hygino de Men- donça.

A sua familia e ao nosso bom collega enviamos a expressão sin- cera da nossa condolência.

Foi recolhido ao hospital de Ri- Ihafolles, Joaquim Maria Nogueira, que ao passar na Praça d'Armas foi atacado de alienação mental.

A' IMPRENSA A todos os nossos collegas da

capital, rogam.is a fineza da troca. — Agora é que a patria está salva! A requisição do austero e pa

triota juiz de Direito da comarca de Vizeu. foi preso em Lisboa o efractario Francisco dos Santos,

que vae ser rem* ttido para aquelia cidade, para pagar o tributo de sangue aos seus patrões reaes.

— ♦ Amigos do alheio

Foram hoje remettidos paraju' zo: José Bernardo. Eduardo Ju'10

Rodrigues o Boquinhas, Alexandre Goes O hespanhol pequeno. José Justino O saloio. Lourenço dos San- tos Antunes 0 Pitosga, Carlos Francisco d arques O pintainho, José Pinto Correia, José da Costa Gil, O Goes, Francisco Emygdio Maneta, José dos Santos Pinho 0 José da Ritae Joaquim d'Almeida. Estes indivíduos que teem já longo cadastro no registro policial, são accusados de bastantes furtos, uso de chaves falsas, arrombamentos de portas e montras de vários es- tabelecimentos, etc. Eram os re- ceptadores d'estes roubos: Manuel Espinheira O padeiro, Jose Maria Alves Velho o Cambaio, Manuel de Medeiros, José Fernandez y Ro- driguez e Antonio Joaquim Silva, único dos receptadores que é por- tuguez, porque os 4 restantes são gallegos.

O processo que acompanha estes criminosos é muito volumoso e contém a declaração de 18 roubos já confessados, alguns d'elles de bastante importância.

Os quatro primeiros gatunos des- empenharam um papel importante no crime do Bemformoso, ha pouco bastante fallado por toda a im- prensa-

Carnaval em Madrid Estiveram esplendidas as festas

carnavalescas em Madrid. As mas caras eram em grande numero e a concorrência ao Prado, Recole- tos e Pasço de la Castellana nu- merosíssima.

A fila de trens parecia intermi-

Theatros e Colyseus

Entramos, sem duvida alguma, n'uma nova era de preseguições e de sceDas cabralinas com que este governo conta para poder navegar no seu bergantim eleitoral, a cujo leme vae o sr. João Franco e por detraz o sympathico senhor das obras publicas. Além das querellas aos jornaes que fallaram as verda- des, querellas umas feitas e outras por fazer, o governo deliberou pas- sar uma revista moral e phisioliga aos oíficiaes dos regimentos da guarnição. O encantador e aucto- ritario ministro das guerras come- çou hontem essa revista pelos co- ronéis, tenente8-coroneis e majores, determinando que hoje faria o mes- mo aos capitães, tenentes e alfe- res.

Anda, pois, o nosso exercito em outra pagodeira a satisfazer capri- chos bellicosos de quem quer que seja, prestando-se a mafarricadas indecentes, que deslustram a farda qua vestem e que, por tantos mo- tivos, devia ser uma das coisas que o governo mais teria a respeitar. Nào nos admiramos. Vivemos n'uma época em que manda quem se quer divertir e obedece quem se quer continuar a divertir. Estamos n'um tal estado de desiquilibrio mental que vamos vivendo da mes- ma maneira como poderíamos fazer uma outra coisa. Perdido o tacto patriótico, afundados nas lamas indecentes dos syndicatores políti- cos e financeiros os caracteres mais salientes d'esta terra sem vergo- nha, entregue a direcção dos ne- gócios d'estado a um bando de ho- mens de que a chronica de alguns faria caras á cocotte mais indecoro- sa, arrastados pela lama os restos d'um brio que nos restava, esfran- galhada uma coisa que nos lega- ram nossos avós—a decantada Car- ta da Constituição que era ainda uma coisa em que se podia con- tar,—nós somos um bando de fa- mintos sem vergonha, e merecía- mos mais do que temos.

O povo não tem, hoje em dia, coragem senão para o feijão e para os toiros. Vive como um somnam- bulo e come como um burro, seis- in atiço mal voraz. E' comprehensi- vel este seu estado, se attendermos á descrença geral que por ahi la- vra. Mas é necessário que elle saia d'esse estado com a esperança, com a convicção, emfim, de que nâo pôde continuar assim.

Deu hontem entrada em Rilhafol- les Maria Amelia, que habita a loja do prédio n.° 33, da rua do Fer- nandes Thomaz. A desgraçada tem a monomania da riqueza.

D'esta doença teem sido ataca- dos mais ou menos os nossos go- vernantes... Em politica é molés- tia contagiosa...

0 palhaço Antonet

Foi preso na Avenida, em terça feira de carnaval, o conhecido pa- lhaço Antonet, do circo da Ribeira Nova, por ter a audacia truanesca de alvejar com uma cocotte o sr. sub-inspector Amorim, resistindo á auctoridade e fracturando a ca- beça do dito senhor. O que franca- mente, não comprehendemos, foi a rasâo porque a policia consentiu que o publico se bombardeasse e magoasse com as cocottes, quando havia editaes prohibindo-as, e só se lembrasse de prender um con- trafactor, quando alguém lá de ca- sa foi feito alvo.

Abrindo em o nosso jornal esta secção dedicada aos assumptos theatraes, mós só teremos em mira o tratarmos imparcialmente todas as questões que lhe digam respei- to. Não obedeceremos a nada que não seja justo, e não seguiremos pessoas ou opiniões particulares.

Seremos francos e sinceros na apreciação dos factos que se de- rem, tendo sempre applausos para aquelles que os mereçam, aucto- res e actores, e a reprovação des- assombrada, mas leal para os mes- mos. quando tal fôr necessário.

Estas palavras eram necessárias para definir a nossa situação na critica.

—Em D. Maria, a mesma porção d'actores-pmprezarios continua a dar nos sempre, para variar, é cla- ro, a caterva afrancezadu das pe- ças que deleitara o publico avis- condessado que, tres por semana, vae digerir, das 8 ás 11, o menu do Kalendario.

—Vae em andamento a peça do sr. Alberto Braga, A Irmã, cujo desempenho está entregue aos me- lhores actores normaes...

Lembra a phrase mathematica da proporção: isto para aquillo, assim como aquillo para x. . Isto é a peça. aquillo os actores, e o x o resultado da peça...

S. CARLOS. — H >je canta-se a opera de Poceini Manon Lescant, que não se poudè ouvir na pri- meira audicção, por causa das brincadeiras carnavalescas.

AVENIDA.—Continua agradando immenso a revista dos srs. Marce- lino de Mesquita e Gualdino Go- mes, A Toirada. H -je lá está ella na presença do publico iilustrado, como d'Z h trova.

PRÍNCIPE REAL.—Para beneficio do estimado a H >r Gosta, está-se ensaiand > n'este th atro o drama em 7 quadros de Georges Ohnet, Le grand marniere. A traducção é feita pela sr.* D. Guiomar Tor- rezâo, e a distribuição «los princi- paes pap-is estão cunílados aos actores Gosta. Posser, Valle, Pato Moniz. Lima. Amelia Vieira, Ade- lina Ruas. etc.

REAL COLYSEU — Hoje è a pe- núltima recita em que toma parte o celebre illusionista mr. Ouofroff. E' de prever uma casa á cunha.

RATO. —O olaré quem brinca, continua agradando extraordina- riamente.

Paris, 6, t. — O presidente Gar- not, presidiu hoje á reunião do concelho de ministros.

0 fim (Turn frade ciumento Segundo noticias recebidas de

Napoies, foi assassinado na quarta feira 31 de janeiro, na igreja de S. Vicente cella Sanita um amanuense da egreja catholiea.

O caso passou-se da seguinte for- ma :

Uma joven formosa, e filha d'uma familia decente, tinha-se apaixonado por um meigo frade de convento, dos anedores da cidada, paixão essa que era redebida e correspondida por Santos.

Esta paixão devoradora durou algum tempo era segredo ; mas nada se faz que se nào saiba, e o amor dos dois pombinhos foi publicamente descoberto por um outro frade que em silencio idolatrava a formosa menina.

Sentido roer-lhe no coração um odio damnado pelo rival, procurou a rapariga afim de a convencer a separar-se do collega; mas como ella não estivesse pelos ajustes, o sr. Juan tratou de divulgar o se- gredo dos amores do frade com a joven.

Em poucas horas toda Napoies sabia a escandalosa paixão que li- gava os dois amantes.

Vendo descoberto o seu amor, e portanto a sua deshonra, a rapariga jurou vingar-se na data citada, na occasião em que frade dizia missa na igreja de S. Vicente cella Sani- ta, a joven apunbalou-o caindo-lhe aos pés redondamente morto.

O que dizem a isto os srs. pa- dres ?

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A. PÁTRIA

JORNALSINHO

A POLITICA • Depois do Eutrudo — esse asno

toleirao, com pretensões a tiao, en- cobnuao sob a mascara Ue três vin- téns, a miséria triste que lhe vai na alma, se é que a tem, volvemos á antiga paspaluice altacinha das ruas, contemplando as vitrines e dauao encontroes mornos e macios nas meninas que sobem ou descem O Chiado.

No Terreiro do Paço os trumphos projectam assaltos á urna e fazer mão baixa nas consciências dos elei- tores, em nome uos direitos e ga- rantias governativas. Indubitavel- mente vivemos uoreiuauo ua «Pan- dega». O nosso astucioso collega BB «.Novidade»», com aquella ro- nha de gazeta que touoo ine- conhe- cem, ja, em instantes ue oom e tino humor, puolicou um<i «Cai ta Cons- titucional da Pagodeira» que nós leniu., e applaudiuios. U que as «Novidades» nao julgaram foi que estiveram a bater no seu próprio artigo editorial. De reato, o mundo é assun leito. A momentosa ques- tão industrial, como por aia lhe chamam, morreu abraçada a outra questão—a politica.

Falia se em accordos politiccs de partiuos oppustos e d ain a vinte e quatro horas Uesinemem-se taes «boatos». Veremos em ^ue param estes airulos de gente que vive dos Outros. Amores zangados, amores dobrados.

Diz-se que o sr. José Luciano escrevera uma carta au sr. presi- dente do conselho, insistindo em que as eleições se iclioem no dia Zb ao corrente e a convocação das CÔrtes uo dia lede mareo. Õ nosso visiimo e collega o • D.ano Popu- lar», pretende lazer espirito com o cazo, o qu- nào e para estranhar. Mas nao chega la.

Não sei se vêem bem...

A' hora que escrevemos está reuinuo o consellio de ministros, COnlereiíciaiido sobre assumptos po- líticos. Um aos artigos da confe- rencia e a tixayào do dia para no- vas eleições e respectiva convoca- ção dos eleitos. Ja nao remedeiam O mal leito peio decreto de ol de janeiro tinao em que se rasgava, com desplante ínaigno destes tem-

FOLHETIM

A SENHORA CONDESSA (CONTO IMMOHAL)

Um dia, ao descambar no esfal- lamento amoroso da sua vida, o sr, conde ousou reconhecer no seu es- pelho a primeira ruga, os primei- ros cabeilos brancos, o olhar em- baciado d'uquelles que fizeram ar- der prodigamente o archote da vida pelas duas pontas. Ue pallido, fez-se lívido e tremulo. Esgotada a ardeucia do sangue pela fadiga, restava-lne agora a preoccupaçâo da sua honra, ao lado de uma mu- lher muito mais nova, unida a elle quando a adolescência d'ella não contrastava extraordinariamente com a sua frescura de quarenta ânuos vigorosos, mas que agora envergonhava a sua brusca decre- pitude de viveur desgastado pela orgia. E sahiudo a passear, medi- ditativo, subitamente recolhido h'uma cogitação contricta, ia pen- sando coisas de grande moralida- de, — quando um companheiro da sua ultima noitada o deteve:

—Que vaes tu meditando? dar- se-ha caso que engulisses nlguma tocha de enterro ?!...—

O sr. conde estremeceu, aquella voz enlouquecida e sarcástica. Res- pondeu, Iraiiquillameute:

—«Venho de ler osjornaes. Fes- tas de caridade..., senhoras sacri- ficando o seu bem-estar aos des- valido? -. Decididamente, ha por

pos, o estatuto fundamental da na- ção, prostergando direitos sagra- dos e despresaudo alvarmente o res- peito que se deve pelo paiz!

Realisou-se um comicio de se- nhoras em Copenhague (Dinamar- ca), para resolver sobre o voto do bello sexo nas eleições communaes.

As senhoras do nosso paiz de- viam fazer egual pedido ao Fer- vilha, não tomando como empe- nho a Carlotinha, porque então era tempo perdido*

Duro com duro...

A inauguração do monumento a Leão Cladel, em Montauban, Fran- ça, sua cidade natal, acaba de ser lixado para o dia 17 de junho. M. Henry Lapanze, delegado do co- mité, obteve de M. Ronjon, dire- ctor das Bellas-Artes, Francisco Coppée, Juho Claretie, membros da Academia Franceza, Emílio Zo- la, presidente da tiociedade dos Ho- mens de Letras, João Rameau, Alexrndre Hepp, etc., a promessa d'assistirem as festas que terão lo- gar nessa occasiào.

O auetor do monumento é M. E mi lio líourdetta.

Diz Lingare que Carlos I, na manhã da sua execução, em 30 de janeiro de 11)40, vestira duas ca- misas por causa do rigor do tem po. Porque, disse elle, se eu tre- messe de frio, os meus inimigos julgariam que era de medo.

Dito do fim:

Um negociante enviou uma sae- ca de café a um amigo. O presen- teado disse ao creado que lhe le- vou o café: — Dize lá ao teu amo que eu nào tomo café sem assu- car.

Nun'Alvo. -»

ANAItGHISTAS A execução de hillant-Dribler com medo

l llimos promenores

E'a prime /, que em França so- be ao cadafalso um homem tão co- rajoso. O seu sangue nunca se des- mentiu até ao derradeiro instante.

Cuardára-se segredo rigoroso so- bre o dia da execução. Entretanto na véspera, dia 4, correu a noticia, o que attrahiu á praça do Roquette graude multidão ávida de commo- ções. Pouco depois das 7 horas da manhã entraram no cárcere do con-

ahi mí.is virtude do que se pensa A immoralidade é uma calumuia.»

O outro riu-se, com o seu risinho mau :

—«Não enguliste uma tocha, en gulisle um conselheiro de Estado I Ah, meu pobre amigo ! pois esque- ces a tua própria vida, a tua pró- pria noite de hontem, a tua própria experiência das mulheres I»

— «Ha muitas mulheres virtuo- sas ...»

—«A tua !» O sr. conde poz-se branco: —«Ainda hontem disseste, na tua

maledicência contra todos, que se exceptuam sempre as pessoas pre- sentes. Creio que a tua excepção de hoje é um insulto...»

—«Não.» E a um gesto do conde : —«Meu caro I cre o que quize-

res, mas affirmo-te que realmente não sei nada de tua mulher. Tu é que deves saber; tens o interesse de saber. Experimenta-a... Olhai pede ã modista de tua mulher que lhe tente a virtude em benefício de qualquer, em meu beneficio, por exemplo I E adeus I adeus 1»

O sr. conde estupefacto, rosnou apenas :s

—«Canalha I»

Mas aquellas palavras ficaram cravadas no seu cérebro. E n'esse mesmo dia, de transacção em tran- sacção com a sua consciência, com a sua dignidade, poz em pratica o plano do seu amigo.

Esperou.—Ao cabo de três dias, a senhora condessa, capitulava; e na alcova onde suppunha entre-

demnado o director da prisão, o chefe de segurança Goron, o juiz e o carcereiro da Roquette. Vaillant dormia tranquillamente. Foi o di- rector da prisão quem o despertou, tocando-lhe no hombro. Vaillant abriu os olhos e ao ver junto do catre tanta gente de aspecto sinis- tro, exclamou:

— E' para hoje, heim? — Vaillant, respondeu o director,

foi negado o pedido de indulto. Chegou a hora tenha coragem.

— Vaillant não respondeu e co- meçou a vestir se. Perguntaram-lhe se queria receber as ultimas conso lações da Igreja, mas elle recosou- se, declarando que eram inúteis os soccorros da religião para quem nào professava as crença dos burguezes.

Do cárcere foi o condenado a ou- tra cella, onde o carrasco lhe cor, tou a gola do casaco e collarinho- deixando-lhe o pescoço a descoberto. Depois os ajudantes algemaram-o sem que Vaillant oppozesse resis- tência. Offereceram-lhe em seguida um copo de rhum, mas elle respon- deu :

— Obrigado. Não é preciso d'isso para ter coragem.

E poz-se a discursar sobre as van- tagens e execellencia do anarchis mo, e sobre os benefícios que a re- volução dos proletários trará á hu- manidades, condemnando as infâ- mias monstruosas da burguezia.

—Atterra-rae, disse elle, o pen- sar na terrível expiação que está reservada aos burguezes. Descan- eem. Serei vingado pelos meus.

Levaram-o então para fora do edifício. O sol doirava os cimos dos prédios da praça quando Vaillant appareceu á porta da Roquette Mal viu a multidão agglomer.i ao fundo, bradou:

—Morra a sociedade burgueza ! Viva a anarchia !

Este grito nào encontrou écho nos espectadores da triste scena. Vaillant adiantou-se sem camba- lear até ao cadafalso e deixou que o deitassem sobre a prancha da guilhotina, nào oppondo resistên- cia.

No momento em que o ferro caiu poder-se-ia ouvir voar uma mosca, tal era o silencio que reinava na praça.

Eram 7 horas e um quarto quan- do a cabeça de Vaillant caiu no ces- to.

O cadáver foi conduzido em car- ro para o cemitério de Ivry, es-

gar-se a um amante, era o marido que lhe apparecia, o seu próprio marido, que abandonara a sua mo- cidade e a sua belleza por aventu ras suspeitas, que deixara só en tregue ao inslincto todo o ardor do seu sangue. Teve um grito áspero de terror; o seu adorável corpo de estatua viva dobrou se como um vime, cahiu desamparado; duas gottasinhas de sangue transpira- ram da sua fronte, ferida n'um an- gulo d'um movei.

O marido correu e levantoua, machinalmente, estupidamente, desnorteado perante aquelle impre- visto que inutilisava todas as suas indignações. Sentia-a contra o seu peito, com o seio em pulsações de- soidenadas que pareciam levar até ao seu próprio coração a elastici- dade e o calor de um sangue rico, via a sua bocca entreaberta, a sua garganta em que passavam frémi- tos, os seus cabeilos de oiro fulvo que se espraiavam soltos, n'uma onda. ^

Tomou-lhe uma das mãos, pen- dente. Pegou-lhe ao collo, esten- deu-a sobra o sophâ: e na sua có- lera de marido enganado, —sur- prehendeu-se a conchegal-a amo- ravelmente... Fazia-se no seu es- pirito, no seu coração, na sua cons- ciência, um trabalho horrível de desorganisaçâo: — aquella gargan- ta de adultera tentava-o como as- sassino, aquelles lábios húmidos tentavam-no como a um amante. Quizera estrangulal-a,—e beijal-a; ambas as cousas a um tempo, am- bas n'um requinte de sensualida de feroz,—estrangulando-a ate que

coitado por um esquadrão de ca- vallaria.

Deibler, o carrasco, desde que chegou á praça da Roquette para montar a machina, se mostrou in- quieto e pallido. Dava ordens e contra-ordens, e constantemente perguntava ao chefe de segu- rança se os anarchistas reahsa- nam as suas ameaças, atirando para o cadafalso.

o N32so mum Começaremos amanhã a publica-

ção de

O amor funesto romance emotivo, cheio de scenas bem deliniadas e seutimentaes, em que o auetor, com um encanto llnissimo descreve perfeitamente uma d'estas paixõ -.s amorosas que levam â desgraça.

O amor funesto escolhido por nós com o iniximo- CUid ido, ha de, segundo cremos, despertar o interesse aos nossos leitores. Podemos assegurar-lbe-> que

O amor funesto será um romance para todos de sensação. Aconselhamos, pois a

I i ■ o leiam.

CASCUDOS Manuel d'Almeida (o T iça) con-

de de Pinhel, d'aquém e d'alem, ex-alchimista e negociante de vi- uiio, etc, etc. vae acerestar a to- dos os seus titulo.s mais o de de- putado nas próximas eleições.

C uno arranjará ehe isto? Quererá também ser cosiuheiro?

Cosinhará por suas próprias mãos o carneiro com batatas?

Qial historia) E' a .Misericórdia que J'esta vez não lhe róe a cor- .1,... .se elle dér o bago para os temperos do petisco eleitoral.

Alegrem-se os de Pinhel Alegra-te caro Toíça Pois é d'esta fede que elP Tem a suspirada coisa...

Carneirinho temperado P'Ios amigos de Pinhel Vae ser tão saboreado Qje ha-de até saberá. . .mel.

O Fervilha entalou-se. Fez cahulos errados.. .Julgava

que a associação Commercial sr. a earnejraria do funccionalismo pu.' blico e do jurista, m-<s encanou, se...a associação embora ff mini na e constituída por element. s de sexo forte que atiraram ttm oi apparelhos... ao ar.

Bem sei eu qual a razão Porque o bom Fervilha irado Diz-se á Carlota zangada Larga-lhe a dissolução.

E' porque estava vedado No tal emiri" a e Irada Aos policias a paizana...

as suas unhas se ' tingiasem de sangue, beijando-a até que os seus dentes se cravassem if aquella es- plendida carne, tão quente e tão iresca.

E approximou-se, n'uma hesita- ção medonha, com os olhos fais- cantes. Poz-lhe a mão no colio; a sua mão, a principio distraida- mente, em seguida com fúria, des- abotoou, desapertou, desacoiche- tou, até descobrir o seio esculptu- ral que o corpo do vestido encer- rava. Curvou se, collou os seus lábios frementes aos ' lábios d'el- la, estrangulado de commoção, como se aquelle mulher fosse a primeira mulher da sua adolescên- cia longiqua:—inconscientemente, ux.:itava-ine a carne fatigada de viveur aquella meia nudez volu- ptuosa que se ia entregar a outro, —que ja decerto se entregara a outros ainda, dum desespero sen- sual,—e que outros tinham beija- do, em que outros haviam acceo- dido a charnma rápida do instin- cto. Assaltava-o um amor insalu- bre, queimava-o e perturbava-o uma ardência estranha, nova, úni- ca. Todo o seu ser, subitamente destrambelhado da noção rasoa- vel das coisas, vogava desditosa- mente ifum lago de prazer infinito. Surprehendia-se a amar aquella mulher com uma paixão e com um vicio, atrozmente ineffaveis. E beijou-a, beijou-a ao acaso, n'u- ina raiva. Ella voltava a si, sob aquelles beijos ardentes, como que excitada em sonho até ao mais in- umo da carne, entre muda de ter- ror e extática dej.a/3r. tiaoj.

Digo o resto p'rá semana.

MAGRIçO MYOPB.

INDICAÇÕES DE TODOS 0. DIAS Kalendario de Fevereiro

Quinta feira.. Sexta-feita. . . Sabbado.. .. Domingo.. . . Segunda-feira Terça-feira .. Quarta-feira .

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L. nova no Jia 5 ás 9 h. e 9 m. da t, Q. cresc. no dia 13 ás loh.eõm d*

manhã L. cheia no 20 á 1 h. e 40 m. da m. Q. ming no dia 27 ás 11 h. e 5o m,

da m.

THBATBOS

S. CARLOS. — A's 8 horas — 30.1 recita de assignatura. — Opera \ Mannon L^scaut.

AVENIDA. —A's 8 horas e meia. — A Toirada, (revista do anuo de 1893).

RUA DOS CONDES. —A's 8 ho- ras e m-i 1. — O Sarilho, (''evista do anno de 1893).

REAL COLYSEU. — A"s 8 e meia, — Penúltimo espectáculo em uue toma parte o celebre Onofroff; a mais curiosa maravilha do século XIX. —A lindíssima pantomimai A gala Borralheira. Variados tra- balhos por todos os artislas da c impanhia.

RATO. — A's 8 e meia. — Olaré quem brinca.'...—(revista do an- uo de 1893).

CIRCO PIATTI—Variado espe- ctaculo da companhi 1 gynastica,

traram-se os lábios de ambos: — subitamente, a idéa clara da vida com as suas regras e as suas pra- xes, volatilisara-se nas suas cons- ciências, como se ambos, mortos no mundo e resuscitados em pie-* no espaço, se encontrassem só- sinhos, para um ideal absorto de gozo. E não trocaram uma pala* vra; acceitavam a situação, como a cousa mais natural do mundo. N'aquelle gabinete acolchoado de proxeneta, os seus ardores extin- ctos, separados pela orgia e pelo adultério, convergiam n'um pra- zer de novidade estranha, indizí- vel, febricitante. Ella sentia se noa braços de um homem que não era o seu; elle, n'um gozo feito de prazer e de revolta, aguçado pela deshonra, tinha alli, n'aquelle ado- rável corpo que os seus lábios per- corriam, um pouco do prazer que tinham gozado todos os seus rl- vaes,—todos os homens que elle advinhava a terem bebido nos lá- bios d'ella, tão húmidos e tão do- ces, os mesmos soluços que elle agora alli bebia soffregamente, n'uma crise doente de lubricidade, torva.

Quando ambos sahiam, junto» pelo braço um do outro, um ho- mem saudou-os á porta, com utn risinho sarcástico. 0 sr. conde ta» ve um estremeção, repetiu a meia voz a sua palavra do outro dia;

—«E's um canalha!»—- Elle fleou-se inabalável nú seu

sarcasmo: —«Talvez! mas tu és mais cav

nalha aindal.. »— BELDEMONIO

A PA-TRIA.

JORNALSINHO

A POLÍTICA • Depois do Eutrudo — esse asno

toleirao, com pretensões a tino, en- cobrindo sob a mascara de ties vin- téns, a miséria triste que lhe vai na alma, se é que a tem, volvemos á antiga paspallnce alfacinha das ruas, contemplando as vitrines e danao encontrões mornos e macios nas meninas que sobem ou descem O Chiado.

No Terreiro do Pay o os trumphos projectam assaltos á urna e fazer dão baixa nas consciências dos elei- tores, em nome dos direitos e ga- rantias governativas. Indubitavel- mente vivemos noreiuauo ua «Pan- dega». D nosso astucioso collega as «.Novidades», com aquella ro- nha de gazeta que touos ine- conhe- cem, ja, em instantes ue uom e hno humor, publicou uma «Carta Cons- titucional da Pagodeira» que nós lemos e applaudimos. (J que as «Novidades» nao julgaram foi que estiveram a bater no seu proprio artigo editorial. Ue resto, o mundo é absnn feito. A momentosa ques- tão industrial, como por ahi lhe chamam, morreu abrayaua a outra questão—a politica.

Falia se em accordos politiccs de partiuos oppostos e d am a vinte e quatro horas desineutem-se taes «boatos». Veremos em que param estes arruios ue gente que vive dos outros. Amores zangauos, amores dobrados.

Diz se que o sr. José Luciano escrevera uma carta ao sr. presi- dente do conselho, insistindo em que as eleiyòes se realisem no dia 25 ao corrente e a convocayào das CÔrtes no dia iéite inaryo. 0 nosso visinno e collega o «D.ano Popu- lar», pretende lazer espirito com o cazo, o que não e para estranhar. Mas nao chega la.

Não sei se vêem nem. ..

A' hora que escrevemos está reuinuo o conselho de ministros, COnlereuciaudo sobre assumptos po- líticos. Um dos artigos da confe- rencia e a hxayào do dia para no- vas eleiyòes e respectiva convoca- ção dos eleitos. Ja nao remedeiam O mal feito peio decreto de 31 de janeiro findo em que se rasgava, com desplante ínaigno d'estes tem-

FOLHET1M

A SENHORA CONDESSA

(conto immoral)

Um dia, ao descambar no esfal- fameutu amoroso da sua vida, o sr, conde ousou reconhecer no seu es- pelho a primeira ruga, os primei- ros cahellos brancos, o olhar em- baciado d'aquelles que fizeram ar- der prodigamente o archote da vida pelas duas pontas. De pallido, fez-se lívido e tremulo. Esgotada a ardeucia do sangue pela fadiga, restava-lhe agora a preoccupação da sua honra, ao lado de uma mu- lher muito mais nova, unida a elle quando a adolescência d'ella não contrastava extraordinariamente com a sua frescura de quarenta ânuos vigorosos, mas que agora envergonhava a sua brusca decre- pitude de viveur desgastado pela orgia. E sahindo a passear, medi- ditativo, subitamente recolhido n'uma cogitação contricta, ia pen- sando coisas de grande moralida- de, — quando um companheiro da sua ultima noitada o deteve :

—Que vaes tu meditando? dar se-ha caso que engulisses nlguma tocha de enterro?!...—

O sr. conde estremeceu, àquella voz eurouquecida e sarcastica. Res pouaeu, traiiquillameute:

—«Venho Ue ler osjornaes. Fes tas de caridade..., senhoras sacri ílcaudo o seu bem-estar aos des validos- -. Decididamente, ha por

pos, o estatuto fundamental da na- ção, prostergando direitos sagra- dos e despresaudo alvarmente o res- peito que se deve pelo paiz!

Realisou-se um comício de se- nhoras em Copenhague (Dinamar- ca), para resolver sobre o voto do bello sexo nas eleiçõescommunaes.

As senhoras do nosso paiz de- viam fazer egual pedido ao Fer- vilha, não tomando como empe- nho a Carlotinha, porque então era tempo perdido*

Duro com duro...

A inauguração do monumento a Leão Cladel, em Montauban, Fran- ça, sua cidade natal, acaba de ser lixado para o dia 17 de junho. M. Henry Lapanze, delegado do co- mité, obteve de M. Ronjon, dire- ctor das Bellas-Artes, Francisco Coppée, Julio Claretie, membros da Academia Franceza, Emilio Zo- la, presidente da Bociedade dos Ho- mens de Letras, João Rameau, Alexrndre Hepp, etc., a promessa d'assistirem as festas que terão lo- gar n'essa occasiào.

O auctor do monumento é M. Emilio Bourdetto.

Diz Lingare que Carlos I, na manhã da sua execução, em 30 de janeiro de l(j40, vestira duas ca- misas por causa do rigor do tem po. Forque, disse elle, se eu tre- messe de lrio, os meus inimigos julgariam que era de medo.

Dito do fim:

Um negociante enviou uma sac- ca de café a um amigo. O presen- teado disse ao creado que lhe le- vou o café: — Dize lá ao teu amo quo eu não tomo café sem assu- car.

NuríAlvo.

ANAliGHISTAS A execução de \aillaut-Dcibler com medo

lllimos pcomenores

E'a primeira vez que em França so- be ao cadafalso um homem tão co- rajoso. O seu sangue nunca se des- mentiu até ao derradeiro instante.

Cuardára-se segredo rigoroso so- bre o dia da execução. Entretanto na vespera, dia 4, correu a noticia, o que attrahiu á praça do Roquette graude multidão ávida de commo- ções. Pouco depois das 7 horas da manhã entraram no cárcere do con -

ahi mais virtude do que se pensa A immoralidade é uma calumtiia.»

O outro riu-se, com o seu risinho mau :

—«Não enguliste uma tocha, en guliste um conselheiro de Estado ! Ah, meu pobre amigo ! pois esque- ces a tua propria vida, a tua pro- pria noite de hontem, a tua propria experiência das mulheres!»

— «Ha muitas mulheres virtuo- sas ...»

—«A tua !» O sr. conde poz-se branco: —«Ainda hontem disseste, na tua

maledicência contra todos, que se exceptuam sempre as pessoas pre- sentes. Creio que a tua excepção de hoje é um insulto...»

—«Não.» E a um gesto do conde : —«Meu caro! cré o que quize-

res, mas afilrmo-te que realmente não sei nada de tua mulher. Tu é que deves saber; tens o interesse de saber. Experimenta-a... Olha! pede ã modista de tua mulher que lhe tente a virtude em beneficio de qualquer, em meu beneficio, por exemplo! E adeus I adeus!»

O sr. conde estupefacto, rosnou apenas

—«Canalha 1»

Mas aquellas palavras ficaram cravadas no seu cerebro. E n'esse mesmo dia, de transacção em tran- sacção com a sua consciência, com a sua dignidade, poz em pratica o plano do seu amigo.

Esperou.—Ao cabo de tres dias, a senhora condessa, capitulava; e na alcova onde suppunha entre-

demnado o director da prisão, o chefe de segurança Goron, o juiz e o carcereiro da Roquette. Vaillant dormia tranquillamente. Foi o di- rector da prisão quem o despertou, tocando-lhe no hombro. Vaillant abriu os olhos e ao ver junto do catre tanta gente de aspecto sinis- tro, exclamou:

— E' para hoje, heim? — Vaillant, respondeu o director,

foi negado o pedido de indulto. Chegou a hora tenha coragem.

— Vaillant não respondeu e co- meçou a vestir se. Perguntaram-lhe se queria receber as ultimas conso lações da Igreja, mas elle recosou- se, declarando que eram inúteis os soccorros da religião para quem não professava as crença dos burguezes.

Do cárcere foi o condenado a ou- tra cella, onde o carrasco lhe cor, tou a gola do casaco e collarinho- deixando-lhe o pescoço a descoberto. Depois os ajudantes algemaram-o sem que Vaillant oppozesse resis- tência. Offereceram-lhe em seguida um copo de rhum, mas elle respon- deu :

— Obrigado. Não é preciso d'isso para ter coragem.

E poz-se a discursar sobre as van- tagens e execellencia do anarchis mo, e sobre os benefícios que a re- volução dos proletários trará á hu- manidades, condemnando as infâ- mias monstruosas da burguezia.

—Atterra-me, disse elle, o pen- sar na terrível expiação que está reservada aos burguezes. Descan- oem. Serei vingado pelos meus.

Levaram-o então para fóra do edifício. O sol doirava os cimos dos prédios da praça quando Vaillant appareceu á porta da Roquette Mal viu a multidão agglomerada ao fundo, bradou:

—Morra a sociedade burgueza ! Viva a anarchia!

Este grito não encontrou écho nos espectadores da triste scena Vaillant adiantou-se sem camba- lear até ao cadafalso e deixou que o deitassem sobre a prancha da guilhotina, não oppondo resistên- cia.

No momento em que o ferro caiu poder-se-ia ouvir voar uma mosca, tal era o silencio que reinava na praça.

Eram 7 horas e um quarto quan- do a cabeça de Vaillant caiu no ces- to.

O cadaver foi conduzido em car- ro para o cemitério de Ivry, es-

coltado por um esquadrão de ca- vallaria.

Deibler, o carrasco, desde que chegou á praça da Roqueite para montar a machina, se mostrou in- quieto e pallido. Dava ordens e contra - ordens, e constantemente perguntava ao chefe de segu- rança se os anarchÍ8tas realisa- riam as suas ameaças, atirando para o cadafalso.

gar-se a um amante, era o marido que lhe apparecia, o seu proprio marido, que abandonara a sua mo- cidade e a sua belleza por aventu ras suspeitas, que deixara só en tregue ao inslincto todo o ardor do seu sangue. Teve um grito áspero de terror; o seu adoravel corpo de estatua viva dobrou se como um vime, cahiu desamparado; duas gottasinhas de sangue transpira- ram da sua fronte, ferida n'um an- gulo d'um movei.

O marido correu e levantou a, machinalmente, estupidamente, desnorteado perante aquelle impre- visto que inutilisava todas as suas indignações. Sentia-a contra o seu peito, com o seio em pulsações de- soidenadas que pareciam levar até ao seu proprio coração a elastici- dade e o calor de um sangue rico, via a sua bocca entreaberta, a sua garganta em que passavam frémi- tos, os seus cabellos de oiro fulvo que se espraiavam soltos, n'uma onda.

Tomou-lhe uma das mãos, pen- dente. Pegou-lhe ao collo, esteu- deu-a sobra o sophá: e na sua có- lera de marido enganado, —sur- prehendeu-se a conchegal-a amo- ra velmente... Fazia-se no seu es- pirito, no seu coração, na sua cons- ciência, um trabalho horrível de desorganisação: — aquella gargan- ta de adultera tentava-o como as- sassino, aquelles lábios húmidos- tentavam-no como a um amante. Quizera estrangulal-a,—e beijal-a; ambas as cousas a um tempo, am- bas n'um requinte de sensualida de feroz,—estrangulando-a ate que

0 NOSSO FÚL22IÍM

Começaremos ámanhã a publica- ção de

0 amor funesto romance emotivo, cheio de scenas bem deliniadas e sentímentaes, em que o auctor, com um eueanlo lluissimo descreve perfeitamente uma d'estas paixõ )S amorosas que levam à desgraça.

0 amor funesto escolhido por nós com o maximov cuidado, ha de, segundo cremos, despertar o interesse aos nossos leitores. Podemos assegurar-lbe» que

0 amor funesto será um romance para todos de sensação. Aconselhamos, pois a que o leiam.

CASCUDOS

Manuel d'Almeida (o T-úça) con- de de Pinhel, d'aquem e d'alem, ex-alchimista e negociante de vi- uiio, etc., etc. vae accrestar a to- dos os seus títulos mais o ue de- putado nas proximts eleições.

C uno arranjará elie isto? Quererá também ser cosinheiro?

Cosinhará por suas próprias mãos o carneiro com batatas?

Qual historia) E' a Misericórdia que d'esta vez não lhe róe a cor- Ua.. .se elle dér o bago para os temperos do petisco eleitoral.

Alegrem-se os de Pinhel Alegra-te caro Tuiça Pois é d'esta feile que elP Tem a suspirada coisa...

Carneirinho temperado P'los amigos de Pinhel Vae ser tão saboreado Que ha-de até saber a.. .mel.

O Fervilha entalou-se. Fez cálculos errados.. .Julgava

as suas unhas se tiugiasem de sangue, beijando-a até que os seus dentes se cravassem n'aquella es- plendida carne, tão quente e tão fresca.

E approximou-se, n'uma hesita- ção medonha, com os olhos fais- cantes. Poz-lhe a mão no colio; a sua mão, a principio distrahida- meute, em seguida com fúria, des- abotoou, desapertou, desacolche- lou, até descobrir o seio esculptu- rai que o corpo do vestido encer- rava. Curvou se, cofiou os seus lábios frementes aos ' lábios d'el- la, estrangulado de cominoção, como se aquelle mulher fosse a primeira mulher da sua adolescên- cia longiqua:—inconscientemente, excitava-ine a carne fatigada de viveur aquella meia nudez volu- ptuosa que se ia entregar a outro, —que ja decerto se entregara a outros ainda, d'um desespero sen- sual,—e que outros tinham beija- do, em que outros haviam accen- dido a chamma rapida do instin- cto. Assaltava-o um amor insalu- bre, queimava-o e perturbava-o uma ardência estranha, nova, úni- ca. Todo o seu ser, subitamente destrambelhado da noção rasoa- vel das coisas, vógava desleitosa- mente n'um lago de prazer inQnito. Surprehendia-se a amar aquella mulher com uma paixão e com um vicio, atrozmente ineffaveis. E beijou-a, beijou-a ao acaso, n'u- ma raiva. Ella voltava a si, sob aquelles beijos ardentes, como que excitada em sonho até ao mais in- timo da carne, entre muda de ter- ror e extatica dep.azjr. Eucii.

que a associação Commercial er . a carneirada do funceionalismo pu. blico e do jurista, mas enganou, se...a associação embora femint na e constituída por element- s d» sexo forte que atiraram com 01 apparelhos... ao ar.

Bem sei eu qual a razão Porque o bom Fervilha irado Diz-se á Carlota zangada Larga-lhe a dissolução.

E' porque estava vedado No tal comício a e irada Aos policias á paizana...

1 ♦ «%

Digo o resto p'rá semana.

Magriço Myopi;,

INDICAÇÕES DE TODOS 0. DIAS à Kalendario de Fevereiro

Quinta feira Sexta-feila Sabbado Domingo Segunda - feira.... Terça-feira .... Quarta-feira

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L. nova no dia 5 ás 9 h e 9 m. -la t, Q. cresc. no dia i3 ás 10 h. e õ m da

manhã L. cheia no 20 á 1 h. e 40 m. da m. Q. ming no dia 27 ás 11 h. e 5o m,

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THEATROS

S. CARLOS. — A's 8 horas — 30.» recita de assignatura. —Opera $ Mannon L"scaut.

AVENIDA. — A's 8 horas e meia. — A Toiruda, (revista do anno de 1893).

RUA DOS CONDES. — A's 8 ho- ras e meia.— o Sarilho, (revista do anno de 1893).

REAL COLYSEU. — A"s 8 e meia, — Penúltimo espectáculo erri que toma parte o celebre On-dr-iff; a mais curiosa maravilha do século XIX. — A lindíssima pantomima j A gala Borralheira. Variados tra- balhos p"r todos os artistas da companhia.

RATO. — A's 8 e meia. — O/ari quem brinca!.. .—(revi-ta d-> an- uo de 1893).

CIRCO PIATTI. — Variado espe- ctáculo da companhia gynastica.

traram-se os lábios de ambos : — subitamente, a idéa ciara da vida com as suas regras e as suas pra- xes, volatilisara-se nas suas cons- ciências, como se ambos, mortos no mundo e resuscitados em ple« no espaço, se encontrassem só- sinhos, para um ideal absorto de gôzo. E não trocaram uma pala- vra; acceitavam a situação, como a cousa mais natural do mundo, N'aquelle gabinete acolchoado de proxeneta, os seus ardores extin- ctos, separados pela orgia e pela adultério, convergiam n'um pra- zer de novidade estranha, indizi» vel, febricitante. Ella sentia se nos braços de um homem que não era o seu; elle, n'um gôzo feito de prazer e de revolta, aguçado pela deshonra, tinha alii, n'aquelle ado- ravel corpo que os seus lábios per- corriam, um pouco do prazer que tinham gozado todos os seus rl- vaes,—todos os homens que elle advinhava a terem bebido nos lá- bios d'ella, tão húmidos e tão do- ces, os mesmos soluços que elle agora alli bebia soíTregamente, n'uma crise doente de lubricidade torva.

Quando ambos sahiam, juntai pelo braço um do outro, um ha» mem saudou-os á porta, com ura risinho sarcástico. O sr. conde t|« ve um estremeção, repetiu a mel* voz a sua palavra do outro dia;

—«E's um canalha!»— Eiie fleou-se inabalavel nó sei}

sarcasmo: —«Talvez! mas tu és mais c*v

nalha aindal.. »— Beldemoniq

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A METRALHADORA PREPARADA POR

JOSÉ ALVES

Rua do Limoeiro, 13, 15 e 17

LIVRARIA BORDALO

Esta conhecida casa editora, fundada em Lisboa jha 59 annos pelo sr. Joaquim José Bordallo, passou a ser propriedade de seu filho Arnaldo Armando Bordalo, ha muito encarregado da sua administração e gerencia e a quem deve ser agora diri- gida toda a correspondência, letras, vales do correio etc.

EDITOR PAULO DA FONSECA

ADMINISTRAÇÃO: 53 — CALÇADA DO DUQUE — 53 Typ. de A. Vieira—Calçada de S. Francisco, i a 7—Lisboa